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Design Gráfico - dos espelhos às janelas de papel

Mirela Hoeltz∗
2001

Índice 1 A mídia impressa


1 A mídia impressa 1 Mesmo com todos avanços tecnológicos os
2 O discurso gráfico 3 alicerces do design gráfico estão ligados à
3 A estrutura do impresso 5 tradição livreira. O designer gráfico da atua-
4 A tecnologia gráfica 7 lidade não pode simplesmente ignorar as for-
5 Referências bibliográficas 9 ças que, dentro ou fora do seu campo, in-
fluenciaram a forma e a funcionalidade do
layout de uma página.
Existe uma grande facilidade para nos ser- A tecnologia da imprensa deu ao homem,
virmos de metáforas e explicarmos as diver- com o livro, a primeira "máquina de ensi-
sas manifestações culturais de nosso tempo. nar", na expressão de McLuhan. De posse
O espelho é uma boa metáfora, para a mí- do saber e armando com uma perspectiva vi-
dia impressa, pois supõe a correspondência sual e um ponto de vista uniforme e preciso,
termo-a-termo entre a representação e o ob- o liberta da tribo, a qual explode, vindo, nos
jeto representado. A ‘aparência’ do impresso dias de hoje transformar-se nas grandes mul-
é de extrema importância na preparação de tidões solitárias dos imensos conglomerados
qualquer original. A diagramação faz com individuais. (McLuhan, 1971, p.11)
que se desenvolva um projeto gráfico ma- Um meio de comunicação é produto cultu-
nipulando vários elementos que, muitas ve- ral, característico de uma sociedade indus-
zes, são desconsideradas na leitura do im- trial em que
presso. O ordenamento de elementos visu-
ais no impresso esconde discursos e técnicas o design gráfico, enquanto tal, necessa-
que são manipuladas, na atualidade, não ape- riamente tem como função transcrever
nas por profissionais, designers ou diagrama- a mensagem a ser transmitida - seja de
dores, mas por qualquer pessoa que domine qual enfoque for - para o código sim-
o mundo da editoração eletrônica. bólico estabelecido, sob pena de não
efetivar-se enquanto prática comunica-

Professora de Editoração Eletônica na Universi- cional. E, é exatamente por isso que
dade de Santa Cruz do Sul e mestranda em Comuni-
cação na Universidade do Vale do Rio dos Sinos. ele surgiu - e por isso surgiu exatamente
quando surgiu: a partir da industriali-
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zação e da emergência da sociedade de página, o designer conta com quatro elemen-


massas. (Villas-Boas. 2000, p.27) tos básicos: as letras, agrupadas em palavras,
frases e períodos; as imagens, sob forma de
Todo material impresso ocupa espaço fí- fotos ou ilustrações; os brancos da página, os
sico que, não preenchido, configura um va- fios tipográficos e as vinhetas.(Silva, 1985)
zio compreendido, na sociedade industrial A perícia na utilização desses elementos de-
como na pós-industrial, a um desperdício de termina a qualidade do resultado final. Uma
material e trabalho. estratégia bastante utilizada, por exemplo, é
A identidade visual do impresso, como a a opção por um ponto de apoio para a pá-
área ocupada, diagramação, a possibilidade gina, o qual deve ser um elemento sufici-
de utilização de uns ou outros elementos e a ente para orientar toda a diagramação. Pode
disposição dos mesmos. Para o resultado ser ser uma foto, ou mesmo uma particularidade
satisfatório é preciso levar em conta, além dela, um título, uma letra, a própria estrutura
das especificações oriundas dos três níveis da página ou as opções tipográficas. Basta
de planejamento (editorial, comercial e grá- olhar globalmente para um jornal para per-
fico), a presença permanente dos elementos ceber que seus elementos foram estrutura-
que asseguram uma identidade definida ao dos segundo princípios claramente definidos.
produto final. Ora formam blocos horizontais ou verticais,
A primeira página de um veículo impresso ora se articulam numa combinação de am-
funciona como a ’embalagem’ do produto e, bas as coordenadas. O conjunto de opções
portanto precisa reunir elementos de identi- desse tipo, que compõem talvez a principal
ficação atrativos que façam com que o leitor tarefa do designer gráfico, permite que, ao
a veja e reconheça em meio às demais ’em- visualizarmos um jornal ou revista possamos
balagens’. identificá-lo facilmente através de uma tipo-
Outros princípios, não necessariamente vin- logia específica, divisão das colunas, distri-
culados ao caráter comercial dos produtos buição das notícias e logotipo.
midiáticos, contribuíram para a adoção de O desenho de um impresso fica a critério do
estruturas modulares e padrões na diagra- designer gráfico, levando sempre em conta
mação da página impressa. Principalmente as viabilidades técnicas ligadas à periodici-
o racionalismo de escolas como a Bauhaus dade do veículo e, talvez principalmente, à
(1919-1933) e Ulm (1953-1968) que estabe- legibilidade. A legibilidade de um texto de-
leceram regras para o design gráfico a par- pende de elementos como a forma das letras,
tir de princípios de uniformização, consis- corpo utilizado, comprimento das linhas,
tência do projeto visual, contraste entre fi- entrelinhamento, espacejamento e margens.
gura e fundo e legibilidade rápida e univer- Para Lupton,
sal reflectida na diagramação que predomina
ainda hoje nos veículos impressos. espaçamento e pontuação, bordas e mol-
O impresso é, antes de tudo, alguma coisa duras: esses são o território da tipogra-
que se vê: da percepção do conjunto se parte fia e do desenho gráfico, essas artes mar-
para os grandes títulos e para as ilustrações. ginais que tornam legíveis textos e ima-
Para transmitir visualmente a mensagem da gens. A substância da tipografia não re-

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side no alfabeto em si - suas formas ge- gráfico, conforme Rafael Souza Silva, tem
néricas e usos convencionais - mas sim como objetivo ordenar nossa percepção. É
no contexto visual e formas gráficas es- ele que nos dá o fio da leitura". (Silva, 1985,
pecíficas que materializam o sistema da p.39)
escrita. Design e tipografia operam nos O discurso gráfico difere do discurso verbal
limites da escrita, determinando as for- por operar basicamente com o nível visual
mas e estilos das letras, os espaços en- dos elementos na página impressa. Como
tre elas, e sua disposição (E. Lupton e A. discurso, ele possui a qualidade de signifi-
Miller, 1996, p.14) cação. Existem pelo menos duas leituras
possíveis de uma página: uma gráfica e ou-
Nem sempre a legibilidade do texto cor- tra textual. A significação gráfica tem sido
responde à leiturabilidade do mesmo, ou vista em linhas gerais, merecendo portanto
seja, à capacidade de entendê-lo e interpretá- uma reflexão sobre as possíveis implicações
lo. do cruzamento de sua leitura com a do texto.
Araújo salienta que a orientação visual sem- As letras, os números e os sinais de pontu-
pre residirá no princípio da legibilidade ação são chamados de caracteres e cada um
onde, deles representa o que nós conhecemos por
em sentido restrito, essa legibilidade de- tipo, palavra que deu origem ao termo tipo-
pende da maneira como se dispõem os grafia. A tipografia tem como objetivo bá-
caracteres(em palavras, frases, perío- sico comunicar uma informação por meio da
dos) nas linhas, tornando a leitura cô- letra impressa. O termo foi empregado pe-
moda ou, ao contrário, às vezes que im- los chineses desde o século XI, até a inven-
praticável; em amplo sentido, porém, ção da imprensa propriamente dita no século
tal disposição deve combinar-se à pró- XV quando Gutenberg substituiu as tábuas
pria organização da página, vale dizer, o xilográficas por tipos móveis com caracte-
modo como se articulam nesse espaço os res gravados em metal. As letras maiúscu-
elementos que o conformam em um todo, las são chamadas de caixa alta e as minús-
em uma unidade. (Araújo, 1986 p. 402) culas de caixa baixa. As duas terminologias,
caixa alta e caixa baixa, foram instituídas por
Discernir legibilidade de leiturabilidade convenção, porque antigamente os tipógra-
ajuda a refletir sobre a atenção que a mídia fos tinham como hábito guardar as matrizes
impressa deve ter no momento de adequar os dos tipos em compartimentos de madeira ou
elementos que configuram o design. ferro, num cavalete. Nas partes superiores
eram colocados os tipos de letra maiúscula e
nas inferiores, os tipos de letra minúscula. É
2 O discurso gráfico
importante salientar que a terminologia utili-
Dificilmente olhamos um jornal sem ler as zada em todas as formas de composição grá-
palavras. Mas se não conhecemos a língua, é fica tem origem nesse tipo metal. Com o
a única possibilidade. Se não lemos palavras, desenvolvimento das artes gráficas e a des-
uma folha de papel ou de jornal, transforma- coberta dos novos sistemas de composição,
se em espaço ocupado por tinta. "O discurso muitos termos foram modificados, embora

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grande parte ainda seja usada, independen- produtos gráficos considerados não como
temente dos vários sistemas hoje desenvol- produtos únicos, mas ligados a um conjunto,
vidos. a uma série ou família de produtos. É o caso
O termo fonte é empregado num alfabeto de prospectos, embalagens e anúncios pu-
completo com letras maiúsculas e minúscu- blicitários, que são concebidos formando o
las, números e sinais de pontuação, todos conjunto da publicidade de determinada em-
com baseados em um mesmo tipo de dese- presa. É o caso de livros com o mesmo for-
nho. O agrupamento de todos os tamanhos mato e as mesmas características visuais, fa-
dos caracteres, reunindo a variação de esti- zendo parte de uma série ou de uma cole-
los de um desenho de tipo (romanos, itáli- ção. É o caso dos documentos comerciais
cos, negritos, largos, condensados e outros), de empresas - papel timbrado para corres-
recebe o nome de família de tipos. pondência, envelopes, cartão de visitas e ou-
Os tipos podem ser apresentados em tama- tros - projetados, diagramados e impressos
nhos diferentes. É o chamado corpo de letra, para diferenciar-se do fluxo de outros sinais
ou seja, sua dimensão. A altura do retângulo distintivos, como emblemas, marcas, logoti-
onde está inscrito o olho da letra chama-se pos, cores, semelhanças de estilos ou tipos
corpo, que representa o seu tamanho, sem- de composição.
pre identificado por um número que engloba A composição visual tradicional desenvolve
a quantidade de pontos gráficos que ele con- o que chamamos de ’projeto vertical’ em que
tém. O seu tamanho é que vai determinar o as matérias são dispostas no sentido verti-
espacejamento natural entre uma linha e ou- cal, de cima para baixo, ocupando somente
tra composição gráfica. É fundamental que o uma coluna, disposta sempre em seqüência.
designer saiba dispor eficientemente da téc- Essa forma de diagramar tende à monotonia
nica de compor e entrelinhar um arranjo grá- e a dificultar a leitura. Um exemplo bastante
fico, fazendo com que ele tenha legibilidade claro e conhecido seria a paginação tradicio-
adequada. Um espacejamento muito grande nal dos livros. Nos livros o texto ou a man-
entre as letras ou um entrelinhamento exa- cha é tipicamente ocupada por uma única co-
gerado entre as linhas compostas pode tor- luna obrigando que os olhos do leitor façam
nar impraticável a leitura do arranjo gráfico, um caminho muito longo. Este exercício dos
além de torná-lo esteticamente desagradável. olhos é cansativo e faz com que o leitor mui-
Da mesma forma deve-se evitar o espaceja- tas vezes se perca quando muda de linha. Já
mento demasiado das letras ou o seu entre- nos jornais são utilizadas mais várias colu-
linhamento apertado, o que causará descon- nas, separadas e todas elas divididas por ca-
forto na leitura. O espacejamento e o entre- lhas que fazem com que o fluxo de leitura
linhamento de um determinado arranjo grá- seja mais ágil. O espacejamento entre as co-
fico formam o processo fundamental em que lunas e sua relação com a margem da página
os designers se baseiam para a produção fi- também são fatores determinantes da legibi-
nal de um texto. lidade do impresso.
Não se limitando a aspectos meramente ti-
pográficos, a diagramação implica, hoje, um
processo criativo, incorporado a projetos de

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3 A estrutura do impresso tipo de consumidor dessa mensagem e pelo


grau de interesse que a mensagem pretende
Os meios impressos utilizam como base for-
proporcionar.
mal os diagramas, que servem de guias, agi-
A área ocupada pela impressão é conhecida
lizando o processo de produção. Nos diagra-
como ’mancha’ e define o formato do im-
mas são organizados conteúdos específicos
presso. A decodificação desta área se dá em
dentro de um espaço representacional. Um
dois momentos
bom diagrama permite ao designer uma am-
pla gama de possibilidades sem, todavia, fu- o primeiro momento é quando o leitor
gir de uma estrutura determinada. Os diagra- observa a massa gráfica em conjunto,
mas são aplicados a uma variedade enorme distinguindo as subáreas, isto é, identi-
de produtos impressos como soluções bási- ficando as ilustrações, os títulos, os in-
cas de design. Existem defensores e detrato- tertítulos, os brancos, os gráficos, o texto
res desses sistemas. Os defensores afirmam etc. A segunda, ao se deter nos detalhes
que, quando utilizados com habilidade e sen- destas subáreas. (Silva, 1985, p.37)
sibilidade, os diagramas auxiliam na produ-
ção de efeitos estéticos agradáveis e funci- Manchas pesadas, com muita área im-
onais. Os detratores chamam atenção para o pressa - espaço ocupado - fazem com que a
fato de que, nas mãos de designers não muito relação de proximidade entre o leitor e o veí-
habilidosos, os diagramas podem funcionar culo seja abalada. Existe a necessidade per-
como ’camisas de força’. manente de abertura de novos espaços, e esta
Diagramas são utilizados tanto para comple- deve ser a verdadeira aventura do designer
xos projetos visuais quanto para projetos pe- gráfico. O designer gráfico, mesmo preso a
quenos que não utilizam muitos elementos um diagrama, deve ousar e oferecer ao seu
na sua composição. À ação de ordenar, de leitor um local de introspecção. Um local
combinar elementos nestes espaços midiáti- onde possam circular suas idéias. Um local
cos deu-se o nome de ’diagramação’. As- de confronto e de diálogo.
sim, diagramação é a atividade de coordenar Os principais elementos do trabalho gráfico
corretamente o material gráfico com o ma- são o branco do suporte e o preto do im-
terial jornalístico, combinar os dois elemen- presso. Como branco entendemos todos os
tos com o objetivo principal de persuadir o espaços e a disposição do arranjo tipográ-
leitor. O gráfico orientando o texto e vice- fico, enquanto o preto representa essencial-
versa. mente o grafismo impresso, não havendo a
A preocupação do diagramador, e, conse- princípio necessidade de distinção entre co-
quentemente, sua tarefa específica, é dotar as res,1 tanto do suporte branco quanto da linha
mensagens da devida estrutura visual, a fim
1
de que o leitor possa discernir, rápida e con- Esta referência a branco e preto, comum na prá-
tica dos profissionais do design, não implica desconsi-
fortavelmente, aquilo que para ele representa deração pela importância das cores para o design grá-
interesse. fico, mas apenas indica uma estratégia de abordagem
Essas decisões são claramente influenciadas em que o foco principal de atenção reside na relação
pelo tipo de mensagem a ser veiculada, pelo impresso/suporte.

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impressa utilizada. O preto sobre o branco a grafia ocidental da esquerda para a


exprime um efeito positivo, e o branco sobre direita, no sentido horizontal, é um dos
o preto exprime um efeito negativo. Por ter alicerces do percurso obrigatório dos
sua posição invertida, isto é, de forma nega- olhos, influindo decisivamente em nosso
tiva, e provar dificuldade e cansaço no movi- comportamento. (Dimes, 1974, p.102)
mento ótico, é recomendável sua utilização
de forma restrita, em áreas apropriadas para Assim como a visão se desloca instintiva-
que seu efeito visual seja satisfatório e atinja mente com rapidez em diagonal para o lado
o objetivo como expressão plástica, em be- inferior oposto, a rota básica da vista se pro-
nefício da legibilidade. jeta do lado superior esquerdo para o lado in-
O branco faz parte da página e normalmente ferior direito. Por isso o designer tem o cui-
é utilizado como recurso estético. A valori- dado de preencher as zonas mortas e o centro
zação do branco da página representa o es- ótico da página com aspectos atrativos para
paço de circulação das idéias do leitor e os que a leitura se torne ordenada, sem o des-
fluxos, os caminhos deixados pelo designer. locamento brutal da visão.
O branco proporcionado compensa a perda Dessa forma, acrescenta Arnold,
de espaço pela beleza e leveza da página. cabe à diagramação preencher esses es-
Para Villas-Boas paços mortos da página com elemen-
tos de grande atração visual, proporci-
aqui, cabe a velha máxima de que qual-
onando e conduzindo a leitura de forma
quer elemento de uma página signi-
confortável e ao mesmo tempo rápida.
fica alguma coisa - até mesmo o não-
(Arnold, 1965, p.122)
elemento, representado pelo espaço em
branco. Um exemplo explícito e domés- O extraordinário é que, enquanto todos
tico é a experiência então revolucionária os arranjos visuais têm um centro de gravi-
do Suplemento Dominical do Jornal do dade que pode ser localizado tecnicamente,
Brasil - SDJB -, que na virada dos anos nenhum método de calcular é tão rápido,
50 para os 60 teve como um de seus prin- exato e automático quanto o senso intuitivo
cipais elementos significantes justamente de equilíbrio inerente à percepção do ho-
o uso intermitente dos "brancos".(Villas- mem. Afinal, não existem regras rígidas para
Boas, 2000. p.35) se desenhar ou diagramar a página de veículo
impresso, o que existem são princípios inva-
Numa página devem ser observadas as zo- riáveis que podem ser conhecidos.
nas de visualização. Quando alguém re- Para Celso Kelly, "a arte gráfica começa
cebe uma comunicação escrita, instintiva- pela diagramação, desdobra-se na escolha
mente sua visão se fixa no lado superior es- dos tipos, complementa-se na confecção das
querdo do papel, uma vez que estamos cultu- manchetes"(Kelly apud Silva, 1985, p.28).
ralmente condicionados a saber que o início Estabelecem-se as relações do gráfico com
do texto está ali. o assunto. Segundo Kelly as ilustrações
Discutindo esse assunto, Alberto Dimes aquecem o texto, dão visualidade pronta, an-
(1974) observa que tes da leitura. Fotos, caricaturas, anúncios,

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enxertam-se em meio aos textos, quebram- ano, com a descoberta de novos sistemas,
lhe a monotonia, imprimem movimento ao que procuram basicamente reduzir o tempo
todo. Eis o grande arranjo estético, a orques- da produção industrial e tornar economica-
tração gráfica do meio impresso. mente viável o resultado final de uma publi-
cação.
O sistema de fotocomposição teve início co-
4 A tecnologia gráfica
mercial a partir da década de 50, e conti-
Desde meados do século XV quando Gu- nua se desenvolvendo a partir do uso de ma-
tenberg implantou a tipografia pouco mudou trizes planas gravadas em fitas magnéticas,
no processo de composição manual, que tem filme, fita perfurada, discos e com o auxílio
como base a reunião de tipos formando li- de computadores. Novos complexos gráficos
nhas e a reunião das várias linhas resultando foram montados pelas grandes empresas edi-
em arranjos gráficos, formando páginas. O toriais, aposentando definitivamente as ve-
processo é bastante rudimentar e artesanal: o lhas linotipos.
operador, munido de um aparelho chamado Na segunda metade do século XX entramos
’componedor’, em que é fixada a medida numa nova etapa da produção gráfica atra-
da composição, posiciona os vários tipos le- vés da composição eletrônica. Terminais
tra por letra, espaço por espaço compondo o de vídeo foram instalados, nas redações dos
grafismo da página. Atualmente, pela moro- grandes jornais e editoras mudando comple-
sidade do sistema, sua utilização está restrita tamente o hábito desses profissionais. A
a impressos comerciais de pequena tiragem. grande novidade desse sistema é a ausência
Somente quatro séculos depois da invenção de laudas, pois o redator redige o seu texto
dos tipos móveis por Gutenberg, no final do diretamente no terminal, que lhe dá condi-
século XIX, a composição mecânica passou ções técnicas de correção instantânea, a me-
a ser utilizada em escala industrial. O pro- dida gráfica em paicas e o tamanho do corpo
cesso se baseia na fundição de tipos a par- de letra, programado com a quantidade de li-
tir de ligas metálicas, onde o operador senta- nhas compostas, para ser utilizado no mo-
se à frente de um teclado, ajusta a medida mento da diagramação. Uma vez o texto
ou largura da linha e o entrelinhamento de- pronto, e armazenado no computador, o di-
sejado. Quando o operador aperta as teclas agramador se encarregará de resgatar os ar-
as matrizes caem em seqüência para formar quivos de textos com medidas e tamanhos
uma linha de composição. exatos em módulos, para criar o layout da
Houve um grande hiato entre a tipografia de página a ser impressa.
Gutenberg no século XV e a descoberta e Cabe ao diagramador utilizar uma série de
desenvolvimento da composição mecânica a recursos gráficos aumentando ou diminuindo
partir do final do século XIX; depois dessa através de teclas de comando, o tamanho dos
época, as técnicas vêm evoluindo de forma corpos programados, alternado os módulos
acelerada e encurtando as distâncias no aper- para colunas mais largas ou mais estreitas,
feiçoamento técnico das artes gráficas. ou até mesmo enxertando nesses módulos os
Durante o século XX o avanço tecnológico artifícios gráficos que desejar, de acordo com
nas artes gráficas se acelera de ano para a sua criatividade e a disposição do planeja-

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mento gráfico que estiver desenvolvendo. pidamente.


Estamos na era do vídeotexto, e com ele a Os editores executam as mudanças nas ma-
substituição definitiva dos tradicionais artis- térias diretamente no arquivo texto entregue,
tas gráficos das antigas oficinas de compo- utilizando-se de um editor de texto. Desta
sição a quente por sofisticados terminais de forma ganha-se em tempo, pois não haverá
vídeo que geram a fotocomposição ou com- a redigitação. O diagramador calará através
posição a frio. É o novo sistema de composi- do software de editoração uma folha de es-
ção eletrônica, que já dispensa o uso de papel tilo na qual será jogada o texto, as figuras,
nas redações, substituídas por computadores etc. Este processo só será executado uma
que armazenam as mensagens. vez. Após a criação da folha de estilo o soft-
A tendência é a evolução cada vez mais ace- ware de editoração se encarregará de incluir
lerada em busca de novas tecnologias para o e ajustar automaticamente o texto as especi-
aprimoramento da mídia impressa. O termo ficações definidas pelo diagramador. Nesta
desktop publishing - editoração eletrônica etapa o montador só precisará posicionar os
- vem sendo largamente utilizado nas artes elementos não incluídos durante a prepara-
gráficas, como a solução para vários proble- ção da página de estilo.
mas de fluxo de trabalho em diagramação e A editoração eletrônica oferece inúmeros be-
composição de textos. nefícios, dentre os quais podemos destacar:
A agilidade viabilizada pelo desktop publi- (1) economia de dinheiro, a eletrônica poupa
shing modificou alguns padrões de design, equipamentos e esforços já que computado-
mas a qualidade do resultado de um pro- res pessoais são mais baratos até mesmo que
jeto gráfico continua dependendo sobretudo equipamentos de composição de segunda
da capacidade e do talento do designer que mão utilizados pela tradicional; (2) os cus-
opera o terminal. tos operacionais tendem a aumentar devido
Quando surgiram, na metade dos anos 80, ao pessoal qualificado, necessário para fazer
os programas de editoração eletrônica eram um layout, ilustrar, diagramar etc; (3) eco-
considerados uma ferramenta restrita ape- nomia de tempo e o incremento da agilidade,
nas a especialistas que atuavam em empre- outro grande benefício da editoração eletrô-
sas do ramo editorial. Hoje ela pode ser nica, com ela é muito mais rápido preparar
vista nas editoras de jornais, revistas, livros, um texto, corrigir e encaixar na folha de es-
bancos, indústrias, empresas comerciais e de tilo, do que na tradicional. Sendo que com
serviços, agência de publicidade e até em este benefício um editor de boletins conse-
casa. Essa diversidade de aplicações provo- guirá lançar um furo jornalístico muito mais
cou uma diversidade de softwares para essa rápido do que aquele que utiliza o modelo
aplicação. Para cada perfil de usuário, há no tradicional; (4) um melhor controle, com ela
mercado uma opção mais adequada. será possível controlar mais a arte final de
Com o aparecimento da editoração eletrô- um trabalho, e com um melhor controle será
nica os processos da editoração tradicional notável a qualidade do produto final; (5) a
continuam, mas de outra maneira. A edito- qualidade da arte final pois com as facilida-
ração eletrônica trouxe ferramentas que per- des da editoração eletrônica, podemos me-
mitem que os processos sejam executados ra- lhorar a qualidade visual de uma publica-

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ção, tornando-a mais clara e suave, fazendo MUNARI, B. Design e Comunicação Visual.
com que leitores passem a encarar uma lei- SP: Martins Fontes, 1997. 350 p
tura mais confortavelmente.
ONG, W., Cultura e escrita e oralidade. SP:
Ática, 1995
5 Referências bibliográficas
PANOSFKY, E. Significado nas artes visu-
ARNHEIM, R. Arte y Percepción Visual. ais. SP: Perspectiva, 1976
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Prática da Diagramação. SP: Summus, nunca foi - design gráfico. RJ: 2AB,
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