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Relativização (Reconsideração) da Coisa Julgada.

1- Introdução.

2- Eticidade.

3- Coisa Julgada Material, Formal e Coisa Soberanamente Julgada.

4- Relativização ou Reconsideração da Coisa Julgada.

5- Aplicação da Reconsideração: Prova inexistente e


Inconstitucionalidade de lei.

6- Meios já positivados, como o Recurso Extraordinário, os


Embargos na Execução e a Rescisória. Após o decurso de seus
prazos, Ação Declaratória ou Ação Modificativa. Prazos.

7- Aplicação no Processo Laboral

8 -Conclusão.

1- Introdução

O presente trabalho tem por objetivo apreciar o instituto da


Relativização (reconsideração) da Coisa Julgada, quando da
hipótese de a decisão ter-se baseado em legislação
inconstitucional assim posteriormente declarada via ADIN, bem
como na hipótese de Coisa Julgada lastreada em prova
inexistentes à época dos fatos..

Apresentaremos ainda aqui a condição de faceta do Princípio da


Eticidade que a “relativização” (ou reconsideração) da Coisa
Julgada tem por característica, na medida em que o Direito deverá
sempre ser instrumento de entrega da Justiça.

Assim, por fim, fazemos uma breve explanação sobre os meios


processuais que comportam o uso do referido instituto, dentro do
atual Ordenamento Pátrio.

2- Eticidade.

Tendo em mente sempre que o Direito Ciência é instrumento de


entrega da Justiça àquele que se socorre do aparelho judiciário,
podemos facilmente visualizar a necessária discussão trazida à
baila por Miguel Reale ao nosso Ordenamento Jurídico, para quem,
sem abandono de técnica, fez-se necessária a observação dos
valores éticos.

É justamente da constante tensão que existe entre o Justo e o


Legal, que há o nascimento da Eticidade como Princípio orientador
de solução.

Assim, denota-se a aplicabilidade deste Princípio em diversos


pontos do nosso ordenamento Jurídico.

Exemplo atual no campo do direito material, seria a introdução no


Código Civil de 2002 da boa-fé.

Certo é que dentro do novo CC/02, há diversas referencias às


várias formas de Boa-fé que houve por bem o legislador
normatizar no âmbito material, sendo que sua aplicação deverá
dar-se de modo geral , assim como preceitua o artigo 113 do
CC/02, pelo qual ela é forma de interpretação contratual.

Mas, além de ser orientadora, de maneira geral, no que tange ao


feitio e execução contratuais, podemos ainda classificar suas
diversas vertentes, ainda no âmbito material, em:

Boa-fé como condicionante econômica, quando da determinação


legal da observância do equilíbrio econômico entre as prestações e
contraprestações contratuais, servindo de exemplo o novo
instituto da lesão (art. 157 CC/02), bem como a própria Teoria da
Imprevisão, que, vinda da doutrina, passa a ser normatizada no
art. 478 CC/02.

Outra vertente da boa-fé é a objetividade na execução daquilo que


tenha sido pactuado, ou seja, há que ser rigorosamente cumprido
o contrato celebrado, tendo em vista a característica precípua dos
negócios jurídicos de se constituírem segundo elementos volitivos
convergentes em um fim. Assim, há que ser feita a própria
elaboração contratual sob a égide da boa-fé, devendo, via de
conseqüência, assim também o ser a sua execução, tudo nos
termos do art. 422 do CC/02.

Ainda, poderemos citar Boa-fé enquanto lealdade, ou seja, o


próprio comportamento a ser seguido por estes pactuantes há que
pautar-se efetivamente por respeito e honestidade, dentro do
pacto elaborado, ainda no que concernem todas as circunstâncias
que afetam de forma “incidental” este pacto.

Bem assim como há a vertente subjetiva da boa-fé, segundo a qual


a convicção intima dos contratantes deverá sempre ser isenta de
intuitos de lesar.
Já no aspecto processual, uma vertente de aplicabilidade do
princípio da eticidade seria a previsão da boa-fé processual,
preconizada no artigo 14 do Código de Processo Civil.

De outra ponta, teríamos agora a possibilidade de Relativização


(reconsideração) da Coisa Julgada, sendo esta mais uma faceta do
mesmo Princípio da Eticidade.

No mais a expressão coisa julgada deriva da expressão


latina res iudicata, que significa bem julgado, sendo
instituto cuja finalidade é a de estender ou projetar os
efeitos da sentença indefinidamente para o futuro. Com
isso pretende-se zelar pela segurança extrínseca das
relações jurídicas.

Todavia sendo o Direito instrumento de entrega da Justiça,


a contradição entre a Lei e necessidade de Justiça,
perpassa perenemente pela tensão entre a vida e a norma.

Assim, estando a sociedade brasileira insatisfeita com uma


visão positivista e em busca da satisfação da sua “fome
pela Justiça”, sofrem o nosso ordenamento e nossas visões
doutrinarias, alterações no sentido de satisfação destas
necessidades.

Desta feita algumas visões doutrinárias se estabeleceram


sobre referido tema:

1) possibilidade da relativização da coisa julgada cuja lei


objeto do deferimento ou indeferimento da pretensão
tenha sido declarada inconstitucional;

2) quando a prova não era existente à época da


Sentença;

Assim, passa a existir a tensão entre a Segurança Jurídica, que se


faz necessária para a paz social e que toma a forma da Coisa
Julgada, e a Justiça, que passa a inexistir vez que sua entrega
efetiva encontrou óbice, ou na inconstitucionalidade agora
declarada da lei que embasara a decisão, ou na constatação de ser
agora obsoleta a prova feita à época da decisão, ante o referido
avanço técnico específico, que traz esclarecimento outrora
inexistente ou impreciso, em termos de matéria probatória.
Estas são as situações onde entendemos haver a possibilidade de
discussão ética (via, portanto, Principio da Eticidade) sobre a
conveniência de prevalência de Justiça sobre a Segurança Jurídica
que é expressa pela Coisa Julgada. E será, pois, assim, que deverá
ser considerada a Relativização (reconsideração) da Coisa
Julgada.

3- Coisa Julgada Material, Formal e Coisa Soberanamente


Julgada.

Coisa Julgada, em linhas gerais, é a concretização do estado de


imutabilidade que os efeitos de uma sentença judicial passarão a
ter, após a ocorrência do seu trânsito em julgado, ou seja, após o
atingimento da situação onde passa a haver a impossibilidade de
interposição recursal, ou a impossibilidade de situação que enseje
sua “revisão”, de maneira geral.

Assim, a Coisa Julgada – a imutabilidade dos efeitos da sentença -


é conseqüência lógico-jurídica imediata do fenômeno do trânsito
em julgado da decisão havida – da irrecorribilidade desta decisão.

Portanto, os institutos não se confundem, mas, antes, são


conseqüências lógico-jurídicas, um do outro: A sentença quando
transita em julgado, ou seja, quando passa a não mais ser passível
de revisão judicial em grau de instância superior- quando não mais
dela cabe recurso- passa, ato contínuo, a concretizar o fenômeno
da Coisa Julgada, ou seja, os efeitos deste comando sentencial
passam a ser definitivamente imutáveis.

Esta imutabilidade vem, como sabido, como instrumento de


Segurança Jurídica, estado jurídico-social necessário à instalação e
manutenção da Paz e Harmonia sociais, que são algumas das
pedras fundamentais do Estado Democrático de Direito.

Dentro deste ensaio, caberá esclarecermos cada uma das


hipóteses de existência da Coisa Julgada, para que possamos
definir as situações de cabimento da aplicação do instituto de sua
Relativização (reconsideração).

Assim, temos que Coisa Julgada Formal é aquela que ocorrerá


quando de sentença terminativa, ou seja, quando não haja
resolução de mérito. Nesta hipótese de comando sentencial não há
apreciação do mérito posto sub judice, ou, em outras palavras, o
processo encontra sua extinção por apresentar questões de ordem
processual que obstam a apreciação meritória. Há aqui a
decretação de inadmissibilidade da tutela jurisdicional pretendida,
tendo em vista a existência de óbice no que tange o próprio
processo.
Os efeitos desta decisão se dão tão somente entre partes, o que
leva à conseqüente possibilidade de nova interposição daquela
relação processual, buscando a solução do aspecto material da
lide, que restou sem apreciação.

De outra ponta, há a Coisa Julgada Material, que é aquela


advinda de sentença resolutiva de mérito, que define o processo e
põe fim à discussão tanto processual como meritória, onde o
Estado-Juiz aprecia o mérito e entrega a correspondente prestação
jurisdicional, de forma definitiva.

Os efeitos desta Coisa Julgada Material se dão no âmbito erga


omnes , ou seja, são contra todos oponíveis, respeitados seus
limites subjetivos – ela se forma entre as partes que polarizaram o
litígio, e objetivos – se forma sobre o dispositivo do comando
sentencial.

Por fim, vislumbramos a Coisa Soberanamente Julgada, como


aquela que se forma a partir da impossibilidade sequer de
interposição de Ação Rescisória sobre a sentença entregue,
havendo, portanto, chegado o fim do decurso do prazo do corte
rescisório, quando e se este tivesse sido possível, havendo agora
total e irrestrita imutabilidade dos efeitos daquela sentença.

Feitos os necessários esclarecimentos sobre os conceitos dos


institutos, portanto, concluímos que, quando falamos em
Relativização (reconsideração) da Coisa Julgada, estamos no
âmbito da Coisa Julgada Material, ou da Coisa Soberanamente
Julgada.

4- Relativização ou Reconsideração da Coisa Julgada.

Importante que definamos com precisão o termo que melhor


descreve o fenômeno que se dá quando de uma “revisão” de Coisa
Julgada.

Como visto, Coisa Julgada, por definição, corresponde à


imutabilidade de efeitos sentencias e, assim sendo, quando
falamos em “relativizar” estaremos a condicionar estes efeitos e
não propriamente demonstrando o fenômeno que se pretende,
que é a sua “revisão”.

“Relativizar” é neologismo que busca expressar o “tornar relativo”,


que nada mais é que adjetivar, e que, segundo Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira, poderá ser visto como tornar referente ou
concernente, ou como tornar comparativo ou proporcional. Para
Houaiss é negar o caráter independente; e é verbo transitivo direto
e pronominal.
“Reconsiderar”, por sua vez, é verbo reconhecido na língua pátria,
que, ainda segundo o Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda
Ferreira, quer dizer “1.Considerar ou ponderar novamente;
2.Tomar nova resolução; arrepender-se de resolução tomada;
pensar melhor; desdizer-se.”

O termo “reconsiderar” nos parece mais adequado à situação que


se apresenta, na medida em que há a Coisa Julgada que será,
excepcionalmente, “revista” diante de fatos a ela claramente
supervenientes - declaração de inconstitucionalidade de lei em que
se baseou, assim posteriormente declarada via ADIN, ou a
hipótese de Coisa Julgada lastreada em meio de prova que,
posteriormente, torna-se “superado”, por avanço técnico
específico.

5- Prova inexistente e Inconstitucionalidade de lei

Conforme já aqui diversas vezes aventado, há dois possíveis casos


de aplicação do instituto da Reconsideração da Coisa Julgada, onde
podemos vislumbrar a necessidade de reavaliação casuística, onde
tenha se dado à sobreposição da Segurança Jurídica em
detrimento da entrega da Justiça no caso concreto, a saber:

a) Reconsideração da Coisa Julgada que tenha se baseado em


prova inexistente à época dos fatos.

A hipótese que aqui se nos afigura guarda direta relação com os


avanços técnicos específicos que têm sido característicos, em
especial, do fim do milênio passado e do presente início do novo
milênio.

Este é um cenário que se mostra propício, infelizmente, à


ocorrência de tomadas de decisões judiciais baseadas em provas
produzidas nos autos à época dos desenvolvimentos processuais,
que podem, rapidamente, tornar-se obsoletas pelos tais avanços
técnicos específicos de que temos falado.

Então, estaremos diante de uma Coisa Julgada legalmente


configurada, já que formada a partir de decisão baseada em prova
produzida pelos meios existentes quando da fase probatória
adequada. Todavia, a problemática poderá se configurar quando o
avanço técnico específico de uma os mais áreas científicas
possibilitar produção de prova que antes era inexistente ou
imprecisa.

Exemplo que possibilita fácil visualização destas hipóteses é o


historicamente recente “exame de DNA”.

Antes dele, os meios probatórios de paternidade ficavam restritos


à tipagem sanguínea, em termos de prova pericial, sendo que tal
exame apresentava grau de segurança consideravelmente menor
que o atualmente disponível exame de DNA. Assim, havia a
necessidade de complementação da prova pericial por meio do
conjunto probatório, que se fazia, muitas vezes, por meios
testemunhais.

As situações que poderiam se formar então eram as de um


reconhecimento judicial de paternidade, baseado sim em provas
legítimas, já que as únicas à época existentes, mas não
necessariamente com o correspondente preciso na realidade
fática, situação somente hoje possível de se verificar, perante a
atual possibilidade de análise do ácido desoxido ribonucléico, que
trouxe à verificação de paternidade grau de confiabilidade quase
absoluto, em termos de probabilidade científica.

Da mesma maneira, poderemos pensar em exame hipotético de


verificação determinado agente químico considerado inicialmente
atóxico, sendo que o avanço tecnológico a posteriori confirma seu
grau de toxidade, a exemplo, severo para saúde humana.

Assim, se uma ação for improcedente num pedido indenizatório


em face de uma empresa que tenha descartado produto químico
em leito de rio que veio a ter suas águas contaminadas, mas não
houve prova suficiente para sua condenação nos autos, quando da
nova tecnologia de detecção deste agente químico e da
possibilidade de prova de ser este elemento contaminador daquele
rio, haverá avanço técnico específico que tornou obsoleta a prova
possível de se produzir no momento probatório adequado daquela
ação. O mesmo se diga em relação a determinada ação de
investigação de paternidade que inicialmente afastou esse liame,
e que posteriormente, o exame de DNA demonstra existir.

b) Reconsideração da Coisa Julgada que tenha se baseado em


legislação inconstitucional, assim posteriormente declarada via
ADIN.

Este será o caso de cabimento de Reconsideração da Coisa Julgada


que tenha se configurado, diante do efeito que gera a declaração
de inconstitucionalidade, pela via da ADIN, via de regra, qual seja,
o de declaração de inexistência de tal lei desde seu nascedouro,
como se “natimorta” fosse.

Respeitado o entendimento que o efeito da declaração de


inconstitucionalidade deverá ser ex nunc, pelo princípio da
presunção relativa de constitucionalidade das leis e dos atos
normativos, como nos ensina José Afonso da Silva, que entende
que a lei só será, por força deste principio, realmente
inconstitucional após assim declarada, por isso a necessidade da
“irretroatividade” da declaração sobre sua condição de contrária à
Carta Magna, já que, para ele, referida lei deverá gerar plenos
efeitos até ser decidida sua inconstitucionalidade, entende-se, via
de regra, pelo efeito ex tunc.

Desta forma, se a decisão judicial foi dada com base em lei


posteriormente declarada inconstitucional, pela via da ADIN, que
tem, nos termos da CF/88, art. 102, natureza genérica, eficácia
erga omnes e efeito vinculante (§ 2º), esta decisão tem por
alicerce fundação considerada inexistente no mundo jurídico, o
que, a rigor, expõe a situação de ela nunca ter realmente entrado
neste mundo, já que a incompatibilidade entre si e a Constituição
Federal impossibilitou a sua perfeita integração no Ordenamento,
fato que vem a ser “meramente declarado”, via ADIN.

Com esta tese, será perfeitamente compatível o uso do instituto da


Reconsideração da Coisa Julgada que sob estas condições tenha se
formado.

6- Meios já positivados, como o Recurso Extraordinário, os


Embargos do Devedor e a Rescisória. Após o decurso de
seus prazos, Ação Declaratória ou Ação Modificativa.
Prazos.

Tendo em mente a aceitação do instituto da Reconsideração da


Coisa Julgada, cabe-nos aqui citar os meios processuais pelos quais
poder-se-á fazer uso deste mecanismo de “revisão”.

Assim, dentre os meios já positivados, poderemos elencar, para


nos socorrermos da Reconsideração assim como nós aqui a
pregamos, o Recursos Extraordinário, os Embargos do Devedor e a
Ação Rescisória, como meios passíveis de propiciar tal análise,
segundo teses vigentes sobre o tema.

Recurso Extraordinário: Segundo a CF/88, art. 102, III, “a”, há a


possibilidade de interposição de Recurso Extraordinário sobre a
decisão que contrarie dispositivo constitucional. Assim, sendo
declarada a inconstitucionalidade, via ADIN, estaremos
exatamente diante desta hipótese casuística, que houve por bem o
legislador tutelar, sendo, pois, sustentável o cabimento deste
recurso para rediscussão da Coisa Julgada Material, tendo em vista
seu precípuo caráter de “guardião Constitucional”.

Embargos do Devedor: hoje, na seara civilista, instrumento restrito


às execuções sem fase de conhecimento, podemos encontrar
argumento de sua utilização para a Reconsideração da Coisa
Julgada, perante a Fazenda Pública, no § 1º do art. 741 do CPC,
que faz referência expressa à lei declarada inconstitucional, como
matéria de Embargos, bem como, nas outras possibilidades de
execução autônoma, encontramos o art. 476 do CPC a possibilitar
a discussão, na media em que lá está disposto que cabem
embargos fundados em causa extintiva de obrigação, o que
certamente ocorre, tanto com a lei declarada inconstitucional,
como com a possibilidade de meio de prova d’antes inexistente.

Ademais, na seara Trabalhista, a CLT, possui disposição expressa,


não sendo, pois, omissa quanto à matéria, e lá, lemos a expressa
hipótese de alegação, via Embargos do Devedor, de inexigibilidade
do título que tenha se fundado em lei ou ato normativo
inconstitucionais, assim declarados por ADIN. (art. 884,§ 5º)

Ação Rescisória: Típico remédio processual às decisões que


passaram em julgado, poderá se dizer que o inciso V do art. 485 do
CPC possibilita a revisão quando de lei declarada inconstitucional ,
via ADIN, já que lá, lê-se sobre decisão que viole literalmente a lei,
o que a rigor estará a ocorrer, assim que haja a decisão de
declaração de inconstitucionalidade, em uma ADIN.

Ainda, se virmos sob o prisma do meio de prova antes inexistente,


há a possibilidade de uso do inciso IX do mesmo art. 485, CPC, na
medida em que lá se fala em erro de fato, que vem definido no §1º
como aquele erro onde a sentença está em desacordo com a
realidade dos fatos, por resultado de atos ou documentos da
causa.

Todavia, dilema processual nasce, quando da ocorrência da coisa


soberanamente julgada, e quando esgotados os prazos para a
interposição dos embargos de devedor.

Neste caso, a doutrina diverge. Parte entende que a via adequada


seria a da Ação Declaratória e parte opta pela via da Ação
Modificativa..

A defesa do meio Ação Declaratória se dá nos termos da sua


natureza não sujeita à prescrição ou à decadência. Então, àqueles
que a defendem como instrumento de Reconsideração de Coisa
Julgada, vêm nela o veiculo mais adequado para a discussão
dentro das hipóteses apresentadas em nosso estudo. Todavia,
entendemos que é também sua natureza que será obstáculo ao
seu uso, aqui.

Conforme sabido, a Ação Declaratória produz sentença que tem o


efeito de seu nome: a declaração. Assim, o efeito prático do
resultado alcançado por esta via, será sempre dependente de
interposição de nova Ação, que venha a constituir a relação
jurídica que se pretendeu, com a Reconsideração da Coisa Julgada.
Ademais, a natureza imprescritível e “adecandecial” da
Declaratória poderá aumentar os níveis de insegurança jurídica no
contexto Sócio-Jurídico, deixando as relações discutíveis, em seu
mérito, ad eternum.

Já os que defendem a aplicação da Ação Modificativa, alegam que


na sua utilização haverá tanto a constituição do direito, a irradiar
efetividade desta revisão, como haverá a segurança jurídica que
traz o instituto da decadência, ao qual a Ação Modificativa está
sujeito e, que, a nosso ver, há que ter seu inicio de contagem da
data, ou da declaração de inconstitucionalidade quando da decisão
da ADIN, ou do acesso ao avanço técnico específico que
possibilitou o novo meio de prova.

Dada a sua natureza declaratória constitutiva (negativa e


positiva), referida ação estaria apta a declarar a
reconsideração da coisa julgada, a desconstituir e a
constituir nova relação jurídica, sob o manto da tese que
abarca e da decisão que carrega.

7 – Da aplicabilidade no Processo Laboral.

Vale ressaltar de início que parte da doutrina não admite a


aplicação da reconsideração da coisa julgada ao processo
laboral em nenhum hipótese, dada à sua incompatibilidade
com o princípio da proteção.

Todavia, para aqueles que a admitem, a questão merece


melhor análise.

A aplicação de qualquer instituto no direito laboral, deverá


ser submetido ao binômio ausência de previsão e
compatibilidade.

No que tange a ausência de previsão a CLT não traz


previsão expressa sobre essa possibilidade, muito embora
como já citado, anteriormente, alguns doutrinadores
defendam que o parágrafo 5 do artigo 884 da CLT tenha
normatizado a matéria.

Quanto a sua compatibilidade, para seus defensores,


parece por demais evidente que sua aplicação ao processo
laboral, tanto nas relações de emprego, quanto no nível da
novel competência. Por evidente que a Justiça Laboral há
muito defende a aplicação do princípio da busca da
verdade real, por aplicação analógica ao processo penal.
Neste contexto, a reconsideração da coisa julgada viria de
encontro ao ideal de Justiça do Caso concreto, viga mestra
desta Justiça Especializada, e defendida por maioria
esmagadora de seus doutrinadores e estudiosos.
Quanto ao meio e o prazo, teremos aqui nova divisão
doutrinária, em razão do decurso do prazo da ação
rescisória, dos embargos do devedor e do recurso
extraordinário. Uns defendem a aplicação de uma simples
ação declaratória, em primeira instância, através de uma
reclamação trabalhista dirigida ao Juiz competente para
conhecer da primeira Decisão que se vislumbra
desconsiderar.

Outros defendem a aplicação de uma reclamação


trabalhista, vislumbrando um pedido modificativo
(também chamado de revisional, embora a ação revisional
se constitua em espécie do gênero ação modificativa) de
natureza declaratória, constitutiva negativa positiva, com
prazo decadencial de dois anos por aplicação analógica ao
prazo prescricional de dois anos previstos no texto
Constitucional para as ações laborais, a contar da
publicação da decisão pelo Supremo Tribunal Federal na
ADin, ou da patente da nova tecnologia.

Exemplo típico na seara laboral seriam as ações que


pleiteavam a condenação da reclamada ao pagamento da
multa de 40% sobre os depósitos do FGTS sobre todo
período laborado, quando o autor havia se aposentado
espontaneamente no curso do pacto laboral.

A lei 8213/91 alterou o regime anterior segundo o


qual o desligamento do emprego constituía requisito para a
concessão da aposentadoria, eis que referida lei deixou de
exigir a prova do desligamento do emprego para a
concessão do benefício. Não era este, contudo, o
entendimento predominante na doutrina e na
jurisprudência. A maioria dos doutrinadores e a
jurisprudência pacifica dos Tribunais do Trabalho
afirmavam que a concessão da aposentadoria ao segurado,
importava em automática extinção do contrato mantido.
Essa corrente escudava-se no artigo 453 da CLT.

Com a intenção de solucionar o dilêma Lei 9528/97


introduziu ao artigo 453 da CLT dois parágrafos,
corroborando esta tese.

O TST assim em 08/11/2000 adota a OJ n. 177- SDI I verbis:


a aposentadoria espontânea extingue o contrato de
trabalho, mesmo quando o empregado continua a trabalhar
na empresa após a concessão do benefício previdenciário.
Assim sendo, indevida a multa de 40% do FGTS em relação
ao período anterior a aposentadoria.

Todavia, proposta perante o STF a ação direta de


inconstitucionalidade n. 1770 em sessão de 14/05/1998 o
Tribunal deferiu o pedido de cautelar para suspender até
decisão final da ação a eficácia do parágrafo primeiro do
artigo 453 da CLT.

A despeito dessa decisão o C. TST resolveu em


2000 incluir a OJ n. 177.

Em sessão de 11 de outubro de 2006 o STF julgou


em definitivo a Adin 1721 e por maioria julgou procedente
o pedido para declarar a inconstitucionalidade o parágrafo
segundo do artigo 453 da CLT. Entendeu-se que a norma
impugnada é inconstitucional por instituir modalidade de
despedida arbitraria ou sem justa causa sem indenização
(art

8 I da CF/88).

Na mesma sessão o STF julgou a Adin n. 1770, por


maioria declarou a inconstitucionalidade do § 1 do artigo
453 da CLT. Na linha do decidido no julgamento da cautelar
entendeu-se que o dispositivo impugnado é
inconstitucional, sob o ponto de vista de qualquer das duas
posições adotadas acerca do alcance da vedação de
acumulação de proventos e de vencimentos: em relação a
que sustenta que a referida vedação abrange também os
empregados aposentados de empresas publicas e
sociedades de economia mista por permitir sem restrições
a readmissão destes por concurso publico com acumulação
de remuneração de aposentadoria e salários em qualquer
caso; e quanto a que exclui esses empregados dessa
vedação por pressupor a extinção do vinculo empregatício
como conseqüência da aposentadoria espontânea.

Nesta linha de pensamento, seria possível dentro


desta tese a interposição de nova reclamação trabalhista,
em até dois anos da publicação desta decisão para solicitar
a declaração da relativização da coisa julgada
inconstitucional, a desconstituição do julgado anterior e
nova constituição de nova ação relação jurídica que viria a
determinar o direito do autor aos 40% sobre a totalidade
dos depósitos efetuados no curso do pacto laboral. No
mais, dada a informalidade do processo laboral, a execução
dos valores seria feita nos próprios autos.

Pedimos vênia para transcrever abaixo a Ementa


das Decisões citadas:

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
N. 1.721-3

ADI-MC 1721 / DF - DISTRITO FEDERAL

Julgamento: 19/12/1997 Órgão Julgador: Tribunal Pleno

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 3.º DA


MP N.º 1.596-14/97 (CONVERTIDA NA LEI N.º 9.528/97), NA PARTE
EM QUE INCLUIU § 2.º NO ART. 453 DA CLT. ALEGADA OFENSA À
CONSTITUIÇÃO. O direito à estabilidade no emprego cedeu lugar,
com a Constituição de 1988 (art. 7.º, I), a uma proteção contra
despedida arbitrária ou sem justa causa, consistente em uma
indenização compensatória, entre outros direitos, a serem
estipulados em lei complementar. A eficácia do dispositivo não
ficou condicionada à edição da referida lei, posto haver sido
estabelecida, no art. 10 do ADCT, uma multa a ser aplicada de
pronto até a promulgação do referido diploma normativo (art. 10
do ADCT), havendo-se de considerar arbitrária e sem justa causa,
para tal efeito, toda despedida que não se fundar em falta grave
ou em motivos técnicos ou de ordem econômico-financeira, a teor
do disposto nos arts. 482 e 165 da CLT. O diploma normativo
impugnado, todavia, ao dispor que a aposentadoria concedida a
empregado que não tiver completado 35 anos de serviço
(aposentadoria proporcional por tempo de serviço) importa
extinção do vínculo empregatício -- efeito que o instituto até então
não produzia --, na verdade, outra coisa não fez senão criar
modalidade de despedida arbitrária ou sem justa causa, sem
indenização, o que não poderia ter feito sem ofensa ao dispositivo
constitucional sob enfoque. Presença dos requisitos de relevância
do fundamento do pedido e da conveniência de pronta suspensão
da eficácia do dispositivo impugnado. Cautelar deferida.

Publicação
DJ 11/04/2003 PP-00026
DECISÃO: O Tribunal, por maioria, nos termos do voto do Relator,
julgou procedente a ação, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio,
que a julgava improcedente. Votou a Presidente, Ministra Ellen
Gracie. Ausente, justificadamente, a Senhora Ministra Cármen
Lúcia. Falou pela amicus curiae, Federação Nacional dos
Trabalhadores nas Empresas de Correios e Telégrafos e Similares –
FENTECT, o Dr. Roberto de Figueiredo Caldas. Plenário,
11.10.2006.

Publicação

DJ 20/10/2006 PP-00047

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE N. 1.770-4

ADI-MC 1770 / DF - DISTRITO FEDERAL (inteiro teor)


Órgão Julgador: Tribunal Pleno

EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. § 1º do artigo 453


da CLT na redação dada pelo artigo 3º da Lei 9.528, de 10.12.97, e
do artigo 11, "caput" e parágrafos, da referida Lei. Pedido de
liminar. - No tocante ao artigo 11 da Lei 9.528/97, não é de
conhecer-se a ação direta, porquanto, tratando de norma
temporária cujos prazos nela fixados já se exauriram no curso
deste processo, perdeu a referida ação o seu objeto. - Quanto ao §
1º do artigo 453 da CLT na redação dada pelo artigo 3º da Lei
9.528/97, ocorre a relevância da fundamentação jurídica da
argüição de inconstitucionalidade, bem como a conveniência da
suspensão de sua eficácia pelas repercussões sociais decorrentes
desse dispositivo legal. Pedido de liminar que se defere, para
suspender, "ex nunc" e até decisão final, a eficácia do § 1º do
artigo 453 da CLT na redação que lhe deu o artigo 3º da Lei 9.528,
de 10 de dezembro de 1997. Publicação

DJ 06/11/1998 PP-00002

DECISÃO: O Tribunal, por maioria, confirmada a medida liminar,


nos termos do voto do Relator, não conheceu do pedido quanto ao
artigo 11, e parágrafos, da Lei nº 9.528/1997, e declarou a
inconstitucionalidade quanto ao § 1º do artigo 453 da Consolidação
das Leis do Trabalho, na redação dada pelo artigo 3º da mesma Lei
nº 9.528/1997, vencido, em parte, o Senhor Ministro Marco Aurélio,
que dava a procedência em menor extensão. Votou a Presidente,
Ministra Ellen Gracie. Ausente, justificadamente, a Senhora
Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 11.10.2006.

Publicação
DJ 20/10/2006 - PP-00047

7- Conclusão

Nossa conclusão é pela possibilidade de aplicação do instituto da


Reconsideração da Coisa Julgada Material e Soberanamente
Julgada, dentro dos limites da necessidade que se apresente de
ponderação proporcional e razoável entre a Segurança Jurídica que
é por estas Coisas Julgadas expressa e inserta no mundo jurídico e
no convívio social, e a efetiva entrega da Justiça, fim último deste
nosso instrumento, a Ciência do Direito.

Assim, em se tratando de questão fática superveniente onde haja


a possibilidade de ser feita prova antes impossível ou precária e,
em sendo esta ela feita, restar clara a não correspondência entre a
prestação jurisdicional entregue e a realidade dos fatos, bem como
na hipótese de haver a declaração de inconstitucionalidade pela
via da ADIN, veículo de efeito vinculante e erga omnes, que
“meramente” declara que a lei em que se fundou a prestação
entregue em verdade nunca integrou o Sistema Jurídico Pátrio,
vemos a plena possibilidade de “revisão” do decisum.

Entendemos que a via adequada, sempre, será a Ação


Modificativa, de cunho CONSTITUTIVO NEGATIVO POSITIVO,
não se eternizando no tempo, bem como por surtir efeitos mais
que meramente declaratórios de direito, o que faz com que ela
“baste de per si”, já que comportará sentença executável de pleno
direito.

Admitimos sua aplicação no processo laboral, dada a inexistência


de afronta aos princípios que regem referido direito e que a muito
se preocupa com a Justiça do caso concreto.

Sobre os prazos para se interpor referida ação, entendemos ser


prudente que estes tenham seu inicio de contagem com a
declaração da inconstitucionalidade, ou com o acesso à nova
técnica específica que possibilite o meio de prova antes
inexistente ou impreciso e que, em termos de lapso temporal, por
analogia, será o de dois anos, sendo que, na seara trabalhista, esta
analogia se dá com o prazo Constitucional (art. 7º inciso XXIX).
Ademais, admitidos que a execução de eventuais valores na seara
trabalhista seja feita no bojo dos autos da reclamatória de cunho
constitutivo negativo positivo, em observância a informalidade e
celeridade que norteiam o direito processual do Trabalho.

8- Bibliografia.

*ALMEIDA, Liliane do Espírito Santo Roriz de. Conflito entre


Normas Constitucionais. 2ª Ed. Revista e ampliada. Rio de Janeiro:
Ed América Jurídica, 2002.

*FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio


Básico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.

*GRINNOVER, Ada Pellegrini. Relativização da Coisa Julgada.


Palestra proferida no VI Congresso Nacional de Direito do Trabalho
e Processual do Trabalho do TRT da 15ª Região, Campinas-SP. 01 e
02 de julho de 2004.

*HOUAISS, Antônio. Dicionário eletrônico da língua portuguesa.


Versão monousuário 2.0- Janeiro de 2007. Instituto Antônio
Houaiss. Produzido e distribuído por Editora Objetiva Ltda.

*MARQUES, José Frederico. Manual de Direito Processual Civil,


Vols. II e III. 9ª Ed. Atualizada por Ovídio Rocha Barros Sandoval.
Campinas, SP: Ed. Millennium, 2003.

*SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional


Positivo.28ª Ed- Revista e atualizada até a EC 53. São Paulo: Ed.
Malheiros, 2007.

*SILVA, José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição,


2ª Ed., De acordo com a EC 52, São Paulo: Ed Malheiros, 2007.

*WAMBIER, Teresa Arruda Alvim e MEDINA, José Miguel


Garcia. O Dogma da Coisa Julgada: Hipóteses de Relativização.
São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2003.

Autoras:

Donata Poggetti. Advogada.

Luciana Nasr, Juíza do Trabalho, especialista em Direito e


Processo do Trabalho, cursando especialização em Direito
Processual Civil, professora em curso jurídico e professora
no curso de especialização lato sensu em processo do
trabalho na PUCCAMP.

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