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MOVIMENTOS SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO POPULAR: LUTA PELA CONQUISTA DOS DIREITOS SOCIAIS

MOVIMENTOS SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO POPULAR:


LUTA PELA CONQUISTA DOS DIREITOS SOCIAIS
Camila Maximiano Miranda*
Neuza Aparecida Novais Castilho.**
Vanessa Cristina Carvalho Cardoso.***

RESUMO
Este artigo tem como objetivo resgatar o reconhecimento histórico dos movimentos sociais e da
participação popular como elementos fundamentais na conquista, consolidação e ampliação dos
direitos, cujo processo histórico, atualmente distanciado, se faz necessário para a compreensão e
conquista de novos espaços de luta. Para tanto, utilizamos como encaminhamento metodológico a
pesquisa bibliográfica. Não pretendemos esgotar as possíveis análises sobre o tema em questão, mas
partimos do panorama dos principais movimentos sociais ocorridos após o século XVIII, século da
emergência do capitalismo e da Revolução Industrial, para exemplificarmos os avanços, inclusive dos
movimentos ocorridos no Brasil da época colonial à contemporaneidade. Nessa perspectiva,
percebemos e destacamos que os movimentos sociais e a participação popular são elementos
fundamentais na promoção das reivindicações e na tomada de espaço de luta, necessários para
assegurar a conquista, consolidação e ampliação dos direitos.
PALAVRAS-CHAVE: Direitos. Movimentos sociais. Participação popular. Conquista.

INTRODUÇÃO

A questão dos movimentos sociais e participação popular remetem sempre à


problemática das classes sociais oriundas da sociedade capitalista. Nesta relação de classes
antagônica e contraditória, os movimentos sociais, a participação popular, as greves e as
reivindicações são formas de expressão na luta por melhores condições de existência.
No século XVIII se completa a transição de sistema feudal a capitalismo, as
mudanças provocadas no processo de produção e a emergência do trabalho assalariado
impactam diretamente as relações sociais, reorganizando a sociedade em moldes capitalista de
produção e reprodução, dividindo-a em duas classes sociais, dos que detêm e dos que não
detêm os meios de produção.
Esta divisão elucida o caráter antagônico das relações capitalistas, permeando
todas as atividades humanas e esferas da vida social estabelecidas no conjunto das práticas

*
Professora do Curso de Graduação em Serviço Social da Faculdade Católica de Uberlândia e orientadora deste
artigo. E-mail: camilamaxi@hotmail.com
**
Aluna do Curso de Graduação em Serviço Social da Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail:
nncastilho@hotmail.com.
***
Aluna do Curso de Graduação em Serviço Social da Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail:
vanecric@hotmail.com.

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sociais, potencializando o processo de dominação econômica, política, social, ideológica e


cultural e a manutenção do mando e do poder.
A venda da força de trabalho aliena o trabalhador de sua capacidade criativa de
produção, que não percebendo a alienação, não reconhece a exploração de que é vítima. Os
conflitos entre as classes aparecem a partir do momento em que os trabalhadores percebem
que estão trabalhando mais e, no entanto, estão cada dia mais miseráveis.
Vários tipos de enfrentamento vão surgindo no decorrer do desenvolvimento do
capitalismo, em que os operários vão se organizando, de forma lenta, mas constante, em
associações e sindicatos e a partir deles ocorrem os “movimentos de independência”. A teoria
marxista mostra a importância do processo de formação de consciência de classe, por meio da
qual o trabalhador descobre que seus interesses são divergentes dos interesses da classe
dominante.
Os operários jamais aceitaram passivamente as novas condições impostas pela
consolidação do capitalismo e da burguesia e, diante das contradições resultantes desta
consolidação ao longo do século XIX, cita BAKUNIN (1992, p. 6): “Toda propriedade
burguesa, enquanto propriedade exclusiva, é baseada na miséria e no trabalho forçado do
povo, forçado não pela lei, mas pela fome”.
As diferenças sociais se tornaram agudizadas em face das condições de vida e de
trabalho da classe dos trabalhadores, produzindo a resistência dos mesmos de diversas
maneiras e em diversos lugares no mundo.
No Brasil, a independência e a organização do Estado brasileiro após séculos de
colônia império, se processam de acordo com as aspirações e interesses da aristocracia rural; o
processo de emancipação política do Brasil não alterou as estruturas de poder no país.
“Permanecerão os mesmos quadros administrativos, na maior parte das vezes até as mesmas
pessoas; e os processos não se modificarão.” (PRADO JR, 1967, p. 260).
O estudo da história revela que os movimentos sociais e a participação popular
estiveram sempre presentes em todas as sociedades e devem ser entendidos como fenômenos
do processo de mudança.

AVANÇOS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

O movimento social refere-se então a perspectiva de mudança social, isto é, a


possibilidade de superação das condições de opressão e da construção de uma nova forma de
sociedade.

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Na Antiguidade destacam-se o movimento de escravos e religiosos; na Baixa


Idade Média, os movimentos camponeses e servis – os camponeses tinham poucos direitos,
viviam quase completamente a mercê de seus senhores, pagando a esses várias taxas. Os
nobres dominavam a terra, detendo todo poder político, econômico, judicial e militar,
formando a classe dominante na Europa por aproximadamente 400 anos; ocorrem as
insurreições camponesas e as revoltas se alastram rompendo com os laços de lealdade.
Nas cidades (burgos), os artesãos entram em conflito com os comerciantes ricos
(burgueses) que os mantinham presos e impotentes. Os comerciantes, por sua vez pressionam
o rei, exigindo maior liberdade comercial e reconhecimento político junto às esferas do poder.
Este período de grande efervescência dos movimentos sociais culmina na derrocada do
sistema feudal.
Chega-se na Idade Moderna com os movimentos dos mercadores e comerciantes
protagonizando a Revolução Industrial e a transição para o sistema capitalista de produção.
Na Idade Contemporânea, com o capitalismo já consolidado, destacam-se os movimentos
operários denunciando as precárias condições de vida nas fábricas e nas cidades.
O pensador alemão Karl Marx em muito contribuiu para a compreensão de classe
social a partir da relação e reprodução social, em que as condições materiais da sociedade
condicionam as relações sociais, isto é, a situação de classe condiciona a relação do indivíduo
com e na sociedade. Para Marx: “Não é a consciência dos homens que determina o seu ser,
mas, ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência”. (MARX, 1845, p. 108).
Uma das faces mais perversas do capitalismo se mostra na exploração do
trabalhador com jornadas de trabalho excessivas e péssimas condições de sobrevivência
aviltantes à dignidade humana. Alguns segmentos de trabalhadores, em lugares e momentos
diversos, começam a se insurgir contra as explorações sofridas. As lutas, a princípio mais
isoladas, por melhores salários e redução de jornada de trabalho, pouco a pouco, tornam-se
mais freqüentes e organizadas.
A primeira manifestação de resistência foi o “Movimento Ludita”, no qual
operários ingleses inspirados em Ned Ludd, deram início à destruição das máquinas,
responsabilizadas como a causa da situação de miséria dos trabalhadores; o governo reage
violentamente com perseguições e até condenações à morte.

(...) Qual a eficácia da destruição de máquinas? (...) O tumulto e a destruição


das máquinas proporcionaram aos trabalhadores vantagens valiosas em todas
as ocasiões. O patrão do século XVIII estava constantemente consciente de
que uma exigência intolerável produziria não uma perda de lucros

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temporários, mas a destruição de equipamento importante. (HOBSBAWN,


1981, pp. 26-27).

As greves, as ações de quebra-quebras de máquinas ou simplesmente o cruzar de


braços implicava em prejuízos imediato aos capitalistas, posto que, não havendo produção
não havia exploração da mais-valia e, portanto, não havia acumulação. Esses eram os únicos
instrumentos de luta dos trabalhadores, uma vez que os mesmos não tinham quem os
representassem para defender seus interesses diante do Estado em face do capital.
A segunda manifestação, o “Movimento Cartista”, em 1830, também na
Inglaterra, foi outro momento da luta operária; criou-se a Associação dos Operários por meio
da qual foram realizadas greves, passeatas e comícios para pressionar o parlamento inglês. Os
operários pretendiam com esse movimento uma representação política do proletariado, no
entanto, a publicação da “Carta do Povo” foi recusada pelo governo que esvaziou esse
movimento em 1848. Neste mesmo ano, a publicação do Manifesto Comunista, de Karl Marx
e Engels aponta um novo caminho para os trabalhadores, a classe proletária orientada para a
luta.
Após longo processo de conflitos, o movimento operário chegou ao final do
século XIX com uma consciência crítica relativamente desenvolvida sobre a sociedade
capitalista, tendo claro o seu papel de sujeito de transformações sociais. O processo pelo qual
os indivíduos passam, como agente de transformação social, de uma situação passiva para
uma situação ativa e reivindicatória é decorrente do contexto socioeconômico e histórico de
cada sociedade.

A História não faz nada, não “possui uma enorme riqueza”, ela “não
participa de nenhuma luta”. Quem faz tudo isso, quem participa das lutas, é
o homem, o homem real; não é a “História” que utiliza o homem como meio
para realizar os seus fins – como se tratasse de uma pessoa individual – pois
a História não é senão a atividade do homem que persegue seus objetivos.
(MARX, Karl e ENGELS, México, Grijalbo, 1967, p. 1590.

Para se compreender a construção histórica dos movimentos sociais é preciso


valorizar as experiências efetivas de reivindicações e conscientização dos trabalhadores, por
meio das organizações representativas como sindicatos e partidos políticos. Neste cenário,
Antônio Gramsci, pensador italiano teórico do marxismo, enfatiza: “a necessidade da
formação do intelectual orgânico, ou seja, o intelectual ligado a sua classe e capaz de elaborar
coerente e criticamente a experiência proletária.” (GRAMSCI apud ARANHA, 1992, p. 165).

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Os avanços observados em alguns momentos da história do Brasil, nas órbitas


econômicas, sociais e políticas, sempre estiveram vinculadas aos interesses do capitalismo
internacional o que significa que na divisão internacional do trabalho, o papel do Brasil foi
sempre de subalternidade em relação aos países desenvolvidos, submetendo o povo a uma
situação opressiva.
Nos três séculos de colonização portuguesa não se proporcionou nenhum
desenvolvimento interno e nem uma base para o desenvolvimento industrial futuro, os
movimentos sociais deste período tinham como motivação comum a opressão econômica e
política exercida por Portugal.
A principal beneficiária do sete de setembro foi a aristocracia rural, que manteve
seus interesses econômicos garantidos, continuando a responder aos movimentos de
resistências com opressão, como por exemplo, nas revoltas: “Cabanagem” - no Pará de 1835 a
1840, que culminou no extermínio de grande parte da população pela polícia - e na
“Balaiada”, no Maranhão de 1838 a 1841. O esmagamento desses movimentos
revolucionários que apresentavam um claro conteúdo social e uma evidente ameaça a ordem
escravocrata, consolidou o poder desta aristocracia.
A paz social ou a estabilidade política deste período é o resultado da brutal
repressão aos movimentos sociais que explodiam. Tratava-se de manter à distância o povo
brasileiro, sendo de acordo com o jurista brasileiro Raimundo Faoro (apud FARIA, 1993, p.
230) “uma espécie de vulcão adormecido que não deve ser despertado”.
No final do Império, a estrutura social resultante de quase quatrocentos anos de
história era de “uma classe dominante” composta de senhores de escravos e de terras, uma
“classe média” de militares, profissionais liberais, funcionários públicos e pequenos
produtores agrícolas e de uma “classe baixa”, maioria da população, composta de escravos,
trabalhadores semilivres, colonos e assalariados.
Não havia projeto político que contemplasse os interesses dessa maioria. Ficando
essa população sujeita, por longo tempo, à dominação das oligarquias agrárias conservadoras
e das elites liberais.
No início da República, a repressão aos movimentos de Canudos (1893-1897) –
resistência das populações sertanejas contra a opressão do latifúndio – e o do Contestado
(1912-1916) – resistência de camponeses que juntamente com o “monge” João Maria lutavam
pela permanência em suas terras –, marcou o tom com que os governos tratariam os
movimentos sociais nos anos seguintes.

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O movimento operário no Brasil é influenciado pelas idéias anarquistas trazidas


pelos imigrantes europeus. Na luta pela emancipação, a classe operária começou a se
organizar, os sindicatos surgiram nos primeiros anos do século XX.
As greves por melhores salários, pela redução da jornada de trabalho, pela
regulamentação do trabalho feminino e infantil, pelo descanso semanal, pela revogação da lei
de expulsão dos estrangeiros, que eram proibidos de participar das lutas sindicais, atingiram
seu apogeu. Entretanto, em 1920, o movimento entra em fase de refluxo, após as violentas
repressões sofridas, com prisões e expulsões de estrangeiros, sem resultados práticos efetivos.
Apesar de muitas lutas, as reivindicações nas greves eram sempre as mesmas em face da
limitação das conquistas obtidas e da pouca mudança em relação à opressão a que os
trabalhadores eram submetidos dentro e fora das fábricas.
No final dos anos 20, no entanto, o movimento operário voltaria a crescer, sob a
influência dos comunistas, que passariam a exercer a hegemonia no movimento operário
daquele momento em diante.
Todavia, o crescimento verificado no movimento operário foi inibido pelas
reformas promovidas a partir da década de 30. A mudança do eixo econômico, de agrário para
industrial, com o Estado à dianteira, implicou a institucionalização das relações entre capital e
trabalho, como por exemplo, a definição da jornada de oito horas diárias, do salário mínimo e
da organização sindical. Assim, ao mesmo tempo em que o Estado atendia às reivindicações
dos operários, aparecendo como protetor e benevolente, controlava todos os movimentos
sociais, restringindo quase totalmente suas ações políticas.
Nas décadas de 45 a 46, o movimento operário voltaria a crescer, com relativa
liberdade, proporcionada pela Constituição Liberal que vigorou até 1964; nos anos 60, os
movimentos sociais avançaram, denotando uma crescente participação popular nas discussões
dos problemas nacionais.
Contudo, esse processo de intensa participação, foi interrompido com o golpe
militar de 1964, que, a pretexto de livrar o Brasil do “perigo comunista” e respaldando-se no
binômio ideológico “segurança e desenvolvimento”, restringiu a participação popular e
proibiu qualquer manifestação que representasse ameaça a “ordem pública”.
A perversa situação instaurada no Brasil pela Ditadura Militar (1964 – 1985),
propondo impedimento do livre exercício dos direitos políticos, desmobilizou os movimentos
sociais que passaram de um plano de atuação concreta para a descrença em face da decepção
da sociedade civil com a política, que não mais articulava as demandas das camadas populares
e médias.

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Neste contexto, a acumulação capitalista se fez apoiada em um governo militar e


autoritário, a partir de um modelo de desenvolvimento excludente, que beneficiou apenas as
classes empresariais ligadas aos monopólios, os movimentos sociais que ocorreram no início
dos anos 70, tinham como objetivo a satisfação das necessidades mínimas de sobrevivência da
população pobre. Através dos setores populares, surgiram, então, movimentos por: creches,
habitação, transportes, postos de saúde e melhoria em favelas, e ainda reivindicação por
congelamento de preços e correção dos salários.
No final dos anos 70, acontece o reaparecimento do movimento operário, com as
greves no ABCD paulista, em 1978, bem como sua reorganização através das centrais
sindicais: Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Central Geral dos Trabalhadores (CGT) e
da articulação com partidos políticos.
Nos anos 80, a relevância dos movimentos sociais foi notável na campanha por
eleições diretas para presidente da República – as Diretas Já (1984-1985) e na Constituinte de
1988, na qual se verificaram avanços importantes com relação aos direitos de cidadania.
Surgem novos movimentos centrados em questões éticas ou de valorização da vida. Em vista
da violência, dos escândalos políticos, clientelismo e corrupção, a população reage no plano
da moral e nas questões sociais referentes a problemática da idade, fazendo emergir
movimentos como: Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua (MNMMR),
Movimento dos Aposentados, do Negro e do Indígena, dos Homossexuais, Feministas,
Ecológicos e outros.
Nos anos 90, a deposição do então presidente Fernando Collor de Mello é
resultado de intensas mobilizações da sociedade civil onde se destacaram os “cara-pintadas”,
cujo intuito era o estabelecimento da ética na política.
Adentrando o século XXI, os movimentos sociais e a participação popular se
reconfiguram em face da globalização, inclusive por meio das Organizações – não –
governamentais (ONG’s). As ONG’s se apresentam como novas formas de resistência que
substituem os movimentos sociais, são grupos de cidadãos que se organizam na defesa de
direitos, com estatuto jurídico de entidades privadas sem fins lucrativos. Seu objetivo
fundamental é a reconstrução da vida social,

Uma ONG se define por sua vocação política, por sua possibilidade política:
uma entidade sem fins de lucro cujo objetivo fundamental é desenvolver
uma sociedade democrática, isto é, uma sociedade fundada nos valores da
democracia - liberdade, igualdade, diversidade, participação e solidariedade.
(...) As ONG’s são comitês da cidadania e surgiram para ajudar a construir a

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sociedade democrática com que todos sonhamos. (SOUZA apud PAZ, 1997,
p. 176).

São ações coletivas “novas” decorrentes de problemas “antigos” na sociedade


brasileira – fome, violência, miséria, desemprego e subemprego, exploração de menores e o
dilema da ausência do teto e da terra para morar e produzir.
As lutas sociais no Brasil redefinem-se, o movimento popular rural cresce e
aparece, ficando conhecido como: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem – Terra (MST).
Esse movimento surgiu em Santa Catarina em 1979 e transformou-se no maior movimento da
década de 90, reivindicando a posse da terra e lutando pela reforma agrária no país, sendo
apoiado por parte da sociedade brasileira que vê na distribuição da terra a possibilidade de
fixar o homem no campo diminuindo a pobreza na cidade.
As mudanças sociais oriundas da globalização da economia a partir da década de
90 anulam importantes conquistas das classes subalternas brasileiras em sua secular luta pela
conquista de direitos.

A reversão dos estragos dos anos 1990, que foram econômicos, políticos,
sociais e culturais, portanto, é possível, mas vai exigir muita coragem e
vontade política dos novos dirigentes do país, e muita mobilização popular,
para além do voto. (BEHRING, 2003, p. 287).

A conquista dos direitos é resultado de lutas sociais empreendidas por


movimentos populares e organizações sociais que reivindicaram direitos e espaços de
participação social. O conflito social deixa de ser simplesmente reprimido e passa a ser
reconhecido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No Brasil existem diferenças profundas, não obstante os muitos movimentos


sociais terem lutado para a construção de uma sociedade melhor, essa estrutura social
absurdamente desigual ainda persiste nos dias atuais.
Todos esses movimentos, no entanto, contribuíram para despertar a consciência
dos problemas vividos e possibilitaram a participação da população com capacidade de
continuar a organizar-se em movimentos sociais, de forma a consolidar e a ampliar os direitos
sociais e políticos conquistados, por meio de um processo constante e contínuo.

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(...) Dizemos que a participação é conquistada para significar que é um


processo, no sentido legítimo do termo: infindável, em constante vir-a-ser,
sempre se fazendo. Assim, participação é em essência autopromoção e existe
enquanto conquista processual. Não existe participação suficiente, nem
acabada. Participação que se imagina completa, nisto mesmo começa a
regredir. (DEMO, 1993, p. 18)

O resgate da história nos faz compreender e reconhecer que os movimentos


sociais e a participação popular sempre estiveram presentes nas sociedades em todos os
tempos e lugares, sempre houve homens dominando homens, homens lutando – uns pela
conquista de direitos e contra a opressão e outros pela manutenção do mando e do poder.
Continuando a ser, os movimentos sociais e a participação popular, elementos
fundamentais na ocupação dos espaços de luta por uma sociedade mais justa e igualitária, na
qual a cidadania sai do discurso e se constrói na prática através da conquista, consolidação e
ampliação dos direitos.

REFERÊNCIAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Temas de Filosofia. São Paulo: Moderna, 1992.

BAKUNIN, M. L’Egalité(1), Nº II, 1869, In: O Socialismo Libertário. 2ª ed. São Paulo: Global, s/d.

BEHRING, Elaine Rossetti. Brasil em contra – reforma: desestruturação do Estado e perda de


direitos. São Paulo: Cortez, 2003.

COUTO, Berenice Rojas. O direito social e a assistência social na sociedade: uma equação possível.
2ª ed. São Paulo: Cortez, 2006.

DEMO, Pedro. Participação é conquista. São Paulo: Cortez, 1993.

GOHN, Maria da Glória Marcondes. Os sem-terra, ONGs e cidadania: a sociedade


civil brasileira na era da globalização. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2003.

______. Teorias dos Movimentos Sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Ed.
Loyola, 2006.

HOBSBAWN, Eric J. Os trabalhadores. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

MARX, Karl e ENGELS. A Sagrada Família (1845). Ed. Martin Claret, 1967.

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PAZ, Rosângela. Origem das ONG’s. Serviço Social e Sociedade n° 54. Ano XVIII. São Paulo: Ed.
Cortez, julho, 1997.

PRADO JR, Caio. História Econômica do Brasil. 10ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1967.

RICARDO; ADHEMAR; FLÁVIO. História. 3.v. Belo Horizonte: Ed. Lê, 1993.

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