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AS FONTES DOCUMENTAIS PARA A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO EM

ALAGOAS

Maria das Graças de Loiola Madeira – Professora do PPGE

gloiola@bol.com.br

Desde 2004, desenvolvemos a pesquisa “Roteiro de fontes da educação alagoana no


século XIX (1850-1900)”, vinculada ao grupo de pesquisa “Caminhos da educação em
Alagoas”, do Programa de Pós-Graduação em Educação, coordenado pelo prof. Elcio de
Gusmão Verçosa. A intenção é fazer um inventário de fontes da educação do nosso
estado com apoio de notícias jornalísticas, como o Diário das Alagoas, o Gutenberg, o
Liberal e a Gazeta de Alagoas, disponíveis na hemeroteca do Instituto Histórico e
Geográfico, local de nossa consulta. Nossa intenção é recuperar todas as matérias
educacionais nos jornais disponíveis no acervo do Instituto. Elas estão sendo
catalogadas e colocadas à disposição do pesquisador interessado em história da
educação. A catalogação se dá através do preenchimento de uma ficha sobre a matéria,
constando de notas bibliográficas, resumo informativo, palavras-chave e informações
complementares. Nós contamos com a participação de mestrandas do PPGE e alunas do
Curso de Pedagogia/UFAL, as quais estão desenvolvendo o Trabalho de Conclusão de
Curso. São cinco alunas que ingressaram em Pedagogia no ano de 2004 (Monica Louise
Santos, Ednalda da Silva Zú, Eliane Marques, Maria Cecília e Renata da Conceição dos
Santos), e quatro em 2006 (Ana Paula e Rosilda Germano do turno da noite e Jane
Marinho e Neudes manhã). Uma delas tem bolsa PIBIC e as demais estão na condição
de voluntárias. A nossa intenção é tentar fazer uma integração no nosso grupo de
pesquisa entre o Curso de Pedagogia e o de Mestrado em Educação, estimulando a
participação de todas também nas nossas reuniões semanais. Desse modo, a pesquisa
pretende não apenas elaborar um inventário de fontes da educação, mas também formar
futuros pesquisadores na área, e assim solidificar o nosso grupo de pesquisa no PPGE.
Neste ano, recebemos apoio financeiro do CNPq, com o compromisso de até
agosto/2008 elaborar um inventário de fontes sobre notícias relacionadas aos docentes
de Alagoas, no período correspondente a 1850 e 1950.

Esta minha exposição abordará três momentos: 1) a natureza da fonte jornalística; 2) a


importância de elaboração de um catálogo de fontes para formar um banco de dados; 3)
comentários preliminares sobre os achados (fontes da educação na imprensa
jornalística) no acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.

A natureza da fonte jornalística

Nos anos de 1990, a história da educação ganhou um forte revigoramento com os


estudos da Escola dos Annale, a qual renovou o conceito de fonte, pelo entendimento de
que qualquer vestígio humano deixado numa determinada época deve ser considerado
como fonte: o escrito (nos mais diversos formatos: oficial, biográfica, literária,
periódica), o oral, a imagem, a fotografia. Esta renovação do conceito permitiu também
a renovação dos objetos de pesquisa e a valorização de temas tidos como secundários,
ao possibilitar o diálogo com outras áreas, antes marginalizadas nos estudos históricos,
como a Antropologia, a Psicologia, a Sociologia. O olhar do pesquisador se tornou mais
refinado, indagando sobre o tipo de fonte, o lugar de produção, as relações do produtor
com campos mais largos socialmente constituídos.
A nossa pesquisa tem privilegiado o uso da imprensa como fonte de pesquisa, em
espacial, os jornais. Tal fonte apresenta algumas particularidades, como a brevidade do
registro e, ao mesmo tempo, a variedade de informações. A fonte da imprensa periódica
como um todo, exige atenção ao traço fugaz e imediato da notícia, já que sua natureza é
informar cotidianamente, dentro do que lhe interessa, os temas mais recorrentes. Assim,
é preciso atentar para o curto tempo das notícias, e o tempo macro de uma dada época
do passado. O curto tempo das notícias só se alarga quando o pesquisador aciona sua
"bagagem de conhecimentos e leituras que lhe permitam recorrer sempre que se fizer
necessário, e estabelecer a sua grade de correspondência" (PESAVENTO, 2005).
Assim, essas pequenas pistas poderão ganhar em importância como testemunho da
experiência humana de uma dada época, desde que o pesquisador se utilize de outros
rastros, como a memória oral, os documentos oficiais, os registros de instituições, a
literatura, a fotografia, a documentação de ordem privada, as biografias, os livros
didáticos, os dados estatísticos, entre outras. Seus ganhos estão no fato de a fonte ter um
traço polêmico, além oferecer ao leitor uma larga leitura do contexto estudado, tanto do
ponto de vista educacional, como social, econômico e político.

Ao contrário do que se supõe, os fragmentos ou achados históricos em circulação nos


jornais oferecem, paradoxalmente, o conjunto que lhe falta, desfazendo o conceito de
que tais fragmentos apresentem a história em forma de relampejos ou de congelamento.
Quando articulados e confrontados, eles põem em movimento o cotidiano de
instituições escolares, de idéias pedagógicas, de educadores e suas práticas, expondo
detalhes que vão dando forma concreta ao passado. Mas, só serão compreendidos se o
pesquisador tiver um repertório cultural o mais amplo possível”; seria cultivar aquela
bagagem prévia que nos dá mais firmeza ao abordar as temáticas. As leituras externas
ao objeto podem ajudar a ampliar o seu entendimento”. Afinal, o fenômeno educativo é
atravessado por temas como a política, a religião, a cultura, a economia e a moral.

As singularidades da produção historiográfica da educação brasileira, talvez só se


tornarão solidamente reconhecidas quando confrontadas com o que já fora produzido.
Reconhecer a riqueza de um achado local é fazer vínculos, confrontos e debates com
outros temas mais amplos. Assim, as evidências mapeadas na imprensa possivelmente
só serão consideradas frágeis na medida em que forem tratadas de forma isolada, mas
quando vistas como parte de um conjunto que falta, se colocará com possibilidade de
nos fazer entender que cada tema carrega consigo embates de uma trajetória de séculos.
Assim, os fragmentos podem dar firmeza ao tratamento de determinados temas, mas
também fragilizar outros sobre os quais as evidências encontradas não lhes asseguram
consistência. Luciano Faria Filho (2003, p. 172-173) alerta sobre a formação do
pesquisador de história da educação, a fim de que ele cultive uma certa erudição para
possa elaborar sínteses mais complexas sobre a nossa história educacional, ou pensar
num certo equilíbrio entre inovação e tradição, pois “é preciso considerar também que
somente se inova verdadeiramente se conhece aquilo que se quer superar”. Estas
observações indicam cuidados com os estudos “micro” no campo da história da
educação, os quais se tornaram febre nos anos de 1990. A ausência de uma leitura de
longa duração pode induzir equivocadamente a uma interpretação do fenômeno, dado o
desconhecimento de seu desdobramento, como lembra Nobert Elias em O processo
civilizador (1994).

Consideramos desnecessário argumentar sobre a importância da imprensa periódica


como lugar de registro da nossa história da educação. É igualmente desnecessário
destacar que a fonte jornalística veicula uma ideologia moral, política e cultural,
estabelecendo conflitos/confrontos, tanto quanto qualquer outro documento. Como
produto de uma sociedade urbano-industrial ela surgiu para contribuir na sua
estruturação (ARAÚJO, 2002). Portanto, estamos cientes de que a imprensa da época
em estudo dialogava com uma minoria alfabetizada, ou, uma elite intelectual, portanto,
expressava uma idéia conservadora nas propostas educacionais, ou de ajustamento da
população ao ideário civilizador europeu: letrado, trabalhador, higiênico, regrado
moralmente.

Sobre o catálogo de fontes

O historiador da educação que lida com tempos remotos precisa ser informado sobre os
temas mais recorrentes de uma época, ou sobre o que existe nos acervos locais. Se há,
por exemplo, abundância ou escassez de fontes sobre determinado tema, e assim, não se
deparar no decorrer da pesquisa com a ausência dos vestígios, pois sem eles a proposta
de pesquisa poderá ficar inviabilizada. Portanto, é consenso entre os historiadores da
educação brasileira considerar a importância da elaboração de catálogos de fontes, por
possibilitar a consolidação de grupos de pesquisa, haja vista ter em mãos uma base
sólida de informações acessíveis ao pesquisador interessado na área. É também uma
forma de remexer nos arquivos, recuperar material em estado de extravio, como é o caso
do acervo do Instituto Histórico de Alagoas, pelo descuido do poder público local, tanto
no que se refere à conservação de documentos, quanto na publicização das fontes. A
elaboração desse tipo de inventário significa o primeiro passo para organizar dados que
nos chegam dispostos de forma desordenada e fragmentada, os quais apenas adquirem
sentido no estabelecimento de relações com outros e com a literatura constituída.

Exposição preliminar dos achados de nossa pesquisa

Concentramos nossa pesquisa inicialmente no jornal Diário das Alagoas, com


circulação em Maceió nas décadas de 1850 e 1880, em seguida, avançamos para o
mapeamento de O Liberal (décadas de 1870 e 1880) e O Gutenberg (últimas décadas do
século XIX e primeira década do século XX). Sobre os dois últimos, há um número
pouco expressivo de matérias catalogadas, ainda que o teor das notícias tenha uma
importância superior, por ambos permitirem a publicação de notícias que expressavam o
debate educacional de época, inclusive dedicando mais espaço, alongando o debate para
os exemplares seguintes. O maior volume de matérias está sendo recuperadas do jornal
Diário das Alagoas. No período investigado ele tem assumido a feição de um “diário
oficial”, poucas vezes permitindo a divulgação de temas polêmicos. De qualquer modo,
ainda que as matérias sobre educação tenham tomado uma feição rotineira e definida
pela ação oficial, elas nos apontam aspectos importantes que julgamos merecer estudos
mais aprofundados. Alguns temas sobressaíam, como notícias relacionadas ao
orçamento e financiamento da educação, política educacional, reformas de ensino,
fundação de escolas públicas e particulares, salário dos professores, condições de
trabalho docente, professores aposentados se propondo a ensinar, objetos escolares,
prédios escolares, aluguel de casas escolares, impressos escolares (produzidos por
alunos e/ou professores), remoção e nomeação de professores, licença, jubilação, livros
didáticos de autores europeus e alagoanos, padres mestres, instituições educacionais, a
exemplo do Colégio de Educandos Artífices e o Liceu Provincial, a Escola Normal e o
Liceu de Artes e Ofícios. Como vimos, as informações jornalísticas nos chegaram como
pequenos fragmentos, que, na maioria das vezes, apenas atestavam à existência daquela
temática, passando a exigir do pesquisador uma bagagem prévia para então valorizá-lo.
Embora a breve indicação possa de imediato não provocar interesse pelo fragmento,
com o cruzamento de outros e da literatura já produzida sobre o assunto, serão de
valiosa importância. Caberá ao pesquisador, então, seguir os rastros indicados em outras
fontes disponíveis sobre o período e estabelecer as devidas articulações bem como
expor o que se confronta ao já constituído.

Grande parte das matérias catalogadas, sobretudo àquelas divulgadoras do expediente


do governo provincial correspondem a portarias, requerimentos, despachos,
comunicados, portanto, de pequeno conteúdo escrito. Isto significa que, em muitos
casos, o resumo encontrado na ficha do catálogo expressa quase que literalmente o teor
da matéria. Considerei importante essa feição contingencial tomada pela pesquisa, em
razão do estado lastimável em que se encontram as fontes disponíveis no Instituto
Histórico. Portanto, àquelas catalogadas pela pesquisa poderão não mais estar acessíveis
ao pesquisador quando este assim requisitá-las. Diante desta possibilidade, há interesse
de nossa parte, numa etapa posterior, em disponibilizar as matérias na íntegra para o
pesquisador.

Ficamos atentas às questões como: quem produziu essas fontes? Qual a natureza do
veículo da informação? A quem aquela imprensa periódica estava vinculado? Sobre o
que escreviam? Para qual público da elite intelectual escreviam? Quais seus
interlocutores? Quais os vínculos daquele conteúdo com debates nacionais, inclusive
divulgados no Sudeste brasileiro ou mesmo do exterior. Vale lembrar que esses homens
de letras alagoanos estavam atentos e informados sobre as notícias veiculadas pela
imprensa nacional e estrangeira, bem como consumidora de uma literatura no mesmo
porte, embora esse repertório de ilustração chegasse pelo mar com meses de atraso.

Outro cuidado com o mapeamento é de não compreender a ação do Estado sem que se
considere o emaranhado de relações privadas e filantrópicas. Assim a escola do século
XIX não deve ser nomeada de pública, privada ou filantrópica, considerando que estas
categorias não se distinguiam. Havia um entrelaçamento, dando outra feição ao que
costumamos nomear de laico e religioso, individual e coletivo, urbano e rural, publico e
privado.

Assim, nosso catálogo, em processo de elaboração, já oferece um banco de dados de


fontes sobre uma rede de instituições escolares as quais foram implementados em
âmbito nacional e que se fez efetiva em Alagoas, como o liceu provincial (1849), o
colégio de educandos artífices (1854), a escola normal (1869), um asilo para órfãs
(1877), o liceu de artes e ofícios (1884), além de uma rede de ensino particular de
colégios católicos e laicos, ofertados ao sexo masculino e feminino. Os colégios
destinados aos meninos como Bom Jesus, São Domingos, Ginásio Alagoano e São José,
competiam por igual com o liceu provincial, na prestação de Exames Gerais de
Preparatórios, criados pela Reforma Couto Ferraz de 1854, exames geralmente
realizados no final do ano no liceu alagoano, os quais eram regulados pelo Colégio
Pedro II até 1875. Tratava-se de um momento privilegiado de visibilidade do ensino
secundário particular, uma vez que tais instituições se utilizavam dos resultados
positivos daqueles exames, divulgados nos jornais locais, como instrumento de
propaganda de bom ensino. Este período se coloca como importante para o professor-
pesquisador compreender a gênese e o fortalecimento da estruturação do ensino
particular em Alagoas. Duas questões consideramos importantes em relação aquelas
instituições. Primeiro, o Colégio Pedro II, fundado na Corte em 1837, apresentava-se
como o modelo de colégio secundário para o país, portanto, havia uma tentativa de
transposição de seu modo de ensinar. Segundo, a forma como essas instituições se
desenvolveram em cada unidade da federação tomou feições distintas. Então, são tais
feições que esta pesquisa pode iluminar, contribuindo para a elaboração de sínteses mais
complexas.

Outros elementos que considero importantes, recuperados pela pesquisa, estão


relacionados à história do financiamento da educação escolar e a incompleta indefinição
entre bens públicos e privados no século XIX. Torna-se relevante aprofundar, por
exemplo, o emaranhado de relações entre proprietários de colégios particulares – liceu
provincial - escola normal - escolas filantrópicas – circulação de obras didáticas
estrangeiras nas escolas (especialmente no liceu) - autoria de obras didáticas para as
escolas primárias - inspeção escolar - administração da instrução pública – cargos
públicos e políticos. Ao que parece, eram os mesmos intelectuais a promoveram as
mesmas ações. São rastros que apenas se tornam visíveis com o mapeamento da
biografia dos sujeitos envolvidos nessas instâncias. É possível se observar também, com
relação a não-distinção entre público e privado, o uso de verba pública para alugar
instalações escolares através de um jogo de poder entre inspetores paroquiais e
proprietários de casas na alocação desses prédios. Constata-se também, os freqüentes
requerimentos dos professores solicitando o recebimento de seus salários, pagos
somente com a abertura de crédito suplementar aprovado pela Assembléia Provincial.
Temos ainda, professores custeando com seus salários objetos de uso nas escolas;
professores aposentados requisitando o reingresso no magistério com metade do
ordenado ou o uso de verbas da arrecadação de loterias. Tem-se, assim, revelações
cotidianas das dificuldades de funcionamento das instituições públicas, convivendo com
risco iminente de fechamento por falta de recursos. Dessas instituições temos o Colégio
dos Educandos Artífices e o Liceu Provincial (ambos extintos em 1861, com reabertura
do Liceu em 1863, dado não exclusivo a Alagoas. Grande parte parte da trajetória dos
liceus no Brasil passou por esse situação).

Estas imagens e interpretações poderão consolidar uma leitura do modo como as


instituições vão tomando corpo e forma quando conhecidas por dentro: as disciplinas do
seu currículo, os arranjos das instalações, a identificação dos alunos e seus percursos,
revelação da formação dos professores, sua forma de ingresso, seu salário, suas
condições de trabalho, as dificuldades com os locais de aula, as relações tensas com a
inspetoria. Enfim, se verifica, principalmente professoras, usando de sua casa, de sua
mobília e do seu modo privado de educar para garantir a consolidação do ensino público
primário.

Outro ponto importante relaciona-se às idéias pedagógicas mais recorrentes nas escolas
de Alagoas: quem delas se apropriavam e porquê, a forma de apropriação, os materiais
didáticos utilizados, o modo como as obras clássicas de pensadores europeus chegavam
a Alagoas, quem as traziam e o que traziam, quais os motivos e com quais recursos:
públicos ou privados ou um misto de ambos; os compêndios e métodos de ensino
adotados. Vale indagar sobre aqueles de sucesso na imprensa à época, como o método
de Leitura Repentina, de José Feliciano de Castilho ou o de leitura universal do Barão
de Macahuba (Abílio Cesar Borges), eram objetos de uso nas salas de aula.
O sistema de vigilância ou inspeção escolar seria outro elemento revelador desse
período, vigilância sobre práticas docentes e discentes, realizadas pelas figuras dos
inspetores geral e paroquial. Segundo mapa publicado pelo Presidente da Província de
Alagoas de 1859, havia um universo de cinqüenta inspetores paroquiais para o mesmo
número de vilas alagoanas. Em relação aos inspetores municipais, dezoito municípios
eram atendidos por dezessete inspetores. Os cargos de inspetores geral e paroquial
foram criados pela Reforma Couto Ferraz de 1854. Semelhante cargo já havia sido
criado com a reforma pombalina, em 1759, o de Diretor Geral de Estudos, mantido com
prestígio até o fim do Império. Tomaz do Bonfim Espíndola ocupou o cargo nos anos de
1860.

Poucos dados estão postos sobre o teor religioso do sistema público de ensino e das
práticas educacionais e escolares. Há difícil penetração desta leitura em nossa formação,
em razão da modernidade apregoada desde o século XVI pela Europa, a qual pretendia
alastrar princípios de liberdade e igualdade, de difícil sucesso num país multiétnico
como o Brasil. O grupo de intelectuais brasileiros formou a partir do século XIX a
noção de um Brasil de identidade homogênea, portanto, de cultura homogênea.

Diante desta questões, qual o teor religioso formulado pelo Estado brasileiro que nos
chega como laico? De que modo valores e crenças eram divulgados junto ao povo?
Como ficava, por exemplo, os rastros silenciados da educação do negro e do índio, os
mitos do povo nordestino? Como recuperar esta forma de educar? Como fica a
mesclagem entre crenças relacionadas à cultura indígena, africana ou mesmo o modo de
apropriação do cristianismo ocidental?

Por fim, ressalto os achados acerca da ação dos homens de letra do Império alagoano
(bacharéis e médicos) tidos como missionários das luzes e do progresso, na defesa
veemente de campanhas contra o analfabetismo, em defesa da pedagogia moderna ou da
laicização do ensino pela via do anti-jesuitismo. Utilizavam os jornais como tribuna ou
parlamento na defesa de seus projetos, garantindo-lhes visibilidade e ocupações futuras
em cargos públicos. Eles tanto contribuíam na constituição do sistema público, privado
e filantrópico de ensino, como na fundação de associações e grêmios literários que
tinham projetos de promoverem a disseminação das letras na província alagoana. Só
para citar algumas: a Sociedade Libertadora Alagoana (1881), que chegou a fundar a
Escola Central, uma instituição para meninos negros; a Sociedade Gabinete de Leitura,
fundado em 1857 pelo diretor da instrução pública José Correia da Silva Titara, que
tinha projeto de criação de escolas noturnas e serviços de empréstimo de livros,
transformando-se no embrião da biblioteca pública de Alagoas; a Sociedade Protetora
da Instrução Popular e a Sociedade Litteraria e Recreativa, esta última fundada por ex-
aluno do liceu provincial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, José Carlos Sousa. Um capítulo da veiculação da discussão educacional na imprensa do Triangulo Mineiro: a revista A Escola
(1920-1921). In: (Orgs.) ARAUJO José Carlos Souza, GATTI JÚNIOR, Décio. Novos temas em história da educação brasileira. Campinas
(SP): Autores Associados, 2002, p.91-107.
ELIAS, Norbert. O processo civilizador - uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994, v. 01.
FARIA FILHO, Luciano Mendes; RODRIGUES, José Roberto Gomes. A história da educação programada – uma aproximação da história
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Associados, nº 06, jul/dez/2003, p.159-173.
NÓVOA, António. Relação escola sociedade: novas respostas para um velho problema. In: Formação de professores. SERBINO, Raquel
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PALLARES-BURKE, Maria Lúcia Garcia (1998). A imprensa periódica como uma empresa educativa no século XIX. Cadernos de
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PESAVENTO, Sandra Jatahy. História e história cultural. 2ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

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