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Características gerais da ação, do tratamento e ... Santos Jr ID, et al.

ARTIGO DE REVISÃO

Características gerais da ação,


do tratamento e da resistência
fúngica ao fluconazol
General traits of action, treatment and
fungal resistance to fluconazol

INALDO DOMINGOS DOS SANTOS JR.*


IZAMARA ARAÚJO MORAIS SOUZA*
RENATA GOMES BORGES*
LUCIANA B. S. DE SOUZA*
WILLMA J. DE SANTANA**
HENRIQUE DOUGLAS M. COUTINHO***

RESUMO ABSTRACT
Objetivos: O objetivo deste trabalho foi destacar Objectives: The main of this work was to show the
o modo e espectro de ação, as características do trata- way and action specter, the characteristics of the treatment
mento e os mecanismos pelos quais os fungos podem and mechanisms of resistance of fungi to fluconazol, making
apresentar resistência ao fluconazol, de modo a for- possible to the health workers the use of this paper in the
necer aos profissionais de saúde um material útil para prevention of the dissemination of this resistance.
a prevenção da disseminação desta resistência. Method: A revision in the specialized literature of the
Método: Foi realizada uma revisão na literatura international data bases SCIELO, LILACS and HIGHWIRE
especializada dos bancos de dados internacionais was carried through.
SCIELO, LILACS e HIGHWIRE. Results: The fluconazole is a composed synthetic bi-
Resultados: O fluconazol é um composto bitria- triazolic, used in wide scale in an isolated way or in
zólico sintético, usado em larga escala de forma isola- combination with other drugs in the treatment of diseases
da ou em combinação com outras drogas no tratamen- caused by fungus. It has wide action spectrum, including
to de doenças causadas por fungos. Tem amplo species of Candida, Cryptococcus, Histoplasma and
espectro de ação, incluindo espécies de Candida, Paracoccidioidis.
Cryptococcus, Histoplasma e Paracoccidioides. Conclusions: The indiscriminate use of this drug,
Conclusões: O uso indiscriminado desta droga, mainly in immunosupressed patients, it is presenting
principalmente em pacientes imunocomprometidos, negative signs in the treatment of the fungical diseases now,
vem apresentando sinais negativos no tratamento das because it is selecting resistant stumps more and more
doenças fúngicas, pois vem cada vez mais selecionan- resistents becoming more difficult the combat of these new
do cepas resistentes que torna-se mais difícil o com- generations of fungus, needing in the future of a more
bate destas novas gerações de fungos, necessitando no potent antifungical.
futuro de um antifúngico mais potente. KEY WORDS: FLUCONAZOLE; DRUG RESISTANCE,
UNITERMOS: FLUCONAZOL; RESISTÊNCIA FÚNGICA A FUNGAL; ANTIFUNGAL, AGENTS.
DROGAS; ANTIMICÓTICOS.

* Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte – FMJ.


** Universidade Regional do Cariri – URCA.
*** Universidade Federal da Paraíba – UFPB.

Scientia Medica, Porto Alegre: PUCRS, v. 15, n. 3, jul./set. 2005 189


Características gerais da ação, do tratamento e ... Santos Jr ID, et al.

INTRODUÇÃO FLUCONAZOL
O fluconazol é um medicamento antifúngico, O fluconazol é o composto triazóico mais co-
utilizado por via oral no tratamento de micoses nhecido, é uma alternativa terapêutica habitual
sistêmicas tendo como tempo médio no sangue, no tratamento de infecções fúngicas sistêmicas
30 horas com dose hora de 400 mg ao dia. Efeitos específicas. Este composto tem uma alta biodis-
colaterais presentes em alguns pacientes são ponibilidade logo após a sua administração oral,
náuseas, dor abdominal, vômitos, diarréia, cefa- alcançando concentrações plasmáticas maior ou
léia e, raramente hepatotoxicidade, dermatite igual a 80% das obtidas em comparação a uma
esfoliativa, anafilaxia, plaquetopenia e leuco- dose endovenosa. Apresenta uma farmacoci-
penia(1). nética linear, permitindo maiores concentrações
Esta droga é um composto bitriazólico sinté- plasmáticas quando se incrementa a dose aplica-
tico, com mecanismo de ação semelhante ao da devido a sua alta biodisponibilidade, a maior
itraconazol. Tem amplo espectro de ação, incluin- parte dos pacientes podem ser tratados por via
do espécies de Candida, Cryptococcus, Histoplas- oral(1).
ma e Paracoccidioides. É ativo contra Candida Fluconazol é um antifúngico triazol bem-
albicans, mas cepas de Candida krusei e Candida tolerado e um agente seguro que tem boa ativi-
glabrata são menos sensíveis. Não tem ação boa dade clínica contra Cryptococcus neoformans e a
contra Aspergillus e nos fungos causadores da maioria de Candida spp. isolada. O uso aumenta-
mucormicose(2). do desta droga deu origem ao desenvolvimento
É disponível para uso oral e parenteral. A via de resistência a Candida spp., principalmente
oral é reservada para os casos mais leves e para C. glabrata e C. krusei isoladas. Um teste de sim-
terapêutica de manutenção a longo prazo. Após ples difusão de disco foi desenvolvido para
a administração de 50 mg por via oral, níveis testar a suscetibilidade de Candida spp. isolada
séricos de 1,0 mg/l são obtidos após 2 horas. A contra fluconazol(3).
administração com os alimentos não prejudica As limitações mais importantes do fluconazol
a sua absorção. Uma característica importante estão referidas a sua falta de atividade contra fun-
do fluconazol é sua boa penetração no sistema gos filamentosos, e a resistência natural de algu-
nervoso central. Níveis da droga no líquor cefa- mas leveduras contra este composto (C. krusei),
lorraquidiano representam 50 a 90% da concen- a resistência adquirida em certas espécies de
tração sérica concomitante. Cerca de 80% da dose Candida ou C. neoformans, e os ajustes de doses
administrada é eliminada de forma ativa pelos necessárias em pacientes com deficiência renal e
rins e sua vida média no soro é prolongada na as interações com outros medicamentos(1).
vigência de insuficiência renal, o que obriga a Devido o fluconazol ser o única substância
ajustes posológicos nestas circunstâncias. Ao triazóica que se é excreta quase que totalmente
contrário dos outros antifúngicos do grupo, o pelo rim, as doses devem ser ajustadas em pa-
fluconazol não é metabolizado pelo organismo cientes com deficiência renal. A biodisponibili-
do homem, mas é excretado sem alteração na dade do fluconazol não altera ao ser administra-
urina(3). do mediante cateteres gástricos ou enterais em
A dose recomendada para o tratamento de pacientes em cirurgia gastrointestinal(1).
infecções graves em adultos com função renal O uso de maiores doses de fluconazol (800 mg/
normal é de 200 a 400 mg/d. A duração do trata- dia) junto a anfotericina B deoxicolato não tem
mento vai depender da natureza e da gravidade sido demonstrado uma maior porcentagem de
do processo. No tratamento da criptococose, cer- respostas existentes ou uma diminuição da
ca de 6 a 8 semanas são necessárias para a cura mortalidade no manejo de pacientes com can-
da infecção(2). didemia não associada a neutropenia, que as
Pacientes com insuficiência renal podem re- obtidas em estudos prévios com fluconazol a
ceber a dose usual nas primeiras 48 horas. Trans- doses menores (400 mg diários)(1).
corrido esse período, administrações a cada 48 a Fluconazol também se tornou no medicamen-
72 horas são indicadas de acordo com a gravida- to eleito na quimioprofilaxia secundária de pa-
de do acometimento da função renal. Pacientes cientes recuperados de um evento de meningite
em diálise requerem suplementação da dose após criptococócica. Uma dose diária de 200 mg per-
o procedimento(2). mite o controle sobre o risco de recaída em mais

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de 90% dos pacientes, sendo este valor superior (15% da atividade hepática), CYP2C9, CYP2C19
a conseguida com uma dose semanal de (que explicam os 20% da atividade hepática) e
anfotericina B (18%) e com uma menor taxa de CYP3A4, sendo esta última a isoenzima mais
efeitos adversos. Também tem sido utilizado abundante e que explica os 30% da atividade
exaustivamente no manejo de alguns pacientes no fígado. O fluconazol inibe preferencialmente
com endocardites por Candida associada a válvu- os fármacos metabolizados pelas isoenzimas
la protésica quando se tem contra indicado a do tipo CYP2C (por exemplo fenitoína) e, só em
cirurgia e o uso de anfotericina B está associado altas doses, para os compostos metabolizados
a deficiência renal(4). pela isoenzima do tipo CYP3 (por exemplo
Não podendo também ser utilizado quando CYP3A4)(1).
se suspeita ou se há comprovado a existência de
uma infecção invasora por fungos filamentosos Candida spp.
(por exemplo episódios de neutropenia e febre) A incidência de infecções fúngicas da corren-
ou levaduras com resistência natural ou adquiri- te sangüínea causadas por espécies de Candida
da ao fluconazol(1). tem aumentado principalmente em pacientes in-
Em nossa série, tivemos 4% C. albicans isola- ternados em unidades de terapia intensiva. Es-
dos DDS/resistente considerado o fluconazol. A tas infecções estão associadas a considerável
maioria destas cepas isolados foram obtidas da mortalidade atribuída, de 30% a 40%. Foi feita
cavidade oral de pacientes HIV-infectados/ uma meta-análise com dados prospectivos, com-
AIDS, infecções invasivas devido a resistência ao parando o fluconazol e a anfotericina B no trata-
fluconazol. C. albicans isolada ainda é considera- mento de 826 episódios de candidemia em adul-
do um fenômeno raro. A maioria das cepas de tos. Chegando a conclusão que pela menor
C. parapsilosis e C. tropicalis testadas eram muito toxicidade e do custo menor do que os prepara-
suscetíveis a fluconazol. Nossos dados indicam dos lipossomiais, a melhor terapêutica na tera-
que o fluconazol tem boa atividade in vitro con- pia empírica das infecções fúngicas da corrente
tra a maioria das cepas de Candida spp. habitual- sangüínea são os agentes azólicos sendo admi-
mente isoladas em hospitais de cuidados ter- nistrados com cautela, em virtude da crescente
ciários(3). resistência de Candida não-albicans aos agentes
O uso clínico do fluconazol em tais institui- azólicos(6).
ções públicas brasileiras esteve limitado devido A insuficiência renal aguda e uso de medica-
a considerações de custo. É preciso cuidadosa mentos imunossupressores estão freqüentemente
vigilância periódica capazes de identificar mu- associados à candidúria. Predominam como con-
danças potenciais no padrão de suscetibilidade dições subjacentes as doenças crônico-dege-
de fungos ao fluconazol, com o uso aumentado nerativas, salientando-se a importante associação
de fluconazol no Brasil(3). de diabetes mellitus, doenças crônicas e degene-
rativas, senilidade, prematuridade, neoplasias e
Mecanismo de ação alterações do trato urinário representam condi-
ções freqüentemente associadas à candidúria(7).
Estes compostos atuam mediante a inibição No Brasil, 145 episódios de fungemia por
da enzima lanosterol 14-α demetilasa no com- C. albicans e espécies não-albicans foram detecta-
plexo citocromo P-450 dos fungos. O resultado das em período de 22 meses em seis hospitais de
é a inibição da conversão de lanosterol em assistência médica de nível terciário. Quanto à
ergosterol, com a depleção conseguinte de infecção urinária por Candida, sua existência vem
ergosterol, acumulação de precursores e perda da sendo revelada por relatos de casos isolados e por
integridade da membrana fúngica(1). estudos recentes que focalizaram condições
Os compostos imidazólicos e triazólicos, ini- predisponentes específicas(7).
bem o metabolismo de outros compostos devido Candidíases da Orofaringe é a infecção opor-
sua interferência em diferentes isoenzimas do tunista mais comum observada em pacientes com
complexo citocromo P-450 do ser humana. O re- HIV, acontecendo em 80 a 95% destes pacientes,
sultado é um potencial aumentado dos níveis quando a contagem dos linfócitos T-CD4 estão
plasmáticos de outros fármacos facilitando a apa- abaixo de 200 cel/mm3 (5).
rição de efeitos adversos(3,5). Assim, no Brasil, o sorotipo A de C. albicans
As isoenzimas de maior importância no me- apresenta-se em freqüência alta, particularmen-
tabolismo de diferentes fármacos são as CYP1A2 te em pacientes com AIDS e HIV-infectados. Em

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contraste, em alguns estudos executados na Eu- Este é predominantemente um fungo antro-


ropa e o EUA, autores sugeriram que o sorotipo pofílico distribuído no sudeste e sudoeste da Ásia
B de C. albicans parece ser mais prevalecente(5). e nordeste da Índia. No Brasil, foi apresentado o
Em todas as condições subjacentes menciona- primeiro caso de dermatofitose causado por
das, a infecção por Candida spp. é favorecida por Trichophyton raubitschekii em um paciente com
um sistema imunológico menos atuante e ou por Tinea corporis no Estado de São Paulo, também
mudanças no trato urinário, incluindo anoma- ocorrendo no Rio de Janeiro, onde foram iden-
lias anatômicas, redução do fluxo e alterações na tificadas 4 cepas deste fungo isoladas de lesões
composição da urina. Sendo geralmente assin- de Tinea corporis(11).
tomática, a infecção urinária por Candida deve ser
cogitada quando a microscopia do sedimento da Cryptococcus neoformans
urina mostrar leveduras(7). Criptococose é uma infecção fúngica causada
Um caso de um paciente lactente, neutro- por duas variedades de Cryptococcus neoformans,
pênico, com febre prolongada apenas do esque- com cinco sorotipos. Nós consideramos tradi-
ma terapêutico antibacteriano; essa condição já cionalmente as variedades de Cryptococcus
deve servir de alerta para a possibilidade de em neoformans var. neoformans. (sorotipos A, D e DC)
20% dos casos estar acontecendo uma infecção e Cryptococcus neoformans var gattii (sorotipos B e
fúngica; e de fato estava, o que foi confirmado C), o Cryptococcus neoformans var. Grubii apresen-
pela candidúria e após uma candidemia eviden- ta cepas de sorotipo A. Lacaz et al. (2002), obser-
ciada pela hemocultura positiva para Candida, varam que 40 de 58 cepas sorotipadas (70%) era
que tipada revelou não ser albicans; para um sorotipo A, 10 (17%) sorotipo B, 5 (8%) sorotipo
neutropênico, a conduta já deveria ter sido toma- D, 2 (3%) sorotipo C, e 1 (2%) sorotipo AD.
da pela persistência da febre após 96 horas da C. neoformans var. neoformans sorotipo A predo-
introdução de vancomicina; estaria indicada mina no Brasil, seguido pela gattii, sorotipo B com
empiricamente o uso da anfotericina B, associa- mais baixa freqüência(12).
da ou não ao fluconazol, até identificação dos Cryptococcus neoformans é um basidiomiceto,
eventuais testes de sensibilidade; a introdução que se apresenta na forma tecidual como leve-
precoce de terapêutica antifúngica eficaz é críti- dura encapsulada, corresponde a duas varie-
ca para a evolução do neutrôpenico; de outra par- dades fúngicas, com quatro sorotipos: var.
te, é absolutamente necessário o apoio do la- neoformans (sorotipos A e D) e var gattii (sorotipos
boratório na identificação das Candidas mais B e C). É fungo ubíquo, que vive como sapróbio
freqüentemente identificadas na região. Dessa no meio ambiente: em solos contaminados com
forma, alguns autores recomendam que nos ca- fezes de pombos (var. neoformans) e junto a
sos graves ou em pacientes neutropênicos, em eucaliptos (var. gattii), aquela de distribuição
regiões de maior freqüência de identificação de universal, esta restrita a zonas de clima tropical
Candidas não sensíveis à anfotericina ou azóis, e subtropical. A infecção criptococócica mais
como o fluconazol, quando não houver o apoio freqüentemente ocorre em pacientes imunode-
laboratorial adequado, que se use a associação da primidos (var. neoformans, fungo oportunista),
anfotericina B com fluconazol(8). mas pode ocorrer no hospedeiro normal (var.
Aspergillus é o segundo, Candida é o primeiro, gattii, patógeno primário)(13).
na freqüência de micoses oportunistas entre pa- O Cryptococcus neoformans é o quinto agente
cientes imunocomprometidos. Esta condição é oportunista mais comum em infecção de pacien-
mais freqüente em pacientes com leucemia, tes com AIDS nos EUA, só excedido pelas espé-
neoplasma linforeticular, pacientes que fazem cies de Candida, Pneumocystis carinii, citomega-
uso a longo prazo de esteróides e de drogas lovírus e Mycobacterium avium. No Brasil é o sex-
imunossupressoras, antibióticos de grande espec- to, excedido por espécies de Candida, P. carinii,
tro, e quimioterapia(9). espécies de Mycobacterium, Toxoplasma gondii, e o
Obtiveram diferenças estatísticas significati- vírus da herpes simples(14).
vas na susceptibilidade para as cepas ensaiadas Criptococose foi relatada ser associado com
ao itraconazol e fluconazol, mostrando uma mai- AIDS na maioria dos casos, ou com outras
or resistência para estes agentes as cepas corres- imunodeficiências, raramente sendo observado
pondentes para as espécies distintas de C. não- em pacientes imunocompetentes. Criptococose
albicans, especialmente C. torulopsis(10). induzida por C. neoformans var. neoformans nor-

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malmente acontece nos pacientes imunocompro- Comitê Nacional para Padrões de Laboratórios
metidos e C. neoformans var. gattii acontece em Clínicos (NCCLS) estabeleceu um subcomitê para
pacientes imunocompetentes(12). testar a suscetibilidade antifúngica. Vários cen-
A var. gattii de C. neoformans age como pató- tros administrados pelo NCCLS foram formados
geno primário, infecta, usualmente, pacientes para enviar todo o procedimento laboratorial e
imunocompetentes residentes em área rural. O fun- solução dos problemas técnicos que afetam o
go tem tropismo especial pelo sistema nervoso cen- reproducibilidade interlaboratorial. Baseado nes-
tral e mostra tendência a manter-se como impor- tes esforços, o NCCLS publicou uma diretriz para
tante foco pulmonar. Mais rebelde ao tratamento suscetibilidade antifúngica que testa e interpre-
com antifúngicos que a var. neoformans, foi causa de ta os pontos principais dos triazóis e 5-fluoro-
mortalidade em 56% dos nossos nove pacientes(13). citocina. O método proposto é um método de di-
De acordo com Tapia e cols. (2003)(4), quando luição que é de boa reproducibilidade inter e
o paciente é imunocomprometido, as células de intralaboratorial para testar as leveduras(3).
C. neoformans tentam escapar das defesas do or- A resistência primária de leveduras a deriva-
ganismo produzindo ácido de siálico, polissa- dos azóis, especialmente ao fluconazol, é um fe-
carídios capsulados, melanina, manitol e fosfo- nômeno que vem emergindo, e pode representar
lipase. Em contraste, em pacientes imunocom- a ponta de um iceberg. Este fenômino é bem co-
petentes ainda não foi claramente. Na criptococose, nhecido nas espécies Candida krusei e C. glabrata.
a melanina parece interferir com a virulência das Alterações na suscetibilidade de C. neoformans ao
leveduras, com grande tropismo para o sistema fluconazol foram descritos e foi atribuído prin-
nervoso central, rico em catecolaminas(12). cipalmente ao fenômeno de efluxo no qual a
Foram diagnosticados 78 pacientes em Belém perda de droga no interior celular acontece atra-
do Pará com criptococose por Corrêa e cols. vés de transporte ativo e é mediada através da
(1999), dezenove desses pacientes eram crianças glicoproteína P ou por outras proteínas como
menores de 13 anos de idade. Todos os doentes MFS (principal superfamília facilitadora)(14).
apresentavam sinais e sintomas de envolvimento Itraconazole e fluconazole são triazóis com
do sistema nervoso central(13). mecanismos semelhantes, agindo especialmente
Todas as amostras foram identificadas como no citocromo P450 da parede celular do fungo.
C. neoformans, demonstração da cápsula ao exa- Obtendo resultados significativos em resposta a
me direto e prova da uréia positiva nos cultivos. combinação destas drogas, principalmente no
Repiques dos isolados de alguns pacientes foram, combate das espécies C. não-albicans e C. albicans.
recultivados e reexaminados sendo submetidos Porém, o mecanismo subjacente de um possível
a cultivo em meio de canavanina-glicina-azul de sinergismo entre ambas as drogas é desconheci-
bromotimol, confirmando o diagnós-tico(13). do. Não ocorrendo nenhum relato de ação anta-
Criptococose tem sido descrita em pacientes gônica entre estas duas drogas(10,15).
de todas as idades. Contudo, ocorre com mais De mesma forma, Alves e cols. (1997) enfatiza
freqüência em adultos jovens e pessoas de meia que não foi observada resistência cruzada entre
idade, especialmente do sexo masculino. No gru- as drogas azóicas e a anfotericina B. Devido a
po pediátrico a micose basicamente ocorre nos estes fatos podemos supor que o caminho da
imunodeprimidos. No Brasil, nos últimos anos biossíntese do ergosterol permanece inalterado,
houve incremento nos relatos de criptococose em reforçando a idéia que o efluxo pode ser o meca-
crianças. Na maioria dos casos, a infecção se dá nismo principal da resistência ao fluconazol(14).
pela var. gattii. O aumento na incidência desta A importância de realizar cultivo e identifi-
infecção fúngica na infância, pode ser atribuído cação de cepas isoladas, exclui o feito de que al-
a migração da população urbana para a zona gumas espécies de Candida são resistentes natu-
rural, áreas de desmatamento da região amazô- rais a certos imidazoles, como por exemplo
nica, predominando a var. gattii, bem como con- C. krusei, que é resistente natural ao fluconazol,
seqüência de desnutrição ou imunodeficiência apesar de que outras leveduras como C. tropicalis
adquirida(13). e C. glabrata apresentam uma maior resistência
aos azóis em general. Se pensa que o uso prévio
de imidazoles, especialmente o fluconazol, po-
Mecanismo de resistência deria efetuar uma seleção destas espécies resis-
Dado a necessidade para unificar métodos tentes, também podendo induzir a aparição de
para testar os agentes principais das micoses, o cepas mutantes de C. albicans resistentes a tera-

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pia(10). Este evento também ocorre no tratamento O fluconazol constitui a terapia de eleição
de pacientes com AIDS. A ocorrência de can- para estes casos, mas no estudo realizado sobre
didíase azol refratária e espécies não-albicans a susceptibilidade in vitro ao itraconazol em ce-
isoladas são mais prevalentes entre pacientes pas de C. albicans procedentes de pacientes com
em fases avançadas da doença, com história de CVVR se encontrou uma variação de 94-99% de
candidíase oral periódica e exposição a terapia susceptibilidade. Portanto, o fluconazol mostrou
antifúngica intermitente ou contínua. Assim, pro- ser uma droga excelente para as cepas de C.
cedimentos deveriam identificar e nivelar as albicans, mas não obteve o mesmo resultado para
espécies, assim como testar a suscetibilidade as cepas de C. não-albicans, especialmente para o
antifúngica principalmente para pacientes com grupo de CVVR, que mostrou 100% de resistên-
AIDS e candidíase da orofaringe que exibem tais cia. A resistência ao fluconazol entre as espécies
condições(5). distintas de Candida começaram a ser relatadas
Se acha de que estas espécies estejam aumen- na literatura pouco depois da aparição deste
tando sua freqüência como causas da ampla uti- antifúngico(10).
lização do fluconazol nestes casos, podendo ser Na infecção de paciente com AIDS e can-
a causa do fracasso terapêutico a repetição deste didíase da orofaringe, a C. albicans é seguida
antifúngico, sobre tudo tendo em conta o uso de freqüentemente por C. glabrata, C. tropicalis, C.
doses únicas, que, eliminam os sintomas, mas krusei, C. parapsilosis e outras espécies não-
não são capazes de produzir a cura microbio- albicans. Estas últimas são normalmente menos
lógica nem a clínica completa, tornando os pa- suscetíveis ou resistentes ao fluconazol, relata-
cientes suscetíveis a uma nova infecção princi- ram Sant’ana e cols. (2002). O mesmo acontece
palmente aqueles que estão hospitalizados, em no tratamento de meningite criptococcose em
contato com pacientes que abrigam espécies di- pacientes com AIDS apóiam a idéia que até mes-
ferentes. Apresentando resistência a uma ou mais mo no Brasil as cepas de C. neoformans resisten-
drogas azólicas, a qual já foi exposto, tornando- tes ao fluconazol podem ser mais freqüente que
se reincidida agentes, como a Candida na cavida- se é suposto(5,14).
de orais desses pacientes(5). Outro mecanismo de resistência para agen-
Para o fluconazol se obteve ampla sensibili- tes azóis inclui:
dade de C. albicans nos três grupos estudados, a) permeabilidade reduzida da membrana
apesar que C. não-albicans mostrou uma resistên- que resulta em mudanças na composição
cia de 50% no grupo de assintomáticas, 20% no do esterol de membrana e por conseqüen-
CVVPE (Candidoses Vulvovaginal Primária Es- te, haverá menor captura da droga pelo
porádica) e totalmente resistentes no grupo de fungo;
CVVR (Candidoses Vulvovaginal Recorrente). b) uma mutação na enzima fúngica designa-
Ambos serotipos de C. albicans foram sensíveis a da (esterol 14-α demetilase, uma enzima
esta droga nos três grupos estudados. As cepas P450 citocrómica) resultando em afinida-
de C. não-albicans estudadas, C. torulopsis mostrou de diminuída pelas drogas azóis;
36% de resistência a droga, apesar que C. c) uma superprodução de citocromo designa-
tropicalis e C. glabrata, apresentaram 9,1% de re- do enzima de P450;
sistência a mesma(10). C. albicans isolada, resisten- d) amplificação do gene CYP 51;
te ao fluconazol foi obtido de pacientes, que teve e) alterações das enzimas desaturase e lesões
uma história longa de exposição a azóis, devido na isomerase, entre outras(14).
a episódios periódicos de Candidíase (mais de Estes mecanismos de defesa apresentados
cinco episódios)(5). pelos agentes patológicos seleciona positivamen-
Estudos adicionais são necessários na terapia te cepas mais resistentes fazendo com que os
profilática com o propósito de descobrir a inter- tratamentos não sejam mais eficazes, necessitan-
ferência inicial para a suscetibilidade de Candida do sempre de drogas mais potentes para alcan-
assim como C. neoformans, C. dubliniensis ou çar o restabelecimento e cura dos pacientes(4).
outros fungos ao fluconazol. Somente na cepa de
C. tropicalis se encontrou relação entre o trata-
Tratamento
mento prévio com fluconazol e a resistência apre-
sentada tanto ao fluconazol como a itraco- O aumento da população de pacientes
nazol(4,10,14). imunocomprometidos ou com outros fatores de

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risco (idades extremas, antibioterapia de amplo drogas tinham sido usadas isoladamente sem
espectro, etc.), tem determinado um aumento na sucesso. Porém, o paciente evoluiu e alcançou a
incidência de infecções fúngicas sistémicas nas cura completa depois da terapia de combinação
últimas décadas. Isto, associado ao uso crescente em longo prazo com estes dois triazóis(15).
de drogas antifúngicas tem contribuído para apa- O tratamento próspero não é a regra, poden-
rição de leveduras com resistência secundária aos do também apresentar uma resposta pobre à dro-
antifúngicos, o qual tem sido necessário o desen- ga antifúngica. Outras alternativas terapêuticas
volvimento de métodos para avaliar a suscepti- incluem o uso de componentes imidazol paren-
bilidade a estas drogas(16). teral ou oral, por exemplo fluconazol e itra-
De acordo com a literatura, o tratamento da conazole que já se tem relatos, o uso de itra-
rhinoentomophthoramycosis foi executado pros- conazole com sucesso em um paciente imuno-
peramente com iodeto de potássio, combinação competente com meningites de Aspergillus. O
de sulfametoxazol-trimetoprim, amphotericin B, Fluconazol poderia ser considerado uma terapia
e cetoconazole. Todas estas drogas foram usadas alternativa a meningites de Aspergillus em pa-
sem sucesso. Itraconazole e fluconazole, anti- cientes selecionados. Por ser bem tolerado e não
fúngicos triazóicos de largo-espectro foram apresentar efeitos colaterais(9).
efetivamente usados contra várias outras mi- O uso de fluconazol, triazol altamente efeti-
coses, também tinha sido usado isoladamente vo e de baixa toxicidade amplamente utilizado
para tratar o paciente, inicialmente produzindo na prevenção e terapia destas complicações, está
regressão das lesões, mas com reaparecimento da associado a aparição de resistência secundária de
infecção brevemente após o fim do tratamento. espécies isoladas. Os fatores de risco mais impor-
Todos os antifúngicos disponíveis no Brasil em tantes de adquirir resistência secundária ao
1993 falharam na cura do paciente(15). fluconazol são os episódios recorrentes de COF
Cultura em ágar sabouraud com ciclohexi- e o tratamento prévio com a droga. Se tem de-
mide permitiu o isolamento de um fungo identi- monstrado que existe uma boa correlação entre
ficado primeiro como Trichophyton rubrum e en- a concentração inibitória mínima (CIM) e a res-
tão finalmente identificou-se como Trichophyton posta ao tratamento em pacientes com SIDA y
raubitschekii. Em 1981, houve o relatou uma nova COF. Devido a isto, surgiu a necessidade de
espécie de Trichophyton isoladas da epiderme medir a sensibilidade das cepas isoladas de
de um paciente em Toronto (Canadá), que COF (fundamentalmente a azóis) mediante o uso
foi chamado Trichophyton raubitschekii. Este é de técnicas padronizadas de susceptibilidade
um dermatófito urease-positivo semelhante ao antifúngica(4).
Trichophyton rubrum(11). Em paciente infectados com HIV que desen-
O tratamento de Trichophyton raubitschekii, foi volvem COF e CE é fundamental a vigília da sus-
feito sistemicamente com fluconazol, 150 mg/ ceptibilidade das cepas ao fluconazol, já que, a
semana durante 4 semanas, em combinação com aparição de cepas resistentes pode traduzir-se
tratamento tópico com isoconazol. Primeiro, fo- em uma falha terapêutica. Etest® um método
ram obtidos resultados favoráveis, seguido por confiável, capaz de detectar cepas altamente re-
retorno de lesões depois que a medicação foi sistentes é fácil de realizar em laboratórios de
descontinuada(11). microbiologia que não contam com o método de
O tratamento com fluconazol oral 200 mg/ referência(4).
dia, combinado com itraconazol 400 mg/dia, de- Outras espécies de Candida diferentes da C.
vido à falta de outras opções de tratamento. O albicans são relativamente incomuns na infecção
paciente com fungos evoluiu para a cura clínica de candidíase da orofaringe, embora aconteça,
e micológica em 3 meses. Ao longo de tratamen- especialmente em indivíduos HIV-infectados,
to o paciente foi monitorado todo 2 meses com pacientes com AIDS e outros pacientes imuno-
exame clínico e micológico, contagem completa comprometidos submetidos a terapia antifúngica
de glóbulos, e testes bioquímicos sanguíneos. demorada(5).
Não apresentando nenhum efeito colateral ou Uma espécie que tem tido relevância nos úl-
sinais de toxicidade em resposta as drogas(15). timos tempos e que também é agente causal de
O tratamento pode ser aplicado com resulta- COF tanto em pacientes HIV negativos como em
dos satisfatórios que usam iodeto de potássio, pacientes com SIDA é C. dubliniensis. Tem-se ob-
anfotericina B, fluconazol e cetoconazol. Estas servado que C dubliniensis substitui a C. albicans

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Características gerais da ação, do tratamento e ... Santos Jr ID, et al.

em pacientes com SIDA e COF tratados previa- dimentos invasivos, quebrando barreiras de pro-
mente com fluconazol(4). teção natural, uso intensivo de antibióticos de
Infecções recorrentes de candidíase da amplo espectro e a capacidade de sustentar a vida
orofaringe nesta população de paciente causa o de pessoas muito debilitadas e susceptíveis a
desenvolvimento de resistência a droga pela microorganismos oportunistas(7).
Candida. Freqüentemente foi atribuída resistên- A entomoftoramicose afeta indivíduos com
cia de Candida para o azóis a uma pressão seleti- estado imunológico aparentemente intacto e
va causada pelo uso destas drogas antifúngicos ocorre principalmente em áreas tropicais. Dois
como profilaxia infecção ou tratamento por zigomicetos que pertencem à ordem Entomo-
Candida. Muitos estudos calcularam a incidência phthorales são os agentes etiológicos da ento-
de resistência clínica ao fluconazol de 6 a 36%, moftoramicose subcutâneo: Basodiobolus ranarum
dependendo do grupo de pacientes estudados e (= B. haptosporus) e Conidiobolus coronatus. Os pri-
o caso que definiu o uso(5). meiros casos micologicamente provados em hu-
Achados clínicos e histopatológicos são bas- manos foram descritos independentemente e si-
tante sugestivos, mas o diagnóstico definitivo só multaneamente em 1965 na Jamaica e África.
é possível, isolando e identificando os fungos em Ocorre esporadicamente em regiões tropicais da
cultura apropriada. Clinicamente, o diagnóstico Ásia, África, e o Américas. A doença é causada
diferencial deveria considerar escleroma, rhinos- por fungos saprófitos que vivem em escombros
poridioses, e tumores benignos e malignos da orgânico no ambiente. Poucos casos de rhino-
cavidade nasal(15). entomoftoramicose causados por C. coronatus
A incidência de infecções invasivas por foram relatados. No Brasil, o Nordeste é o foco
Candida tem aumentado consideravelmente du- principal desta micose. O aparecimento é seme-
rante as últimas décadas devido ao aumento da lhante a entomoftoramycosis subcutânea causa-
população de risco, por causa do immunosu- do por B. ranarum(15).
pressão e uso de diagnóstico invasivo e procedi- A doença é essencialmente crônica, evoluin-
mentos terapêuticos. Não obstante a infecção se- do no curso de anos. Nenhum período de incu-
cundária a invasão da circulação sangüínea por bação ou casos de involução espontânea são
Candida osteoarticular é freqüente. Podendo ocor- conhecidos. O diagnóstico é feito pela clínica,
rer infecção nosocomial venosa central cateter- histopatologia, e exame de micológico(15).
associada em pacientes com deficiência urinária, C. albicans podem ser antigenicamente divi-
ou alguma doença congênita que acomete os rins. didos em dois sorotipos principais baseados nas
Sendo achado envolvimento de osteoarticular diferenças da superfície antigênica definida como
múltiplo como resultado de candidemia. O pa- A e B. A expressão antigênica na superfície da
ciente foi tratado com anfotericina B, pois este é parede celular do C. albicans é um processo mui-
tratamento de eleção para a artrites por Candida to dinâmico que pode refletir a habilidade do
por ter boa penetração no líquido articular, não microorganismo de se adaptar ao hospedeiro. A
sendo necessária a terapia intraarticular. Segui- variabilidade pode ser influenciada através de
do de fluconazol oral, que por sua vez tem boa fatores ambientais e nutricionais, como também
penetração no líquido articular onde alcança con- pela origem de tensão(5).
centração similares a do plasma e também dre- Foram achados uma alta prevalência de
nagem cirúrgica das juntas afetadas. O resultado C. albicans em pacientes infectados por HIV e
clínico foi favorável com completa restauração pacientes com candidiase da orofaringe(5).
anatômica e funcional, não apresentando qual- Devido a quantidade de espécies difetentes
quer sinal adverso durante dois anos seguidos(17). do gênero Candida que respondem de formas di-
Os relatos de infecções invasivas por levedu- ferentes aos medicamentos de combate. Como é
ras do gênero Candida eram escassos até a meta- o caso das Candidas tropicalis, albicans e parapsilosis
de do século XX. Nas últimas décadas, C. albicans são sensíveis à anfotericina; as Candidas, glabrata
e espécies não-albicans vêm se tornando cada vez e krusei são relativamente resistentes ao fluco-
mais importantes como causa de infecção. A nazol; as Candidas lusitanae e guilliermondii são
transformação da levedura, de comensal a impor- naturalmente resistentes à anfotericina(8).
tante agente de infecções, ocorre em ambiente Fluconazol deve ser administrado com uma
hospitalar e resulta do próprio progresso da me- dose de carga equivalente ao dobro da terapia a
dicina: surgimento de grande número de proce- utilizar para assegurar concentrações estacioná-

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Características gerais da ação, do tratamento e ... Santos Jr ID, et al.

rias desde o segundo dia. O incremento da dose 3. Colombo AL, Matta D, Almeida LP, et al. Fluconazole
susceptibility of brazilian Candida isolates assessed by
aumenta o risco de neurotoxicidade, a que é a disk diffusion method. Braz J Infect Dis. 2002;6:118-23.
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80 µg/ml e associado a doses de 800 mg/dia antifúngica de Candida albicans recuperadas de pacien-
ou a doses menores na presença de deficiência tes con SIDA y candidiosis orofaríngia y esofágica.
Experiencia con Etest. Rev Méd Chile. 2003;131:515-9.
renal(1).
5. Sant’ana PL, Milan EP, Martinez R, et al. Multicenter
Nós comunicamos um caso de meningite de brazilian of oral Candida species isolated from AIDS
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Cryptococcus neoformans var. gottii serotype B, in
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primeira parte: fluconazol, itraconazol y voriconazol. HENRIQUE DOUGLAS MELO COUTINHO
Universidade Federal da Paraíba – UFPB
Rev Chil Infectol. 2004;21:26-38. Centro de Ciências Exatas e da Natureza – CCEN
Departamento de Biologia Molecular – DBM
2. Moysés Neto M, Figueiredo JFC. Terapêutica das Laboratório de Biologia Molecular e Ecologia – LABIME
micoses profundas em pacientes transplantados renais. CEP 58051-900, João Pessoa, PB, Brasil
J Bras Nefrol. 1996;18:369-74. E-mail: hdouglas@zipmail.com.br / h-douglas@bol.com.br

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