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Processo
Emocional
«António
Damásio
argumenta
que
é
imprescindível
distinguir
as
fases
deste
processo:
a
fase
da
emoção
e
a
fase
do
sentimento.
Quando
experimentamos
uma
emoção,
esta
esta
produz-‐se
porque
existe
um
estímulo
que
tem
o
poder
ou
a
capacidade
de
desencadear
uma
reacção
automática.
Por
exemplo,
se
levantar
os
olhos
deste
livro
e
vir
um
homem
embuçado
ao
fundo
da
sala,
pode
ter
a
certeza
de
que
o
seu
cérebro
disporá
imediatamente
de
alguns
recursos
automáticos.
Essa
reacção
começa
no
cérebro.
Pode
acontecer
que
em
alguns
casos
não
actue
exteriormente,
mas
seja
lá
como
for,
o
seu
corpo
reagirá.
Se
ouvir
um
grito
no
apartamento
ao
lado,
primeiro
sentirá
inquietação,
ou
medo,
e
sentirá
que
o
seu
coração
se
acelera,
ou
que
fica
com
os
pêlos
eriçados...
Então,
analisará
a
situação
e
decidirá
se
é
melhor
ficar
quieto
a
ler
este
livro,
ou
não
se
mexer
e
prestar
atenção,
ou
levantar-‐se
e
ir
ver
o
que
é
que
se
está
a
passar,
ou
chamar
a
polícia...
quando
somos
capazes
de
associar
ideias,
reacções
fisiológicas
e
factos
exteriores
é
quando
se
configura
um
sentimento.
“O
conjunto
estímulo/reacção
corporação/ideias
é
aquilo
em
que
consiste
um
sentimento”,
conclui
o
doutor
Damásio.
Sentir
é
receber
este
grupo
informativo
e,
por
essa
razão,
o
associamos
a
um
processo
mental.
De
modo
que,
em
resumo,
tudo
começa
no
exterior,
o
nosso
organismo
é
modificado
ou
alterado
–
porque
assim
o
determina
o
cérebro
–
e,
depois,
vamos
então
avaliar
mentalmente
todo
o
processo.
Poderia
dizer-‐se
que
as
emoções
pertencem
ao
corpo
e
os
sentimentos
à
mente.
No
entanto,
a
interacção
parece
muito
estreita:
quando
o
corpo
funciona
bem
e
quando
a
fisiologia
está
perfeita,
surge
também
um
sentimento
de
tranquilidade
ou
prazer.
E
quando
se
sente
medo
ou
se
está
zangado,
a
fisiologia
normal
fica
perturbada:
cria-‐se
um
conflito,
falta
a
harmonia
e,
então,
percebe-‐se
que
algo
não
está
bem,
que
algo
não
está
a
funcionar...
Segundo
Damásio,
para
ter
sentimentos
é
necessário
um
sistema
nervoso
não
danificado,
com
capacidade
para
projectar
em
imagens
as
emoções.
E,
sobretudo,
o
sujeito
tem
de
estar
consciente
de
si
mesmo.
“Sim...
Suspeito
que
os
nossos
sentimentos,
especialmente
os
sentimentos
mais
simples,
pressupõem
quase
o
princípio
da
consciência.
De
certo
modo,
não
é
possível
ter
um
sentimento
propriamente
dito
sem
consciência,
mas
também
não
creio
que
se
possa
ter
consciência
sem
sentimentos.”
António
Damásio
admite
que
esta
teoria
se
assemelha
bastante
ao
problema
de
ovo
e
da
galinha:
podemos
ter
consciência
de
nós
mesmos
sem
sentimentos?
E
podemos
ter
sentimentos
sem
uma
consciência
do
eu?
Não.
Consciência
e
sentimentos
formam
uma
espiral
em
que
uma
configura
os
outros
e
vice-‐versa.
Em
qualquer
caso,
há
sempre
um
início:
a
emoção,
que
faz
desencandear
os
recursos
fisiológicos
e
mentais
do
ser
humano.
Se
não
sentíssemos
essas
mudanças
no
nosso
organismo,
o
cérebro
não
seria
capaz
de
saber
o
que
está
a
acontecer
e
não
poderia
existir
consciência
de
si
mesmo.
“A
consciência
está
intimamente
vinculada
a
esta
sensação
inicial
de
si
mesmo,
e
para
ter
sensação
de
si
mesmo
é
necessário
sentir
o
seu
próprio
organismo
e
aquilo
que
muda
nele.”
PUNSET,
Eduardo
(2008),
A
Alma
está
no
Cérebro.
Lisboa:
Dom
Quixote,
176-‐178p.