A 3 ª Semana dos Exercícios nos oferece uma compreensão aprofundada do sofrimento de Jesus, que inclui sua união com todos os membros da comunidade de vida. Somos chamados a contemplar o cosmos como uma epifania, ou seja, como manifestação de um mistério, que pede reverência e respeito para quem dele se aproxima. A Criação é também lugar do padecido, da vulnerabilidade afetada, da beleza ferida... A utilização desordenada dos recursos da natureza faz sofrer tanto ao ser humano como à própria natureza, conclamando portanto à solidariedade, à partilha, à compaixão, à reconciliação na sua dimensão maior. “Só consegue encontrar a Deus em todas as coisas, experimentar a transparência divina das coisas, quem encontra a Deus onde Ele desceu ao mais rude, ao mais fechado ao divino, ao mais tenebroso e inacessível deste mundo. A Cruz de Cristo. Só assim se torna limpo o olhar do pecador, a atitude da “indiferença” se faz possível, pode falar a Deus que sai ao seu encontro na Cruz e não só onde ele quisesse tê-lo” (K. Rahner).
1. Oferecimento de mim mesmo
Rogo às Três Pessoas Divinas a graça para que durante esta hora, todas as minhas intenções, ações, operações e sentimentos se dirijam unicamente a seu serviço e louvor. 2. Preâmbulo ao mistério A agonia de Jesus no Horto. Trago à memória todas as criaturas que sofrem por causa da cegueira e da avareza suicida do ser humano. 3. Disposição de todo o meu ser para o mistério Leio Mc. 14,26-42 Com a imaginação, espero com os três apóstolos no horto das oliveiras. Ainda que angustiado, maravilha-me que Ele, a Palavra pelo qual o cosmos existe, escolhe livremente sofrer com sua Criação em contínua evolução. 4. O desejo de meu coração Peço alcançar a graça de ter um conhecimento profundo do sofrimento da humanidade de Cristo, que continua nas comunidades de vida marginalizadas e exploradas, que gemem em seu sofrimento. Peço sentir tristeza e aflição, dor interior e lágrimas com Cristo, enquanto Ele experimenta o mal trato imposto à sua amada Terra, e como eu ainda ignoro sua preocupação pessoal e sua vinculação física com sua comunidade universal de vida. Minhas atitudes pecadoras de avareza e exclusão feriram e humilharam penosamente o seu amado mundo. 5. Pontos de reflexão e consideração Primeiro ponto: Vejo Jesus e seus discípulos deixando a casa depois da Última Ceia, e os acompanho até o horto de Getsemaní. Segundo ponto: Ouço o que dizem. Terceiro ponto: Olho o que fazem. Quarto ponto: Considero o que Jesus sofre em sua humanidade. Quinto ponto: Penso como a divindade de Jesus se esconde em lugar de vencer seus inimigos. Sexto ponto: Penso em que Jesus faz tudo isto por meus pecados e os da comunidade, e me pergunto o o que deveria eu fazer por Ele. Nota: O poder da matéria é evidente na imensa energia das estrelas, na gravidade e nas colisões cósmicas. Mas o poder de Deus é o amor infinito. Esta é a assombrosa verdade: Deus expressa seu poder através da humildade, ocultando-se a si mesmo. Desta forma o amor de Deus não pode impor, senão somente inspirar uma resposta livre de suas criaturas. Vejo isto de modo mais profundo em Getsemaní 6. Colóquio Falo com Jesus, meu amigo e irmão, e permaneço presente junto d’Ele, em sua agonia. Termino com a oração que Jesus nos ensinou.