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artigo Original

A música no alívio da dor em pacientes oncológicos


Music therapy in relief of pain in oncology patients
Mariana Franco1, Andrea Bezerra Rodrigues2

RESUMO INTRODUÇÃO
Objetivo: Avaliar a percepção de pacientes oncológicos com dor A dor oncológica pode ocorrer devido ao tumor primá-
crônica sobre os efeitos da música no alívio da dor, identificar rio ou às suas metástases. O sofrimento dos doentes é
se ocorrem alterações nos sinais vitais nesses pacientes antes e o resultado da vivência da dor associada à incapacidade
após a sessão de musicoterapia e identificar se a intensidade da física, ao isolamento familiar e da sociedade, às preo-
dor é reduzida após a sessão de música, de acordo com a escala
cupações financeiras, às mudanças na aparência e ao
analógica de dor. Métodos: Esse estudo descritivo-exploratório,
transversal e de nível II utilizou os recursos da abordagem
medo da morte(1).
quantitativa e qualitativa. A amostra foi composta por dez pacientes A dor é considerada um dos sintomas mais frequen-
oncológicos com dor crônica. Resultados: Houve redução nos tes e temido pelos pacientes oncológicos. Estima-se
sinais vitais e na intensidade da dor nos dez pacientes da amostra; que 10 a 15% dos doentes de câncer apresentem dor
os pacientes relataram sensação de alívio da dor, relaxamento e de intensidade significativa nos casos de doença inicial.
crença na potência da música como terapia complementar após as Com o aparecimento de metástases, a incidência da dor
sessões de música. Conclusões: A música influenciou na redução aumenta para 25 a 30%, e nas fases muito avançadas
dos sinais vitais, da intensidade da dor e os pacientes perceberam da enfermidade entre 60 a 90% dos pacientes referem
redução da dor, da ansiedade e começaram a acreditar na música dor de intensidade expressiva. Aproximadamente nove
como forma de terapia. milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de dor
oncológica e metade dos doentes sente dor em todos os
Descritores: Música; Dor/terapia; Neoplasias; Musicoterapia
estágios do câncer, sendo 70% na doença avançada(1).
De acordo com a Associação Internacional para Es-
ABSTRACT tudo da Dor, a dor pode ser definida como “uma expe-
Objective: To evaluate the perception of oncology patients with
riência sensorial e emocional desagradável associada a
chronic pain as to the effects of music in alleviating pain, to identify dano tecidual”. Além de a dor ser induzida por estímu-
if there are changes in the vital signs of these patients before and los nocivos, ela também se associa com características
after the musicotherapy session, and to identify whether the intensity individuais, como o humor(1-2).
of pain is diminished after the music session as per an analogic A dor crônica tem início súbito, de intensidade leve
scale of pain. Methods: This level II, descriptive-exploratory and a intensa, constante ou recorrente, sem um término an-
cross-sectional study used a quantitative and qualitative approach. tecipado ou previsível e com uma duração de mais de
The sample consisted of ten oncology patients with chronic pain. seis meses(3).
Results: There was a reduction in vital signs and in intensity of pain O enfermeiro deve saber reconhecer e identificar os
in ten patients of the sample; after the music sessions, the patients “indícios da dor”. Essa é uma tarefa que pode gerar di-
reported a sensation of relief of pain, relaxation, and a belief in the
ficuldades, visto que pacientes e profissionais podem ter
power of music as a supplementary therapy. Conclusions: Music
showed an influence in reducing vital signs and pain intensity, and
concepções diferentes da dor(1).
the patients perceived a reduction of pain and anxiety, and began to Segundo a literatura, são várias as terapias utiliza-
believe in music as a form of therapy. das para o controle da dor crônica. Entre elas inclui-se
a musicoterapia, a massagem, a aplicação de calor e as
Keywords: Music; Pain/therapy; Neoplasms; Music therapy técnicas de distração(1).

Trabalho realizado no Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil.


1
Enfermeira do Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil.
2
Mestre; Professora da Disciplina de Enfermagem em Oncologia da Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil.
Autor correspondente: Andrea Bezerra Rodrigues – Rua Alexandre Benois, 620 – apto. 112 – bloco A – Vila Andrade – CEP 05729-090 – São Paulo (SP), Brasil – Tel.: 11 9444-4081 – e-mail:
andreabrodrigues@gmail.com
Data de submissão: 20/2/2008 – Data de aceite: 15/3/2009

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A música sempre foi uma constante na vida do ho- composta por dez pacientes portadores de câncer que
mem e, por isso mesmo, ela é tão antiga quanto a hu- apresentavam dor crônica, possuíam idade acima de 20
manidade. Os primeiros relatos da música combatendo anos, estavam orientados no tempo e no espaço, eram
enfermidades foram encontrados em papiros médicos capazes de responder verbalmente às questões do estu-
egípcios, milênios de anos antes de Cristo, os quais do e concordaram em participar da pesquisa, assinando
atribuíram ao encantamento da música uma influência o termo de consentimento livre e esclarecido.
na fertilidade da mulher(4). A musicoterapia é o campo Inicialmente, o projeto de pesquisa foi submetido
da medicina que estuda o complexo ‘som-ser humano- à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa do hos-
som’, com o objetivo de abrir canais de comunicação no pital onde os dados foram coletados. Foram realizadas
ser humano para produzir efeitos terapêuticos, psico- entrevistas antes e após a sessão de música, e a pergun-
profiláticos e de reabilitação neste e na sociedade(5). ta norteadora foi “Como o senhor (a) está se sentindo
Células sensitivas com cílios no ápice estão incrus- neste momento?”. Previamente à entrevista com os pa-
tadas na membrana auditiva. Quando esses cílios se in- cientes, os prontuários dos mesmos foram consultados
clinam durante o deslocamento da membrana, ocorre quanto à idade, sexo, patologia, frequência e intensida-
a liberação de uma substância química que é recolhida de da dor e prescrição de medicamentos analgésicos e
por uma fibra nervosa que conduz esse impulso nervoso coadjuvantes para dor. A seguir, foi realizada a aferição
para o cérebro(6). dos parâmetros vitais e aplicada a escala numérica de
Quando o som chega ao cérebro, ele irá atuar no dor(10). Para cada paciente foi aplicada a sessão de mú-
sistema límbico especificamente no complexo amigda- sica em três dias diferentes. No primeiro dia, foi tocada
loide. O complexo amigdaloide em uma situação de a “Serenata para cordas em Mi maior de Dvorák”, no
stress, medo ou tristeza envia uma mensagem para o segundo foi solicitado pelos pacientes a valsa “Danúbio
hipotálamo, que ordena a hipófise que libera o hormô- azul”, de Johann Strauss, e no terceiro, os “concertos
nio adrenocorticotrófico. Esse circula na corrente san- de Vivaldi”. A duração de cada sessão de música foi de
guínea até chegar às glândulas suprarrenais as quais, 20 a 30 minutos e ocorreu dentro do quarto do pacien-
então, liberam o cortisol(7). te. Os dados qualitativos foram analisados conforme a
Os efeitos fisiológicos da música envolvem reações análise de conteúdo de Bardin. Nesse estudo foi utili-
sensoriais, hormonais e fisiomotoras como mudanças zada a categorização semântica, ou seja, agrupamento
no metabolismo, liberação de adrenalina, regulação de conforme o tema(11).
frequência respiratória, variações na pressão arterial Para a comparação entre as variáveis: dor, frequên-
(PA) sanguínea, redução da fadiga, do tônus muscular e cia cardíaca (FC), frequência respiratória (FR) antes
aumento do limiar dos estímulos sensoriais, melhoran- e após as sessões de música foi utilizado o teste t de
do a atenção e a concentração(6). Student. O valor do teste foi considerado relevante se a
A música na prática da enfermagem tem sido apon- diferença fosse inferior a 0,05 (ou seja, 5%).
tada como recurso terapêutico complementar no ma-
nejo e controle da dor aguda e crônica. Em 1977, foi
iniciado o primeiro Programa em Musicoterapia em um RESULTADOS
serviço de cuidados paliativos do Royal Victoria Hospi- A maior parte da população foi composta por pacientes
tal, no Canadá(8-9). do sexo feminino (60%), com idade entre 60 a 80 anos
(60%) e que apresentavam metástase óssea (30%).
A classe analgésica mais utilizada pelos pacientes
OBJETIVOS foi a dos opioides fortes (45%), seguindo-se pelos opio-
O presente estudo teve como objetivos: avaliar a per- ides fracos (30%). Os pacientes faziam uso também de
cepção de pacientes oncológicos com dor crônica sobre anti-inflamatórios não esteroidais (15%) e medicações
os efeitos da música no alívio da dor; identificar se ocor- adjuvantes para dor (10%).
rem alterações nos sinais vitais antes e após a sessão No Quadro 1 pode-se observar que houve uma re-
de musicoterapia; e identificar se a intensidade da dor dução dos níveis de PA em 90% dos pacientes (pacien-
era reduzida após a sessão de música, de acordo com a tes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) após a sessão de música.
escala analógica de dor. Percebe-se no Quadro 2 que houve uma redução dos
níveis de FC em quase todos os pacientes, com exceção
do paciente 1. É possível verificar no Quadro 3 que hou-
MÉTODOS ve redução dos níveis de FR em todos os pacientes.
Esse estudo foi realizado na unidade de oncologia de No Quadro 4 nota-se que em 100% dos casos houve
um hospital particular, de grande porte, localizado no redução dos escores de dor após a sessão de música. Os
município de São Paulo. A população do estudo foi pacientes apresentaram dor de moderada a intensa antes

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Quadro 1. Distribuição da população de pacientes oncológicos com dor quanto aos níveis de pressão arterial (PA) antes e após as sessões de música
PA antes da PA depois da PA antes da PA depois da PA antes da PA depois da
Pacientes
1º sessão de música 1º sessão de música 2º sessão de música 2º sessão de música 3º sessão de música 3º sessão de música
1 110 x 70 100 x 70 110 x 70 110 x 70 120 x 90 120 x 80
2 140 x 70 130 x 80 140 x 70 120 x 90 130 x 90 130 x 70
3 130 x 90 130 x 90 130 x 90 120 x 80 130 x 90 120 x 80
4 130 x 80 120 x 80 130 x 70 120 x 70 140 x 80 130 x 80
5 140 x 70 120 x 70 100 x 90 110 x 90 110 x 80 100 x 80
6 140 x 80 120 x 70 130 x 70 120 x 80 150 x 90 130 x 90
7 170 x 90 150 x 80 150 x 10 140 x 80 150 x 10 130 x 80
8 150 x 80 130 x 80 150 x 80 130 x 80 130 x 90 120 x 80
9 130 x 80 120 x 80 140 x 90 130 x 80 130 x 80 120 x 80
10 120 x 80 120 x 80 130 x 80 120 x 90 120 x 80 120 x 80

Quadro 2. Distribuição da população de pacientes oncológicos com dor quanto aos níveis de frequência cardíaca (FC) antes e após as sessões de música
FC antes da FC depois da FC antes da FC depois da FC antes da FC depois da
Pacientes
1º sessão de música 1º sessão de música 2º sessão de música 2º sessão de música 3º sessão de música 3º sessão de música
1 65 60 65 63 60 63
2 75 65 80 73 77 70
3 75 70 65 60 85 68
4 79 70 80 75 87 80
5 65 60 70 68 70 68
6 75 68 75 68 80 70
7 75 68 75 68 88 70
8 80 75 90 75 80 72
9 75 70 85 75 80 72
10 96 82 82 75 75 68

Quadro 3. Distribuição da população de pacientes oncológicos com dor quanto aos níveis de frequência respiratória (FR) antes e após as sessões de música
FR antes da FR depois da FR antes da FR depois da FR antes da FR depois da
Pacientes
1º sessão de música 1º sessão de música 2º sessão de música 2º sessão de música 3º sessão de música 3º sessão de música
1 27 17 22 15 16 16
2 17 15 17 16 20 14
3 18 15 17 17 23 18
4 18 15 18 16 25 18
5 20 14 15 12 14 13
6 23 18 17 16 20 14
7 25 19 17 16 28 18
8 22 18 25 20 22 18
9 18 15 22 18 19 15
10 25 19 20 18 17 15

Quadro 4. Escore de dor dos pacientes oncológicos conforme escala analógica de dor
Escore de dor antes da Escore de dor após a Escore de dor antes da Escore de após a Escore de dor antes da Escore de dor após a
Pacientes
1º sessão de música 1º sessão de música 2º sessão de música 2º sessão de música 3º sessão de música 3º sessão de música
1 8 2 6 6 4 2
2 3 0 1 0 2 0
3 4 0 2 0 5 0
4 4 1 3 0 7 3
5 5 3 3 0 2 0
6 7 3 5 0 8 2
7 7 3 5 0 8 2
8 4 1 6 0 5 0
9 4 1 5 0 4 0
10 8 2 5 1 4 0

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da sessão de música (pacientes 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10), Na tabela 1 visualiza-se que em todos os testes o va-
obtendo redução da intensidade da dor após as sessões. lor de p foi inferior a 0,05 (ou 5%), ou seja, podemos
Foi feito o teste t de Student pareado, ou seja, para concluir que houve diminuição significativa na média
duas amostras dependentes (uma antes e outra depois da da FC após a música.
música). Os resultados encontram-se nas tabelas 1, 2 e 3. Já na tabela 2, o valor de p foi inferior a 0,05 (ou
5%), ou seja, conclui-se que houve diminuição signifi-
Tabela 1. Correlação entre a frequência cardíaca (FC) antes e após as sessões cativa na média da FR após a música.
de música
Na tabela 3, nota-se que em todos os testes o valor
Variável n Média Desvio Valor de p
padrão
de p foi inferior a 0,05 (ou 5%), ou seja, houve diminui-
FC* antes da primeira sessão de música 10 76,00 8,64 2,73
ção significativa na intensidade da dor após a música.
FC depois da primeira sessão de música 10 68,80 6,56 2,08 Abaixo se encontram os núcleos de sentido e os tre-
Diferença 10 7,200 3,011 0,000** chos das falas dos pacientes a partir da questão nortea-
FC* antes da segunda sessão de música 10 76,70 8,30 2,67 dora “Como o senhor (a) se sente neste momento?”.
FC* depois da segunda sessão de música 10 70,00 5,48 1,37
Diferença 10 6,70 3,80 0,000***
FC* antes da terceira sessão de música 10 76,70 8,30 2,67 Antes das sessões de música
FC* depois da terceira sessão de música 10 70,00 5,48 1,37 • Primeiro núcleo de sentido: expressando alívio da
Diferença 10 6,70 3,80 0,001**** dor, relaxamento, sentimentos e lembranças após as
* FC = frequência cardíaca; ** teste t para diferença média = 0 (valores > 0): valor de t = 7,56, valor de p =
0,000; *** teste t para diferença média = 0 (valores > 0): valor de t = 5,57, valor de p = 0,000; **** teste t
sessões.
para diferença média = 0 (valores > 0): valor de t = 4,14, valor de p = 0,001.

“A música tem o mesmo efeito que a morfina, pare-


Tabela 2. Correlação entre a frequência respiratória antes e após as sessões ce que tirou a dor de dentro de mim”. (Paciente 3)
de música “Por incrível que pareça não estou sentido mais
Desvio dor”. (Paciente 9)
Variável n Média Valor de p
padrão
“Eu me sinto livre e não lembro mais da minha dor,
FR* antes da primeira sessão de música 10 21,30 3,59 1,14
FR* depois da primeira sessão de música 10 16,50 1,90 0,60
ela existe? (risos).” (Paciente 8)
Diferença 10 4,800 2,348 0,742**
“Eu adoro valsa, lembrei da viagem que fiz para
FR* antes da segunda sessão de música 10 19,000 3,127 0,989 Viena.” (Paciente 2)
FR* depois da segunda sessão de música 10 16,400 2,119 0,670
Diferença 10 2,600 2,171 0,686*** • Segundo núcleo de sentido: descobrindo a potên-
FR* antes da terceira sessão de música 10 20,40 4,25 1,34 cia da música no tratamento da dor. Os pacientes
FR* depois da terceira sessão de música 10 15,90 1,97 0,62 relataram credulidade no efeito da música após as
Diferença 10 4,500 2,991 0,946**** sessões de música.
* FR = frequência respiratória; ** teste t para diferença média = 0 (valores > 0): valor de t = 6,47, valor de p
= 0,000; *** teste t para diferença média = 0 (valores > 0): valor de t = 3,79, valor de p = 0,002, **** teste t
para diferença média = 0 (valores > 0): valor de t = 4,76, valor de p = 0,001. “Não quis receber a medicação, pois acredito que
vou ficar melhor depois dessa sessão de música.” (Pa-
Tabela 3. Correlação entre a intensidade da dor antes e após as sessões de música ciente 6)
Desvio “Acho que ao invés de morfina, vou pedir uma dose
Variável n Média p (t de Student)
padrão de música clássica, o que você acha?” (Paciente 7)
Intensidade da dor antes da 10 5,400 1,897 0,600
primeira sessão de música
Intensidade da dor depois da 10 1,600 1,174 0,371 DISCUSSÃO
primeira sessão de música
Diferença 10 3,800 1,317 0,416* Pode-se perceber pelos núcleos de significado que hou-
Intensidade da dor antes da 10 4,100 1,729 0,547 ve redução da dor crônica. Antes da primeira sessão
segunda sessão de música de música, os pacientes relataram um sentimento de
Intensidade da dor depois da 10 0,700 1,889 0,597 incredulidade nessa forma de terapia não farmacológi-
segunda sessão de música ca. Sabe-se que os pacientes com dor crônica são sub-
Diferença 10 3,400 1,955 0,618**
metidos a diversos tratamentos farmacológicos e não
Intensidade da dor antes da 10 4,900 2,183 0,690
terceira sessão de música
farmacológicos e, muitas vezes, esse tipo de dor é de
Intensidade da dor depois da 10 0,900 1,197 0,379 difícil controle. Esses pacientes podem ficar “desacre-
terceira sessão de música ditados” nas terapias alternativas por ser algo ainda não
Diferença 10 4,000 1,563 0,494*** muito divulgado ou praticado. Muitos profissionais da
* teste t para diferença média = 0 (valores > 0): valor de t = 9,13, valor de p = 0,000; ** teste t para diferença saúde também não utilizam essa forma de terapia, pro-
média = 0 (valores > 0): valor de t = 5,50, valor de p = 0,000; *** teste t para diferença média = 0 (valores >
0): valor de t = 8,09, valor de p = 0,000. vavelmente, por não se sentirem preparados para tal.

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A música no alívio da dor em pacientes oncológicos 151

Por outro lado, um estudo realizado por Fonseca com a lembranças pessoais e esquecimento dos problemas.
equipe de enfermagem, sobre a credibilidade e efeitos Foram identificadas alterações nos parâmetros vitais e
da música como modalidade terapêutica em saúde(12), intensidade da dor antes e após as sessões de música,
evidenciou que esses profissionais acreditam na musi- com diferença estatisticamente significativa de acordo
coterapia. Esse talvez seja o primeiro passo no sentido com o teste t de Student.
de aplicação dessa terapia nas diferentes áreas.
Um estudo realizado por Gonçalves que avaliou o efei-
to da música em pacientes com dor sob cuidados paliativos, REFERÊNCIAS
concluiu que com a aplicação das sessões de musicotera- 1. Tulli ACP, Pinheiro CSC, Teixeira SZ. Dor oncológica: os cuidados de
pia, além da redução da dor, alguns pacientes relataram enfermagem. Rev Soc Bras Cancerol [Internet]. 1999 [citado mar 10]; 7 [cerca
ter dormido melhor, ficaram mais relaxados e tranquilos, de 2 p.]. Disponível em: http://www.rsbcancer.com.br/rsbc/7Suplemento.
asp?nrev=Nº 7
e outros ainda evocaram lembranças pessoais(13).
2. Silva LM, Zago MM. O cuidado do paciente oncológico com dor crônica
O importante para o controle da dor crônica envol-
na ótica do enfermeiro. Rev Lat Am Enferm [Internet]. 2001 [citado 2007
ve não só a utilização de terapias não farmacológicas. mar 31];9(4):[cerca de 8 p.]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/rlae/
É fundamental a utilização de terapia farmacológica, v9n4/11482.pdf
como preconiza o programa da Organização Mundial 3. Correa C. Dor aguda e crônica. In: Correa C. Diagnósticos de enfermagem da
da Saúde (OMS). Este estabelece diretrizes para o con- NANDA. São Paulo: Artmed; 2006.
trole da dor – a escada analgésica –, o qual indica: para 4. Rodrigues MJ. Musicoterapia: elemento integrador entre o corpo e a mente.
dor leve (degrau 1) os não opioides como a aspirina; Rev Fisioterapia da PUC-PR. 1990;3(1):34-6.
para dor moderada (degrau 2) indica os opioides fracos 5. Benezon R. Musicoterapia: definição, esclarecimento dos termos, música,
como a codeína, associados aos não opioides e terapias complementos sonoros, complexo som-ser humano-som. In: Benezon R.
Teoria da musicoterapia. 2a ed. São Paulo: Summus; 1988.
adjuvantes; e para dor forte indica os opioides fortes
6. Borchgrevink HM. O cérebro por trás do potencial terapêutico da música. In:
como a morfina, concomitante aos não opioides, opioi-
Ruud E. Música e saúde. 2a ed. São Paulo: Summus; 1991.
des fracos e/ou terapias adjuvantes(14).
7. Vieillard S. Emoções musicais. Rev Psicol Psic Neuroc Conhec. 2005;149:
É importante relatar que um dos pacientes não 52-77.
acreditava no efeito da música na primeira sessão, mas 8. Leão ER. Dor oncológica: a música como terapia complementar na assistência
aceitou continuar, pois sentiu alívio da dor após as ses- de enfermagem. Boletim Científico do Hospital Samaritano 2002;(1). [citado
sões de música. Após a última sessão ele relatou que 2008 Dez 11]. Disponível em: http://www.samaritano.org.br/pt/interna.
sentiu o efeito benéfico da música e passou a acreditar asp?page=1&idpagina=393
nesta forma de terapia. 9. Bergold LB, Alvim NAT, Cabral IE. O lugar da música no espaço do cuidado
Além da redução da dor, ocorreu redução nos valo- terapêutico: sensibilizando enfermeiros com a dinâmica musical. Texto & Contexto
Enfermagem [Internet]. 2006 Abr-Jun [citado 2007 Fev 18]; 15(2):[cerca de 8
res dos parâmetros vitais, principalmente FR e FC. Ou- p.]. Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/714/71415210.pdf
tro estudo que avaliou o efeito terapêutico da música 10. Carvalho DS, Kowacs PA. Avaliação da intensidade de dor. Rev Migraneas
em crianças em pós-operatório de cirurgia cardíaca(15), Cefal. 2006;9(4):164-8.
identificou que ao ouvir músicas estas demonstravam 11. Bardin LM. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1979.
significativa redução da FC, PA e FR. 12. Fonseca KC, Barbosa MA, Silva DG, Fonseca KV, Siqueira KM, Souza MA.
Deve-se considerar, no entanto, as limitações do es- Credibilidade e efeitos da música como modalidade terapêutica em saúde.
tudo, uma vez que a amostra é pequena, tratando-se de Rev Eletrônica de Enferm [Internet]. 2006 [citado nov 20]. 9(3):[cerca de 6 p].
um estudo sociológico. Dessa forma, sugere-se a reali- Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a10.htm
zação de outros estudos sobre o tema com uma maior 13. Gonçalves LM. Com palavras não sei dizer: a musicoterapia em cuidados
amostragem. paliativos [monografia]. Conservatório Brasileiro de Música. 2001; p 4-21.
14. Pereira JL. Gestão da dor oncológica. In: Barbosa A, Neto I. Manual de
cuidados paliativos. Núcleo de cuidados paliativos/Centro de bioética da
Faculdade de medicina da Universidade de Lisboa; 2006.
CONCLUSÃO
15. Hatem TP. Efeito terapêutico da música em criança em pós-operatório de
Os pacientes, após as sessões de música, relataram ter cirurgia cardíaca. [dissertação]. Recife: Universidade Federal de Pernambuco;
obtido alívio da dor, além de relaxamento, evocação de 2005.

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