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JUNTAS
1 INTRODUÇÃO
___________________________
2 PAVIMENTOS RÍGIDOS
De acordo com BAPTISTA (1976), pavimentos rígidos são aqueles em que o ligante é
constituído de cimento e sua espessura é função da resistência à flexão das lajes.
Para RODRIGUES (2006), a resistência do concreto irá determinar: a espessura do
concreto, a rigidez, a qualidade superficial, e também, indiretamente, irá influenciar as
deformações da placa, como o empenamento.
Da análise dos autores citados acima se pode concluir que quanto maior for a carga
dimensionada para a construção do piso, maior será a sua espessura.
Os pavimentos rígidos podem ser apoiados sobre pavimentos antigos, sejam eles de
concreto ou de asfalto, sobre a sub-base e sobre o solo.
Aqui serão apresentadas duas classificações de pavimentos rígidos: os pavimentos em
concreto simples e os estruturalmente armados.
0,316. l
i 4 log 1,069 , (1)
h² b
Equação 1 – Fonte: Modificado de Westergard (1925)
0,431. a
Deflexão: b 1 0,82 , (4)
kl ² l
Equação 4 – Fonte: Modificado de Westergard (1925)
0, 72
3. 1,722a
x 1 , (5)
h² l
Equação 5 – Fonte: Modificado de Westergard (1925)
1,722a
Deflexão: cp 1,205 0,69 , (6)
kl ² l
Equação 6 – Fonte: Modificado de Westergard (1925)
Ponto de
Situação Aplicação M Sup. T Sup. As Sup M Inf. T Inf. As Inf.
KN.cm MPa cm²/m KN.cm MPa cm²/m
Veículo Rodagem
Simples Interior da Placa 0,00 0,00 2,27 368,98 0,98 0,00
Veículo Rodagem
Simples Borda da Placa 0,00 0,00 2,27 998,19 2,66 1,63
Veículo Rodagem
Simples Canto da Placa 657,49 1,75 2,27 0,00 0,00 0,00
Crítica 657,49 1,75 2,27 998,19 2,66 1,63
Tabela 1: Resultados de ensaio pra pontos de aplicação feitos em pisos com veículos de rodagem simples.
Fonte: Autor, 2009.
2.3.2 RETRAÇÃO
Existem três tipos de retração: a retração por secagem causada pela redução de
dimensões devido à perda de água, a retração autógena que é a redução de volume dos
produtos de hidratação ou ainda a retração plástica que ocorre antes da pega.
Segundo BAPTISTA (1976) a retração é o fenômeno que provoca diminuição do
volume de concreto e se processa desde que se inicia a pega do concreto. Pode ser controlada
lançando mão de juntas e cura adequada.
Conforme PINHEIRO e OLIVEIRA (2000):
O aparecimento de fissuras não depende somente do valor da retração, mas
também da deformabilidade do concreto, da sua resistência e do grau de
restrição à deformação. A cura é o procedimento mais utilizado no intuito de
se diminuir a fissuração por retração, evitando a perda de água para o ar
durante a secagem do concreto. A não realização da cura adequada faz com
que o concreto fissure antes de atingir a resistência mínima para resistir aos
esforços gerados pela retração.
Já RODRIGUES (2006) afirma que a retração é provocada pela diminuição do volume
e evaporação da água excedente do concreto. O fenômeno é inevitável e é a primeira causa
das fissuras nas placas. Estas podem ser reduzidas com cuidados na dosagem do concreto.
Com a análise dos autores pode-se afirmar que a maneira mais prática de se evitar a
fissuração por retração e, com isso obter a maior durabilidade do piso, é a realização da cura
adequada do concreto.
2.3.3 EMPENAMENTO
Figura 2: Tendência de empenamento durante o dia. Figura 3: Tendência de empenamento durante a noite.
Fonte: PINHEIRO e OLIVEIRA (2000) - Projeto Fonte: PINHEIRO e OLIVEIRA (2000) - Projeto
estrutural de pavimentos rodoviários e pavimentos estrutural de pavimentos rodoviários e pavimentos
industriais de concreto industriais de concreto.
3 JUNTAS
De acordo com PINHEIRO (2000) a função das juntas, nos pavimentos de concreto, é
promover a fissuração com geometria pré-definida a fim de garantir o funcionamento
estrutural previsto e manter o nível estético do pavimento.
Segundo RODRIGUES (2006) a função básica das juntas é permitir as movimentações
de contração e expansão do concreto, permitindo a adequada transferência de carga entre as
placas contíguas e garantindo o conforto do rolamento.
Da análise dos autores tem-se que as juntas constituem o ponto mais vulnerável do
piso e estão sujeitas a defeitos tanto no desempenho quanto na execução. Se não forem
projetadas e executadas corretamente as movimentações excessivas podem causar a perda do
material de selagem e até mesmo a ruptura das bordas denominada de esborcinamento.
As figuras 4 e 5 mostram as condições de trabalho das juntas com e sem dispositivo de
transferência de carga.
As juntas estão divididas de acordo com a sua função e o método executivo e podem
ser classificadas em: junta longitudinal de construção, junta de expansão e juntas serradas.
BAPTISTA (1976) afirma que a junta serve para controlar as tensões devido ao
empenamento da placa por efeito da variação não uniforme da temperatura.
As juntas de construção são mais sensíveis a quebras devido ao acúmulo de argamassa
nas bordas e, por isso, devem ser reduzidas à menor quantidade possível. Para esse tipo de
junta devem-se utilizar encaixes do tipo macho e fêmea ou barras de transferência. O
mecanismo de transferência de carga do tipo macho e fêmea (figura 7) deve ser evitado em
pisos industriais devido à sua baixa capacidade de transferência de cargas, dificuldades na
execução e grande ocorrência de fissuras próxima das bordas.
As juntas de expansão (figura 8) são utilizadas onde houver encontro do piso com
outros elementos estruturais como vigas baldrames, bases de máquinas, blocos de concreto e
alvenarias. Elas fazem com que o piso trabalhe independente das outras estruturas. Quando se
trata de pilares e de pequenas aberturas nos pisos normalmente utiliza-se junta do tipo
8
diamante (figura 9). Estas estão posicionadas ao redor dos pilares e tem a função de isolar o
piso deles.
BAPTISTA (1976) afirma que as juntas devem ser serradas num tempo que se evite a
formação de trincas, porém não logo após a distribuição e compactação do concreto para
evitar problemas de danificar a superfície da laje de concreto pela ação da máquina de serrar.
De acordo com RODRIGUES (2006) as juntas serradas são geralmente ortogonais à
maior direção da placa, sendo, portanto sujeitas às maiores movimentações em função da
retração do concreto. Após o período de cura inicial dá-se início ao corte das juntas.
Analisando as afirmações dos autores observa-se que os cortes das juntas criam
regiões enfraquecidas nas faixas de concretagem, por onde se desenvolverão fissuras quando
da movimentação horizontal das placas, evitando a fissuração de todo o piso.
9
As juntas serradas (figura 11) são utilizadas para permitir o equilíbrio das tensões
geradas pela retração do concreto e o seu espaçamento é função da taxa de armadura
empregada. São feitas com cortes no piso, em período de cura do concreto, a uma
profundidade de no mínimo 40 mm que deve ser maior do que 1/6 da espessura do piso e
menor do que ¼ da espessura do mesmo.
4 BARRAS DE TRANSFERÊNCIA
As barras de transferência (figura 12), como o próprio nome já diz, são utilizadas para
a transferência de cargas. São feitas com aço CA 25, possuem seção circular, maciças e lisas.
De acordo com BAPTISTA (1976) as barras de transferência são usadas na extensão
da junta para a transferência de cargas. Seu posicionamento deve ser no meio da espessura da
placa. Deverão ser lisas e untadas de graxa em uma das metades para assegurar, no concreto,
espaço para o movimento dos passadores.
RODRIGUES (2006) afirma que as barras constituem o principal e mais eficiente
mecanismo de transferência de cargas empregado nas juntas. Elas não devem aderir no
concreto em pelo menos um dos lados para permitir seu deslocamento quando da retração, e
para isso devem estar com pelo menos metade do seu comprimento lubrificada.
Com a análise dos autores tem-se que as barras constituem os mais eficientes
mecanismos de transferência de carga e para o seu melhor desempenho é necessário que se
lubrifique um de seus lados pra não aderir ao concreto quando ele sofrer retrações.
10
Tabela 2 – Diâmetro das barras de transferência. (Fonte: Adaptada de Dimensionamento de pavimentos de concreto estruturalmente
armados. 1997).
Os dados da tabela foram obtidos com base nos pavimentos de concreto simples, aqueles em
que os esforços atuantes são resistidos apenas pela resistência à tração na flexão.
E h³
4 , (7)
12.(1 ²).k
Equação 7 – Fonte: Modificado de Públio e Gasparetto (set/out - 99)
Onde:
Para avaliar a influência do raio de rigidez relativo na força aplicada nas barras de
transferência, pode-se comparar, por exemplo, uma carga P aplicada em uma junta, no mesmo
alinhamento da barra de transferência (figura 13). A tendência é que essa força distribua-se
com maior intensidade na barra em seu alinhamento, enquanto as barras vizinhas recebem um
esforço menor, proporcional à distância que se encontram do centro de aplicação de cargas. A
influência da carga se fará sentir até uma distância igual a 1,8 vezes o raio de rigidez relativo.
Ou seja, quanto maior for o raio mais barras estarão repartindo o esforço aplicado.
n.x
bn 1 , (8)
Equação 8 – Fonte: Modificado de Friberg (1940)
Desta forma, segundo FRIBERG (1940), o esforço atuante na barra mais solicitada
considerando a junta com 100% de eficiência será:
12
0,5P
Pa n (Kgf), (9)
1 2 1 bi
Quando a força estiver atuando próxima à borda livre, o esforço atuante na barra mais
solicitada será:
0,5 P
Pa n (Kgf), (10)
1 1 bi
Equação 10 – Fonte: Modificado de Friberg (1940)
Com a análise das equações 3 e 4 nota-se que a barra mais solicitada estará sempre
próxima a uma borda livre. Quando houver mais de uma força atuando na junta, o efeito na
barra deve ser superposto.
Esse modelo, proposto por Friberg (YODER & WITCZAK, 1975) admite que a placa
de concreto seja absolutamente rígida e, portanto o subleito acaba não recebendo esforços, o
que na realidade não ocorre; logo, as cargas nas barras assim avaliadas acabam sendo maiores
do que calculado.
Por exemplo, supondo uma junta com barras espaçadas a cada 30 cm, com eficiência
de 100%, isto é, que distribui igualmente os esforços nos dois lados da junta, e carga P
aplicada coincidentemente no eixo de uma barra. Se l = 80 cm, a barra mais solicitada estará
recebendo um esforço equivalente a 0,05P; se l = 50 cm, o esforço será 0,08P, ou seja, 60%
maior do que na placa mais rígida.
Quando uma carga Pa atua em uma barra imersa no concreto, conforme mostra a
figura 14 (HUANG, 1993), apresenta a seguinte rigidez:
Fonte: Juntas em pisos industriais. Públio Rodrigues e Edson Gasparetto set/out – 99.
13
K .
4 , (11)
4.E.
Equação 11 – Fonte: Modificado de Friberg (1940)
4
.
, (12)
64
Equação 12 – Fonte: Modificado de Friberg (1940)
(2 z )
, (14)
(4. ³.)
Equação 14 – Fonte: Modificado de Timoshenko (1925)
10
adm fck (MPa) (16)
7,5
Equação 16 – Fonte: Modificado de Friberg (1940)
5.1 A largura da faixa de concretagem deve ser consistente com os índices de planicidade
exigidos para o uso do piso;
5.2 Caso existam pilares na região do piso, preferencialmente, posicione juntas na direção de
seus eixos, posicionando a Junta diamante ao redor deles (figura 15);
5.3 As juntas devem ser alinhadas aos cantos internos do piso (figura 16);
Errado Certo
Figura 16: Alinhamento de juntas
Fonte: Juntas em Pisos Industriais (Rodrigues e Gasparetto, 1999)
5.4 O comprimento de uma junta de construção ou serrada deve ser no mínimo igual a 50 cm
de comprimento (figura 17);
5.5 As juntas não devem formar ângulos menores que 90º entre si (figura 17);
5.6 Uma junta de construção ou serrada deve sempre encontrar uma curva em ângulo igual a
90º (figura 17);
Referente ao
item 5.4
5.7 As juntas deverão ser sempre contínuas, atravessando toda a extensão do piso. Nunca
terminar uma junta no meio de outra placa (figura 18).
Figura 18: Detalhe de uma trinca causada pela não continuidade da junta.
Fonte: Juntas em Pisos Industriais (Rodrigues e Gasparetto, 1999).
16
6 SELAGEM DE JUNTAS
Os selantes (figura 16) são materiais plásticos utilizados na vedação das juntas do piso
permitindo a sua selagem. São de fundamental importância, pois impedirão a entrada de
materiais incompressíveis (areia, pequenos pedregulhos e outros) e a infiltração de água na
junta, que são prejudiciais ao desempenho do piso.
Os materiais incompressíveis impedem a movimentação livre das juntas. A infiltração
de água causa prejuízos à durabilidade do pavimento, pois se o piso não estiver isolado do
solo através de uma lona plástica, como é comumente utilizado nas obras, a infiltração
provocará uma erosão e prejudicará a continuidade de suporte requerida para o bom
desempenho do pavimento.
Os tipos de selantes mais recomendados para a aplicação nas juntas são os poliuretano,
polietileno e cortiças. Esses propiciam melhores condições de aderência com as paredes da
junta. O tarucel é utilizado como delimitador da altura da junta.
7 CONCLUSÃO
Por isso, o piso industrial deve ser pensado como um conjunto, que envolve estudo dos
materiais, formas de acabamento, índices de planicidade e nivelamento desejados,
manutenção, custos e usos.
REFERÊNCIAS
- AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, ACI: Guide for Concrete Floor and Slab
Construction. Farmington Hills, MI, 1996.
- YODER, E. J. & WITCZAK, M. W. Principles of Pavement Design. Ed. John Wiley and
Sons, N.Y. 1975.