Sunteți pe pagina 1din 2

Reforma moralista dos crimes sexuais - Última Instância Página 1 de 2

Reforma moralista dos crimes sexuais


Filipe Fialdini - 20/08/2009

Pensando sobre a última reforma dos crimes sexuais, lembrei-me de outro dia quando voltava de uma viajem aos
Estados Unidos, em meio ao alvoroço da gripe suína. Fiquei surpreso com o número de vezes que o “aeromoço”
gritava, pelo microfone, determinando aos passageiros que preenchessem uma declaração sobre seu estado de
saúde. Nenhum sintoma, nem mesmo uma tossezinha, poderia ser escondida. Agentes da Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) estariam à nossa espera.

Realmente, sou um pouco alérgico e costumo espirrar algumas vezes em aviões. Naquela oportunidade, porém,
contive-me ao máximo. Fiquei com medo de que o tal sujeito me “entregasse” às autoridades, as quais, por sinal,
estavam mascaradas na porta do avião, para averiguar a suposta “periculosidade” dos passageiros.

Naquele momento me recordei da solidez do teorema de Thomas, segundo o qual “se algumas situações são definidas
como reais, elas são reais nas suas consequências”.

É impressionante como as pessoas são suscetíveis aos meios de comunicação. Basta algo ser divulgado no jornal e,
no dia seguinte, os fabricantes de máscaras e anti-sépticos ficam mais ricos. A pena é que ninguém quer saber de
boas notícias. Compra-se somente desgraças. Não parece ser à toa, aliás, que as tragédias fazem tanto sucesso,
desde a Grécia antiga, ocupando, na atualidade, tanto espaço em jornais.

A psicanálise explica, de forma bastante interessante, este fenômeno. Segundo esta ciência, trata-se de um
mecanismo sádico da sociedade, de purgação de culpa, pelos desejos proibidos de seus integrantes. Projetamos nos
culpados em geral —desde os vírus até os assassinos—, nossos desejos mais inconfessáveis, que incluem desde a
prática de sexo com nossos pais, até o homicídio de nossos próprios filhos. O combate aos culpados eleitos —os
bodes expiatórios—, e sua punição, por sua vez, correspondem à expiação dos nossos próprios sentimentos ocultos
de culpa, por estes desejos imorais.

Não é de surpreender que o assunto “crimes sexuais” eleve tanto as paixões, quanto as penas de prisão e os lucros
dos jornais, em sua massiva divulgação. Aliás, é sintomático que a última reforma dos crimes sexuais —levada a efeito
pela Lei 12.015/2009— tenha surgido, justamente, no bojo de uma CPI (mais uma!) destinada a investigar a
exploração sexual de crianças.

A coisa funcionou mais ou menos assim: com o compromisso de resolver os abusos sexuais infantis, alguns
parlamentares saíram pelo país, à caça dos fatos mais desgraçados possíveis, cujas vítimas fossem as mais inocentes
criancinhas. Enquanto isso, continuamos compramos as notícias mais bárbaras sobre o assunto. Então, nossos
representantes se sentaram para debater como lidar com todos os conflitos sexuais problemáticos de nossa
sociedade. E nós, naturalmente, ainda lamentamos a inexistência da pena de morte!

O moralismo explícito da nova lei é perceptível desde a nova denominação do capítulo do Código Penal em que foram
inseridas as modificações. Basicamente, desde 1940, nada mudou. Antes eram “Os Crimes Contra os Costumes”.
Agora, são “Os Crimes Contra a Dignidade Sexual”.

Pode parecer um pouco sutil, porém “dignidade sexual”, nada tem a ver com “liberdade sexual”.

Manual de Direito História de Antônio Direito Constitucional Dicionário Jurídico


Processual Civil Vieira Esquematizado Português -
Daniel Amorim Assumpção João Lúcio de Azevedo Pedro Lenza Inglês/Inglês -
Neves De R$ 98,00 De R$ 88,00 Português
De R$ 159,00 Por R$ 68,60 Por R$ 70,40 Maria Chaves de Mello
Por R$ 111,30 De R$ 158,00
Por R$ 126,40

Produtos Naturais em SP Almanaque Culinário


chás, ervas, cereais, sem gluten, organicos, Receitas, dicas e vídeos culinários São mais
funcionais, integrais. de 10 mil receitas!
Anúncios UOL

Expediente • Fale Conosco • Anuncie • Apoie • Política de Privacidade

http://ultimainstancia.uol.com.br/artigos_ver.php?idConteudo=63398 27/08/2009
Reforma moralista dos crimes sexuais - Última Instância Página 2 de 2

Reforma moralista dos crimes sexuais


Filipe Fialdini - 20/08/2009

A dignidade se trata de qualidade relativa à “decência”, conceito impreciso e carregado de um viés moral inaceitável,
não delimitando bem jurídico algum, como exige a técnica penal contemporânea.

Com relação aos delitos em espécie, as modificações foram ainda mais lamentáveis, salvo duas exceções. A primeira
foi a eliminação do delito de corrupção de menores, o qual visava meramente à doutrinação moral de jovens entre 14 e
18 anos, visando procrastinar o início de sua vida sexual. Mesmo assim, a nova lei manteve todos os delitos
relacionados à prostituição consensual, por adultos, bem como os relativos ao pudor público, como a compra e venda
de material obsceno, por exemplo, revistas pornográficas, vibradores e outros.

O outro ponto positivo da lei foi a eliminação do tipo de atentado violento ao pudor (artigo 214) e sua absorção pelo tipo
do estupro (artigo 213). Assim, agora, além de homens e mulheres poderem ser estupradores e estuprados, evita-se
as penas desproporcionais que nossa jurisprudência vinha aplicando ao concurso entre os crimes de estupro e
atentado violento ao pudor. Pois, no cenário anterior, o estuprador que, além da conjunção carnal, submetesse
também a vítima ao sexo anal, seria condenado em dobro, sofrendo as mesmas penas do homicídio qualificado, com
um mínimo de 12 anos de reclusão.

Mas foi só. Pois a reforma incluiu no tipo do estupro a criminalização de qualquer “outro ato libidinoso”. Assim, não
importa se o agressor se restringir a um beijo forçado ou a toques em regiões púbicas da vítima, ou se seguir até o
sexo anal ou oral. Será punido como estuprador, com um mínimo de seis anos de reclusão.

Isto sem falar da supressão do estupro presumido, contra os menores de 14 anos, que permitia certa flexibilidade aos
juízes, nos casos em que a vítima, embora menor, não fosse prejudicada pelo ato sexual não violento. Agora, qualquer
ato sexual praticado com menores de 14 anos é estupro e não existe qualquer alternativa, senão a prisionalização.

Enfim, sem ingressar minuciosamente por todos os meandros da nova legislação, é intrigante notar que uma lei
destinada à solucionar os mais graves conflitos sexuais de nossa sociedade ainda seja elaborada a partir de um
discurso totalmente irracional de pânico —o qual, em verdade, permeia todo o debate legislativo criminal brasileiro.

Nenhuma solução alternativa foi sequer vislumbrada pelos parlamentares, os quais se restringiram ao tradicional
binômio prisão ou liberdade, sem imaginar que a realidade é muito mais complexa, abrigando os mais diversos
conflitos de natureza sexual, inclusive, entre pessoas que se amam, muitas delas menores 14 anos.

Fico imaginando que a lei foi feita para maltratar um punhado de responsáveis por atrocidades amplamente noticiadas,
mas, na realidade, será empregada para a resolução de milhares de conflitos cotidianos, levando às mais terríveis
masmorras brasileiras, muitos jovens das camadas mais desfavorecidas da população, nem que seja por um mero
beijo roubado.

Código de Processo Constituição Federal Brasileiros e Cidadãos Curso de Direito do


Civil Anotado para Concursos Gladys Sabina Ribeiro Trabalho
Humberto Theodoro Júnior Henrique Cantarino, Luís De R$ 48,00 Mauricio Godinho Delgado
De R$ 165,00 Gustavo Bezerra de Por R$ 33,60 De R$ 190,00
Por R$ 132,00 Menezes Por R$ 152,00
De R$ 25,00
Por R$ 20,00

Almanaque Culinário Chokoloves


Receitas, dicas e vídeos culinários São mais trufas de vários sabores,bombons pães de
de 10 mil receitas! mel,barras,atacado e varejo
Anúncios UOL

http://ultimainstancia.uol.com.br/artigos_ver.php?idConteudo=63398 27/08/2009

S-ar putea să vă placă și