O SR. PRESIDENTE (José Sarney. Bloco/PMDB – AP) – Com a palavra o
Senador Aloysio Nunes Ferreira. O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (PSDB – SP. Para discutir. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, um governo que tem no seu organograma 37 Ministérios e que se prepara para criar mais um, um governo que multiplicou os cargos comissionados como o Governo do PT, um governo que tem Ministério dos Esportes, Casa Civil e órgãos de planejamento de boa qualidade técnica por que precisaria criar uma Autoridade Olímpica Pública? Qual é a necessidade disso? Com os 180 cargos comissionados – inicialmente eram 480, a proposta passou por uma severa lipoaspiração, mas ainda sobra muita gordura, especialmente no momento em que o Governo diz que é necessário cortar gastos –, será que o Governo não dá conta de organizar os Jogos Olímpicos? Para não dizer que, se quisesse criar uma autarquia, poderia fazê-lo, como foi dito aqui por outros colegas, mediante projeto de lei eventualmente em regime de urgência. A inamovibilidade do presidente dessa autarquia é talvez mais sólida do que o próprio mandato parlamentar. Aliás, o termo mandato aqui é usado impropriamente. É uma nomeação a termo. Um Parlamentar pode ter seu mandato cassado se incorrer em quebra de decoro parlamentar – não precisa ser condenado criminalmente com sentença transitada em julgado nem mesmo em processo administrativo, basta que seu comportamento infrinja aquilo que se entende por decoro parlamentar. Mas o presidente da Autoridade Olímpica que o governo quer criar, com voto contrário do PSDB, tem mandato mais sólido do que o próprio Parlamentar. A Medida Provisória nº 489 perdeu eficácia. Esta Medida Provisória, que tratava desse tema da Autoridade Olímpica, gerou um grande movimento de indignação no País, porque ela se propunha a alterar as regras da Lei de Licitações, criando um regime especial de licitação para as Olimpíadas. Talvez ainda sob o impacto das coisas malfeitas que ocorreram nos Jogos Pan-Americanos, houve, por todos os lados, um movimento de: olha, alto lá! O fato é que o Congresso não votou a Medida Provisória nº 489, cujo núcleo era esse conjunto de regras excepcionais para a licitação das obras e serviços das Olimpíadas. Jogou pela porta afora. A medida perdeu eficácia. Ora, aquilo que o Congresso se recusou a aprovar, que saiu porta afora, está entrando agora pela janela.
1 SENADO FEDERAL - SSTAQ
Sessão: 020.1.54.O Data: 01/03/2011
Srªs e Srs. Senadores, o art. 1º do Projeto de Lei de Conversão, que nos
vem da Câmara, propõe ratificar, na forma do anexo – um anexo misterioso, obscuro, oculto –, os termos do Protocolo de Intenções celebrado entre a União, o Estado do Rio de Janeiro e o Município do Rio de Janeiro. Muito bem. Neste protocolo, na sua Cláusula 4ª, inciso III, está dito – este protocolo que nós vamos ratificar – que, excepcionalmente, para consecução dos seus objetivos, poderá a Autoridade Olímpica contratar, inclusive por meio de regime diferenciado de licitações e contratos, para obras e serviços estabelecidos em lei federal. E lá vem a pergunta: que lei federal é essa? Será a Medida Provisória nº 489, que perdeu a eficácia, por não ter sido votada, mas cujos efeitos jurídicos não foram disciplinados ainda por decreto legislativo? Será que é essa medida provisória, é essa a lei federal a que se refere o projeto de lei de conversão, estabelecendo um regime realmente diferenciado, com exceções gritantes à Lei das Licitações? É uma pergunta que fica e que vai ficar, inclusive, na cabeça dos investidores, daqueles que vão construir, aqui no Brasil, estádios, prestar serviços, buscar participar do grande evento que serão as Olimpíadas. A insegurança jurídica nunca atraiu investidores. Além disso, Srs. Senadores, creio que seria realmente um cheque em branco, absolutamente inadmissível e desnecessário, que este Senado iria entregar à Presidência da República. O SR. PRESIDENTE (José Sarney. Bloco/PMDB – AP) – Senador Gim Argello.