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De acordo com a História, um dos tópicos mais controvertidos entre os que
afirmam seguir a Bíblia tem sido a natureza de Jesus e sua relação com o Pai.
Nos primeiros cinco séculos após a encarnação de Cristo, os cristãos
passaram pelas chamadas "controvérsias cristológicas": vários grupos
defendiam visões completamente diferentes com respeito à natureza de Jesus
Cristo e do ser divino. Isso talvez não nos cause nenhum espanto. Satanás
desejaria mais do que nunca introduzir entre os discípulos erros no que s e
refere à natureza de Deus, sendo esses erros básicos e extremamente
prejudiciais. Além disso, qualquer ser humano que tente compreender a
natureza de Deus está lidando com um assunto muito mais profundo que ele
mesmo. É natural tentar reduzir Deus às con dições humanas e começar a
analisá-lo de acordo com as limitações humanas.
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Há vários "porém" que devem ser ligados a essa afirmação. Quando Jesus se
fez carne, passou a ser humano. Participou da nossa natureza; submeteu -se à
experiência humana. Assim, experimentou a fome, a sede, o cansaço. Nas
palavras de Paulo: "pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como
usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a
forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em
figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando -se obediente até à morte e
morte de cruz" (Filipenses 2:6 -8). É importante entendermos que, quando
Jesus se fez homem, não deixou de ser Deus. Ele era Deus vivendo como
homem. Mas restringiu-se a forma e a limitações muito diferentes da natureza
de sua existência eterna. Ao afirmar que Jesus é Deus, então, não estamos
tentando negar a realidade de Jesus ter -se tornado um ser humano verdadeiro.
Afirmar que Jesus é Deus não é afirmar que ele é o Pai. O próximo subitem
deste artigo discutirá exatamente essa questão.
Seria válido admitir já de início neste estudo que se acha revelada nas
Escrituras uma nítida diferença entre o papel do Pai e o do Filho. Uma delas é
que foi o Filho que se fez carne, não o Pai. Mas, o que é mais fundamental, o
Pai parece ser revelado na Palavra como o planejador e diretor, e o Filho,
como o concretizador. O Filho submeteu -se à vontade do Pai. Nesse sentido,
Jesus afirmou: "O Pai é maior do que eu" (João 14:28). Entendemos q ue, de
acordo com as Escrituras, o marido deve ser o cabeça da esposa, e ela deve
submeter-se ao marido. Mas isso não significa que o marido seja superior em
essência; simplesmente tem um papel de autoridade. Tanto marido quanto
mulher são plena e igualmen te humanos. Da mesma forma, a liderança do Pai
e a submissão do Filho não implicam diferença de natureza. Ambos são plena
e igualmente divinos.
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A Bíblia deixa bem claro que Jesus é Deus. "Porque um menino nos nasceu,
um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será:
Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz"
(Isaías 9:6). O menino que haveria de nascer se chamaria "Deus Forte".1
Em João 1:1: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus". Aqui o Verbo é Jesus (veja João 1:14). Jesus não só estava com
Deus, mas era Deus. Isso parece confuso a princípio. Mas analise este
exemplo simples. Meu nome é Gary Fisher. O nome de minha esposa é Sandra
Fisher. Se ela estivesse aqui comigo agora, seria possível dizer: "Sandra está
com Fisher e Sandra é Fisher". No primeiro caso, Fisher refere -se a mim
especificamente; no segundo, é usado como o nome da família em que (no
meu caso) há quatro membros. Jesus estava com Deus (o Pai) e era ele
mesmo Deus (também compartilhava da natureza de ser Deus).
"Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!" (João 20:28). Tomé dirigiu -
se a Jesus dizendo: "Senhor meu e Deus meu". Tomé estava errado? Jesus
não achou que estivesse, pois disse: "Porque me viste, creste? Bem-
aventurados são os que não viram e creram" (João 20:29). Essa passagem é
uma comprovação tão forte da divindade de Cristo, que já se inventaram
inúmeras explicações para recusá-la. Por exemplo, Tomé estava apena s
manifestando o seu espanto, como alguém hoje, que talvez dissesse: "Ó, meu
Deus do céu". Mas isso implicaria dizer que Tomé estava usando o nome de
Deus em vão. No entanto, Jesus o elogiou por isso. Outros acreditam que
Tomé estava chamando Jesus seu Senhor e depois voltando-se ao Pai,
dizendo "Deus meu". Mas o texto diz: "Respondeu -lhe Tomé". Tomé estava
reconhecendo que Jesus era seu Deus.
Examine estes textos: "Deles são os patriarcas, e também deles descende o
Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o
sempre" (Romanos 9:5). "Aguardando a bendita esperança e a manifestão da
glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus" (Tito 2:13). "Simão
Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé
igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo" (2
Pedro 1:1). Todos se referem a Jesus como Deus.
Jesus afirmou ser Deus em várias ocasiões. Em João 5:17, ele disse: "Mas ele
lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também". Os judeus
entenderam devidamente a afirmação de Jesus como uma indicação de que
ele era igual a Deus (João 5:18). Em João 10:30, Jesus declarou: "Eu e o Pai
somos um". Jesus fez a ousada declaração em João 14 de que vê -lo
significava ver o Pai: "Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a
meu Pai. Desde agora o conheceis e o tendes visto. Replicou -lhe Filipe: Senhor
mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Disse -lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo
estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como
dizes tu: Mostra-nos o Pai?" (João 14:7-9). (Veja também as afirmações de
Jesus em João 8:56-59, as quais serão discutidas numa seção posterior deste
artigo.)
Há muitas coisas que Jesus fez que somente Deus é capaz de fazer. Jesus
perdoou os pecados dos homens, mas somente Deus pode perdoar pecados
(veja Marcos 2:1-12; Lucas 7:36-50). Ele afirmou ser capaz de dar vida (João
5:21; 10:28; 17;2) e de julgar o mundo (Mateus 7:23; 16:27; 25:31 -46; João
5:22-27), habilidades que pertencem exclusivamente a Deus. Jesus criou o
mundo (João 1:1-3, 10) e o sustém (Colossenses 1:17). Jesus fez afirmações
que implicavam a sua onipresença (Mateus 18:20; 28:20) e onisciência (Marcos
12:25;Mateus 9:4; 12:25; veja também Apocalipse 2:23; 1 Reis 8:39). Ele
afirmou ser maior que o templo, maior que Jonas e maior que Salo mão
(Mateus 12:6, 41-42). Ele afirmou não ter pecado (João 8:46). Tudo isso o põe
sem dúvida na categoria de Deus.
Jesus ensinou que vê-lo era ver o Pai (João 12:45; 14:9), que crer nele era crer
no Pai (João 12:44) e que conhecê -lo era conhecer o Pai (João 8:19; 14:7). Ele
disse que quem o recebe, recebe o Pai (Marcos 9:37); que quem o honra,
honra o Pai (João 5:23); mas quem o rejeita e o odeia, rejeita e odeia o Pai
(Lucas 10:16; João 15:23). Qual mero homem, qual arcanjo poderia fazer
afirmações como essas?
O que Jesus disse refletia a noção da sua própria importância. Ele disse que
era a luz do mundo, o pão da vida, a ressurreição e a vida e o único caminho
para o Pai (João 6;35; 8:12; 11:25; 14:6). Ele disse que as coisas que estavam
escritas no Antigo Testamento foram escritas a seu respeito (Lucas 24:27, 44;
João 5:39, 46). Ele disse que, quando o Espírito Santo viesse, ele o glorificaria
(João 14:26; 15:26; 16:14). Jesus mostrou que era imprescindível ir a ele, ouvi -
lo, crer nele, confessá-lo e segui-lo (Mateus 11:28-30; João 6:45; 18:37; 8:24;
11:25; Mateus 10:32-33; João 8:12; 10:27). Ele nos ensinou a perder a vida por
amor a ele (Lucas 9:24) e amá-lo mais que ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos
e à própria vida (Mateus 10:37; Lucas 14:26). Fazen do uso de uma metáfora
ousada, Jesus disse que devemos comer a sua carne e beber o seu sangue
para que possamos ter vida (João 6:51 -58). O Senhor deixou a ceia em
memória dele, para que nunca viéssemos esquecê -lo (Lucas 22:19). Ele
ensinou que a sua vidase ria entregue em resgate por muitos (Mateus 20:28;
26:28; João 10:15; 12:32).
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Jesus disse que ele é YHWH, Eu Sou: "Respondeu -lhes Jesus: Em verdade,
em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse EU SOU." (João 8: 58).2
Era uma declaração chocante, e os judeus pegaram pedras ali mesmo para
apedrejar Jesus por blasfêmia (João 8:59). Muitos textos aplicam profecias
sobre Jeová (o "SENHOR") a Jesus. João Batista ia preparar o caminho para o
"SENHOR" (Isaías 40:3; veja Mateus 3:3; Marcos 1;3; Lucas 3:4-5). A glória do
"SENHOR", vista por Isaías, era uma visão da glória de Jesus (Isaías 6; João
12:37-43). Não são casos isolados. Várias afirmações sobre o SENHOR no
Antigo Testamento são aplicadas a Jesus no Novo.3 Jesus ta mbém é Deus
Jeová, o SENHOR.
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Jesus muitas vezes orou ao Pai (Lucas 23:34, 46). Estava Jesus orando a si
mesmo? Ele ensinou os discípulos a orar: "Portanto, vós orareis assim: Pai
nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome" (Mateus 6:9), estando
ele próprio na te rra. "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim
de que esteja para sempre convosco" (João 14:16). Se o Pai, o Filho e o
Espírito Santo são todos uma só pessoa, então Jesus orou a si mesmo e pediu
que enviasse a si mesmo.
O Pai reconhecia o Filho: "E eis uma voz dos céus,que dizia: Este é o meu
Filho amado, em quem me comprazo" (Mateus 3:17). Será que o Pai estava
simplesmente falando para si a respeito de si mesmo? Jesus disse que, se ele
glorificasse a si mesmo, a sua glória não seria na da (João 8:54).
"Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a
vontade daquele que me enviou" (João 6:38). Jesus veio fazer a própria
vontade, ou não? Se respondermos que sim, contrariamos Jesus. Se dizemos
que não (a resposta correta), então admitimos que Jesus e o Pai são pessoas
distintas, porque Jesus de fato veio fazer a vontade do Pai. (Veja também João
8:29).
O Filho retornou ao Pai no céu (João 16:28; 20:17). Se Jesus é o Pai, ele já
estava no céu antes de subir para junt o de si mesmo. Jesus retornou ao céu
para entrar na presença de Deus (Hebreus 9:24). Mas ele já estava na sua
própria presença. Se o Filho e o Pai são a mesma pessoa, por que Jesus tinha
de ir para o céu para entrar na presença dele próprio?
Jesus disse que somente o Pai sabia o momento exato de sua vinda; isso nem
mesmo ele sabia (Mateus 24:36). Se Jesus era o Pai, então ele sabia algumas
coisas que não sabia?
Quando Jesus retornar, ele entregará o seu reino de volta ao Pai e se sujeitará
ao Pai (1 Coríntios 15:24 -28). Será que Jesus entregará o reino a si mesmo e
se submeterá a si mesmo?
Deus é uno (Deuteronômio 6:4; Isaías 40 -48; Marcos 12:29; 1 Timóteo 1:17;
Tiago 2:19; 4:12, etc.). A natureza de sua unidade é o assunto em pauta. Com
base mesmo no que se evidenciou acima, deve estar claro que a unidade de
Deus é uma união, não uma unidade absoluta. A palavra equivalente a Deus
no Antigo Testamento (elohim) é uma formação no plural. A palavra
equivalente a um, empregada em referência a Deus no Anti go Testamento
(echad) também é uma forma plural. Deus disse: "Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança . . ." (Gênesis 1:26). A quem se refere
esse "nossa"? Somos criados à imagem de Deus, mas há mais de uma pessoa
que compôs Deus. Atente para essas afirmações: "Então, disse o SENHOR
Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do
mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e
coma, e viva eternamente" (Gênesis 3:22). "Vinde, desçamos e confun damos
ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro" (Gênesis
11:7). Desde os primeiros capítulos da Bíblia, vemos Deus revelado como uma
unidade plural (veja também Isaías 6:8). Existe até mesmo diálogos registrados
entre Deus e Deus na Bíblia: veja Salmos 110:1, por exemplo.
Em que sentido o Pai e o Filho são um? São uma só pessoa? Ou são um em
unidade e em propósito? Observe atentamente João 17:20 -23: "Não rogo
somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por
intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai,
em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu
me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que
sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam
aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os
amaste, como também amaste a mim." Esse texto ensina que os cristãos
devem ser um como o Pai e o Filho são um. Os cristãos devem passar a ser
uma só pessoa? Ou será que devem ser um em unidade e em propósito? Já
que a unidade que os cristãos devem ter não é a de ser uma só pessoa, então
a unidade do Pai e do Filho não significa que são a mesma pessoa. A Bíblia
muitas vezes trata de coisas que são unas. Marido e mulher são um (Mateus
19:4-6; Efesios 5:31). O que planta e o que rega são um (1 Coríntios 3:6 -8). Os
cristãos são um (1 Coríntios 12:14). E também o Pai e o Filho (e o Espírito
Santo) são um.