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Moreira
Graduando em Engenharia Mecânica –
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)
Julho 2006
Equações Recorrentes
Introdução
Dada uma seqüência numérica, muitas vezes queremos determinar uma lei
matemática, que relaciona um termo qualquer com a sua posição na seqüência. Por
exemplo, numa seqüência (a1 , a2 , a3 ,..., an ) , ai representa i-ésimo termo e é natural que
se queira relacioná-lo com o valor de i. Entende-se por termo geral da seqüência, a
expressão que relaciona o valor do n-ésimo termo, com a sua respectiva posição “n” na
seqüência. Segue alguns exemplos de seqüência e os seus respectivos “termos gerais”:
(1, 2,3, 4,..., n) ⇒ ak = k
(1, 2, 4,8,...) ⇒ an = 2n −1
Em certas situações não se conhece de forma explícita, a lei de formação (ou
termo geral) da seqüência apresentada, porém pode ser razoável relacionar um termo
qualquer com alguns termos anteriores. Veja alguns exemplos:
(0,1,1, 2,3,5,8, ...) ⇒ an = an −1 + an − 2 , ou seja, um determinado termo é a soma dos dois
termos anteriores.
(1, 4, 7 ,10,13,...) ⇒ an = an −1 + 3 , ou seja, um determinado termo é o anterior “mais 3”.
Essas equações que envolvem termos da seqüência são chamadas de equações
recorrentes, pois para se determinar certo termo, se recorre a termos anteriores,
previamente determinados. Esse artigo tem por objetivo mostrar técnicas para a
manipulação de algumas equações recorrentes particulares.
Como dito no item acima, as equações de estudo serão aquelas que são de
coeficientes constantes e lineares. Seja a equação λn an + λn −1an −1 + ... + λ1a1 + λ0 a0 = 0 (II)
em que λk ∈ . Vamos enunciar algumas propriedades relacionadas à esse tipo
especial de equação recorrente.
P1) Se an e bn são soluções de uma dada equação recorrente como a equação (II) então
o termo geral da seqüência dada por vn = an ± bn também é solução:
Prova:
λn vn + λn −1vn −1 + ... + λ1v1 + λ0v0 = 0 ⇒
⇒ λn (an ± bn ) + λn −1 (an −1 ± bn −1 ) + ... + λ1 (a1 ± b1 ) + λ0 (a0 ± b0 ) = 0 ⇒
⇒ λn an ± λn bn + λn −1an −1 ± λn −1bn −1 + ... + λ1a1 ± λ1b1 + λ0 a0 ± λ0b0 = 0 ⇒
= 0, pois an e soluçao = 0, pois bn e soluçao
644444 47444444 8 644444 47444444 8
⇒ ( λn an + λn −1an −1 + ... + λ1a1 + λ0 a0 ) ± ( λn bn + λn −1bn −1 + ... + λ1b1 + λ0b0 ) = 0
Logo a expressão proposta vn = an ± bn é solução de (I).
P2) Se an é solução de uma dada equação recorrente como a equação (II) então a
expressão recorrente dada por vn = kan também é solução, em que k é um escalar:
Prova:
λn vn + λn −1vn −1 + ... + λ1v1 + λ0v0 = 0 ⇒
⇒ λn (kan ) + λn −1 (kan −1 ) + ... + λ1 (ka1 ) + λ0 (ka0 ) = 0 ⇒
= 0, pois an e soluçao
644444 47444444 8
⇒ k ( λn an + λn −1an −1 + ... + λ1a1 + λ0 a0 ) = 0
P3) Se an e bn são soluções de uma dada equação recorrente como a equação (I) então
a seqüência dada por vn = kan ± mbn também é solução, em que k e m são escalares.
Prova(exercício)
λnbq n + λn −1bq n −1 + ... + λ1bq + λ0b = 0 ⇒ b(λn q n + λn −1q n −1 + ... + λ1q + λ0 ) = 0 , como b
é diferente de zero, temos que λn q n + λn −1q n −1 + ... + λ1q + λ0 = 0 . Veja que se trata de um
polinômio em q. A essa equação polinomial em q chamamos de equação característica.
A solução geral da equação recorrente será então uma combinação linear de potências
n-ésimas de todas as raízes do polinômio característico. Veja!!
1 ⎡⎛ 1 + 5 ⎞ ⎛ 1 − 5 ⎞ ⎤
n n
Assim, Fn = ⎢⎜ ⎟ −⎜ ⎟ ⎥.
5 ⎢⎜⎝ 2 ⎟⎠ ⎜⎝ 2 ⎟⎠ ⎥
⎣ ⎦
ak = ak −1 + r ⇒ ak − ak −1 = r .
Como essa diferença é constante, ou seja, não depende da posição “k”, pode-se
escrever que:
ak −1 − ak − 2 = r ⇒ ak − ak −1 = ak −1 − ak − 2 ⇒ ak − 2ak −1 + ak − 2 = 0
+
(a1 + (n − 1)r ) + (a1 + (n − 2)r ) + ... + (a1 + (n − k )r ) + ... + (a1 + r ) + a1
(a1 + an ) + (a1 + an )
+ ... + (a1 + an ) + ... + (a1 + an ) + (a1 + an )
(a + a )n (2a1 + (n − 1)r )n
Veja que 2S = n(a1 + an ) ⇒ S = 1 n ou ainda S = .
2 2
Propriedade Aritmética
Obs: Esse resultado acima explicitado pode ser provado usando a técnica da indução finita.
Esse exercício fica proposto para você leitor.
Propriedade Geométrica
Veja que equações desse tipo vão, de fato, exigir mais criatividade do que
técnicas específicas.`
3
⎛ 4B ⎞ 9
a2 = A ( 3) + B ( 4 ) = 9 ⇒ 9. ⎜ − ⎟ + 16 B = 9 ⇒ B = ⇒ A = −3
2 2
⎝ 3 ⎠ 4
n −1 n +1 n −1 n −1
Logo, an = 9.4 − 3 ou ainda an = 9(4 − 3 ) .
⎛ ⎛ 4 ⎞ n −1 ⎞
=0
} n−2 n−2 k ⎜ ⎜ ⎟ −1 ⎟
⎛4⎞
a1 = 3n + 4.3n −1 + 42.3n − 2 + ... + 4n − 2.32 = ∑ 4k 3n − k = 3 ∑ ⎜ ⎟ = 3. ⎜ ⎝ ⎠ ⎟=
n −1 3
an − 4 n
k =0 ⎝ 3 ⎠ ⎜ ⎛4⎞ ⎟
k =0
−1 ⎟
⎜⎜ ⎜⎝ 3 ⎟⎠ ⎟
⎝ ⎠
⎛ 4n −1 − 3n −1 ⎞
⎜ n −1 ⎟ n +1 ⎛ 4n −1 − 3n −1 ⎞
= 3n. ⎜ 3 ⎟=3 ⎜ n −1
n −1 n −1 n −1 n −1
⎟ = 9(4 − 3 ) , logo, an = 9(4 − 3 ) .
⎜ 1 ⎟ ⎝ 3 ⎠
⎜ ⎟
⎝ 3 ⎠
Outras seqüências
n n n
Calculando S = ∑ ak = ∑ (a1 + (k − 1)r )q k −1
= ∑ (a1q k −1 + krq k −1 − rq k −1 ) =
k =1 k =1 k =1
Soma de PG
6 474 8
⎛ n
⎞ ⎛ n
⎞ ⎛ n
⎞ ⎛ n
⎞ ⎛ n ⎞
= ⎜ ∑ a1q k −1 ⎟ + ⎜ ∑ krq k −1 ⎟ − ⎜ ∑ rq k −1 ⎟ = (a1 − r ) ⎜ ∑ q k −1 ⎟ + r ⎜ ∑ kq k −1 ⎟ =
⎝ k =1 ⎠ ⎝ k =1 ⎠ ⎝ k =1 ⎠ ⎝ k =1 ⎠ ⎝ k =1 ⎠
6474 Y
8
(a − r )(q n − 1) ⎛ n ⎞
= 1 + r ⎜ ∑ kq k −1 ⎟ .
q −1 ⎝ k =1 ⎠
Exemplo (VI)
Seja P ( x) = x 2007 + x 2006 (1 + x) + x 2005 (1 + x) 2 + ... + x(1 + x) 2006 + (1 + x) 2007 . Determine
o coeficiente do termo em x 500 de P(x) .
Solução:
Veja que uma parcela qualquer dessa soma tem um fator x a menos que a parcela
anterior bem como um fator (1 + x) a mais. Logo se trata de soma de uma PG de
⎛1+ x ⎞
primeiro termo x 2007 e razão q = ⎜ ⎟ . Aplicando na fórmula da soma da PG chega-
⎝ x ⎠
se à:
⎛ ⎛ 1 + x ⎞ 2008 ⎞
x 2007 ⎜ ⎜ − 1⎟
a1 (q n − 1) ⎜ ⎝ x ⎟⎠ ⎟
S= = ⎝ ( )
⎠ = (1 + x) 2008 − x 2008 .
q −1 ⎛1+ x ⎞
⎜ ⎟ −1
⎝ x ⎠
Veja que no desenvolvimento de (1 + x) 2008 , a parcela em x 2008 se cancela e
⎛ 2008 ⎞
consequentemente o coeficiente do termo em x 500 é dado por ⎜⎜ ⎟⎟ .
⎝ 500 ⎠
Peça 1: Peça 2:
Solução:
Vamos denotar por C (n) o número de combinações procurado. Vamos estudar
algumas das as possíveis configurações para o problema em questão.
A transformada Z
⎧k , k ≥0
5º) Calcular a transformada Z de x(k ) = ⎨ .
⎩0 , k<0
⎛} →0
⎞
⎜⎛ n⎞ }→0 ⎟
⎛ nb b −1 ⎞ ⎜ ⎜ n ⎟ −n ⎟
⎝ z ⎠ − z −1 ⎟ =
n n
(V). Ζ{x(k )} = b lim ⎜ − ⎟ = z −1
lim ⎜
n →∞ b − 1 (b − 1) 2 ⎠ n →∞ z −1 − 1 ( z −1 − 1) 2 ⎟
⎝ ⎜
⎜ ⎟
⎜ ⎟
⎝ ⎠
⎛ 1 ⎞ z
Ζ{x(k )} = z −1 ⎜ −1 2 ⎟
= .
⎝ ( z − 1) ⎠ ( z − 1)
2
⎩ ⎝ a ⎠⎭
x(k ) = k .2k +1 .
4) Seja ƒ(n) o número de palavras com n letras, sem zeros vizinhos, formadas a partir do
alfabeto {0, 1, 2}. Encontre uma recorrência e uma fórmula para ƒ(n).
5) Considere todas as palavras com n caracteres formadas a partir do alfabeto {0,1, 2,3} .
Quantas delas têm um número par de (a) zeros, (b) zeros e uns?
f ( n) = 2 f ( n ) + log 2 log 2 n, n ≥ 3
f ( 2) = 1
Neste caso aplicamos uma troca de variável para ir desta equação a uma equação linear,
e poder resolvê-la, o qual significa que haverá solução só para os valores de n que
satisfaçam este câmbio. Determine a expressão geral de f(n), em função de n.
9) (IME) Seja a seqüência cuja lei recorrente é dada por v n = 6v n −1 − 9v n − 2 sendo dados
os valores iniciais v 0 e v1 . Definimos v n = 3 n u n . Determine:
a) uma expressão para as seqüências {v n } e {u n } em função de n, u 0 e u1 .
1
b) Identificar as seqüências {v n } e {u n } para o caso particular de v 0 = e v1 = 1 .
3