mediunidade de incorporação? RAMATÍS: — Há que distinguir o seguinte: o médium mecânico e o semimecânico não abandonam o seu corpo físico no momento em que escrevem as mensagens dos espí- ritos desencarnados, enquanto que, no caso da incorporação completa, o espírito e o perispírito do médium podem afas- tar-se até longa distância, deixando o corpo físico sob o comando dos desencarnados comunicantes. Conforme já expusemos anteriormente, o médium de incorporação com- pleta quando abandona o seu corpo físico fica ligado a ele só pelo cordão fluídico e, enquanto permanece ausente, outro espírito se manifesta, assim como na ausência do dono da casa algum amigo ou estranho passasse a habitá-la. Embo- ra ele continue preso ao corpo carnal, pelo cordão fluídico, em virtude do seu desligamento dos centros energéticos do duplo-etérico, cai-lhe a temperatura e o transe mediúnico aprofunda-se para o estado de catalepsia. Assim, o êxito da comunicação mediúnica de incorpora- ção, em transe completo, depende muito do conhecimento e da possibilidade de o próprio espírito desencarnado coman- dar o organismo físico do médium, que é o seu verdadeiro dono, mas ausente. A mediunidade de incorporação tal como a mecânica, também se presta melhor para as identificações 136 Mediunismo corretas dos desencarnados que, podendo atuar sem interfe- rência do médium, podem revelar com êxito as suas caracte- rísticas psicológicas, e outras particularidades íntimas de sua vida na Terra. Embora os espíritos comunicantes tenham de se subme- ter às exigências instintivas do corpo físico do médium de incorporação, o qual conserva os ascendentes biológicos e os hábitos particulares estigmatizados na sua vida em comum, eles assim mesmo conseguem manifestar-se de modo a com- provarem sua identidade. Embora em casa alheia ou dispon- do de outro instrumento vivo de manifestação no cenário do mundo material, através da face do sensitivo e de sua voz não deixam de estampar as suas principais qualidades ou defeitos conhecidos pelos vivos. A severidade, a malícia, o humorismo, a capciosidade, a ternura, a sisudez ou a humil- dade retratam-se perfeitamente através do médium de incor- poração, porque ele goza da faculdade de poder plastificar em suas faces as expressões pessoais dos seus comunicantes. Lembra o caso do inquilino que, embora mudando-se para uma residência já mobiliada pelo seu antigo proprietário, modifica de tal modo a disposição comum dos móveis ali encontrados, que revela nessa arrumação o seu próprio gosto artístico e a sua preferência emotiva. Servindo-se do médium de incorporação, o espírito comunicante já encontra nele certos hábitos biológicos e con- dicionamentos psicológicos que foram “arrumados” a seu gosto; mas durante a comunicação consegue interferir no seu intermediário e deixa transparecer algo de sua própria índo- le e temperamento espiritual. Em virtude de o espírito do médium afastar-se completamente do seu organismo físico, juntamente com o seu perispírito, a comunicação mediúnica flui-lhe de modo inconsciente e ele desperta do transe mediú- nico sem nada recordar-se daquilo que foi transmitido pelo seu cérebro físico durante a sua ausência espiritual. Mais tarde, surpreende-se quando alguém descreve-lhe certos assuntos, conceitos filosóficos ou argumentação científica, que ele proferiu mas de que não teve conhecimento pessoal. 137