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Angélica Sezini
Advogada
Belo Horizonte
Abril/2010
1
Sumário
A PROTEÇÃO JURÍDICA DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA
LEGAL ........................................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 4
PARTE I - FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE ..................................................................... 5
Conceito.......................................................................................................................................... 5
Previsão Constitucional ................................................................................................................... 5
PARTE II – ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ........... Erro! Indicador não definido.
Conceito.......................................................................................................................................... 6
Previsão Legal Federal – Código Florestal (Lei 4771/65) ................................................................ 6
A proteção da água.......................................................................................................................... 6
Resoluções nº 302 e 303 do CONAMA ........................................................................................... 7
Proteção das encostas e elevações ................................................................................................... 7
Proteção das restingas ..................................................................................................................... 8
Áreas urbanas ................................................................................................................................. 8
APP por ato do Poder Público ......................................................................................................... 8
Patrimônio indígena ........................................................................................................................ 9
Supressão ........................................................................................................................................ 9
Utilidade pública e interesse social ................................................................................................ 10
Órgãos competentes para autorizar a supressão de vegetação situada em APP ............................... 10
Supressao de baixo impacto .......................................................................................................... 10
Medidas mitigadoras e compensatórias ......................................................................................... 11
Observações especiais ................................................................................................................... 11
Previsão Legal Estadual – Minas Gerais (Lei 14309/02) ................................................................ 12
Compensação ambiental ................................................................................................................ 14
Reservatórios ................................................................................................................................ 15
Ocupação antrópica consolidada ................................................................................................... 17
Conversão em vegetação nativa ..................................................................................................... 17
Vereda .......................................................................................................................................... 17
Encostas e topos de morros ........................................................................................................... 18
Sustentabilidade das atividades ..................................................................................................... 18
Área urbana .................................................................................................................................. 18
Utilização de área de preservação permanente ............................................................................... 18
Propriedade rural com relevo acidentado: permissão para a utilização da faixa ciliar ..................... 19
Supressão de vegetação nativa em área de preservação permanente ............................................... 19
Utilidade pública e interesse social emMinas Gerais...................................................................... 20
Baixo impacto ambiental ............................................................................................................... 20
Medidas mitigadoras e compensatórias ......................................................................................... 20
Nascente ....................................................................................................................................... 20
PARTE III - RESERVA LEGAL .................................................................................................. 21
Conceito........................................................................................................................................ 21
Previsão Legal Federal - Código Florestal (Lei 4771/65) ............................................................... 21
Supressão ...................................................................................................................................... 22
Pequena propriedade ou posse rural familiar ................................................................................. 22
Localização da Reserva Legal ....................................................................................................... 22
Redução e ampliação da Reserva Legal ......................................................................................... 23
Possibilidade de computar APP no cálculo de RL ......................................................................... 23
Averbação da Reserva Legal ......................................................................................................... 24
Posse e Reserva Legal ................................................................................................................... 24
2
RL em condomínio ....................................................................................................................... 24
RL em percentual menor que a exigência legal .............................................................................. 25
Doação de área localizada em unidade de conservação de domínio público ................................... 26
Servidão florestal .......................................................................................................................... 26
Cota de reserva florestal - CRF ..................................................................................................... 27
Excluídos dos benefícios ............................................................................................................... 27
Decreto 7.029/2009 ....................................................................................................................... 27
PREVISÃO LEGAL ESTADUAL – MINAS GERAIS (LEI 14309/02)........................................ 28
Permissão para computar APP no cálculo de Reserva Legal .......................................................... 28
Permissão para computar maciços arbóreos frutíferos, ornamentais ou industriais em RL………...28
Demarcação da Reserva Legal....................................................................................................... 29
Recomposição da Reserva Legal ................................................................................................... 29
Microbacia hidrográfica e classificação dos cursos d’água ............................................................ 31
Excluídos dos benefícios ............................................................................................................... 31
Roçada e a limpeza de área ........................................................................................................... 31
Barragens ...................................................................................................................................... 32
PARTE IV - CRIMES E INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS ..................................................... 32
Lei 9605/98 ................................................................................................................................... 32
Decreto 6514/08............................................................................................................................ 33
Decreto 7029/09............................................................................................................................ 34
3
A PROTEÇÃO JURÍDICA DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL
INTRODUÇÃO
Veremos, neste breve curso, os pontos mais importantes quanto a esta matéria. Sem
querer, todavia, esgotar o assunto que é amplo e bastante polêmico. Trataremos dos aspectos jurídicos,
tão somente, desde o disposto na Constituição Federal, passando pelas leis infraconstitucionais,
federais e estaduais (Minas Gerais), até chegarmos aos atos normativos administrativos, tais como
portarias, resoluções, etc.
4
PARTE I - FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
Conceito
A CR/88 vincula o cumprimento da função social da propriedade urbana ao
atendimento das exigências contidas no Plano Diretor, conforme o disposto no § 2º do art. 182. A
fixação do conteúdo da função social, neste caso, fica a cargo do Município, pois o citado plano é o
instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. Vale ressaltar o grande avanço
legislativo, nesta seara, com a edição do “Estatuto da Cidade (lei 10.257/01) o qual, em seu artigo 1º,
parágrafo único, fixa o escopo do Estatuto: “estabelece normas de ordem pública e interesse social
que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos
cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental”
No que se refere à propriedade rural, a CR/88 fixa o conteúdo de sua função social
no art. 186. Destaca-se que os requisites estipulados devem ser cumpridos simultaneamente. De
acordo com a Carta Magna, o cumprimento da Função Social da Propriedade rural somente se dará
quando o seu uso e exploração for compatível com a manutenção da integridade e da qualidade dos
recursos ambientais nela existents, garantindo o potencial produtivo da Propriedade e uma reserva de
bens ambientais para o uso das futuras gerações.
Com a CR//88 a propriedade passa por uma releitura, adquirindo Função Social a
fim de contemplar os interesses coletivos e garantir a promoção do Bem Comum. Esta função social
determina que o proprietário, além de um poder sobre a Propriedade, tem um dever correspondente
para com toda a Sociedade de usar esta Propriedade de forma a lhe dar a melhor destinação sob o
ponto de vista dos interesses sociais.
A função social da propriedade representa um marco de transição da concepção
individualista da propriedade para uma concepção mais de acordo com os preceitos da Justiça Social,
que faça da Propriedade um veiculo para a obtenção de vantagens sociais e ambientais, e não fato
gerador de desigualdade e discórdia. A função social da propriedade consubstancia-se na busca do
equilíbrio, do meio-termo entre dois extremos (…). Concilia poder e dever, direito e obrigação,
individual e social, utilização econômica e preservação ambiental. Ao mesmo tempo em que garante a
propriedade privada e a obtenção de vantagens para o proprietário, vincula essas vantagens à
promoção do bem comum. A função social caminha no sentido de adquar a propriedade ao direito
contemporaneo, pois a evolução dos direitos, o surgimento de novos direitos, e a diversidade de
interesses por estes contemplados, exigem que os institutos jurídicos sejam repensados à luz dos
interesses coletivos e difusos, agora protegidos juridicamente.1
Previsão Constitucional
CAPÍTULO II
DA POLÍTICA URBANA
1
Cavendon, Fernanda de Salles – Função Social e Ambiental da Propriedade – Ed. Momento Atual, 2003
5
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
CAPÍTULO III
DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA
Conceito
As APPs são locais nos quais a vegetação existente não pode ser explorada, exceto
quando necessária à execução de obras, planos, atividades, em projetos de utilidade pública ou
interesse social, com prévia autorização do órgão competente do Poder Executivo. 2
A proteção da água
Segundo Antunes3, a primeira preocupação que se pode observar no texto legal do
CFlo é com a preservação da vegetação que protege os cursos d’água. Tal tipo de vegetação é
conhecida como mata ciliar. Os rios recebem proteção legal desde as suas nascentes até os seus
respectivos estuários. Também as lagoas, lagos, reservatórios e olho d’água.
2
MILARÉ, Edis – Direito do Ambiente – 3ª Edição, Editora Revista dos Tribunais, 2004 – pág. 237.
3
ANTUNES, Paulo de Bessa – Direito Ambiental – Lumen Juris Editora, 2009 – págs. 516.
4
Florestas: Segundo o Dicionário Aurélio é a formação arbórea densa, na qual as copas se tocam; mata. Para Hely Lopes
Meireles é “a forma de vegetação, natural ou plantada, constituída por um grande número de árvores, com o mínimo
espaçamento entre si” – ANTUNES, Paulo de Bessa – Direito Ambiental – Lumen Juris Editora, 2009 – págs. 511 e 513.
6
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em
faixa marginal cuja largura mínima será:
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer
que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de
largura;
7
Evita-se, igualmente, as enchentes e inundações nos terrenos mais baixos, uma vez que a vegetação
ajuda a fixar a água da chuva no solo e funciona como uma verdadeira barreira natural. 5
Áreas urbanas
Para o Código, no caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos
perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações
urbanas, em todo o território abrangido, obervar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis
de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere o artigo acima. Neste caso, observar-
se-á sempre o que o Município dispõe sobre o tema através de seu plano diretor o qual não pode exigir
menos que o exigido pelo Código Florestal, mas poderá exigir mais.
O ato tratado aqui é apenas um ato administrativo e não uma lei. Para ANTUNES,
tais áreas já são protegidas desde a edição do CFlo. Não se está criando novas APPs. O Poder Público,
no caso, limita-se a identificar, demarcar e declarar a proteção de tais regiões. O ato, neste ponto, deve
ser entendido como decreto.
Patrimônio indígena
Além disso, dispõe o § 2º do artigo 3º que: As florestas que integram o Patrimônio
Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei.
Vê-se clara contradição entre a letra “g” e o “§2º” acima descrito. Pela primeira, há
necessidade de ato do poder público para que as terras indígenas sejam consideradas APP; pelo
segundo, ao contrário, tais terras são assim consideradas pelo só efeito do CFlo. ANTUNES nos alerta
para o fato de que o artigo 231 da CF/88 13 impede que qualquer ato administrativo, ou mesmo
legislativo, possa descaracterizar as terras indígenas ou modificar o seu regime jurídico de preservação.
Supressão
O Código Florestal dispõe que a supressão de vegetação em área de preservação
permanente somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social,
devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir
alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto.
O CONAMA dispôs sobre o assunto através da RESOLUÇÃO Nº 369/2006, a qual
define os casos excepcionais em que o órgão ambiental competente poderá autorizar a intervenção ou
supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente para a implantação de obras, planos,
atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social.
13
Art. 231 - São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos
originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar
todos os seus bens. § 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente,
as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu
bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.§ 2º - As terras
tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das
riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes. § 4º - As terras de que trata este artigo são inalienáveis e
indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
9
Utilidade pública e interesse social
Os casos de utilidade pública são assim definidos: atividades de segurança nacional
e proteção sanitária; obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de
transporte, saneamento e energia; atividades de pesquisa e extração de substâncias minerais,
outorgadas pela autoridade competente, exceto areia, argila, saibro e cascalho; implantação de área
verde pública em área urbana; pesquisa arqueológica; obras públicas para implantação de
instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados; e implantação de
instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados para projetos privados
de aqüicultura.
Já os casos de interesse social são definidos como: atividades imprescindíveis à
proteção da integridade da vegetação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo,
controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas, de acordo
com o estabelecido pelo órgão ambiental competente; o manejo agroflorestal, ambientalmente
sustentável, praticado na pequena propriedade ou posse rural familiar, que não descaracterize a
cobertura vegetal nativa, ou impeça sua recuperação, e não prejudique a função ecológica da área; a
regularização fundiária sustentável de área urbana; as atividades de pesquisa e extração de areia,
argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente;
Salienta-se que a supressão dependerá de autorização do órgão ambiental estadual
competente, com anuência prévia, quando couber, do órgão federal ou municipal de meio ambiente.
14
Considera-se área urbana, conforme o IBGE, a área interna ao perímetro urbano de uma cidade ou via, definida por lei
municipal. De acordo com a Lei 5.172/66, é “zona urbana” a definida em lei municipal, que contenha, pelo menos 2 (dois)
melhoramentos, construídos ou mantidos pelo Poder Público, indicados a seguir: meio-fio ou calçamento, com
canalização de águas pluviais, abastecimento de água, sistema de esgotos sanitários, rede de iluminação pública, com ou
sem posteamento para distribuição domiciliar, escola primária ou posto de saúde.
15
Quanto ao Conselho de Meio Ambiente, normalmente denominado “CODEMA”: não basta apenas que o Município
tenha instituído o Conselho, este deve ter caráter consultivo e deliberativo o que significa que ele tem poderes para tomar
decisões.
16
Além disso, é necessária a existência do plano diretor. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento
básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. Apenas os Municípios com mais de 20 mil habitantes estão
obrigados a fazer o Plano Diretor.
10
A RESOLUÇÃO Nº 369/2006 CONAMA estabelece:
Observações especiais
A – Nascentes, dunas, mangues
O Código Florestal estabelece que a supressão de vegetação nativa protetora de
nascentes, ou de dunas e mangues somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública. Sobre o
tema é necessário recorrer novamente ao CONAMA, pois o assunto foi tratado através da Resolução
303 que, dentre outras coisas, prevê como APP :
Art. 3o Constitui Área de Preservação Permanente a área situada:
IX - nas restingas:
a) em faixa mínima de trezentos metros, medidos a partir da linha de
preamar máxima;
b) em qualquer localização ou extensão, quando recoberta por vegetação
com função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues;
X - em manguezal, em toda a sua extensão;
XI - em duna;
17
Vê-se que esta relação não é taxativa, pois possibilita a existência de outras situações não especificadas nela.
11
B – Reservatórios artificiais
O CFlo diz que na implantação de reservatório artificial é obrigatória a
desapropriação ou aquisição, pelo empreendedor, das áreas de preservação permanente criadas no seu
entorno, cujos parâmetros e regime de uso serão definidos por resolução do CONAMA.
A Resolução nº 302/2002 do CONAMA dispõe que são reservatórios artificiais a
acumulação não natural de água destinada a quaisquer de seus múltiplos usos. Nestes casos, considera-
se como APP área com largura mínima, em projeção horizontal, no entorno dos reservatórios
artificiais, medida a partir do nível máximo normal de:
12
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, de proteger o solo e de assegurar o
bem-estar das populações humanas e situada 18:
I – em local de pouso de aves de arribação 19, assim declarado pelo poder público ou
protegido por convênio, acordo ou tratado internacional de que o Brasil seja
signatário;
II – ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água, a partir do leito maior sazonal 20,
medido horizontalmente, cuja largura mínima, em cada margem, seja de:
a) 30m (trinta metros), para curso d'água com largura inferior a 10m (dez
metros);
b) 50m (cinqüenta metros), para curso d'água com largura igual ou superior a
10m (dez metros) e inferior a 50m (cinqüenta metros);
c) 100m (cem metros), para curso d'água com largura igual ou superior a 50m
(cinqüenta metros) e inferior a 200m (duzentos metros);
d) 200m (duzentos metros), para curso d'água com largura igual ou superior a
200m (duzentos metros) e inferior a 600m (seiscentos metros);
e) 500m (quinhentos metros), para curso d'água com largura igual ou superior
a 600m (seiscentos metros);
a) 15m (quinze metros) para o reservatório de geração de energia elétrica com até
10ha (dez hectares), sem prejuízo da compensação ambiental;
b) 30m (trinta metros) para a lagoa ou reservatório situados em área urbana
consolidada;
c) 30m (trinta metros) para corpo hídrico artificial, excetuados os tanques para
atividade de aqüicultura;
d) 50m (cinqüenta metros) para reservatório natural de água situado em área rural,
com área igual ou inferior a 20ha (vinte hectares);
e) 100m (cem metros) para reservatório natural de água situado em área rural, com
área superior a 20ha (vinte hectares);
18
Percebe-se que a Norma Mineira traz algumas disposições inexistentes na norma federal o que nos leva a questionar se
o legislador de Minas Gerais não teria extrapolado a competência que lhe foi outorgada pela Constituição Federal. Há
que se considerar, todavia, que o Estado, ao legislar sobre o tema, deve considerar as peculiaridades próprias de seu
território o que em muitos casos justifica a sua ação mais restritiva. O que o Estado não pode de maneira alguma é
diminuir a proteção ambiental de ecossistemas protegidos pela legislação federal.
19
Que mudam de região em certas épocas do ano (ex. andorinhas). http://www.priberam.pt
20
Que tem a duração de uma estação; próprio de uma estação do ano. http://www.priberam.pt
21
Observar os parâmetros da Resolução 302/02 do CONAMA - Art 3o Constitui Área de Preservação Permanente a área
com largura mínima, em projeção horizontal, no entorno dos reservatórios artificiais, medida a partir do nível máximo
normal de: I - trinta metros para os reservatórios artificiais situados em áreas urbanas consolidadas e cem metros para
áreas rurais; II - quinze metros, no mínimo, para os reservatórios artificiais de geração de energia elétrica com até dez
hectares, sem prejuízo da compensação ambiental; III - quinze metros, no mínimo, para reservatórios artificiais não
utilizados em abastecimento público ou geração de energia elétrica, com até vinte hectares de superfície e localizados em
área rural.
13
Compensação ambiental:
A Compensação Ambiental é um mecanismo para contrabalançar os impactos sofridos pelo meio
ambiente, identificados no processo de licenciamento ambiental no momento da implantação de
empreendimentos. Trata-se de DINHEIRO! Os recursos são destinados à implantação e regularização
fundiária de unidades de conservação, sejam elas federais, estaduais ou municipais. Foi instituída
pela Lei 9.985 (18/072000), que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). É
aplicada para empreendedores privados e públicos. Em Minas, a Deliberação Normativa Copam nº
94 (12/04/2006) estabeleceu as diretrizes e procedimentos para aplicação da compensação ambiental
de empreendimentos considerados de significativo impacto ambiental.
VI – em encosta ou parte dela, com declividade igual ou superior a cem por cento ou
45° (quarenta e cinco graus) na sua linha de maior declive, podendo ser inferior a
esse parâmetro a critério técnico do órgão competente, tendo em vista as
características edáficas da região;
VII – nas linhas de cumeada22, em seu terço superior em relação à base, nos seus
montes, morros ou montanhas, fração essa que pode ser alterada para maior, a
critério técnico do órgão competente, quando as condições ambientais assim o
exigirem;
XI – em vereda23.
I – atenuar a erosão;
II – formar as faixas de proteção ao longo das rodovias e das ferrovias;
III – proteger sítio de excepcional beleza, de valor científico ou histórico;
IV – abrigar população da fauna ou da flora raras e ameaçadas de extinção;
V – manter o ambiente necessário à vida das populações indígenas;
22
Cumeada: s.f. Linha formada pelos cumes das montanhas. / Espigão da serra. http://www.dicionariodoaurelio.com
23
LEI 9375 1986 de 12/12/1986
24
É importante observar que a própria lei considera que na área pode ou não haver vegetação. E se houver vegetação,
não importa se se trata de gramíneas, arbustos ou mata.
14
VI – assegurar condições de bem-estar público;
VII – preservar os ecossistemas.
Reservatórios
Através da Lei 18023, de 09 de janeiro de 2009, estabeleceu-se que no caso de
reservatório artificial resultante de barramento construído sobre drenagem natural ou artificial, a área
de preservação permanente corresponde à:
50m (cinqüenta metros) para reservatório natural de água situado em área rural,
com área igual ou inferior a 20ha (vinte hectares);
100m (cem metros) para reservatório natural de água situado em área rural, com
área superior a 20ha (vinte hectares);
No caso de APP para reservatório de geração de energia elétrica com até 10ha (dez
hectares), através da Lei 18023/09, ficou firmado que o limite de 15 metros poderá ser ampliado, de
acordo com o estabelecido no licenciamento ambiental e, quando houver, de acordo com o Plano de
Recursos Hídricos da bacia onde o reservatório se insere.
A lei florestal prevê, ainda, que na implantação de reservatório artificial, o
empreendedor pagará pela restrição de uso da terra de área de preservação permanente criada no seu
entorno, na forma de servidão ou outra prevista em lei, conforme parâmetros e regime de uso definidos
na legislação.
O vocábulo "servidão" vem do latin servitudo, que significa sujeição, submissão. O
instituto vem a ser a "restrição à faculdade de uso imposta ao proprietário de um bem em proveito de
terceiro" (Acquaviva - Dicionário Jurídico Brasileiro).26
Segundo Paulo Roberto Pereira de Souza, na Servidão Ambiental o proprietário
destina a totalidade ou parte de sua propriedade para fins de conservação, impondo restrições ao uso
daquela área. Vale dizer: o proprietário impõe uma autolimitação, com o objetivo de conservar sua(s)
terra(s) para fins ecológicos; e abre mão de algum ou alguns componentes de seus direitos, como uso,
fruição ou gozo. Deve ser registrado em cartório, tem efeitos temporários ou perpétuos.27
25
Vide Lei que trata dos Recursos Hídricos – Lei 13.199, de 29 de janeiro de 1999
26
ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro. São Paulo, 1993, Editora Jurídica Brasileira;
27
Revista Jurídica Cesumar - Ano I - Nº 1 - 2001
15
RESUMO
Tipo APP
Reservatório de geração de energia elétrica com até 10ha 15m ou mais de acordo
com o
licenciamento ambiental
16
Ocupação antrópica consolidada
Prevê o artigo 11 da Lei Estadual que nas áreas de preservação permanente, será
respeitada a ocupação antrópica consolidada 28, vedada a expansão da área ocupada e atendidas as
recomendações técnicas do poder público para a adoção de medidas mitigadoras e de recuperação de
áreas degradadas.
A citada lei estabelece que considera-se ocupação antrópica consolidada o uso
alternativo do solo em área de preservação permanente estabelecido até 19 de junho de 2002, por meio
de ocupação da área, de forma efetiva e ininterrupta, com edificações, benfeitorias e atividades
agrossilvipastoris, admitida neste último caso a adoção do regime de pousio 29.
Observa-se que, nas áreas de ocupação consolidada com culturas agrícolas anuais e
perenes, incluídas as pastagens, deverão ser adotadas práticas de conservação do solo e da água. Em
relação à implantação e a continuidade de empreendimentos florestais ficam as mesmas condicionadas
ao uso de técnicas de baixo impacto e à adoção de técnicas de manejo que protejam o solo contra
processos erosivos.
Para comprova a ocupação consolidada será necessário que o IEF ou a EMATER
emita laudo técnico e, em caso de profissional não servidor destes institutos, que seja o laudo
acompanhado de ART.
Vereda
Em Minas Gerais, a Lei 9375 de 12/12/1986 trata das APPs em veredas30. Citada lei
prevê que, são proibidas, nas Veredas e em suas faixas de proteção laterais drenagem, aterros,
desmatamentos, uso de fogo, caça, pesca, atividades agrícolas e industriais, loteamentos e outras
formas de ocupação humana que possam causar desequilíbrios ao ecossistema. As atividades de
pecuária, uso da água para dessedentação de animais e consumo doméstico, travessia, lazer e
pesquisa serão permitidos se não ocasionarem alterações significativas nas condições naturais.
28
A Legislação Federal não faz tal ressalva. O legislador mineiro não suplementou a norma federal, mas, ao contrário,
inovou o ordenamento jurídico dispondo exceções que a norma federal não prevê. Para muitos, trata-se de flagrante
inconstitucionalidade, já que exorbitou de sua competência. Para outros, todavia, a exceção se justifica e é necessária,
sendo um avanço do Estado de Minas Gerais.
29
Considera-se pousio a prática de interrupção de atividades agrícolas, pecuárias ou silviculturais por até cinco anos,
para possibilitar a recuperação da capacidade de uso ou da estrutura física do solo, o que será comprovado por laudo
técnico de profissional habilitado acompanhado da anotação de responsabilidade técnica.
30
Art. 1º - São declarados de preservação permanente e de interesse comum, nos termos dos artigos 1º, 2º e 3º, alíneas
e, f e h da Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, os ecossistemas das veredas no Estado de Minas Gerais.
17
Contudo, a Lei Florestal mineira possibilita que no caso de vereda ocupada por
agricultura familiar, o uso consolidado seja progressivamente convertido em vegetação nativa,
observando-se as seguintes condições:
I - manutenção da função de corredor ecológico e de refúgio úmido exercida pela
vereda no bioma cerrado e nos ecossistemas associados;
II - proibição do uso do fogo e da criação de gado, admitido o acesso para a
dessedentação de animais.
Continuam vedadas quaisquer intervenções nas áreas de veredas, salvo em caso de
utilidade pública, de dessedentação de animais ou de uso doméstico.
Área urbana
A lei florestal mineira prevê que nas áreas de preservação permanente localizadas em
área urbana com plano diretor ou projeto de expansão aprovados pelo Município, será respeitada a
ocupação consolidada31, atendidas as recomendações técnicas do poder público.
31
Considera-se ocupação antrópica consolidada o uso alternativo do solo em área de preservação permanente
estabelecido até 19 de junho de 2002, por meio de ocupação da área com edificações, benfeitorias ou parcelamento do
solo. Este artigo visa resolver os casos de áreas de preservação permanente em zonas urbanas, algo muito comum em
qualquer cidade mineira. Também não há previsão na norma federal sobre o assunto. Não há, até a presente data,
questionamento no STF.
32
Sobre Unidades de Conservação, vide Lei nº 9985/00.
18
§ 2° - Os critérios para definição e uso de área de preservação permanente serão
estabelecidos ou revistos pelos órgãos competentes, mediante deliberação do
Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM -, adotando-se como unidade de
planejamento a bacia hidrográfica, por meio de zoneamento específico e, quando
houver, por meio do seu plano de manejo. (Parágrafo vetado pelo Governador e
mantido pela Assembléia Legislativa em 7/9/2002.)
§ 3° – (Vetado).
Propriedade rural com relevo acidentado: permissão para a utilização da faixa ciliar dos
cursos d’água
Na propriedade rural em que o relevo predominante for marcadamente acidentado e
impróprio à prática de atividades agrícolas e pecuárias e em que houver a ocorrência de várzeas
apropriadas a essas finalidades, poderá ser permitida a utilização da faixa ciliar dos cursos d’água,
considerada de preservação permanente, em uma das margens, em até um quarto da largura prevista no
art. 10, mediante autorização e anuência do órgão ambiental competente, compensando-se essa
redução com a ampliação proporcional da referida faixa na margem oposta, quando esta
comprovadamente pertencer ao mesmo proprietário33.
Exige-se, todavia, a formalização da permuta:
33
Outra inovação do Legislador Mineiro. Não há previsão na norma federal para esta utilização, nem para a redução e
ampliação nos moldes descritos na lei 14.309/02.
19
Utilidade pública e interesse social em minas gerais
São casos de utilidade pública: a) a atividade de segurança nacional e proteção
sanitária; b) a obra essencial de infra-estrutura destinada a serviço público de transporte, saneamento
ou energia; c) a obra, plano, atividade ou projeto assim definido na legislação federal ou estadual;
Quanto aos casos de interesse social, temos: a) a atividade imprescindível à proteção
da integridade da vegetação nativa, tal como a prevenção, o combate e o controle do fogo, o controle
da erosão, a erradicação de invasoras e a proteção de plantios com espécies nativas, conforme definida
na legislação federal ou estadual; b) a obra, plano, atividade ou projeto assim definido na legislação
federal ou estadual; c) a ação executada de forma sustentável, destinada à recuperação, recomposição
ou regeneração de área de preservação permanente, tecnicamente considerada degradada ou em
processo avançado de degradação. d) os projetos de assentamentos de reforma agrária,
desenvolvimento agrário e colonização devidamente regularizados.
Nascente
34
DN COPAM 76/04
20
PARTE III - RESERVA LEGAL
Conceito
Segundo dispõe o Código Florestal – Lei 4771/65 - Reserva Legal é área localizada
no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao
uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à
conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas.
A RL é uma obrigação que recai diretamente sobre o proprietário do imóvel,
independentemente de sua pessoa ou da forma pela qual tenha adquirido a propriedade35. A lei traz o
percentual mínimo, de acordo com a região brasileira, bem como a localização das áreas que devem
ser protegidas. Vejamos:
Amazônia legal
A Amazônia Legal é uma área que engloba nove estados brasileiros pertencentes à Bacia amazônica
e, consequentemente, possuem em seu território trechos da Floresta Amazônica. Com base em
análises estruturais e conjunturais, o governo brasileiro, reunindo regiões de idênticos problemas
econômicos, políticos e sociais, com o intuito de melhor planejar o desenvolvimento social e
econômico da região amazônica, instituiu o conceito de Amazônia Legal.
A atual área de abrangência da Amazônia Legal corresponde à totalidade dos estados do Acre,
Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte do estado do
Maranhão (a oeste do meridiano de 44º de longitude oeste), perfazendo uma superfície de
aproximadamente 5.217.423 km² correspondente a cerca de 61% do território brasileiro 36.
35
ANTUNES, Paulo de Bessa – Direito Ambiental – Lumen Juris Editora, 2009 – págs. 542.
36
http://pt.wikipedia.org/wiki/Amazônia_Legal
21
Cerrado
A área nuclear do Cerrado está distribuída, principalmente, pelo Planalto Central Brasileiro, nos
Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, parte de Minas Gerais, Bahia e
Distrito Federal, abrangendo 196.776.853 ha37.
Em Minas Gerais, o percentual da RL é de 20% no mínimo. O proprietário poderá instituir área
maior, averbando-a em cartório, contudo, jamais poderá voltar atrás e dar outra destinação à área
instituida.
Supressão
O Código Florestal não permite a supressão da Reserva Legal, contudo, admite a sua
utilização. Não há utilização plena, uma vez que esta seria contrária ao objetivo do legislador quanto à
proteção ambiental. Prevê a citada lei que A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida,
podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável38, de acordo com princípios e
critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento.
37
http://www.ibama.gov.br/ecossistemas/cerrado.htm
38
Entende-se por manejo florestal sustentável de uso múltiplo a administração da floresta para a obtenção de benefícios
econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo, e
considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e
subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços de natureza florestal." - DECRETO Nº
1.282, de 19 de outubro de 1994
39
Constituição Federal - Art. 186 - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e
adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância
22
I - o plano de bacia hidrográfica;
II - o plano diretor municipal;
III - o zoneamento ecológico-econômico;
IV - outras categorias de zoneamento ambiental;
V - a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente,
unidade de conservação ou outra área legalmente protegida.
I - reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até
cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de
Preservação Permanente, os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente
protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e
II - ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices
previstos neste Código, em todo o território nacional.
Ecótono ou ecótone é o nome dado a uma região de transição entre dois biomas diferentes. No
ecótono temos uma biodiversidade maior que a dos biomas em transição, pois nela se encontram
espécies de ambos os biomas e, por conseguinte, grande número de nichos ecológicos. Exemplo de
ecótono são o agreste do nordeste brasileiro, zona de transição entre o sertão e a zona da mata; e as
matas de cocais, zona de transição entre o Bioma Amazônico e a Caatinga.41
das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos
trabalhadores.
40
O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e
atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade
ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e
a melhoria das condições de vida da população. Vide: Dec. 4297/02.
41
WWW.wikipedia.org
23
Averbação da Reserva Legal
Ao contrário das áreas de preservação permanente, que não precisam de qualquer ato
do proprietário para sua caracterização, as áreas destinadas à Reserva Legal precisam ser averbadas
junto à matrícula do imóvel no competente Registro Imobiliário. Vejamos:
TAC: espécie de transação entre o órgão público e o interessado, mediante a qual o segundo se
compromete a dar cumprimento a normas legais que não vem sendo observadas. Caso as condições
definidas no TAC não sejam observadas, serve este de titulo executivo extrajudicial.
RL em condomínio
O CFlo prevê que poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre
mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a
aprovação do órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações referentes a todos os
imóveis envolvidos.
A RL em condomínio é instituída por um grupo de proprietário de imóveis rurais que
se associam em regime de condomínio, para formar a porcentagem exigida em Lei da Reserva Legal
do conjunto de propriedades envolvidas.
42
ANTUNES, Paulo de Bessa – Direito Ambiental – Lumen Juris Editora, 2009 – págs. 546
24
Esta parceria é uma alternativa para os proprietários que não possuem em seus
imóveis o percentual mínimo de Reserva Legal se unem para escolher uma área em um dos imóveis,
ou mesmo adquirir uma área preservada em outro imóvel, e destiná-la como Reserva Legal do
condomínio de propriedades.
A área destinada para a Reserva Legal dos condomínios deverá localizar-se na
mesma bacia hidrográfica e respeitar o percentual mínimo em relação a cada imóvel, (inclusive do
imóvel adquirido para este fim).
O órgão ambiental competente deverá aprovar a localização da Reserva Legal e
depois todos os imóveis envolvidos deverão proceder às averbações da Reserva Legal em regime de
condomínio, à margem da matrícula de cada propriedade.
Disposições diversas
Art. 18. Nas terras de propriedade privada, onde seja necessário o florestamento ou
o reflorestamento de preservação permanente, o Poder Público Federal poderá
fazê-lo sem desapropriá-las, se não o fizer o proprietário.
§ 1° Se tais áreas estiverem sendo utilizadas com culturas, de seu valor deverá
ser indenizado o proprietário.
§ 2º As áreas assim utilizadas pelo Poder Público Federal ficam isentas de
tributação.
A regeneração de que trata o inciso II será autorizada, pelo órgão ambiental estadual
competente, quando sua viabilidade for comprovada por laudo técnico, podendo ser exigido o
isolamento da área.
25
III - compensar a reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica
e extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma
microbacia, conforme critérios estabelecidos em regulamento.
Arrendamento: Contrato pelo qual se cede o uso e fruição de um bem móvel ou imóvel por um preço e
tempo determinados.Servidão florestal: Encargo imposto a uma propriedade para proveito ou serviço
de outra.
Este dispositivo está sendo questionado junto ao Superior Tribunal Federal, através da ADI nº 4367,
uma vez que, segundo a Procuradoria Geral da República, trata-se de medida que fere a Constituição
Federal e o próprio Código Florestal. Vide http://www.stf.jus.br/portal/geral/
Servidão florestal
A criação do instituto da servidão florestal é uma das inovações trazidas pela citada
medida provisória, que acrescentou ao Código Florestal o artigo 44-A, com a seguinte redação:
Art. 44-A. O proprietário rural poderá instituir servidão florestal, mediante a qual
voluntariamente renuncia, em caráter permanente ou temporário, a direitos de
supressão ou exploração da vegetação nativa, localizada fora da reserva legal e da
área com vegetação de preservação permanente.
43
Unidades de conservação são espaços territoriais protegidos que, por força de ato do poder publico, estão destinados ao
estudo e preservação de exemplares da flora e da fauna. Podem ser públicas ou privadas. Vide lei 9985/2000.
26
Cota de reserva florestal - CRF
Art. 44-B. Fica instituída a Cota de Reserva Florestal - CRF, título representativo
de vegetação nativa sob regime de servidão florestal, de Reserva Particular do
Patrimônio Natural ou reserva legal instituída voluntariamente sobre a vegetação
que exceder os percentuais
Decreto 7029/2009
O Decreto 7029, de 10/12/2009, que institui o Programa Federal de Apoio à
Regularização Ambiental de Imóveis Rurais, denominado “Programa Mais Ambiente”, determina que
após 11 de junho de 2011 o proprietário que ainda não tiver sua Reserva Legal averbada ficará sujeito
às penalidades de lei.
Os proprietários que ainda não possuem a sua Reserva Legal averbada devem
protocolar pedido de aprovação da localização da sua Reserva Legal junto ao órgão ambiental
competente ou outra instituição devidamente habilitada. E, após a aprovação, averbá-la no Cartório de
Registro de Imóveis.
Vale lembrar que, após o recebimento do pedido e durante o trâmite do processo de
aprovação da localização da Reserva Legal junto ao órgão ambiental, o proprietário rural não será
multado46, pois a aplicabilidade da pena prevista no Decreto de crimes fica suspensa.
44
FELIPE, Julis Orácio. Cota de reserva florestal . Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 544, 2 jan. 2005. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6121>. Acesso em: 11 abr. 2010.
45
http://www.clubedomeioambiente.com
46
Penalidade de advertência e multa diária de R$ 50,00 (cinqüenta reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por hectare ou
fração da área de reserva legal. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
27
PREVISÃO LEGAL ESTADUAL – MINAS GERAIS (LEI 14.309/02)
Requisitos:
1. Não poderá haver conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo
2. A soma da vegetação nativa em área de preservação permanente e reserva
legal deve exceder a:
I - 25% (vinte e cinco por cento) da propriedade rural com área igual ou
inferior a 50ha (cinquenta hectares), quando localizada no Polígono das
Secas, e igual ou inferior a 30ha (trinta hectares), nas demais regiões do
Estado;
II - 50% (cinquenta por cento) da propriedade rural com área superior às
previstas no inciso I.
Esta previsão não consta na Lei Federal. Em Minas Gerais, contudo, na propriedade
rural com área igual ou inferior a 50ha (cinquenta hectares), localizada no Polígono das Secas, e com
área igual ou inferior a 30ha (trinta hectares), localizada nas demais regiões do Estado, a critério do
órgão competente, poderão ser computados como reserva legal, além da cobertura vegetal nativa, os
maciços arbóreos frutíferos, ornamentais ou industriais mistos ou as áreas ocupadas por sistemas
agroflorestais.
28
Demarcação da Reserva Legal
A reserva legal será demarcada a critério da autoridade competente,
preferencialmente em terreno contínuo e com cobertura vegetal nativa.
47
Assessoria de Comunicação Institucional - Ascom - TJMG - Unidade Goiás - WWW.tjmg.jus.br
29
Dispositivos prejudicados com a decisão da ADI:
V – aquisição de gleba não contígua, na mesma bacia hidrográfica, e instituição de
Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN –, condicionada a vistoria e
aprovação do órgão competente;
VI – aquisição, em comum com outros proprietários, de gleba não contígua e
instituição de RPPN, cuja área corresponda à área total da reserva legal de todos os
condôminos ou co-proprietários, condicionada a vistoria e aprovação do órgão
competente;
VII - aquisição de cota de Certificado de Recomposição de Reserva Legal - CRRL -
de Reserva Particular de Recomposição Ambiental - RPRA -, em quantidade
correspondente à área de reserva legal a ser reconstituída, mediante autorização do
órgão competente.
§ 2º - Nos casos de recomposição da área de reserva legal pela compensação por área
equivalente e pela instituição de Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN -
ou por aquisição de cotas de RPRA, na forma dos incisos IV, V, VI e VII deste
artigo, a averbação do ato de instituição, à margem do registro do imóvel,
mencionará expressamente a causa da instituição e o número da matrícula do imóvel
objeto da recomposição.
§ 4º - É vedado ao proprietário ou possuidor suprimir área de reserva legal em
virtude de opção pela recomposição na forma prevista no inciso VII.
48
Art. 17-A. No procedimento de recomposição de reserva legal estabelecido no inciso I do caput do art. 17 desta Lei em
propriedade ou posse rural com área de até 30ha (trinta hectares) ou, quando localizada no Polígono das Secas, com área
de até 50ha (cinquenta hectares), poderá ser utilizada como pioneira espécie florestal de interesse econômico, inclusive
exótica, desde que a taxa de ocupação do solo por essa espécie seja de no máximo 50% (cinquenta por cento) da área a
ser recomposta, em plantio não concentrado e realizado em consórcio com espécies nativas, e que a exploração comercial
da espécie florestal de interesse econômico seja conduzida sob manejo de baixo impacto e limitada a um ciclo de
produção. (Artigo acrescentado pelo art. 9º da Lei nº 18365, de 1/9/2009.)
30
Microbacia hidrográfica e classificação dos cursos d’água
Uma das grandes dificuldades para a compensação de área considerando o inc. IV
anteriormente citado era saber, tecnicamente, o alcance da expressão MICROBACIA. A Lei 18365/09,
esclareceu o dispositivo conceituando o que deve ser considerado, conforme segue:
31
I Áreas de pastoreio: aquelas reservadas às atividades de pecuária e recobertas por
gramíneas ou leguminosas forrageiras, nativas ou exóticas, apropriadas ao consumo
animal;
III Limpeza da área: a prática da qual são retiradas espécies de vegetação arbustiva
e herbácea, predominantemente invasoras, com baixo rendimento lenhoso e que não
implique na alteração do uso do solo, executada em áreas de pastoreio ou de cultura
agrícola;
Barragens
Art. 20. É livre a construção de pequenas barragens de retenção de águas pluviais
para controle de erosão, melhoria da infiltração das águas no solo e dessedentação
de animais, em áreas de pastagem e, mediante autorização do IEF, em área de
reserva legal, hipótese em que o órgão deverá se manifestar no prazo de trinta dias.
Parágrafo único. Esgotado o prazo a que se refere o caput deste artigo sem
manifestação do IEF, incumbe ao Diretor-Geral do órgão deliberar sobre a
autorização, no prazo de trinta dias.
(Artigo com redação dada pelo art. 10 da Lei nº 18365, de 1/9/2009.)
Lei 9605/98
CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
Seção II
Dos Crimes contra a Flora
32
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Decreto 6514/08
Art. 55. Deixar de averbar a reserva legal: (Vide Decreto nº 7.029, de 2009)
Penalidade de advertência e multa diária de R$ 50,00 (cinqüenta reais) a R$ 500,00
(quinhentos reais) por hectare ou fração da área de reserva legal. (Redação dada
pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
§ 1o O autuado será advertido para que, no prazo de cento e oitenta dias, apresente
termo de compromisso de regularização da reserva legal na forma das alternativas
previstas na Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965.. (Redação dada pelo Decreto
nº 7.029, de 2009)
§ 2o Durante o período previsto no § 1o, a multa diária será suspensa. (Redação
dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
§ 3o Caso o autuado não apresente o termo de compromisso previsto no § 1o nos
cento e vinte dias assinalados, deverá a autoridade ambiental cobrar a multa diária
desde o dia da lavratura do auto de infração, na forma estipulada neste Decreto.
(Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
§ 4o As sanções previstas neste artigo não serão aplicadas quando o prazo previsto
não for cumprido por culpa imputável exclusivamente ao órgão ambiental. (Incluído
pelo Decreto nº 6.686, de 2008).
§ 5o O proprietário ou possuidor terá prazo de cento e vinte dias para averbar a
localização, compensação ou desoneração da reserva legal, contados da emissão
dos documentos por parte do órgão ambiental competente ou instituição
habilitada. (Incluído pelo Decreto nº 7.029, de 2009) § 6o No prazo a que se refere
o § 5o, as sanções previstas neste artigo não serão aplicadas.(Incluído pelo Decreto
nº 7.029, de 2009)
Angélica Sezini
Advogada
OAB?MG 72556
(31) 8692-8816
angelicasezini@yahoo.com.br
34