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DIREITO PENAL
PROFº ROBERTO SOBRAL
CONCEITO FORMAL:
Crime é a conduta assim definida em lei sob a forma de um “Tipo Legal Incriminador”.
Ou, simplesmente, pode-se afirmar que “Crime” é o fato que a lei considera crime”.
Francisco de Assis Toledo – O crime é um fato humano que lesa ou expõe a perigo bens
jurídicos penalmente protegidos.
Giuseppe Betiol – “É todo fato humano lesivo de um interesse capaz de comprometer as
condições de existência, de conservação e de desenvolvimento da sociedade”.
CONCEITO ANALÍTICO
Construção do conceito:
a) ação humana } Requisitos fundamentais
b) previamente definida na lei penal }
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
1ª conclusão:
“TODO CRIME É UM FATO TÍPICO”
1ª) O Crime é, tão somente, um fato típico e ilícito Æ Damásio de Jesus lidera, no
Brasil, esta corrente majoritária, para a qual bastam dois requisitos genéricos para que
um fato seja crime: ser “típico e ilícito”.
2ª) O Crime é um fato típico, ilícito e culpável Æ Segundo esta corrente que, embora
minoritária, conta com o apoio de importantes penalistas pátrios, dentre eles o magistral
Francisco de Assis Toledo, nem todo fato típico e ilícito constitui crime. Para esta
corrente, não será crime o fato típico e ilícito praticado por doentes mentais, menores de
18 anos ou por alguém obrigado por uma coação irresistível (por exemplo, o gerente de
banco que subtrai o dinheiro do cofre para levar para a sua casa aonde sua família se
encontra sob a ameaça de assaltantes armados). Os menores e os loucos são
inimputáveis, irresponsáveis do ponto de vista penal, o gerente não pode merecer a
reprovação pela sua conduta, por não ser possível exigir dele conduta diversa. Em
síntese, nestas hipóteses, está ausente a CULPABILIDADE, sem a qual (para esta
corrente) não existe o crime.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
DEFINIÇÕES
1) Sujeitos do Crime –
a)Sujeito Ativo, ou ‘agente’ (CPB arts. 15, 18,23,26). No Cód. de Processo
Penal recebe um nome em cada fase: ‘suspeito’ (antes do Inquérito), ‘indiciado’ (no
Inquérito), após a denúncia ou queixa passa a ser ‘denunciado’, ‘querelado’,‘acusado’ ou
‘réu’, e, por fim, sentenciado.
Æ Pessoa Física, até recentemente só as pessoas físicas podiam
cometer crimes, já que “societas delinquere non potest”.
Æ Pessoa Jurídica (?) – CF art. 225, § 3º e Lei 9.605/98 - condutas
lesivas ao meio ambiente.
b) Sujeito Passivo – é o titular do bem jurídico visado. Sujeito Passivo Material
é a própria vítima. Sujeito Passivo Formal será sempre o Estado, que é o titular do
ordenamento jurídico. Todo crime atinge o Estado.
2) Objeto do Crime
II - Objeto Material – aquilo que a ação delituosa atinge, pessoa ou coisa sobre a
qual recai a conduta criminosa: é o corpo, nos casos de homicídio, lesão corporal
e estupro; é a coisa nos casos de crimes de furto, roubo e dano. (ATT: existem
crimes sem objeto material –ato obsceno (233), crimes contra a honra , falso
testemunho (342), etc.
4) CRIME E CONTRAVENÇÃO
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
com sanções severas. Para as condutas menos lesivo a, para os delitos menores, aplica-
se a lei das contravenções penais, buscando- se com esta,"uma rede protetora,
preventiva,... de modo a surpreender o criminoso em seu estado embrionário, mas já em
suficiente condição de demonstrar o perigo de, com a progressão da conduta do agente, e
no desdobramento desta, ocorrer sua lesão. Para prevenir o mal maior, o legislador
estabelece um conjunto de normas destinadas a cercear as condutas que, sem se
apresentar ainda lesivas ou ofensivas, trazem em si a potencialidade de ofender ou lesar,
constituindo-se em manifestação de estado perigoso. Essas situações ou estado de
perigo são as condutas que o legislador interessa coibir, sancionando com punições
brandas, suficientes para cercear o crime que fatalmente ocorreria no final de seu
desdobramento. A essas condutas estimadas como perigosas deu-se o nome de
contravenções, e a sua tipificação em leis de caráter punitivo visa cercear-lhes o
desenvolvimento¨ (ªS. Franco – Cód. Penal...)
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
O FATO TÍPICO
I) Conduta humana
II) Resultado
III) Nexo Causal
IV) Tipicidade
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Æ Esta teoria entende a “ação” como uma vontade cega, voltada para um
movimento sem finalidade. Separa a Conduta do seu conteúdo psicológico: a finalidade
da ação determinada pela vontade.
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Para esta teoria “Conduta” é um ato de vontade dirigido a uma finalidade, ou seja, uma
atuação positiva ou negativa no mundo exterior voltada para uma finalidade.
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- CRÍTICAS
- Æ Dificuldade em se conceituar o que seja “relevância social”, porque até os fatos da
natureza podem ter relevância social (enchentes e terremotos, por exemplo). Portanto
não serve para definir o que seja um fato jurídico-penal.
- Æ Damásio de Jesus entende que esta Teoria, quando afirma que ‘a ação é a
causação de um resultado socialmente relevante’, não faz diferença entre um
homicídio doloso e um culposo, já que o resultado é idêntico nos dois casos. Deste
modo esta é uma teoria igualmente causalista, para a qual são cabíveis as mesmas
críticas já oferecidas aos causais-naturalistas. Em verdade, esta crítica não parece
considerar a moderna vertente defendida entre nós por penalistas como P.J. da Costa
Jr., que já incorpora nitidamente os conceitos finalistas.
- Æ Apropriadamente critica-se a adoção, por esta teoria, de uma base causalista
quando diz que “Ação é causação de um resultado socialmente relevante”, já que
uma tal base não permite explicar a tentativa.
“ Tem como seu grande precussor Günther Jacobs. Segundo tal teoria, a
finalidade da norma penal é a sua imposição à sociedade como imperativo legal, ou seja,
como afirmação da autoridade do Estado e da necessidade de obediência por parte do
corpo social. Em outras palavras, não cabe à sociedade questionar as opções penais do
Poder Público, nem discutir por que determinada conduta foi erigida à condição de
infração penal, devendo limitar-se ao cumprimento do ordenamento jurídico. De cunho
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Æ o dever de agir (prestar socorro, v.g.) encontra-se implícito no próprio tipo penal,
em sentido contrário à conduta omissiva descrita.
Æ Os crimes de omissão própria são crimes de mera conduta, onde não se exige
a efetivação de um resultado danoso, basta que o sujeito não realize o
comportamento exigido pela norma, e que o agente podia realizar.
Æ A omissão é ato único, unissubsistente, não fracionável em diversos atos, logo, não
admite tentativa.
Æ O tempo (ou momento) do crime (art. 4º) coincide com o momento consumativo.
Æ Resultam do “não agir” de uma pessoa determinada que tinha o dever de agir para
impedir a produção do resultado danoso. Casos como o da especial obrigação de
cuidado do pai para com o filho, da enfermeira em seu plantão para com o
paciente internado sob os seus cuidados, do carcereiro para com o encarcerado,
do guia de alpinismo com relação aos alpinistas amadores sob a sua direção, do
professor de mergulho com os mergulhadores novatos etc...
RELEVÂNCIA DA OMISSÃO
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Æ Os delitos cometidos por omissão imprópria são delitos de resultado, logo, exige-
se que o resultado se produza para que haja consumação, sendo possível a forma
tentada.
Æ Estes delitos não são expressados através de tipos próprios, específicos, como os
“omissivos próprios”. Não existe “crime de omissão imprópria”; a omissão
imprópria é forma de cometimento dos crimes comissivos, somente por eles
respondendo aqueles a quem a Lei comete um especial dever de agir para
impedir o resultado, os “garantes”, em sentido amplo.
Æ A omissão pode ser dolosa ( homicídio doloso praticado pelo padrasto que deixa
morrer o enteado menor, sob seus cuidados, sem alimentos e a medicação
devida), ou culposa (o salva-vidas que deixa seu posto de vigilância na piscina
pública onde crianças estão a se banhar).
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b) Ausência de Conduta
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2. MOVIMENTOS REFLEXOS
3. ESTADOS DE INCONSCIÊNCIA
Æ Sonambulismo
Æ Embriaguez letárgica
- Casos em que não se vislumbra qualquer indício de vontade ou consciência.
OBSERVAÇÃO: Também no ‘caso Fortuito’ e ‘na força maior’ não se pode falar em
conduta. A doutrina, todavia, estuda o assunto dentro do tema da ‘Causalidade”,
equiparando o caso fortuito e a força maior a uma não-causa. Doutrina minoritária já
entendeu serem os dois fenômenos excludentes da culpabilidade.
1) O DOLO
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Teorias do DOLO :
i) Teoria da Vontade
ii) Teoria da Representação
iii) Teoria do Assentimento ou Consentimento
i) A Teoria da Vontade (Carrara) diz que para que se configure o DOLO são
necessários dois requisitos:
iii) A Teoria do Assentimento: Não é preciso que haja vontade, basta que o agente
represente o resultado e aceite produzi-lo. Ex: Quero experimentar uma nova arma
de longo alcance e faço mira em uma árvore distante a 100 metros. Alguém me
adverte de que ali não é um lugar adequado para esta conduta, pois pode ferir
alguém. Respondo que não desejo isto, mas se acontecer, paciência, tanto faz.
Ou seja, não desejo mas aceito o resultado. Para a teoria do Assentimento aí
existe DOLO, pela aceitação do resultado. Portanto, DOLO= Previsão +
Aceitação do resultado.
Alcance do DOLO:
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
ATT: Não se exige que o DOLO abranja a consciência de ilicitude, ou seja, que
o agente além de praticar a conduta descrita no tipo, deseje contrariar o direito.
Esta vontade de realizar uma conduta ilícita é uma característica do chamado ‘dolo
normativo’ que não prevalece no ordenamento jurídico brasileiro. Segundo a
doutrina adotada no Brasil, o dolo é naturalístico, é natural, consistente em
querer realizar a conduta típica e obter o resultado., compreendendo, como visto,
os objetivos, os meios e as conseqüências secundárias. Não se exige, portanto, a
consciência da ilicitude.
Portanto, para a Teoria Finalista o dolo é natural, não contém a consciência
da ilicitude, que é um elemento normativo (valorado) próprio da ‘culpabilidade’, a
ser estudada.
Espécies de Dolo:
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3) Dolo de Dano (art. 130, § 1º) e Dolo de Perigo (art. 130, caput)
4) Dolo Genérico ( art. 121)e Dolo Específico (art. 134 – ‘para ocultar desonra própria’)
- Esta é uma distinção da antiga doutrina clássica, hoje empregada com restrições. A
expressão dolo específico nada mais é que um 'elemento subjetivo' do Injusto
Típico.
Luiz R. Prado lembra a classificação de Mezger quanto aos elementos
subjetivos do injusto em:
1. Delitos de intenção ou de tendência interna transcendente, onde se
percebe no Tipo um especial fim de agir (exs: “para si ou para outrem” art. 155;
“com o fim de obter”(art. 159). Aqui busca-se um resultado ulterior mas previsto
no tipo.
2. Delitos de tendência (intensificada) – Aqui não se busca um “resultado
ulterior ao previsto no tipo, senão que o autor confira à ação típica um sentido ou
(tendência) subjetivo ainda que não expresso no tipo, mas decorrente da natureza
do delito” (LRP). Ex: satisfação da lascívia no estupro e no atentado violento ao
pudor, animus injuriandi, difamandi e caluniandi nos delitos contra a honra, etc.
6) Dolo Geral .
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“Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”.
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Por isso se diz que o crime culposo se traduz em tipo aberto, um Tipo que será integrado
pelo juízo de valoração mencionado.
Daí a expressão: “o DOLO está na cabeça do agente (elemento subjetivo ). A CULPA
está na cabeça do juiz (elemento normativo).”
Espécies de Culpa:
1) Culpa Inconsciente (ou Comum) X Culpa Consciente
A Culpa Inconsciente é a culpa comum, cuja estrutura está acima representada.
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pessoa que se atirasse contra o seu veículo, ainda que ele estivesse trafegando dentro
da velocidade regulamentar, seria punido por culpa presumida.
A culpa presumida é uma espécie de responsabilidade objetiva, e, como tal, já não é
admitida em nosso ordenamento jurídico-penal. Só se admite a ocorrência de culpa
que se possa provar de modo induvidoso, não se admitindo presunções.
5) Graus de culpa
No Direito Romano diferenciava-se o grau de culpa (culpa grave, leve ou levíssima)
conforme a maior ou menor possibilidade de previsão do resultado e o grau de cuidado
objetivo tomado ou não pelo sujeito diante do fato. Hoje já não se distingue a culpa em
graus, embora, na dosimetria da pena, possa constituir elemento de apreciação do juiz
à luz do artigo 59 do CPB, quando considerar as circunstâncias do delito.
6)COMPENSAÇÃO e CONCORRÊNCIA DE CULPAS – Não existe compensação de
culpas no Direito Penal. A culpa concorrente resultará em punição para todos os
agentes envolvidos.
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O FATO TÍPICO
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PRETERDOLO.
Há dolo na conduta antecedente e
culpa no resultado mais grave
conseqüente, Exs:
Æ dolo no aborto, culpa na morte da gestante
(art. 127);
Æ dolo na lesão corporal e culpa na morte
(art. 129, § 3º),
Exame do art. 19:
“Pelo resultado que agrava especialmente a
pena só responde o agente que o houver
causado ao menos culposamente”
Æ Não é suficiente a existência de um mero
nexo de causalidade objetiva entre a conduta
antecedente e o resultado agravador. É
necessário que haja pelo menos uma
previsibilidade objetiva do resultado.
Æ Se houver caso fortuito ou força maior no
conseqüente o agente não responde pelo
resultado mais grave.
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JURISPRUDÊNCIA
STJ
NC 000229
Relator(a) Ministro JOSÉ DELGADO
Data da Publicação DJ 19.12.2001
13. Para exato atendimento aos preceitos do artigo 41 do Código de Processo Penal, a denúncia deve
descrever o fato delituoso, com todas as suas circunstâncias. E, no caso concreto, não se pode
demonstrar a maneira pela qual ocorreram as lesões descritas no laudo de fls. 04. Incidente
também, de outro lado, o comando do artigo 13 do Código Penal, no sentido de que "o
resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa"; e
se não existem meios de identificar o causador das lesões não há como oferecer denúncia.
Lembra–se: o nexo de causalidade é elemento essencial do fato típico penal.
STJ
HC 46525 / MT ; HABEAS CORPUS 2005/0127885-1
Relator(a) Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA (1128)
Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA
Data do Julgamento 21/03/2006
Data da Publicação/Fonte DJ 10.04.2006 p. 245
3. Por outro lado, narrando a denúncia que a vítima afogou-se em virtude da ingestão de substâncias
psicotrópicas, o que caracteriza uma autocolocação em risco, excludente da responsabilidade criminal,
ausente o nexo causal.
4. Ainda que se admita a existência de relação de causalidade entre a conduta dos acusados e a
morte da vítima, à luz da teoria da imputação objetiva, necessária é a demonstração da criação pelos
agentes de uma situação de risco não permitido, não-ocorrente, na hipótese, porquanto é inviável
exigir de uma Comissão de Formatura um rigor na fiscalização das substâncias ingeridas por todos os
participantes de uma festa.
5. Associada à teoria da imputação objetiva, sustenta a doutrina que vigora o princípio da confiança, as
pessoas se comportarão em conformidade com o direito, o que não ocorreu in casu, pois a vítima veio
a afogar-se, segundo a denúncia, em virtude de ter ingerido substâncias psicotrópicas, comportando-
se, portanto, de forma contrária aos padrões esperados, afastando, assim, a responsabilidade dos
pacientes, diante da inexistência de previsibilidade do resultado, acarretando a atipicidade da
conduta.
6. Ordem concedida para trancar a ação penal, por atipicidade da conduta, em razão da ausência de
previsibilidade, de nexo de causalidade e de criação de um risco não permitido, em relação a todos os
denunciados, por força do disposto no art. 580 do Código de Processo Penal.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
Diversas Teorias tratam do assunto (L. Regis Prado chega a citar 10 teorias):
A Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais (ou Teoria da Equivalência das Condições
ou Teoria da Conditio Sine Qua Non”) é a teoria adotada pelo CPB: Causa é todo e qualquer
antecedente causal indispensável à produção do resultado, é qualquer condição antecedente sem a
qual não se produziria o resultado.
Esta teoria não faz distinção entre ‘causa’ (aquilo de que depende o resultado
para que venha a se produzir, ou, tudo que concorre para o resultado), ‘condição’ (ensejo ao
funcionamento da causa), ‘ocasião’ (circunstância acidental que cria condições que favorecem a
produção do resultado) ou ‘concausa’ (condição ou causa cooperadora para produção do resultado).
Assim, “causa é toda a condição do resultado, e todos os antecedentes causais indispensáveis
à sua produção são equivalentes, não havendo qualquer distinção entre causa, condição ou
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
1ª Hipótese: Sim, retirada a conduta ‘x’ o resultado seria o mesmo. Logo, esta conduta ‘x’ não
foi causa.
2ª Hipótese: Não, retirada a conduta ‘x’ o resultado não ocorreria ou teria ocorrido de modo
diferente. Logo, esta conduta ‘x’ foi causa.
Se “A” compra um revólver, toma um táxi, dirige-se a um local onde se põe de tocaia, dispara a arma e
mata o seu inimigo, todas as condutas descritas são relevantes causais para o resultado morte.
Pergunta-se:
ÆA venda da arma, realizada pelo comerciante legal, foi relevante?
ÆE o fabrico da arma, também não é antecedente causal?
Æ O vendedor e o fabricante não concorreram para o resultado?
É óbvio que a Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais de Von Thyrén, excelente para definir
o nexo de causalidade absolutamente objetivo, não é suficiente para resolver este problema de
regressão infinita de causas, que, inevitavelmente, remeterá as causas de qualquer fato ao Criador do
universo. Esta Teoria define bem o que seja uma cadeia causal, mas não se pode responsabilizar
alguém apenas por ter participado da cadeia causal. É preciso que haja também uma IMPUTAÇÂO
SUBJETIVA, um nexo de DOLO ou CULPA entre o agente e o fato. Diz Zaffaroni: “Para nós - que
respeitamos a estrutura ôntica da conduta e dos fenômenos que a acompanham, partindo de um ponto
de vista realista – esta é a única concepção da causalidade que nos cabe admitir na teoria do Tipo. A
sua admissão não acarreta qualquer problema, porque a relevância penal da causalidade encontra-se
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
limitada, dentro da própria categoria do tipo, pelo tipo subjetivo, isto é pelo querer do resultado”. Neste
sentido, lembra, o pai e a mãe da criança que um dia virá a ser homicida, aqueles que deram causa ao
nascimento do criminoso não dirigiram a sua vontade para o crime futuramente praticado pelo filho.
Citando Bacigalupo: “somente é relevante a causalidade material dirigida pela vontade de acordo com
um fim”
DA SUPERVENIÊNCIA CAUSAL
2. concomitantes
1. Absolutamente independentes em relação
à conduta do sujeito. 3. supervenientes
CAUSAS
1. preexistentes
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
Notas:
I) As causas absolutamente independentes, por óbvio, excluem a imputação por exclusão do
nexo de causalidade (art. 13, caput).
II) A causa relativamente independente que por si só produz o resultado exclui a imputação (
art. 13 § 1º). O agente responderá pelos fatos anteriores.
III) As causas preexistentes e concomitantes, quando relativamente independentes, não
excluem o resultado (art. 13, caput).
1. Afirmar na denúncia que "a vítima foi jogada dentro da piscina por seus colegas, assim como tantos
outros que estavam presentes, ocasionando seu óbito" não atende satisfatoriamente aos requisitos do
art. 41 do Código de Processo Penal, uma vez que, segundo o referido dispositivo legal, "A denúncia
ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas".
2. Mesmo que se admita certo abrandamento no tocante ao rigor da individualização das condutas,
quando se trata de delito de autoria coletiva, não existe respaldo jurisprudencial para uma acusação
genérica, que impeça o exercício da ampla defesa, por não demonstrar qual a conduta tida por
delituosa, considerando que nenhum dos membros da referida comissão foi apontado na peça
acusatória como sendo pessoa que jogou a vítima na piscina.
3. Por outro lado, narrando a denúncia que a vítima afogou-se em virtude da ingestão de substâncias
psicotrópicas, o que caracteriza uma autocolocação em risco, excludente da responsabilidade criminal,
ausente o nexo causal.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
4. Ainda que se admita a existência de relação de causalidade entre a conduta dos acusados e a
morte da vítima, à luz da teoria da imputação objetiva, necessária é a demonstração da criação pelos
agentes de uma situação de risco não permitido, não-ocorrente, na hipótese, porquanto é inviável
exigir de uma Comissão de Formatura um rigor na fiscalização das substâncias ingeridas por todos os
participantes de uma festa.
5. Associada à teoria da imputação objetiva, sustenta a doutrina que vigora o princípio da confiança,
as pessoas se comportarão em conformidade com o direito, o que não ocorreu in casu, pois a vítima
veio a afogar-se, segundo a denúncia, em virtude de ter ingerido substâncias psicotrópicas,
comportando-se, portanto, de forma contrária aos padrões esperados, afastando, assim, a
responsabilidade dos pacientes, diante da inexistência de previsibilidade do resultado, acarretando a
atipicidade da conduta.
6. Ordem concedida para trancar a ação penal, por atipicidade da conduta, em razão da ausência de
previsibilidade, de nexo de causalidade e de criação de um risco não permitido, em relação a todos os
denunciados, por força do disposto no art. 580 do Código de Processo Penal.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
O FATO TÍPICO
IV – A TIPICIDADE
TIPO E TIPICIDADE
Primeira expressão legal do Tabestand surge na Ordenação Criminal Prussiana de 1905, que em
seu § 133 dizia “O tipo legal (corpus delicti) compreende o conjunto daquelas
circunstâncias que fazem seguro ou de máxima probabilidade, que um delito se tenha
cometido”.
O corpo de delito, de natureza processual, representa “uma das melhores conquistas liberais.
Nasce como uma reação contra a arbitrária faculdade dos juízes para condenar ou
absolver, baseando-se na confissão arrancado por métodos ferozes (a tortura). O corpo
de delito surge junto à Teoria das Provas Legais” constituindo em dogma processual o
princípio de que deve ter-se por indubitável a realização do fato.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
“a) Tendo em conta que sua origem é eminentemente processual, poderíamos dizer que
o corpo de delito é a prova material deste, ou se quiser, a parte corporal dele, para
provar sua existência.
b) ...não faltam autores que identifiquem totalmente o corpo de delito com o objeto
material.
CONCEITOS:
Tipicidade – correspondência entre o fato real e a imagem reitora (leitbild ou Typus
Regens - Beling) expressada na lei em cada espécie de infração (conforme Asúa, J, pp 746 e 747).
TIPICIDADE é a relação de adequação ou subordinação exata, de
correspondência perfeita, absoluta, entre o fato natural da vida e o Tipo Penal. ("TIPO" =
modelo de conduta proibida que a lei considera crime. É a descrição de uma conduta proibida).
“ É a coincidência total entre o fato concreto e a descrição (em abstrato) da conduta proibida
pela norma penal.”
:
ELEMENTOS DO TIPO PENAL:
FUNCOES DO TIPO PENAL
1)OBJETIVOS
1) FUNÇÃO GARANTIA
2)NORMATIVOS
2) F. INDICIARIA DA ILICITUDE
3) SUBJETIVOS
:
1) ELEMENTOS OBJETIVOS ( OU DESCRITIVOS):
São aqueles elementos do Tipo que são perceptíveis pelos sentidos humanos, independente de
qualquer valoração. Referem-se à materialidade do fato, é o que pode ser revelado por um
hipotético filme do fato-crime: a forma do crime, o tempo (momento), a ocasião, os meios
empregados, o lugar, os sujeitos, o objeto.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
Exs: "alguém" arts 121,122,130, 138; "coisa" - arts 155,157,163,165; "meios utilizados"
– arts. 121 §2º III; 130.
2) ELEMENTOS NORMATIVOS:
Juízo de valoração normativa, valores ético-sociais, situações que exigem uma apreciação
valorativa. Expressa-se através de expressões como "indevidamente' art. 151, "sem justa causa",
"mulher honesta" - art. 215,
Conceituação jurídica e extra-jurídica de expressões como "cheque", "função pública”,
"documento", " verbas ou rendas publicas" – art.. 315
3) ELEMENTOS SUBJETIVOS:
Referem-se ao estado animico do sujeito, ao psiquismo do sujeito. São subjetivismos do agente: o dolo
, especiais motivos, tendências e intenções.
A escola tradicional dividia o dolo em dolo genérico e o específico. Assim, no crime descrito no artigo
134 – Exposição ou abandono de recém-nascido –ao dolo genérico de ‘abandonar’, soma-se o dolo
específico de ‘ocultar desonra própria’.
Note-se que se a conduta do agente não for motivada pelo interesse em ocultar a desonra, não estará
realizando este crime, e sim o de abandono de incapaz cuja pena é bem maior.
No contexto da doutrina finalista é imprescindível o exame acurado dos elementos subjetivos do
agente, já que estes nada mais são do que a própria expressão do finalismo da ação, sem o que torna-
se impossível a tipificação.
Exercício: identificar o elemento subjetivo dos seguintes tipos: 130,§1º; 131; 134; 155,156 e 157; 158;
159; 161; 161 §1º,I; 161, §1º II; 171; 171 §2º,V; 173; 174; 180; 202; 206 e 207; 208; 219; 234; 237;
289 =2º, 319 e 320; 340, etc.
A Tipicidade Direta e' aferida pela simples adequação do fato à norma proibida. Diretamente, sem
recurso a qualquer outra norma.
O iter criminis é o caminho percorrido pelo agente na realização do tipo. Compõe-se de 4 fases
sucessivas: a cogitação, a preparação, a execução e a consumação.
Æ a cogitação não é punida, salvo nos casos dos arts. 286 e 288.
Æ os atos preparatórios também não, salvo se consistirem em crimes autônomos (ex: O furto
consumado de uma carteira para subtrair documento com o objetivo de falsificação).
Æ execução – 3 correntes doutrinárias estabelecem critérios para definir quando se inicia a execução:
1) Para os que adotam o “critério material” só haverá ato executório quando o agente vier a
atingir o bem jurídico objeto do crime (é absurda por não explicar a execução imperfeita,
quando o agente erra o alvo,por exemplo);
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
1. Nos crimes materiais, de ação e resultado, o momento consumativo e' o da produção resultado.
2. Nos crimes de mera conduta (onde o resultado sequer é' cogitado) a consumação se dá com a
simples ação. Ex: violação de domicílio, art.150.
3. Nos crimes formais (embora sejam previstos resultados), não se exige que o resultado ocorra.
Exs: crimes contra a honra, violação de segredo profissional.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
STJ
RECURSO ESPECIAL Nº 886.870 - SC (2006/0188198-0)
RELATOR : MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA
RECORRIDO : SÉRGIO DE OLIVEIRA (PRESO)
ADVOGADO : JOÃO JOSÉ MAURÍCIO D'ÁVILA - DEFENSOR DATIVO
DECISÃO
DJ 07.11.2006
"PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. ART. 158, DO CÓDIGO PENAL. CRIME FORMAL.
CONSUMAÇÃO. TENTATIVA. O delito de extorsão, enquanto crime formal, prescinde, para sua
consumação, da efetiva obtenção da indevida vantagem econômica, sendo esta mero exaurimento da
conduta criminosa. (Precedentes e Súmula nº 96 do STJ).
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
1. Não mais se discute a legitimidade do Assistente do Parquet para interpor recursos de índole
extraordinária, havendo julgado desta Corte que afirma ser o Assistente "(...) parte legítima para
interpor Recurso Especial, ainda que o Ministério Público, recuando na acusação, passe a atuar
consoante a defesa" (RSTJ 45/181).
2. Configura-se o delito de extorsão quando realizados os elementos do tipo penal respectivo que, na
lição de Hungria são "(...) a) emprego de violência física ou moral (grave ameaça); b) coação, daí
resultante, a fazer, tolerar ou omitir alguma coisa; c) intenção de obter, para si ou para outrem,
indevida vantagem econômica" (Nelson Hungria, Comentários ao Código Penal, Vol. VIII, Editora
Forense, 3º Edição).
3. A consumação do crime de extorsão se dá no exato instante da coação, gize-se, que há de ser
idônea ao fim visado, independentemente da efetiva locupletação pelo agente (Súmula do STJ,
Enunciado nº 96).
4. Recurso conhecido e provido para condenar os recorridos como incursos nas sanções do artigo 158,
parágrafo 1º, do Código Penal."
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
O FATO TÍPICO
IV – A TIPICIDADE
TIPICIDADE INDIRETA
ReIação de adequação indireta que se faz entre o fato concreto e o “tipo penal” mediante o emprego
de normas incriminadoras extensivas, de adequação típica ou de subsunção mediata. É o que
sucede nas hipóteses de:
Æ Omissão imprópria (art. 13§ 2º);
Æ Crime Tentado (art. 14, II;
Æ Concurso de Pessoas (art. 29).
Æ Presunção de violência nos crimes contra os costumes (art. 224).
Natureza jurídica da normas de extensão: elemento constitutivo do tipo por ela ampliado.
Conceito: “Tentativa de crime (conatus) é a execução iniciada de um crime, que não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente”. É a realização incompleta da figura típica.
Elementos da Tentativa:
Æ elemento subjetivo: a intenção do agente. O dolo é de consumar o delito, não é dolo de tentar.
Não existe dolo de tentativa. É descobrindo qual o dolo do agente que se vai saber, por
exemplo, se um determinado fato é uma ‘lesão corporal” ou um homicídio tentado.
FORMAS DE TENTATIVA:
• Tentativa Perfeita ou crime falho - o agente esgota todos os atos de execução, mas o
crime não vem a se consumar por circunstâncias alheias à vontade do agente ( ex.: atira
para matar e só consegue ferir)
• Tentativa Imperfeita - ocorre uma interrupção nos atos executórios, por circunstâncias
(*)
1) ATT.: Lembrar a diferenciação entre o “início da execução do tipo” e “início de
execução do Crime”. Existem inúmeros julgados em uma e outra direção. Assim,
parece-nos que, somente o exame do caso concreto, com suas peculiaridades,
indicará a solução mais prudente.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
• Tentativa Branca - o agente não atinge o objeto material (ex.: atira para matar, mas erra
o alvo, nem acerta a vítima).
• Tentativa Abandonada –
• Tentativa Inidônea, quase-crime ou crime Impossível.
1ª) Teoria Sintomática - Ultrapassada teoria dos positivistas (Lombroso, Garófalo, Ferri), segundo a
qual a punição da tentativa deve basear-se na periculosidade do agente.
2ª) Teoria Subjetiva - 'Deve-se punir a tentativa com a mesma pena do crime consumado, pois o que
vale é a intenção do agente, que queria consumar o crime.' De regra, não é adotada no Brasil. Existem
exceções no Código Penal Militar que, em determinadas circunstâncias, a depender da extensão do
mal causado, pune o crime tentado com a mesma pena do crime consumado. Também na Lei de
Segurança Nacional existem tentativas definidas como crimes autônomos.
3ª) Teoria Objetiva - Se o crime tentado é uma parte do consumado, a pena da tentativa há de ser
uma parte daquela aplicável ao crime consumado. Esta é a teoria adotada pelo CPB, conforme o teor
do § único do Art. 14. (Obs.: exceções: arts. 352 e 358).
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
STF
HC 85834 / RJ - RIO DE JANEIRO
HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. EROS GRAU
Julgamento: 21/06/2005
EMENTA: HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE LATROCÍNIO. PENA-BASE. DOSIMETRIA.
FUNDAMENTAÇÃO. ITER CRIMINIS. REDUÇÃO ADEQUADA PARA A TENTATIVA. 2. Variando a
pena em abstrato entre 20 e 30 anos, mostra-se adequada a pena-base de 24 anos para o crime de
latrocínio, à consideração da circunstância judicial da culpabilidade, que, em grau acentuado, é
fundamento bastante para fixá-la acima do mínimo legal. 3. A redução pela tentativa tem como
parâmetro o iter criminis, de modo que quanto mais próxima a consumação menor é a redução. No
caso concreto, uma das vítimas alvejadas não foi atingida por acaso, sendo que a outra foi baleada em
área não vital devido a má pontaria do paciente, o que justifica a redução da pena pela metade. Ordem
denegada.
O ARREPENDIMENTO EFICAZ
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
1) Damásio de Jesus, baseado em Frederico Marques, diz que as hipóteses do art. 15 configuram
exclusão de tipicidade. Por um raciocínio simples:
Æ a Tentativa se tipifica de modo indireto :
Homicídio Tentado = art. 121 + art. 14 II,
Æ Se o agente inicia a execução de um homicído e desiste voluntariamente, ou se arrepende de modo
eficaz, já não há Tentativa; ou seja, da equação acima retira-se o 2º termo (art. 14, II), restando o
Homicídio que, evidentemente, não ocorreu.
Æ Logo, as hipóteses do art. 15 excluem a tipicidade, pois não resta Tipo penal para identificar o fato.
2) Nelson Hungria entende tratar-se de Tentativa Abandonada a hipótese de o agente que queria
praticar o crime, desiste de obter o resultado, se arrependendo eficazmente. Alberto Silva Franco
afirma que a desistência voluntária e o arrependimento eficaz não são hipóteses de exclusão de
tipicidade, mas sim causas pessoais de exclusão de punibilidade, sendo esta a verdadeira natureza
jurídica do art. 15. Para ele, o início da execução já é início de uma conduta típica, que, contudo, não
virá a alcançar a consumação –“é evidente que a sustação voluntária do processo de execução do
delito...não permite tornar atípico o que, até então, tinha inequívoca conotação típica”. Também, “ se
fosse correta a tese da atipicidade...é evidente que a norma do artigo 15 seria prescindível”.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
Natureza Jurídica: Causa de Exclusão da Tipicidade, apesar da dicção imperfeita do Código Penal em
seu art. 17 parecer sugerir exclusão da punibilidade:“Não se pune a tentativa...”.
No erro de proibição o agente quer praticar o fato mas desconhece a norma de proibição, ou seja,
desconhece a ilicitude do fato que quer praticar. Logo, no erro de Proibição o agente não quer praticar
o Fato Ilícito.
No delito putativo o agente quer praticar o fato ilícito, mas não existe norma de proibição para o fato.
STF
HC 86066 / PE – PERNAMBUCO
HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE
Julgamento: 06/09/2005 Órgão Julgador: Primeira Turma
EMENTA: 1. Habeas corpus: inviabilidade: alegação de ausência de crime, cuja verificação
demandaria o revolvimento de fatos e provas, a que não se presta o HC; além de típicos, ao
menos em tese, os fatos narrados na denúncia. 2. Crime impossível (Súmula 145): não
ocorrência, no caso. O fato como descrito na denúncia amolda-se ao que a doutrina e a
jurisprudência tem denominado flagrante esperado, dado que dele não se extrai que o paciente
tenha sido provocado ou induzido à prática do crime. Ademais, a denúncia imputa ao paciente
outros delitos que, antes do flagrante, já se teriam consumado.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
STF
HC 80033 / BA – BAHIA
HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE
Julgamento: 18/04/2000 Órgão Julgador: Primeira Turma
EMENTA: Crime impossível: inexistência: flagrante preparado de crime de mera conduta já
anteriormente consumado: inaplicabilidade da Súmula 145. Cuidando-se de concussão - crime
de mera conduta - que já se consumara com a exigência de vantagem indevida, a nulidade de
prisão do servidor quando, dias depois, recebia a quantia exigida, obviamente não torna
impossível o delito antes consumado.
STF
HC 76421 / RS - RIO GRANDE DO SUL
HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA
Julgamento: 17/03/1998 Órgão Julgador: Segunda Turma
EMENTA: Habeas corpus. 2. Tentativa de roubo qualificado em concurso material com o delito
de corrupção de menor. 3. Sentença absolutória reformada em 2ª Instância. 4. Alegação de
crime impossível que não merece acolhida. Bem observou o acórdão que o só fato de
dispositivo antifurto colocado no veículo não torna o crime impossível. 5. Habeas corpus
indeferido.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
O FATO TÍPICO
IV – A TIPICIDADE
TIPICIDADE INDIRETA - Concurso de PESSOAS
Crime Monossubjetivo ou de Concurso Eventual - pode ser cometido por um só agente (ex.:
homicídio), ou, eventualmente, por mais de uma pessoa, caso em que ocorre um concurso eventual,
ao qual se aplica a regra do art. 29 do CP Æ a do CONCURSO DE PESSOAS:
“Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a ele cominadas, na
medida de sua culpabilidade.
§ 1º. Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto
a terço.
§ 2º. Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada
a pena deste; essa pena será aumentada até a metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave.
ATENÇÃO: A regra do art. 29 não se aplica ao concurso necessário.
Exceções pluralísticas da teoria unitária: art. 124, 2ª parte X 126; 235 X 235 §1º; 317 X 333
(corrupção passiva e ativa); 318 x 334 (facilitação de contrabando e descaminho x
contrabando e descaminho); 342(falso testemunho) X 343 (oferecer $ para alguém falsear
testemunho);
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
Punibilidade no Concurso de Pessoas: segundo a medida da culpabilidade individual (art. 29, caput,
CP);
Uma doutrina subjetivista resumia a distinção afirmando que autor é quem quer o fato como seu,
partícipe quem quer o fato como de outrem, quem quer colaborar em fato alheio.
Modernamente, extensa produção teórica busca distinguir os dois institutos.
1) Teoria Subjetiva-Causal (ou Extensiva) - autor é aquele que, de qualquer maneira, contribui
para a produção do resultado. Ênfase na participação na cadeia causal. Teoria Causal – É
suficiente que o indivíduo concorra de qualquer modo para a execução do crime. Ou seja, a
teoria causal conexiona-se com a “teoria extensiva da autoria”, aquela que considera que todos
que participam são co-autores, não distinguindo partícipe de co-autor.
2) Teoria objetiva:
2.1 Teoria Formal-Objetiva (ou Restritiva) - autor é aquele que realiza total ou
parcialmente uma figura típica, aquele que pratica os elementos do tipo;
CO-AUTORIA é divisão de trabalho entre dois ou mais agentes, com nexo subjetivo que
unifica o comportamento de todos.
• Autor executor (imediato) - o que pratica o fato material, aquele que realiza total ou
parcialmente a conduta descrita no tipo. É quem executa diretamente o comportamento
proibido, sozinho ou em co-autoria.
• Autor mediato- não pratica o fato material. Aquele que se serve de um inculpável, menor
ou de um doente mental para a prática de um crime, ou quem se utiliza de alguém para
praticar o crime via coação moral irresistível, ou mediante indução a erro essencial que
exclua a tipicidade. Não há concurso de pessoas, quando o instrumento atua sem estar
praticando o fato típico, ou lhe falta a ilicitude ou a culpabilidade.
• Autor intelectual- idealiza, planeja, organiza a realização do crime, mas não participa da
execução.
• Autoria colateral – ocorrer quando dois agente atuam para a produção do mesmo
resultado, desconhecendo, cada um, a conduta do outro, portanto, sem vínculo subjetivo.
• CONIVÊNCIA (omissão) + dever de garante = co-autoria
• Autoria de Escritório
• Autor de Determinação
Participação – Partícipe é o que contribui para que o autor realize o fato. Ocorre quando o sujeito,
que não possui o domínio final da ação, auxilia, colabora, participa, sem executar diretamente
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
qualquer ato do procedimento típico. O partícipe não pratica ato executório descrito na conduta
proibida. O partícipe colabora no fato alheio sem praticar atos descritos na conduta típica
e sem ter o poder de interromper ou de impedir o crime.
1ª Teoria: Teoria Causal – É suficiente que o indivíduo concorra de qualquer modo para a execução
do crime.
3) Liame subjetivo.
OBS. O liame será subjetivo-normativo nos crimes culposos, para os quais não há participação,
só há co-autoria.
FORMAS DE PARTICIPAÇÃO
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
• elementares - elementos típicos do crime, dados que integram a definição do tipo. Se retiradas do
tipo alteram o crime ou o desqualificam.
• circunstâncias - não alteram a qualidade do crime. Afetam a gravidade (quantitas delicti ),
aumentam ou diminuem a pena. São dados acessórios (objetivos/subjetivos). que
aumentam/diminuem a pena (ex.: art. 61; 62; 65; 26 § único
Princípios solucionadores:
1) Princípio da Especialidade - "Lex Specialis Derogat Legi Generali"; conceito: a lei especial.
contendo os mesmos elementos objetivos. subjetivos ou normativos da lei geral, desta se diferencia
por conter um elemento (obj.. subj. ou normativo) a mais, um plus especializante. Exs: (121 X 123); (
121 §2º V X 157 §§ 10e 3º) Também há relação de especialidade (relação de gênero para espécie)
entre os 'tipos básicos' e os 'tipos privilegiados'/'qualificados'.
Há 2 tipos de Subsidiariedade:
a)explícita ou expressa- art 132 X (tentativa do homicídio) (abandono do incapaz -134); 238;239;
240:307; LCP arts 21,29 e 46; 129 §30 em relação ao 121 é subsidiário na falta do dolo.
b)Tácita (ou implícita) - 0 crime subsidiário é sempre elementar ou circunstância do principal; ex: o
147(ameaça) é subsidiário do 146(constrangimento ilegal), este, por sua vez, o é dos delitos de roubo
(157), aborto de coacta (126 § único), extorsão(158), dano qualificado (163 § único I), estupro,
atentado violento ao pudor, ou seja, de todos os crimes que têm como meios compulsórios a vis
absoluta e a vis compulsiva.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
4) Princípio da Alternatividade (?)- Art 12 da Lei 6.368. Não há conflito de normas. As várias
condutas descritas no núcleo do tipo, fazem parte de um só preceito primário.
O FATO TÍPICO
Princípios solucionadores:
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
1) Princípio da Especialidade - "Lex Specialis Derogat Legi Generali"; conceito: a lei especial.
contendo os mesmos elementos objetivos. subjetivos ou normativos da lei geral, desta se diferencia
por conter um elemento (obj.. subj. ou normativo) a mais, um plus especializante. Exs: (121 X 123); (
121 §2º V X 157 §§ 10e 3º) Também há relação de especialidade (relação de gênero para espécie)
entre os 'tipos básicos' e os 'tipos privilegiados'/'qualificados'.
Há 2 tipos de Subsidiariedade:
a)explícita ou expressa- art 132; 238;239; 240:307; LCP arts 21,29 e 46; 129 §30 em relação ao 121
é subsidiário na falta do dolo.
b)Tácita (ou implícita) - O crime subsidiário é sempre elementar ou circunstância do principal; ex: o
147(ameaça) é subsidiário do 146(constrangimento ilegal), este, por sua vez, o é dos delitos de roubo
(157), aborto de coacta (126 § único), extorsão(158), dano qualificado (163 § único I), estupro,
atentado violento ao pudor, ou seja, de todos os crimes que têm como meios compulsórios a vis
absoluta e a vis compulsiva.
4) Princípio da Alternatividade (?)- Art 12 da Lei 6.368. Não há conflito de normas. As várias
condutas descritas no núcleo do tipo, fazem parte de um só preceito primário.
EXCLUSÃO DA TIPICIDADE
Algumas hipóteses.
II. Atipicidade
.1 - Ausência de conduta objetiva (movimento voluntário).
a) Vis absoluta.
b) Atos reflexos.
c) Caso fortuito.
d) Estados de inconsciência – sonambulismo.
.2 - Ausência de conduta subjetiva, por falta de
a) Dolo,
b) Culpa, ou
c) Elemento subjetivo do injusto
.3 - Ausência de elemento normativo ou de qualquer elementar constitutiva do tipo legal
de crime.
.4 – Ausência de nexo causal
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
.7 – Crime Impossível
.8 – Delitos Putativos
- por erro de tipo;
- por erro de proibição;
- por obra de agente provocador
ERRO DE TIPO ESSENCIAL – Erro é uma falsa apreciação da realidade. Ignorância é ausência
de conhecimento. O CPB não distingue erro e ingnorância Erro de tipo é aquele que incide
sobre elemento do tipo legal de crime (art. 20), podendo ser evitável ou inevitável:
9 se o erro for evitável, exclui-se o dolo. 0 agente responderá pelo tipo culposo. se previsto
em lei. De conseqüência, não há exclusão da Tipicidade.
9 se inevitável, exclui o dolo e a culpa, em conseqüência - a tipicidade.
9 para distinguir o 'evitável ou vencível' do 'inevitável ou invencível' - previsibilidade
objetiva
O Erro de Tipo Acidental não exclui o dolo. É o que recai sobre o objeto material, ou
sobre o objeto jurídico, ou sobre a execução, ou sobre o curso causal da ação. Não recai sobre
elementares ou circunstâncias, por isso nunca exclui o dolo.
9 Erro sobre o objeto material - pode recair sobre o objeto ou sobre a pessoa(error in
personam 20,§ 3º).
9 Erro na execução - aberratio ictus - art. 73 (unidade simples - 1ª parte; unidade complexa,
2ª parte)
9 Erro sobre o objeto jurídico - resultado diverso do pretendido – ABERRATIO CRIMINIS
art. 74
Erro sobre o curso causal -
Diferenças entre o 'Erro sobre a Pessoa" e o "Erro na Execução:
1) No error in personam há erro de representação mental, o agente confunde uma
pessoa com outra, pensa estar atirando em alguém que lá não está, portanto,
nem sequer correra risco de vida. Trata-se de erro na formação da vontade.
2) Na aberratio ictus o erro se dá na execução da vontade. A vítima pretendida
verdadeiramente lá está, só que o agente erra o tiro, e acerta outra pessoa.
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
1) Crimes Comuns e Especiais: crimes comuns são os descritos no Direito Penal Comum; especiais,
os definidos no Direito Penal Especial.
2) Crimes Comuns e Próprios: crime comum é o que pode ser praticado por qualquer pessoa. Crime
próprio é o que só pode ser cometido por determinada categoria de pessoas. O crime próprio pode
exigir do sujeito uma particular condição jurídica (acionista, funcionário público); profissional (médico,
advogado); parentesco (pai, filho); natural (gestante, homem).
3) Crimes da Mão Própria ou de Atuação Pessoal: são os que só podem ser cometidos pelo sujeito em
pessoa. Ex.: falso testemunho, incesto e prevaricação.
4) Crimes de Dano e de Perigo: crimes de dano são os que só se consumam com a efetiva lesão do
bem jurídico. Ex.: homicídio, lesões corporais. Crime de perigo são os que se consumam apenas com
a possibilidade do dano. Ex.: perigo de contágio venéreo (art.130, caput); rixa (art.137); incêndio
(art.250). O perigo pode ser: a) presumido ou concreto; b) individual ou comum (coletivo). Presumido é
o considerado pela lei que o presume juris et de jure. Não precisa ser provado, resulta da omissão ou
da própria ação. Ex.: omissão de socorro (art.135); concreto é o que precisa ser provado; individual é o
que expõe ao risco de dano o interesse de uma só pessoa ou de um limitado número de pessoas,
como perigo de contágio venéreo (art.130); comum ou coletivo é o que expõe ao risco de dano
interesses jurídicos de um número indeterminado de pessoas. Ex.: incêndio (art.250)
.
5) Crimes Materiais, Formais e de Mera Conduta: no crime material o tipo menciona a conduta e o
evento, exigindo a sua produção para a consumação, como no homicídio; no crime formal o tipo
menciona o comportamento e o resultado, mas não exige a sua produção para a consumação, como
na ameaça; e no crime de mera conduta o legislador só descreve o comportamento do agente, como
na violação do domicílio (art.150).
6) Crimes Comissivos e Omissivos: crimes comissivos são os praticados mediante ação, o sujeito faz
alguma coisa; já, nos crimes omissivos são praticados mediante inação, o sujeito deixa de fazer
alguma coisa. Os crimes comissivos podem ser: propriamente ditos ou por omissão. Ex.: a mãe pode
suprimir a vida do filho com instrumento ou mediante privação de alimentos. No primeiro caso há um
crime comissivo; no segundo, comissivo por omissão. Os crimes omissivos podem ser: próprios,
impróprios ou de conduta mista. Próprios ocorre quando o resultado é imputado ao sujeito pela simples
omissão normativa, como omissão de socorro. Impróprios são aqueles em que o sujeito, mediante
omissão, permite a produção de um resultado posterior, que os condiciona, como ex.: mãe que deixa
de alimentar o filho, matando-o . De conduta mista são os omissivos que possuem fase inicial positiva.
Há uma ação inicial e uma omissão final. Ex.: apropriação indébita de coisa achada (art.169, parágrafo
único, III, do CP).
7) Crimes Instantâneos, Permanentes e Instantâneos de efeitos permanentes: crimes instantâneos são
os que se completam num só momento. A consumação se dá num determinado instante, sem
continuidade temporal. Ex.: homicídio. Permanentes são os que causam uma situação danosa ou
perigosa que se prolonga no tempo. Ex.: seqüestro. Crimes Instantâneos de efeitos permanentes são
os crimes em que a permanência dos efeitos não depende do agente. Ex.: homicídio, bigamia.
8) Crime Continuado: nos termos do art.71, é o constituído por duas ou mais violações jurídicas da
mesma espécie, praticadas por uma ou pelas mesmas pessoas, sucessivamente e sem ocorrência de
punição em qualquer delas, as quais constituem um todo unitário, em virtude da homogeneidade
objetiva. Quando se trata de bens jurídicos ou objetividades jurídicas, eminentemente pessoais, com
pluralidade de vítimas, não se configura crime continuado.
50
NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
10) Crimes Condicionados e Incondicionados: crimes condicionados são os que têm a punibilidade
condicionada a um fato exterior e posterior à consumação (condição objetiva de punibilidade).
Incondicionados os que não subordinam a punibilidade a tais fatos.
11) Crimes Simples e Complexos: crime simples é o que apresenta tipo penal único. Ex.: delito de
homicídio (CP, art.121, caput). Complexo, em sentido amplo, é não só o que encerra em si outro. Em
sentido estrito, é o mais vulgarmente empregado, é aquele cujo tipo é constituído pela fusão de dois ou
mais tipos, como o latrocínio (furto e morte).
12) Crime Progressivo: quando o sujeito, para alcançar a produção de um resultado mais grave, passa
por outro menos grave. Assim, no caso de homicídio, o crime de lesão corporal é absorvido pelo
homicídio.
13) Delito Putativo: ocorre o delito putativo quando o agente considera erroneamente que a conduta
realizada por ele constitui crime, quando na verdade é um fato atípico. O delito putativo não é uma
espécie de crime, mas uma maneira de expressão para designar esses casos de "não-crime". Há três
hipóteses de crime putativo em sentido amplo: 1) Delito putativo por erro de proibição: quando o
agente supõe violar uma norma penal que na verdade não existe; 2) Delito putativo por erro de tipo:
quando a errônea suposição do agente não recai sobre a norma, mas sobre os elementos do crime; 3)
Delito putativo por obra de agente provocador (crime de flagrante provocado): ocorre quando, de forma
insidiosa, provoca o agente à prática de um crime, ao mesmo tempo em que toma providências para
que ele não se consuma.
14) Crime de Flagrante Esperado: ocorre quando o indivíduo sabe que vai ser vítima de um delito e
avisa a Polícia, que põe seus agentes de plantão, os quais apanham o autor no momento da prática
ilícita.
16) Crime Consumado e Tentado: crime consumado quando nele se reúnem todos os elementos de
sua definição legal. Crime Tentado quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias a vontade do agente.
17) Crime Falho: quando o sujeito faz tudo que está a seu alcance, mas o resultado não ocorre por
circunstâncias alheias à sua vontade.
19) Crime de Dupla Subjetividade Passiva: são crimes que têm, em razão do tipo, dois sujeitos
passivos. Ex.: violação de correspondência (art.151), em que são sujeitos passivos, a um tempo, o
remetente e o destinatário.
20) Crime Exaurido: é aquele que depois de consumado (moeda falsa em circulação) atinge suas
últimas conseqüências.
21) Crime de Concurso Necessário ou plurissubjetivos: são os quais exigem mais de um sujeito.
51
NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
22) Crime de concurso eventual ou unissubjetivo – pode ser cometido por um só agente,
eventualmente em concurso de pessoas.
22) Crimes Dolosos, Culposos e Preterdolosos ou Preterintencionais: crime doloso quando o sujeito
quer ou assume o risco de produzir o resultado (art.18, I, CP). Crime culposo quando o sujeito dá
causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia (art.18, II, CP). Crime preterdoloso ou
preterintencional é aquele em que a ação causa um resultado mais grave que o pretendido pelo
agente.
23) Crimes Simples, Privilegiados e Qualificados: crime simples é o descrito em sua forma
fundamental, é a figura típica simples, que contém os elementos específicos do delito. Crime
Privilegiado é quando o legislador, após a descrição fundamental do crime, acrescenta ao tipo
determinadas circunstâncias de natureza objetiva ou subjetiva, com função de diminuição de pena.
Crime Qualificado: quando o legislador, depois de descrever a figura típica fundamental, agrega
circunstâncias que aumentam a pena.
24) Crimes Subsidiários: a subsidiariedade pode ser implícita ou explícita. A explícita existe quando a
lei, após descrever um crime, diz que só tem aplicação se o fato não configura delito mais grave
(art.132). Há a subsidiariedade implícita (ou tácita) quando a aplicação de uma norma não resulta da
comparação abstrata com outra, mas do juízo de valor sobre o fato concreto em face delas. Ex.: as
normas que definem os crimes de perigo individual são subsidiárias perante as que descrevem os
crimes contra a vida.
25) Crimes vagos: são os que têm por sujeito passivo entidades sem personalidade jurídica, como a
família, o público ou a sociedade. Ex.: ato obsceno (art.233, CP).
26) Crimes Comuns e Políticos: são crimes comuns os que lesam bens jurídicos do cidadão, da família
ou da sociedade, enquanto os políticos atacam à segurança interna ou externa do Estado, ou a sua
própria personalidade.
27) Crime Multitudinário: é o praticado por uma multidão em tumulto, espontaneamente organizada no
sentido de um comportamento comum contra pessoas ou coisas.
28) Crimes de Opinião: consistem em abuso de liberdade do pensamento, seja pela palavra, seja pela
imprensa, ou qualquer meio de transmissão.
29) Crimes de Ação Múltipla ou de Conteúdo Variado: são crimes em que o tipo faz referência a várias
modalidades da ação. Ex.: art.122, em que os verbos são induzir, instigar ou prestar auxílio ao suicídio.
30) Crimes de Forma Livre e de Forma Vinculada: crimes de forma livre são os que podem ser
cometidos por meio de qualquer comportamento que cause determinado resultado. São crimes de
forma vinculada aqueles em que a lei descreve a atividade de modo particularizado(171 – mediante
ardil, artifício ou outro meio fraudulento).
31) Crimes de Ação Penal Pública e Ação Penal Privada: o art.100 do CP diz que "a ação penal é
pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido".
32) Crime Habitual e Profissional: crime habitual é a reiteração da mesma conduta reprovável, de
forma a constituir um estilo ou hábito de vida. Ex.: curandeirismo (art.284, CP). Quando o agente
pratica as ações com intenção de lucro, fala-se em crime profissional. Ex.: rufianismo (art.230).
33) Crimes Conexos: nos crimes conexos a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
aos outros, a agravação da pena resultante da conexão (art.108). Nos que sejam objeto do mesmo
processo, estende-se aos demais a interrupção da prescrição relativa a qualquer deles (art.117, §1o ,
2a parte).
34) Crime de Ímpeto: é aquele em que a vontade delituosa é repentina, sem preceder deliberação. Ex.:
homicídio cometido sob o domínio de violenta emoção, logo seguida a injusta provocação da vítima.
35 Crimes Funcionais: são os que só podem ser praticados por pessoas que exercem funções
públicas.
36) Crimes a Distância e Plurilocais: ex.: disparo em uma fronteira vindo a vítima a ser atingida do
outro lado. Neste caso, fala-se em crime a distância. Plurilocal é aquele que, dentro de um mesmo
país, tem a conduta realizada num local e a produção do resultado noutro (extorsão mediante
seqüestro em um local, seguida de morte em outro local).
37) Delitos de Tendência: são crimes que condicionam a sua existência à intenção do sujeito.
38) Delitos de Impressão: são os que causam determinado estado anímico na vítima
49) Crimes de Simples Desobediência: são assim chamados os delitos de perigo abstrato ou
presumido. A simples desobediência ao comando geral, advinda da prática do fato, enseja a
presunção do perigo de dano ao bem jurídico.
40) Crimes Pluriofensivos: são os que lesam ou expõem a perigo de dano mais de um bem jurídico.
41) Crimes Falimentares: os delitos falimentares podem ser: 1) próprios: os que podem ser cometidos
pelo devedor ou falido, ressalvada a hipótese de participação de terceiro; 2) impróprios: os que só
podem ser cometidos por pessoa diversa do devedor ou falido, tendo o fato relação com a falência;
ex.: delitos do perito de falência; 3) antefalimentares: praticados antes da quebra; 4) pós-falimentares:
cometidos depois da declaração da falência. Os delitos antefalimentares são sempre próprios. Os pós-
falimentares podem ser próprios ou impróprios.
42) Crime a Prazo: ocorre nas hipóteses em que a qualificadora depende de determinado lapso de
tempo.
45) Delito Transeunte e não transeunte: crime transeunte é o que não deixa vestígios; não transeunte,
o que deixa.
47) Crime em trânsito e Crime de trânsito; Em trânsito são os delitos em que o sujeito desenvolve a
atividade em um país sem atingir qualquer bem jurídico de seus cidadãos. Ex.: uma carta injuriosa que,
enviada de Paris para Buenos Aires, passa pelo nosso país. De trânsito são os previstos no Código de
Trânsito.
48) Crimes Internacionais: são os referidos no art.7o, II, a, do CP, como tráfico de mulheres, difusão de
publicações obscenas, danificação de cabo submarino, entorpecentes.
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49) Quase-crime: ocorre nas hipóteses dos arts. 17 e 31 do CP, respectivamente, crime impossível e
participação impunível.^
50) Crimes de Tipo Fechado e de Tipo Aberto: delitos de tipo fechado são aqueles que apresentam a
definição completa, como o homicídio. Neles, a norma de proibição descumprida pelo sujeito aparece
de forma clara. Crimes de tipo aberto são os que não apresentam a descrição típica completa. Neles, o
mandamento proibitivo não observado pelo sujeito não surge de forma clara, necessitando ser
pesquisado pelo julgador no caso concreto. São exemplos de crimes do tipo aberto: 1) delitos
culposos: é preciso estabelecer qual o cuidado objetivo necessário descumprido pelo sujeito; 2) crimes
omissivos impróprios: dependem do descumprimento do dever jurídico de agir; 3) delitos cuja
descrição apresenta elementos normativos.
51) Tentativa Branca: ocorre quando o objeto material não sofre lesão.
52) Crime Consunto e Consuntivo: é a denominação que recebem os delitos, no conflito aparente de
normas, quando aplicável o princípio da consunção. Crime consunto é o absorvido, consuntivo, o que
absorve.
Obs: a classificação acima foi extraída de um site da Internet, não tendo sido identificado o autor.
Algumas alterações foram por nós procedidas.
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A ILICITUDE
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9 Na legítima defesa é o Justo X Injusto, razão pela qual não se exige que
aquele que é agredido injustamente, fuja para não enfrentar e ferir o seu
agressor.
9 No Estado de Necessidade é o Justo X Justo, ambos lutando pelo seu
próprio direito, portanto, exige-se que se for possível evite-se o sacrifício do
bem.
O EXCESSO
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
agredir 'oficial de justiça' que invade a sua casa para penhorar bens, desconhecendo a
qualidade deste), dar-se-á o 'erro de proibição', conforme regulado no art. 21: isenta de
pena, se inevitável ; se evitável, poderá reduzir a pena de um sexto a um terço.
9 LEGÍTIMA DEFESA SUBJETIVA Æ é o excesso impunível por erro de tipo invencível. O
agente, inicialmente em legítima defesa, por erro quanto à gravidade do perigo ou quanto
ao modo da reação, plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe ainda encontrar-se
em situação de defesa.
9 LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA Æ é a repulsa contra o excesso. Se 'A' repelindo
agressão de 'B', excede-se, 'B' pode reagir em legítima defesa contra o excesso de 'A'.
9 LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA - o agente, por erro de tipo ou de proibição plenamente
justificado pelas circunstâncias, supõe-se face a uma agressão injusta (art. 20 § 1º , 1ª
parte e art. 21 ), agressão esta que inexiste ou existe, mas é justa . (Não se confunde com a
legítima defesa subjetiva que se caracteriza pela existência inicial de um ataque. )
9 OFENDÍCULOS ou Ofensáculas - obstáculos defensivos preparados para evitar agressões
(cacos de vidro em muros, cercas eletrificadas)..Os meios devem ser os necessários, não
se admitindo o excesso nem a negligência, casos em que se descaracteriza a excedente
de ilicitude. Diverge a doutrina se a hipótese é de ‘exercício regular de direito’ ou de
‘legítima defesa preordenada’. A colocação dos aparatos se dá dentro do exercício regular
de direito. Quando entram em funcionamento concretiza-se a legítima defesa.
Æ ERRO NA EXECUÇÂO X LEGÌTIMA DEFESA – não exclui a legítima defesa - arts. 73 e 74
do CPB
OBSERVAÇÃO:
Damásio de Jesus considera as 'Intervenções médicas e cirúrgicas' e a violência esportiva
como hipóteses de Exercício Regular de Direito.
NOTAS COMPLEMENTARES:
1. A 'legítima defesa subjetiva' só acontece na fase do excesso. A legítima defesa subjetiva é a
que se dá por erro de tipo invencível. Não exclui a ilicitude. Exclui o tipo.
2. A legítima defesa putativa pode excluir o 'tipo' ou a 'culpabilidade', dependendo da teoria
que se adote e do caso concreto.
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MODIFICAR
CAUSA DE EXCLUSÃO SUPRALEGAL: O CONSENTIMENTO DO
OFENDIDO.
c-1-Como elementar do próprio tipo(exs. Rapto consensual, art. 220,CP).
O consentimento que exclui a tipicidade é aquele que se associa a uma conduta socialmente
adequada, que não defrauda as expectativas de comportamento. Em outras palavras, diz respeito a
bens disponíveis. A manifestação que exclui a ilicitude, por sua vez, é aquela que resulta da
ponderação de bens em conflito e autoriza excepcionalmente o comportamento lesivo. A comparação
de Alvarado1 é muito feliz. Leciona o autor que aquele que permite que outro lhe corte o cabelo dá
lugar a uma atuação socialmente adequada e o consentimento é excludente de tipicidade. Já o
consentimento para que o outro lhe ampute o braço somente se justifica diante de determinadas
circunstâncias. Por isso, se um tal consentimento é motivado pelo desprezo à vida, nutrido pelo próprio
manifestante, não se exclui a reprovabilidade da conduta do terceiro que executa a amputação. De
outra forma, se o consentimento é motivado pelo avanço da gangrena sofrida por aquele que
consente, a conduta do médico estará justificada na atuação de salvamento. Note-se que o resultado é
o mesmo em ambos os casos: a amputação do braço, mas diante da ponderação de bens em conflito
é justificante o consentimento do sacrifício do bem de menor valor.
FERNANDO GALVÃO Capítulo 6 do Livro Direito Penal – parte Geral. Belo Horizonte, 2ª ed., 2007.
1
ALVARADO, Yesid Reyes. Ob. cit., p. 166-167.
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A CULPABILIDADE
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Nos dois casos houve movimento voluntário por parte do agente, então suficiente para
configuração do tipo "homicídio". Para a Teoria Causalista o tipo era oco (vazio de elementos
subjetivos, psíquicos: dolo ou culpa) resumindo-se a uma mera descrição de conduta objetiva.
A finalidade da intenção – dolo ou culpa – eram alvo do exame da Culpabilidade Psicológica.
b) Ilícito – com base em von Ihering, firmou-se o conceito e de uma ilicitude objetiva, significando
o juízo de relação entre a ação causal, posta em marcha pelo impulso volitivo e identificada no
tipo, e a proibição ou determinação da ordem jurídica, anteposta na norma. A comprovação da
antijuridicidade é feita pela comparação objetiva entre as normas jurídicas e o fato típico. O fato
típico é antijurídico, quando contradiga as normas jurídicas. (Juarez Tavares – Teoria do Delito)
b) Culpável - entendida a culpabilidade como o nexo psíquico entre o agente e o fato por ele
praticado, esta culpabilidade só pode estar no psiquismo do agente, na cabeça do agente, que age
com dolo, ou culpa. Adicionalmente, exigia-se como pressuposto da culpa jurídico-penal a
Imputabilidade, esta entendida como capacidade de ser culpável.
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Outra importante distinção que veio a se operar no conceito da culpabilidade foi resultante de
urna discordância entre Beling e Liszt quanto a natureza do dolo. Para Liszt o dolo era um dolo natural,
traduzindo-se apenas na vontade de praticar Os elementos do tipo, ou seja, dolo de praticar o Tipo.
Beling entendia que o dolo incluía um plus, um algo mais, uma vontade de praticar os elementos do
tipo + vontade de violar a norma, vontade de contrariar o direito, ou seja, o dolo deixava de ser natural
para ser normativo, passava a incluir a consciência atual da ilicitude. Ou seja, age com dolo aquele
que querendo praticar o tipo, o faz sabendo que está agindo contra o 'Direito'. Esta consciência da
ilicitude é o dolus malus romano, que possibilita um juízo de censura de culpabilidade.
3) Teoria Normativa Pura da Culpabilidade - O dolo normativo (exigência de uma consciência atual
da ilicitude, pelo agente, nas circunstâncias em que se encontrava quando praticou o fato) logo
revelou-se inapropriado para a caracterização da culpabilidade dos indivíduos desde a mais tenra
infância criados a margem da lei. Percebendo esta e outras incongruências, Hans Weizel veio a
operar uma profunda transformação na Teoria Geral do Crime, superando o Sistema Causalista
vigente até então, "fulminando a Teoria Psicológico - Normativa".
Com a sua Doutrina Finalista, WeIzel demonstrou ser inconcebível que um fato definido em uma
norma para caracterizar um crime, um fato típico, pudesse ser considerado praticado sem que o seu
causador tivesse intenção de pratica-lo, ou, pelo menos, culpa na sua concretização; ou, visto por
outro ângulo, inconcebível que a um sujeito possa ser imputado um fato que ele não quis realizar, e ao
qual não deu causa culposamente.
Logo, para que seja possível afirmar a ocorrência de um Fato Típico, é necessário que haja uma
conduta voluntária, dirigida a um fim, ou uma conduta negligente, consistente na ausência de cuidado
na vida de relação, no descumprimento do dever de cuidado objetivo, a que todos estão adstritos.
Em conseqüência, Welzel:
I) retirou o dolo e a culpa stricto sensu da Culpabilidade, transpondo-os para o interior do Fato
Típico,
II) retirou do dolo o elemento normativo, retornando-o a sua característica anterior de dolo
natural, apenas dolo de praticar o tipo,
III) manteve na Culpabilidade os elementos -
Æ'potencial consciência de ilicitude’*
Æ'exigibilidade de conduta diversa' e o
Æpressuposto da Imputabilidade'.
Segundo Damásio de Jesus e Francisco de Assis Toledo, esta é a Teoria adotada pelo Código
Penal Brasileiro. Segundo esta teoria, está correta toda a estrutura da culpabilidade traçada pela
Teoria Normativa Pura da Culpabilidade. A diferença reside no tratamento dado às descriminantes
putativas:
ERRO DE TIPO PERMISSIVO – Vítima que, ao tentar abrir por equívoco, porta de carro alheio,
induziu o proprietário com o auxílio de outrem, a reagir violentamente, supondo tratar-se de
furto. Legítima defesa putativa do patrimônio, excludente do dolo, em relação à acusação de
lesão corporal (parágrafo 1º do artigo 20 do CP). Ausência de resíduo culposo. Recurso de
Hábeas Corpus a que se dá provimento para conceder a ordem e trancar a Ação Penal. (STJ –
RHC 23000/PA – 5ª turma Rel. Min. Assis Toledo, DJU 07.12.92, p. 23325)
*NOTAS:
1) Culpabilidade pelo fato. Direito penal do fato. Preponderantemente considera-se o fato-do-
agente, embora se considere, em menor escala, o agente-do-fato (reincidência, tendência para o
crime, etc). O direito penal moderno, de índole democrática, não pode conviver com os
conceitos de 'culpabilidade de autor', 'culpabilidade de caráter', 'culpabilidade pela conduta
de vida', ' culpabilidade de personalidade ou da pessoa'.
2) "Consciência Potencial da Ilicitude" é a mera possibilidade de se conhecer a ilicitude. É
diferente da exigência de consciência real, atual, da ilicitude'.
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CULPABILIDADE (cont)
Elementos da Culpabilidade:
1) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
2) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
(para Damásio, são três os elementos: a imputabilidade, o potencial conhecimento da
ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa)
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
Æno caso da embriaguez voluntária ou culposa ocorre a responsabilidade penal objetiva (para a qual
não se exige qualquer previsibilidade do resultado, bastando somente que o resultado ocorra), o que,
para alguns autores, configura uma disposição inconstitucional, esta do art. 28, II.
ÆTeoria da Actio Libera in Causa - Trata-se de uma teoria que busca explicar a punição para os
fatos em que o indivíduo não tem consciência do fato criminoso que está a praticar, mas que era
previsível que viesse a praticá-lo se permitisse, a si próprio, colocar-se naquele estado de
inconsciência. É o caso, por exemplo, do controlador de vôo que dorme na sala de controle e como
conseqüência sobrevem uma colisão de aviões que deveriam estar sendo orientados por ele. É o caso
do operador de metrô que se embriaga e deixa de controlar o tráfego resultando em um acidente.
A justificativa para a punição desses casos de omissão culposa é que a 'vontade é governada
pela atenção' - aquele que era livre para decidir como agir e, sabendo que a sua desatenção pode
resultar em dano, resolve dormir ou embriagar-se, ainda que não deseje o resultado danoso por ele
responderá. Era livre para, com a devida atenção, governar a sua vontade, impedindo que a vontade
desgovernada (ou a ausência de vontade) fosse causa de um dano.
Exige-se que pelo menos haja previsibilidade do resultado.
Aplica-se também aos casos de embriaguez pré-ordenada, esta sob um tratamento agravado,
conforme o art. 61, II, 'L'.
ELEMENTOS DA CULPABILIDADE
1) Potencial Conhecimento da Ilicitude - não é desconhecer a lei (indesculpável), é ignorar a ilicitude
do seu comportamento. Ex.: o homem simples que perseguindo ladrão, vendo-o adentrar casa de
pessoa conhecida, entra e o mata para recuperar os objetos.
Æ a consciência da ilicitude caracteriza-se pela possibilidade de, cada um, em seu meio comunitário,
com algum esforço de inteligência e com os conhecimentos da vida social, poder representá-la (Ex.:
Holandês e a maconha, nudez da nadadora recém-chegada da Suécia)
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NÚCLEO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS
1) ERRO DE PROIBIÇÃO - é o que recai sobre o caráter ilícito do fato, sobre a ilicitude, sobre a
proibição que recai sobre o seu comportamento (Ex.: a nadadora sueca nua; alguns casos de
homens simples e rudes que matam a mulher e o amante em flagrante de adultério).
A) Erro de Proibição Inevitável - Art. 21, 1ª parte - ex.: a mãe inexperiente que subtrai
o menor, seu próprio filho (art. 249); senhora bem intencionada que registra como seu, filho de
outrem (242); o sujeito simples e rude que acredita que "quem acha é dono" (169, II).
B) Erro de Proibição Evitável – 2ª parte do art. 21, caput e § único.]
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