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Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Direito e Ciência do Estado


Introdução à Filosofia Ética
Discente: Nathália Silvestre Lana Dutra (Turma E)

TRABALHO FINAL

O Marxismo e o Direito

Kymlicka em seu texto sobre marxismo começa expondo a base que fundamenta a crítica da
esquerda à justiça liberal: a falsa ideia de que ela promove igualdade entre todos os cidadãos,
desconsiderando as disparidades materiais existentes entre as pessoas, na forma de desigual
acesso à recursos, gerando uma ideologia de meritocracia.
Para muitos pensadores da corrente socialista, esses e os igualitários liberais compartilham a
mesma ideia de justiça, pois ambos defendem uma igual distribuição dos recursos disponíveis
para a humanidade. Mas existem outras correntes marxistas que se opõem à essa ideia.
Os marxistas possuem muitas objeções quando se trata da ideia de igualdade jurídica. A
primeira, como expõe Kymlicka, é que “direitos iguais tem efeitos desiguais, já que apenas
especificam um número limitado dos pontos de vista moralmente relevantes” (pag. 208). O
Direito, principalmente do ponto de vista dogmático, é inflexível e não se abre para situações
diversificadas. A crítica marxista consiste no fato de que considerar direitos iguais em
situações desiguais, geraria efeitos controversos.
Outra objeção dos marxistas referente a ideia de igualdade jurídica é que ela contempla
somente a ideia da transferência de recursos dos afortunados para os desafortunados, o que
continuaria gerando a subjugação de pessoas por outras. Para os marxistas, deve-se focar
também na questão da democratização dos meios de produção. Porém Kymlicka argumenta
que a teoria de justiça não está limitada apenas a questão de redistribuição de renda, os bens
produtivos também devem ser “distribuídos em conformidade com uma teoria de justiça”
(pag. 209).
Para a teoria de justiça liberal, a justiça é a instituição que forma e dá base a todas as outras -
a política, a econômica e social. Mas em uma sociedade ideal para os marxistas, a justiça não
seria necessária, pois ela é usada somente para a solução de conflitos derivados de objetivos
sociais conflitantes e recursos materiais limitados.
Para Marx, as relações comunistas são livres de conflitos quando se trata dos indivíduos em
comunidade, o quê na visão da justiça se trata de uma ideia comunitária, e não marxista. Mas
em uma sociedade não idealizada, ou seja, uma sociedade nos parâmetros atuais,
estruturalmente capitalista, tal ideal comunitário não é possível ser manifestado, pois a o
capitalismo reforça ideais individualistas e egoístas, tornando os indivíduos propensos a
buscar sempre o lucro ao invés de uma sociedade igualitária, onde todos pudessem ter
condições produtivas iguais.
Mas um ponto relevante a se debater, como expõe Kymlicka (pág. 211), é que “as únicas
pessoas que compartilham fins idênticos, por razões idênticas e com intensidade idêntica, são
pessoas idênticas”. Tal ponto suscita a questão de objetivos conflitantes, pois as pessoas não
são idênticas umas às outras. Talvez nesse ponto seria defensível a questão de garantir meios
iguais para todas as pessoas alcançarem seus objetivos individuais, tornando assim como
objetivo social, a realização da igual distribuição dos meios de produção e dos recursos
escassos. Mas tal situação poderia levar a outro problema: e se o objetivo individual de
determinadas pessoas for a apropriação do máximo de recursos e meios de produção para si
próprio? E se o ideal de garantia de lucro, acima do comunitarismo, fizer parte da natureza
humana, e não for resultado de uma construção social?
Para Marx, a existência de escassez material é responsável também pela geração de conflitos.
Então seria necessário a existência abundante de recursos materiais. Tal ideia é
excessivamente utópica, pois mesmo que o mundo se unisse em um único e prioritário
objetivo de conservar a natureza e os recursos que dela usufruirmos, alguns recursos são
limitados e impossíveis de se evitar o esgotamento. O homem para garantir e efetivar seus
meios de produção usa recursos escassos, o que direcionaria necessariamente no esgotamento
desses.
A justiça é vista como um meio de solução de conflitos existentes na sociedade. Entretanto ela
não elimina a possibilidade da geração de futuros conflitos. No entanto, além de não eliminar
a possibilidade da existência de conflitos futuros, ela os reafirma e os intensifica. O Direito
em si é um instrumento de classe. Um instrumento usado para subjugar a massa trabalhadora
às vontades do capitalismo. Grande parte dos conflitos existentes na sociedade advém dessa
estrutura que gera e controla nossa sociedade. A justiça, como foi criada por uma vontade não
universal, pela vontade burguesa, ainda continua sendo usada por essa como meio de garantir
seus privilégios, aprofundando assim a desigualdade social e também a não eliminação da
máquina causadora de conflitos.
A justiça também desfavorece os menos afortunados ao impedir seu acesso aos instrumentos
por ela utilizados na garantia ou não garantia de direitos iguais. Não só o sistema jurídico que
perpetua a atual configuração infratora de direitos dos menos afortunados, a própria base que
fundamenta nossa sociedade política, a Constituição, também é um instrumento que garante
tal cenário de desigualdade. Na Constituição, nos artigos 5° ao 11°, é garantido, ou pelo
menos deveria ser, direitos inalienáveis e intransferíveis a todos os indivíduos, garantindo
uma existência digna. Os direitos fundamentais, que garantem tal existência, no caso
brasileiro, é baseado na Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948. Mas há um
problema fundamental nela que reflete em níveis universais e nacionais: a Declaração e
consequentemente os direitos fundamentais não refletem e abrangem todas as situações
necessárias para a garantia dos direitos que estão incluídos nelas. Há a garantia da liberdade
de expressão, direito à educação, saúde, trabalho, ou seja, elementos básicos para a
sobrevivência humana. Mas então podemos levantar uma questão: o que gera a não existência
de tais condições? Qual fator é responsável pelo não cumprimento da igualdade entre todos os
indivíduos da sociedade e também pela não igualdade jurídica entre eles?
A Declaração Universal de Direitos Humanos majoritariamente foi fundada pelas principais
potências da época. Países capitalistas, imperialistas, que defendiam a supremacia branca.
Como um documento formulado por tais Estados poderia contemplar as necessidades de uma
população subjugada a um sistema criado por eles próprios para afirmarem e garantirem sua
supremacia?
Isso reflete em nível nacional na própria Constituição brasileira. A intitulada Constituição
Cidadã carrega a problemática presente na maioria das constituições: não neutraliza, elimina
ou modifica a estrutura que causa a violação dos direitos humanos e fundamentais dos
indivíduos, o capitalismo. Portanto, apesar de constar com uma gama de direitos que
garantiriam uma existência digna a todos os cidadãos, ela não consta em seu conteúdo uma
possível alternativa à estrutura que viola tais direitos. Reconheço que não é um projeto fácil
ou simples de ser elaborado, mas talvez o contínuo processo e o simples fato de admitir a
existência de tal estrutura e como ela viola a possibilidade de igualdade entre os cidadãos, já
seria um início para a superação de tal sistema.
Kymlicka (pág. 217) afirma que Rawls “acredita que a igualdade de recursos deve assumir a
forma de igualar a quantidade de propriedade privada disponível para cada pessoa”. Para
Marx, “a teoria dos comunistas pode ser resumida em uma única expressão: a abolição da
propriedade privada”. “A posse privada dos meios de produção deve ser abolida porque dá
origem à relação de trabalho assalariado, que é inerentemente injusta” (Kymlicka, pág. 217),
da mesma forma que é alienador.
Os capitalistas obtêm vantagem injusta em cima dos trabalhadores. O fim último do
capitalismo e consequentemente dos capitalistas é a obtenção de lucro. E tal configuração
reflete também na questão criminológica. No histórico do pensamento criminológico ortodoxo
ou tradicional, o criminoso era estudado em uma realidade independente de como as agências
de controle e a sociedade age diante do crime. Para a escola liberal clássica do séc. XVIII o
crime era uma violação do contrato social cometido por um sujeito racional baseado em custo
e benefício, na qual a finalidade era maximizar a felicidade e a pena era usada para
desestimular a prática criminosa, gerando uma pretensão geral negativa.
No séc. XIX houve o nascimento da criminologia como ciência através de estudos
antropológicos, e psicológicos. Eles negavam que o indivíduo criminoso era racional,
diferenciando-os de sujeitos “normais”, classificando-os como desviantes, possuidores de
déficits biológicos, naturais e sociais. Ou seja, o indivíduo que cometia ao crime era pré-
disposto a cometê-lo. A pena então adotou um caráter clínico e médico para bloquear tais e
corrigir tais déficits.
No século XX as penas eram relativas com privação social relativa. O meio estava
relacionado aos indivíduos e esse era influenciado por ele. Durante 1940 e 1950 Edwin
Sutherland formulou a teoria criminal da associação diferencial e o tão conhecido “crime do
colarinho branco”. Na época, 70% das maiores empresas se valeu de algum crime, o que
causava mais danos significativos. Mas apesar disso, a população encarcerada correspondia a
menos de 2% dos grandes empresários que cometiam crimes.
Em 1960 houve uma mudança de paradigma. Surgiu a Teoria do Etiquetamento, que percebia
o crime não por si mesmo, onde a reação institucional e social tornou-se objeto de estudo. O
crime definiu-se como como uma construção social, que podia não estar associado a
relevância do crime, gerando estigmatização dos criminosos. Quem possuía poder
determinava quem era criminoso e quais condutas eram consideradas criminosas, podendo ser
determinado quais leis estavam detrás desse poder, quais grupos possuíam poder e por que
eles possuíam poder.
Durante 1960 e 1970 no período da Revolução Cubana e dos movimentos de independência,
contracultura e luta contra ditadura na América Latina, surgiu a Criminologia Crítica. Através
da mediação da teoria do etiquetamento e do marxismo a Criminologia Crítica foi formulada,
definindo as leis estruturais como fundo para a definição e modo de operação da definição do
crime, sendo que a luta de classes era o grande motor. A formulação da teoria deslegitimou a
sociedade do consenso de valores universais. Em 1980 houve a crise da Criminologia Crítica
internamente devido a insuficiências teóricas, falta de pesquisa empírica e falta de conexão
com as particularidades de cada região e externamente devido a efervescência de discursos de
pouca influência no senso comum.
Em Marx, o homem é construído pelas circunstâncias e pelas convivências sociais. O homem
é um ser social que constrói as circunstâncias. Ele é guiado pela satisfação de suas
necessidades vitais, transformando a natureza por meio do trabalho, mas também sendo
transformado por ela. Para Marx a criminalidade é efeito de condições sociais degradantes.
Tais condições tornava a vida cada vez mais determinista, portanto o crime estava associado à
luta proletária.
A ideia de pena fundamentalmente supõe a ideia de um indivíduo isolado (ROBSON) que não
sofre influências do meio social. Não considerando meios materiais e nem a realidade efetiva.
A ideia de pena faz caso omisso das individualidades, pensando no delinquente como um
sujeito pré-formatado. Marx critica a ideia de que o Direito e as leis partem de uma ideia geral
e universal, portanto a quebra do Direito (crime), não seria um atentado às vontades gerais.
Há também a crítica ao Direito visto como algo independente de como produzimos e
reproduzimos a sociabilidade diante do capital. Portanto o Direito é a vontade de uma classe
redigida em lei, mas que é colocado como uma vontade universal, reforçando e ocultando os
conflitos sociais existentes.
Portanto através da mediação do Direito, a burguesia universaliza sua forma de resolver
conflitos sociais, sob uma lógica própria de funcionamento, sem atuar nas formas materiais de
produção, resolvendo os conflitos sem alterar suas fontes, operando de forma superficial. Há
uma contradição entre capital e trabalho, uma violência extraeconômica no desenvolvimento
capitalista. A violência extraeconõmica é gerada pelo sistema jurídico. Não existe cronologia
nos modos de punição, o sistema penal não pode ser estudado de maneira mecânica. Cada
forma de edificação do capitalismo terá problemas sociais próprios, com formas próprias e
não necessariamente o sistema penal será a forma de solucionar determinados conflitos.
É necessário além de tudo, uma análise histórico-estrutural do Direito como produto do
capitalismo, determinando suas edificações e intervenções necessárias a serem feitas para
romper com esse laço que perpetua desigualdades e a subjugação de uma classe por outra.

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