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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE DIREITO

Direito Penal II – Parte Especial

Professores Miguel Reale Júnior e Eduardo Reale Ferrari

Monitora Heidi Rosa Florêncio

Explosão e Inundação
ANÁLISE OBJETIVO-SISTEMÁTICA DOS TIPOS PENAIS E EXEMPLOS JURISPRUDENCIAIS

A presente análise tem como objetivo bem simples a análise dos tipos penais da
explosão e da inundação, contidos nos artigos 251 e 254 do Código Penal, respectivamente. A
finalidade seria expor os referidos tipos segundo os critérios da tipicidade objetiva e subjetiva,
da caracterização de seus sujeitos ativo e passivo, da configuração da modalidade culposa e das
causas de aumento de pena, além da construção da noção do momento da consumação destes e
da possibilidade da tentativa.

É patente que tanto a explosão como a inundação são crimes de perigo comum,
estando insertos no mesmo capítulo dentro do Código Penal. Do mesmo modo, ambos têm
como bem jurídico a incolumidade pública, que é exposta à lesão com a explosão ou a
inundação. A incolumidade pública é a segurança de todos os membros da sociedade, que têm
sua vida, sua integridade pessoal e patrimonial sujeitos à acentuada possibilidade de lesão. As
condutas sobre as quais incidem os tipos em voga se caracterizam por colocar em risco um
número indeterminado de pessoas (“perigo comum”).

Assim como o incêndio, caracterizam-se a explosão e a inundação como crimes de


perigo concreto. Ou seja, assim como defende LUIZ RÉGIS PRADO1 ao dissertar sobre o incêndio:
“o perigo faz parte do tipo, integra-o, como elemento normativo, de modo que o delito só se
consuma com a real ocorrência do perigo para o bem jurídico. É indispensável que o perigo seja
comprovado, isto é, é preciso que o juiz verifique se o perigo realmente ocorreu ou não, no caso
em exame”. Ainda afirma o ilustríssimo penalista, “se a produção do resultado figura como não
absolutamente improvável, a ação era perigosa. Não basta, pois, a previsibilidade objetiva do
resultado, mas também não é preciso que a produção apareça como provável”.

1
RÉGIS PRADO, Luiz. Curso de Direito Penal Brasileiro, v. III. 3ª ed. São Paulo: RT, 2001, p 424.

GUILHERME PERUCHI – Nº. USP 6855641

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Assim, temos que em ambos os crimes a consumação se dá com a ocorrência de uma
situação fática na qual haja a produção iminente de uma lesão ou perigo de lesão ao bem
jurídico tutelado pela norma. Ou seja, consuma-se o delito com o estabelecimento de uma
situação de perigo comum.

A tentativa é perfeitamente cabível. Ocorre esta se a inundação ou a explosão não


ocorrerem por circunstâncias alheias à vontade do agente, não atingindo o bem jurídico, ou
mesmo logrando o agente realizar a explosão ou inundação, os efeitos destas são prontamente
extintos por circunstâncias extrínsecas, o que impede a configuração do perigo comum.

Quanto aos sujeitos, tem-se que esses delitos são claramente delitos comuns, podendo
ser qualquer pessoa agente capaz de praticá-lo. O sujeito passivo é a própria coletividade e,
eventualmente, aqueles que têm a sua integridade pessoal ou patrimonial lesada ou ameaçada.

Quanto à tipicidade, convém que separemos a análise dos tipos em questão. O tipo da
explosão possui um só núcleo, expor a perigo, e os seguintes objetos materiais: a vida, a
integridade e o patrimônio de outrem, estando dispostos estes alternativamente, o que leva crer
que há a incidência da norma, contida no dispositivo, infalivelmente quando pelo menos um
desses bens são expostos a risco a partir da prática da conduta em voga. Os meios empregados
também são elencados, a saber: a explosão, o arremesso ou a simples colocação de engenho de
dinamite ou substância de efeitos análogos (caput do artigo 251), sendo que se a substância
aplicada não for dinamite ou substância de efeitos análogos, incide o §1º ao artigo 251 do
Código Penal.

A tipicidade subjetiva é integrada pelo dolo, que é a consciência e vontade de causar


explosão, expondo a vida, a integridade física e o patrimônio de outrem. Há previsão da
explosão culposa, segundo verifica-se pelo §3º do mesmo dispositivo legal.

Há a previsão de causas de aumento de pena (artigo 251, §2º, Código Penal). Esse
dispositivo remete às causas pelas quais se majora a pena do agente que comete o delito de
incêndio; assim sendo, a pena correspondente ao delito de explosão sofre majorações pelas
mesmas causas que se majora a pena correspondente ao tipo penal do incêndio (artigo 250,
Código Penal).

Em relação ao delito da inundação, tem-se que sua tipicidade objetiva é composta por
somente um núcleo: causar inundação, havendo o especial fim de expor a perigo a vida, a
integridade física e o patrimônio de outrem. A tipicidade subjetiva é igualmente integrada pelo
dolo, que é a consciência e vontade de causar inundação. Há a previsão legal de modalidade
culposa para o referido delito, segundo se verifica na cominação da pena, no próprio caput do
artigo 254 do Código Penal.

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Para que melhor fique exposta esta análise, propomos a elaboração de um QUADRO

SINÓPTICO, assim como está infra:

EXPLOSÃO INUNDAÇÃO

Bem jurídico A incolumidade pública.

Ativo – Qualquer Pessoa (delito comum).


Sujeitos
Passivo – A coletividade.

Expor a perigo a vida, a


integridade física ou o patrimônio
de outrem, mediante explosão,
Causar inundação, expondo a
arremesso ou simples colocação
perigo a vida, a integridade física
Tipo objetivo de engenho de dinamite ou de
ou o patrimônio de outrem (caput
substância de efeitos análogos
ao artigo 254).
(caput ao artigo 251) ou de
substância que não seja dinamite
e não tenha efeitos análogos (§1º).

As penas previstas são


aumentadas em um terço se
Causas de ocorre qualquer das hipóteses
Aumento de previstas no § 1º, I do artigo 250, Não há.
Pena ou é visada ou atingida qualquer
das coisas enumeradas no inciso
II do mesmo parágrafo.

Dolo. Ou seja, a consciência e Dolo. Ou seja, a consciência e


Tipo
vontade de praticar a conduta vontade de praticar a conduta
subjetivo
delituosa (explosão) delituosa (Inundação)

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Consumação: Com o efetivo estabelecimento da
Consumação
situação de perigo comum.
e Tentativa
Tentativa: admissível em certos casos.

Modalidade
Possível em ambos os delitos (artigo 251, §3º e artigo 254, CP).
Culposa

Ação Penal A ação penal é publica incondicionada.

Após essa sintética análise da explosão e da inundação, somente apresentamos


dois casos oferecidos pela jurisprudência nos quais há a aplicação desses dois tipos
penais.

Em relação ao tipo penal presente no artigo 254 do Código Penal, tem-se o


habeas corpus Nº 95.941 - RJ (2007/0288371-0), no qual o paciente é denunciado pelos
crimes de inundação, poluição e não cumprimento de obrigação de relevante interesse
ambiental (arts 254 do Código Penal e 54 caput, parágrafo 2º, III, e 68 caput, da Lei nº
9.605/98). No caso em questão, uma barreira provisória se rompera, causando danos
ambientais. Tem-se que as condutas delituosas decorreram de uma omissão, tendo,
porém, o réu alegado sua impossibilidade de agir. Assim, ausente um dos elementos
indispensáveis para caracterizar um agente sujeito ativo de delito omissivo – no caso em
exame, o poder de agir –, previstos no art. 13 do Código Penal, falta justa causa para o
prosseguimento da ação penal, em face da atipicidade da conduta. Como conseqüência,
houve o trancamento desta ação penal.

Quanto ao tipo penal presente no artigo 251 do Código Penal, tem-se o habeas
corpus Nº 73.964 - SP (2007/0001910-0). No caso analisado, o paciente teria
participado de uma ação coordenada por organização criminosa, denominada PCC, no
Estado de São Paulo, que promoveu uma onda de ataques a forças de segurança, órgãos
públicos e estabelecimentos comerciais, arremessando garrafas explosivas em uma
revendedora de carros. Nesse sentido, entende-se que os requisitos constantes do art.312
do Código de Processo Penal (o qual expõe as hipóteses de configuração da prisão
preventiva), no caso concreto, restam evidenciados. A liberdade do paciente acarreta
risco eminente de lesão à ordem pública. Isto porque, a sua periculosidade resta

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evidenciada, não somente em razão da gravidade do delito praticado, mas
principalmente em virtude do modus operandi pelo qual a conduta, em tese, foi
praticada, que extrapola o convencional. Dessa maneira, indefere-se a liberdade
provisória pleiteada.

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