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Escola Superior de Enfermagem do Porto

Curso de Licenciatura em Enfermagem


2º Ano – 2º Semestre
Unidade Curricular de Comportamento e Relação

ALTERAÇÕES DA PERCEPÇÃO

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Porto, 2009

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Escola Superior de Enfermagem do Porto
Curso de Licenciatura em Enfermagem

2º Ano – 2º Semestre
Unidade Curricular de Comportamento e Relação

ALTERAÇÕES DA PERCEPÇÃO

Trabalho realizado por:

Joana Campos n º 1822


Pedro Cardoso n.º 1824
Manuel Costa n.º 1825
Vânia Quadrado n º 1826

Orientador:
Maria Olga de Castro e Silva
Carlos Alberto Cruz Sequeira

Porto, 29 de Junho de 2009


4
A percepção é a transformação de estímulos puramente sensoriais em fenómenos
perceptivos conscientes.

(s.a.)

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RESUMO

Ao nível da Unidade Curricular de Comportamento e Relação importa clarificar as


temáticas da alteração da percepção, nomeadamente as ilusões e alucinações visto que
estas remetem para um impasse no estabelecimento da comunicação terapêutica.
As alucinações são uma percepção que surge sem um estímulo sensorial e que são
sentidas de forma clara, autónoma e percepcionadas mesmo que por momentos, como
reais. Pavlov (1954, cit. por Aranha, 2004) tenta explicar o mecanismo fisiopatológico
das alucinações através da concentração da inércia patológica do processo de excitação.
A ilusão é uma alteração da percepção, das mais observadas, e que tal como as
alucinações, podem afectar todos os sentidos (Matos et al, 2003). Pode designar-se
como uma percepção errada, distorcida ou ainda como uma percepção real falsificada
(Harrison et al, 2002; Matos et al, 2003; Aranha, 2003; Jorge, 2006).
A metodogia utilizada para a elaboração deste trabalho escrito foi essencialmente
pesquisa bibliográfica das obras e autores sugeridos pela professora orientadora e ainda
a pesquisa de artigos científicos relacionados com a temática através da utilização de
motores de busca e bases de dados orientadas para o efeito.
Existem um conjunto de intervenções inovadoras que podem fazer a diferença na
qualidade dos cuidados prestados, o que proporcionará uma melhoria na qualidade de
vida dos indivíduos com este tipo de alterações. Através da aplicação de escalas
podemos obter uma avaliação progressiva que nos permite identificar inicialmente quais
as intervenções a realizar, possibilitando posteriormente uma constante adaptação das
mesmas às necessidades do utente e ainda uma avaliação dos resultados e ganhos de
saúde obtidos.
Em suma, as alterações das percepções são um aspecto com grande relevância para a
prática da enfermagem.

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ÍNDICE

Pág.
INTRODUÇÃO 5
1. ALTERAÇÕES DA PERCEPAÇÃO 6
1.1 ALUCINAÇÕES 7
1.2 ILUSÕES 10
2. ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO 13
CONCLUSÃO 14
BIBLIOGRAFIA 15

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INTRODUÇÃO

No âmbito da Unidade Curricular de Comportamento e Relação, do 2º ano, do


curso de Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem do Porto, no
ano lectivo 2008/2009, 2º semestre, foi proposta a elaboração de um trabalho sobre a
temática do Comportamento e Relação: Alterações da Percepção.
Neste trabalho apenas serão abordados alterações a nível psíquico e a nível
cerebral, contudo não serão abordadas alterações que podem ocorrer nos órgãos
sensoriais.
O objectivo geral deste trabalho é atingir as expectativas desta disciplina,
abordando de forma aprofundada a temática das alterações da percepção.
Como objectivos específicos definimos: clarificar a temática da percepção,
nomeadamente as alterações verificadas nesta, como as ilusões e as alucinações, e
melhorar a prática de enfermagem através das intervenções elaboradas
Sendo assim, o trabalho encontra-se dividido em duas partes. Inicialmente,
iremos abordar os diferentes tipos de alterações da percepção nomeadamente, as
alucinações e as ilusões, definindo estes tipos de alterações e explanando os principais
conteúdos a reter sobre estas temáticas. Neste primeiro capítulo grande parte do seu
conteúdo será utilizada para definir vários conceitos relacionados com estas alterações.
Na segunda parte do trabalho iremos referir as estratégias de intervenção que podem ser
utilizadas para ultrapassar ou estabilizar as várias alterações das percepções que
referimos no primeiro capítulo deste trabalho.
Para a elaboração do trabalho foram utilizados sobretudo artigos e livros
disponibilizados pela Biblioteca da instituição. Toda a nossa pesquisa bibliográfica,
bem como a análise dos artigos foram orientadas pela docente responsável pelas aulas
práticas laboratoriais da Unidade Curricular.

1. ALTERAÇÕES DA PERCEPAÇÃO
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As sensações são estimulações que provocam alterações dos órgãos receptivos
através de estimuladores físicos, químicos e/ou biológicos com origem externa (meio)
ou interna (próprio organismo) (Jorge, 2006). A variedade de sensações depende de
órgãos sensitivos como os olhos, o nariz, a boca, os ouvidos e a pele, mas também de
órgãos internos ao organismo que igualmente mantêm a capacidade de transmissão do
estímulo, através de feixes nervosos até ao córtex cerebral onde se tornam conscientes,
entre outros estão o coração, o estômago, os músculos e os pulmões (Costa, 2008).
A percepção é uma função psíquica através da qual interagimos e identificamo-
nos com o mundo exterior e connosco próprios (Matos et al, 2003). A selecção e
organização da informação que captamos do meio dependem de estruturas nervosas
periféricas e sensoriais que transmitem informação a estruturas nervosas superiores.
Esta ligação com a memória individual torna a percepção pessoal e humana, ou seja,
não é a reprodução fidedigna do que observamos, mas sim uma imagem subjectiva e
condicionada por factores pessoais. Assim, segundo Jorge (2006), a percepção é
encarada como a tomada de consciência pelo indivíduo do estímulo sensorial, é a
transformação de estímulos puramente sensoriais em fenómenos perceptivos
conscientes.
As alterações da percepção constituem assim, variações na interpretação da
realidade observada e podem ser estruturadas em percepção normal, hiperestesia,
hipoestesia, anestesia, analgesia, ilusão e alucinação. A percepção normal, esta designa
a média comparável entre a população na ausência de qualquer tipo de alteração. A
hiperestesia define-se como um aumento da intensidade das percepções (cores mais
intensas e gostos mais fortes, por exemplo), ao contrário da hipoestesia, ou diminuição
da intensidade das percepções. Quanto à anestesia e analgesia estas designam ausência
de dor, consciência e todas as outras sensações e ausência única de estímulos dolorosos
respectivamente. As duas últimas alterações referidas acima serão as tratadas mais
detalhadamente neste trabalho, visto serem as alterações que mais rapidamente se
colocam em consonância com quadros patológicos. (Costa, 2008).

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Assim, sumariamente, as ilusões ocorrem quando, na presença de um
determinado estimulo, este é percebido de forma diferente (Costa, 2008). As ilusões
podem dever-se a estados diminuídos da consciência, estados de fadiga ou até certos
estados afectivos e mostram-se como visuais e auditivas (Jorge, 2006). Quanto ás
alucinações, estas surgem quando há uma percepção sem que exista qualquer estímulo e
podem estruturar-se em alucinações auditivas, visuais, cenestésica, sinestética,
cinestésica e hipnagógicas e hipnópômpicas entre outras. (Costa, 2008). A esquizofrenia
pode desencadear diversas alterações da percepção, sendo que as mais observadas são
as alucinações, as ilusões e as percepções distorcidas.
A pesquisa das alterações da percepção é uma constituinte do exame do doente
psiquiátrico (Matos et al, 2003). Existe um conjunto de métodos e intervenções que
podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida destas pessoas. Nos capítulos
que se seguem iremos abordar mais detalhadamente que acima foram já referenciados.

1.1 ALUCINAÇÕES

As alucinações são uma percepção que surge sem um estímulo sensorial e que
são sentidas de forma clara, autónoma e percepcionadas mesmo que por momentos,
como reais. Pavlov (1954, cit. por Aranha, 2004) tenta explicar o mecanismo
fisiopatológico das alucinações através da concentração da inércia patológica do
processo de excitação. Isto é, há uma hiperexcitatibilidade cerebral que origina a
repetição padrão de estímulos sensoriais, apesar da ausência real destes. As sensações
são percepcionadas como externas, concretas e nítidas, sendo desta forma irredutíveis
pela lógica (Matos et al, 2003). Existe uma forte propensão em apresentar argumentos
lógicos ao paciente que alucina num esforço racional, tentando desta forma demover
este do distúrbio de que é alvo. Contudo, a supressão de uma alucinação através da
argumentação é improcedente e caso seja possível não estamos perante uma verdadeira
alucinação mas sim de um simples engano sensorial (Aranha, 2003). As alucinações são
patognomónicas das psicoses (Harrison et al, 2006). Estas, segundo Matos et al. (2003),
poderão surgir nos indivíduos sem patologia em situações especiais, como a situação da

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privação sensorial, antes e/ou após os períodos de sono (alucinações hipnagógicas e
hipnopômpicas) (Matos et al, 2003).
Porém, perante certas patologias estas manifestações são bastante comuns e
ocorrem frequentemente na esquizofrenia, em psicoses tóxicas e por vezes estão

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também presentes na epilepsia, depressão tipo major e psicóticas, e em estados
de grandeza na mania (Harrison et al, 2006).
As alucinações são classificadas como simples ou complexas, de acordo com a
maior ou menor complexidade que a sua construção envolve. Estamos perante uma
alucinação simples quando aparecem imagens, sons, ruídos ou outras sensações simples.
Já as alucinações complexas envolvem outro tipo de construções e em que a alucinação
é percepcionada em três dimensões. Exemplos de alucinações complexas são
percepcionar uma pessoa k não existe, um objecto ou um animal, entre outros (Aranha,
2003). As alucinações podem ainda ser classificadas segundo os órgãos dos sentidos
que são afectados e é possível distinguir vários tipos de alucinações (Matos et al, 2003).
Assim, no caso das alucinações auditivas o órgão sensorial afectado é o ouvido e
este tipo de alucinação é frequentemente recebida pelo paciente com bastante ansiedade,
pois na maioria das vezes o conteúdo das vozes ouvidas é infame, acusatório e
caluniador. As alucinações auditivas podem surgir de forma simples, em que alucinação
é constituída por sons inespecíficos tais como ruídos e zumbidos, ou podem surgir de
forma mais complexa em que o doente diz ouvir vozes bem definidas que podem
mesmo criar um diálogo entre si. Destacam-se três tipos de alucinações auditivas:
Automatismo Mental (as vozes provenientes da alucinação determinam ordens ao
paciente às quais ele obedece; é uma alucinação que acarreta uma certa perigosidade
pois na maioria das vezes as ordens proferidas são eticamente condenáveis e
socialmente desaconselháveis), Sonorização do Pensamento (ocorre sempre que existem
vozes que ditam de forma antecipada as atitudes do paciente; é como se pensasse em
voz alta) e Vozes sobre a forma de diálogo (é percebido como uma diálogo que ocorre
entre duas pessoas e os temas da conversa são muitas vezes auto – referenciais; é
comum a existência de duas vozes diferentes, sendo que uma apresenta conteúdos
condenatórios e outra defensivos relativamente ao paciente) (Aranha, 2003). As
alucinações auditivas mais frequentes são as Auditivo na terceira pessoa, em que uma
voz fala acerca do doente, sobre o seu pensamento ou sobre os seus actos, podendo
julgar ou influenciar o comportamento como forma de censura ocasional (Matos et al,
2003).
Quanto as alucinações visuais os órgão sensoriais afectados são os olhos e
segundo Santos (2006), caracterizam-se por, na maioria dos casos, serem desagradáveis
e estarem associadas a um estado afectivo intensivo e angustioso. Consideramos como
alucinação visual simples a visualização de vultos, clarões ou sombras, e como
alucinação visual complexa a visualização de formas bem definidas tais como pessoas,
animais ou monstros. Em caso de intoxicação por substâncias como álcool e drogas, as
alucinações surgem por vezes de forma microscópica, ou com imagens estáveis ou
instáveis, isto é, dotadas de forma e cor que podem até assumir uma determinada
sequência (como se fosse um filme). Podemos distinguir de entre as alucinações visuais
as seguintes: Alucinação Oniróide (o paciente experimenta uma espécie de sonho em
quanto está acordado; Heidegger (s.d., cit.por Santos, 2006) refere que a alucinação é
um fenómeno da vigilância enquanto que o sonho apenas pode ser pensado a partir
deste mesmo estado), Zoopsias (é característico das psicoses tóxicas, em que há grande
consumo de álcool; o conteúdo alucinatório traduz-me em animais que causam repugna
tais como cobras, aranhas e lagartos, causando frequentemente sentimentos de
ansiedade e apreensão), Alucinação Autoscópia (o paciente percepciona-se como se
estivesse fora do seu próprio corpo) e Alucinação Extracampina (quanto o doente
consegue visualizar cenas fora do alcance do seu campo visual, como por exemplo ver
através de uma parede) (Aranha, 2003).
Falando agora da alucinação táctil, é um tipo de alucinação em que há a
percepção de estímulos tácteis sem a existência do objecto correspondente provocador
do estímulo. É uma alucinação frequente em psicoses tóxicas e o doente sente como que
todo o seu corpo repleto de insectos estranhos ou vermes que o picam e penetram sobre
a sua pele ou algum orifício corporal. Também sentem pancadas, queimaduras e
frequentemente há relatos da ocorrência de tentativas de estrangulamentos durante a
noite (Aranha, 2003).
Existem também relatos de alucinações cenestésicas e cinestésicas. As primeiras
estão relacionadas com os órgãos internos e o próprio esquema corporal, e são exemplos
disto o doente afirmar que “o seu cérebro está a apodrecer” ou que “os intestinos lhe
foram arrancados”. Já as alucinações cinestésicas estão relacionadas com alterações no
ambiente que rodeia o paciente, assim são relatos possíveis o doente afirmar que as
paredes se movem em direcção a si ou que o próprio se move no espaço (Aranha, 2003).
As alterações olfactivas e gustativas estão frequentemente associadas e são
consideradas raras. Na maioria dos casos expressam estados de delírio correspondentes
a sabores e odores muito desagradáveis. Alguns dos temas frequentes nas alucinações
gustativas são o sabor a sangue, terra ou putrefacção e nas alucinações olfactivas são
frequentes odores que vão desde os perfumes mais exóticos às fezes (Aranha, 2003).
As alterações somáticas são um outro tipo de alucinação referente a percepções
oriundas do interior do próprio corpo. O doente refere sentir dor, pressões e calores em
determinadas zonas corporais. Já as alucinações liliputianas se referem à existência de
seres minúsculos que o doente percepciona e que acompanham a uma percepção normal
de uma situação ou objecto, isto é, o doente pode estar a olhar para um objecto que de
facto existe e vê-lo rodeado de pequenos seres que têm origem numa alucinação
(Aranha, 2003).
Um outro tipo de alucinação que se contrasta com as anteriormente descritas é a
alucinação psíquica. A principal característica deste tipo de alucinação que a distingue
das anteriores é a ausência de elementos sensoriais. O doente refere estabelecer uma
espécie de comunicação telepática, é uma linguagem interior, uma comunicação
silenciosa (Aranha, 2003).
Três outros fenómenos que são muitas vezes associados a alucinações são: a
pseudo – alucinação (as imagens e vozes estão localizadas no interior da cabeça mas
focalizadas para o exterior; são percebidas num espaço subjectivo), a visão fantástica
(são imagens projectadas no campo visual subjectivo; manifestam-se espontânea ou
volitivamente)e a alucinose (ocorrem de facto alucinações, com grande nitidez
sensorial, contudo há preservação da consciência e uma certa orientação crítica (Aranha,
2003).
Em suma, podemos concluir que as alucinações são alterações da percepção que
podem condicionar gravemente as vivências individuais e ainda todas as actividades
sociais pois causam transtorno tanto a nível pessoal, familiar e social. È possivel intervir
no âmbito da enfermagem de modo a diminuir o sofrimento destas pessoas melhorando
a sua qualidade de vida e a qualidade dos cuidados prestados.

1.2 ILUSÕES

A ilusão é uma alteração da percepção, das mais observadas, e que tal como as
alucinações, podem afectar todos os sentidos (Matos et al, 2003). Pode designar-se
como uma percepção errada, distorcida ou ainda como uma percepção real falsificada
(Harrison et al, 2002; Matos et al, 2003; Aranha, 2003; Jorge, 2006).
Enquanto que, na alucinação não existe estimulo externo sensorial, na ilusão
existe um estimulo sensorial de um objecto real, na qual gera um processo de
sensoprecepção embora que esta seja deformada e adulterada por diversos factores,
internos e externos. São subdivididos em três internos, segundo Jorge (2006), quando
existe uma diminuição da consciência e atenção, em estados de fadiga grave e ainda em
estados afectivos intensos (ilusão catatímica), e como factores externos podemos ter
simplesmente a baixo luminosidade, a distância e a semelhança de formas como o
confundir um arbusto com um ser humano (Matos et al, 2003), entre outros.
O contexto da desfiguração dos objectos presente na ilusão, encontra-se
agregada a certas patologias, fazendo parte dos seus sintomas. Elas podem acontecer em
qualquer doença mental, apesar de haver uma predominância para as alterações da
tonalidade sentimental e afectiva. São exemplo de certas patologias a esquizofrenia,
psicoses maníaco depressivas, determinadas neuroses e em epilepsias do lobo temporal
(Aranha, 2003).
Assim como nas alucinações, estas são caracterizadas pelo órgão afectado, sendo
que as mais comuns são as visuais e auditivas, onde nas visuais através da distorção
mental de um estímulo os utentes podem visualizar pessoas, monstros, animais, roupas,
objectos, entre outros; enquanto que, nas ilusões auditivas, a partir de um estimulo
inespecífico sonoro e real, o paciente ouve o próprio nome, palavras significativas ou
chamamentos (Jorge, 2006).
Em particular, as ilusões catatímicas, supra referenciadas, correspondem ao
estado de emoção presente no momento, ou seja, se está presente um mecanismo em
que o utente tem medo, a ilusão é amedrontadora, por sua vez, se o utente se sentir
ameaçado, como no acto de um beijo social ele pensar que é perigoso e mortal, estamos
perante uma ilusão ameaçadora. Assim sendo, podem existir diversos estados ilusórios
dependendo da emoção presente no doente. (Matos et al, 2003).
As pareidolias e as alucinações fantásticas, segundo Matos et al (2003), são
consideradas como ilusões patológicas, sendo que a primeira é referente à criação e
transformação de imagens reais em ilusões intencionais, apenas se estas ocorrerem com
grande intensidade, frequência e exuberância, já as segundas são muito raras e é onde
existe uma ilusão para algo fantástico como, ao olhar-se ao espelho ver a cabeça de um
porco em vez da sua.
As ilusões podem estar presentes tanto em indivíduos saudáveis como em
indivíduos com patologias, visto que, um acontecimento de ilusão isolado não possui
significado diagnóstico (Harrison et al, 2002), mas em contexto terapêutico, o juízo
crítico ou o raciocínio reflectivo podem corrigir o significado das ilusões por esforço na
percepção (Matos et al, 2003). Desta forma é importante actuar a nivel individual de
forma a reduzir o impacto negativo que estas alterações da percepção causam na vida do
cliente. Este é o ponto fulcral das intervenções a nivel da prática clinica sendo o alvo
mais relevante sobre o qual nos vamos debruçar de forma a minimizar o impacto
negativo que este tipo de perturbação acarreta.
Assim, pode-se concluir que, as ilusões e as alucinações enquanto alterações da
percepção, são não só as alterações externas no meio mas, mais a impressão que
elaboramos do mundo ao nosso redor no nosso aparelho psíquico, sendo assim mais que
uma consequência normal da nossa actividade fisiológica (Aranha, 2003).
2. ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO

As alterações da percepção são actualmente um desafio para a prática da


enfermagem, sendo que através da análise e pesquisa bibliográfica que precedeu toda a
elaboração deste trabalho concluímos que, existem um conjunto de intervenções
inovadoras que podem fazer a diferença na qualidade dos cuidados prestados, o que
proporcionará uma melhoria na qualidade de vida destas pessoas.
Assim, iremos abordar neste capítulo as intervenções que consideramos
pertinentes e mais adequadas para a prática nesta área e ainda iremos mencionar quais
as escalas, bem como os resultados possíveis obtidos.
Relativamente às alucinações, England nos seus estudos de 2006 e 2007 refere
que, a prática por parte dos profissionais de saúde da intervenção cognitiva e a terapia
cognitivo comportamental são aspectos que, demonstram uma melhoria significativa na
inibição da expressão dos sintomas de alucinação e um aumento a autoconfiança. Estas
técnicas baseiam-se na organização por parte dos utentes das suas experiencias segundo
representações e esquemas cognitivos (Beck &Reitor, 2005; cit. por Engand, 2007), isto
é, em memórias, expectativas, regras, entre outros. Assim, as acções e influências das
alucinações ao basear-se em como o utente organiza e interpreta a informação
poderemos modelar essas crenças e esquemas cognitivos para uma melhor adaptação e
contenção das alucinações, gerindo-as. Esta aprendizagem é concebida não para reduzir
as alucinações mas para reduzir o poder interior das mesmas (England, 2007).
Nas alucinações auditivas, Na & Yang (2009), mostram no seu estudo que, a
utilização de estímulos auditivos, tais como um leitor de música dotado de auriculares
individuais nos utentes internados, quando estes se encontram em actividade
alucinatória auditiva, diminui estatisticamente a posterior frequência das mesmas,
principalmente as alucinações de carácter negativo. Assim, ouvir música contribui para
uma melhor gestão das alucinações.
Whitson & Galisky (2008), abordam que, a falta de autocontrolo aumenta a
percepção de ilusões, sendo que o desejo de combater a incerteza da realidade é
considerado a força motivadora para o manter do bem-estar psicológico e a saúde física,
ou seja, através da promoção do auto-controlo e da orientação para a realidade, os
profissionais de saúde poderão obter resultados satisfatórios na melhoria destes
sintomas positivos. Da mesma forma, o incentivo ao auto-juízo crítico e ao raciocínio
reflectivo podem corrigir o significado e a influência das ilusões, por esforço na
percepção (Matos et al, 2003).
De forma a possibilitar o diagnóstico, identificação, controlo e gestão das
alterações da percepção podemos aplicar escalas que nos indiquem o grau e evolução no
tempo da doença. Assim, podem ser considerados indicadores de qualidade, tendo em
conta a sua evolução da avaliação inicial para a final, mostrando as suas melhorias
significativas.
A escala de avaliação Tottori University Hallucination Rating Scale (TUHARS),
referenciada por Wada-Isoe (2008), pode ser usada para avaliação das alucinações e
ilusões em pacientes com Parkinson, onde são avaliados cinco critérios como a
variedade, frequência, severidade das alucinações, bem como a sobrecarga do prestador
de cuidados e o seu estado psiquiátrico à noite.
Para a avaliação das alucinações auditivas nos pacientes com transtornos
psiquiátricos é usada uma escala de Likert, a Auditory Hallucination Assessment Scale
(AHAS), onde é possível determinar as características, crenças e as atitudes sobre as
alucinações e as suas consequências. Aborda os padrões clínicos de alucinações
auditivas, as vozes incomodativas (onde refere a angustia, tentativas de lidar com o
problema, as reacções emocionais e a sua auto-consciência), as vozes perigosas
(incidindo no carácter maléfico da voz, perturbador, hostil e poderoso) e ainda as vozes
calmantes onde o indivíduo experimenta a calma e o conforto (Frederick, 2000).
Ainda Shawyer et al, (2007), apresenta a Voices Aceeptanca and Action Scale
(VAAS), como uma escala que mede o impacto psicológico das vozes, sendo que a
aceitação e o controle de sintomas aumentam a qualidade de vida destes utentes,
apresentando-se assim com um ponto relevante de avaliação e referenciação da
qualidade.
Em suma, através da aplicação das escalas podemos obter uma avaliação
progressiva que nos permite identificar inicialmente quais as intervenções a realizar,
possibilitando posteriormente uma constante adaptação das mesmas às necessidades do
utente e ainda uma avaliação dos resultados e ganhos de saúde obtidos.
CONCLUSÃO

Após a análise dos diversos artigos e livros que consideramos pertinentes à


elaboração do presente trabalho desta unidade curricular e ainda recorrendo a outras
fontes de informação, tais como motores de busca, podemos concluir que as “Alterações
da percepção” é uma temática que na actualidade tem vindo a inovar as práticas dos
profissionais com vista nos artigos recentes e aos vários estudos efectuados. Todavia,
verificamos que para a excelência do trabalho era ainda necessária a análise de uma
bibliografia mais vasta. No entanto face aos objectivos propostos pela unidade
curricular pensamos ter atingido os objectivos a que nos propusemos. Acima de tudo
temos hoje uma maior consciência da problemática inerente às alterações da percepção,
nomeadamente das alucinações e ilusões, e a sua importância nas ciências da
Enfermagem, pois permite compreender os limites e condicionalismos das pessoas que
podem beneficiar desta, bem como melhorar a prestação de cuidados e a qualidade de
vida.
Podemos concluir que, com base nos conhecimentos adquiridos, embora as
alucinações e ilusões sejam ambos sintomas positivos e comummente considerados
como idênticos apresentam características e manifestações distintas.
Existe um conjunto de intervenções inovadoras que podem fazer a diferença na
qualidade dos cuidados prestados, o que proporcionará uma melhoria na qualidade de
vida dos indivíduos com este tipo de alterações. Da dinâmica estabelecida entre os
diversos conceitos pode perceber-se que as estratégias de intervenção devem implicar
uma visão holística da pessoa.
Através da aplicação de escalas podemos obter uma avaliação progressiva que
nos permite identificar inicialmente quais as intervenções a realizar, possibilitando
posteriormente uma constante adaptação das mesmas às necessidades do utente e ainda
uma avaliação dos resultados e ganhos de saúde obtidos.
Em suma, as alterações das percepções são um aspecto com grande relevância
para a prática da enfermagem.
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