Sunteți pe pagina 1din 7

Actividade Física Adaptada: uma visão crítica

Urbano Moreno Marques


José Alberto Moura e Castro
Maria Adília Silva
Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade do Porto

INTRODUÇÃO diária, do ensino, do desporto e da Educação Física.


A filosofia subjacente de orientação da educação da Especificamente em relação à área do desporto
pessoa com deficiência, nos tempos recentes tem pensamos que os aspectos menos estudados são o
levado a que as grandes linhas de investigação treino desportivo, as técnicas de intervenção, e as
apontem para a maior autonomia da pessoa com próprias modalidades.
deficiência. A organização da actividade desportiva continua a ser
Neste contexto, julgamos que as respostas debatida no sentido de procurar a maneira mais
encontradas levam a procurar uma maior correcta de definir os locais de prática e com quem
participação da pessoa com deficiência na sociedade. deve ser realizada. A classificação desportiva também
Contudo a referida participação tem sido abordada continua a ser polémica sendo, no entanto, um dos
no sentido de uma colaboração e não de uma temas que mais tem sido abordado pelos estudiosos.
efectiva participação interventiva. Este aspecto, é As áreas mais recentes de estudo e que começa a
devido em parte, ao facto que a pessoa com preocupar os investigadores nas seus mais variados
deficiência não ter sido chamada para contribuir aspectos são a Terceira Idade, aspectos patológicos, e
nesse mesmo processo. Em nosso entender o direito a Recreação e Tempos Livres de pessoas com
de opção, de escolha e de intervenção por parte da deficiência.
pessoa com deficiência, é fundamental.
Nesta perspectiva, a pessoa com deficiência tem que EVOLUÇÃO
ser chamada a contribuir com o seu saber empírico, A actividade física para a pessoa com necessidades
isto é, a dar sua própria opinião. especiais tem vindo a ser alvo das mais variadas
Por outro lado os investigadores até à década de 80 atenções. Exemplo disso é a Carta Europeia do
estudavam os assuntos fechados na sua área de Desporto para Todos: as Pessoas Deficientes (1988),
saber. Hoje tenta-se abordar os mais variados do Conselho da Europa, que reconhece a actividade
aspectos de estudo conjugando várias áreas de física como “um meio privilegiado de educação,
investigação, fazendo cair as barreiras e, assim, valorização do lazer e integração social”(2).
enriquecer as respostas. Este facto, leva à existência Potter, como elemento do Comité para o
de interfaces das áreas do saber académico e Desenvolvimento do Desporto do Conselho da
profissional, que em nosso entender vão ajudar de Europa, define esta actividade física como uma gama
uma maneira decisiva a resolver aspectos que até ao completa de actividades adaptadas às capacidades de
momento não o foram como a homogeneidade da cada um, particularmente ao desenvolvimento
terminologia, da limitação da população alvo, da motor, à Educação Física e a todos as disciplinas
metodologia de ensino que deve ser partilhada de desportivas (14).
uma maneira uniforme, de estudos das provas e Por outro lado, vários autores (3, 8, 18) consideram
aparelhos para avaliar a pessoa com deficiência nas que a actividade física adaptada (na medida em que
diferentes vertentes e das ajudas técnicas para a vida se aplica a pessoas sem possibilidades de a

Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2001, vol. 1, nº 1, 73–79 73

revista 73 13.2.04, 16:22


URBANO MORENO MARQUES, JOSÉ ALBERTO MOURA E CASTRO, MARIA ADÍLIA SILVA

praticarem em condições normais) está limitada aos questões de alimentação e vestuário. Acreditava-se,
indivíduos deficientes reconhecidos pela ainda, que tratando bem os deficientes, os idosos e
Organização Mundial de Saúde (12) e expressa-se em outros carenciados se obtinha um lugar no céu.
três dimensões, designadamente a competitiva, a Com o aparecimento do movimento reformista da
recreativa e a terapêutica. A estas vertentes Igreja surge uma nova visão sobre os deficientes.
acrescentou o Comité para o Desenvolvimento do Passaram a ser encarados como um indício do
Desporto, em 1981 (1), a educativa. De salientar que descontentamento divino, sendo novamente
idêntica concepção nos apresenta a Federação relegados para um plano inferior. Só mais tarde
Portuguesa de Desporto para Deficientes (4). começaram a surgir as primeiras tentativas ao nível
Contudo, observamos, segundo as conclusões do da sua educação, as quais traduzem já o início do 3º
Seminário “A recreação e lazer da população com período.
necessidades especiais” (Faculdade de Ciências do
Desporto e de Educação Física da Universidade do 3º Período: Emancipação
Porto, 2000), que as dimensões competitiva, Com o novo interesse criado pelo Renascimento em
educativa e terapêutica prevalecem sobre a recreativa. estudar o homem, a industrialização e a consequente
Porém, estamos hoje muito longe, neste campo da falta de mão de obra, bem como o aparecimento de
reabilitação, do que aconteceu nos primórdios da deficientes ilustres, nomeadamente cegos, foi dado
humanidade e nos primeiros séculos da civilização. um grande impulso na sua educação, influenciando
Segundo Lowenfeld e Kirk e Gallagher podemos decisivamente os pioneiros da Educação Especial.
reconhecer quatro grandes períodos de Assim, foi necessário chegarmos ao último quartel
desenvolvimento das atitudes em relação aos do século XVIII, com o surgimento das ideias
indivíduos com necessidades especiais, os quais iluministas da Revolução Francesa, para que os
correspondem a fases distintas da história (6, 9). problemas da deficiência começassem a ser
encarados e encaminhados por uma via mais racional
1º Período: Separação e mais científica (16).
Na maioria das sociedades primitivas o deficiente Foram sobretudo alguns médicos da escola francesa,
era visto com superstição e malignidade. Nesta como Esquirol e Morel, e alguns médicos da escola
época o conhecimento centrava-se no pensamento alemã, como Griesinger e Kretschmer, que tiveram o
mágico-religioso, o qual explicava e continua a mérito de chamar a atenção para a necessidade de os
explicar muitos dos acontecimentos do dia-a-dia do problemas da deficiência passarem a ser observados
homem primitivo. à luz de novos factos científicos de carácter
Já no início da Idade Média foi aceite uma relação de psicofisiológico e etiopatogénico (5).
causalidade entre demonologia e anormalidade (7). Por conseguinte, é o ano de 1801, com Itard e a sua
Posteriormente, este sentimento de horror em primeira tentativa para educar um deficiente (Victor,
relação à deficiência foi dando lugar ao sentimento o selvagem de Avignon), que é apontado como o
de caridade, o qual corresponde ao início da era da início da Educação Especial propriamente dita (13).
protecção. No entanto, só mais tarde, com o aparecimento da
Lei da Educação Obrigatória para Todos, o problema
2º Período: Protecção da educação da criança deficiente começa a ser
Esta concepção apareceu com o desenvolvimento das verdadeiramente questionado.
religiões monoteístas. Fundaram-se asilos e Já nos finais do século XIX a Educação Especial
hospitais onde os deficientes eram recolhidos. No caracterizava-se por um ensino ministrado em
entanto era ainda prática comum mutilar ou cegar escolas especiais em regime de internato, específicas
indivíduos que cometiam graves delitos. de cada deficiência (escolas que se destinam ao
Nos finais da Idade Média, através das ordens atendimento de crianças e jovens deficientes visuais,
religiosas, foram criados vários hospícios onde os auditivos, intelectuais, motores e autistas), embora
deficientes eram assistidos, basicamente em existissem defensores do sistema integrado (apoio

74 Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2001, vol. 1, nº 1, 73–79

revista 74 13.2.04, 16:22


Actividade Física Adaptada: uma visão crítica

prestado a crianças e jovens com problemas deficientes, proporcionando-lhes o seu direito de


educativos especiais inseridos a tempo total ou compartilharem a vida social normal da comunidade
parcial em classes regulares, visando a sua na qual vivem e de usufruírem as condições de vida
integração escolar, familiar e social) e fossem semelhantes às de qualquer outro cidadão”(17).
aparecendo outras formas de atendimento como o A igualdade que se pretende, como ponto de partida e
semi-internato, a classe de aperfeiçoamento e a como meta, não deverá ser entendida como sinónimo
classe especial (classe que funciona no edifício de de normalização absoluta. A igualdade terá de ser
uma escola regular, mantendo-se os alunos nessa construída através da afirmação do direito à diferença.
mesma classe durante todo o tempo lectivo). Com isto pretendemos dizer que devemos criar
Aparecem as primeiras tentativas de explicação e situações o mais variadas possível para que
classificação dos diferentes tipos de deficiência, indivíduos ditos normais e em cadeira de rodas, por
bem como os primeiros estudos científicos nesta exemplo, tenham as mesmas possibilidades.
área. E é nesta fase de grande optimismo e Construir um edifício com larguras de portões
desenvolvimento que surge o quarto período, ou diferentes é criar a igualdade de acesso a todos, isto
seja, a etapa da integração. é, para haver igualdade têm de existir diferenças.
É neste contexto que aparece, com a Declaração de
4º Período: Integração Salamanca, em 1994, o quinto e último período (por
O conceito de integração, já defendido por alguns nós considerado), ou seja, a inclusão.
autores nos finais do século XIX, é finalmente posto
em prática em pleno século XX. Este confere ao 5º Período: Inclusão
deficiente as mesmas condições de realização e de O conceito de escola inclusiva teve a sua origem na
aprendizagem sócio-cultural dos seus semelhantes, Declaração Universal dos Direitos do Homem
independentemente das limitações ou dificuldades (1948), na Conferência Mundial sobre Educação
que manifesta. para Todos (1990) e nas Normas das Nações Unidas
A segunda metade do século XX caracterizou-se, sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas
entre outros aspectos, por um certo desafio que o com Deficiência, de 1993.
conceito de normalização trouxe à sociedade. No entender de Mayor, a conferência mundial sobre
Wolfensberger definiu normalização como sendo a necessidades educativas especiais ao adoptar a
“utilização de meios tão adequados, quanto possível, Declaração de Salamanca sobre os princípios, a
para estabelecer ou para manter comportamentos e política e as práticas na área das necessidades
características que são de natureza cultural”(20). educativas especiais “inspirou-se no princípio da
Para Mikkelsen, “normalização não significa tornar inclusão e no reconhecimento da necessidade de
normal o diferente, mas sim criar condições de vida actuar com o objectivo de conseguir escolas para
semelhantes às dos outros elementos da sociedade, todos, isto é, instituições que incluam todas as
utilizando para o conseguir uma grande variedade de pessoas, aceitem as diferenças, apoiem a
serviços existentes nessa mesma sociedade”(11). aprendizagem e respondam às necessidades
No entanto, a ideia principal contida no conceito de individuais”(10).
normalização encontrava-se já subjacente, desde Assim sendo, as sociedades contemporâneas
1948, na Declaração Universal dos Direitos do distinguem-se, em grande parte das anteriores, pela
Homem, quando aí se afirma o “direito de todas as afirmação do respeito pela dignidade humana e pela
pessoas, sem qualquer distinção, ao casamento, à garantia de que ao portador de qualquer necessidade
propriedade, a igual acesso aos serviços públicos, à especial lhe será permitido integrar-se nas diversas
segurança social e à efectivação dos direitos metas do funcionamento social sem qualquer
económicos, sociais e culturais”. barreira psicológica ou física.
Segundo Sousa, “temos de criar as condições para Aliás, é essa uma das exigências da nossa actual
atingirmos as metas da «total participação» e da Constituição.
«igualdade de oportunidades» para as pessoas Concretamente, para estes indivíduos deverão ser

Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2001, vol. 1, nº 1, 73–79 75

revista 75 13.2.04, 16:22


URBANO MORENO MARQUES, JOSÉ ALBERTO MOURA E CASTRO, MARIA ADÍLIA SILVA

proporcionadas condições que lhes permitam atingir global e contínuo destinado a corrigir a deficiência e
as seguintes metas (5): a conservar, desenvolver ou restabelecer as aptidões
e capacidades da pessoa para o exercício de uma
– cuidar de si; actividade considerada normal. Engloba um conjunto
– tornar-se independente no quotidiano; variado de acções de prevenção, de reabilitação
– participar na vida familiar e em actividades de médico-funcional, de educação especial, de
tempos livres; reabilitação psico-social, de apoio sócio-familiar, de
– manter contactos sociais; acessibilidade, de ajudas técnicas, de cultura, de
– obter rendimento nos estudos e no trabalho; desporto e de recreação, entre outras, que se
– manter relações afectivas e vida sexual; destinam ao deficiente e que visam favorecer a sua
– poder assumir o papel de progenitor. autonomia pessoal”.
Assim, reabilitar perdeu o seu significado restrito de
Podemos dizer, numa linguagem simplista, que é “habilitar de novo”. Do tornar o deficiente capaz de
através da segurança social, da educação, da realizar novamente uma tarefa, passou a reabilitação a
formação profissional e do emprego, entre outros, ser encarada como um processo que visa a integração
isto é, da reabilitação, que essas condições poderão total da pessoa com necessidades especiais.
ser desenvolvidas e que poderá ser encontrado o Por outro lado, a educação especial acompanhou
verdadeiro enquadramento da pessoa com muito de perto a evolução do conceito de deficiência.
necessidades especiais na sociedade. Começou com características essencialmente
Postas as coisas deste modo, devemos actuar, por um assistenciais, desenvolveu-se ao longo dos tempos e
lado, ao nível da prevenção e, por outro, assegurar a hoje procura manter o indivíduo em processos
cada pessoa o usufruto de todo e qualquer serviço de educativos normalizados, através da sua integração.
reabilitação, sempre com o espírito de que o meio Este conceito de inclusão só será significativo
social faz parte integral do processo. quando for entendido como a solução, não
Todavia, a palavra reabilitação não teve sempre o necessariamente exclusiva mas prioritária, cujo
mesmo significado ao longo da história da âmbito deve ser progressivamente alargado. Não
humanidade. porque ele seja um fim em si mesmo, mas por ser a
A prática tradicional considerou-a como sendo um chave da futura integração dos portadores de
modelo de terapias e serviços destinados às pessoas necessidades especiais na sociedade.
deficientes, numa estrutura institucional, muitas Este último aspecto é muito importante, visto sabermos
vezes sob a égide da autoridade médica. que todos os cientistas da área da Antropologia são
Esta situação tem sido gradualmente substituída por unânimes em afirmar que o ser humano só se
programas que, embora continuem a prestar serviços desenvolve no meio dos seus semelhantes.
médicos, também contemplam serviços sociais e A educação especial foi definida pela UNESCO
pedagógicos qualificados. como sendo “aquela dos que se desviam física ou
Para a organização Reabilitação Internacional, o mentalmente, emocional ou socialmente dos
conceito de reabilitação deve ser entendido como grupos relativamente homogéneos do sistema
“um processo em que o uso combinado e regular de educação, de modo que é necessário
coordenado de medidas médicas, sociais, tomar providências especiais para corresponder às
educacionais e vocacionais, permite aos indivíduos suas necessidades”(19).
com deficiência alcançar níveis de funcionamento o Presentemente, pode-se dizer que o objectivo
mais elevados possível e, em simultâneo, se fundamental da educação especial é permitir ao
integrarem socialmente”(15). indivíduo com necessidades especiais um
Em Portugal, em Maio de 1989, é proclamada a Lei desenvolvimento máximo das suas aptidões
de Bases da Prevenção e da Reabilitação e Integração intelectuais, escolares e sociais, originando, desse
das Pessoas com Deficiência (Lei nº9/89), a qual modo, a integração de todos os cidadãos na vida em
concebe a reabilitação como sendo “um processo comunidade.

76 Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2001, vol. 1, nº 1, 73–79

revista 76 13.2.04, 16:22


Actividade Física Adaptada: uma visão crítica

Verificamos nas últimas décadas, devido a mudanças – Terminologia e conceitos


da sociedade e da vontade política dos órgãos de – Definição da população com Necessidades Especiais
poder, um desenvolvimento da educação especial e relação desta com a Actividade Física Adaptada
tanto a nível quantitativo (número de serviços oficiais – Problemas do desporto (vertente do ensino, da
e privados, número de professores, técnicos competição e da recreação).
especializados e alunos apoiados, orçamentos
envolvidos, etc.) como qualitativo (novas tecnologias, A terminologia e os conceitos foram estudados
formação superior de professores, grande diversidade seguindo a evolução internacional, que considera
e melhor apetrechamento dos serviços). Actividade Física Adaptada como a designação mais
Toda esta evolução deve-se não somente ao avanço consensual (internacional e nacional).
tecnológico e da medicina, mas também ao aumento Os conceitos que emergem da Declaração de
da legislação, à intervenção precoce, à Salamanca e trabalhos posteriores, apontam para a
implementação da educação pré-primária, ao designação Necessidades Especiais, abrangendo toda
prolongamento da escolaridade obrigatória e ao a população, independente da idade, que apresenta
importante papel desempenhado pelas famílias que problemas de acesso a um qualquer sistema social,
vêm reivindicando, ao longo do tempo, uma nomeadamente escolar e desportivo.
melhoria do atendimento a esta população. Têm ainda sido estudadas as condições da inclusão
Actualmente, tudo aponta para que tendo o aluno (escolar e desportiva), condições de acesso e de
necessidades educativas especiais, ou não, não adesão ou afastamento do desporto de indivíduos
existam diferenças significativas quanto aos com necessidades especiais e a formação necessária e
objectivos escolares finais, com excepção daqueles suficiente dos profissionais da área.
que tiverem maiores dificuldades de aprendizagem, Uma preocupação complementar tem sido a análise
os quais poderão ser encaminhados para a da legislação (conteúdo e omissões), bem como da
frequência de currículos adaptados ou alternativos. sua implementação e interpretação local.
Com a aquisição de autonomia e independência Na área da definição da população com Necessidades
criaram-se as condições para a integração do aluno Especiais e a aplicação da Actividade Física
com necessidades educativas especiais no sistema Adaptada, emergem as preocupações com os
educativo regular, o qual deve estar apto a receber aspectos classificativos, tendencialmente criticando a
todas as crianças em idade escolar e não apenas classificação médico-psicológica e propondo
algumas (escola inclusiva). classificações com suporte pedagógico.
A participação de todos não é apenas desejável do Sublinha-se a cobertura efectuada por revisões
ponto de vista social e moral, mas também do ponto bibliográficas, de um grande número de patologias e
de vista funcional. Assim sendo, o melhor caminho a o papel da actividade física (na prevenção e
seguir tem que ser encontrado por todos nós. reabilitação), concluindo todos os trabalhos da
importância da actividade física e da necessidade de
OBJECTIVAÇÃO se efectuarem estudos no terreno.
Os trabalhos realizados por este Gabinete Uma outra linha que tem surgido mais recentemente é
(monografias, dissertações de mestrado e trabalhos a que se refere à qualidade de vida da população com
de docentes, entre outros) demonstram uma Necessidades Especiais e da sua relação com a saúde.
cobertura alargada de várias áreas. Aparecem também com grande frequência os
Através de uma leitura QUALITATIVA E estudos da relação entre a necessidade especial e o
QUANTITATIVA dos 232 trabalhos dos últimos dez rendimento (académico e/ou desportivo).
anos, por categoria, tentamos encontrar as principais Dizendo respeito à área específica do desporto,
conclusões e a linha evolutiva recolhida pela verifica-se uma preocupação diversificada com a
frequência e dimensão anual dos trabalhos. avaliação motora (formal e informal, classificativa ou
Parece claro que existem três grandes áreas de avaliativa), gerando-se o consenso da sua imperiosa
preocupações: necessidade efectuada com rigor e sem preconceitos.

Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2001, vol. 1, nº 1, 73–79 77

revista 77 13.2.04, 16:22


URBANO MORENO MARQUES, JOSÉ ALBERTO MOURA E CASTRO, MARIA ADÍLIA SILVA

Vários trabalhos procuraram verificar as melhores indiscriminada desta terminologia porque entendida
condições e os programas mais eficazes para o como sinónimos de outros conceitos e não como
ensino de áreas específicas, bem como estudar a subdivisões específicas da área.
aptidão física de vários tipos de população. As Necessidades Especiais representam um
Efectuaram-se trabalhos sobre aplicações específicas alargamento do conceito Necessidade Educativas
do ensino de algumas modalidades desportivas e os Especiais, sendo este mais restrito e exclusivamente
problemas relacionados com a competição. dirigido ao sistema escolar.
Mais recentemente foram aparecendo vários A Inclusão que representa uma revisão do conceito de
trabalhos dirigidos à recreação, sua importância e integração, coloca o ênfase na aceitação da diferença e
formas organizativas, tendo-se verificado que existe não na acentuação e discriminação pela diferença.
ainda uma aderência baixa, estudando-se as razões e A Actividade Física Adaptada sublinha e congrega
concluindo-se pela grande relevância e futuro desta todas as formas de participação desportiva de um
área para a população com Necessidades Especiais. qualquer indivíduo, mesmo com fortes limitações da
Foram estudadas as condições de acessibilidade dos capacidade de movimento, e seja qual for o objectivo
deficientes a vários locais desportivos, verificando-se dessa actividade (educativo, recreativo, competitivo
que existem maioritariamente estruturas que ou terapêutico).
dificultam ou mesmo inviabilizam a prática Ao considerar diferentes patologias entende-se estas
desportiva. como limitadoras da normal actividade física e
Realizaram-se trabalhos sobre áreas psicológicas procura-se conhecer a relação positiva da actividade
condicionantes do sucesso participativo no desporto, física com uma qualquer forma de prevenção. Pode-
parecendo que as diferenças da restante população se concluir da urgência de serem efectuados estudos
não são problemáticas sendo o desporto um de terreno, a partir das revisões bibliográficas
excelente meio de promoção do sucesso psicológico. efectuadas que mencionam unanimemente a
Verifica-se a realização de alguns trabalhos relevância da actividade física adaptada.
vocacionados para o aprofundamento de modalidades Embora já existam vários trabalhos sobre
desportivas específicas (boccia, goalball, basquetebol modalidades específicas e/ou adaptadas, bem como
em cadeira de rodas, entre outras). sobre a iniciação desportiva (escolar e competitiva),
Embora em número reduzido existem trabalhos de parece ser claramente insuficiente a produção
índole mais restrito da reabilitação, designadamente científica realizada. Recomenda-se a elaboração de
no contexto terapêutico. trabalhos por modalidade e tipo de necessidade
Finalmente foram realizados três trabalhos especial, à semelhança dos que já existem sobre
comparando a situação portuguesa com a de outros boccia/paralisia cerebral e goalball/deficiência visual.
países (Espanha, Moçambique e Bélgica). Uma preocupação recente sobre a qualidade de vida
relacionada com a saúde mostra a interdependência
CONCLUSÕES destes factores em populações com necessidades
Apesar do consenso sobre os principais conceitos da especiais, mas indica-nos também uma preocupante
área NECESSIDADES ESPECIAIS, INCLUSÃO E falta de participação, suas causas e motivos. Parece-
ACTIVIDADE FÍSICA ADAPTADA, mantem-se em nos poder concluir da importância de serem
vigor e utilização corrente e oficial, um conjunto de efectuados mais estudos neste domínio.
termos e de conceitos, numa amalgama pouco Os trabalhos feitos sobre acessibilidades são ainda
animadora e tendencialmente propiciadora de escassos ou muito antigos, mas apontam inúmeras
confusões. lacunas, pelo que se pode concluir da urgência de se
Com efeito, são termos de utilização habitual entre efectuarem mais trabalhos neste sector.
outros, deficientes, desporto adaptado ou para Os trabalhos de natureza psicológica (como por
deficientes, integração, educação especial, exemplo o estudo de: motivação, interesses, relação
portadores de deficiência, bem como combinações entre a proficiência motora e o rendimento escolar e
destes termos. Mais confuso se torna a utilização ansiedade) são pouco conclusivos mas fornecem

78 Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2001, vol. 1, nº 1, 73–79

revista 78 13.2.04, 16:22


Actividade Física Adaptada: uma visão crítica

indicadores importantes, pelo que devem ser como uma vertente de grande futuro pelo seu
ampliados e replicados em diferentes condições, impacto positivo na qualidade de vida e o ainda
locais e tipos de população estudada. escasso envolvimento qualitativo e quantitativo.
Muito recentemente foram feitos os primeiros Parecem ser lacunas a rever os poucos estudos sobre
trabalhos sobre recreação para populações com aspectos técnicos, treino desportivo e materiais e
necessidades especiais, podendo desde já, concluir equipamentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Comité pour le Développement du Sport (1981). Sport pour Mundial Sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e
les Handicapés. Strasbourg: Conseil de l’Europe Qualidade. Paris: UNESCO
2. Conselho da Europa (1988). Carta Europeia do Desporto 11. Mikkelsen, N. (1978). Misconceptions of the Principle of
para Todos: as Pessoas Deficientes (Desporto e Sociedade - Normalization in Flash on the Service for the Mentally
Antologia de Textos nº 105). Lisboa: Ministério da Educação ; Retarded. Copenhagen: The Personal Training School
Direcção Geral dos Desportos 12. Organisation Mondiale de la Santé (1980). Classification
3. Doll-Tepper, G. (1995). Deporte para Atletas Disminuidos: Internationale des Handicaps: Déficiences, Incapacités et
Oportunidades de Hoy para una Vida mejor Mañana in: Désavantages. Paris: Éditions Inserm
Instituto Andaluz del Deporte (Ed), Actas Congreso Científico 13. Pereira, L. (1984). Evolução Histórica da Educação Especial
Olímpico 1992: Actividad Física Adaptada, Psicología y in: Departamento de Educação Especial e Reabilitação (Ed),
Sociología (Deporte y Documentación, nº 24, volumen I). Deficiência e Motricidade Terapêutica. Lisboa: ISEF-UTL, 37-51
Málaga: Instituto Andaluz del Deporte, 25-39 14. Potter, J.C. (1981). Sport pour les Handicapés -
4. Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes (1995). Contribution à l’Année Internationale des Handicapés.
Breve História das Organizações Desportivas. FPDD – Strasbourg: Comité pour le Développement du Sport ; Conseil
Informação, 7:7-17 de l’Europe
5. Fernandes da Fonseca, A. ; Silva, A. (1998). A Perspectiva 15. Rehabilitation International (1981). Charter for the 80’s.
Biológica em Reabilitação Psicossocial: Modelos New York: Rehabilitation International
Psicoterapêuticos de Intervenção em Reabilitação Psicossocial. 16. Silva, A. (1991). Desporto para Deficientes: Corolário de
Comunicação Apresentada in: Congresso Internacional de uma Evolução Conceptual (Dissertação Apresentada às Provas
Reabilitação Psicossocial: Psicofarmacologia e Intervenção de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica). Porto:
Comunitária. Porto: Serviço de Terapia Ocupacional e Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física -
Reabilitação do Hospital de Magalhães Lemos (in press) Universidade do Porto
6. Kirk, S. ; Gallagher, J. (1979). Educating Exceptional 17. Sousa, C. (1991). A Deficiência e a Solidariedade Social in:
Children (3ª ed). Boston: Houghton Mifflin Company Secretaria Regional da Saúde e Segurança Social da Região
7. Leitão, F. (1980). Algumas Perspectivas Históricas sobre Autónoma dos Açores (Ed), I Jornadas de Solidariedade Social
Educação Especial. Ludens, 4(3):12-18 dos Açores. Angra do Heroísmo: Secretaria Regional da Saúde
8. Lindstrom, H. (1986). Philosophy of Sports for the Disabled e Segurança Social da Região Autónoma dos Açores, 81-90
in: Vermeer, A. (Ed), Sports for the Disabled - Respo 86. 18. Storm, A. (1980). Activites Sportives et Handicap. Sport,
Arnhem: Uitgeverij de Vrieseborch, 89-100 1(89):2-10
9. Lowenfeld, B. (1973). History of the Education of Visually 19. UNESCO (1977). Glossary of Special Education Terms.
Handicapped Children in: Lowenfeld, B. (Ed), The Visually Paris: UNESCO
Handicapped Child in School. New York: American Foundation 20. Wolfensberger, W. (1972). The Principle of Normalization
for the Blind, 1-25 in Human Services. Toronto: National Institute on Mental
10. Mayor, F. (1994). Declaração de Salamanca. Conferência Retardation

Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2001, vol. 1, nº 1, 73–79 79

revista 79 13.2.04, 16:22

S-ar putea să vă placă și