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GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA
Goiânia
2010
2
Goiânia
2010
3
FOLHA DE APROVAÇÃO
_______________________________ __________
_______________________________ __________
_______________________________ __________
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
À Dra. Sirlei Hoeltz, pelos créditos que sempre me deu pela monitoria
da disciplina de Tecnologia Lítica I, pelo apoio e pelas dicas em análise lítica.
Ao Dr. Júlio Cesar Rubin de Rubin, pelo incentivo que sempre me deu
durante a graduação, pelas grandes discussões de prática de campo, e pelas
conversas de descontração em sua sala.
Ao Dr. José Roberto Pellini, que despertou alguns dos meus maiores
questionamentos críticos, pela disponibilização de muita bibliografia teórica, e
pela fantástica e inesquecível aventura de campo em Unaí, Minas Gerais. E por
aceitar participar da banca examinadora, é claro.
RESUMO
ABSTRACT
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE GRÁFICOS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 16
2. ARQUEOLOGIA: MENTE, CORPO E CULTURA ..................................... 18
2.1 A Cultura e a Materialidade .................................................................................. 18
2.2 O Triângulo Cognitivo como Base para a Arqueologia ........................................ 20
2.3 Os Processos Cognitivos ..................................................................................... 22
2.4 Objeto e Artefato ................................................................................................... 28
2.5 Paisagem e Sítio Arqueológico ............................................................................ 29
2.6 As Tradições Tecnológicas .................................................................................. 31
2.7 O Corpo em Ação ................................................................................................. 33
2.7.1 Instrumento: A Prótese Cognitiva Funcional do Corpo ................................. 34
3. INDÚSTRIA LÍTICA: ADAPTAÇÃO E COGNIÇÃO .................................... 36
3.1 A Evolução da Tecnologia .................................................................................... 36
3.1.1 Os Níveis de Complexidade de Produção de Instrumentos ......................... 38
3.2 A Consciência da Operação ................................................................................. 41
3.3 O Conceito de Cadeia Operatória na Tecnologia Lítica ...................................... 41
3.4 As Unidades Tecno-Funcionais ........................................................................... 46
3.5 O Conhecimento e as Escolhas por Trás do Instrumental Lítico ........................ 47
4. PRÉ-HISTÓRIA DA TECNOLOGIA LÍTICA NO CENTRO-OESTE DO
BRASIL .......................................................................................................... 49
4.1 As Tradições Arqueológicas e o Exemplo da Onipresença Itaparica ................. 49
4.2 Sudoeste Goiano .................................................................................................. 50
4.3 Serra Geral ........................................................................................................... 51
4.4 Sul Mato-Grossense ............................................................................................. 52
4.5 Alto Paraná ........................................................................................................... 53
4.6 Panorama Geral.................................................................................................... 53
5. APLICANDO AS ABORDAGENS DE COGNIÇÃO E TECNOLOGIA NA
PRÉ-HISTÓRIA: O CASO DA OFICINA LÍTICA GO-CP-17........................... 55
5.1 Descrição do Sítio ................................................................................................. 55
5.2 Breve Histórico de Pesquisas no Sítio ................................................................. 59
5.3 Metodologia de Análise Lítica Aplicada ............................................................... 60
5.4 Lascamento e Reconhecimento das Técnicas Aplicadas ................................... 61
5.5 Núcleos, As Matrizes de Debitagem .................................................................... 64
15
1. INTRODUÇÃO
Olá, Você! Seja bem vindo a bordo! Esta não é nave mãe, que detém
todas as informações necessárias para aterrissar num novo mundo, mas um
pequeno explorador que busca apenas reconhecer território.
1
O texto “Cognitive Archaeology” esta disponível no site da Australian Research Association
(AURA): <http://mc2.vicnet.net.au/home/cognit/web/index.html> (acessado em 10 de outubro
de 2010).
23
De acordo com Chaui (2000, pg. 151), “a tradição filosófica, até o século
XX, distinguia sensação de percepção pelo grau de complexidade”. E seguindo
uma linha filosófica define percepção como:
“Les sensations sont localisées dans de corps. On ne peut pas décrire una
sensation sans dire où on la ressent dans notre corp”(2007, pg. 43).
forma tão rápida que, por muitas vezes ao tentarmos distinguir sensação,
interpretação e significação, inicialmente parecem ser a mesma coisa, mas ao
compreendermos como e onde eles ocorrem podemos ver que se trata de
processos cognitivos diferenciados.
effect by the end users, or by the different uses made of the same
tool by different groups of users in the same context (Pg.10).
Mind, body and world are not ontologically distinct spheres: they are
categories which people have created, and which often serve to lead
us to misunderstand ourselves. Thinking is not something which takes
place in a separate space called the mind: it is a means of
engagement in the world, and it would not be possible if we did not
already exist in a material world, alongside other beings. Yet very
often human beings presume themselves to be free-standing and self-
contained „individuals‟, possessing a rich internal world which
confronts physical reality from a distance, and renders it meaningful
(THOMAS, 1998, pg. 151).
Por objeto entende-se qualquer coisa que possui uma relação com o
homem através dos processos cognitivos. O objeto só existe na realidade do
indivíduo a partir do momento que é percebido.
The place and the people are conceptually fused. The society
derives meaning from place, the place is defined in terms of social
relationships, and the individuals in the society are not alienated
from the land (SACK, 1980, pg. 177).
culturas que se desenvolvem no tempo, partindo uns dos outros, e formam uma
continuidade cronológica” (MENDONÇA DE SOUSA, 1997, pg. 124). Mais do
que o conhecimento e o estilo por trás da cultura material de uma sociedade, a
tradição ainda pode ser compreendida como o conjunto de ações, hábitos, e
comportamentos realizados por toda uma sociedade, ou seja, a manifestação
inconsciente, como apontado por Rahmeier (2007), mas também consciente (!),
“da identidade cultural estruturada nos seres humanos ao longo de suas vidas”
(RAHMEIER, 2007, pg. 34). Estas tradições se apresentam e se modificam
através de vários aspectos da cultura, como as crenças, alimentação, estética,
arte, tecnologia, entre outros. Ou seja, a tradição é o todo hábito da cultura de
uma sociedade. Aqui, volto atenção à tecnologia, que responde, entre outras
coisas, pela produção de artefatos técnicos. A tecnologia pode ser também
compreendida como meio de compreensão específico da técnica e de seus
produtos (BECKMANN, 1777 apud DEFORGE, 1985, pg. 61), e ainda,
tecnologia “refers to the things manufactured and the knowledge and skills
required to make them” (TREMBLAY & PRESTON, 1985, pg. 11).
Para Mauss (2003), se não houver tradição, não haverá técnica e nem
transmissão, partindo da ideia de que a técnica deve ser tradicional e eficaz.
Contudo, volto atenção para o fato de que uma técnica que não é capaz de
responder as necessidades, sejam elas simbólicas ou funcionais, de uma
sociedade tem pouca (ou nenhuma) chance de se tornar tradicional. É, pois,
necessário o surgimento da técnica eficaz para que esta seja transmitida para
toda uma sociedade e torne-se então tradicional. De tal forma, as cadeias de
operações técnicas eficazes para a produção e utilização dos artefatos tornam-
se tradicionais.
2
Sublinho aqui o conceito de tecnologia lítica, utilizando deste termo para me referir aos
conhecimentos técnicos de uma dada sociedade sobre os artefatos líticos.
3
Importante frisar que oficina e indústria têm conceitos diferentes. O termo oficina aqui é
considerado como o local onde os artefatos são produzidos, enquanto que indústria se refere à
produção em si. Neste sentido, oficina tem a mesma definição de atelier: “Lieu où s‟effectue
une opération technique de traitement de la matière première. C‟est ainsi que l‟on a parlé très
tôt de sites d’ateliers pour designer des gisements caracterisés par l‟abondance de déchets de
taille de la pierre.” (LECLERC & TARRÊTE, 1988).
43
RESÍDUOS
Suporte
Artefato
DESCARTE
REAVIVAGEM UTILIZAÇÃO
(Funcionamento/Função)
Instrumento
esgotado
Todo instrumento é constituído por três partes: uma zona que entra em
contato com uma matéria transformando-a, uma zona de preensão que recebe
a energia aplicada pelo homem, e uma zona transmissora de energia. Esta
última zona, no caso dos instrumentos encabados, não se sobre pões à zona
preensiva, contudo, em instrumentos sem cabo a zina preensiva e transmissora
de energia se sobrepõe na estrutura do artefato. A cada uma destas zonas
classificamos uma Unidade Tecno-Funcional (UTF), definida como um conjunto
de elementos e/ou características técnicas que coexistem em uma sinergia de
efeitos (BOËDA, 1997). Cada instrumento pode conter uma ou mais UTFs
transformativas, e para cada uma destas, consequentemente, há pelo menos
uma zona preensiva e uma zona transmissora. Neste caso, definimos um
instrumento para cada UTF transformativa. Em outras palavras, um artefato
47
lítico pode conter mais de um instrumento em sua estrutura física, assim como
um canivete suíço moderno possui vários instrumentos em sua estrutura que
seguem diferentes funcionamentos e atendem diferentes funções
(LOURDEAU, 2006).
4
A noção de estrutura é definida pro Boëda (1997, pg. 30) como “une forme intégrant et
hiérarchisant un ensemble de propriétés techniques qui aboutissent à une composition
volumétrique définie”.
48
Figura 5 - As várias concepções de produção da ponta Levallois. Fonte: Boëda (1991, pg. 54)
Tradição Itaparica, para um grupo humano que produzia artefatos líticos plano-
convexos (lesmas), em função de sítios encontrados na Bahia. Schmitz (1980),
em função da semelhança dos artefatos líticos achados no sudoeste goiano
com os achados de Calderón, classifica como provenientes da mesma tradição,
a Tradição Itaparica. As “lesmas”, então, tornaram-se os fósseis-guias desta
tradição, ou seja, através da semelhança de um único tipo de artefato, baseado
principalmente em sua morfologia, e deixando de lado as razões que levaram a
existência deste produto, a arqueologia brasileira concebeu na época a
presença de um mesmo grupo cultural em diversas regiões do Brasil. E ainda
nos trabalhos mais recentes há a persistência de definir a presença de uma
mesma cultura em diversas regiões, e em diferentes períodos. Uma mesma
cultura em diferentes períodos, paralelo à dinamicidade da cultura, parece
contraditório.
Borges (2009) faz uma crítica aos trabalhos de Schmitz nos sítios da
região, pois estes são complexos, muitas vezes cheios de problemas de
preservação e de datações, e os materiais líticos de superfície precisam ser
analisados com uma maior cautela, pois os estigmas de lascamento por muitas
vezes parecem estar mascarados. Contudo, afirma que as pesquisas
anteriores tornaram possível “compreender melhor as intenções técnicas, os
processos técnicos de produção e as várias etapas das cadeias operatórias
que estarão presentes nesses locais” (BORGES, 2009, pg. 90).
700
600
500
400
300
200
100
0
Lascas de Lascas de Lascas de Lascas de Lascas Lascas
Debitagem Retoque Façonnage Fatiagem Suporte Bipolares
450
400
350
300
250
200
150 Seixo
100 Bloco
50 Sem Córtex
0
Borges (2009) e Viana (2010) vêm apontando que, por se tratar de uma
área aberta e de superfície, o sítio está susceptível de ações antrópicas de
pisoteamento de animais de grande porte, principalmente o gado. Ainda há o
fator das queimadas que podem atingir o sítio, que podem ocorrer até
naturalmente no cerrado. Este fator nos leva a dar uma atenção especial na
análise dos vestígios líticos em laboratório e à realização de atividades
experimentais.
58
Figura 8 - Remontagem de Instrumento com Lasca de Retoque. Fotos de João Carlos Moreno de
Sousa.
Todo choque entre dois corpos gera um impacto, porém com diferentes
níveis de intensidade – um simples toque gera um impacto de menor
62
5
Cone de Hertz é assim denominado em reconhecimento à Heinrich Hertz (1893) pela teoria
de propagação de ondas.
63
expressivo, mas a linha que separa o talão da face inferior da lasca apresenta
uma cornija, ou seja, um lábio bem expressivo (PROUS, 2004).
Figura 9 – Reconhecimento da Fratura Concoidal no Material Lítico. Fonte: Rodet; Alonso (2004)
percussão. Há uma pequena retirada que utiliza dos negativos destas duas
retiradas anteriores como plano de percussão, de modo que o talão formado é
do tipo “diedro”, e esta lasca apresenta dimensões de 25mm de comprimento e
45mm de espessura. A seguinte sequência de retiradas está localizada na
superfície proximal composta por uma retirada invadente ultrapassada na
porção esquerda seguida por uma retirada longa da porção direita. A última
sequência está também na superfície proximal e é composta de pequenas
retiradas, porém, não é possível verifica com precisão o número de negativos
em função da incrustação que mascara muitos estigmas.
Lisa-sem nervura
9
1 Nervura longitudinal
8
2 Nervuras Paralelas
7
Y
6 Y Invertido
5 mais de 3 negativos
Indeterminado
4
1 Nervura transversal
3
1Nervura Lateral
2 Longitudinal
Cortical
1
em "T"
Trapezoidal
14
Triangular
12
Triangular com vértice
10 para baixo
Quadrangular
8
Mais larga do que
comprida (2x)
6
Retangular
4 Arredondada
2 Irregular
0 Triangular desviada
18 Não há acidentes
16
Lasca refletida
14
Lasca com lingüeta
12
10 Transbordante
8 Ultrapassante
6
Bulbo duplo
4
Lasca ultrapassante e
2 transbordante
Figura 10 - Esquema de Abertura de Plano de Percussão – Debitagem por Fatiagem. Desenhos por
Ernesto Tedesco. Fonte: Viana (2006, pg. 821).
69
- Fragmentos de lasca - 82
- Refugo - 160
70
- Lascas de fatiagem - 28
- Lascas de retoque - 79
Com relação às lascas siret6, e aos fragmentos de lasca, não foi possível
remontar suas posições nas cadeias operatórias. Quanto aos produtos
bipolares, ao compararmos com os instrumentos, parecem relativos à produção
de suportes, ou seja, são resíduos de debitagem, contudo até o momento não
foram minuciosamente analisados, e, portanto, não foram inclusos nos
resíduos descritos a seguir. Devo frisar que o projeto de Viana (2006) ainda
dará continuidade e sempre dando atenção especial a oficina lítica GO-CP-17.
6
Lascas siret são assim classificadas pela fratura gerada no momento da percussão localizada
exatamente no ponto de impacto, dividindo a lasca em duas metades – duas lascas siret.
71
60 Dois negativos
50 Três Negativos
40 Quatro Negativos
30 Cinco ou mais negativos
20 Cortical
10 Preparação de talão
0
Lisa-sem nervura
60
1 Nervura longitudinal
50 2 Nervuras Paralelas
Y
40
Y Invertido
mais de 3 negativos
30
Indeterminado
20 1 Nervura transversal
1Nervura Lateral
Longitudinal
10
Cortical
em "T"
0
100
Helicoidal
80 Côncavo
60 Convexo
40 Linear/Retilíneo
20
0
40 Trapezoidal
Triangular
35
Triangular com vértice
para baixo
30
Quadrangular
25 Subcircular
10
Mais de 4 lados
5 Irregular
Triangular desviada
0
100
Não há acidentes
90 Lasca refletida
50 Lábio
Lascamento Bulbar
40
Lasca refletida com lingüeta
30
Transbordante e
ultrapassante
20 Lasca refletida e
transbordante
10 Lasca com lingüeta
ultrapassante
Lasca com lingüeta
0 transbordante
Meia lua
90
Vírgula
80
Asa
70
Linear
60 Puntiforme
50 Diedro
40 Facetado
30 Esmagado
Triangular
20
Cortical
10
Liso
0
30 Três Negativos
Quatro Negativos
20
Cinco ou mais negativos
10 Cortical
Ausente
0
Lisa-sem nervura
40
1 Nervura longitudinal
35
2 Nervuras Paralelas
30
Y
25 Y Invertido
mais de 3 negativos
20
Indeterminado
15
1 Nervura transversal
10
1Nervura Lateral
Longitudinal
5 Cortical
em "T"
0
100 Helicoidal
80 Côncavo
60 Convexo
40 Linear/Retilíneo
20
0
É notável que o perfil das lascas agora tende a ser linear, o que mostra
que o PB deixado nos instrumentos tem uma forma plana.
Trapezoidal
50
45 Triangular
40
Triangular com vértice
35 para baixo
30 Quadrangular
25
Mais larga do que
20 comprida (2x)
15 Retangular
10 Irregular
5
Triangular desviada
0
Não há acidentes
70
Lasca refletida
60
Lasca com lingüeta
50
Transbordante
40
Ultrapassante
30
Bulbo duplo
20
Lábio
10
Lasca refletida com lingüeta
0
Vírgula
70
Asa
60 Em "U"
50 Linear
Puntiforme
40 Diedro
30 Facetado
Esmagado
20
Triangular
10 Cortical
Liso
0
150
Talão preparado
100 Talão Simples
50
Como dito anteriormente, para cada UTF transformativa (UTFt) pode ser
reconhecido um instrumento, e o instrumento é definido pela ação – utilização e
incorporação do artefato pelo homem. Ao reconhecer o instrumento, buscamos
reconhecer a sua dinâmica, que se constitui pela função e o funcionamento.
Para tanto, durante a análise deve-se constatar a presenças de marcas
deixadas pela utilização (ranhuras, micro-estilhamentos, sulcos) no gume do
instrumento. Devem-se considerar também as características de produção da
UTF transformativa, como as sequências de façonagem e retoque presentes
em cada UTF através da análise diacrítica dos negativos. Contudo, devo
enfatizar, o instrumento não é definido pela produção.
Figura 12 - A: Corte Negativo; B: Corte Positivo. Fonte: Piel-Desruisseaux (1989, pg. 96).
Suporte sobre lasca unipolar, obtida por ângulo rasante. Apenas a parte
esquerda do talão está presente. O ponto de impacto em si foi retirado pelas
etapas de façonnage e debitagem. As dimensões da peça são 73mm de
comprimento, 53mm de largura, e 30mm de espessura. Presença de dorso nos
bordos distal proximal e esquerdo. A face superior da peça é cortical. A peça
apresenta uma seção modular.
Suporte sobre produto bipolar. A face externa é 75% cortical com uma
convexidade natural. A porção distal, seguindo o eixo tecnológico, está
fraturada. As dimensões da peça são de 75mm de comprimento, 48mm de
largura e 25mm de espessura. Possui uma estrutura convexo-convexa.
7
Duas peças encontradas na mesma quadrícula.
86
Quanto à ação das outras UTFs, puderam ser classificadas com a ação de
raspar, de modo que a força seja aplicada em ângulos abruptos e
91
A UTF3 está localizada por todo o resto do bordo distal, produzida pela
retirada de façonnage. Seu delineamento é sinuoso e apresenta ângulo de 50°
para PC e PB, ambos planos. É apto para ações de cortar.
Há apenas uma UTFt na porção direita do bordo distal, produzida por uma
única retirada de retoque. O gume possui delineamento côncavo. Apresenta
ângulos de PC de 65° e PB de 70°, ambos convexos. É apto para ações
raspar, com funcionamento em corte negativo. A preensão pode ser realizada
em oposição, com aplicação da força em ângulo abrupto.
110
Foi identificada uma única UTFt no bordo esquerdo da peça, que contém
apenas algumas marcas de utilização na face inferior, sem retoque ou
façonnage. O gume é retilíneo apresenta um ângulo de PC de 50°. O plano de
bico está demasiadamente irregular, em função do gume esgotado. É apto para
raspar com funcionamento em corte negativo e preensão em oposição de
dedos. A aplicação de força pode variar em ângulos rasantes e semiabruptos, e
pode ser realizada com precisão.
33 plano- 1 - 2 - Lasca
convexa unipolar
34 plano-plana 1 - - - Seixo
35 e plano-plana - Não
102 identificado
38 Trifacial 2 - - - Produto
e155 bipolar
39 Modular - - 1 - Lasca
unipolar
42 Modular 1 - - - Produto
bipolar
45 Triangular - - 1 - Produto
bipolar
46 Plano 1 - - - Fragmento
Convexa de lasca
120
47 Trapezoidal 3 1 - - lasca
unipolar
58 plano- 5 - - - lasca
convexa unipolar
63 convexo- 2 - 2 - lasca
convexa unipolar
75 plano- 1 - - Precisão produto
convexa bipolar
84 Retangular 1 - - - lasca
unipolar
87 Retangular 1 - - Precisão fragmento
de lasca
92 Retangular 2 - - Precisão lasca bipolar
98 Modular 2 - - - Seixo
99 Trapezoidal 1 1 1 - lasca
unipolar
123 Trapezoidal 1 - - - lasca
unipolar
149 convexo- 4 - - - Produto
convexa bipolar
152 modular 1 - - - Seixo
154 Trapezoidal 1 - 2 - Seixo
176 Modular 1 - Seixo
183 Piramidal 1 - - - Seixo
203 plano- 2 - - - lasca
convexa unipolar
252 plano-plana - - 1 - lasca
unipolar
434 convexo- 1 - lasca
convexa unipolar
442 Triangular 6 - - - Lasca
unipolar
446 Trapezoidal 1 - - Precisão Fragmento
de lasca
448 Trapezoidal 1 - - - Lasca
unipolar
456 Plano- 1 1 - Lasca
plana Unipolar
461 Convexo- - 2 Precisão Lasca
convexa unipolar
470 convexo- 1 - - Precisão Não
convexa Identificados
527 plano- - fragmento
convexa de lasca
545 plano- 1 - - - Lasca
convexa unipolar
553 Piramidal 1 - - - fragmento
de seixo
560 seção 1 1 - lasca
trapezoidal unipolar
566 plano-plana 1 - - Precisão fragmento
de lasca
590 Triangular - 1 - lasca
unipolar
624 Piramidal - 1 Precisão lasca
unipolar
1028 plano-plana 1 1 - lasca
unipolar
1066 Trapezoidal 1 - lasca
unipolar
1102 convexo- - 1 Precisão lasca
convexa unipolar
1377 trapezoidal 2 - - - lasca
unipolar
1663 Triangular 1 - - Precisão lasca
121
unipolar
1705 Trapezoidal 2 1 - fragmento
de lasca
1719 convexo- 2 - - - lasca
convexa unipolar
2419 plano- 1 - - Precisão lasca
convexa unipolar
2427 Trapezoidal 1 - - Precisão lasca
unipolar
2543 Seção - - 1 Precisão lasca
triangular unipolar
2758 modular 1 - 1 - Não
identificado
2759 triangular - 1 - lasca
unipolar
2776 convexo- - 1 Precisão lasca
convexa unipolar
5.10 Refugo
500
Lascas de Refugo Inteiras
400
Fraturadas em Siret
300
30 Cortical
20 Indeterminável ("cassons")
Ausente
10
Preparação do Talão
0
Lisa-sem nervura
80
1 Nervura longitudinal
70
2 Nervuras Paralelas
60
Y
50 Y Invertido
mais de 3 negativos
40
Indeterminado
30
1 Nervura transversal
20
1Nervura Lateral
Longitudinal
10 Cortical
em "T"
0
200
Helicoidal
150 Côncavo
100 Convexo
Linear/Retilíneo
50
Trapezoidal
90
Triangular
80 Triangular com
vértice para baixo
Quadrangular
70
Subcircular
60
Mais larga do que
comprida (2x)
50
Retangular
40 Laminar
Arredondada
30
Mais de 4 lados
20
Irregular
10
Triangular desviada
0 Retangular 2 (maior
comprimento
horizontal)
Ápice
Lasca refletida
200 Transbordante
Ultrapassante
Bulbo duplo
Lábio
100 Transbordante e
ultrapassante
Lasca refletida e
transbordante
Lasca refletida com bulbo
duplo
50 Lasca com Linguëta e
ultrapassante
Lasca transbordante com
lingüeta
Lascamento Bulbar e lasca
refletida
0
120 Puntiforme
Diedro
100
Facetado
80
Esmagado
60 Triangular
40 Cortical
Liso
20
Fragmentado
0
6.1.3 Instrumentos
Será, então, que o sítio arqueológico foi apropriado não apenas como
um local de produção de instrumentos líticos, mas também de outras atividades
essenciais ao homem? Os dados, até o momento, não nos permite afirmar
responder essa questão.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
INGOLD, Tim. Tres en Uno: Cómo Disolver las Distinciones Entre Mente,
Cuerpo y Cultura. In: SÁNCHEZ-CRIADO, T. (Ed.) Tecnogénesis. La
Construccion Técnica de Las Ecologias Humanas. Vol. 2. Pgs. 3-33. AIBR.
2008.
MALLOL, Carolina. The Selection of Lithic Raw Materials In The Lower And
Middle Pleistocene Levels TD6 and TD10A of Gran Dolina (sierra de
Atapuerca, Burgos, Spain). In: Journal of Anthropological Research. Vol. 55.
University of New México. 1999.
PELS, P.. “Materialism,” “Spiritualism” and the Modern Fear of Matter and
Materiality. American Anthropological Association, New Orleans, 2002.
SITES:
ANEXOS
149
ANEXO I
Sítio Arqueológico:
N. Catálogo:
Setor de Localização:
1. Dimensões (mm)
Comprimento
Largura
Espessura
2. Matéria-Prima
3. Proveniência
4. Suporte do Artefato
Preensão
Funcionamento