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Tópico Especial

Tratamento Interdisciplinar II - Estética e


Distância Biológica: Alternativas Ortodônticas
para Remodelamento Vertical do Periodonto
Interdisciplinary Treatment II - Esthetics and Biological Width:
Orthodontic Alternatives to Vertical Remodelling of the Periodontium

Resumo desafios para a odontologia res-


A modificação do periodonto por tauradora, principalmente quando
meio da movimentação dentária estes se encontram na região an-
é algo bem previsível, levando- terior do arco superior. Dentre as
se em consideração o caráter de dificuldades que se apresentam,
unidade da relação dente-osso- estão a necessidade de se manter
Marcos dos Reis
Pereira Janson ligamento periodontal, ou seja, a integridade do periodonto, pre-
sempre que é induzido movi- servando as distâncias biológicas1
mento ao dente o periodonto de sem o comprometimento da esté-
proteção e sustentação tende a tica. Para atingir esses objetivos
acompanhá-lo, desde que haja é necessária a presença de 3mm
condições adequadas de saúde de tecido dentário sadio acima da
periodontal. Baseado nestas evi- crista óssea2, o que pode ser con-
dências, o movimento de tracio- seguido por meio de procedimen-
namento radicular é utilizado com tos periodontais, como o aumento
diversas finalidades, tais como: re- cirúrgico de coroa clínica, que tem
cuperar as distâncias biológicas em como efeitos colaterais o compro-
dentes fraturados, perfurados, ca- metimento ósseo dos dentes vizi-
riados ou com reabsorções, reduzir nhos e um comprimento excessivo
ou eliminar defeitos ósseos verticais, da coroa, prejudicial à estética,
preparar o local para implante pro- ou então pode-se lançar mão do
videnciando altura óssea e gengival tracionamento radicular3,4,5,6,7,8,9,
adequada e nivelar a topografia que consiste no movimento orto-
gengival. Revisar a literatura, es- dôntico de um dente no sentido
tabelecer protocolos de tratamento, oclusal e que propicia a exposição
sugerir nomenclatura apropriada de tecido dentário sadio coronal à
para determinados procedimentos e crista óssea, possibilitando a res-
discutir o assunto baseado na litera- tauração sem comprometimento
tura e casos clínicos é o objetivo do estético ou periodontal. Outras
presente artigo. Dentes fraturados, indicações para o tracionamento
perfurados e cariados em nível radicular, procedimentos estes
subgengival, sempre consistiram cada dia mais requisitados nos

Marcos dos Reis Pereira Janson*


Euloir Passanezi**
Palavras-chave: Reinaldo dos Reis Pereira Janson***
Arnaldo Pinzan****
Tracionamento radicular.
Pequenos movimentos * Especialista em Ortodontia pela FOB-USP-BAURU.
ortodônticos. Tratamento ** Professor Titular da Disciplina de Periodontia da FOB-USP-BAURU
interdisciplinar. *** Mestre em Reablitação Oral pela FOB-USP-BAURU; Especialista em Periodontia pela FOB-USP-BAURU
**** Professor Associado da Disciplina de Ortodontia da FOB-USP-BAURU.

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tratamentos interdisciplinares, INTRODUÇÃO no sentido vestíbulo-lingual
são a redução de defeitos ósseos A busca pela estética per- e vertical, ou se algum dente
verticais de uma ou duas pare- feita aliada à saúde dos tecidos apresenta fratura, cárie, perfu-
des, nivelamento das margens periodontais remete-nos aos ração iatrogênica ou reabsorção
gengivais e preparo do local primórdios da Odontologia con- externa subgengivais e também
de futuros implantes que irão temporânea, quando a restaura- se há comprometimento perio-
substituir dentes condenados ção de dentes perdidos deixou de dontal em um ou mais dentes
periodontalmente. Nestas situ- ter caráter meramente funcional que servirão de apoio à prótese,
ações, a falta de remanescente para figurar entre os componen- com perdas ósseas acentuadas
ósseo adequado, aliado muitas tes da harmonia facial de maior e recessões gengivais. Todos
vezes à recessão gengival, difi- peso no contexto social. Res- esses fatores podem contribuir
culta o correto posicionamento taurar um sorriso não implica para afetar o relacionamento
do implante, ou até mesmo age somente acertar o tamanho, cor harmonioso dos dentes com os
como contra-indicação. Neste e forma dos dentes, componen- tecidos gengivais, necessitando
contexto, agindo de acordo com tes estes de grande variabilidade deste modo da utilização de téc-
o conceito de unidade dente- individual, mas sim a relação nicas periodontais de enxertos
osso-ligamento periodontal10, destes dentes com seus tecidos ósseos e/ou gengivais e também
pode-se aproveitar a inserção de sustentação, ou seja, crista de movimentos ortodônticos,
conjuntiva remanescente para óssea, inserção conjuntiva, epi- os quais vêm a ser o cerne do
induzir modificações verticais télio juncional e gengiva mar- presente trabalho, para o resta-
ósseas e gengivais com o tracio- ginal. De acordo com Kokich, belecimento da estética.
namento, propiciando ambiente Spears11, as características que Na interação da Ortodontia
adequado para a colocação de contribuem para a harmonia com a Periodontia, o primeiro
implantes seguindo as normas do sorriso são: 1) margens dos conceito que deve ser lembra-
biológicas e estéticas que regem incisivos centrais superiores no do é o das distâncias biológi-
a implantodontia. No presente mesmo nível; 2) margens dos cas, preconizado por Gargiulo,
artigo serão discutidas essas incisivos centrais superiores Wentz e Orban1, segundo o qual
indicações com apresentação de 1mm acima das margens dos o periodonto saudável apresenta
casos clínicos e estabelecendo incisivos laterais e no mesmo dimensões médias distribuídas
protocolo de tratamento para nível que dos caninos; 3) o em 1,07mm de inserção con-
diferentes situações. Ainda re- contorno das margens gengi- juntiva e 0.97mm de epitélio
lacionado com o movimento vais labiais devem mimetizar juncional num total de 2,04mm
ortodôntico no sentido vertical, a junção cemento-esmalte dos acima da crista óssea, sendo
a intrusão - extrusão também dentes, e 4) entre os dentes estas estruturas constantes nos
adquire papel importante na deve haver papila, e esta tem seres humanos (Diagr. 1). O
remodelação dos tecidos pe- que ser eqüidistante da borda segundo conceito importante é
riodontais importantes na incisal ao contorno gengival o da unidade dente-osso-liga-
conquista do sorriso ideal. cervical no centro da coroa. No mento periodontal10, que esta-
Discrepâncias de comprimen- caso de reabilitação de pacien- belece que quando o periodonto
to de coroas clínicas podem tes com periodonto íntegro, encontra-se sadio, osso e tecido
apresentar etiologias diver- que visa substituir eventuais gengival acompanham o mo-
sas, tais como: migração gen- perdas dentárias que ocorreram vimento ortodôntico do dente
gival apical tardia, erupção há pouco tempo, comumente o em qualquer direção. Em 1940,
insatisfatória da coroa com protesista e implantodontista estudando as reações do perio-
posicionamento incorreto da irão se deparar somente com donto frente à força de extrusão
margem óssea em relação à detalhes referentes às coroas ortodôntica em uma espécie de
junção cemento-esmalte, des- dentárias, pois as margens gen- macaco, Oppenheim13 observou
gaste por abrasão ou fratura givais e também o tecido ósseo que a tensão das fibras perio-
com subseqüente extrusão. estarão nas posições corretas. dontais ao redor de todo o dente
De acordo com a etiologia, O quadro, porém pode tornar- provoca deposição óssea no
deve ser instaurado plano de se cada vez mais complexo na fundo e ao longo das paredes
tratamento diferenciado, as- medida em que as perdas dentá- do alvéolo à medida que o dente
sunto este que será abordado rias ocorreram há muito tempo, vai sendo extruído. Segundo o
em artigo futuro. proporcionando atrofia óssea autor, esta neoformação óssea

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FIGURA 1 - Coroa de incisivo central su-
perior direito feita sobre dente que sofreu
fratura coronária e realizada pela técnica
convencional: exposição cirúrgica de re-
manescente radicular sadio para preparo
e confecção de núcleo. Com esta técnica
nota-se o inconveniente estético da coroa
clínica de comprimento excessivo.

DIAGRAMA 1 - As distâncias biológicas no periodonto sadio tal como preconizadas por


Gargiulo, Wentz e Orban1: 2,04 mm acima da crista óssea compreendidos de 0,97 mm de
epitélio juncional e 1,07 de inserção conjuntiva.

estaria de acordo com o esforço tecido de granulação. O motivo ao movimento ortodôntico ex-
da natureza de manter a firmeza do insucesso, segundo o autor, trusivo. Com raciocínio lógico
do dente, que de outro modo talvez seja a contaminação bac- e conhecimento em periodontia,
tenderia a apresentar crescente teriana que geralmente ocorre Jeffrey Ingber5 enxergou na téc-
mobilidade à medida que um devido à proximidade da fratura nica a possibilidade de correção
menor diâmetro da raiz viria a com o sulco gengival, podendo de defeitos infra-ósseos isolados
ocupar um espaço mais largo no esta ser imediata ou posterior ao de uma ou duas paredes, onde
alvéolo. Desta forma o ligamen- período de imobilização da co- procedimentos de reinserção
to periodontal teria a tendência roa. Devido a essas dificuldades, conjuntiva eram imprevisíveis
de recuperar sua espessura nor- e limitação estética da técnica e também, dependendo de sua
mal, e às vezes até apresentar- tradicional, exposição cirúrgi- localização, estavam contra-
se mais delgado que antes do ca do remanescente radicular indicadas as cirurgias resectivas
movimento. A utilização deste com conseqüente restauração, devido à possibilidade de compro-
conhecimento no tocante à aparentando coroa clínica de metimento do periodonto saudá-
Odontologia restauradora, apa- comprimento excessivo incom- vel dos dentes vizinhos, podendo
receu pela primeira vez no tra- patível com os dentes homólo- ocasionar exposição de furca
balho de Heithersey e Moule4, gos (Fig.1), foi proposta nova nos casos que apresentassem
em 1973, onde o autor propõe terapêutica que consiste em tra- contigüidade com molares por
uma nova forma de tratamento tamento endodôntico seguido de exemplo. Com a extrusão dentá-
das fraturas radiculares de 1 a tracionamento do remanescente ria é possível eliminar o defeito,
4mm abaixo da crista óssea. radicular, com subseqüente ci- trazendo a inserção mais apical
Discorrendo sobre as possibi- rurgia periodontal para corrigir (base do defeito) ao nível corre-
lidades de reparo nas fraturas o desnível ósseo e gengival to, nivelando as cristas ósseas,
radiculares mais profundas, tais causado pela movimentação. sem comprometer os dentes
como: 1) cicatrização com teci- Desta forma lançou-se o proto- vizinhos. O efeito colateral da
do calcificado, 2) interposição colo de tratamento para esses técnica consiste na diminuição
com tecido conjuntivo fibroso casos, seguido posteriormente da proporção coroa-raiz, neces-
ou, 3) interposição de osso e por diversos autores3,4,5,6,7,8,9 sidade de cirurgia após período
tecido conjuntivo fibroso, é sendo assim incorporado na de contenção para regularizar a
relatada a resposta cicatricial rotina do consultório dentário. topografia óssea e gengival, e às
insatisfatória nas fraturas mais Em 1974 um novo trabalho vezes tratamento endodôntico
coronais, com interposição de veio acrescentar mais utilidade e confecção de coroa protética.

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Em 1987, Pontoriero, Celenza, tituído de cemento, ligamento realizados em macacos17 e seres
Ricci, Carnevalle25 apresentaram periodontal e osso alveolar14. humanos21 concluíram também,
nova luz ao assunto, ainda com Em condições de saúde, o osso em movimentos de extrusão, que
controvérsias nos dias de hoje, alveolar mimetiza a inclinação apesar do acompanhamento dos
assumindo que a fibrotomia to- desenhada pela junção cemen- tecidos de sustentação do dente,
tal ao redor da coroa ao nível da to-esmalte ao redor do dente, a junção muco gengival perma-
crista óssea em períodos regula- distanciando-se desta aproxi- nece estável, propiciando conse-
res durante a extrusão rápida, madamente 2mm15,16. Quando qüentemente um alargamento na
evita o acompanhamento do te- forças extrusivas atuam numa zona de gengiva inserida. Relatos
cido ósseo e gengival no sentido posição vertical em direção opos- clínicos variam de opinião quanto
oclusal. Esta possibilidade elimi- ta às forças oclusais, a tensão das a esses resultados; de acordo com
naria a necessidade de cirurgia fibras periodontais provoca uma Simon7, Simon, Lythgoe, Torabi-
pós tracionamento nos casos deposição óssea ao longo das pa- nejad8 esta resposta parece estar
onde o objetivo é somente ex- redes do alvéolo. Esta formação diretamente ligada à rapidez com
por tecido radicular sadio acima óssea é um mecanismo compen- que é realizado o movimento12, a
da crista óssea, e o periodonto satório para manter o ligamento intensidade de força utilizada7,18,22
encontra-se íntegro. Um novo periodontal no seu comprimento e a quantidade de movimenta-
grande passo na amplitude de normal11. A extrusão ortodôntica ção18, ou seja, quanto maior a
tratamentos beneficiados com a do dente, provoca a elevação da velocidade, menor o acompanha-
terapêutica ortodôntico-extrusi- raiz no alvéolo e alonga as fi- mento dos tecidos periodontais,
va ocorreu, com a publicação do bras periodontais. Como a força isto é, osso alveolar e tecido
trabalho de Salama H., Salama, é aplicada no sentido vertical, a gengival. Apesar das evidências
M. e Kelly33, demonstrando a raiz geralmente não é comprimi- quanto ao acompanhamento
utilização da extrusão ortodôn- da contra o osso nem pressiona do aparelho de sustentação do
tica de dentes condenados pe- o ligamento periodontal entre o dente no movimento extrusivo,
riodontalmente, com finalidade osso e o dente. Conseqüentemen- vários pesquisadores demonstra-
de ganho vertical de tecido ós- te, nenhuma reabsorção óssea é ram que, na presença de doença
seo e gengival para preparo do esperada. Se a raiz é curva, então inflamatória periodontal, o mo-
local do implante. Muitos outros alguma reabsorção e neoforma- vimento dentário pode acarretar
artigos se propuseram a dis- ção devem ocorrer e um período um aumento do defeito ósseo23.
cutir o assunto, sempre acres- de tempo mais longo será neces- Didaticamente, e para esta-
centando detalhes que vieram sário, para que a raiz se movi- belecer protocolo de tratamento
enriquecer cada vez mais esta mente através do osso7. Estudos mais acurado, pode-se diferen-
modalidade. O autor se restringe histológicos de dentes extruídos ciar o tipo de extrusão dentária
nesta introdução a comentar os ortodonticamente, têm mostrado a ser realizada de acordo com a
que causaram maior impacto e que a gengiva e o osso alveolar velocidade do movimento:
modificaram de alguma forma acompanham o dente assim que Tracionamento rápido: na
a visão sobre o tema, sem, no este se movimenta oclusalmente metodologia empregada por Ne-
entanto desmerecer a grande e que ocorre também deposição der24, o dente é ativado, indepen-
contribuição clínica e científica óssea na região da crista alveo- dente do tipo de aparelho, de 2 a
que outros acrescentaram. lar13,17,6,19. Durante o movimento, 3mm, não importando o tempo
Seguindo desenvolvimento a produção de colágeno no liga- que a extrusão ocorra, ou seja,
cronológico da utilização da mento aparentemente se iguala à quanto mais rápido melhor. Se
extrusão dentária como proce- quantidade de osso depositado ao necessário movimento adicional
dimento clínico rotineiro, o ar- redor do dente. A nova camada espera-se intervalo de acomoda-
tigo se propõe a comentar cada de osso é em primeira instância ção tecidual de 3 a 5 dias e ati-
modalidade de tratamento, bem uma matriz orgânica imatura va-se novamente. O autor segue
como as implicações clínicas e descalcificada, chamada tecido basicamente as mesmas diretri-
biológicas, tipos de aparelhos e osteóide. Esta permanece relati- zes, não se importando, porém
apresentação de casos clínicos. vamente radiolúcida até começar com intervalo de acomodação
a calcificar-se. Portanto, a imagem tecidual entre as ativações. Fre-
DINÂMICA DO MOVIMENTO radiográfica do osso neoformado qüentemente o que se observa
Os dentes são suportados pelo tende a aparecer após 2 a 3 se- é uma demora no deslocamento
periodonto de inserção cons- manas pós movimento20. Estudos inicial do dente, de 5 a 10 dias

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FIGURAS 2 e 3 - Vista vestibular e palatina de coroas realizadas nos incisivos centrais superiores sem respeitar os limites das distâncias
biológicas. Nota-se característica inflamatória da gengiva, que apresentava sangramento durante escovação. A prótese se soltou espon-
taneamente, provavelmente devido à infiltração de cárie por baixo das coroas.

quando utilizado aparelho fixo, e preparo de locais para implantes cristas ósseas com intenção de
posteriormente o deslocamento é e de fraturas ou perfurações an- restabelecer a inserção conjunti-
mais rápido. Clinicamente, por- tigas onde já ocorreu contami- va, e conseqüente formação de
tanto, é interessante, após ativa- nação do periodonto e o mesmo bolsas periodontais.
ção inicial de 2 a 3mm, aguardar apresenta reabsorção. A quantidade de extrusão é
de 15 a 20 dias em média para ditada de acordo com a porção
ativar novamente. As ativações INDICAÇÕES radicular remanescente mais
subseqüentes podem seguir as Tracionamento radicular com apical em relação à crista óssea.
mesmas normas ou utilizar um finalidade protética Portanto mede-se esta distância
intervalo menor, dependendo da É o tratamento de eleição e acrescenta-se + 3mm, que é a
mobilidade que o dente apresen- quando se objetiva restaurar quantidade ideal para restaurar
ta. Estariam indicados nesta ca- proteticamente dentes com fra- o dente mantendo-se a distância
tegoria casos que não necessitam turas, cáries, perfurações e rea- biológica (Diagr. 2).
de ganho vertical de tecido gen- bsorções externas subgengivais. No caso 1 é possível obser-
gival ou ósseo, onde o objetivo De acordo com Maynard Jr. e var esta relação. O paciente, de
principal limita-se a expor tecido Wilson2, são necessários de 3 a 46 anos, apresentava fratura
dentário sadio coronal à crista ós- 4mm de estrutura dentária sadia da cúspide palatina do segundo
sea. Como exemplo pode-se citar coronal à crista óssea para que
a fratura coronária subgengival se obtenha estética e integridade
recente, que apresenta periodonto do periodonto no final da res-
íntegro ou mesmo perfuração ra- tauração. Deste montante, 2mm
dicular próxima à região cervical. estaria reservado para o restabe-
Tracionamento lento: no lecimento da distância biológica
tracionamento lento a variação (2,04mm em média) e o restante
decorre da quantidade e inter- (0,7 a 1,0mm) para o preparo do
valo entre as ativações, sendo remanescente radicular. Conclui-
recomendado extrusão de 1mm se, portanto, que se não forem
a cada 13-15 dias ou mais. O in- respeitados esses limites, as mar-
tervalo maior é favorável, porém, gens da coroa serão posicionadas
se for menor pode haver perda dentro dos limites fisiológicos do
de inserção e os objetivos não periodonto, situação que o orga-
DIAGRAMA 2 - O diagrama demonstra
serem alcançados. Estariam indi- nismo entenderá como agressão como deve ser calculada a quantidade
cados nesta modalidade todos os e responderá de maneira habi- de extrusão radicular nos casos de com-
prometimento da raiz com periodonto
casos onde se tem como objetivo tual, ativando mecanismos de saudável. Deve-se medir a distância da
promover aumento vertical de defesa, ou seja, inflamação (Fig. porção mais apical da fratura à crista
óssea e acrescentar 3 mm. No exemplo,
tecido ósseo e/ou gengival, ou 2, 3). Esta resposta de defesa se a fratura encontra-se 3mm apical em re-
seja, na redução ou eliminação caracteriza primeiramente com lação a crista óssea adjacente, portanto a
raiz deve ser tracionada 6 mm, para que
de defeitos ósseos verticais, mo- inflamação das margens gengi- possa ser realizada a restauração preser-
dificação de topografia gengival, vais, seguida de reabsorção das vando-se as distâncias biológicas.

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FIGURA 4 - Segundo pré-molar superior FIGURAS 5 e 6 - Início e final do tracionamento com aparelhos fixos. Notar o aumento
direito com fratura na cúspide vestibular da superfície vestibular exposta ao final do movimento demonstrando a perda de inserção
ao nível da crista óssea. que ocorreu.

FIGURAS 7 e 8 - Radiografias inicial e final. A quantidade de extrusão pode ser conferida observando-se a diferença entre os ápices
radiculares do segundo pré-molar e primeiro molar.

FIGURAS 9 e 10 - Fotografias demonstrando a situação do dente e gengiva 9) após período de contenção e 10) após cirurgia e preparo
do remanescente radicular.

pré-molar superior direito ao dos de aço inoxidável de cali- acompanhamento. Nas radio-
nível da crista óssea (Fig. 4). bres .014” e .016”. É possível grafias é possível, tomando-
Foi planejado, portanto extru- observar a perda de inserção se como referência o ápice
são de 3mm. Como não havia gengival que ocorreu durante radicular, observar a quanti-
comprometimento ósseo ou o movimento analisando-se a dade de extrusão que ocorreu
gengival, foi realizada tração quantidade de remanescente (Fig. 7, 8). Após finalizado o
rápida com aparelho fixo, uti- coronário vestibular antes e tracionamento, permaneceu
lizando-se como ancoragem após o movimento (Fig. 5, 6). em contenção por 90 dias e
o primeiro molar por distal e O aumento desta indica a per- posteriormente foi realizada
primeiro pré-molar e canino da de inserção, ou seja, o den- cirurgia para exposição do
por mesial. Iniciou-se o tra- te saiu do alvéolo e do perio- remanescente radicular sadio,
cionamento com fio twist flex donto de sustentação, apesar preparo do dente e restauração
.015” seguido de fios redon- de ter ocorrido um pequeno definitiva (Fig. 9, 10, 11, 12),

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FIGURAS 11 e 12 - Visualização da restauração final por palatino e lingual, demonstrando integridade do periodonto e topografia gengi-
val normal (Periodontia e prótese realizadas pelo Dr. Luiz Carlos da Cruz Prado).

procedimentos estes realizados forma procedimentos cirúrgicos orientadas, que é benéfico para
num período de 3 meses aproxi- após o período de contenção, a cicatrização nas cirurgias
madamente. diminuindo tempo de tratamen- periodontais mas não para a
to e causando menos incômodo técnica em questão, onde a de-
Tracionamento radicular aos pacientes. A técnica de mora na reinserção das fibras é
com finalidade protética fibrotomia consiste em excisão fundamental.
utilizando-se a técnica de das fibras supra alveolares, sob No caso 2, um paciente de
fibrotomia anestesia local, com inserção de 75 anos apresentou-se com
Como mencionado acima, lâmina de bisturi, usualmente cárie subgengival no incisivo
quando se realiza o traciona- número 11, paralela ao lon- lateral superior esquerdo (Fig.
mento do dente no sentido go eixo da raiz até o nível da 13), sendo que este apresen-
oclusal, os tecidos periodontais, crista alveolar, rodeando toda a tava previamente coroa total
osso e gengiva inserida, tendem superfície radicular supra cres- metalo cerâmica. Como a porção
a acompanhar o movimen- tal26,27,28. De acordo com Ponto- mais coronal do remanescente
to, aumentando desta forma riero25, para se obter resultados radicular encontrava-se ao nível
a faixa de gengiva inserida e satisfatórios, os procedimentos da crista óssea, foi planejado
também o nível da crista óssea devem ser realizados a cada 7 tracionamento de 3mm. Com
do dente em questão. No de- dias em média, pois à medida o intuito de resolver a questão
correr do tratamento, portanto, que o dente vai sendo tracio- referente à distância biológica
é necessário após o período de nado, as fibras sub crestais se e limitar os procedimentos ci-
contenção, realizar cirurgia pe- posicionam ao nível da crista e rúrgicos, optou-se por se reali-
riodontal para expor o remanes- por isso devem ser seccionadas. zar a fibrotomia concomitante
cente radicular sadio e nivelar Kozlowsky, Tal e Liebermann26, ao movimento a cada 7 dias.
a topografia óssea e gengival. determinam prazos diferentes, Como ancoragem foram utili-
Mas será que este protocolo realizando fibrotomia a cada 2 zados somente os dois dentes
de tratamento nunca pode ser semanas junto com raspagem adjacentes (Fig. 14), pois estes
alterado? Sim, se o objetivo for e alisamento radicular, pois eram pônticos de próteses com
somente expor remanescente Levine e Stahl29 demonstraram mais de 2 elementos, situação
radicular sadio coronal à crista que as fibras gengivais que são esta bastante favorável para dar
óssea, de acordo com Pontorie- seccionadas, mas permanecem estabilidade à movimentação,
ro, Celenza, Ricci, Carnevalle25 e aderidas à superfície radicular e os fios empregados foram
Kozlowsky, Tal e Liebermann26, durante cirurgia periodontal, po- os Twist Flex .015” e .0185”.
a realização de fibrotomia (re- dem unir-se com as novas fibras Foram realizadas somente 2
secção das fibras supra alveo- formadas nas bordas do tecido ativações, com intervalo de 7
lares) durante tracionamento mole cicatricial dentro de três dias e 5 dias, concluindo o tra-
pode evitar acompanhamento semanas. Este fenômeno leva balho no período de 12 dias. As
dos tecidos de suporte durante o à formação de um complexo de fibrotomias foram realizadas no
movimento, excluindo-se desta fibras gengivais funcionalmente início (Fig. 15) e na segunda

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FIGURA 13 - Cárie subgengival na distal do incisivo lateral supe- FIGURA 14 - Início do tracionamento.
rior esquerdo.

FIGURA 15 - Primeira fibrotomia, imediatamente após instala- FIGURA 16 - Segunda fibrotomia, 7 dias após.
ção do aparelho.

FIGURAS 17 e 18 - Curvatura da ponta do bisturi para permitir penetração na superfície vestibular sem remoção do braquete.

ativação (Fig.16). Durante o a fibrotomia, ou então aplica-se (destemperamento), e então


tracionamento, devido à pre- uma curvatura na lâmina do procede-se à dobra. A tentativa
sença do braquete na superfície bisturi de forma que este possa de dobrar a lâmina sem des-
vestibular do dente, torna-se di- penetrar na superfície vestibu- temperar provocará sua fratura
fícil entrar com a lâmina do bis- lar sem sofrer a interferência indubitavelmente. Depois de
turi paralela à raiz. Para contor- do braquete (Fig. 17, 18). Para atingido o objetivo, seguiu-se
nar este pormenor pode-se valer que este procedimento possa ser com período de 3 meses de con-
de 2 alternativas: remoção do realizado, deve-se levar a lâmina tenção sem nenhuma interven-
braquete e recolagem logo após ao fogo até que esta fique rubra ção, onde se pôde observar que

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FIGURAS 19, 20 e 21 - Seqüência de fotos após 7 e 12 dias de ativação do aparelho, e no período final de contenção de 3 meses. Ob-
servar a exposição do remanescente radicular “saindo” da gengiva, sem que esta apresente acompanhamento no sentido coronal.

FIGURAS 22 e 23 - Vista oclusal, com visualização da exposição radicular também por palatino.

não houve acompanhamento


gengival significativo por ves-
tibular (Fig. 19, 20, 21) nem
por palatino (Fig. 22, 23). Nas
radiografias (Fig. 24, 25), nota-
se que a crista óssea também
não acompanhou o movimento.
Posteriormente foram prepara-
dos o núcleo e a coroa definitiva
(Fig. 26, 27), e pode-se obser-
var a integridade do periodonto
e a estética perfeita do tamanho
da coroa clínica e topografia
gengival. O interessante neste
caso foi a velocidade com que
ocorreu o movimento, 3mm em
FIGURAS 24 e 25 - Radiografias iniciais e finais, onde se observa a estabilidade da crista apenas 12 dias, corroborando
óssea no final do tratamento, sem que tenha havido qualquer intervenção cirúrgica. com as observações de Ponto-
riero25 de que o dente após fibro-
tomia oferece menor resistência
às forças ortodônticas. A técnica
em questão oferece uma série de
vantagens, tais como; a) permite
a visualização da quantidade de
extrusão do remanescente sa-
dio; b) elimina a necessidade de
cirurgia periodontal no final do
tratamento; c) consiste em pro-
FIGURAS 26 e 27 - Confecção do núcleo e restauração final com coroa de porcelana, cedimento simples que não re-
onde se nota saúde gengival e topografia gengival adequadas.
quer habilidade e conhecimento
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veniente mantermos o remanes-
cente radicular em posição para
preservar o rebordo, facilitando
desta forma a colocação de im-
plante quando for adequado,
sem necessidade de cirurgias
extensas de enxertos ósseos.
Portanto, pode-se proceder com
tratamento similar ao descrito
no item 1 das indicações, mesmo
que o remanescente radicular fi-
nal for inadequado, o mínimo
ideal seria 1:1, tendo em vista
o objetivo principal de preser-
var o rebordo anterior. No caso
3 pode-se constatar justamente
esta indicação: o paciente de 14
anos, sexo masculino, sofreu
fraturas coronárias profundas
FIGURA 28 - Rx dos incisivos centrais com avulsão das coroas nos dois
superiores com fraturas coronárias e frag-
mentos ao nível da crista óssea. No Rx não incisivos centrais superiores,
se tem visão adequada da extensão da sendo que a porção radicular
fratura, pois a maior profundidade apre-
sentava-se por palatino, obliquamente, até FIGURAS 29 e 30 - Vista direta do alvé-
partiu-se em múltiplos fragmen-
próximo ao terço médio. Neste caso não se olo do incisivo central direito assim que tos. Pensando no futuro, ante-
pode confiar somente na radiografia para compareceu à clínica, com edema e coá-
realizar a mensuração e devem ser utiliza- gulo ainda presentes. vendo problemas de espessura
dos métodos auxiliares, como sondagem e do rebordo no ato de colocação
radiografia com guta percha no alvéolo.
de implantes na idade adulta,
decidiu-se por tratamento tem-
porário com tracionamento radi-
avançado em cirurgia periodon- em fase de crescimento apre- cular e confecção de próteses. O
tal para ser executada. A única senta-se no consultório com paciente compareceu à clínica de
contra indicação é proceder com fratura radicular próximo ao pós-graduação da FOB-USP com
a fibrotomia em dentes que não terço médio da raiz? E se este re- fratura em ambos os incisivos
apresentam gengiva inserida na manescente radicular apresentar centrais superiores. Examinan-
vestibular, pois a mucosa alveo- fraturas múltiplas com pequenos do-se a radiografia, foi constata-
lar pode se romper ocasionando fragmentos? Qual a conduta ide- da fratura radicular com diversos
fissura vestibular. É conveniente al? De acordo com Heithersay3, fragmentos (Fig. 28) e no exame
frisar que qualquer falha quanto as fraturas próximas ao terço clínico pôde-se comprovar que a
à profundidade da excisão ou médio da raiz podem apresentar fratura, por palatino, estendia-se
alguma superfície no contorno prognóstico favorável, com ci- até próximo do terço médio (Fig.
do dente que não tenha sido en- catrização entre as duas partes, 29, 30). Para se restabelecer a
volvida no procedimento pode porém se houver pequenos frag- estética imediata ao paciente,
fazer com que haja acompa- mentos esta cicatrização pode foram confeccionados núcleos e
nhamento da gengiva naquela ser mais difícil, com prognóstico provisórios para ambos os den-
região, o que tornaria o procedi- desfavorável. Se levarmos em tes e aguardou-se a regressão da
mento ineficaz. Insucesso neste consideração que o paciente em inflamação dos tecidos trauma-
sentido já foi experimentado. crescimento não se apresenta na tizados para melhor adaptação
época ideal para colocação de das margens dos provisórios
Tracionamento radicu- implantes, e que, de acordo com e início do tracionamento. No
lar em jovens com fina- Carlson30, o rebordo alveolar princípio o aparelho utilizado foi
lidade de manter o re- anterior reabsorve 23% nos pri- a placa de Hawley (Fig. 31); no
bordo vestíbulo-lingual meiros seis meses após avulsão entanto como este aparelho tem
Quais procedimentos devem ser dentária e continua a atrofiar-se como princípio de ação inclinar
realizados quando um paciente com o tempo, nota-se que é con- os dentes para palatino, muitas

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FIGURA 31 - Início do tratamento com FIGURAS 32 e 33 - Aparelho tipo placa mio-relaxante, que substituiu a placa de Hawley.
placa de Hawley. Vista vestibular e palatina.

FIGURA 34 - Período de contenção, com FIGURAS 35 - Detalhe da cirurgia de re- FIGURAS 36 - Vista vestibular.
os incisivos centrais imobilizados com os talho dividido com reposição apical,
incisivos laterais. Notar a modificação
significativa nos níveis das margens gen-
givais.

compensações eram necessárias


para que se conseguisse tracio-
nar os dentes em seus longos
eixos. Deste modo optou-se por
trocar a mecânica que estava
sendo empregada por um apa-
relho tipo placa mio relaxante
(Fig. 32, 33), que apresenta a
vantagem de ter dois pontos de
apoio no dente, por vestibular e
palatino, possibilitando o trajeto
descendente do dente sempre
em seu longo eixo, sem a ne-
cessidade de compensações no DIAGRAMA 3 - Diagrama demonstrando o modo de ação da placa de tracionamento tipo
mio-relaxante. Por contar com dois pontos de apoio, vestibular e palatino, o trajeto descen-
aparelho (Diagr. 3). Depois de dente ocorre mantendo o longo eixo do dente, facilitando o procedimento principalmente
atingida a posição desejada, os quando se trata de paciente portador de sobremordida profunda, onde a área do cíngulo,
dentes permaneceram em con- por ser mais volumosa, necessita freqüentemente de ajuste para eliminar interferências
durante o tracionamento. A desvantagem deste tipo de placa advém da necessidade do
tenção por período prolongado uso ininterrupto, inclusive durante a alimentação, pois o toque com os botões palatinos na
de 6 meses, devido ao período ausência do aparelho são inevitáveis.

de férias da faculdade (Fig. 34).


Após a cirurgia periodontal, ma da crista óssea, quantidade dos os núcleos (Fig. 38), novos
que constou de retalho dividido esta que parece até em excesso, provisórios e posteriormente a
com reposição apical (Fig. 35), e na visão palatina observa-se prótese definitiva (Fig. 39). O
pode-se notar por vestibular o limite mínimo para preserva- surpreendente neste caso foi a
(Fig. 36) e por palatino (Fig. ção das distâncias biológicas. mudança de prognóstico no fi-
37), na cicatrização após 20 O cálculo da quantidade de nal, pois no princípio a intenção
dias, a característica oblíqua da tracionamento deve sempre se era somente manter os dentes na
fratura, pois na face vestibular basear na porção mais apical da cavidade bucal para preservar a
é visível a grande quantidade fratura. Dando continuidade ao integridade do rebordo alveolar
de remanescente radicular aci- tratamento, foram confecciona- para futuro implante, porém,

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FIGURA 37 - Vista palatina após 20 dias FIGURA 38 - Núcleos confeccionados. FIGURA 39 - Prótese final, confeccionada
de cicatrização. Após cirurgia tem-se me- com os dois elementos unidos conferindo
lhor visualização da extensão da fratura maior estabilidade devido ao remanescen-
oblíqua por palatino, pois na vestibular te radicular do incisivo central esquerdo
é visível a grande quantidade de rema- estar ligeiramente abaixo da proporção
nescente radicular acima da crista óssea, ideal de 1:1.
quantidade esta que parece até em exces-
so, porém na visão palatina observa-se o
limite mínimo para preservação das dis-
tâncias biológicas. O cálculo da quantidade
de tracionamento deve sempre se basear
na porção mais apical da fratura.

FIGURA 41 - Rx de controle de dois anos


pós tratamento, onde se observa integri-
dade das cristas ósseas e ausência de
espessamento do ligamento periodontal.
FIGURA 40 - Linha do sorriso
(Periodontia e prótese: Dr. José Alfredo
Gomes de Mendonça. Trabalho realizado
nas clínicas de pós-graduação da FOB-
após o período de contenção USP-BAURU).
FIGURA 42 - Rx demonstrando profun-
observou-se que os dentes apre- didade do defeito vertical e perfuração ao
sentavam-se sem mobilidade, e nível cervical na mesial do incisivo central
esquerdo.
que havia portanto a chance de
manter os elementos dentários
indefinidamente na cavidade Tracionamento radicular para
bucal. Para maior garantia op- a correção de defeitos infra-
tou-se por realizar a prótese com ósseos isolados de uma, duas
os dois elementos unidos, pois o ou três paredes
remanescente radicular esquerdo O termo defeito ósseo “iso-
estava abaixo da relação 1:1 co- lado” é usado para descrever
roa-raiz recomendada. Nas figu- uma condição na qual a lesão
ras 40 e 41 observa-se a linha de afeta uma única área em um
sorriso e a radiografia de controle quadrante, isto é, quando as
de 2 anos pós-tratamento. Ape- estruturas ósseas adjacentes
sar da mudança de planejamen- aparentam modificações mínimas
to, este caso serve de exemplo ou nenhuma. Pela sua própria
para indicação de manter-se, natureza, relação com os dentes
em pacientes em crescimento, DIAGRAMA 4 - Método para cálculo da
vizinhos e configuração, lesões
os remanescentes radiculares na quantidade de tracionamento para corre- deste tipo representam situações
ção de defeitos ósseos verticais: sondar a
cavidade bucal com o intuito de região mais profunda do defeito e subtrair
de difícil resolução para a terapia
preservar a integridade do rebor- 2 mm, que corresponde à média do sulco periodontal5. A conduta conven-
do vestíbulo lingual, visando a clínico normal, ou seja, se o defeito apre- cional de redução de defeitos
senta 5mm de profundidade, traciona-se
futura colocação de implantes. 3 mm. ósseos apresenta limitações para

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FIGURA 43 - Sondagem clínica com pro- FIGURA 44 - Aparelho utilizado durante FIGURA 45 - Incisivo central esquerdo
fundidade de 7 mm. tracionamento. durante fase de contenção, demonstrando
acompanhamento do tecido gengival de-
corrente do tratamento.

o problema em questão, pois seja, quanto mais profundo e se 2mm, pois este valor corres-
implica na redução gradual do estreito, maior a previsibilidade ponde ao sulco gengival normal
nível ósseo adjacente, nivelan- de se conseguir regeneração sa- (Diag. 4). Se a profundidade do
do o osso com base no ponto tisfatória ou completa31,32. Des- defeito é de 5mm, será necessá-
mais apical do defeito. Quando cartadas as possibilidades acima rio tracionar 3mm para que a
muitos dentes estão envolvidos citadas, se não for conveniente crista óssea neste determinado
esta pode representar excelente o seu uso, pode-se então lançar ponto se iguale às condições
escolha, porém quando se trata mão do tracionamento dentário normais adjacentes. Se a raiz
de defeitos isolados, deve-se no sentido oclusal visando a eli- for longa, pode-se acrescentar
levar em consideração que os minação do defeito. Como os te- mais 1mm de extrusão como
periodontos dos dentes vizinhos cidos de sustentação e proteção, margem de segurança, desde
encontram-se sadios e nivelando acompanham o dente durante o que o prognóstico final da pro-
o osso baseando-se no ponto do movimento, é cabível afirmar porção coroa-raiz seja favorável.
defeito mais apical implicaria na que se pode trazer o ponto mais No caso 4 pode-se notar exata-
redução do suporte periodontal apical do defeito ao nível da mente este procedimento. A pa-
de dentes sadios, piorando desta crista óssea dos dentes adjacen- ciente apresentava defeito ósseo
forma o quadro antes apresenta- tes, eliminando-o desta forma. vertical na mesial do incisivo
do. Esta consideração tem ainda Para que o tratamento seja pre- central superior esquerdo decor-
mais valor quando se considera, visível, alguns cuidados devem rente de perfuração, próximo ao
por exemplo, um segundo pré- ser tomados: a) sondagem clíni- terço cervical da raiz (Fig. 42).
molar inferior com defeito isolado ca deve ser realizada ao redor de Durante sondagem (Fig. 43)
na superfície distal. Tratando-o todo o dente para se constatar foi observada profundidade de
com a técnica de redução de bol- que em algum ponto antes do 7mm, portanto, de acordo com a
sa, invariavelmente haveria a ex- ápice dentário existe inserção regra estabelecida, foi planejado
posição da furca do primeiro mo- conjuntiva. A ausência desta tracionamento lento de 5mm
lar. Outro recurso que poderia ser implica o não acompanhamento para que a porção mais apical
usado seria a regeneração tecidu- do osso ou gengiva em determi- do defeito nivelasse com a crista
al guiada (RTG), que compreende nada fase, não propiciando, por- óssea dos dentes adjacentes,
procedimentos especialmente pla- tanto o resultado esperado; b) eliminando a bolsa periodontal.
nejados para restaurar partes dos vários estudos já demonstraram Outro fator levado em conside-
tecidos de sustentação do dente que na presença de placa e in- ração foi o posicionamento da
que tenham sido perdidas, desta flamação gengival crônica o pe- perfuração, que para permitir
forma, posicionando a inserção riodonto pode não acompanhar restauração adequada deveria
conjuntiva mais coronária do o movimento ou ainda ter suas estar 3mm acima da crista ós-
que antes do tratamento. Toda- condições pioradas em relação sea. O tratamento foi realizado
via, a RTG também apresenta ao quadro inicial18, 19. Portanto com aparelho tipo placa mio re-
limitações, pois resposta mais o controle periodontal prévio e laxante (Fig. 44), sendo ativado
satisfatória é conseguida de durante o movimento é essen- 1mm a cada 13 dias aproxima-
acordo com o número de pa- cial. Para cálculo da quantidade damente. Atingido o objetivo, o
redes ósseas do defeito, sendo de tracionamento necessária, dente foi mantido em contenção
3 paredes o ideal, e a profun- realiza-se sondagem no ponto por período de 4 meses (Fig.
didade e largura do defeito, ou mais apical do defeito e subtrai- 45) onde nota-se o acom-

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FIGURA 47 - Restauração final.
FIGURA 46 - Etapa cirúrgica para cor-
reção de desníveis ósseos e gengivais e
exposição de remanescente radicular para
preparo protético.

panhamento do tecido gengival local de futuro implante


ocorrido durante o movimento. A tríade osso alveolar, gen-
Depois da contenção procedeu- giva e restauração e seus re- FIGURA 48 - Rx de controle de 6 anos
se com cirurgia para correção lacionamentos com os dentes pós tratamento. Notar a integridade do
periodonto, ausência de defeitos verticais
dos desníveis ósseos e gengivais adjacentes constituem os fun- e novas corticais formadas.
(Fig. 46) e posterior restauração damentos para o perfil estético
(Fig. 47). Na radiografia de 6 na Odontologia restauradora. A
anos de controle (Fig. 48), nota- interdependência desses com- questão apresenta. Os defeitos
se eliminação do defeito e inte- ponentes e a necessidade de ósseos variam de acordo com o
gridade das cristas ósseas com melhora sistemática de qualquer número de paredes ósseas que
novas corticais formadas. O tra- deficiência significante nos com- apresentam, e quanto menos pa-
cionamento radicular de um ou ponentes da tríade constituem o redes houver mais grave se torna
vários elementos que apresentam princípio do condicionamento do a situação32 tal como foi descrito
defeitos verticais na região ante- local do implante. Para o sucesso no item anterior. O condiciona-
rior constitui uma das alternati- dos implantes nos quesitos estéti- mento do local do implante pode
vas de restituição definitiva da cos e biológicos algumas normas ser realizado antes, durante ou
saúde periodontal em pacientes de conduta devem ser seguidas, após a colocação do implante,
portadores dessas lesões. O efeito destacando-se a necessidade de sendo necessário avaliar os prós
colateral consiste da necessidade posicionar a plataforma do im- e contras de cada alternativa.
de reabilitação protética dos den- plante em média de 1 a 3mm Nos diagramas são mostrados
tes devido ao desgaste necessário da junção cemento-esmalte dos os tipos de defeitos mais graves
nas coroas assim que estes vão dentes vizinhos33, para perfil de e as alternativas de tratamento
sendo tracionados. A vantagem é emergência adequado da restau-
que o tamanho natural das coroas ração sob implante e também
no final do tratamento é mantido, manter as roscas dos implantes
em contraste com a alternativa de em posição infra-óssea. Para que
tratamento onde se procede com estes parâmetros sejam alcança-
eliminação cirúrgica das bolsas, dos, a quantidade de osso e gen-
procedimento este que provoca giva inserida presente no local
posicionamento mais apical do onde será colocado o implante
tecido gengival, aumentando devem ser suficientes para pre-
desta forma as coroas clínicas e encherem estes requisitos. Um
apresentando problema estético dos desafios com que comumen-
de difícil resolução, principalmen- te os implantodontistas se depa-
te quando o paciente apresenta ram é quando se planeja a subs-
linha alta do sorriso. tituição de um dente seriamente
comprometido periodontalmente
Tracionamento radicular em por implante. Neste panorama DIAGRAMA 5 - Situações encontradas
dentes com comprometimen- diversas situações podem estar em dentes com comprometimento perio-
dontal: I) área com 1 ou 2 paredes; II) 3
to periodontal no condicio- presentes, dependendo do nível paredes ou III) alvéolo intacto, 4 paredes,
namento ósseo-gengival do ósseo e gengival que o dente em na posição mais apical.

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DIAGRAMA 6 - Alternativa de trata-
mento 1: extração imediata do dente e DIAGRAMA 8 - Alternativa de tratamen-
ROG para aumento vertical e horizontal DIAGRAMA 7 - Alternativa de trata- to 3 : colocação do implante numa posição
do rebordo ósseo, no preparo do local mento 2 : colocação do implante no nível em que houvesse três paredes + ROG, ne-
do implante. Modificado a partir de Sa- correto: plataforma posicionada de 1 a 3 gligenciando o posicionamento ápico-co-
lama12. mm da junção cemento-esmalte dos den- ronário correto para conferir estabilidade,
tes vizinhos + ROG. Modificado a partir estética e saúde periodontal ao implante.
de Salama12. Modificado a partir de Salama12.

cabíveis. No diagrama 5 nota- se realizar o implante seriam: locação do implante no nível


se que o canino apresenta 1) Extração imediata do den- correto: plataforma posicionada
topografia óssea irregular, evi- te e ROG (Regeneração Óssea de 1 a 3mm da junção cemen-
denciando áreas com menor Guiada) para aumento vertical to-esmalte dos dentes vizinhos
quantidade de osso à medida e horizontal do rebordo ósseo, (Diagr. 7). Desta forma grande
que se aproxima da coroa. no preparo do local do implante parte das roscas do implante fi-
Próximo à coroa praticamente (Diagr. 6). Esta alternativa é cariam expostas, necessitando
inexiste tecido ósseo, e con- plausível, porém imprevisível, de procedimentos de ROG para
forme se aprofunda em direção devido ao fato de as técnicas de
ao ápice pode-se encontrar ROG não produzirem resposta
áreas de 1 ou 2 paredes (I), 3 satisfatória quando se trata
paredes (II) ou alvéolo intacto, de aumento vertical em locais
4 paredes (III). Frente a esta que apresentem uma, duas ou
situação as alternativas para nenhuma parede óssea; 2) co-

FIGURA 49 - Conseqüência da alternativa


de tratamento 3: como se pode observar, FIGURA 50 - Canino superior direito com
quando a plataforma do implante se po- comprometimento periodontal e recessão
siciona muito apicalmente, a estética final gengival vestibular. Foto realizada 15 dias
fica comprometida devido ao comprimento após instalação do aparelho. FIGURA 51 - Rx demonstrando os níveis
excessivo da coroa clínica. mesial e distal (setas) da crista óssea do
canino.

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FIGURAS 52, 53, 54 - Vista vestibular durante o tracionamento. Após 2 meses, 8 meses e 9 meses. Observar o acompanhamento gra-
dual do tecido gengival e também as características deste tecido, com coloração rosada e consistência firme.

formar osso ao redor do implan-


te, tornando o sucesso menos
previsível; 3) colocação do im-
plante numa posição em que
houvesse três paredes (Diagr.
8), assim as roscas do implante
que ficassem expostas poderiam
ser recobertas com procedimen-
tos de ROG com grande previ-
sibilidade, dando desta forma FIGURA 55 - Posição do dente durante
condições biológicas adequadas fase de contenção.
para o implante mas com pre-
juízo à estética, pois ficando a
plataforma do implante abaixo mole sobreposta à coroa será
dos parâmetros adequados excessiva o que não permitirá
será necessária a confecção de higienização adequada e por-
coroa muito longa com estética tanto poderá ser prejudicial a FIGURA 56 - Rx imediatamente após
desagradável (Fig. 49), isto longo prazo; 4) extração lenta interrompido o movimento, onde se pode
notar os níveis ósseos atingidos na mesial
se a gengiva estiver também do dente pelo método da tração e distal (setas maiores). Observar também
posicionada mais apicalmente, radicular (Diagr. 9). Com este o direcionamento das espículas ósseas
ainda em fase de mineralização (setas
pois se o nível gengival estiver procedimento aproveita-se a menores). A nova cortical só é visualizada
normal, a quantidade de tecido inserção conjuntiva remanes- após 3 meses em média.

DIAGRAMA 9 - Alternativa de tratamento 4: extração lenta do dente pelo método da tração radicular. Com este procedimento
aproveita-se a inserção conjuntiva remanescente para realizar crescimento ósseo vertical trazendo áreas de três e quatro paredes
mais para coronal e também haverá acompanhamento da gengiva inserida durante todo o movimento, facilitando desta forma
os procedimentos cirúrgicos posteriores. Devido às características do tratamento e por ser altamente previsível, desde que haja
alguma inserção conjuntiva e ausência de inflamação, poder-se-ia chamá-lo de Regeneração Óssea e Gengival Induzida Orto-
donticamente (ROGIO).

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FIGURA 57 - Visualização do remanes- FIGURAS 58 e 59 - Região alveolar após extração onde nota-se por vestibular a altura
cente radicular imediatamente antes de das cristas ósseas (setas) em posição mais coronal em relação ao nível dos dentes ad-
sua extração. A seta indica a margem do jacentes, resultado do acompanhamento de todo periodonto durante o movimento e por
osso na vestibular, compatível com a deis- palatino pode-se observar o formato do alvéolo preservado nas áreas onde ainda havia
cência que o paciente apresentava naquela inserção conjuntiva, preservando também a largura do rebordo.
região.

FIGURA 60 - Implante fixado na altura FIGURA 61 - Recobrimento das roscas


ideal, com algumas roscas expostas em expostas com osso autógeno proveniente
pequena área na vestibular. Notar que o da crista óssea mesial, que apresentava-se
implante foi colocado um pouco para distal com excesso vertical.
devido à localização do alvéolo remanes-
cente.

FIGURA 62 - Rx demonstrando osseoin-


tegração do implante, com as roscas em
posições infra-ósseas.

cente para realizar crescimento (Fig. 51). O dente apresentava- lizado por período de 4 meses
ósseo vertical trazendo áreas de se com mobilidade grau 2 e foi (Fig. 55, 56). Na seqüência,
três e quatro paredes mais para planejado sua substituição por foi extraído o remanescente
coronal e também haverá acom- implante ósseo-integrado. De radicular (Fig. 57, 58, 59) e o
panhamento da gengiva inseri- acordo com o protocolo sugerido implante foi fixado (Fig. 60).
da durante todo o movimento, acima, optou-se pela realização Para que ficasse a 3mm da jun-
facilitando desta forma os pro- da extração lenta do dente como ção cemento-esmalte dos dentes
cedimentos cirúrgicos posterio- meio de se conquistar altura ós- vizinhos, algumas roscas do
res. Devido às características do sea e gengival mais adequada implante ficaram expostas na
tratamento e por ser altamente que possibilitasse a colocação vestibular, porém numa super-
previsível, desde que haja algu- do implante na altura ideal de fície muito pequena, que pôde
ma inserção conjuntiva e ausên- 1 a 3mm da junção cemento facilmente ser recoberta com
cia de inflamação, poder-se-ia esmalte dos dentes vizinhos, osso autógeno da área da crista
chamá-lo de Regeneração Óssea possibilitando função e estéti- óssea mesial, que apresentava
e Gengival Induzida Ortodonti- ca satisfatórias. O aparelho foi altura em excesso. (Fig. 61,
camente (ROGIO). No caso 5 a ativado 1mm a cada 12 dias ou 62) A segunda fase cirúrgica
paciente, de 50 anos, apresen- mais, sendo que algumas vezes ocorreu 8 meses após, com ex-
tava canino superior esquerdo o intervalo foi superior a 30 dias posição do implante e instalação
com grande recessão gengival (Fig. 52, 53, 54). Depois de do cicatrizador (Fig. 63, 64). O
na vestibular (Fig. 50), e no atingido o objetivo almejado, ní- provisório foi realizado 3 meses
exame radiográfico observa-se vel ósseo e gengival ao mesmo após (Fig. 65) e posteriormen-
a reabsorção óssea mesial e nível ou maior que nos dentes te foi confeccionada a próte-
mais acentuada na face distal adjacentes, o dente foi estabi- se definitiva. Na radiografia

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FIGURA 63 - Oito meses após fixação do FIGURA 64 - Cicatrizador posicionado. FIGURA 65 - Confecção do provisório so-
implante. Observar a característica da gen- bre implante no canino superior esquerdo.
giva, com nível adequado, coloração rosada
e grande faixa de gengiva inserida, o que fa-
cilita os procedimentos cirúrgicos vindouros.

FIGURA 68 - Prótese comprometida es-


teticamente devido ao comprimento maior
dos incisivos lateral e central esquerdos
em relação aos homólogos, decorrente de
recessão gengival.

FIGURA 67 - Restauração final, com ta-


FIGURA 66 - Rx de controle de 4 anos, manho do dente compatível com os adja-
onde nota-se integridade do implante. centes e nível gengival adequado.

FIGURAS 69, 70 e 71 - Instalação do aparelho e ativações 70) após 16 dias, e 71) 23 dias. Observar o acompanhamento das margens
gengivais, referência para o tratamento que está sendo realizado.

final (Fig. 66) pode-se comprovar resultado em período de 4 ou 5


a osseointegração do implante e meses. Este caso demonstra as
a estética final conseguida (Fig. vantagens de se utilizar um den-
67). Convém ressaltar que neste te condenado periodontalmente
caso o tempo de tracionamento para realizar o condicionamento
foi de 9 meses para 10mm de ósseo e gengival previamente à
movimento, mas esta demora fixação do implante, oferecendo
ocorreu devido à dificuldade de a vantagem de resultados mais
agendamento a cada 13 ou 15 previsíveis e diminuindo o nú-
dias devido à paciente residir em mero de cirurgias que porventura FIGURA 72 - Fase de provisórios, com
o tamanho dos dentes do lado esquerdo
outra cidade. Seguindo o proto- seriam necessárias para se obter compatíveis com seus homólogos. A su-
colo de 1mm a cada 13 dias em os mesmos resultados caso se perfície incisal do incisivo central superior
direito foi aumentado com resina para se
média, consegue-se o mesmo optasse pelas outras alternativas adequar às proporções naturais.

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Tracionamento lento com plinar entende-se o trabalho to do osso e gengiva durante o
finalidade de nivelar a topo- de diversas especialidades na tracionamento e foi concluído
grafia gengival resolução de casos clínicos, que quanto mais rápido o movi-
Devido às características pe- embora estas especialidades mento e maior a força utilizada,
culiares do movimento de tração possam não estar coordenadas menor é o acompanhamento do
vertical, com acompanhamento entre si, não havendo comuni- periodonto. Com base nestas
do periodonto de proteção, algu- cação efetiva entre os profis- referências pode-se, portanto
mas vezes pode-se lançar mão sionais de cada área. Já o tra- estabelecer protocolo de trata-
deste recurso para correção dos tamento interdisciplinar sugere mento de acordo com a neces-
desníveis das margens gengi- a inter-relação das especiali- sidade de cada caso. Quando o
vais. No caso 6, a paciente pro- dades, há comunicação entre dente envolvido no tratamento
curou tratamento para refazer as os profissionais e o plano de apresentar periodonto íntegro,
próteses dos segmentos anterior tratamento é traçado de acordo ou seja, níveis gengivais e da
e posterior esquerdo. A queixa com uma seqüência de eventos crista óssea adequados em
principal referia-se à aparência que seja benéfico para cada es- relação aos dentes adjacentes
maior que o incisivo central e la- pecialidade, uma melhorando (casos 1, 3) e há necessidade de
teral esquerdo apresentavam em o prognóstico da outra e con- se expor remanescente radicular
relação aos homólogos (Fig. 68), seqüentemente propiciando ao sadio acima da crista óssea para
defeito este que se agravou com paciente o tratamento mais sa- realizar restauração com preser-
o tempo devido à recessão gen- tisfatório sob todos os pontos vação das distâncias biológicas,
gival. Como os dentes vizinhos de vista, sempre objetivando a procede-se com o tracionamen-
apresentavam as distâncias bio- excelência em todas áreas. to rápido, pois quanto menos
lógicas inalteradas, 1 a 2mm na Na busca do sorriso perfeito, acompanhamento do periodonto
sondagem, optou-se por tracio- inúmeras vezes tem-se que re- houver, melhor. Se o dente apre-
nar os incisivos do lado esquerdo correr ao tratamento interdisci- sentar níveis gengivais e ósseos
lentamente para trazer a mar- plinar, obtendo de cada especiali- inadequados, abaixo do normal,
gem gengival mais para coronal. dade os melhores recursos técni- o objetivo do tratamento está
O tratamento prolongou-se por cos para resolver determinados no nivelamento do periodonto,
2 meses e foi tracionado 3mm problemas. A ortodontia, devido podendo citar como exemplos
no incisivo central e 2mm no à dinâmica do movimento den- a redução de defeitos verticais,
incisivo lateral com intervalos tário e suas conseqüências, preparo do local do implante e
de 20 dias em média, sendo acompanhamento do tecido nivelamento da topografia gen-
que o tratamento foi guiado pela ósseo e gengival em situações gival (casos 4, 5, 6 respectiva-
posição da margem gengival, ou de saúde periodontal, oferece mente). Assim sendo o mais in-
seja, quando foi estabelecida to- inúmeras possibilidades de tra- dicado é o tracionamento lento,
pografia semelhante ao lado ho- tamento10,32 que contribuem so- 1mm a cada 13 dias em média,
mólogo, o movimento foi inter- bremaneira para o planejamento pois se intenciona ganhar tecido
rompido e os dentes ficaram em desses casos. Oppenheim13 em ósseo e gengival proporcional a
contenção por 4 meses (Fig. 69, 1940 foi o primeiro a reportar cada milímetro tracionado.
70, 71). Ao final pode-se cons- as conseqüências histológicas Ainda em relação ao acom-
tatar o tamanho adequado dos da extrusão dentária no perio- panhamento do periodonto,
dentes na fase de provisórios e a donto. Foi observado que todo pode-se, nos casos onde se ob-
margem gengival nivelada (Fig. alvéolo acompanhava o dente jetiva somente expor remanes-
72), sendo que a prótese final no sentido oclusal quando força cente radicular de 3mm acima
está em andamento. Para esté- leve e contínua era aplicada. No da crista óssea, utilizar proce-
tica adequada, o incisivo central entanto, quando aplicada força dimentos de fibrotomia25,26 ao
superior direito foi reconstruído demasiada, algumas fibras se redor do dente, a cada 7 dias,
com resina composta. rompiam e nestes locais não ha- concomitante ao movimento de
via formação de tecido osteóide. tracionamento. Nesta técnica,
DISCUSSÃO Vários autores7,8,12,18,22 relataram as fibras supra crestais são ex-
O tratamento interdiscipli- a correlação que existe entre ra- cisionadas, e por ser realizada
nar, em sua essência, difere pidez, quantidade do movimento em intervalos curtos de tempo
do tratamento multidisciplinar. e intensidade de força utilizada, não permite que as fibras se
Como tratamento multidisci- com o grau de acompanhamen- reinsiram no periodonto e,

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portanto este não acompanha ra, após a fase ativa é recomen- contenção em todos os casos,
o dente. Vale acrescentar que dado um período de contenção após o qual os procedimentos
Koslowsky, Tal e Liebermann26 do dente durante o qual este cirúrgicos e restauradores,
recomenda, além da excisão, a deve permanecer imóvel na po- necessários para a finalização
raspagem radicular para evitar sição alcançada no final da ex- do caso, poderão ser iniciados.
reinserções indesejadas. Como trusão, para que haja reorgani- Nos casos apresentados neste
frisado no artigo, falhas podem zação das fibras do ligamento e artigo utilizou-se períodos de
acontecer se os procedimentos também neoformação óssea na contenção de 3 meses para
periodontais não forem precisos região apical. Em relação a este os casos de tração rápida e
e freqüentes. Apesar do incômo- fator, muitos autores já se pro- 4 meses para os de tração
do do paciente de se submeter à nunciaram a respeito: Lemon34 lenta, tempo este suficiente
fibrotomia, 3 vezes em média, recomenda 1 mês de contenção para acomodação dos tecidos
com anestesias locais e ligeiro para cada mm de extrusão; periodontais, formação óssea
desconforto pós-operatório, o Simon, Lythgoe e Torabinejad8 apical e aproveitamento de
procedimento permite vantagens afirmam que, independente- todo potencial de neoforma-
tais como: visualização clínica da mente da quantidade de extru- ção óssea e gengival que se
quantidade de extrusão, movi- são, 7 semanas são suficientes objetiva quando realizado tra-
mento mais rápido e não é neces- para a remodelação completa cionamento lento.
sária a etapa cirúrgica no final do do ligamento periodontal; Hei-
tratamento. thersay3 e Salama H., Salama, Agradecimentos
Um fator que deve ser pon- M., Kelly J.33 recomendam um Dr. Vinícius Janson (Digital
derado é a recidiva da extrusão período de 6 semanas e Ne- Workout) pelo trabalho com os
obtida. Para que isto não ocor- der24 recomenda 4 meses de recursos gráficos.

Abstract
Periodontal modifications by forced eruption is used to produce val topography. The purpose of this
means of teeth movement is a different modalities of treatment, article is to revise the literature, es-
predictable procedure, considering such as: to reestablish the biologic tablish treatment protocols, suggest
the unity character of tooth-peri- width in fractured, perforated, a new term to determined procedure
odontal membrane-alveolar bone, with extensive caries lesions and and to discuss this subject based on
i.e., as the tooth is moved, the root resorption teeth, to reduce the literature and clinical cases.
periodontium follows the move- infrabony vertical defects, to
ment, since there is periodontal develop the implant site in cases Key words: Forced eruption. Minor
health conditions, with no inflam- where a compromised tooth will tooth movement. Interdisciplinary
mation. Based on these evidences, be extracted and to level the gingi- treatment.

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Endereço para correspondência


Marcos dos Reis Pereira Janson
Rua Saint Martin, 22-23 - Altos da Cidade
17048-053 - Bauru - SP
jansonm@uol.com.br

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