Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
(Schopenhauer)
RESUMO
Assim, pretende-se realizar uma análise da etiologia, dos fatores endógenos e exógenos
que o levam ao cometimento do homicídio, fazendo uma abordagem do ponto de vista
jurídico, psiquiátrico e psicológico.
Após compreender o que leva o agente portador desta psicopatologia a praticar delitos,
estudaremos como são punidos no atual sistema penal brasileiro, e como será seu
tratamento após o cumprimento da pena à ele aplicada.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1.2 CRIMINOLOGIA
2.1 CONCEITO
2.2 CAUSALIDADE
3.1 CONCEITOS
3.2 CAUSALIDADE
4 APLICAÇÕES FORENSES
5 DA CULPABILIDADE
5.1 DA IMPUTABILIDADE
5.2 DA INIMPUTABILIDADE
6.1 CONCEITO
6.2 PRESSUPOSTOS
6.3 MODALIDADES
6.4 APLICAÇÃO
6.5 PRAZO
8 CASOS CONCRETOS
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXO I
INTRODUÇÃO
Realizaremos uma análise da etiologia, dos fatores endógenos e exógenos que levam os
agentes psicopatas ao cometimento do homicídio, fazendo uma abordagem do ponto de
vista jurídico, psiquiátrico e psicológico.
Analisaremos também a forma como são punidos quando do cometimento das infrações
penais, bem como qual o tratamento à eles aplicado quando do término do cumprimento
da pena.
Uma das características marcantes no psicopata, além de sua frieza e crueldade, é a falta
de aprendizado com a punição.
Além dos muitos impasses quando da execução da pena, um dos maiores problemas
está porvir.
Quando postos em liberdade, é certo que irão reincidir em virtude de sua falta de
aprendizado com a punição.
Destarte, mesmo que cometam o mais grave dos delitos que é o homicídio, quando
postos em liberdade retornando a sociedade, é certo que novamente irão cometer outro
homicídio, principalmente devido aos fatores endógenos advindos da denotação crônica
desta psicopatologia.
Art. 1°. “Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão
ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a
pena de multa; contravenção a infração penal a que a lei comina, isoladamente,
pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.”
Para que haja crime é preciso, em primeiro lugar, uma conduta humana positiva ou
negativa (ação ou omissão).
Para melhor entender o fenômeno criminológico, necessário se faz que o jurista tenha
uma maior compreensão da causalidade do delito, dos fatores e aspectos que o ensejam,
bem como entender melhor os agentes que o cometem, o que por vezes não ocorre,
ficando o jurista adstrito apenas a uma visão exclusivamente normativa.
... o jurista tende a ver o delito do ponto de vista só normativo, frio. Não adentra as
profundezas da natureza humana. Diferente é o ângulo da visão do Criminológo, que
busca a raiz do crime, não sua superfície.
Assim também entende ANA PAULA ZOMER SICA, que tratou brilhantemente do
tema proposto neste trabalho em sua obra “Autores de homicídio e distúrbios da
personalidade”
Destarte, deve o jurista buscar auxílio nas demais ciências criminais, tais como a
criminologia, a medicina legal, e a psiquiatria forense.
1.2 Criminologia
Entendemos ser a criminologia uma ciência de suma importância, pois para que sejam
positivadas leis que venham a reger a criminalidade, mister se faz entender a gênese do
delito, que, se melhor compreendido, certamente será mais fácil de ser normatizado.
Analogamente, difícil é tratar sobre algo que se desconhece, ou se conhece de maneira
superficial, dando maior margem à imprecisão e ao erro.
“De sua importância, entre nós, fala bem alto a existência da cadeira de Medicina
Legal, em nossas Faculdades de Direito.”
Tem por escopo o estudo dos distúrbios mentais em face dos problemas jurídicos. Dupla
é a tarefa do psiquiatra, ora colaborando com o legislador na solução e definição de
problemas do direito, ora com o magistrado, na aplicação da lei ao caso concreto.
Sua ajuda é de grande valia, afinal, a lei deverá ser criada e regulada de acordo com as
transformações da sociedade, e o psiquiatra forense, estando diretamente em contato
com os agentes infratores portadores de distúrbios da personalidade, muito pode
contribuir para uma efetiva melhora do sistema penitenciário.
2.1 Conceito
Para SICA
Segundo alguns autores (e por todos, Robert Hare, 1970, 1991 e 1993), a psicopatia
representa uma desordem de personalidade dissociativa, anti-social ou sociopática, ou
seja, uma forma especifica de distúrbio de personalidade com um peculiar padrão de
sintomas ligados às esferas interpessoal, afetiva e comportamental. Esta a razão pela
qual o psicopata assume, nos relacionamentos com os demais, sentimentos de
superioridade e arrogância, insensibilidade, ausência de sentimento de culpa e
impulsividade.
Cuida de importante distinção, pois as psicoses, embora com sintomas comuns, são
mais graves e destroem a personalidade da pessoa, prejudicando o seu senso de
realidade, causando delírios, alucinações e impossibilitando o convívio social .
A definição de psicopata trazida pela primeira vez no DSM (Diagnostic and Statistical
Manual of mental Disorders), da Associação Americana de Psiquiatria trouxe em seu
texto:
2.1 Causalidade
Todavia, a prova singela de que um determinado resultado foi motivado por uma ação
humana, não esgota a investigação dos fatores que poderiam ter influenciado a reação
pessoal em determinado momento. Em todos os fatos, a motivação não é simples, mas
resulta de um conjunto polifatorial que leva o indivíduo a infringir a lei penal.
Muitos desses explosivos revelam-se como tais somente durante a embriaguez. Esses
psicopatas chegam freqüentemente aos delitos de sangue imotivados ou
insuficientemente motivados, cometem agressões pessoais, resistência às autoridades,
praticam estragos materiais, maltratam animais.
Assim, hoje já não se pode sustentar que o delinqüente seja um louco, ou que a loucura
gere necessariamente a criminalidade.
“Não é verdade que todo delinqüente é um psicopata, do mesmo modo que nem todo
psicopata delinque.”
Atualmente, adota-se a classificação proposta pela CID 10, que apresenta os seguintes
“tipos”:
1.Paranóide4. Limítrofe
2.Impulsivo7. Anti-social
3.Esquizóide8. Histriônico
Vejamos:
Inconstância.
Infidelidade e insinceridade.
Raramente suicidas.
É emocionalmente imaturo.
É egocêntrico.
Depois deste episódio, Robert Hare passou trinta anos em estudos reunindo
características comuns de pessoas assim, até montar sua “Escala Hare”, o método para
reconhecer psicopatas mais utilizado atualmente.
Assim, o DSM não é um método particular para a avaliação de tal distúrbio, sendo seus
critérios, todavia, válidos, mesmo que muito recentes para terem sido tratados de
maneira aprofundada pela literatura específica.
A personalidade psicopática, por ultimo, sugere hoje dois problemas fundamentais: seu
suposto correlato orgânico ou fisiológico, cuja verificação foi atentada por numerosos
autores, e a relevância criminógena da mesma.
3.1 Conceitos
b) Dissocial: Ainda que tenha sido removido do DSM (Diagnostic and Statistical
Manual of Mental Disorders), bem como não conste da CID 10 (Classificação
Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde - OMS), o conceito de
“personalidade dissocial” ou “reação dissocial” tem importância nos estudos
criminológicos. Aparecia no DSM II com a seguinte redação:
3.1 Causalidade
Para uma melhor elucidação prática, vejamos a conclusão de dois laudos de perícias
psiquiátricas de casos práticos distintos, o primeiro de um agente com personalidade
psicopática, e o segundo de um agente com personalidade delinqüente:
Esses dados permitem estabelecer que o agente entende o caráter criminoso de seu feito
e pode se determinar de acordo com esse entendimento.
4. APLICAÇÕES FORENSES
Para FRANÇA
FRANÇA adota este posicionamento, dizendo que a pena está totalmente descartada
pelo seu caráter inadequado à recuperação e ressocialização do semi-imputável portador
de personalidade anormal.
Assim, para sua liberação, é necessário que seja elaborado também por peritos médicos
psiquiatras um simples Laudo de Cessação da Periculosidade, que, conforme já diz o
próprio nome, atesta a cessação ou não da periculosidade do agente, o que é muito
subjetivo, conforme estudaremos em capítulo próprio.
Dos interditos
É o encargo público cometido, por lei, a alguém para reger e defender uma pessoa e
administrar os bens de maiores incapazes, que, por si sós, não estão em condições de
fazê-lo, em razão de enfermidade ou deficiência mental.
Será a curatela deferida pelo juiz em processo de interdição, e poderá ser promovida
pelo pai, mãe, tutor ou cônjuge (desde que não esteja separado judicialmente ou de fato)
e pelo Ministério Publico, nos termos do artigo 1.768 do Código Civil.
Cessará a curatela ao expirar o termo em que o curador era obrigado a servir, ao ser
removido por se tornar incompetente para exercer a curatela com eficiência e probidade,
ou no caso de recuperar o curatelado sua total capacidade de discernimento e
compreensão.
Quanto ao casamento, reza o inciso I do artigo 1.548 do Código Civil, “in verbis”:
I – pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil;”
Desta forma, será anulado o casamento realizado por enfermo mental sem o necessário
discernimento para os atos da vida civil, por não estar em seu juízo perfeito, e será
anulado mesmo que não tenha sofrido o processo de interdição.
Será legitimado para propor ação para invalidar casamento as pessoas que tiverem
interesse moral, tais como cônjuges, ascendentes, descendentes, etc, ou pelo Ministério
Público, nos termos do artigo 1.549 do mesmo diploma legal.
Tratando agora da questão testamentária, dispõe o artigo 1.660 do Código Civil, “in
verbis”:
Art. 1860. “Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não
tiverem pleno discernimento.”
5.DA CULPABILIDADE
5.1 Da Imputabilidade
Para DAMÁSIO ,
Imputar é atribuir a alguém a responsabilidade de alguma coisa. Imputabilidade penal
é o conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para lhe ser
juridicamente imputada a pratica de um fato punível.
Conforme MIRABETE
Só é reprovável a conduta se o sujeito tem certo grau de capacidade psíquica que lhe
permite compreender a antijuridicidade do fato e também de adequar essa conduta a
sua consciência. Quem não tem essa capacidade de entendimento é inimputável,
excluindo-se a culpabilidade.
5.2 Da Inimputabilidade
Art. 26. “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.”
Inimputável para a lei, conforme o artigo 26 retro citado, é o portador de doença mental
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
Segundo MIRABETE
é evidentemente um critério falho, que deixa impune aquele que tem entendimento e
capacidade de determinação apesar de ser portador de doença mental,
desenvolvimento mental incompleto etc.
A existência ou não de uma causa biológica no fato, é matéria a ser investigada pelo
perito, pelo psiquiatra. Mas ao seu pronunciamento não está adstrito o juiz que, aqui
como sempre, conserva, no tocante as provas, a faculdade de livre convencimento.
A inimputabilidade não se presume, e para ser acolhida deve ser provada em condições
de absoluta certeza.
Abrange todas as moléstias que causam alterações mórbidas à saúde mental, podendo
ser tanto na forma orgânica (como paralisias cerebrais, arteriosclerose, etc); na forma
tóxica (como a psicose alcoólica ou por medicamentos), e também na forma funcional
(como a esquizofrenia, a psicose maníaco-depressiva, a paranóia, etc).
O doente mental apresenta características próprias, vivendo num mundo criado por ele
próprio, possuindo suas verdades e seus valores, agindo de maneira que enfrente o
sistema social em que vive, não sendo correto, desta forma, a aplicação de pena
sancionatória, pois esta não surtirá nenhum efeito, tendo em vista o sentido de desvalor
jurídico relacionado à sua conduta.
Saliente-se que este estado deve existir no momento da ação ou omissão, não antes (atos
preparatórios) ou depois (resultado), considerada, entretanto, a hipótese da “actio libera
in causa”, que consiste na embriaguez pré-ordenada, em que o individuo bebe ou usa
substancias entorpecentes com a intenção de cometer determinado delito, em um ato de
ausência de coragem para a prática do mesmo.
São indivíduos que não tem a plenitude da capacidade intelectiva e volitiva. São os
fronteiriços, os semi- imputáveis ou de imputabilidade reduzida.
Não tem supressão completa do juízo ético, e são em regra mais perigosos que os
insanos.
Prevê a nossa legislação, em seu artigo 26, parágrafo único, “in verbis”:
Art. 26, § único: “A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em
virtude de perturbação de saúde mental, ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”
Assim, a lei faculta a redução da pena, diferente de outras codificações, como por
exemplo o código alemão, que impõe a redução da pena ao invés de facultá-la.
Há quem entenda que a redução da pena é facultativa, porém esse não é o entendimento
de alguns doutrinadores, a exemplo de MIRABETE, que entende ser dever do juiz, e
não mera faculdade, face ao fato de constituir direito publico do réu ter sua pena
reduzida.
6.1 Conceito
6.2. Pressupostos
Para que possa haver a aplicação da medida de segurança, é necessário também que haja
nexo causal entre a doença mental e o ato ilícito praticado, pois, a partir deste, será
analisada a periculosidade do agente sob o aspecto da probabilidade de reiteração da
prática de outros crimes.
A lei presume periculosidade aos inimputáveis, que, conforme disposição do artigo 26,
deverão obrigatoriamente ser submetidos à medida de segurança. Quanto aos semi-
imputáveis, esta submissão não é obrigatória, mas sim facultativa, conforme veremos.
6.3. Modalidades
Ficam sujeitos a tratamento ambulatorial, ao qual são dados cuidados médicos, mas sem
internação.
A internação é destinada ao autor que tiver cometido fato punível com pena de reclusão.
O tratamento ambulatorial será destinado aos autores de fato que se comine pena de
detenção.
Muito bem entende a jurisprudência, pois caso contrário fosse, o ambiente prisional das
cadeias publicas lhes seria nocivo, fazendo aflorar ainda mais suas potencialidades
criminais.
6.4 Aplicação
Pela lei anterior à reforma de 1984, onde vigia o sistema duplo-binário de aplicação das
penas, as medidas de segurança podiam ser aplicadas isoladamente aos inimputáveis, e
cumuladas com penas aos semi-imputáveis e aos imputáveis considerados perigosos.
O sentido da expressão “pode o juiz” não significa puro arbítrio, simples faculdade
judicial , em termos de que o juiz “pode” aplicar uma ou outra medida sem
fundamentação.
A expressão deve ser entendida no sentido de que a lei confere ao juiz a tarefa de,
apreciando as circunstancias do caso concreto em face das condições exigidas, aplicar
ou não uma das sanções.
Nessa linha:
“É facultativa e não obrigatória a redução da pena autorizada pelo art. 22, parágrafo
único do CP (atual art. 26, parágrafo único)”. (TJR – Apelação Criminal – Relator
Raphael Cirigliano Filho – EJTRJ 7/312)
Face à periculosidade do agente, por uma questão de paz social, dentre outros fatores,
entendemos ser mais conveniente ao agente portador de personalidade psicopática a
imposição de medida de segurança em substituição à redução da pena privativa de
liberdade, pois a simples redução da pena cumprida em cadeia pública fugiria
totalmente ao caráter de ressocialização da pena, pois de nada serviria o tempo que
passasse recluso nas penitenciárias devido a sua característica de não aprendizagem com
a punição.
No mais, em contato com os demais detentos, conforme já dito, é propenso que haja
maior desordem do que já existe nas penitenciárias, e que esta seja estimulada pelos
próprios agentes psicopatas, que, com sua inteligência acima da média, tornar-se iam
líderes dentre os demais detentos, como a exemplo ocorre, em nossa opinião, com o
atual líder da facção criminosa PCC – Primeiro Comando da Capital, o conhecido
Marcos Camacho, vulgo “Marcola”, que, mesmo recluso em penitenciárias de
segurança máxima, consegue comandar uma legião de seguidores infratores, e que em
entrevistas a diversos jornais e revistas, já afirmou ser tido como líder por entender
como funciona o sistema, tendo lido mais de trezentos livros, assim conseguindo
dominar a imensa massa de infratores vindos de lares desajustados, fruto do falido
sistema econômico-social brasileiro.
Este parecer foi corroborado a medida em que esta pesquisadora elaborava o presente
trabalho, havendo profundo interesse em aprofundar o tema em cursos de pós
graduação, para provar que seja “Marcola” um portador de distúrbio da personalidade
anti-social.
6.5 Prazo
Este não é o nosso entendimento, pois achamos que não há o que se falar em
perpetuidade da medida de segurança, posto que sua própria definição em lei já prevê
seu prazo perfeitamente prorrogável, que perdurará até que seja confirmada a cessação
da periculosidade do agente, com o objetivo de pacificação, proteção e satisfação da
sociedade.
Conforme já dissemos, para que cesse a medida de segurança, faz-se necessário que seja
averiguada por perícia médica a cessação da periculosidade.
Em sua conclusão, a resposta do laudo deverá ser meramente dicotômica: ou sim, ou
não.
Exige-se desta forma, dos peritos, a previsão de que o sujeito não irá mais cometer
crimes em virtude de sua doença mental. A periculosidade não é condição própria de
doença mental.
Nesse diapasão, no ano de 2004, Hilda foi a Brasília tentar convencer os deputados a
criarem prisões especiais para psicopatas. Conseguiu fazer a idéia virar um projeto de
lei, mas que infelizmente não foi aprovado.
Esta afirmação é tão verdadeira que, por esses e outros motivos, tentou a ilustre
psiquiatra Dra. Hilda Morana chamar a atenção da sociedade e do governo acerca desta
problemática. Apesar de sua tentativa haver restado infrutífera, consideramos ser ela um
grande exemplo, pois esta questão clama por solução.
Trabalhando diariamente com esta realidade, tanto a Dra. Hilda Morana, quanto
diversos outros psiquiatras levantam questionamentos acerca deste assunto, o que
infelizmente fica tão somente na esfera de debates entre os profissionais da área médica.
foi e vem sendo uma só. Uma vez postos em liberdade e de volta ao convívio social, os
psicopatas, na maioria dos casos, reincidirão. E isso não é apenas mero sofismo, mas
sim estatística
8. CASOS CONCRETOS
Para uma melhor elucidação sobre o tema aqui tratado, mister se faz exemplificarmos
com casos reais.
Iremos apresentar dois casos de maior conhecimento, mas certamente muitos casos
idênticos aconteceram e acontecem sem que tornem-se públicos, mas que são de igual
importância, pois o que está em risco é o maior bem jurídico tutelado – a vida - , bem
como a tranqüilidade e paz social.
Um caso concreto que ilustra muito bem tal problemática é o do tão conhecido
Francisco da Costa Rocha, mais conhecido como “Chico Picadinho”.
Assim, no ano de 1976 quando solto, cometeu outro delito idêntico, assassinando e
esquartejando outra mulher, fazendo jus ao seu apelido de “Chico Picadinho”.
Novamente condenado e preso, sua pena expirou em 1998, mas desta vez não foi posto
em liberdade, assim permanecendo na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté/SP.
Ilana Casoy, respeitada escritora de livros dedicados à este tema, conseguiu uma
entrevista exclusiva com Chico Picadinho, entrevista esta que pode ser conferida na
integra no Anexo I.
Ilana teve a surpresa de descobrir através de suas próprias palavras que entre os crimes
que cometeu havia também tentado estrangular várias mulheres.
Assim, ele atraía suas vítimas pela vaidade, com a proposta de realizar uma sessão
fotográfica no Parque do Estado, zona sul da capital de São Paulo, tentava estuprá-las e
as matava.
Foi condenado por júri popular por nove mortes, somando-se as penas num total de 271
(Duzentos e setenta e um) anos de prisão, que estão sendo cumpridos em penitenciária
comum.
Entretanto, o resultado disso somente poderemos saber quando for ele posto em
liberdade, e que acreditamos certamente restar em um único fim: a reincidência em
crime idêntico, tal qual como ocorreu com “Chico Picadinho”, sendo assim este caso
mais um erro jurídico.
CONCLUSÃO
Por sorte, a maioria dessas pessoas não tem inclinação ao cometimento de homicídios
ou de delitos graves, e usam seu instinto de maldade meramente para ter bom status na
sociedade, mesmo que para isso precise ser desonesto, estelionatário, trapaceiro, etc.
O Estado parece desconhecer esta realidade, preocupando-se apenas e tão somente com
projetos de lei que visam a redução da maioridade penal.
Porém, após este estudo, concluímos que esta questão é sim muito digna de
preocupação e clama por uma solução, pois as barbáries cometidas por pessoas
portadoras de personalidade anti-social certamente não se resumem aos poucos casos
que chegam ao conhecimento e clamor público.
Por derradeiro, as reflexões ora apresentadas visam realçar a necessidade de uma maior
atenção do Estado através de um estudo mais aprofundado das Medidas de Segurança,
protegendo a sociedade das praticas infracionais cometidas por agentes altamente
perigosos, portadores de distúrbio anti-social da personalidade, para a construção de
meios efetivos de preservação da boa estrutura social.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JESUS, Damásio Evangelista. Código Penal Anotado – 10° ed. São Paulo: Saraiva,
2000.
____________. Direito Penal Vol I – 28° ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
DELMANTO, Celso et. al. Código Penal Comentado – 5° ed. Rio de Janeiro: Editora
Renovar, 2000.
FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal – 7° ed. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan, 2004.
ALMEIDA Jr, Antonio Ferreira de & COSTA JUNIOR, J.B de Oliveira. Lições de
Medicina Legal – 15° ed. São Paulo: Editora Nacional, 1978.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal – Parte Geral – 22° ed. São
Paulo: Editora Atlas, 2005.
MARANHÃO, Odon Ramos. Curso Básico de Medicina Legal – 3° ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 1984.
DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado – 10° ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
MARQUES, José Frederico. Tratado de Direito Penal III V.1 – 1° ed. Campinas:
Editora Millennium, 1999.
NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal Vol I- 38° ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
NARLOCH, Leandro. Psicopata: cuidado, tem um ao seu lado. Super Interessante, São
Paulo, p. 42-49, Jul. 2006.
CARDOSO, Rodrigo. Entrevista com Ilana Casoy. Disponível em: . Acesso em: 10 fev.
2007.
TOLEDO, Antonio Luiz de et. Al. Vade Mecum – 3°ed. São Paulo: Editora Saraiva,
2007.