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Problemas Econômicos do Socialismo


na URSS
J. V. Stálin
1 de Fevereiro de 1952

Problemas Econômicos do Socialismo na URSS, Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953.

Tradução: Editorial Vitória

Transcrição: PCR - http://pcrbrasil.org/

Fonte: http://www.marxists.org/portugues/stalin/1952/problemas/index.htm

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Índice
Observações Sobre as Questões Econômicas Referentes à Discussão de Novembro de
1951

1 — Caráter das leis econômicas no socialismo

2 — A produgão mercantil no socialismo

3 — A lei do valor no socialismo

4 — A abolição das contradições entre a cidade e o campo, entre o trabalho intelectual


e o físico, e a liquidação das diferenças entre eles

5 — A desagregação do mercado mundial único e o aprofundamento da crise do


sistema capitalista mundial

6 — A inevitabilidade das guerras entre os países capitalistas

7 — As leis econômicas fundamentais do capitalismo contemporâneo e do socialismo

8 — Outras questões

1) A coação extra-econômica no feudalismo

2) A propriedade pessoal da família kolkhosiana

3) O valor do arrendamento pago pelo camponês ao proprietário de terras, bem como


o valor dos gastos com a compra da terra

4) A fusão dos monopólios com o aparelho estatal

5) O emprego das máquinas na URSS

6) A situação material da classe operária nos países capitalistas

7) A renda nacional

8) Sobre o capítulo especial do Manual, que trata de Lênin e Stálin como criadores da
Economia Política do Socialismo

9 — A importância internacional de um Manual Marxista de Economia Política

10 — Meios de melhorar o Projeto de Manual de Economia Política

Resposta ao Camarada Alexandre Ilitch Notkin (21 de abril de 1952)

Os Erros do Camarada L. D. Iarochenko (22 de maio de 1952)

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1 — O principal erro do camarada Iarochenko

2 — Outros erros do camarada Iarochenko

Resposta aos Camaradas: A. V. Sanina e V. G. Venzher (28 de setembro de 1952)

1 — O caráter das leis econômicas do socialismo

2 — Medidas para elevar a propriedade kolkhosiana ao nível da propriedade de todo o


povo

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Problemas Econômicos do Socialismo na URSS

J. V. Stálin

Observações Sobre as Questões Econômicas Referentes à


Discussão de Novembro de 1951

Recebi todos os documentos sobre a discussão econômica realizada para


examinar o projeto de manual de economia política. Recebi, inclusive, as "Propostas
para melhorar o projeto de manual de economia política"; as "Propostas para eliminar
os erros e inexatidões" do projeto, e o "Relatório sobre as questões em discussão".

A respeito de todos estes materiais, como também sobre o projeto de manual,


considero necessário fazer as seguintes observações.

1. Caráter das Leis Econômicas no Socialismo

Alguns camaradas negam o caráter objetivo das leis da ciência, particularmente


das leis da economia no socialismo. Negam que as leis da economia política refletem a
regularidade de processos que se realizam independentemente da vontade dos
homens. Consideram que, em vista do papel peculiar reservado ao Estado Soviético
pela História, o Estado Soviético e seus dirigentes podem abolir as leis existentes da
economia política, podem "formar" novas leis, "criar" novas leis.

Esses camaradas estão profundamente errados. Como se vê, eles confundem as


leis da ciência, que refletem processos objetivos da natureza ou da sociedade, que se
realizam independentemente da vontade dos homens, com as leis promulgadas pelos
governos, criadas pela vontade dos homens e que somente têm força jurídica. De
modo algum, porém, elas podem ser confundidas.

O marxismo concebe as leis da ciência — quer se trate de leis das ciências


naturais, quer de leis da economia política — como o reflexo de processos objetivos,
que se realizam independentemente da vontade dos homens. Os homens podem
descobrir estas leis, conhecê-las, estudá-las, levá-las em conta nas suas ações, utilizá-
las no interesse da sociedade, mas não podem modificá-las nem aboli-las. E menos
ainda podem formar ou criar novas leis da ciência.

Significa isso, por exemplo, que os resultados da ação das leis da natureza, os
resultados da ação das forças da natureza, sejam em geral inelutáveis, que as ações
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destrutivas das forças da natureza se manifestam sempre e em toda parte, como uma
força inexorável e espontânea, que não se submete à influência do homem? Não, não
significa. Se se excluírem os processos astronômicos, geológicos e alguns outros
análogos, nos quais os homens, mesmo conhecendo as leis do seu desenvolvimento,
são realmente incapazes de influir, em muitos outros casos os homens estão longe de
ser incapazes, quanto à possibilidade de influir nos processos da natureza. Em todos
esses casos, os homens, conhecendo as leis da natureza, tomando-as em consideração
e apoiando-se nelas, tendo capacidade de aplicá-las e utilizá-las, podem limitar sua
esfera de ação, dar às forças destrutivas da natureza outra direção, transformar as
forças destrutivas da natureza em benefício da sociedade.

Tomemos um entre muitos exemplos. Antigamente, os transbordamentos dos


grandes rios, as inundações e conseqüentes destruições de moradias e lavouras,
consideravam-se calamidades inelutáveis, contra as quais os homens eram
impotentes. Todavia, com o decorrer do tempo, com o desenvolvimento dos
conhecimentos humanos, quando os homens aprenderam a construir as represas e as
hidrelétricas, tornou-se possível proteger a sociedade contra a calamidade das
inundações, que dantes pareciam inelutáveis. Ainda mais, os homens aprenderam a
domar as forças destrutivas da natureza, aprenderam por assim dizer a amansá-las, a
transformar a força da água em benefício da sociedade e a utilizá-la na irrigação dos
campos e para a obtenção de energia.

Significa isto que os homens aboliram assim as leis da natureza, as leis da ciência,
que criaram novas leis da natureza, novas leis da ciência? Não, não significa. Na
verdade, toda essa operação para evitar as ações destruidoras da força das águas e
para sua utilização no interesse da sociedade, ocorre sem qualquer infração,
modificação ou supressão das leis da ciência, sem a criação de novas leis da ciência. Ao
contrário, toda essa operação se realiza exatamente à base das leis da natureza, das
leis da ciência, porque qualquer infração às leis da natureza, a mais insignificante das
infrações, conduziria apenas à desorganização, ao fracasso.

A mesma coisa é preciso dizer a respeito das leis do desenvolvimento econômico,


das leis da economia política — quer se trate do período do capitalismo, quer do
período do socialismo. Aqui, da mesma forma que nas ciências naturais, as leis do
desenvolvimento econômico são leis objetivas, que refletem os processos do
desenvolvimento econômico, que se realizam independentemente da vontade dos
homens. Os homens podem descobrir essas leis, conhecê-las e, baseando-se nelas,
utilizá-las no interesse da sociedade, dar outro rumo às ações destrutivas de algumas
leis, limitar sua esfera de ação, dar livre espaço a outras novas leis que abrem caminho
para adiante, mas não podem destruí-las ou criar novas leis econômicas.

Uma das peculiaridades da economia política consiste no fato de que as suas leis,
diferentemente das leis das ciências naturais, não são permanentes. Pelo menos a
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maioria delas atua no decorrer de um determinado período histórico, depois do qual


cede lugar a novas leis. Mas essas leis não são destruídas, perdem sim sua validade,
em conseqüência de novas condições econômicas e saem de cena para dar lugar a
novas leis, que não se criam pela vontade do homem, pois surgem à base de novas
condições econômicas.

Invoca-se o "Anti-Dühring", de Engels, quanto à sua fórmula de que, com a


liquidação do capitalismo e a socialização dos meios de produção, os homens
adquirem o domínio sobre os seus meios de produção, libertam-se do jugo das
relações econômico-sociais, tornam-se "senhores" de sua vida social. Engels chama
esta liberdade de "necessidade consciente". Mas, que pode significar a "necessidade
consciente"? Isso significa que os homens, conhecendo as leis objetivas
("necessidade"), aplicá-las-ão com plena consciência no interesse da sociedade.
Justamente por isso, Engels diz na mesma obra que:

"As leis de sua própria atividade social, que até agora se opunham
aos homens como leis naturais estranhas, que os submetiam ao seu
domínio, são aplicadas, agora, pelo homem, com pleno
conhecimento* de causa, e, por conseguinte, dominadas por ele".

Como se vê, a fórmula de Engels não fala de nenhum modo em favor daqueles
que pensam que no socialismo é possível abolir as leis econômicas existentes e criar
outras novas. Ao contrário, ela exige não a abolição, mas o conhecimento das leis
econômicas e sua sábia aplicação.

Diz-se que as leis econômicas têm um caráter elementário, que a ação dessas leis
é inelutável, que a sociedade é impotente diante delas. Isto não é certo. Isto é fazer
das leis um fetiche e fazer do homem escravo das leis. Está provado que a sociedade
não é impotente ante as leis, que a sociedade pode, conhecendo as leis econômicas e
apoiando-se nelas, limitar sua esfera de ação, utilizá-las no interesse da sociedade e
"amansá-las", como acontece em relação às forças da natureza e suas leis, como
sucede no exemplo acima apresentado sobre o transbordamento dos grandes rios.

Alega-se o papel peculiar do Poder Soviético na construção do socialismo, que lhe


permitiria abolir as leis existentes do desenvolvimento econômico e "formar" novas.
Isso também não é certo.
O papel peculiar do Poder Soviético explica-se por duas circunstâncias: em primeiro
lugar o Poder Soviético não teve de substituir uma forma de exploração por outra, tal
como nas antigas revoluções, mas de liquidar toda exploração; em segundo lugar, em
vista da ausência no país de quaisquer embriões de economia socialista, o Poder
Soviético teve de criar, por assim dizer, em "terreno virgem", as novas formas
socialistas de economia.

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Essa tarefa indiscutivelmente difícil e complicada, não teve precedentes. Não


obstante isso, o Poder Soviético executou essa tarefa honrosamente. Executou-a,
porém, não porque tivesse abolido as leis econômicas existentes, e "formado" novas,
mas unicamente porque se apoiou na lei econômica da correspondência
obrigatória entre as relações de produção e o caráter das forças produtivas. As forças
produtivas do nosso país, particularmente na indústria, tinham caráter social; mas a
forma de propriedade era privada, capitalista. Apoiando-se na lei econômica da
correspondência obrigatória entre as relações de produção e o caráter das forças
produtivas, o Poder Soviético socializou os meios de produção, tornou-os propriedade
de todo o povo e com isso destruiu o sistema de exploração, criou as formas socialistas
de economia. Não fora esta lei, e não se houvesse apoiado nela, nunca o Poder
Soviético poderia ter executado sua tarefa.

A lei econômica da correspondência obrigatória entre as relações de produção e o


caráter das forças produtivas luta, desde muito tempo, para abrir caminho, nos países
capitalistas. Se ela ainda não abriu o seu caminho e não alcançou plena liberdade, é
porque encontra a mais forte resistência do lado das forças da sociedade moribunda.
Aqui deparamos outra peculiaridade das leis econômicas. Diferentemente das leis das
ciências naturais, em que o descobrimento e a aplicação de unia nova lei decorrem
mais ou menos sem entraves, na esfera econômica o descobrimento e a aplicação de
uma nova lei, que fere os interesses das forças da sociedade moribunda, encontram a
mais forte resistência por parte destas forças. Conseqüentemente, precisa-se de uma
força, uma força social, capaz de vencer essa resistência. Tal força existia em nosso
país sob a forma da aliança da classe operária e dos camponeses, que constituíam a
maioria esmagadora da sociedade. Tal força ainda não existe em outros países, nos
países capitalistas. Nisso consiste o segredo de ter o Poder Soviético conseguido
derrotar as forças caducas da sociedade; e por isso a lei econômica da correspondência
obrigatória entre as relações de produção e o caráter das forças produtivas teve em
nosso país plena liberdade.

Diz-se que a necessidade de um desenvolvimento harmonioso (proporcional) da


economia de nosso país permite ao Poder Soviético abolir as leis econômicas
existentes e criar novas. Isto é absolutamente falso. Não podemos confundir nossos
planos anuais e qüinqüenais com a lei econômica objetiva do
desenvolvimentoharmonioso, proporcional, da economia nacional. A lei do
desenvolvimento harmonioso da economia nacional surgiu em contraposição à lei da
concorrência e da anarquia da produção no capitalismo. Surgiu à base da socialização
dos meios de produção, depois que a lei da concorrência e da anarquia da produção
perdeu sua força. Ela entrou em vigor porque a economia nacional-socialista,
unicamente pode ser realizada à base da lei econômica do desenvolvimento
harmonioso da economia nacional. Isto significa que a lei do desenvolvimento
harmonioso da economia nacional dá a possibilidade aos nossos órgãos de planificação

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de planificar corretamente a produção social. Mas não se pode confundir


a possibilidade com a realidade. São duas coisas diferentes. Para converter esta
possibilidade em realidade, é preciso estudar esta lei econômica, é preciso dominá-la,
é preciso aprender a aplicá-la com pleno conhecimento de causa, é preciso traçar
planos que reflitam plenamente as exigências dessa lei. Não se pode dizer que nossos
planos anuais e qüinqüenais refletem plenamente as exigências desta lei econômica.

Diz-se que algumas leis econômicas, entre elas a lei do valor, em ação em nosso
país, no socialismo, são leis "transformadas" ou mesmo "radicalmente transformadas",
à base da economia planificada. Isso também não está certo. Não se pode
"transformar" leis e ainda menos "radicalmente". Se é possível transformá-las, então é
possível também aboli-las, substituindo-as por outras leis. A tese da "transformação"
das leis é uma sobrevivência da fórmula incorreta sobre a "abolição" e "formação" das
leis. Embora a fórmula da transformação das leis econômicas, há muito tempo já
esteja em uso em nosso país, temos que repudiá-la no interesse da exatidão. É possível
limitar a esfera de ação de umas ou outras leis econômicas, é possível evitar suas
ações destrutivas, desde que, naturalmente, estas existam, mas não se pode
"transformá-las" ou "aboli-las". Por conseguinte, quando se fala de "subjugação" das
forças da natureza ou das forças econômicas, de "domínio" sobre elas, etc., isto
absolutamente não quer dizer que os homens possam "abolir" "as leis da ciência" ou
"formá-las". Ao contrário, com isto quer-se dizer somente que os homens podem
descobrir as leis, conhecê-las, assimilá-las, aprender a aplicá-las com pleno
conhecimento de causa, utilizá-las no interesse da sociedade e dessa maneira subjugá-
las, chegar a exercer domínio sobre elas.

Assim, as leis da economia política no socialismo são leis objetivas, que refletem a
regularidade dos processos da vida econômica, que se realizam independentemente
da nossa vontade. Negar esta tese é negar, na essência, a obra da ciência; e negar a
ciência é negar a possibilidade de qualquer previsão; e, por conseguinte, é negar a
possibilidade de dirigir a vida econômica.

Poderão dizer que tudo quanto foi dito aqui é correto e universalmente
conhecido, mas que não há nada de novo em tudo isso e que, portanto, não vale a
pena perder tempo nessa repetição de verdades por todos conhecidas. Sem dúvida,
aqui não há realmente nada de novo, mas seria incorreto pensar que não vale a pena
perder tempo na repetição de algumas verdades por nós conhecidas. Cada ano se
aproximam de nós, que somos o núcleo dirigente, milhares de novos quadros, de
quadros jovens, que calorosamente desejam ajudar-nos, que ardentemente desejam
mostrar de quanto são capazes, mas não têm bastante educação marxista, não
conhecem muitas verdades por nós bem conhecidas e são obrigados a tatear nas
trevas. Estão atordoados pelas colossais conquistas do Poder Soviético; os
extraordinários êxitos do regime soviético põem-lhes a cabeça tonta e eles começam a

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imaginar que o Poder Soviético "tudo pode", que "nada o detém", que pode abolir as
leis da ciência, formar novas leis. Como devemos proceder com estes camaradas?
Como educá-los no espírito do marxismo-leninismo? Penso que a repetição sistemática
das chamadas verdades "universalmente conhecidas", e a sua paciente explicação é
um dos melhores meios de dar a esses camaradas uma educação marxista.

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Problemas Econômicos do Socialismo na URSS

J. V. Stálin

2. A Produção Mercantil no Socialismo

Alguns camaradas afirmam que o Partido agiu incorretamente, ao conservar a


produção mercantil depois que tomou o poder e nacionalizou os meios de produção
em nosso país. Acham que o Partido deveria já naquela época eliminar a produção
mercantil. Invocam, para isso, Engels, que diz:

"Uma vez que a sociedade tome posse dos meios de produção, será
eliminada a produção mercantil e simultaneamente o domínio dos
produtos sobre os produtores" (ver "Anti-Dühring").

Estes camaradas se equivocam profundamente.

Vamos analisar a fórmula de Engels. Não se pode considerar a fórmula


de Engels como inteiramente clara e precisa, pois ela não indica se se trata da posse
por parte da sociedade de todos os meios de produção ou de apenas uma parte deles,
isto é, se todos os meios de produção passam a ser patrimônio do povo ou apenas
uma parte deles. Portanto, esta fórmula de Engels pode ser compreendida de duas
maneiras.

Noutra passagem do "Anti-Dühring", Engels fala sobre a posse de "todo


o conjunto de meios de produção”. Assim, Engels, na sua fórmula, tem em vista a
nacionalização, não de uma parte dos meios de produção, mas de todos os meios de
produção, isto é, a passagem para o patrimônio do povo dos meios de produção, não
apenas da indústria, mas também da agricultura.

Daí se conclui que Engels tinha em vista os países em que o capitalismo e a


concentração da produção estivessem suficientemente desenvolvidos, não somente na
indústria, mas também na agricultura, para tornar possível a expropriação detodos os
bens de produção do paíse passá-los à propriedade do povo. Engels considera, por
conseguinte, que nesses países se realizaria, ao lado da socialização de todos os meios
de produção, a liquidação da produção mercantil. E isto, naturalmente, está certo.

No fim do século passado, no momento da saída do prelo do "Anti-Dühring", a


Inglaterra era o único país em que o desenvolvimento do capitalismo e a concentração

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da produção, tanto na indústria como na agricultura, tinham-se elevado a tal ponto


que seria possível, no caso da tomada do poder pelo proletariado, passar todos os
meios de produção do país ao patrimônio do povo, assim como eliminar a produção
mercantil.

Faço abstração, neste caso, da importância que tem para a Inglaterra o comércio
exterior, com seu enorme peso específico na economia nacional. Penso que somente
depois do estudo desta questão se poderia resolver definitivamente o problema do
destino da produção mercantil na Inglaterra, após a tomada do poder pelo
proletariado e a nacionalização detodos os meios de produção.

Aliás, não somente no fim do último século, mas também no presente, nenhum
país ainda alcançou o grau de desenvolvimento capitalista e de concentração da
produção na agricultura que observamos na Inglaterra. No que se refere aos demais
países, apesar do desenvolvimento do capitalismo no campo, existe ainda uma classe
bastante numerosa de pequenos e médios proprietários-produtores no campo, cujo
destino se deveria determinar em caso da tomada do poder pelo proletariado.

Eis, porém, a questão: como deveria agir o proletariado e seu partido, se neste ou
naquele país, inclusive no nosso, existissem condições favoráveis para a tomada do
poder pelo proletariado e derrubada do capitalismo; se o capitalismo na indústria
tivesse concentrado a tal ponto os meios de produção que fosse possível expropriá-los
e passá-los às mãos da sociedade, mas se a agricultura, apesar do crescimento do
capitalismo, estivesse ainda a tal ponto fracionada entre inúmeros pequenos e médios
proprietários-produtores, que não fosse possível levantar o problema da expropriação
desses produtores?

A esta pergunta a fórmula de Engels não dá resposta. Aliás, ela não deve
responder a esta pergunta porque surgiu à base de outra, que é justamente a seguinte:
qual deveria ser o destino da produção mercantil depois de socializados todosos meios
de produção?

Assim, como agir se nem todos os meios de produção podem ser socializados,
mas somente parte deles, apesar de existirem condições favoráveis para a tomada do
poder pelo proletariado? Deveria o proletariado tomar o poder e, logo depois,
precisaria eliminar de um golpe a produção mercantil?

Não se pode, certamente, chamar de resposta as opiniões de alguns pseudo-


marxistas, que consideram que em semelhantes condições se deveria renunciar à
tomada do poder e esperar até que o capitalismo consiga arruinar os milhões de
pequenos e médios produtores, transformando-os em operários agrícolas, e
concentrar os meios de produção na agricultura; e que somente depois disso seria
possível colocar a questão da tomada do poder pelo proletariado, e a da socialização

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de todos os meios de produção. É compreensível que com tal "saída" não podem os
marxistas estar de acordo, se não querem, por fim, cobrir-se de vergonha.

Não se pode, tampouco, considerar como resposta a opinião de outros pseudo-


marxistas, que pensam talvez fosse preciso tomar o poder e promover a expropriação
dos pequenos e médios produtores rurais e socializar cs seus meios de produção. Mas
este insensato e criminoso caminho tampouco pode ser seguido pelos marxistas, pois
tal caminho anularia qualquer possibilidade de vitória da revolução proletária, e
jogaria o campesinato, por muito tempo, no campo dos inimigos do proletariado.

Lênin respondeu a esta questão em seus trabalhos sobre o "imposto em espécie"


e no seu famoso "plano de cooperativas".

Á resposta de Lênin resume-se no seguinte:

a) Não se devem perder as condições favoráveis para a tomada do poder; o


proletariado deve tomar o poder sem esperar o momento em que o capitalismo
arruinará os muitos milhões de pequenos e médios produtores individuais;

b) expropriar os meios de produção na indústria e passá-los ao patrimônio do


povo;

c) quanto aos pequenos e médios produtores individuais, uni-los gradualmente


em cooperativas de produção, isto é, em grandes empresas agrícolas — os kolkhoses;

d) desenvolver por todos os meios a indústria e dar aos kolkhoses a base técnica
atual da grande produção; entretanto, não expropriá-los, mas, ao contrário, supri-los
intensamente de tratores e outras máquinas de primeira qualidade;

e) para unidade econômica da cidade e do campo, da indústria e da agricultura,


conservar por certo tempo a produção mercantil (a troca através da compra e venda),
como a única forma aceitável, para os camponeses, de relações econômicas com a
cidade e desenvolver amplamente o comércio soviético, estatal, e cooperativo-
kolkhosiano, expulsando da circulação de mercadorias todos e quaisquer capitalistas.

A história da nossa construção socialista mostra que este caminho de


desenvolvimento, traçado por Lênin, era inteiramente justo.

Não pode haver dúvida alguma de que para todos os países capitalistas onde há
uma classe mais ou menos numerosa de pequenos e médios produtores, este caminho
de desenvolvimento é o único possível e racional para a vitória do socialismo.

Diz-se que a produção mercantil sempre e em todas as condições, deve conduzir,


e obrigatoriamente conduzirá, ao capitalismo. Isto não é certo. Nem sempre e
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tampouco em quaisquer condições! Não se pode identificar a produção mercantil com


a produção capitalista. São duas coisas diferentes. A produção capitalista é a forma
superior de produção mercantil. A produção mercantil leva ao capitalismo apenas
neste caso: se existe propriedade privada dos meios de produção, se a força de
trabalho se apresenta no mercado como mercadoria que pode ser comprada e
explorada pelo capitalista no processo da produção; se, conseqüentemente, existe no
país o sistema de exploração dos operários assalariados pelos capitalistas. A produção
capitalista começa onde os meios de produção estão concentrados em mãos de
particulares e os operários, privados dos meios de produção, são obrigados a vender
sua força de trabalho, como mercadoria. Sem isto, não há produção capitalista.

Bem, e se não existirem estas condições que transformam a produção mercantil


em produção capitalista; se os meios de produção já não forem de propriedade
privada mas de propriedade socialista; se o sistema de trabalho assalariado não existir
e a força de trabalho não for mais uma mercadoria; se o sistema de exploração já há
muito tempo tiver sido liquidado — que pensar então? É possível admitir que a
produção mercantil sempre leva ao capitalismo? Não, não se pode pensar assim. Ora,
nossa sociedade é justamente uma sociedade em que a propriedade privada sobre os
meios de produção, o sistema de trabalho assalariado, o sistema de exploração, já há
muito não existem.

Não se pode considerar a produção mercantil como algo que se basta a si mesmo,
independente das condições econômicas que a cercam. A produção mercantil é mais
antiga que a produção capitalista. Ela já existia durante o regime escravagista e o
servia, embora sem levá-lo ao capitalismo. Ela existiu no feudalismo, e o servia, mas,
não obstante preparar algumas condições para a produção capitalista, não o levou ao
capitalismo. Pergunta-se, por que não pode a produção mercantil servir também, num
certo período, à nossa sociedade socialista, sem levá-la ao capitalismo, se se considera
que a produção mercantil não tem em nosso país tão vasta e ilimitada expansão, como
nas condições capitalistas; que a produção mercantil, em nosso país, é rigorosamente
circunscrita, graças a decisivas condições econômicas, como a propriedade social sobre
os meios de produção, a liquidação do sistema do trabalho assalariado, a liquidação do
sistema de exploração?

Diz-se que depois de estabelecer-se em nosso país o domínio da propriedade


social sobre os meios de produção, e depois que o sistema de trabalho assalariado e o
da exploração foram liquidados, a existência da produção mercantil não tem mais
sentido, que seria preciso, em vista disso, suprimi-la.

Isso tampouco é certo. Atualmente, em nosso país, existem duas formas


fundamentais de produção socialista: a estatal, que é de todo o povo e a kolkhosiana,
que não se pode dizer que é de todo o povo. Nas empresas estatais, os meios de
produção e a produção são de propriedade de todo o povo. Nas empresas
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kolkhosianas, porém, embora os meios de produção (a terra e as máquinas) também


pertençam ao Estado, os produtos obtidos, contudo, pertencem aos
diversos kolkhoses, uma vez que o trabalho, como também as sementes, são de
propriedade dos kolkhoses. Quanto à terra entregue aos kolkhosesem usufruto
perpétuo, os kolkhosianos dispõem dela, de fato, como sua propriedade, apesar de
não poderem vendê-la, comprá-la, arrendá-la ou hipotecá-la. Esta circunstância
determina que o Estado pode dispor somente da produção das empresas estatais,
enquanto os kolkhoses dispõem da produção kolkhosiana como de sua propriedade.
Os kolkhoses, porém, não querem alienar seus produtos senão em forma de
mercadorias, em cuja troca eles querem receber as mercadorias de que necessitam.
Atualmente os kolkhoses não admitem outros vínculos econômicos com a cidade que
não sejam os vínculos mercantis, o intercâmbio através da compra e venda. Por isso, a
produção mercantil e sua circulação, em nosso país, são hoje da mesma forma
necessárias, como o foram, digamos, há trinta anos passados, quando Lênin proclamou
a necessidade de desenvolver, por todos os meios, a troca de mercadorias.
Naturalmente, quando, ao invés de dois setores fundamentais de produção, estatal e
kolkhosiano, surgir um único setor de produção, com o direito de dispor de toda a
produção destinada ao consumo do país, a circulação das mercadorias com sua
"economia monetária" desaparecerá, como elemento desnecessário da economia
nacional. Mas, até que isso aconteça, enquanto existirem os dois setores fundamentais
da produção, a produção mercantil e a circulação de mercadorias devem permanecer
em vigor como elementos muito úteis e necessários no sistema de nossa economia
nacional. De que maneira se chegará à criação de um só setor unificado? Por meio de
uma simples absorção do setor kolkhosiano pelo setor estatal, o que é pouco provável
(porque isto seria considerado uma expropriação doskolkhoses) ou por meio da
instituição de um único órgão econômico nacional (com representantes da indústria
estatal e doskolkhoses) com o direito, no começo, de controlar toda a produção
destinada ao consumo do país e, depois de algum tempo, também com o de distribuir
a produção, sob a forma, digamos, de troca dos produtos. Esta é uma questão especial,
que exige um exame à parte.

Conseqüentemente, nossa produção mercantil não é uma produção mercantil no


sentido corrente, mas uma produção mercantil de tipo especial, uma produção
mercantil sem capitalistas, realizada, fundamentalmente, por produtores unidos,
socialistas (o Estado, os kolkhoses, as cooperativas), cuja esfera de ação é limitada aos
objetos de consumo pessoal, e que, evidentemente, de modo algum, pode
transformar-se em uma produção capitalista, pois é destinada a servir, com sua
"economia monetária", ao desenvolvimento e ao fortalecimento da produção
socialista.

Por isso, absolutamente não têm razão os camaradas que declaram que, se a
sociedade socialista não liquida as formas mercantis de produção, devem ser

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restabelecidas, em nosso país, segundo sua opinião, todas as categorias econômicas


peculiares ao capitalismo: a força de trabalho, como mercadoria, a mais-valia, o
capital; os lucros do capital, a taxa média do lucro, etc. Estes camaradas confundem a
produção mercantil, com a produção capitalista e supõem que uma vez existindo a
produção mercantil, também deveria existir a produção capitalista. Não compreendem
que nossa produção de mercadorias distingue-se radicalmente da produção mercantil
no capitalismo.
Além disso, penso que é necessário renunciar também a algumas outras idéias tiradas
de "O Capital", de Marx, no qual este se ocupou com a análise do capitalismo,
artificialmente aplicadas às nossas relações socialistas. Refiro-me, entre outras coisas,
a conceitos como os de trabalho "necessário" e "suplementar", os de produto
"necessário" e "suplementar", os de tempo "necessário" e
"suplementar". Marx analisou o capitalismo para esclarecer a fonte da exploração da
classe operária, a mais-valia, e dar à classe operária, privada dos meios de produção,
uma arma espiritual para a derrubada do capitalismo. É compreensível que Marx se
utilize, para isso, de conceitos (categorias) que correspondam plenamente às relações
capitalistas. Mais do que estranho, porém, é se utilizarem, agora, esses conceitos,
quando a classe operária não somente não está privada do poder e dos meios de
produção, mas, pelo contrário, mantém em suas mãos o poder e possui os meios de
produção. Torna-se bastante absurdo agora, em nosso regime, falar-se a respeito de
força de trabalho como mercadoria, e de trabalho "assalariado", como se a classe
operária, possuidora dos meios de produção, se empregasse a si própria e a si própria
vendesse a sua força de trabalho. Do mesmo modo é estranho falar atualmente de
trabalho "necessário" e "suplementar", como se o trabalho dos operários, em nossas
condições, consagrado à sociedade para ampliar a produção, desenvolver a instrução,
preservar a saúde pública, organizar a defesa, etc., não fosse tão necessário para a
classe operária, que se encontra agora no poder, como o trabalho despendido para
satisfazer as necessidades pessoais do operário e de sua família.

É preciso notar que no seu trabalho "Crítica ao Programa de Gotha", onde já


analisa não só o capitalismo, mas, entre outras coisas, a primeira fase da sociedade
comunista, Marx reconhece que o trabalho consagrado à sociedade, para ampliar a
produção, desenvolver a instrução, preservar a saúde pública, para as despesas da
administração, formação das reservas, etc., é do mesmo modo tão necessário quanto
o trabalho despendido para a satisfação das necessidades de consumo da classe
operária.

Penso que nossos economistas deveriam acabar com essa discrepância entre os
velhos conceitos e o novo estado de coisas em nosso país socialista, substituindo os
velhos conceitos por novos, correspondentes à nova situação.

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Pudemos suportar estas discrepâncias até certo momento, mas agora já chegou o
tempo em que devemos, finalmente, liquidá-las.

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Problemas Econômicos do Socialismo na URSS

J. V. Stálin

3. A Lei do Valor no Socialismo

Às vezes, pergunta-se: será que existe e atua em nosso país, em nosso regime
socialista, a lei do valor?

Sim, existe e atua. Onde houver mercadorias e produção mercantil, não pode
deixar de existir também a lei do valor.

A esfera de ação da lei do valor estende-se, em nosso país, antes de tudo, à


circulação de mercadorias, àtroca de mercadorias através da compra e venda, e
principalmente à troca de mercadorias de consumo pessoal. Aqui, neste domínio, a lei
do valor conserva, naturalmente dentro de certos limites, uma função reguladora.

Mas a ação da lei do valor não se limita à esfera da circulação de mercadorias. Ela
se estende também à produção. Na verdade, a lei do valor não possui importância
reguladora em nossa produção socialista, mas, não obstante, influi na produção, e isto
não pode deixar de ser considerado ao dirigir a produção. Na verdade, os produtos de
consumo, necessários à renovação da força de trabalho empregada durante o
processo da produção, são produzidos e se realizam em nosso país como mercadorias,
sujeitos à ação da lei do valor. Aqui, justamente, se revela a influência da lei do valor
na produção. Por força disso, em nossas empresas têm importância, atualmente,
questões como a da autonomia financeira e a da rentabilidade, a do custo de
produção, a dos preços de venda, etc.. Por isso, nossas empresas não podem nem
devem deixar de ter em conta a lei do valor.

Será isto um bem? Não é um mal. Em nossas atuais condições, isso realmente não
é um mal, porque esta circunstância educa os dirigentes de nossa economia no espírito
de uma direção racional da produção, disciplinando-os. Não é um mal, porque ensina
os dirigentes de nossa economia a calcular o potencial de produção, a calculá-lo
exatamente, e a levar em conta com a mesma exatidão a realidade da produção, e a
não tagarelar a respeito de "dados aproximados", tomados ao acaso. Não é um mal,
porque ensina os nossos economistas a procurar, encontrar e utilizar as reservas
escondidas no seio da produção, e a não desprezá-las. Não é um mal, porque ensina os
nossos economistas a melhorar sistematicamente os métodos de produção, a reduzir o
custo da produção, realizar o princípio da autonomia financeira e a esforçar-se pela

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rentabilidade das empresas. Isso é uma boa escola prática, que acelera o crescimento
dos quadros que trabalham em nossa economia, transformando-os em verdadeiros
dirigentes da, produção socialista na sua atual etapa de desenvolvimento.

Não é uma desgraça que a lei do valor influa na produção em nosso país. A
desgraça é que os nossos economistas e planificadores, com poucas exceções,
conhecem mal as influências da lei do valor, não a estudam, e não sabem tomá-la em
consideração nos seus cálculos. Com isto, justamente, se explica a confusão que reina
ainda em nosso país, na questão da política dos preços. Eis um dos inúmeros
exemplos. Há algum tempo, foi resolvido regular, no interesse da produção algodoeira,
a relação entre os preços do algodão e o dos cereais, precisar os preços dos cereais
vendidos aos cultivadores de algodão e elevar os preços do algodão entregue ao
Estado. Devido a isso, alguns dirigentes de nossa economia e especialistas da
planificação apresentaram uma proposta que não podia deixar de surpreender os
membros do Comitê Central, porque, segundo esta proposta, o preço de uma tonelada
de cereais era oferecida quase pelo mesmo preço de uma tonelada de algodão; além
disso, o preço de uma tonelada de cereais igualava o de uma tonelada de pão. Quando
os membros do Comitê Central observaram que o preço da tonelada de pão deveria
ser superior ao de uma tonelada de cereais, em vista das despesas suplementares de
moagem e de cozimento e que o algodão, em geral, custa muito mais caro que os
cereais, o que demonstravam também os preços do algodão e dos cereais no mercado
mundial, os autores da proposta nada puderam dizer de sensato. Em vista disso, o
Comitê Central foi obrigado a tomar este assunto em suas mãos, baixar os preços dos
cereais e elevar os preços do algodão. Que aconteceria se a proposta desses
camaradas lograsse sanção legal? Teríamos arruinado os produtores de algodão, e
ficaríamos sem algodão. Entretanto, significa tudo isso que a ação da lei do valor tem,
no nosso país, a mesma plena liberdade de ação que no capitalismo, que a lei do valor
é em nosso país um regulador da produção? Não, não significa. Na realidade, a esfera
de ação da lei do valor em nosso regime econômico está rigorosamente circunscrita e
limitada. Já foi dito que a esfera de ação da produção-mercantil em nosso país está
circunscrita e limitada. A mesma coisa é preciso dizer a respeito da esfera de ação da
lei do valor. Sem dúvida, a ausência da propriedade privada dos meios de produção e a
socialização dos meios de produção tanto na cidade como no campo, não podem
deixar de limitar a esfera de ação da lei do valor e o grau de sua influência sobre a
produção.

No mesmo sentido atua a lei do desenvolvimento harmonioso (proporcional) da


economia nacional, que substituiu a lei da concorrência e da anarquia da produção.

No mesmo sentido atuam nossos planos anuais e qüinqüenais, e em geral toda a


nossa política econômica, que se apóia nas exigências da lei do desenvolvimento
harmonioso da economia nacional.

18
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Tudo isto em conjunto determina que a esfera de ação da lei do valor seja
rigorosamente limitada em nosso país e que a lei do valor não possa em nosso regime
desempenhar um papel regulador da produção.

Assim precisamente se explica o "surpreendente” fato de que, apesar do


ininterrupto e impetuoso crescimento da nossa produção socialista, a lei do valor não
determine, em nosso país, as crises de superprodução, enquanto essa mesma lei do
valor, que tem uma vasta esfera de ação no capitalismo, não obstante os baixos ritmos
de aumento da produção nos países capitalistas, determina as periódicas crises de
superprodução.

Diz-se que a lei do valor é uma lei permanente, obrigatória para todos os períodos
de desenvolvimento histórico, que a lei do valor também perde sua força, como
reguladora das relações de troca no período da segunda íase da sociedade comunista,
conservando, então, nessa fase de desenvolvimento, a sua força como reguladora das
relações entre os vários ramos da produção, como reguladora da distribuição do
trabalho entre os ramos da produção.

Isto é completamente falso. O valor, como também a lei do valor, é uma categoria
histórica ligada à existência da produção mercantil. Com o desaparecimento da
produção mercantil, desaparecem também o valor, com suas formas, e a lei do valor.

Na segunda fase da sociedade comunista, a quantidade de trabalho empregada


na produção será medida não por meios indiretos, nem por intermédio do valor e suas
formas, como ocorre na produção mercantil, mas direta e imediatamente pela
quantidade de tempo, pelo número de horas gastas na produção. No que se refere à
distribuição do trabalho entre os ramos da produção, esta será regulada não pela lei
do valor, que perderá sua força a esse tempo, mas pelo crescimento das necessidades
da sociedade em produtos. Esta será uma sociedade em que a produção se regulará
pelas suas necessidades; e a estimativa das necessidades da sociedade adquirirá
significação da mais alta importância para os vários ramos da produção.

Se isso fosse certo, então não se compreenderia por que em nosso país não se
desenvolve plenamente a industria leve, a de maior rentabilidade, de preferência à
indústria pesada, que é freqüentemente menos rentável e, às vezes, não dá lucro
algum.

Se isso fosse certo, então não se compreenderia por que em nosso país, não se
fecham numerosas empresas de indústria pesada, que por enquanto ainda não são
rentáveis, onde o trabalho dos operários não produz o "resultado devido" e não se
abrem novas empresas de indústria leve, indiscutivelmente rentáveis, onde o trabalho
do operário poderia produzir "maior resultado".

19
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Se isso fosse certo, não se compreenderia por que em nosso país não se
transferem os operários das empresas de pouco rendimento, embora muito
necessárias à economia nacional, para as empresas de maior rendimento, de acordo
com a lei do valor, que regularia as "proporções" da distribuição do trabalho entre os
ramos da produção.

Evidentemente, seguindo os passos desses camaradas, deveríamos renunciar à


primazia da produção dos meios de produção em favor da produção dos meios de
consumo. E que significa renunciar à primazia da produção dos meios de produção?
Significa destruir a possibilidade de um ininterrupto crescimento de nossa economia
nacional, pois é impossível realizar um ininterrupto crescimento da nossa economia
nacional, sem dar ao mesmo tempo a primazia à produção dos meios de produção.

Esses camaradas esquecem que a lei do valor só pode ser reguladora da produção
no capitalismo, quando existe a propriedade privada dos meios de produção, a
concorrência, a anarquia da produção, as crises de superprodução. Esquecem-se de
que a esfera de ação da lei do valor é limitada, em nosso país, pela existência da
propriedade social dos meios de produção, pela ação da lei do desenvolvimento
harmonioso da economia nacional e, por conseqüência, também limitada pelos nossos
planos anuais e qüinqüenais, que são o reflexo aproximado das exigências dessa lei.

Alguns camaradas tiram daqui a conclusão de que a lei do desenvolvimento


harmonioso da economia nacional e a planificação da mesma suprimem o princípio da
rentabilidade da produção. Isto é absolutamente falso. Trata-se de coisa bem
diferente. Se considerarmos a rentabilidade, não do ponto de vista de algumas
empresas isoladas ou de ramos da produção isolados, e não no período de um ano,
mas sim do ponto de vista de toda a economia nacional e durante o período, digamos,
de 10-15 anos, que seria aliás a única maneira certa de encarar a questão, verificamos
que a rentabilidade temporária e deficiente de certas empresas ou de certos ramos de
produção não poderia comparar-se com a forma superior de sólida e permanente
rentabilidade, que nos dão a ação da lei do desenvolvimento harmonioso da economia
nacional e a planificação da economia nacional, ao livrar-nos das crises econômicas
periódicas, que destroem a economia nacional, que causam à sociedade enormes
danos materiais, e ao assegurar-nos o crescimento ininterrupto da economia nacional,
com seus altos ritmos. Em síntese: não pode haver dúvida de que em nossas atuais
condições socialistas de produção, a lei do valor não pode ser "reguladora das
proporções" na distribuição do trabalho entre os vários ramos da produção.

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Problemas Econômicos do Socialismo na URSS

J. V. Stálin

3. A Lei do Valor no Socialismo

Às vezes, pergunta-se: será que existe e atua em nosso país, em nosso regime
socialista, a lei do valor?

Sim, existe e atua. Onde houver mercadorias e produção mercantil, não pode
deixar de existir também a lei do valor.

A esfera de ação da lei do valor estende-se, em nosso país, antes de tudo, à


circulação de mercadorias, àtroca de mercadorias através da compra e venda, e
principalmente à troca de mercadorias de consumo pessoal. Aqui, neste domínio, a lei
do valor conserva, naturalmente dentro de certos limites, uma função reguladora.

Mas a ação da lei do valor não se limita à esfera da circulação de mercadorias. Ela
se estende também à produção. Na verdade, a lei do valor não possui importância
reguladora em nossa produção socialista, mas, não obstante, influi na produção, e isto
não pode deixar de ser considerado ao dirigir a produção. Na verdade, os produtos de
consumo, necessários à renovação da força de trabalho empregada durante o
processo da produção, são produzidos e se realizam em nosso país como mercadorias,
sujeitos à ação da lei do valor. Aqui, justamente, se revela a influência da lei do valor
na produção. Por força disso, em nossas empresas têm importância, atualmente,
questões como a da autonomia financeira e a da rentabilidade, a do custo de
produção, a dos preços de venda, etc.. Por isso, nossas empresas não podem nem
devem deixar de ter em conta a lei do valor.

Será isto um bem? Não é um mal. Em nossas atuais condições, isso realmente não
é um mal, porque esta circunstância educa os dirigentes de nossa economia no espírito
de uma direção racional da produção, disciplinando-os. Não é um mal, porque ensina
os dirigentes de nossa economia a calcular o potencial de produção, a calculá-lo
exatamente, e a levar em conta com a mesma exatidão a realidade da produção, e a
não tagarelar a respeito de "dados aproximados", tomados ao acaso. Não é um mal,
porque ensina os nossos economistas a procurar, encontrar e utilizar as reservas
escondidas no seio da produção, e a não desprezá-las. Não é um mal, porque ensina os
nossos economistas a melhorar sistematicamente os métodos de produção, a reduzir o
custo da produção, realizar o princípio da autonomia financeira e a esforçar-se pela

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rentabilidade das empresas. Isso é uma boa escola prática, que acelera o crescimento
dos quadros que trabalham em nossa economia, transformando-os em verdadeiros
dirigentes da, produção socialista na sua atual etapa de desenvolvimento.

Não é uma desgraça que a lei do valor influa na produção em nosso país. A
desgraça é que os nossos economistas e planificadores, com poucas exceções,
conhecem mal as influências da lei do valor, não a estudam, e não sabem tomá-la em
consideração nos seus cálculos. Com isto, justamente, se explica a confusão que reina
ainda em nosso país, na questão da política dos preços. Eis um dos inúmeros
exemplos. Há algum tempo, foi resolvido regular, no interesse da produção algodoeira,
a relação entre os preços do algodão e o dos cereais, precisar os preços dos cereais
vendidos aos cultivadores de algodão e elevar os preços do algodão entregue ao
Estado. Devido a isso, alguns dirigentes de nossa economia e especialistas da
planificação apresentaram uma proposta que não podia deixar de surpreender os
membros do Comitê Central, porque, segundo esta proposta, o preço de uma tonelada
de cereais era oferecida quase pelo mesmo preço de uma tonelada de algodão; além
disso, o preço de uma tonelada de cereais igualava o de uma tonelada de pão. Quando
os membros do Comitê Central observaram que o preço da tonelada de pão deveria
ser superior ao de uma tonelada de cereais, em vista das despesas suplementares de
moagem e de cozimento e que o algodão, em geral, custa muito mais caro que os
cereais, o que demonstravam também os preços do algodão e dos cereais no mercado
mundial, os autores da proposta nada puderam dizer de sensato. Em vista disso, o
Comitê Central foi obrigado a tomar este assunto em suas mãos, baixar os preços dos
cereais e elevar os preços do algodão. Que aconteceria se a proposta desses
camaradas lograsse sanção legal? Teríamos arruinado os produtores de algodão, e
ficaríamos sem algodão. Entretanto, significa tudo isso que a ação da lei do valor tem,
no nosso país, a mesma plena liberdade de ação que no capitalismo, que a lei do valor
é em nosso país um regulador da produção? Não, não significa. Na realidade, a esfera
de ação da lei do valor em nosso regime econômico está rigorosamente circunscrita e
limitada. Já foi dito que a esfera de ação da produção-mercantil em nosso país está
circunscrita e limitada. A mesma coisa é preciso dizer a respeito da esfera de ação da
lei do valor. Sem dúvida, a ausência da propriedade privada dos meios de produção e a
socialização dos meios de produção tanto na cidade como no campo, não podem
deixar de limitar a esfera de ação da lei do valor e o grau de sua influência sobre a
produção.

No mesmo sentido atua a lei do desenvolvimento harmonioso (proporcional) da


economia nacional, que substituiu a lei da concorrência e da anarquia da produção.

No mesmo sentido atuam nossos planos anuais e qüinqüenais, e em geral toda a


nossa política econômica, que se apóia nas exigências da lei do desenvolvimento
harmonioso da economia nacional.

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Tudo isto em conjunto determina que a esfera de ação da lei do valor seja
rigorosamente limitada em nosso país e que a lei do valor não possa em nosso regime
desempenhar um papel regulador da produção.

Assim precisamente se explica o "surpreendente” fato de que, apesar do


ininterrupto e impetuoso crescimento da nossa produção socialista, a lei do valor não
determine, em nosso país, as crises de superprodução, enquanto essa mesma lei do
valor, que tem uma vasta esfera de ação no capitalismo, não obstante os baixos ritmos
de aumento da produção nos países capitalistas, determina as periódicas crises de
superprodução.

Diz-se que a lei do valor é uma lei permanente, obrigatória para todos os períodos
de desenvolvimento histórico, que a lei do valor também perde sua força, como
reguladora das relações de troca no período da segunda íase da sociedade comunista,
conservando, então, nessa fase de desenvolvimento, a sua força como reguladora das
relações entre os vários ramos da produção, como reguladora da distribuição do
trabalho entre os ramos da produção.

Isto é completamente falso. O valor, como também a lei do valor, é uma categoria
histórica ligada à existência da produção mercantil. Com o desaparecimento da
produção mercantil, desaparecem também o valor, com suas formas, e a lei do valor.

Na segunda fase da sociedade comunista, a quantidade de trabalho empregada


na produção será medida não por meios indiretos, nem por intermédio do valor e suas
formas, como ocorre na produção mercantil, mas direta e imediatamente pela
quantidade de tempo, pelo número de horas gastas na produção. No que se refere à
distribuição do trabalho entre os ramos da produção, esta será regulada não pela lei
do valor, que perderá sua força a esse tempo, mas pelo crescimento das necessidades
da sociedade em produtos. Esta será uma sociedade em que a produção se regulará
pelas suas necessidades; e a estimativa das necessidades da sociedade adquirirá
significação da mais alta importância para os vários ramos da produção.

Se isso fosse certo, então não se compreenderia por que em nosso país não se
desenvolve plenamente a industria leve, a de maior rentabilidade, de preferência à
indústria pesada, que é freqüentemente menos rentável e, às vezes, não dá lucro
algum.

Se isso fosse certo, então não se compreenderia por que em nosso país, não se
fecham numerosas empresas de indústria pesada, que por enquanto ainda não são
rentáveis, onde o trabalho dos operários não produz o "resultado devido" e não se
abrem novas empresas de indústria leve, indiscutivelmente rentáveis, onde o trabalho
do operário poderia produzir "maior resultado".

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Se isso fosse certo, não se compreenderia por que em nosso país não se
transferem os operários das empresas de pouco rendimento, embora muito
necessárias à economia nacional, para as empresas de maior rendimento, de acordo
com a lei do valor, que regularia as "proporções" da distribuição do trabalho entre os
ramos da produção.

Evidentemente, seguindo os passos desses camaradas, deveríamos renunciar à


primazia da produção dos meios de produção em favor da produção dos meios de
consumo. E que significa renunciar à primazia da produção dos meios de produção?
Significa destruir a possibilidade de um ininterrupto crescimento de nossa economia
nacional, pois é impossível realizar um ininterrupto crescimento da nossa economia
nacional, sem dar ao mesmo tempo a primazia à produção dos meios de produção.

Esses camaradas esquecem que a lei do valor só pode ser reguladora da produção
no capitalismo, quando existe a propriedade privada dos meios de produção, a
concorrência, a anarquia da produção, as crises de superprodução. Esquecem-se de
que a esfera de ação da lei do valor é limitada, em nosso país, pela existência da
propriedade social dos meios de produção, pela ação da lei do desenvolvimento
harmonioso da economia nacional e, por conseqüência, também limitada pelos nossos
planos anuais e qüinqüenais, que são o reflexo aproximado das exigências dessa lei.

Alguns camaradas tiram daqui a conclusão de que a lei do desenvolvimento


harmonioso da economia nacional e a planificação da mesma suprimem o princípio da
rentabilidade da produção. Isto é absolutamente falso. Trata-se de coisa bem
diferente. Se considerarmos a rentabilidade, não do ponto de vista de algumas
empresas isoladas ou de ramos da produção isolados, e não no período de um ano,
mas sim do ponto de vista de toda a economia nacional e durante o período, digamos,
de 10-15 anos, que seria aliás a única maneira certa de encarar a questão, verificamos
que a rentabilidade temporária e deficiente de certas empresas ou de certos ramos de
produção não poderia comparar-se com a forma superior de sólida e permanente
rentabilidade, que nos dão a ação da lei do desenvolvimento harmonioso da economia
nacional e a planificação da economia nacional, ao livrar-nos das crises econômicas
periódicas, que destroem a economia nacional, que causam à sociedade enormes
danos materiais, e ao assegurar-nos o crescimento ininterrupto da economia nacional,
com seus altos ritmos. Em síntese: não pode haver dúvida de que em nossas atuais
condições socialistas de produção, a lei do valor não pode ser "reguladora das
proporções" na distribuição do trabalho entre os vários ramos da produção.

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Problemas Econômicos do Socialismo na URSS

J. V. Stálin

4. A Abolição das Contradições Entre a Cidade e o Campo, Entre


o Trabalho Intelectual e Físico, e a Liquidação das Diferenças
Entre Eles

Este título aborda numerosos problemas essencialmente diferentes um do outro,


entretanto eu os reúno num só capítulo, não para misturá-los, mas exclusivamente
para abreviar a exposição.

O problema da abolição das contradições entre a cidade e o campo, entre a


indústria e a agricultura, é um problema conhecido, já há muito tempo equacionado
por Marx e Engels. A base econômica destas contradições é a exploração do campo
pela cidade, a expropriação do campesinato e a ruína da maioria da população rural
devidas ao processo do desenvolvimento da indústria, do comércio e do sistema de
crédito no capitalismo. Por esta razão, a contradição entre a cidade e o campo, no
capitalismo, deve ser considerada como uma contradição de interesses. Nesta base
surgiu a atitude hostil do campo para com a cidade e, em geral, para com a "gente da
cidade".

Sem dúvida, com a destruição do capitalismo e do sistema de exploração, com o


fortalecimento do regime socialista no nosso país deveria também desaparecer a
contradição de interesses entre a cidade e o campo, entre a indústria e a agricultura.
Assim aconteceu. A imensa ajuda dada ao nosso campesinato por parte da cidade
socialista, por parte da nossa classe operária, para liquidar os grandes latifundiários e
os kulaks, consolidou a base da aliança da classe operária com os camponeses; o
fornecimento sistemático aos camponeses e aos seus kolkhoses de tratores e outras
máquinas de primeira qualidade, transformou em amizade a aliança entre a classe
operária e os camponeses. Naturalmente, os operários e os camponeses kolkhosianos
constituem, apesar de tudo, duas classes, que se distinguem uma da outra por sua
situação. Mas esta diferença, de nenhum modo enfraquece a amizade que os une. Ao
contrário, seus interesses se encontram dentro de uma linha comum, a linha do
fortalecimento do regime socialista e da vitória do comunismo. Não admira, por isso,
que da antiga desconfiança, e mais ainda, do ódio do campo contra a cidade, já não
restem vestígios.

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Tudo isso significa que a base das contradições entre a cidade e o campo, entre a
indústria e a agricultura, já foi liquidada pelo nosso atual regime socialista.

Isto, naturalmente, não significa que a abolição das contradições entre a cidade e
o campo deva acarretar a "ruína das grandes cidades" (ver "Anti-Dühring", de Engels).
As grandes cidades não se arruinarão, mas, ao contrário, outras novas grandes cidades
surgirão, como centros não somente da grande indústria, mas também da
transformação dos produtos agrícolas e de um poderoso desenvolvimento de todos os
ramos da indústria alimentar. Esta circunstância facilitará o florescimento cultural do
nosso país e conduzirá a um nivelamento das condições de existência da cidade e do
campo.

Posição análoga temos com o problema da abolição das contradições entre o


trabalho intelectual e o trabalho físico. Este problema é também um problema
conhecido, há muito equacionado por Marx e Engels. A base econômica da
contradição entre o trabalho intelectual e o físico é a exploração dos homens que
realizam o trabalho físico, por parte dos representantes do trabalho intelectual. Todo
mundo conhece a separação existente no capitalismo entre as pessoas que realizam o
trabalho físico nas empresas e o pessoal da direção. É sabido que esta separação fez
surgir uma atitude hostil dos operários para com os diretores, contramestres,
engenheiros e outros representantes do pessoal técnico, considerados pelos operários
como inimigos. Compreende-se que, com a destruição do capitalismo e do sistema de
exploração, devia também desaparecer a contradição de interesses entre o trabalho
físico e o intelectual. E realmente desapareceu no nosso atual regime socialista. Hoje,
os homens que realizam o trabalho físico e o pessoal dirigente não são inimigos, mas
camaradas e amigos, membros de um único coletivo de produção, interessados
vitalmente no progresso e no melhoramento da produção. Da antiga inimizade não
restou vestígio. Caráter completamente distinto tem o problema do desaparecimento
das diferenças entre a cidade (indústria) e o campo (agricultura), entre o trabalho físico
e o intelectual. Este problema não foi focalizado pelos clássicos do marxismo. É um
problema novo, equacionado pela prática de nossa construção socialista.

Não será imaginário este problema? Terá ele para nós alguma importância prática
ou teórica? Não, não se pode considerar este problema como imaginário. Ao contrário,
ele é, para nós, problema sério, no mais alto grau.

Se examinarmos, por exemplo, a diferença entre a agricultura e a indústria,


veremos que entre nós ela não consiste apenas em que as condições de trabalho na
agricultura diferem das da indústria, mas, antes de tudo, e principalmente em que na
indústria temos a propriedade de todo o povo sobre os meios de produção e os
produtos, enquanto na agricultura temos a propriedade, não de todo o povo, mas de
um grupo: a propriedade kolkhosiana. Já se disse que esta circunstância determina a
conservação da circulação de mercadorias, que somente com o desaparecimento
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dessa diferença entre a indústria e a agricultura pode desaparecer a produção


mercantil com todas as conseqüências daí decorrentes. Por conseguinte, não se pode
negar que o desaparecimento desta diferença essencial entre a agricultura e a
indústria deva ter, para nós, uma importância de primeira ordem.

A mesma coisa é preciso dizer do problema da liquidação da diferença essencial


entre o trabalho intelectual e o trabalho físico. Este problema tem para nós, também,
uma significação da mais alta importância. Antes do começo do desenvolvimento da
emulação socialista em massa, o crescimento da indústria em nosso país se fazia
emperradamente e muitos camaradas levantaram a questão de até tornar mais lento o
ritmo do desenvolvimento da indústria. Explica-se isto, principalmente, pelo fato de
ser àquela época, o nível técnico-cultural dos operários bastante baixo e muito
distanciado do nível do pessoal técnico. Na verdade, entretanto, essa situação mudou
de modo radical, depois que a emulação socialista tomou, em nosso país, caráter de
massa. Justamente depois disso, a indústria adiantou-se em ritmo acelerado. Por que a
emulação socialista tomou o caráter de massa? Porque no meio dos operários se
formaram grupos inteiros de camaradas que não somente assimilaram um mínimo de
conhecimentos técnicos, mas foram além, alcançaram o nível do pessoal técnico,
passaram a corrigir os técnicos e engenheiros, a quebrar as normas existentes, como
caducas, e a introduzir novas formas, atualizadas, etc. Que aconteceria se em vez de
grupos isolados de operários, a maioria desses tivesse elevado seu nível técnico e
cultural até o nível dos técnicos e dos engenheiros? Nossa indústria teria alcançado
uma altura inatingível para a indústria de outros países. Portanto é inegável que a
liquidação da diferença essencial entre o trabalho intelectual e o físico, por meio da
elevação do nível técnico-cultural dos operários até o nível do pessoal técnico, não
pode deixar de ter, para nós, uma importância de primeira ordem.

Alguns camaradas afirmam que, com o decorrer do tempo, desaparecerá não


somente a diferença essencial entre a indústria e a agricultura, entre o trabalho físico e
o intelectual, mas desaparecerá também qualquer diferença entre eles. Isto não é
certo. A liquidação da diferença essencial entre a indústria e a agricultura não pede
conduzir à liquidação de toda diferença entre elas. Certa diferença, embora não
essencial, incontestavelmente permanecerá, devido às diferenças nas condições de
trabalho na indústria e na agricultura. Mesmo na indústria, se temos em vista seus
vários ramos, as condições de trabalho não são as mesmas, em toda parte: as
condições de trabalho dos mineiros empregados na extração de carvão, por exemplo,
diferem das dos operários de uma fábrica mecanizada de calçados, as condições de
trabalho dos mineiros empregados na extração de metais diferem das dos operários
das usinas de construção de máquinas. Se isto é certo, então com maior razão se
conservará certa diferença entre a indústria e a agricultura.

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A mesma coisa é preciso dizer a respeito da diferença entre o trabalho intelectual


e o trabalho físico. A diferença essencial entre eles, a diferença do seu nível técnico-
cultural, indiscutivelmente desaparecerá. Mas uma certa diferença, embora não
essencial, subsistirá, quando mais não seja porque as condições de trabalho do pessoal
dirigente das empresas não são idênticas às condições de trabalho dos operários.

Os camaradas que afirmam o contrário apóiam-se, provavelmente, na conhecida


fórmula contida em alguns dos meus trabalhos, em que se fala da liquidação da
diferença entre a indústria e a agricultura, entre o trabalho físico e o intelectual, sem
especificar que se trata da liquidação da diferença essencial e não de qualquer
diferença. Os camaradas assim justamente compreenderam minha fórmula, na
suposição de que ela significava a liquidação de qualquer diferença. Isto quer dizer,
porém, que a fórmula era imprecisa, insatisfatória. É preciso rejeitá-la e substituí-la por
outra fórmula que fale da liquidação das diferenças essenciais e da permanência das
diferenças não essenciais entre a indústria e a agricultura, entre o trabalho intelectual
e o trabalho físico.

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J. V. Stálin

5. A Desagregação do Mercado Mundial Único e o


Aprofundamento da Crise do Sistema Capitalista Mundial

A desagregação do mercado mundial único, universal, deve ser considerada como


o mais importante resultado econômico da segunda guerra mundial e de suas
conseqüências econômicas. Este acontecimento determinou o ulterior
aprofundamento da crise geral do sistema capitalista mundial.

A própria segunda guerra mundial foi gerada por esta crise. Cada uma das duas
coalizões capitalistas, empenhadas na guerra, calculava esmagar o adversário e
conquistar o domínio mundial. Com isso procuravam uma saída para a crise. Os
Estados Unidos da América pensavam eliminar os seus mais perigosos concorrentes, a
Alemanha e o Japão, apoderar-se dos mercados estrangeiros, das fontes mundiais de
matéria-prima e conquistar o domínio mundial.

A guerra, entretanto, não justificou essas esperanças. Na verdade, a Alemanha e o


Japão foram postos fora de combate como concorrentes dos três principais países
capitalistas: Estados Unidos, Inglaterra e França. Mas, concomitantemente, separaram-
se do sistema capitalista a China e as Democracias Populares da Europa, formando
juntamente com a União Soviética um único e poderoso campo socialista, em oposição
ao campo capitalista. Como resultado econômico da existência de dois campos
opostos, o mercado mundial único, universal, desagregou-se, motivo por que temos
atualmente dois mercados mundiais paralelos, que também se opõem um ao outro.

É preciso notar que os Estados Unidos e a Inglaterra, junto com a França,


contribuíram, naturalmente contra sua própria vontade, para a formação e o
fortalecimento do novo mercado mundial paralelo. Promoveram o bloqueio
econômico da União Soviética, da China e dos países europeus de Democracia Popular
que não entraram no sistema do "Plano Marshall", pensando com isso asfixiá-los. Na
realidade, porém, o resultado foi, não a asfixia, mas o fortalecimento do novo mercado
mundial.

Certamente, a causa principal disso reside não no bloqueio econômico, porém no


fato de que no período de após-guerra esses países aproximaram-se economicamente
e estabeleceram a colaboração e a assistência mútua no domínio da economia. A
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experiência desta colaboração mostra que nenhum país capitalista poderia prestar
assistência tão eficaz e tècnicamente de primeira classe. Trata-se, antes de tudo, de
que a base desta colaboração é o sincero desejo de ajudar-se mutuamente e de
alcançar a prosperidade econômica de todos. Como resultado, temos os altos ritmos
de desenvolvimento industrial nestes países. Podemos dizer, com certeza, que com
tais ritmos de desenvolvimento industrial, esses países em breve não terão mais
necessidade de importar mercadorias dos países capitalistas, mas sentirão necessidade
de exportar os excedentes de sua produção.

Disto decorre que a esfera de exploração dos recursos mundiais pelos principais
países capitalistas (Estados Unidos, Inglaterra, França) não se expandirá, mas, pelo
contrário, se contrairá; que piorarão para esses países as possibilidades de venda no
mercado mundial e que suas indústrias funcionarão cada vez mais abaixo de sua
capacidade. Justamente nisto consiste o aprofundamento da crise geral do sistema
capitalista mundial, em ligação com a desagregação do mercado mundial.

Sentem-no os próprios capitalistas, pois é difícil não sentir a perda de mercados


como os da URSS e da China. Eles tudo fazem para resolver estas dificuldades com
o Plano Marshall, a guerra na Coréia, a corrida armamentista, a militarização da
indústria. Mas isso lembra muito o provérbio do afogado que se agarra a uma
palhinha.

Como resultado de tal situação, os economistas se encontram diante de dois


problemas:

1. Pode-se afirmar que ainda esteja em vigor a conhecida tese de Stálin


sobre a estabilidade relativa dos mercados, no período da crise geral do
capitalismo, formulada ainda antes da segunda guerra mundial?
2. Pode-se afirmar que ainda esteja em vigor a conhecida tese
de Lênin formulada na primavera de 1916, de que não obstante a
decomposição do capitalismo, "o capitalismo em conjunto cresce
consideravelmente mais depressa do que antes"?

Penso que não se pode afirmar isso. Em face das novas condições, surgidas com a
segunda guerra mundial, é preciso considerar que estas duas teses caducaram.

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J. V. Stálin

6. A Inevitabilidade das Guerras Entre os Países Capitalistas

Alguns camaradas afirmam que devido ao desenvolvimento das novas condições


internacionais, após a segunda guerra mundial, as guerras entre os países capitalistas
deixaram de ser inevitáveis. Consideram que as contradições entre os campos do
socialismo e do capitalismo são mais fortes do que as contradições entre os países
capitalistas; que os Estados Unidos já dominam suficientemente os outros países
capitalistas, para impedi-los de guerrear-se entre si e de enfraquecer-se mutuamente;
que os homens avançados do capitalismo já estão bem instruídos pela experiência de
duas guerras mundiais — guerras que causaram sérios prejuízos a todo o mundo
capitalista — para outra vez permitirem que os países capitalistas sejam arrastados a
uma guerra entre si e que, em vista de tudo isto, as guerras entre os países capitalistas
deixaram de ser inevitáveis.

Estes camaradas estão errados. Eles vêem os fenômenos externos, que aparecem
na superfície, mas não vêem as forças profundas que, embora no momento atuem
imperceptivelmente, irão determinar a marcha dos acontecimentos.

Externamente parece que tudo "vai bem": os Estados Unidos puseram no regime
de tutela a Europa Ocidental, o Japão e outros países capitalistas. A Alemanha
(Ocidental), a Inglaterra, a França, a Itália, o Japão, nas garras dos Estados Unidos,
executam obedientemente as suas ordens. Mas seria um erro supor que este "bem-
estar" possa conservar-se "eternamente", que estes países suportarão para sempre a
dominação e o jugo dos Estados Unidos e que não tentarão livrar-se do cativeiro
americano e tomar o caminho do desenvolvimento independente.

Vejamos, antes de tudo, a Inglaterra e a França. Sem dúvida, estes países são
imperialistas. Sem dúvida, a matéria-prima barata e os mercados de escoamento
garantidos têm para eles uma importância de primeira ordem. Será lícito supor que
esses países suportarão indefinidamente a situação atual, em que os americanos, a
pretexto da "ajuda do plano Marshall", penetram na economia da Inglaterra e da
França, tentando convertê-las em apêndices da economia dos Estados Unidos; em que
o capital americano se apodera das matérias-primas e dos mercados de exportação
coloniais anglo-franceses, preparando assim uma catástrofe para os altos lucros dos
capitalistas anglo-franceses? Não seria mais certo dizer que a Inglaterra capitalista, e
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com ela a França capitalista, serão por fim obrigadas a escapar dos braços dos Estados
Unidos e a entrar em conflito com estes a fim de garantirem uma situação
independente e, naturalmente, altos lucros?

Passemos aos principais países vencidos: a Alemanha (Ocidental) e o Japão. Estes


países levam hoje uma existência lastimável, sob a bota do imperialismo americano.
Sua indústria e sua agricultura, seu comércio, sua política interna e externa, toda a sua
vida está acorrentada pelo "regime" de ocupação americano. Mas estes países ainda
ontem eram grandes potências imperialistas, que abalavam as bases do domínio da
Inglaterra, dos Estados Unidos, da França, na Europa e na Ásia. Pensar que estes países
não tentarão pôr-se novamente de pé, destruir o "regime" dos Estados Unidos e
enveredar pelo caminho do desenvolvimento independente — significa acreditar em
milagres.

Diz-se que as contradições entre o capitalismo e o socialismo são mais fortes do


que as contradições entre os países capitalistas. Teoricamente isso, sem dúvida, é
verdade. Isso é certo não somente agora, no momento atual, como também o era
antes da segunda guerra mundial. Os dirigentes dos países capitalistas compreendiam
isso, mais ou menos bem. Mas, apesar de tudo, a segunda guerra mundial foi iniciada
não contra a URSS, mas com a guerra entre os países capitalistas. Por que? Porque, em
primeiro lugar, a guerra contra a URSS, país do socialismo, é mais perigosa para o
capitalismo do que a guerra entre os países capitalistas, visto que se a guerra entre os
países capitalistas apresenta a questão apenas da supremacia de uns países
capitalistas sobre outros países capitalistas, a guerra contra a URSS apresentaria,
inevitavelmente, a questão da existência do próprio capitalismo. Porque, em segundo
lugar, embora os capitalistas proclamem, para fins de propaganda, a agressividade da
União Soviética, eles próprios não acreditam nesta agressividade, porque têm em
conta a política de paz da União Soviética e sabem que a União Soviética não atacará
os países capitalistas. Após a primeira guerra mundial, considerava-se também que a
Alemanha havia sido definitivamente posta fora de combate, do mesmo modo como
pensam atualmente alguns camaradas que o Japão e a Alemanha foram
definitivamente postos fora de combate. Naquela época também se falava e se
proclamava na imprensa que os Estados Unidos haviam posto a Europa no regime de
tutela, que a Alemanha não poderia mais pôr-se de pé, que daí por diante não haveria
mais guerra entre os países capitalistas. Apesar disso a Alemanha pôs-se de pé e
elevou-se a grande potência passados 15-20 anos depois da sua derrota, libertou-se do
cativeiro e tomou o caminho do desenvolvimento independente. É sintomático o fato
de que a Inglaterra e os Estados Unidos tenham sido precisamente os que ajudaram a
Alemanha a reerguer-se economicamente e a elevar seu potencial econômico e
militar. É certo que os Estados Unidos e a Inglaterra, ajudando a Alemanha a levantar-
se economicamente, tiveram em vista dirigir a Alemanha restaurada contra a União
Soviética, usá-la contra o país do socialismo. A Alemanha, porém, dirigiu suas forças,

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em primeiro lugar, contra o bloco anglo-franco-americano. E quando a Alemanha


hitlerista declarou guerra à União Soviética, o bloco anglo-franco-americano não só
deixou de associar-se à Alemanha hitlerista como, pelo contrário, foi obrigada a
coligar-se com a URSS, contra a Alemanha hitlerista.

Conseqüentemente, a luta dos países capitalistas pelos mercados e o desejo de


esmagar os seus concorrentes mostraram-se na prática mais fortes do que as
contradições entre o campo do capitalismo e o do socialismo.

Pergunta-se: que garantia pode haver de que a Alemanha e o Japão não se


reerguerão novamente, que não tratarão de escapar ao cativeiro norte-americano e de
viver uma vida independente? Penso que tais garantia não existem.

Daí decorre, pois, que a inevitabilidade das guerras entre os países capitalistas
continua em vigor.

Diz-se que a tese de Lênin, de que o imperialismo inevitavelmente gera as


guerras, deve ser considerada caduca, visto como, atualmente, desenvolveram-se
poderosas forças populares que atuam em defesa da paz, contra uma nova guerra
mundial. Isto não é certo.

O movimento atual pela paz tem por objetivo levantar as massas populares para a
luta pela manutenção da paz, para impedir uma nova guerra mundial. Por conseguinte,
não tem o objetivo de derrubar o capitalismo e estabelecer o socialismo; limita-se aos
objetivos democráticos da luta pela manutenção da paz. Sob este aspecto, o atual
movimento pela manutenção da paz difere do movimento realizado no período da
primeira guerra mundial para transformar a guerra imperialista em guerra civil, uma
vez que este último movimento ia mais além e tinha objetivos socialistas.

Pode acontecer que, dentro de certas circunstâncias, a luta pela paz se


desenvolva em alguns lugares, transformando-se em luta pelo socialismo; no entanto,
isto já seria, não o atual movimento pela paz, mas um movimento para a derrubada do
capitalismo.

O mais provável é que o atual movimento pela paz, como movimento pela
manutenção da paz, sendo bem sucedido, conseguirá evitar uma determinada guerra,
adiá-la por certo tempo, manter por certo tempo uma determinada paz, afastar um
governo belicista e substituí-lo por outro governo disposto a manter temporariamente
a paz. Isto, naturalmente, é uma boa coisa. Uma ótima coisa, aliás. Entretanto, isso não
basta para eliminar a inevitabilidade das guerras em geral, entre os países capitalistas.
Não basta porque mesmo com um movimento bem sucedido em defesa da paz, o
imperialismo subsiste, conserva sua força e, por conseguinte, subsiste também a
inevitabilidade das guerras.

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Para eliminar a inevitabilidade das guerras, é preciso destruir o imperialismo.

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J. V. Stálin

7. As Leis Econômicas Fundamentais do Capitalismo


Contemporâneo e do Socialismo

Como já se sabe, a questão das leis econômicas fundamentais do capitalismo e do


socialismo foi apresentada repetidas vezes durante a discussão. Emitiram-se diferentes
opiniões a esse respeito, mesmo as mais fantásticas. Na verdade, a maioria dos que
tomaram parte na discussão reagiu fracamente em relação a este assunto, não sendo
indicada nenhuma solução. Nenhum dos participantes da discussão, todavia, negou a
existência dessas leis.

Existe uma lei econômica fundamental do capitalismo? Sim, existe. Qual é esta
lei? Quais são os seus traços característicos? A lei econômica fundamental do
capitalismo é uma lei que determina não um aspecto isolado ou alguns processos
isolados do desenvolvimento da produção capitalista, mas todos os aspectos principais
e todos os processos principais deste desenvolvimento. Conseqüentemente,
determina a substância da produção capitalista, a sua essência.

Não seria a lei do valor a lei econômica fundamental do capitalismo? Não. A lei do
valor é, antes de tudo, a lei da produção mercantil. Ela existia antes do capitalismo e
continuará a existir enquanto subsistir a produção mercantil, mesmo depois da
derrubada do capitalismo, como, por exemplo, em nosso país, se bem que dentro de
uma esfera limitada de ação. Naturalmente, a lei do valor, que tem larga esfera de
ação nas condições do capitalismo, desempenha um grande papel no desenvolvimento
da produção capitalista; entretanto, ela não somente não determina a essência da
produção capitalista e as bases dos lucros capitalistas, como nem sequer focaliza tais
problemas. Por isso, não pode ser a lei econômica fundamental do capitalismo
contemporâneo. Pelas mesmas razões, nem a lei da concorrência e da anarquia da
produção, nem a lei do desenvolvimento desigual do capitalismo nos diferentes países,
tampouco pode ser a lei econômica fundamental do capitalismo contemporâneo.

Diz-se que a lei da taxa média do lucro é a lei econômica fundamental do


capitalismo contemporâneo. Isto não é certo. O capitalismo contemporâneo,
capitalismo monopolista, não pode satisfazer-se com o lucro médio, cuja tendência,
aliás, é para baixar, com a elevação da composição orgânica do capital. O capitalismo

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monopolista contemporâneo exige não o lucro médio, mas o lucro máximo, necessário
para realizar uma reprodução ampliada mais ou menos regular.

Mais que qualquer outra, aproxima-se do Conceito de lei econômica fundamental


do capitalismo a lei da mais-valia, a lei da formação e do crescimento do lucro
capitalista. Esta lei, realmente, predetermina os traços fundamentais da produção
capitalista. A lei da mais-valia, entretanto, é uma lei demasiadamente geral, que não
toca nos problemas da taxa superior de lucro, cuja existência garantida é condição de
desenvolvimento do capital monopolista; a fim de preencher esta lacuna é preciso
concretizar a lei da mais-valia e desenvolvê-la ulteriormente, aplicando-a às condições
do capital monopolista, considerando que o capital monopolista exige não um lucro
qualquer, mas, precisamente, o lucro máximo. Esta será a lei econômica fundamental
do capitalismo atual.

As características e exigências principais da lei econômica fundamental do


capitalismo contemporâneo, poderiam formular-se, aproximadamente, desta maneira:
garantia de máximo lucro capitalista, por meio da exploração, ruína e pauperização da
maioria da população de um dado país; por meio da escravização e sistemática
pilhagem dos povos de outros países, particularmente dos países atrasados; e,
finalmente, por meio das guerras e da militarização da economia nacional utilizadas
para garantir os lucros máximos.

Diz-se que o lucro médio deveria, apesar de tudo, ser considerado inteiramente
satisfatório para o desenvolvimento do capitalismo nas condições atuais. Isto não está
certo. O lucro médio é o mais baixo limite da rentabilidade, abaixo do qual a produção
capitalista se torna impossível. Mas, seria ridículo pensar que os magnatas do
capitalismo monopolista contemporâneo, ao apoderar-se de colônias, escravizar os
povos e tramar as guerras, aspiram apenas a garantir o lucro médio. Não, não é o lucro
médio, nem o super lucro, que em geral representa apenas certo excedente sobre o
lucro médio, mas justamente o lucro máximo que constitui o motor do capitalismo
monopolista. Precisamente a necessidade de obtenção de lucros máximos impele o
capitalismo monopolista a arriscados passos, como a escravização e a pilhagem
sistemática das colônias e de outros países atrasados, a transformação de muitos
países independentes em dependentes, a organização de novas guerras, que são para
os dirigentes do capitalismo atual o melhor "business" para a extração dos lucros
máximos, e por fim as tentativas de dominação econômica do mundo.

A importância da lei econômica fundamental do capitalismo consiste, entre


outras coisas, no fato de que, ao determinar todos os mais importantes fenômenos no
domínio do desenvolvimento do modo de produção capitalista, seus períodos de
prosperidade e de crises, suas vitórias e derrotas, seus méritos e falhas, enfim, todo o
processo de seu desenvolvimento contraditório oferece a possibilidade de
compreendê-los e explicá-los.
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Eis aqui um dos numerosos exemplos "surpreendentes".

São de todos conhecidos os fatos da história e da prática do capitalismo, que


demonstram o desenvolvimento impetuoso da técnica no capitalismo, quando os
capitalistas se tornam porta-bandeiras da técnica avançada, como revolucionários no
domínio do desenvolvimento da técnica da produção. Também são conhecidos fatos
de outra espécie, que demonstram a interrupção do desenvolvimento da técnica no
capitalismo, quando os capitalistas se tornam reacionários no domínio do
desenvolvimento da nova técnica e passam, não raramente, para o trabalho manual.

Como explicar esta flagrante contradição? Só pode ser explicada pela lei
econômica fundamental do capitalismo contemporâneo, isto é, pela necessidade de
obtenção de lucros máximos. O capitalismo se decide pela nova técnica, quando ela
lhe promete os maiores lucros. O capitalismo coloca-se contra a nova técnica e pela
passagem ao trabalho manual, quando a nova técnica não lhe promete mais os
maiores lucros.

Assim se passam as coisas em relação à lei econômica fundamental do


capitalismo contemporâneo.

Existe uma lei econômica fundamental do socialismo? Sim, existe. Em que


consistem as características essenciais e as exigências dessa lei? As características
essenciais e as exigências da lei econômica fundamental do socialismo poderiam ser
formuladas aproximadamente do seguinte modo: garantia da máxima satisfação das
necessidades materiais e culturais, sempre crescentes, de toda a sociedade, por meio
do ininterrupto aumento e aperfeiçoamento da produção socialista, à base de uma
técnica superior.

Por conseguinte: ao invés da garantia de lucros máximos, a garantia da máxima


satisfação das necessidades materiais e culturais da sociedade; ao invés do
desenvolvimento da produção com intermitências da prosperidade à crise e da crise à
prosperidade, o crescimento ininterrupto da produção; ao invés de periódicas
interrupções no progresso da técnica, acompanhadas pela destruição de forças
produtivas da sociedade, o ininterrupto aperfeiçoamento da produção à base da mais
alta técnica.

Diz-se que a lei econômica fundamental do socialismo é a lei do desenvolvimento


harmonioso, proporcional, da economia nacional e portanto a planificação da
economia nacional, que é um reflexo mais ou menos fiel dessa lei, por si só nada pode
significar, se se desconhece o objetivo do desenvolvimento planificado da economia
nacional ou se esse objetivo não está claro. A lei do desenvolvimento harmonioso da
economia nacional só pode produzir o efeito necessário no caso de se ter um objetivo
em nome do qual se realiza o desenvolvimento planificado da economia nacional. Este

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objetivo não pode ser estabelecido pela própria lei do desenvolvimento harmonioso
da economia nacional. Com maior razão, não pode ser estabelecido por uma
planificação da economia nacional. Este objetivo está não na lei econômica
fundamental do socialismo e consiste nas exigências acima expostas. Por isso, a lei do
desenvolvimento harmonioso da economia nacional só pode expandir-se livremente
no caso de apoiar-se na lei econômica fundamental do socialismo.

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J. V. Stálin

8. Outras Questões

1) A coação extra-econômica no feudalismo.

Certamente, a coação extra-econômica desempenhou seu papel no


fortalecimento do poder econômico dos latifundiários feudais, embora a base do
feudalismo não fosse essa coação, mas sim a propriedade feudal da terra.

2) A propriedade pessoal da família kolkhosiana.

Seria errado dizer que "cada família kolkhosiana possui, em usufruto pessoal, uma
vaca, aves e gado menor". Na realidade, como é sabido, a vaca, o gado menor, as aves,
etc., não se encontram em usufruto pessoal mas como propriedadepessoal da família
kolkhosiana. A expressão "em usufruto pessoal" é tirada, visivelmente, do Estatuto
Modelo do Artel Agrícola. Mas no Estatuto Modelo do Artel Agrícola foi cometido um
erro. A Constituição da URSS, elaborada mais cuidadosamente, diz outra coisa,
exatamente o seguinte:

"Cada família kolkhosiana... possui como propriedade pessoal uma


economia auxiliar, isto é: uma casa de moradia, o gado produtivo,
aves e pequeno material agrícola".

Isto, evidentemente, está certo.

Precisaria, além disso, ser dito mais detalhadamente que cada kolkhosiano possui,
como propriedade pessoal, de uma a tantas vacas, segundo as condições locais; tantas
ovelhas, cabras, porcos (também de um a tantos, segundo as condições locais) e uma
quantidade ilimitada de aves domésticas (patos, gansos, galinhas, perus).

Todos estes detalhes têm grande importância para nossos camaradas do


estrangeiro, que querem saber exatamente o que cabe de fato à família kolkhosiana
como propriedade pessoal, depois de realizada a coletivização da agricultura em nosso
país.

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3) O valor do arrendamento pago pelo camponês ao proprietário de terras, bem


como o valor dos gastos com a compra da terra.

O projeto de Manual diz que, em conseqüência da nacionalização da terra, "os


camponeses se livraram de pagar arrendamentos aos proprietários de terras,
equivalentes ao total aproximado de 500 milhões de rublos por ano" (é preciso dizer
rublos "ouro"). Esta cifra precisaria ser apresentada com maior exatidão, pois, como
me parece, não se refere à soma do arrendamento em toda a Rússia, mas apenas na
maioria de suas províncias. É preciso ter em vista que em muitas regiões afastadas da
Rússia o pagamento da renda era feito com produtos, fato que, ao meu ver, não foi
tomado em consideração pelos autores do Manual. Finalmente, é preciso ter em vista
que o campesinato se libertou, não somente do pagamento da renda, mas também
dos gastos anuais com as compras da terra. Teria sido isso tomado em consideração no
projeto de Manual? Parece-me que não; mas precisaria ter sido.

4) A fusão dos monopólios com o aparelho estatal.

O termo "fusão" não é apropriado. Este termo assinala superficial e


descritivamente a aproximação dos monopólios e do Estado, mas não revela o sentido
econômico dessa aproximação. Na verdade, no processo dessa aproximação, há não
uma simples fusão, mas uma subordinação do aparelho estatal aos monopólios.

Por isso seria bom rejeitar a palavra "fusão", substituindo-a pelas palavras
"subordinação do aparelho estatal aos monopólios.

5) O emprego das máquinas na URSS.

No projeto de Manual diz-se que "na URSS as máquinas são usadas em todos os
casos, quando poupam trabalho à sociedade". Não é isto absolutamente o que se
precisaria dizer. Primeiro, as máquinas na URSS sempre economizam trabalho à
sociedade, visto que não conhecemos casos em que elas, nas condições da URSS, não
tivessem economizado trabalho da sociedade. Segundo, as máquinas não apenas
economizam trabalho, mas ao lado disso facilitam o trabalho do homem, em vista do
que, nas nossas condições, diferentes das existentes no capitalismo, os operários com
grande prazer usam as máquinas no processo do trabalho.

Por isso, seria preciso dizer que em parte alguma as máquinas são utilizadas com
tanta boa vontade como na URSS, pois as máquinas economizam trabalho à sociedade
e facilitam o trabalho dos operários, e como não há desemprego na URSS, os
operários, com grande prazer, usam as máquinas na economia nacional.

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6) A situação material da classe operária nos países capitalistas.

Quando se fala da situação material da classe operária, habitualmente se pensa


nos operários ocupados na produção, não se levando em conta a situação material
daqueles que estão incluídos no chamado exército de reserva dos sem-trabalho. Seria
correto encarar desse modo a questão da situação material da classe operária? Creio
que não. Se existe exército de reserva dos sem-trabalho, cujos membros não têm do
que viver, além da venda de sua própria força de trabalho, então os desempregados
não podem entrar no conjunto da classe operária. Mas se entrarem no conjunto da
classe operária, sua situação de miséria não pode deixar de influir sobre a situação
material dos operários ocupados na produção. Por isso, penso que na caracterização
da situação material da classe operária, nos países capitalistas, seria preciso levar em
conta também a situação do exército de reserva dos operários desempregados.

7) A renda nacional.

Penso que se deveria incluir, impreterivelmente, no projeto de Manual, um novo


capítulo sobre a renda nacional.

8) Sobre o capítulo especial do Manual, que trata de Lênin e Stálin como criadores da
Economia Política do Socialismo.

Penso que se deve excluir do Manual o capítulo "A doutrina marxista do


socialismo. A criação da Economia Política do Socialismo, por V. I. Lênin e J. V. Stálin".

Este capítulo é completamente desnecessário, porque nada de novo apresenta, e


apenas repete palidamente as coisas que foram ditas com mais pormenores nos
anteriores capítulos do Manual.
No que diz respeito às restantes questões, não tenho qualquer observação a fazer
sobre as "propostas" dos camaradas Ostrovitianov, Leontiev, Chepilov, Gatovsky e
outros.

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J. V. Stálin

9. A Importância Internacional de um Manual Marxista de


Economia Política

Penso que os camaradas não tomaram em consideração toda a importância de


um Manual Marxista de Economia Política. O Manual é necessário não apenas para a
nossa juventude soviética. É particularmente necessário para os comunistas de todos
os países, como também para os simpatizantes. Nossos camaradas do estrangeiro
querem saber de que maneira nos livramos da escravidão capitalista, de que modo
transformamos a economia do país no espírito do socialismo; como conseguimos a
amizade dos camponeses; como conseguimos a transformação do nosso país, ainda há
pouco pobre e fraco, num país rico e poderoso; querem saber o que representam
os kolkhoses, e por que nós, embora tenhamos socializado os meios de produção, não
abolimos a produção mercantil, o dinheiro, o comércio, etc. Querem saber tudo isto e
muitas coisas também, não por simples curiosidade, mas para aprender conosco e
utilizar as nossas experiências nos seus países. Por estas razões, a publicação de um
bom Manual Marxista de Economia Política tem não somente importância política
interna, como também grande importância internacional.

Precisamos, por conseguinte, de um Manual que possa servir como livro de


cabeceira para a juventude revolucionária, não apenas dentro do nosso país, como
também no estrangeiro. Ele não deve ser muito volumoso, porque um Manual muito
volumoso não pode servir de livro de cabeceira e será difícil de assimilar, de ser
estudado. Não obstante, deve conter tudo o que é fundamental a respeito da
economia de nosso país, como também no que se refere à economia do capitalismo e
do sistema colonial.

Alguns camaradas propuseram durante as discussões incluir no Manual toda uma


série de novos capítulos — os historiadores, a respeito da história; os políticos, sobre
política; os filósofos, sobre filosofia; os economistas, sobre economia. Mas isto
determinaria que o Manual crescesse e chegasse a um volume imenso. Naturalmente,
isto não pode ser admitido. O Manual utiliza o método histórico para ilustrar os
problemas de economia política, mas isto não significa que devamos transformar o
Manual de economia política em História das relações econômicas.

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Precisamos de um Manual de umas 500, no máximo 600 páginas, não mais. Este
será um verdadeiro livro de cabeceira de Economia Política marxista, um bom presente
para os jovens comunistas de todos os países. Além do mais, em vista do insuficiente
nível de desenvolvimento marxista da maioria dos Partidos Comunistas dos países
estrangeiros, esse Manual pode ser de grande proveito também para os velhos
quadros comunistas desses países.

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J. V. Stálin

10. Meios de Melhorar o Projeto de Manual de Economia


Política

Durante as discussões, alguns camaradas, com excessivo zelo "arrasaram" o


projeto de Manual, censuraram os autores por causa de seus erros e falhas e
afirmaram que o projeto não era bom. Isto é injusto. Certamente há erros e omissões
no Manual, como sempre acontece numa grande obra. Mas, apesar de tudo que foi
dito, a maioria esmagadora dos participantes da discussão reconheceu que o projeto
poderia servir como base para o futuro Manual, necessitando apenas de algumas
correções e acréscimos. Efetivamente, basta comparar este projeto com os outros
manuais de economia política já em circulação, para se chegar à conclusão de que o
projeto sobrepuja, de muito, os existentes. Nisto consiste o grande mérito dos autores
do projeto de Manual. Penso que para melhorar o projeto desse Manual, seria
conveniente designar uma pequena comissão, que inclua não somente os seus
autores, não apenas os partidários da maioria dos participantes da discussão, como
também os adversários da maioria, os críticos ferozes do projeto de Manual.

Seria bom, igualmente, incluir na comissão um estatístico experimentado para a


comprovação das cifras e para a inclusão no projeto de novos dados estatísticos, como
também um jurista competente, para verificar a exatidão das formulações.

Os membros da comissão precisariam ser desobrigados, temporariamente, de


qualquer outro trabalho, dando-se-lhes todas as possibilidades materiais, a fim de
poderem dedicar-se inteiramente à elaboração do Manual. Afora isso, seria necessário
designar uma comissão de redação, digamos de três pessoas, para a redação final do
Manual. Isto é indispensável também para se ter a unidade de estilo, que não existe,
infelizmente, no projeto atual.

O prazo para a apresentação do Manual ao Comitê Central deverá ser de um ano.

1 de fevereiro de 1952.
J. STALIN

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Problemas Econômicos do Socialismo na URSS

J. V. Stálin

Resposta ao Camarada Alexandre Ilitch Notkin

Camarada Notkin:

Não me apressei com a resposta, porque não considero urgentes as questões por
você apresentadas. Além disso, existem outras questões, de caráter urgente, que
naturalmente desviaram a minha atenção de sua carta.

Primeiro ponto

Há nas "Observações" a conhecida tese de que a sociedade não é impotente ante


as leis da ciência e que os homens podem, conhecendo as leis econômicas, utilizá-las
no interesse da sociedade. Você afirma que esta tese não pode ser aplicada a outras
formações sociais, que ela só pode vigorar no socialismo e no comunismo, que o
caráter espontâneo dos processos econômicos, por exemplo, no capitalismo, não
permite à sociedade utilizar as leis econômicas no seu interesse.

Isto não é certo. Na época da revolução burguesa, na França, por exemplo, a


burguesia usou contra o feudalismo a conhecida lei da correspondência obrigatória das
relações de produção com o caráter das forças produtivas, pôs abaixo as relações de
produção feudais, criou as novas relações de produção burguesas e colocou-as em
correspondência com o caráter das forças produtivas, formadas no seio do regime
feudal. A burguesia fez isso não porque tivesse aptidões especiais, mas porque estava,
vitalmente interessada nisso. Os feudais resistiram a isso não porque fossem estultos,
mas porque estavam vitalmente interessados em impedir a realização dessa lei. O
mesmo é preciso dizer da revolução socialista em nosso país. A classe operária utilizou
a lei da correspondência obrigatória entre as relações de produção e o caráter das
forças produtivas, destruiu as relações de produção burguesas, criou as novas relações
de produção socialistas, pondo-as em correspondência com o caráter das forças
produtivas. A classe operária pôde fazê-lo, não porque tivesse aptidões especiais, mas
porque estava vitalmente interessada nisso. A burguesia que, de força de vanguarda,
nos albores da revolução burguesa, já se havia convertido numa força contra-
revolucionária, resistiu, por todos os meios, à realização dessa lei — e resistiu não
porque lhe faltasse organização nem porque o caráter espontâneo dos processos

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econômicos a isso a obrigasse, mas, principalmente, porque estava vitalmente


interessada em impedir a realização dessa lei.

Por conseguinte:

1. A utilização dos processos econômicos, das leis econômicas, no interesse da


sociedade, realiza-se em tal ou qual medida, não apenas no socialismo ou no
comunismo, mas também em outras formações sociais.
2. A utilização das leis econômicas sempre e em toda parte, numa sociedade de
classes, tem caráter de classe, pois que o porta-bandeira da utilização das leis
econômicas no interesse da sociedade, sempre e em toda parte é a classe
progressista, enquanto as classes moribundas a isso resistem.

A diferença, neste caso, entre o proletariado, de um lado, e as outras classes que


já realizaram no decorrer da história revoluções nas relações de produção, de outro
lado, consiste em que os interesses da classe proletária se fundem com os interesses
da maioria esmagadora da sociedade; pois a revolução do proletariado significa não a
abolição desta ou daquela forma de exploração, mas a abolição de qualquer
exploração, enquanto as revoluções das outras classes, abolindo apenas esta ou
aquela forma de exploração, se limitaram ao quadro de seus estreitos interesses de
classe, que se encontravam em contradição com os interesses da maioria da
Sociedade. Nas "Observações" fala-se sobre o caráter de classe da utilização das leis
econômicas no interesse da sociedade. Lá se diz que "diferentemente das leis das
ciências naturais, onde o descobrimento e a aplicação de uma nova lei realiza-se mais
ou menos suavemente, no domínio econômico os descobrimentos e as aplicações de
novas leis, que afetem os interesses das forças moribundas da sociedade, encontram a
mais forte resistência, por parte dessas forças". Todavia você não prestou atenção a
isto.

Segundo ponto

Você afirma que a completa correspondência das relações de produção com o


caráter das forças produtivas só pode ser alcançada no socialismo e no comunismo, e
que nas outras formações sociais somente uma incompleta correspondência se pode
realizar.

Isto não é certo. No período posterior à revolução burguesa, no qual a burguesia


destruiu as relações de produção feudais e instituiu as relações de produção
burguesas, houve inegavelmente períodos em que as relações de produção burguesas
correspondiam plenamente ao caráter das forças produtivas. No caso contrário, o
capitalismo não teria podido desenvolver-se com a rapidez com que se desenvolveu
depois da revolução burguesa.

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Ademais, não se devem compreender em seu sentido absoluto as palavras


"completa correspondência". Não devem ser compreendidas no sentido de que no
socialismo, não exista nenhum atraso das relações de produção em face do
crescimento das forças produtivas. As forças produtivas são as mais móveis e
revolucionárias forças da produção. Indiscutivelmente, elas marcham à frente das
relações de produção, mesmo no socialismo. As relações de produção, somente depois
de algum tempo se transformam de conformidade com o caráter das forças
produtivas.

Como, neste caso, é preciso entender as palavras "completa correspondência"?


Deve-se compreendê-las no sentido de que no socialismo, geralmente, não chega a
haver um conflito entre as relações de produção e as forças produtivas, no sentido de
que a sociedade pode, a seu tempo, colocar as relações de produção, que se atrasam,
em correspondência com o caráter das forças produtivas. A sociedade socialista tem a
possibilidade de fazê-lo, porque em seu seio não existem classes moribundas capazes
de organizar uma resistência. Naturalmente, também no socialismo haverá forças
inertes que se atrasam, que não compreendem a necessidade de modificar as relações
de produção, mas, decerto, não será difícil vencê-las, sem chegar para isso a um
conflito.

Terceiro ponto

Dos seus raciocínios decorre que os meios de produção e, antes de tudo, os


instrumentos de produção, fabricados por nossas empresas nacionalizadas, você os
considera mercadorias.

Será possível considerar os meios de produção do nosso regime socialista como


mercadorias? A meu ver, de modo algum isso será possível.

A mercadoria é um produto da produção que se vende a qualquer comprador,


pelo que, ao efetuar-se a venda, o seu possuidor perde o direito de propriedade sobre
ela, enquanto o comprador torna-se o proprietário da mercadoria, podendo revendê-
la, empenhá-la, deixá-la estragar-se. Conviria definir dessa maneira os meios de
produção? Claro que não. Em primeiro lugar, os meios de produção não "se vendem" a
qualquer comprador, não "se vendem" nem aos kolkhoses; apenas são distribuídos
pelo Estado entre suas empresas. Em segundo lugar, o dono dos meios de produção —
isto é, o Estado — ao entregá-los a uma ou outra empresa, de nenhum modo perde os
direitos de propriedade sobre esses meios de produção, mas, ao contrário, conserva-
os integralmente. Em terceiro lugar, os diretores de empresas, que recebem os meios
de produção do Estado, não somente não se tornam proprietários, mas ao contrário
são considerados mandatários pelo Estado Soviético para dirigir o emprego os meios
de produção de acordo com planos estabelecidos pelo Estado.

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Como é evidente, os meios de produção, em nosso regime, não podem ser


incluídos na categoria de mercadorias.

Por que, então, se fala do valor dos meios de produção, do seu custo, do seu
preço, etc.?

Por duas razões.

Primeira. Porque é necessário para o cálculo, para a contabilidade, para


determinar se as empresas são ou não rentáveis, para o controle e verificação das
empresas. Mas isto é apenas o lado formal da questão.

Segunda. Porque é necessário para realizar, de acordo com os interesses do


comércio exterior, a venda de meios de produção aos países estrangeiros. Aqui, no
domínio do comércio exterior, mas somente neste domínio, nossos meios de produção
realmente são mercadorias e realmente se vendem (sem aspas).

Resulta, desta maneira, que no domínio do comércio exterior, os meios de


produção fabricados por nossas empresas conservam as propriedades de mercadorias,
tanto na forma como também na essência, enquanto no domínio da circulação
econômica dentro do país, os meios de produção perdem as propriedades de
mercadorias, deixam de ser mercadorias, e saem dos limites da esfera de ação da lei
do valor, conservando apenas a aparência de mercadorias (cálculos, etc.).

Como explicar estas peculiaridades?

Em nossas condições econômicas socialistas, na verdade, o desenvolvimento se


realiza não sob a forma de revoluções, mas sob a de mudanças graduais, em que o
velho não é pura e simplesmente abolido, mas muda de natureza para adaptar-se ao
novo, conservando, apenas, sua forma; e o novo não destrói simplesmente o velho,
mas penetra no velho, modificando-lhe a natureza e suas funções, sem romper a sua
forma, mas aproveitando-a para o desenvolvimento do novo. Assim acontece não
somente com as mercadorias, mas também com o dinheiro em nossa circulação
econômica, bem como com os bancos que, ao perderem suas antigas funções e ao
adquirirem novas, conservam sua forma antiga, utilizada pelo regime socialista.

Se encararmos o assunto do ponto de vista formal, do ponto de vista dos


processos que operam na superfície dos fenômenos, pode-se chegar à falsa conclusão
de que as categorias do capitalismo continuam vigorando em nossa economia. Se, ao
contrário, examinarmos o assunto através da análise marxista, que faz uma rigorosa
distinção entre o conteúdo do processo econômico e a sua forma, entre o que há de
profundo nos processos de desenvolvimento e os fenômenos superficiais, então pode-
se chegar à única e correta conclusão de que, das antigas categorias do capitalismo,

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conservou-se, em nosso país, principalmente a forma, a aparência exterior; quanto à


essência, essas categorias mudaram radicalmente em nosso país, segundo as
exigências do desenvolvimento da economia nacional, da economia socialista.

Quarto ponto

Você afirma que a lei do valor exerce uma ação reguladora sobre os preços dos
"meios de produção", produzidos pela agricultura e entregues ao Estado pelos preços
de tabela. Refere-se você, neste caso, aos "meios de produção" como matérias-primas,
por exemplo, o algodão. Você poderia acrescentar também o linho, a lã e outras
matérias-primas agrícolas.

Antes de tudo é preciso assinalar que neste caso a agricultura produz, não "meios
de produção", mas sim um dos meios de produção — matérias-primas. Não se pode
jogar com as palavras "meios de produção". Quando os marxistas falam da produção
de meios de produção, têem em vista, antes de tudo, a produção de instrumentos de
produção — aquilo que Marxchama de "meios mecânicos de trabalho, cujo conjunto
pode denominar-se o sistema ósseo e muscular da produção", o que constitui os
"sinais característicos distintivos de uma determinada época da produção social".
Colocar no mesmo plano uma parte dos meios de produção (a matéria-prima) e os
meios de produção, incluindo os instrumentos de produção, significa pecar contra o
marxismo, pois o marxismo parte do papel determinante dos instrumentos de
produção em comparação com todos os outros meios de produção. Todos sabem que
a matéria-prima por si própria não pode produzir instrumentos de produção, embora
algumas espécies de matérias-primas sejam necessárias como material para a
produção de instrumentos de produção, ao passo que nenhuma matéria-prima pode
ser produzida sem instrumentos de produção. Vamos adiante. Pode dizer-se que a
ação da lei do valor sobre o preço das matérias-primas produzidas na agricultura, seja
uma ação reguladora,como você o afirma, camarada Notkin? Ela seria reguladora se
existisse em nosso país o "livre" jogo dos preços das matérias-primas agrícolas, se em
nosso país funcionasse a lei da concorrência e da anarquia da produção, se não
tivéssemos uma economia planificada e se a produção de matérias-primas não fosse
regulada por um plano. Justamente porque todos estes "se" não existem no sistema da
nossa economia nacional, a ação da lei do valor sobre o preço das matérias-primas
agrícolas não pode, de modo algum, ser reguladora. Em primeiro lugar, porque os
preços das matérias-primas agrícolas, em nosso país, são firmes e fixados por um plano
e não "livres". Em segundo lugar, o volume da produção de matérias-primas agrícolas
não é determinado por fatores naturais ou por quaisquer outros elementos casuais,
mas por um plano. Em terceiro lugar, os instrumentos de produção, necessários à
produção de matérias-primas agrícolas, estão concentrados não nas mãos de pessoas
isoladas ou grupos de pessoas, mas nas mãos do Estado. Que resta, portanto, depois
disso, do papel regulador da lei do valor?

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De tudo isso se conclui que a própria lei do valor é regulada pelos fatos acima
mencionados inerentes à produção socialista.

Por conseguinte, não se pode negar que a lei do valor atua na formação dos
preços das matérias-primas agrícolas, que ela é um dos seus fatores. Com maior razão
se torna inegável que sua atuação não é, e nem pode sera reguladora.

Quinto ponto

Ao falar da rentabilidade da economia nacional, da economia socialista, contestei,


nas minhas "Observações", alguns camaradas que afirmam que em vista de nossa
economia nacional planificada não dar maior preferência às empresas rentáveis e
admitir também, ao lado dessas empresas, a existência das de pouca rentabilidade, ela
destruiria o próprio princípio da rentabilidade na economia. Nas "Observações" ficou
dito que a rentabilidade das empresas e ramos de produção isolados, não pode
comparar-se com a rentabilidade superior que nos dá a produção socialista, ao livrar-
nos das crises de superprodução, e ao garantir-nos um ininterrupto crescimento da
produção.
Seria errado, porém, concluir daí que a rentabilidade das empresas e ramos de
produção isolados não tenha valor particular e não mereça séria atenção. Isto,
naturalmente, seria um erro. A rentabilidade das empresas e ramos de produção
isolados tem enorme importância para o desenvolvimento da nossa produção. Ela
deve ser levada em conta tanto no planejamento da construção, como no
planejamento da produção. Este é o abc da nossa atividade econômica, na etapa atual
do seu desenvolvimento.

Sexto ponto

Não se sabe como entender as suas palavras referentes ao capitalismo:


"produção ampliada sob forma muito deformada". É preciso dizer que tal produção, e
além disso ampliada, não existe no mundo.

É evidente que, depois que o mercado mundial foi dividido e que começou a
reduzir-se a esfera de aplicação das forças dos principais países capitalistas (Estados
Unidos, Inglaterra, França) aos recursos mundiais, o caráter cíclico do desenvolvimento
do capitalismo — isto é, o crescimento e o declínio da produção — deve, apesar de
tudo, persistir. O crescimento da produção nestes países, todavia, se fará numa base
restrita, porque o volume da produção nestes países irá diminuindo.

Sétimo ponto

A crise geral do sistema capitalista mundial começou no período da primeira


guerra mundial, particularmente em conseqüência do afastamento da União Soviética

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do sistema capitalista. Esta foi a primeira etapa da crise geral. No período da segunda
guerra mundial, desenvolveu-se a segunda etapa da crise geral, particularmente
depois do afastamento do sistema capitalista dos países de Democracia Popular da
Europa e da Ásia. A primeira crise, no período da primeira guerra mundial, e a
segunda, no período da segunda guerra mundial, não devem ser consideradas como
duas crises isoladas, separadas uma da outra, como crises independentes, mas como
etapas do desenvolvimento da crise geral do sistema capitalista mundial.

Essa crise geral do capitalismo mundial é apenas política ou apenas econômica?


Nem uma, nem outra.

Ela é geral, isto é, uma crise multilateral do sistema capitalista mundial, que
abrange tanto a economia, como a política. Desta maneira, é compreensível que na
sua base se encontre sempre maior desintegração do sistema econômico capitalista
mundial, que abrange a economia, como também a política. Compreende-se, pois, que
à base dessa crise se encontrem, de um lado, a desagregação cada vez maior do
sistema econômico mundial do capitalismo e, de outro lado, o crescente poderio
econômico dos países que se desligaram do capitalismo: a URSS, a China e os demais
países da Democracia Popular.

21 de abril de 1952.
J. STALIN

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Problemas Econômicos do Socialismo na URSS

J. V. Stálin

Os Erros do Camarada L. D. Iarochenko

O camarada Iarochenko dirigiu há poucos dias aos membros do Bureau Político do


Comitê Central do PC (b) da URSS uma carta datada do dia 20 de março, relativa a um
certo número de problemas econômicos que foram debatidos na conhecida discussão
de novembro. O autor da carta queixa-se de que nem os principais documentos que
serviram de síntese da discussão, nem as "Observações" do camarada Stálin "levam na
menor consideração o ponto de vista" do camarada Iarochenko. Em sua carta, o
camarada Iarochenko propõe, ademais, que seja ele autorizado a escrever uma
"Economia Política do Socialismo" em um ano ou em 18 meses, fornecendo-se-lhe
para esta finalidade dois colaboradores.

Creio necessário examinar a fundo tanto as queixas do camarada Iarochenko


como sua proposta. Comecemos pelas queixas.

Em que consiste, então, o "ponto de vista" do camarada Iarochenko que não foi
tomado em nenhuma consideração nos documentos acima referidos?

1. O Principal Erro do Camarada Iarochenko

Se se deseja caracterizar em duas palavras o ponto de vista do camarada


Iarochenko deve-se dizer que não é marxista e, portanto, profundamente errôneo.

O principal erro do camarada Iarochenko está em que ele se afasta do marxismo


quanto ao papel das forças produtivas e das relações de produção no desenvolvimento
da sociedade; em que exagera ao extremo o papel das forças produtivas e reduz na
mesma proporção o papel das relações de produção, para terminar declarando que no
regime socialista as relações de produção fazem parte das forças produtivas.

O camarada Iarochenko concorda em admitir que as relações de produção


desempenham um certo papel quando existem "contradições antagônicas" de classe,
já que nesse caso as relações de produção "contradizem o desenvolvimento das forças
produtivas". Mas o camarada Iarochenko reduz esse papel a um papel negativo, ao
papel de fator que refreia o desenvolvimento das forças produtivas, que trava seu

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desenvolvimento. O camarada Iarochenko não vê outras funções nas relações de


produção, não vê nenhuma função positiva.

No que diz respeito ao regime socialista, no qual já não existem "contradições


antagônicas de classe" e onde as relações de produção "já não contradizem o
desenvolvimento das forças produtivas", o camarada Iarochenko considera que aqui as
relações de produção deixam de representar qualquer papel independente; as
relações de produção deixam de ser um fator importante do desenvolvimento e são
absorvidas pelas forças produtivas, tal como a parte é absorvida pelo todo. No
socialismo, diz o camarada Iarochenko,

"as relações de produção entre os homens fazem parte da


organização das forças produtivas como um meio, como um
elemento dessa organização" (ver a carta do camarada Iarochenko
ao Bureau Político do Comitê Central).

Assim sendo, qual é então a principal tarefa da Economia Política do socialismo?


O camarada Iarochenko responde:

"A principal tarefa da Economia Política do socialismo não


consiste, portanto, em estudar as relações de produção entre os
homens da sociedade socialista, mas consiste em elaborar e
desenvolver a teoria científica da organização das forças produtivas
na produção social, a teoria da planificação do desenvolvimento da
economia nacional" (ver o discurso do camarada Iarochenko na
reunião plenária de discussão).

Na realidade, isso é o que explica que o camarada Iarochenko não se interessa


por questões econômicas do regime socialista, como a existência de diversas formas
de propriedade em nossa economia, a circulação mercantil, a lei do valor, etc.,
considerando-as questões secundárias, que não fazem senão provocar controvérsias
escolásticas. O camarada Iarochenko declara expressamente que em sua Economia
Política do socialismo

"as controvérsias sobre o papel de tal e qual categoria da Economia


Política do socialismo — valor, mercadoria, dinheiro, crédito, etc. —
que freqüentemente assumem entre nós um caráter escolástico,
sãosubstituídas por sensatas considerações sobre a organização
racional das forças produtivas na produção social e a
fundamentação científica dessa organização" (ver discurso do
camarada Iarochenko na Comissão da reunião plenária da
discussão).

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Por conseguinte, uma Economia Política sem problemas econômicos.

O camarada Iarochenko supõe que é suficiente criar uma "organização racional


das forças produtivas" para que a passagem do socialismo ao comunismo transcorra
sem grandes dificuldades. Considera que isto basta e sobra para a transição ao
comunismo. Declara sem mais nem menos que

"a luta fundamental pela construção da sociedade comunista se


reduz, no socialismo, à luta para organizar acertadamente as forças
produtivas e para utilizá-las racionalmente na produção social" (ver
discurso na reunião plenária de discussão).

O camarada Iarochenko proclama solenemente que

"o comunismo é a organização científica superior das forças


produtivas na produção social".

Pelo que se vê, decorre daí que a essência do regime comunista não é mais do
que a "organização racional das forças produtivas".

De tudo isso o camarada Iarochenko deduz que não pode haver uma Economia
Política única para todas as formações sociais, que deve haver duas economias
políticas: uma para as formações sociais pré-socialistas, que tem por objeto o estudo
das relações de produção entre os homens, e outra para o regime socialista, cujo
objeto deverá ser não o estudo das relações de produção, isto é, das relações
econômicas, mas o estudo dos problemas ligados à organização racional das forças
produtivas. Tal é o ponto de vista do camarada Iarochenko. Que se pode dizer desse
ponto de vista? Em primeiro lugar, não é certo que o papel das relações de produção
na história da sociedade esteja limitado ao papel de freio que trava o desenvolvimento
das forças produtivas. Quando os marxistas falam do papel de freio desempenhado
pelas relações de produção, não se referem a todas as relações de produção, mas
somente às velhas relações de produção, que já não correspondem ao
desenvolvimento. Entretanto, além das velhas relações de produção existem, como se
sabe, as novas relações de produção, que substituem as velhas. Pode-se porventura,
dizer que o papel das novas relações de produção reduz-se ao papel de freio das forças
produtivas? Não, não se pode. Pelo contrário: as novas relações de produção são a
força principal e decisiva que determina, na realidade, o desenvolvimento contínuo e
poderoso das forças produtivas e, sem elas, as forças produtivas estão condenadas a
vegetar, como vegetam hoje nos países capitalistas.

Ninguém pode negar o colossal desenvolvimento das forças produtivas de nossa


indústria soviética nos anos de realização dos planos qüinqüenais. Mas este
desenvolvimento não se teria produzido se em outubro de 1917 não tivéssemos

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substituído as velhas relações de produção, as relações de produção capitalistas, por


novas relações socialistas de produção. Sem esta revolução nas relações de produção,
nas relações econômicas de nosso país, as forças produtivas vegetariam entre nós
como vegetam atualmente nos países capitalistas.

Ninguém pode negar o colossal desenvolvimento das forças produtivas de nossa


agricultura no decorrer dos últimos 20 a 25 anos. Todavia, este desenvolvimento não
houvera ocorrido se não tivéssemos substituído, na década de 30, as velhas relações
de produção capitalistas no campo por novas relações de produção, por relações
coletivistas de produção. Sem esta revolução na produção, as forças produtivas de
nossa agricultura vegetariam como vegetam atualmente nos países capitalistas. Está
claro que as novas relações de produção não podem ser nem são eternamente novas,
começam a envelhecer e a entrar em contradição com o desenvolvimento ulterior das
forças produtivas, deixam de desempenhar o papel de motor principal das forças
produtivas e se transformam no freio destas. Então, em lugar dessas relações de
produção, já velhas, aparecem novas relações de produção, cujo papel consiste em ser
o motor principal do desenvolvimento ulterior das forças produtivas.

Esta peculiaridade do desenvolvimento das relações de produção, que passam do


papel de freio das forças produtivas ao papel de motor principal do seu avanço, e do
papel de motor principal ao papel de freio das forças produtivas, constitui um dos
elementos principais da dialética materialista marxista. Sabem-no hoje em dia todos os
novatos em marxismo. Não o sabe, ao que parece, o camarada Iarochenko.

Em segundo lugar, não é certo que o papel independente das relações de


produção, isto é, das relações econômicas, desapareça no socialismo; que as relações
de produção sejam absorvidas pelas forças produtivas; que a produção social no
socialismo se reduza à organização das forças produtivas. O marxismo considera a
produção social como um todo que consta de dois aspectos indissolüvelmente ligados
entre si: as forças produtivas da sociedade (relações da sociedade com as forças da
natureza, na luta contra as quais obtém a sociedade os bens materiais necessários) e
as relações de produção (relações mútuas entre os homens no processo da produção).
Estes são dois aspectos diferentes da produção social, embora vinculados entre si de
maneira indissolúvel. E precisamente por serem aspectos diferentes da produção
social, podem exercer uma ação recíproca. Afirmar que um destes aspectos pode ser
absorvido pelo outro e transformado em parte integrante dele, significa pecar de
maneira muito grave contra o marxismo. Marx diz:

"Na produção os homens não atuam somente sobre a natureza,


mas atuam também uns sobre os outros. Não podem produzir sem
associar-se de um certo modo, para atuar em comum e estabelecer
o intercâmbio de suas atividades. Para produzir, os homens
contraem determinados vínculos e relações, e. através destes
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vínculos e relações sociais e somente através deles é que se


relacionam com a natureza e que se efetua a produção" (ver Carlos
Marx e Frederico Engels, vol. V, pág. 429, edição russa).

Por conseguinte, a produção social consta de dois aspectos que, embora


indissolüvelmente vinculados um ao outro, refletem, não obstante, duas categorias
diferentes de relações: as relações do homem com a natureza (forças produtivas) e as
relações dos homens entre si no processo da produção (relações de produção).
Somente a existência dos dois aspectos da produção nos dá a produção social, quer se
trate do regime socialista ou de outras formações sociais.

Pelo visto, o camarada Iarochenko não está de pleno acordo com Marx. Para ele,
esta tese de Marx não é aplicável ao regime socialista. Precisamente por isso reduz o
problema da Economia Política do socialismo à organização racional das forças
produtivas, fazendo tábua rasa das relações de produção, das relações econômicas,
delas isolando as forças produtivas.

Portanto, em lugar da Economia Política marxista, encontramos no camarada


Iarochenko algo parecido à "ciência universal da organização" de Bogdánov.

Desse modo, partindo da acertada idéia de que as forças produtivas são as mais
móveis e as mais revolucionárias da produção, o camarada Iarochenko leva essa idéia
ao absurdo, chegando mesmo a negar o papel das relações de produção, das relações
econômicas, no socialismo; e em lugar de uma produção social, no sentido completo
da expressão, ele nos propõe uma tecnologia intrincada e unilateral da produção, algo
no gênero da "técnica da organização social" de Bukharin.

Marx diz:

"Na produção social de sua existência (isto é, na produção dos bens


materiais necessários à vida do homem — J. St.) os homens
contraem determinadas relações necessárias e independentes de
sua vontade, relações de produção que correspondem a uma
determinada fase de desenvolvimento de suas forças produtivas
materiais. O conjunto destas relações de produção constitui a
estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se
ergue a superestrutura jurídica e política e a que correspondem
determinadas formas de consciência social" (ver o prólogo da
"Contribuição à Crítica da Economia Política").

Isto quer dizer que toda formação social, inclusive a sociedade socialista, tem sua
base econômica, constituída pelo conjunto de relações de produção entre os homens.
Surge a pergunta: que vem a ser, para o camarada Iarochenko, a base econômica do

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regime socialista? Como sabemos, o camarada Iarochenko já eliminou as relações de


produção no socialismo como um campo mais ou menos independente, incluindo o
pouco que delas restou na organização das forças produtivas. Pode-se perguntar:
possui o regime socialista sua própria base econômica? É evidente que, se no
socialismo as relações de produção desapareceram como força mais ou menos
independente, o regime socialista fica sem sua base econômica.

Em conseqüência, um regime socialista sem sua base econômica. Algo bastante


cômico...

É possível um regime social sem sua base econômica? O camarada Iarochenko,


evidentemente, considera que é possível. Mas o marxismo considera que regimes
sociais desta natureza não existem no mundo.

Finalmente, não é certo que o comunismo seja a organização racional das forças
produtivas; que a essência do regime comunista se reduza à organização racional das
forças produtivas, que baste organizar racionalmente as forças produtivas para passar
ao comunismo sem grandes dificuldades. Em nossa literatura, há outra definição, outra
fórmula do comunismo, a fórmula de Lênin:

"O comunismo é o Poder Soviético mais a eletrificação de todo o


país".

Ao que se vê, o camarada Iarochenko não gosta da fórmula de Lênin e a substitui


por sua própria fórmula, de produção doméstica:

"O comunismo é a organização científica superior das forças


produtivas na produção social".

Em primeiro lugar, ninguém sabe o que é essa organização científica superior ou


"racional" das forças produtivas apregoada pelo camarada Iarochenko, nem qual é o
conteúdo concreto que ela tem. O camarada Iarochenko repete dezenas de vezes esta
fórmula mítica em seus discursos perante a reunião plenária, nas comissões de
discussão, em sua carta aos membros do Bureau Político, mas não diz em nenhum
lugar uma palavra sequer para esclarecer como se deve compreender, concretamente,
essa "organização racional" das forças produtivas, à qual, segundo ele, se reduz a
essência do regime comunista.

Em segundo lugar, já que se trata de escolher entre duas fórmulas, não cabe
repelir a fórmula de Lênin, que é a única acertada, mas sim a chamada fórmula do
camarada Iarochenko, manifestamente artificial e não-marxista, extraída do arsenal
de Bogdánov, da "ciência universal da organização".

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O camarada Iarochenko acredita que basta alcançar uma organização racional das
forças produtivas para obter a abundância de produtos e passar ao comunismo, para
passar da fórmula "a cada um segundo seu trabalho" à fórmula "a cada um segundo
suas necessidades". Este é um grande erro que revela a incompreensão total das leis
do desenvolvimento econômico do socialismo. O camarada Iarochenko concebe as
condições da passagem do socialismo ao comunismo de um modo demasiado simples,
com simplicidade infantil... O camarada Iarochenko não compreende que não se pode
obter uma abundância de produtos susceptível de cobrir todas as necessidades da
sociedade nem passar à fórmula "a cada um segundo suas necessidades", enquanto
subsistirem fenômenos econômicos como a propriedade coletiva, kolkhosiana, como a
circulação mercantil, etc. O camarada Iarochenko não compreende que, antes de
passar à fórmula "a cada um segundo suas necessidades", é preciso vencer várias
etapas de reeducação econômica e cultural da sociedade, no curso das quais o
trabalho deixará de ser aos olhos da sociedade apenas um meio de ganhar-se a vida,
para converter-se na primeira necessidade da vida, e a propriedade social, na base
firme e inviolável da existência da sociedade.

Para preparar a passagem real, e não de palavras, ao comunismo, é necessário


cumprir, pelo menos, três condições fundamentais:

1 — É indispensável, em primeiro lugar, assegurar firmemente não uma mística


"organização racional" das torças produtivas, mas o crescimento ininterrupto de toda a
produção social, dando prioridade ao incremento da produção de meios de produção.
O incremento com prioridade da produção de meios de produção não somente é
necessário porque esta produção deve assegurar o equipamento necessário, tanto a
suas próprias empresas como às empresas de todos os demais ramos da economia
nacional, mas também porque sem ele é absolutamente impossível realizar a
reprodução ampliada.

2 — É indispensável, em segundo lugar, elevar a propriedade kolkhosiana ao nível


de propriedade de todo o povo, mediante transições graduais realizadas com
vantagens para os kolkhosianos e, por conseguinte, para toda a sociedade, e substituir,
também mediante transições graduais, a circulação mercantil por um sistema de
intercâmbio de produtos, para que o Poder central ou qualquer outro centro
econômico social possa controlar todo o produto da produção social, no interesse da
sociedade.

O camarada Iarochenko se equivoca quando sustenta que no socialismo não


existe contradição alguma entre as relações de produção e as forças produtivas da
sociedade. Está claro que nossas atuais relações de produção atravessam um período
em que, correspondendo plenamente ao crescimento das forças produtivas, fazem-nas
progredir a passos de gigante. Seria porém um equívoco contentar-se com isso e supor
que não existe contradição alguma entre nossas forças produtivas e nossas relações de
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produção. Sem dúvida, há e haverá contradições, porquanto o desenvolvimento das


relações de produção vai e continuará indo retardado em relação ao desenvolvimento
das forças produtivas. Com uma política acertada dos organismos dirigentes, estas
contradições não podem degenerar em antagonismo e não se pode chegar a um
conflito entre as relações de produção e as forças produtivas da sociedade. Outra coisa
sucederia se aplicássemos uma política errônea, como a que o camarada Iarochenko
propõe. Em tal caso, o conflito seria inevitável e nossas relações de produção
poderiam converter-se em um freio "muito sério para o desenvolvimento ulterior das
forças produtivas.

Por isso, a missão dos organismos dirigentes consiste em prevenir oportunamente


as contradições quando elas estão sendo geradas e tomar, a tempo, as medidas
necessárias para eliminá-las, adaptando as relações de produção ao incremento das
forças produtivas. Isto se refere, antes de tudo, a fenômenos econômicos como a
propriedade coletiva, kolkhosiana, e a circulação mercantil. Claro está que,
atualmente, estes fenômenos são aproveitados com bom êxito por nós para
desenvolver a economia socialista e trazem um inegável benefício a nossa sociedade.
Não há dúvida de que também em futuro próximo continuarão a ser benéficos. Mas
seria imperdoável cegueira não ver que, ao mesmo tempo, esses fenômenos já
começam agora a frear o poderoso desenvolvimento de nossas forças produtivas,
porquanto criam obstáculos para que a planificação do Estado englobe toda a
economia nacional, em particular a agricultura. Não há dúvida de que, com o tempo,
estes fenômenos frearão cada vez mais o desenvolvimento ulterior das forças
produtivas de nosso país. Por conseguinte, a tarefa consiste em eliminar essas
contradições, mediante a transformação gradual da propriedade kolkhosiana em
propriedade de todo o povo e a aplicação, também gradual, do intercâmbio de
produtos, em lugar da circulação mercantil.

3 — É necessário, em terceiro lugar, alcançar um progresso cultural da sociedade


que assegure a todos os seus membros o desenvolvimento universal de suas
capacidades físicas e intelectuais, para que possam receber uma instrução suficiente
que lhes permita ser agentes ativos do desenvolvimento da sociedade, para que
possam escolher livremente uma profissão e não tenham de ver-se atados por toda a
vida, em conseqüência da divisão do trabalho existente, a uma profissão determinada.

Que é necessário para isso?

Seria errôneo supor que se pode alcançar um desenvolvimento cultural tão


importante dos membros da sociedade sem sérias mudanças no atual estado do
trabalho. Para isto é mister, antes de tudo, reduzir a jornada de trabalho pelo menos a
seis horas e, mais adiante, a cinco. Isso é indispensável para que os membros da
sociedade disponham de tempo livre suficiente a fim de adquirir uma instrução
universal. Para isso é necessário, ademais, estabelecer o ensino politécnico geral e
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obrigatório, indispensável a fim de que os membros da sociedade possam escolher


livremente uma profissão e não se vejam atados, por toda a vida, a uma profissão
determinada. Para isso é necessário, ainda, melhorar radicalmente as condições de
moradia e duplicar, se não mais, o salário real dos operários e dos empregados, tanto
mediante o aumento direto do salário em dinheiro, como, principalmente, mediante a
diminuição sistemática dos preços dos artigos de amplo consumo.

Tais são as condições fundamentais da preparação da passagem ao comunismo.

Somente depois de cumprir todas essas condições, se poderá esperar que o


trabalho deixe de ser uma carga para os membros da sociedade e se converta "na
primeira necessidade da vida" (Marx); que "o trabalho se converta de penosa carga,
em prazer" (Engels); que a propriedade social seja apreciada por todos os membros da
Sociedade como base firme e inviolável da existência da sociedade.

Somente depois de cumprir todas essas condições, se poderá passar da fórmula


socialista "de cada um segundo sua capacidade; a cada um segundo seu trabalho", à
fórmula comunista "de cada um segundo sua capacidade; a cada um segundo suas
necessidades".

Isso será a passagem radical de uma economia do socialismo, a outra economia


superior, à economia do comunismo.

Como se pode ver, a questão da passagem do socialismo ao comunismo não é tão


simples como a imagina o camarada Iarochenko.

Tratar de reduzir uma coisa tão complexa e que apresenta tantas faces, que exige
importantíssimas mudanças econômicas, à "organização racional das forças
produtivas", como faz o camarada Iarochenko, implica suplantar o marxismo pelo
bogdanovismo.

2. Outros Erros do Camarada Iarochenko

1. Baseando-se em seu errôneo ponto de vista, o camarada Iarochenko chega a


deduções errôneas sobre o caráter e o objeto da Economia Política.

O camarada Iarochenko, partindo de que cada formação social tem suas leis
econômicas específicas, nega a necessidade de uma Economia Política única para
todas as formações sociais. Mas carece de qualquer razão e difere aqui de marxistas
como Engels e Lênin.

Engels diz que a Economia Política é a

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“ciência das condições e das formas em que as diversas sociedades


humanas produzem e trocam e em que, de acordo com isso,
efetuam a distribuição dos produtos" ("Anti-Dühring").

Portanto, a Economia Política estuda as leis do desenvolvimento econômico, não


de uma formação social determinada, mas das diversas formações sociais.

Como se sabe, Lênin está de completo acordo com esse enunciado. Em suas
observações críticas ao livro de Bukhárin, "A economia no período de
transição", Lênin disse que Bukhárin se equivocava ao restringir a esfera de ação da
Economia Política à produção mercantil e, antes de tudo, à produção capitalista, e
assinalou que Bukhárin dava aqui "um passo atrás em relação a Engels".

Com esta maneira de ver se acha completamente de acordo a definição da


Economia Política dada no projeto de Manual, na qual se diz que a Economia Política é
a ciência que estuda "as leis da produção social e da distribuição dos bens materiaisnas
diversas fases de desenvolvimento da sociedade humana".

A coisa é compreensível. Em seu desenvolvimento econômico, as diversas


formações sociais obedecem não somente às suas leis econômicas específicas mas,
também, às leis econômicas comuns a todas as formações, por exemplo, a leis como a
lei da unidade das forças produtivas e das relações de produção em uma produção
social única, como a lei das relações entre as forças produtivas e as relações de
produção no processo de desenvolvimento de todas as formações sociais. Por
conseguinte, as formações sociais estão não somente separadas entre si por suas leis
específicas, mas também vinculadas entre si por leis econômicas comuns a todas elas.

Engels tinha perfeita razão ao dizer:

"Para fazer com toda plenitude essa crítica da Economia Política


burguesa, não bastava conhecer a forma capitalista de produção,
de intercâmbio e de distribuição. Era necessário também investigar
e confrontar, ao menos em seus traços gerais, as formas que a
haviam precedido ou que ainda existem paralelamente a ela nos
países menos desenvolvidos" ("Anti-Dühring").

É evidente que nesta questão o camarada Iarochenko repete Bukhárin.

Prossigamos. O camarada Iarochenko afirma que em sua "Economia Política do


socialismo" "as categorias da Economia Política — valor, mercadoria, dinheiro, crédito,
etc. — são substituídas por sensatas considerações sobre a organização racional das
forças produtivas na produção social"; que, em conseqüência, o
objeto desta Economia Política não são as relações de produção do socialismo, mas "a

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elaboração e desenvolvimento da teoria científica da organização das forças


produtivas, da teoria da planificação da economia nacional, etc."; que no socialismo as
relações de produção perdem seu significado independente e são absorvidas pelas
forças produtivas como parte integrante delas.

É preciso dizer que até agora nenhum "marxista" descarrilado havia escrito tão
absurda galimatias. Com efeito, que significa a Economia Política do socialismo, sem os
problemas econômicos, sem os problemas da produção? Pode, por acaso, existir no
mundo semelhante Economia Política? Que significa substituir na Economia Política do
socialismo os problemas econômicos pelos problemas da organização das forças
produtivas? Significa acabar com a Economia Política do socialismo. O camarada
Iarochenko procede precisamente desse modo: acaba com a Economia Política do
socialismo. Neste aspecto, articula-se plenamente com Bukhárin. Bukhárin dizia que ao
ser suprimido o capitalismo devia também sê-lo a Economia Política. O camarada
Iarochenko não o diz, mas o faz, ao suprimir a Economia Política do socialismo. É
verdade que o camarada Iarochenko aparenta, ao mesmo tempo, não estar
plenamente de acordo com Bukhárin, mas isso é astúcia, e, além do mais, astúcia
barata. Na realidade, faz o que pregava Bukhárin e fora censurado por Lênin. O
camarada Iarochenko segue as pegadas de Bukhárin.

Prossigamos. O camarada Iarochenko reduz os problemas da Economia Política do


socialismo aos problemas de uma organização racional das forças produtivas, aos
problemas da planificação da economia nacional, etc. No entanto equivoca-se
profundamente. Os problemas de uma organização racional das forças produtivas, da
planificação da economia nacional, etc., não são objeto da Economia Política, mas da
política econômica dos organismos dirigentes. São dois domínios distintos, que não
devem ser confundidos. O camarada Iarochenko confundiu estas duas coisas distintas
e se encontra em uma situação embaraçosa. A Economia política estuda as leis de
desenvolvimento das relações de produção entre os homens. A política econômica
deduz daí conclusões práticas, concretiza-as e erige sobre esta base seu trabalho
diário. Sobrecarregar a Economia Política com as questões da política econômica
significa afundá-la como ciência.

O objeto da Economia Política são as relações de produção, as relações


econômicas entre os homens. Aqui entram: a) as formas de propriedade dos meios de
produção; b) a situação, que daí dimana, dos diversos grupos sociais na produção e
suas relações mútuas, ou, como disse Marx, o "intercâmbio de atividades"; c) as
formas de distribuição dos produtos que dependem por completo do anterior. Tudo
isto constitui, em seu conjunto, o objeto da Economia Política.

Nesta definição não se emprega a palavra "intercâmbio" que figura na definição


de Engels. Não se a emprega porque muitos costumam entender por "intercâmbio" o
intercâmbio mercantil, que não é próprio a todas as formações sociais, mas
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unicamente a algumas delas, o que às vezes origina confusões, embora Engels não
compreendesse por "intercâmbio" somente o intercâmbio mercantil. Contudo, como
se vê, o que Engels entendia por "intercâmbio" encontrou seu lugar na referida
definição, como parte integrante dela. Em conseqüência, por seu conteúdo, esta
definição do objeto da Economia Política coincide plenamente com a definição
de Engels.

2. Quando se fala da lei econômica fundamental de tal ou qual formação social,


parte-se, geralmente, de que esta última não pode ter várias leis econômicas
fundamentais, de que só pode ter uma lei econômica fundamental, precisamente
porque é lei fundamental. Do contrário teríamos várias leis econômicas fundamentais
para cada formação social, o que se opõe ao próprio conceito de fundamental.
Contudo, o camarada Iarochenko não está de acordo com isso. Considera que se pode
ter, não uma lei econômica fundamental do socialismo, mas várias leis econômicas
fundamentais. É incrível, mas é verdade. Em seus discursos perante o Plenário da
discussão, disse:

"O volume e a correlação dos fundos materiais da produção e da


reprodução sociais estão determinados pela quantidade e as
perspectivas de incremento da força de trabalho incluída na
produção social. Esta é a lei econômica fundamental da sociedade
socialista, que condiciona a estrutura da produção e da reprodução
sociais no socialismo".

Esta é a primeira lei econômica fundamental do socialismo.

No mesmo discurso, o camarada Iarochenko declara:

"A correlação entre as seções I e II está condicionada, na sociedade


socialista, pela necessidade de produzir meios de produção nas
proporções necessárias a fim de incluir na produção social a toda a
população apta para o trabalho. Esta é a lei econômica fundamental
do socialismo e, ao mesmo tempo, uma estipulação da nossa
Constituição, derivada do direito dos cidadãos soviéticos ao
trabalho".

Esta é, por assim dizer, a segunda lei econômica fundamental do socialismo.

Finalmente, em sua carta aos membros do Bureau Político o camarada


Iarochenko declara:

"Partindo disso, as características e as exigências essenciais da lei


econômica fundamental do socialismo podem formular-se,

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aproximadamente, segundo meu entender, nos seguintes termos:


produção em ascenso e aperfeiçoamento incessantes das condições
de vida materiais e culturais da sociedade".

Esta já é a terceira lei econômica fundamental do socialismo.

Todas estas leis são leis econômicas fundamentais do socialismo ou, se apenas
uma delas o é, qual precisamente? O camarada Iarochenko não responde a estas
perguntas em sua última carta aos membros do Bureau Político. Ao formular a lei
econômica fundamental de socialismo em sua carta aos membros do Bureau Político,
"esquece", pelo visto, que há três meses, em seu discurso no Plenário da discussão, já
havia formulado outras leis econômicas fundamentais do socialismo, supondo, ao que
parece, que não se repararia nesta combinação mais do que duvidosa. Mas, como se
vê, seus cálculos falharam.

Admitamos que as duas primeiras leis econômicas fundamentais do socialismo


formuladas pelo camarada Iarochenko já não existem, que desde agora o camarada
Iarochenko considera lei econômica fundamental do socialismo sua terceira fórmula,
exposta na carta aos membros do Bureau Político. Vejamos a carta do camarada
Iarochenko.

O camarada Iarochenko diz nesta carta que não está de acordo com a definição
da lei econômica fundamental do socialismo exposta nas "Observações" do camarada
Stálin. Diz assim: "O principal nesta definição é "assegurar a máxima satisfação das
necessidades de... toda a sociedade". A produção é apresentada aqui como meio para
a consecução desse fim principal: satisfazer as necessidades. Tal definição dá motivo
de supor que a lei econômica fundamental do socialismo formulada por V. não parte
do primado da produção, mas do primado do consumo". Evidentemente, o camarada
Iarochenko não compreendeu nada da essência do problema e não vê que as querelas
a respeito da primazia da produção ou do consumo nada têm a ver com o assunto que
nos ocupa. Quando se fala da primazia de tais ou quais processos; sociais em relação a
outros processos, parte-se, comumente, de que uns e outros processos são mais ou
menos homogêneos. Pode-se e deve-se falar da primazia da produção de meios de
produção em relação à produção de meios de consumo, já que nos dois casos se trata
da produção e, em conseqüência, de coisas mais ou menos homogêneas. Mas não se
pode falar, seria errado falar, da primazia do consumo a respeito da produção, ou da
primazia da produção em relação ao consumo, já que a produção e o consumo são,
embora vinculados entre si, duas esferas inteiramente distintas. Evidentemente, o
camarada Iarochenko não compreende que aqui não se trata da primazia do consumo
ou da produção, mas do fim que se propõe a sociedade ante a produção social,
da tarefa que subordina a produção social, como por exemplo, no socialismo. Por isso,
tampouco têm que ver com o assunto que nos ocupa as lenga-lengas do camarada
Iarochenko quando diz que "a base da vida da sociedade socialista, como em qualquer
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outra sociedade, é a produção". O camarada Iarochenko esquece que os homens não


produzem para produzir, mas para satisfazer suas necessidades; esquece que uma
produção, divorciada da satisfação das necessidades da sociedade, definha e morre.

Pode-se, de modo geral, falar dos objetivos da produção capitalista ou socialista,


das tarefas a que é subordinada a produção capitalista ou socialista? Creio que se pode
e deve. Marx disse:

"O fim imediato da a produção capitalista não é a produção de


mercadorias, mas de mais-valia ou lucro em sua forma
desenvolvida; não do produto, mas do sobre-produto. Desse ponto
de vista, o próprio trabalho só é produtivo enquanto cria lucro ou
sobre-produto para o capital. Se o operário não o cria, seu trabalho
é improdutivo. Em conseqüência, a massa do trabalho produtivo
empregado só tem interesse para o capital na medida em que,
graças a ela — ou em correlação com ela — aumenta a quantidade
de sobre-trabalho; somente aí é necessário o que chamamos tempo
de trabalho necessário. Se o trabalho não dá esse resultado é
supérfluo e deve ser sustado.

O fim da produção capitalista consiste sempre em criar o máximo


de mais-valia ou o máximo de sobre-produto com o mínimo de
capital empregado. Enquanto este resultado não se alcança com
um trabalho excessivo dos operários, surge a tendência do capital a
produzir determinado artigo com o menor custo possível, a
economizar a força de trabalho e despesas.

Os próprios operários se apresentam, assim como realmente são na


produção capitalista: apenas meios de produção, e não um fim por
si mesmo nem o fim da produção" (veja-se "Teoria da mais-valia",
tomo II, parte II).

Estas palavras de Marx são notáveis não apenas porque definem de modo conciso
e exato o fim da produção capitalista, mas também porque esboçam o fim básico, a
tarefa principal que se deve apresentar ante a produção socialista.

Em conseqüência, o fim da produção capitalista é a obtenção de lucros. No que


diz respeito ao consumo, o capitalismo só necessita dele enquanto assegura a
obtenção de lucros. Fora disto a questão do consumo carece de sentido para a
capitalismo. Do campo visual, desaparece o homem com suas necessidades.

Qual é, pois, o fim da produção socialista, qual é a tarefa principal a cujo


cumprimento deve subordinar-se a produção social no socialismo?

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O fim da produção socialista não é o lucro, mas o homem com suas necessidades,
isto é, a satisfação das necessidades materiais e culturais do homem. O fim da
produção socialista é, como se diz nas "Observações" do camarada Stálin, "assegurar a
máxima satisfação das necessidades materiais e culturais, em constante crescimento
de toda a sociedade".

O camarada Iarochenko crê que se encontra diante da "primazia" do consumo em


relação à produção. Isto está claro, é falta de reflexão de sua parte. Na realidade, não
nos encontramos aqui ante a primazia do consumo, mas ante àsubordinação da
reprodução socialista a seu fim principal: assegurar a máxima satisfação às
necessidades materiais e culturais, em constante crescimento, de toda a sociedade, é
o fim da produção socialista; desenvolver e aperfeiçoar ininterruptamente a produção
socialista à base de uma técnica superior é o meio para a consecução desse fim.

Tal é a lei econômica fundamental do socialismo.

Querendo conservar a chamada "primazia" da produção sobre o consumo, o


camarada Iarochenko afirma que “a lei econômica fundamental do socialismo"
consiste "no aumento ininterrupto e no aperfeiçoamento da produção das condições
materiais e culturais da sociedade". Isso é inteiramente falso. O camarada Iarochenko
deforma de modo grosseiro e desvirtua a fórmula exposta nas "Observações" do
camarada Stálin. Para ele, a produção se transforma de meio em fim, e a tarefa de
assegurar a máxima satisfação das necessidades materiais e culturais, em constante
crescimento, da sociedade, fica excluída. Disso resulta um incremento da produção
pelo incremento da produção, a produção como um fim em si mesmo, enquanto o
homem e as suas necessidades desaparecem do campo visual do camarada
Iarochenko.

Não é surpreendente, por isso, que ao desaparecer o homem como o fim da


produção socialista, desapareçam das "concepções" do camarada Iarochenko os
últimos vestígios do marxismo.

Desta forma, segundo o camarada Iarochenko chega-se não à "primazia" da


produção sobre o consumo mas a algo semelhante a uma espécie de "primazia" da
ideologia burguesa sobre a ideologia marxista.

3. Merece um capítulo à parte a questão da teoria marxista da reprodução. O


camarada Iarochenko afirma que a teoria marxista da reprodução é unicamente a
teoria da reprodução capitalista, que não contém nada que possa ser válido para as
outras formações sociais, inclusive para a formação social socialista. Diz ele:

"Aplicar o esquema da reprodução, elaborado por Marx para a


economia capitalista, à produção social socialista é fruto de uma

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interpretação dogmática da doutrina de Marx e contradiz a


essência dessa doutrina" (veja-se o discurso do camarada
Iarochenko na reunião plenária da assembléia de discussão).

O camarada Iarochenko afirma, mais adiante, que

"o esquema da reprodução traçado por Marx não corresponde às


leis econômicas da sociedade socialista e não pode servir de base
ao estudo da reprodução socialista" (ibidem).

Referindo-se à teoria marxista da reprodução simples, teoria que estabelece uma


correlação determinada entre a produção dos meios de produção (Seção I) e a
produção dos meios de consumo (Seção II), o camarada Iarochenko diz:

"A correlação entre a primeira e a segunda seções, na sociedade


socialista, não está condicionada pela fórmula de Marx V+M da
primeira seção e C da segunda. Nas; condições do socialismo, não
deve verificar-se a referida correlação de desenvolvimento entre a
primeira e a segunda seções" (veja-se o discurso citado).

O camarada Iarochenko afirma que

"a teoria da correlação entre a primeira e a segunda seções


elaborada por Marx é inaceitável nas nossas condições socialistas,
uma vez que à base dessa teoria está a economia capitalista com
suas leis" (veja-se a carta do camarada Iarochenko aos membros do
Bureau Político).

É assim que o camarada Iarochenko destrói a teoria marxista da reprodução.

Certamente, a teoria marxista da reprodução, elaborada depois do estudo das leis


da produção capitalista, reflete o caráter específico da produção capitalista e,
naturalmente, reveste a forma das relações de valor da produção mercantil-capitalista.
Não podia ser de outro modo. Mas ver na teoria marxista da reprodução somente esta
forma e não perceber sua base, não perceber seu conteúdo fundamental, que não é
válido somente para a formação social capitalista, significa não compreender nada
desta teoria. Se o camarada Iarochenko tivesse compreendido algo desse problema,
teria compreendido também a verdade evidente de que os esquemas marxistas da
reprodução não se limitam de modo algum a refletir o caráter específico da produção
capitalista, mas contêm ao mesmo tempo uma série de teses fundamentais da
reprodução que são válidas em todas as formações sociais e também, particularmente,
para a formação social socialista. Teses fundamentais da teoria marxista da
reprodução, como a tese da divisão da produção social em produção de meios de

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produção e produção de meios de consumo; a tese da primazia do aumento da


produção de meios de produção na reprodução ampliada; a tese da correlação entre
as seções I e II; a tese do produto suplementar como única fonte de acumulação; a
tese da formação e destino dos fundos sociais; a tese da acumulação como única fonte
da reprodução ampliada: todas estas teses fundamentais da teoria marxista da
reprodução são teses válidas não só para a formação capitalista e de cuja aplicação
não se pode prescindir em nenhuma sociedade socialista, ao planificar-se a economia
nacional. É significativo que o próprio camarada Iarochenko, que torce o nariz com
tanta empáfia aos "esquemas da reprodução" de Marx, se veja obrigado a recorrer ao
auxílio destes "esquemas" na discussão dos problemas da reprodução socialista.

Mas, como Lênin e Marx consideravam esta questão?

Todos conhecem as observações críticas de Lênin ao livro de Bukhárin "A


economia do período de transição".

Nestas observações Lênin reconheceu, como é sabido, que a fórmula de Marx,


sobre a correlação entre a primeira e segunda seções, contra a qual arremete o
camarada Iarochenko, permanece em vigor, tanto para o socialismo como para o
"comunismo puro", isto é, a segunda fase do comunismo.

Quanto a Marx, como é sabido, não lhe aprazia abstrair-se do estudo das leis da
produção capitalista e não versou, em seu "O Capital", a questão da aplicação ao
socialismo de seus esquemas da reprodução. Todavia, no XX capítulo do II volume de
"O Capital", no parágrafo intitulado "O capital constante da primeira seção", na qual
trata de troca de produtos da primeira seção no seio desta seção, Marx observa quase
de passagem que a troca de produtos nessa seção transcorreria no socialismo com a
mesma continuidade que na produção capitalista. Diz Marx:

"Se a produção fosse social, e não capitalista, é claro que os


produtos da primeira seção poderiam distribuir-se com não menor
continuidade, como meios de produção, entre os ramos de
produção dessa seção, para fins de reprodução: uma parte dos
mesmos permaneceria diretamente na esfera da produção, da qual
saiu como produto; outra parte, pelo contrário, passaria a outros
lugares de produção e dar-se-ia assim um movimento constante em
direções opostas entre os diversos lugares de produção" (veja-
se Marx, "O Capital", vol. II, 8.ª edição, pág. 307, edição russa).

Em conseqüência, Marx não considerava absolutamente que sua "teoria da


reprodução fosse válida somente para a produção capitalista, embora se ocupasse do
estudo das leis da produção capitalista. Pelo contrário, partia, como se vê, de que sua
teoria da reprodução podia ser válida também para a produção socialista.

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Deve-se notar que Marx, na "Crítica do Programa de Gotha", ao analisar a


economia do socialismo e do período de transição ao comunismo parte, também, das
teses fundamentais de sua teoria da reprodução, considerando-as evidentemente
obrigatórias para o regime comunista.

Deve-se observar, também, que Engels, no "Anti-Dühring", ao criticar o "sistema


socialitário" de Dühring e ao caracterizar a economia do regime socialista, parte
igualmente das teses fundamentais da teoria da reprodução de Marx, considerando-as
obrigatórias para o regime socialista,

Tais são os fatos.

Segue-se que também aqui, na questão da reprodução, o camarada Iarochenko,


não obstante o tom desenvolto com que fala dos "esquemas" de Marx, encalhou
novamente num banco de areia.

4. O camarada Iarochenko conclui sua carta aos membros do Bureau Político


propondo que lhe seja dado o encargo da elaboração de uma "Economia Política do
Socialismo". Escreve:

"Partindo da definição — exposta por mim na sessão plenária, na


comissão e nesta carta — do objeto da Economia Política do
socialismo como ciência e utilizando o método dialético marxista,
posso elaborar em um ano, ou no máximo, em um ano e meio,
assistido por dois colaboradores, as soluções teóricas dos
problemas fundamentais da Economia Política do socialismo, assim
como expor a teoria marxista-leninista-stalinista da Economia
Política do socialismo, teoria que converte essa ciência numa arma
eficaz de luta do povo pelo comunismo".

É forçoso reconhecer que o camarada Iarochenko não sofre de modéstia. Mais


ainda: usando o estilo de certos literatos, poder-se-ia dizer que seu mal é justamente o
contrário.

Já dissemos, antes, que o camarada Iarochenko confunde a Economia Política do


socialismo com a política econômica dos órgãos dirigentes. O que ele considera objeto
da Economia Política do socialismo — organização racional das forças produtivas,
planificação da economia nacional, formação do fundo social, etc. — não é objeto da
Economia Política do socialismo, mas da política econômica dos organismos dirigentes.
Já não me quero referir aos graves erros cometidos pelo camarada Iarochenko e ao
seu "ponto de vista" não marxista que não induzem a confiar-lhe este encargo.

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Conclusões:
1. A queixa do camarada Iarochenko a respeito dos dirigentes da discussão não
tem sentido, uma vez que os dirigentes da discussão, sendo marxistas, não
podiam refletir, nos documentos que sintetizam a discussão, o "ponto de vista"
não-marxista do camarada Iarochenko;
2. A petição do camarada Iarochenko de ser encarregado de escrever uma
"Economia Política do Socialismo" não pode ser levada a sério, quando mais não
seja porque cheira a Khlestákov.(1)

22 de maio de 1952
J. STALIN

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Problemas Econômicos do Socialismo na URSS

J. V. Stálin

Resposta aos Camaradas A. V. Sanina e V. G. Venzher

Recebi suas cartas. Vê-se que os autores estudam a fundo e seriamente os


problemas econômicos de nosso país. Estas cartas contêm não poucas fórmulas
acertadas e considerações interessantes. Contudo, encontram-se nelas também graves
erros teóricos. Na presente resposta penso deter-me precisamente nestes erros.

1. O Caráter das Leis Econômicas do Socialismo

Os camaradas Sanina e Venzher afirmam que "as leis econômicas do socialismo


surgem somente graças à atividade consciente dos cidadãos soviéticos, ocupados na
produção material". Esta tese é completamente falsa.

As leis de desenvolvimento econômico têm uma existência objetiva, fora de nós


mesmos, à margem da vontade e da consciência dos homens? O marxismo considera
que as leis da Economia Política do Socialismo são o reflexo, no cérebro do homem, de
leis objetivas que existem fora de nós. Ora, a fórmula dos camaradas Sanina e Venzher
responde a esta pergunta de modo negativo. Isto quer dizer que estes camaradas se
colocam no ponto de vista de uma teoria errônea, segundo a qual no socialismo as leis
do desenvolvimento econômico "são criadas", "são transformadas" pelos organismos
dirigentes da sociedade. Em outras palavras, estes camaradas rompem com o
marxismo e colocam-se no caminho do idealismo subjetivo.

Naturalmente os homens podem descobrir estas leis objetivas, conhecê-las e,


baseando-se nelas, utilizá-las no interesse da sociedade. Mas, não podem "criá-las",
nem "transformá-las".

Aceitemos, por um instante, a teoria errônea que nega a existência de leis


objetivas na vida econômica do socialismo e proclama a possibilidade de "criar" leis
econômicas, de "transformar" as leis econômicas. Onde iríamos parar? Iríamos parar
no reino do caos e das casualidades, e ficaríamos na dependência servil dessas
casualidades. Estaríamos privados da possibilidade não só de compreender, mas até de
encontrar o caminho neste caos de casualidades.

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Isto nos levaria a acabar com a Economia Política como ciência, uma vez que a
ciência não pode viver nem desenvolver-se sem o reconhecimento das leis objetivas,
sem o estudo dessas leis. Ora, acabando com a ciência, não teríamos mais a
possibilidade de prever o curso dos acontecimentos na vida econômica do país, isto é,
não teríamos mais a possibilidade de organizar sequer a direção econômica mais
elementar.

Enfim, nos encontraríamos submetidos ao arbítrio de aventureiros "economistas",


dispostos a "destruir" as leis do desenvolvimento econômico e a "criar" novas leis, sem
compreender nem levar em consideração as leis objetivas.

Todos conhecem a fórmula clássica da posição marxista diante deste problema,


exposta por Engels em seu " Anti-Dühring":

"As forças sociais, como as forças da natureza, atuam cegamente,


violentamente, destrutivamente, enquanto não as conhecemos e
não as levamos em consideração. Mas, uma vez conhecidas essas
forças e uma vez compreendidas sua atuação, sua direção e seus
efeitos, dependerá exclusivamente de nós submetê-las cada vez
mais à nossa vontade e utilizá-las para alcançar os nossos objetivos.
Isto é particularmente válido em relação às poderosas forças
produtivas contemporâneas. Enquanto nos recusamos,
obstinadamente a compreender sua natureza e seu caráter — e a
esta compreensão se opõem o modo capitalista de produção e seus
defensores —, estas forças atuam apesar de nós, contra nós, e nos
dominam, como já demonstramos. Mas, uma vez compreendida
sua natureza, podem converter-se, em mãos dos produtores
associados, de tiranos demoníacos em obedientes servidores. É a
mesma diferença que existe entre a força destrutiva da eletricidade
nos raios de um temporal e a eletricidade dominada no telégrafo e
no arco voltaico; a mesma diferença que existe entre o incêndio e o
fogo colocados a serviço do homem. Quando as forças produtivas
contemporâneas forem assim tratadas, de acordo com a sua
natureza afinal conhecida, a anarquia social na produção será
substituída por uma regulamentação socialmente planificada da
produção, conforme as necessidades, tanto da sociedade em seu
conjunto como de cada um de seus membros. Então, o modo
capitalista de apropriação, no qual o produto escraviza primeiro o
produtor e depois quem dele se apropria, será substituído por um
novo modo de apropriação dos produtos, baseado na própria
natureza dos meios modernos de produção: de um lado, pela
apropriação social direta dos produtos como meio de manter e

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ampliar a produção e, de outro, pela apropriação individual direta


como meio de vida e de prazer".

2. Medidas Para Elevar a Propriedade Kolkhosiana ao Nível da Propriedade de Todo o


Povo

Que medidas são necessárias para elevar a propriedade kolkhosiana, que não é,
naturalmente, propriedade de todo o povo, ao nível da propriedade de todo o povo
("nacional")?

Alguns camaradas pensam que basta simplesmente nacionalizar a propriedade


kolkhosiana, declarando-a propriedade de todo o povo, como se fez, em seu tempo,
com a propriedade capitalista. Esta proposta é totalmente errada e completamente
inaceitável. A propriedade kolkhosiana é uma propriedade socialista e nós não
podemos tratá-la de nenhum modo como propriedade capitalista. Do fato de a
propriedade kolkhosiana não ser propriedade de todo o povo não se depreende, de
maneira alguma, que a propriedade kolkhosiana não seja uma propriedade socialista.

Estes camaradas supõem que a passagem da propriedade de indivíduos ou de


grupos de indivíduos, para a propriedade do Estado, seja a única, ou em todo caso a
melhor forma de nacionalização. Isso é falso. Na realidade a passagem para a
propriedade do Estado não é a única, nem sequer a melhor forma de nacionalização,
mas sim a forma inicial de nacionalização, como acertadamente diz Engels no "Anti-
Dühring". É indubitável que enquanto existir o Estado, a passagem para a propriedade
do Estado é a forma inicial de nacionalização mais compreensível. Contudo, o Estado
não existirá eternamente. Com a ampliação da esfera de ação do socialismo na maioria
dos países do mundo, o Estado irá extinguindo-se e naturalmente desaparecerá,
devido a isso, o problema da passagem dos bens de indivíduos ou de grupos de
indivíduos para a propriedade do Estado. O Estado desaparecerá, mas a sociedade
subsistirá. Em conseqüência, como herdeiro da propriedade de todo o povo, aparecerá
não já o Estado, que se terá extinguido, mas sim a sociedade mesma, na pessoa de seu
organismo econômico central, dirigente.

Que é necessário fazer, portanto, nesse caso, para elevar a propriedade


kolkhosiana ao nível da propriedade de todo o povo?

Os camaradas Sanina e Venzher propõem, como medida fundamental para essa


elevação do nível da propriedade kolkhosiana, vender aos kolkhoses, os principais
instrumentos de produção concentrados nas estações de máquinas e tratores (EMT),
desobrigar desse modo o Estado das inversões básicas na agricultura e fazer com que
os próprios kolkhosesassumam a responsabilidade da manutenção e do
desenvolvimento das EMT. Dizem eles:

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"Seria falso supor que as inversões kolkhosianas devam ser


destinadas principalmente a satisfazer as necessidades culturais
dos kolkhoses e que o Estado deva continuar proporcionando o
volume fundamental das inversões para satisfazer as necessidades
da produção agrícola. Não seria mais acertado eximir o Estado
deste encargo, já que os kolkhoses estão plenamente capacitados
para assumi-lo? O Estado terá muito em que investir seus recursos
a fim de criar no país a abundância de objetos de consumo".

Para fundamentar esta proposta, seus autores apresentam vários argumentos.

Primeiro. Reportando-se às palavras de Stálin de que os meios de produção não


se vendem nem mesmo aos kolkhoses, os autores da proposta põem em dúvida esta
tese de Stálin, ao dizer que apesar de tudo o Estado vende aos kolkhosesmeios de
produção como, por exemplo, pequenos instrumentos: foices, gadanhos, pequenos
motores, etc. Consideram que se o Estado vende estes meios de produção
aos kolkhoses, poderia também vender-lhes todos os demais meios de produção,
como, por exemplo, as máquinas da EMT.

Este argumento é inconsistente. Naturalmente o Estado vende pequenos


instrumentos aos kolkhoses, como estipulam os Estatutos do Artel Agrícola e a
Constituição. Mas, podem equiparar-se os pequenos instrumentos a meios de
produção tão fundamentais à agricultura como as máquinas das EMT ou, digamos, a
terra, que também é um dos meios de produção fundamentais na agricultura? É
evidente que não. Não se pode porque os pequenos instrumentos não decidem, em
absoluto, da sorte da produção kolkhosiana, ao passo que meios de produção como as
máquinas da EMT e a terra, decidem plenamente da sorte da agricultura em nossas
condições atuais.

Não é difícil compreender que quando Stálin dizia que os meios de produção não
se vendem aos kolkhoses não se referia aos pequenos instrumentos, mas sim aos
meios fundamentais de produção agrícola: as máquinas das EMT, a terra. Os autores
da proposta jogam com as palavras "meios de produção" e confundem duas coisas
distintas sem perceber que laboram em erro.

Segundo. Os camaradas Sanina e Venzher referem-se também ao fato de que no


período em que se iniciava o movimento kolkhosiano em massa — fins de 1929 e
princípios de 1930 — o próprio Comitê Central do Partido Comunista (b) da URSS era
partidário da entrega, como propriedade, aos kolkhoses, das estações de máquinas e
tratores, estipulando que os kolkhoses amortizariam o seu custo no prazo de três anos.
Os autores da proposta acham que muito embora essa iniciativa tivesse fracassado
naquela ocasião "em vista da pobreza" dos kolkhoses, agora que estes estão ricos,
poder-se-ia voltar a essa política, à venda das EMT aos kolkhoses.

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Este argumento também é inconsistente. Com efeito, em princípios de 1930, o


Comitê Central do Partido Comunista (b) da URSS aprovou uma resolução a respeito da
venda das EMT aos kolkhoses. Essa resolução foi aprovada por proposta de um grupo
de kolkhosianos de choque, a título de experiência, de prova, com a condição de num
futuro próximo voltar-se à questão e reexaminá-la. Contudo, a primeira verificação
demonstrou que a resolução não era conveniente e, ao fim de alguns meses,
precisamente em fins de 1930, foi ela anulada.

O ascenso posterior do movimento kolkhosiano e o desenvolvimento da


construção kolkhosiana persuadiram, definitivamente, tanto aos kolkhosianos como
aos dirigentes de que a concentração dos meios de produção agrícola fundamentais,
em mãos do Estado, nas estações de máquinas e tratores, é o único meio de assegurar
um ritmo rápido de crescimento da produção kolkhosiana.

Todos nós nos rejubilamos com o gigantesco crescimento da produção agrícola


em nosso país, com o crescimento da produção de cereais, algodão, linho, beterraba,
etc. Qual é a fonte deste crescimento? É a técnica moderna, é o grande número de
máquinas modernas que servem a todos estes ramos de produção. Não se trata
apenas da técnica em geral. Trata-se de que a técnica não pode, manter-se em ponto
morto; de que deve aperfeiçoar-se sem cessar; de que a velha técnica deve ser posta
fora de serviço e substituída pela técnica nova e esta pela novíssima. Sem isso é
inconcebível o progresso de nossa agricultura socialista são inconcebíveis as grandes
colheitas e a abundância de produtos agrícolas. Mas que significa pôr fora de serviço
centenas de milhares de tratores de rodas e substituí-los por tratores de lagarta,
substituir dezenas de milhares de colhedeiras-combinadas, antigas por novas, criar
novas máquinas, digamos, para culturas industriais? Significa despender bilhões de
rublos que não poderão ser recuperados senão dentro de 6 a 8 anos. Podem suportar
tais gastos os nossos kolkhoses, mesmo que sejam milionários? Não. Não podem,
porque não estão em condições de suportar gastos de bilhões de rublos que só
poderão ser amortizados dentro de 6 a 8 anos. Só o Estado está em condições de
realizar estas despesas, uma vez que só ele, e unicamente ele, está em condições de
suportar as perdas determinadas pela retirada de serviço das máquinas velhas e sua
substituição por outras novas, uma vez que ele e unicamente ele está em condições de
arcar com essas perdas durante 6 a 8 anos para, ao término desse prazo, ressarcir-se
das despesas realizadas.

Que significa, depois disso tudo, pedir a venda das EMT aos kolkhoses? Significa
condenar a grandes perdas os kolkhosese arruiná-los; solapar a mecanização da
agricultura, diminuir o ritmo da produção kolkhosiana.

Daí a conclusão: ao propor a venda das EMT aos kolkhoses, os camaradas Sanina
e Venzher retrocedem e procuram fazer a roda da história girar para trás.

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Admitamos, por um instante, que aceitemos a proposta dos camaradas Sanina e


Venzher e começamos a vender aoskolkhoses os instrumentos de produção
fundamentais, as estações de máquinas e tratores. Que resultaria disso?

Disso resultaria, em primeiro lugar, que os kolkhoses passariam a ser


proprietários dos instrumentos de produção fundamentais, isto é, encontrar-se-iam
numa situação excepcional, numa situação que nenhuma empresa ocupa em nosso
país, pois como se sabe nem mesmo as empresas nacionalizadas são, entre nós,
proprietárias dos instrumentos de produção. Como se poderia justificar esta situação
excepcional dos kolkhoses, em que considerações de progresso, de avanço se
basearia? Pode-se dizer que tal situação contribuiria para elevar a propriedade
kolkhosiana ao nível da propriedade de todo o povo, que aceleraria a passagem de
nossa sociedade do socialismo4 ao comunismo? Não seria mais acertado dizer que tal
situação só poderia afastar a propriedade kolkhosiana da propriedade de todo o povo
e que, ao invés de nos aproximar do comunismo, nos afastaria dele?

Disso resultaria, em segundo lugar, o alargamento da esfera de ação da circulação


mercantil, visto que em sua órbita entraria uma enorme quantidade de instrumentos
de produção agrícola. Que pensam a respeito os camaradas Sanina e Venzher? O
alargamento da esfera da circulação mercantil poderia contribuir para o nosso avanço
no sentido do comunismo? Não seria mais exato dizer de fato que frearia nosso avanço
no sentido do comunismo?

O erro fundamental dos camaradas Sanina e Venzher consiste em que não


compreendem o papel e o significado da circulação mercantil no socialismo; não
compreendem que a circulação mercantil é incompatível com a perspectiva da
passagem do socialismo ao comunismo. Pensam, pelo que se vê, que a circulação
mercantil não constitui um obstáculo para a passagem do socialismo ao comunismo,
que a circulação mercantil não pode impedir esta transição. Isto é um grande erro,
fruto da incompreensão do marxismo.

Ao criticar a "comuna econômica" de Dühring, que funciona sob as condições da


circulação mercantil, Engels demonstrou persuasivamente em seu "Anti-Dühring" que
a existência da circulação mercantil deve levar, de modo inelutável, as chamadas
"comunas econômicas" de Dühring ao ressurgimento do capitalismo. Os camaradas
Sanina e Venzher evidentemente não estão de acordo com isto. Tanto pior para eles.
Mas nós, marxistas, partimos da conhecida tese marxista de que a passagem do
socialismo ao comunismo e o princípio comunista da distribuição dos produtos
segundo as necessidades, excluem todo intercâmbio mercantil e, em conseqüência,
excluem também a transformação dos produtos em mercadorias e, ao mesmo tempo,
sua transformação em valor.

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Eis o que há a respeito da proposta e dos argumentos dos camaradas Sanina e


Venzher.

Que se deve fazer, então, para elevar a propriedade kolkhosiana ao nível da


propriedade de todo o povo?

O kolkhós não é uma empresa do tipo comum. O kolkhós trabalha numa terra e
cultiva uma terra que já há muito não é propriedade kolkhosiana, mas sim propriedade
de todo o povo. Portanto, o kolkhós não é proprietário da terra que cultiva.

Prossigamos. O kolkhós trabalha com instrumentos de produção fundamentais


que não são propriedade kolkhosiana, mas sim de todo o povo. Portanto,
o kolkhós não é proprietário dos instrumentos de produção fundamentais.

Ainda mais. O kolkhós é uma empresa cooperativa; utiliza o trabalho de seus


membros e distribui o rendimento entre eles de acordo com os "dias de trabalho"
realizados; além disso o kolkhós tem suas sementes, que se renovam anualmente e se
empregam na produção.

Cabe perguntar: que possui concretamente o kolkhós, onde está a propriedade


kolkhosiana, de que pode dispor com plena liberdade conforme o seu desejo? Tal
propriedade é a produção do kolkhós, o fruto da produção kolkhosiana: os cereais, a
carne, a manteiga, os legumes, o algodão, a beterraba, o linho, etc., sem contar os
edifícios e a exploração pessoal pelos kolkhosianos, de um terreno que cerca sua casa.
Ora, uma parte considerável desta produção, o excedente da produção kolkhosiana,
vai ter ao mercado e junta-se assim ao sistema de circulação de mercadorias. É
exatamente esta circunstância que impede agora a elevação da propriedade
kolkhosiana ao nível da propriedade de todo o povo. Precisamente para isso é
necessário tomar este fato como ponto de partida do trabalho para elevar a
propriedade kolkhosiana ao nível da propriedade de todo o povo. A fim de elevar a
propriedade kolkhosiana ao nível da propriedade de todo o povo é necessário excluir o
excedente da produção kolkhosiana, do sistema de circulação mercantil e incluílo no
sistema de troca de produtos entre a indústria do Estado e os kolkhoses. Aí está o
essencial da questão.

Não dispomos ainda de um sistema desenvolvido de troca de produtos, mas


existem os germes da troca de produtos em forma de "pagamento em mercadorias"
para os produtos agrícolas. Como se sabe, a produção dos kolkhoses que cultivam o
algodão, linho, beterraba, etc., de há muito que é "paga em mercadorias"; é verdade
que isso não se realiza totalmente, e sim parcialmente, mas apesar de tudo é "paga em
mercadorias". Observemos, de passagem, que a expressão "pagamento em
mercadorias" é infeliz e que deveria ser substituída pela expressão "troca de
produtos". A tarefa consiste em organizar em todos os ramos da agricultura estes

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germes da troca de produtos e desenvolvê-los em um amplo sistema de troca de


produtos para que os kolkhoses obtenham, pela sua produção, não só dinheiro, mas
sobretudo os artigos necessários. Tal sistema exige um enorme aumento da produção
que a cidade envia ao campo; por isso terá que ser introduzido sem muita pressa, na
medida em que se acumulem os artigos produzidos pela cidade. Mas, é preciso ser
introduzido metodicamente, sem vacilações, reduzindo-se passo a passo a esfera de
ação da circulação mercantil e ampliando-se a esfera de ação da troca de produtos.

Tal sistema, ao reduzir a esfera de ação da circulação mercantil, facilitará a


passagem do socialismo ao comunismo. Além disso permitirá incluir a propriedade
fundamental dos kolkhoses — a produção kolkhosiana — no sistema geral da
planificação nacional.

Será este precisamente o meio real e decisivo de elevar, em nossas condições


atuais, a propriedade kolkhosiana ao nível da propriedade de todo o povo.

É vantajoso tal sistema para os camponeses kolkhosianos? Sem dúvida, é


vantajoso. É vantajoso, uma vez que os camponeses kolkhosianos receberão do Estado
produtos em quantidade muito maior e a preços mais baratos do que com o sistema
de circulação mercantil. Todo mundo sabe que os kolkhoses que fizeram contratos em
troca de produtos com o Governo ("pagamento em mercadorias") obtêm vantagens
incomparavelmente maiores do que os kolkhoses que não os fizeram. Se se estende o
sistema de troca de produtos a todos os kolkhoses do país, estas vantagens serão
patrimônio de todos os nossos camponeses kolkhosianos.

28 de setembro de 1952
J. STÁLIN

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