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PANORAMA
ANTES DA LEI 12015/09
TÍTULO VI
Divisão:
Capítulo I – crimes contra a liberdade sexual
Capítulo II – da sedução e corrupção de menores
Capítulo III – revogado
Capítulo IV – disposições gerais
Capítulo V – Do lenocínio e tráfico de pessoas
Capítulo VI – Do ultraje público ao pudor
PANORAMA
APÓS A LEI 12015/09
TÍTULO VI
ESTUPRO
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir
que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
o
§ 1 Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14
(catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos
o
§ 2 Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
Comparação com o
estupro de vulnerável – previsto no Capítulo II
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
o
§ 1 Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência.
o
§ 2 (VETADO)
o
§ 3 Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
o
§ 4 Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
Os crimes de estupro (art. 213) e estupro de vulnerável (art. 217A) são considerados hediondos.
A lei 12015/09 alterou expressamente o artigo 1º da Lei 8072/90
Análise da Jurisprudência quanto ao estupro de vulnerável
Este Superior Tribunal firmou a orientação de que a majorante inserta no art. 9º da Lei n. 8.072/1990, nos casos de
presunção de violência, consistiria em afronta ao princípio ne bis in idem. Entretanto, tratando-se de hipótese de
violência real ou grave ameaça perpetrada contra criança, seria aplicável a referida causa de aumento. Com a
superveniência da Lei n. 12.015/2009, foi revogada a majorante prevista no art. 9º da Lei dos Crimes Hediondos, não
sendo mais admissível sua aplicação para fatos posteriores à sua edição. Não obstante, remanesce a maior
reprovabilidade da conduta, pois a matéria passou a ser regulada no art. 217-A do CP, que trata do estupro de
vulnerável, no qual a reprimenda prevista revela-se mais rigorosa do que a do crime de estupro (art. 213 do CP).
Tratando-se de fato anterior, cometido contra menor de 14 anos e com emprego de violência ou grave ameaça, deve
retroagir o novo comando normativo (art. 217-A) por se mostrar mais benéfico ao acusado, ex vi do art. 2º, parágrafo
único, do CP. REsp 1.102.005-SC, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 29/9/2009.
HC – 92618 – STF
ARTIGO
O eventual consentimento da ofendida — menor de 14 anos — e mesmo sua experiência anterior não elidem a
presunção de violência para a caracterização do delito de atentado violento ao pudor. Com base nesse
entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus em que condenado pela prática do crime de atentado violento ao
pudor alegava que o fato de a ofendida já ter mantido relações anteriores e haver consentido com a prática dos atos
imputados ao paciente impediria a configuração do mencionado crime, dado que a presunção de violência prevista
na alínea a do art. 224 do CP seria relativa. Inicialmente, enfatizou-se que a Lei 12.015/2009, dentre outras
alterações, criou o delito de estupro de vulnerável, que se caracteriza pela prática de qualquer ato libidinoso com
menor de 14 anos ou com pessoa que, por enfermidade ou deficiência mental, não tenha o necessário discernimento
ou não possa oferecer resistência. Frisou-se que o novel diploma também revogara o art. 224 do CP, que cuidava
das hipóteses de violência presumida, as quais passaram a constituir elementos do estupro de vulnerável, com pena
mais severa, abandonando-se, desse modo, o sistema da presunção, sendo inserido tipo penal específico para tais
situações. Em seguida, esclareceu-se, contudo, que a situação do paciente não fora alcançada pelas mudanças
promovidas pelo novo diploma, já que a conduta passara a ser tratada com mais rigor, sendo incabível a
retroatividade da lei penal mais gravosa. Considerou-se, por fim, que o acórdão impugnado estaria em consonância
com a jurisprudência desta Corte. HC 99993/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 24.11.2009. (HC-99993)
ARTIGO
Em observância ao princípio constitucional da retroatividade da lei penal mais benéfica (CF, art. 5º, XL), deve ser
reconhecida a continuidade delitiva aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor praticados anteriormente à
vigência da Lei 12.015/2009 e nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução. Com base nesse
entendimento, a Turma concedeu habeas corpus de ofício para determinar ao juiz da execução, nos termos do
enunciado da Súmula 611 do STF, que realize nova dosimetria da pena, de acordo com a regra do art. 71 do CP.
Tratava-se, na espécie, de writ no qual condenado em concurso material pela prática de tais delitos, pleiteava a
absorção do atentado violento ao pudor pelo estupro e, subsidiariamente, o reconhecimento da continuidade delitiva.
Preliminarmente, não se conheceu da impetração. Considerou-se que a tese defensiva implicaria reexame de fatos e
provas, inadmissível na sede eleita. Por outro lado, embora a matéria relativa à continuidade delitiva não tivesse sido
apreciada pelas instâncias inferiores, à luz da nova legislação, ressaltou-se que a citada lei uniu os dois ilícitos em
um único tipo penal, não mais havendo se falar em espécies distintas de crimes. Ademais, elementos nos autos
evidenciariam que os atos imputados ao paciente teriam sido perpetrados nas mesmas condições de tempo, lugar e
maneira de execução. HC 96818/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 10.8.2010. (HC-96818)
Trata-se, entre outras questões, de saber se, com o advento da Lei n. 12.015/2009, há continuidade delitiva entre os
atos previstos antes separadamente nos tipos de estupro (art. 213 do CP) e atentado violento ao pudor (art. 214 do
mesmo codex), agora reunidos em uma única figura típica (arts. 213 e 217-A daquele código). Assim, entendeu o
Min. Relator que primeiramente se deveria distinguir a natureza do novo tipo legal, se ele seria um tipo misto
alternativo ou um tipo misto cumulativo. Asseverou que, na espécie, estaria caracterizado um tipo misto
cumulativo quanto aos atos de penetração, ou seja, dois tipos legais estão contidos em uma única descrição
típica. Logo, constranger alguém à conjunção carnal não será o mesmo que constranger à prática de outro ato
libidinoso de penetração (sexo oral ou anal, por exemplo). Seria inadmissível reconhecer a fungibilidade
(característica dos tipos mistos alternativos) entre diversas formas de penetração. A fungibilidade poderá ocorrer
entre os demais atos libidinosos que não a penetração, a depender do caso concreto. Afirmou ainda que, conforme a
nova redação do tipo, o agente poderá praticar a conjunção carnal ou outros atos libidinosos. Dessa forma, se
praticar, por mais de uma vez, cópula vaginal, a depender do preenchimento dos requisitos do art. 71 ou do art. 71,
parágrafo único, do CP, poderá, eventualmente, configurar-se continuidade. Ou então, se constranger vítima a mais
de uma penetração (por exemplo, sexo anal duas vezes), de igual modo, poderá ser beneficiado com a pena do
crime continuado. Contudo, se pratica uma penetração vaginal e outra anal, nesse caso, jamais será possível a
caracterização de continuidade, assim como sucedia com o regramento anterior. É que a execução de uma forma
nunca será similar à de outra, são condutas distintas. Com esse entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento,
por maioria, afastou a possibilidade de continuidade delitiva entre o delito de estupro em relação ao atentado violento
ao pudor. HC 104.724-MS, Rel. originário Min. Jorge Mussi, Rel. para acórdão Min. Felix Fischer, julgado em
22/6/2010.
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que
impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
Corrupção de menores
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. (VETADO).
CONCLUSÕES
Os crimes sexuais contra vulnerável constituem novidade trazida para o Código Penal
O art. 218B do CP, mais amplo, revogou tacitamente o art. 244ª do ECA.
Atualmente, passamos a ter crimes que envolvem lenocínio em dois capítulos do CP: O Capítulo II e o V do Título VI.
Exemplo:
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Exemplo 2:
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18
(dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do
ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar
que alguém a abandone: (
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
o
§ 1 Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador,
preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência.
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.