Jornal da Escola Secundária Ferreira de Castro

Março de 2006

A Selva
Jornal
da Escola Secundária Ferreira de Castro
Página  Março de 2006
20 cênt.

Novo bloco da Escola Secundária Ferreira de Castro

Projecto aguarda aprovação P

erde-se no tempo a origem de A Selva. No arquivo
que existe na escola, encontrámos jornais de 1992,
1994/5/6/7 e um de Maio do ano 2000 (terá sido o
último antes deste?); mas, segundo informações que reco-
lhemos junto dos professores que estão há mais tempo na
escola, o jornal é mais antigo. Do que soubemos, durante os
Bloco A anos em que saiu, A Selva passou por várias vicissitudes, teve
Bloco D vários formatos e até esteve para mudar de nome. Este ano
ressurgiu a ideia de voltar a fazer o jornal da escola e A Sel-
va reaparece, honrando o nome (sempre actual), inspirado
numa das principais obras de Ferreira de Castro.
Longe do que se pretende na mais nua e pura linguagem
jornalística este é um jornal onde o adjectivo tem lugar cativo,
a frase é imperfeita e a mais exacta função informativa falha.
O nosso quase único princípio é que, como se espera, o jornal
Novo Bloco escolar seja feito com a participação do maior número pos-
sível de membros da comunidade escolar, especialmente dos
alunos. Mas, desta vez, depois de várias tentativas feitas para
que chegassem textos, imagens ou outros materiais, a verdade
é que conseguimos muito pouco. Fizemos e distribuímos des-
dobráveis e cartazes, apelamos directamente aos professores,
Parque de falámos a vários alunos, mas a resposta foi muito escassa e
estacionamento tardia. Por isso o primeiro número do renovado A Selva de-
morou mais do que gostaríamos a chegar-vos às mãos.

Sumário
Pág. 2
• P. 6 - notícias várias sobre a página na internet da escola, a rádio esco-
lar, a semana dos média e actividades do 8º ano AC e do 9º A;
• P. 7 - Três “Ferreiras” de corpo e alma / secções dedicadas ao Inglês, ao
A Selva entrevista Presidente do Conselho Executivo Francês, à Físico-Química e à poesia;

exigência é o caminho A
• PP. 8 e 9 - artigos de opinião ou reflexões sobre temas muito actuais e tão
na Rio debate-se com uma série de problemas que não têm sido interessantes que deverão fazer-te pensar: a conquista da liberdade / O
fáceis de resolver neste ano em que inicia o seu segundo mandato PROJECTO ECO-ESCOLAS / a família e a delinquência juvenil / a vida difícil
como Presidente do Conselho Executivo. De todos eles, talvez se do professor, peça fundamental de uma escola que, bem vistas as coisas,

para a autonomia
destaquem os novos horários, a gestão do tempo não lectivo dos professores e nem está tão mal como a pintam / os bons animais que não merecem as
a ocupação dos tempos livres dos alunos. Sobre estes assuntos, e sobre outros selvajarias que lhes fazemos / a importância de sorrir, enfim;
que dizem respeito à gestão da escola e à actualidade, quisemos ouvi-la. Pág. 3
• PP. 10 e 11 - agradáveis páginas de Matemática, passatempos, co-
lumbofilia, notas soltas... que te vão divertir mais do que maçar...
“O Sonho” - pormenor de um quadro de J. D. (Quem será?)

• Mas o que nós queremos é que o jornal seja mais teu. É este o grande
apelo que fazemos na última página. Oxalá gostes e te decidas a “en-
trar” no próximo A Selva.
• No cabeçalho de todas as páginas interiores tens um excerto de A Selva
de Ferreira de Castro que deves ler / reler para descobrires as páginas
DESPORTO não indicadas. Haverá prémios para os primeiros cinco leitores que
Queremos O corta-mato, rea- acertem na totalidade das páginas.
lizado no passado dia 18 de
que este
Foto de Sérgio Cabral

Janeiro, é a prova desporti-

Última página.

va mais antiga na escola. A

jornal seja semana olímpica é o
feito por maior acontecimento da Fer-
reira de Castro. Tudo isto e
muito, muito mais está em:
selvasports.no.sapo.pt Olha a tua escola: www.esfcastro.pt
 Jornal da Escola Secundária Ferreira de Castro
Março de 2006
“Fato branco, engomado, luzidio, do melhor H. J. que teciam as fábricas
inglesas, o senhor Balbino, com um chapéu de palha a envolver-lhe em
sombra metade do corpo alto e seco, entrou na «Flor da Amazônia»
mais rabioso do que nunca.”
(Ferreira de Castro, A Selva, 36ª ed., Guimarães Editores, p. 29)
Página  Procura e indica a(s) página(s) onde se encontram os excertos seguintes de A Selva.

Novo bloco da Escola Secundária Ferreira de Castro

Projecto aguarda aprovação

Esta é a maquete de enqua-
dramento do novo edifício da
Escola Secundária Ferreira de
Novo Bloco Castro destinado a auditório
e salas de apoio à actividade
escolar. O projecto, da auto-
ria do Arq.º Mário Luís, pre-
tende responder à necessidade
de alargar a escola, dado que
Bloco D os seus responsáveis lutam há
muito tempo com falta de es-
paço para desenvolverem todas
as actividades que a comunida-
Bloco A de escolar se propõe realizar.

A Câmara Municipal de
Oliveira de Azeméis é parceira
da escola neste projecto, tendo
já manifestado a sua disponi-
bilidade para colaborar na sua
implementação. A Direcção
Regional de Educação do Nor-
te é a entidade que tem o poder
de decidir sobre a construção
deste bloco. A escola aguarda
essa decisão com esperança de
que o projecto se venha a con-
cretizar em breve.
Entrada principal Aqui fica também a repro-
da escola dução de parte da planta da
obra.

AUDITÓRIO FERREIRA DE CASTRO

Memória descritiva

O projecto do auditório é constituído por dois corpos distintos,

embora interligados: um mais volumoso e de maior impacto visual,
correspondente ao auditório e a todas as instalações complementares,
como sejam cabine de projecção, piso técnico de cenários e ilumina-
ção, camarins e arrumos. Neste espaço poderão decorrer actividades
várias como filmes, peças de teatro, reuniões, conferências e aulas alar-
gadas, sendo que para estas últimas se prevê que através de uma aber-
tura situada na cobertura se usufrua de iluminação natural no palco.
Um segundo corpo mais discreto, constituído por seis espaços
interligados dois a dois através de portas de correr, situação que per-
mitirá flexibilizar a sua futura utilização, proporcionará o decurso de A B C D
actividades variadas, como aulas, espaços oficinais diversos, clubes ou
outros. À sua menor altura corresponde um maior desenvolvimen-
to em profundidade, permitindo assim um resultado equilibrado na
leitura final do conjunto. A iluminação e ventilação destes espaços
será garantida a partir de um pátio ajardinado que se desenvolve late-
ralmente ao longo de todo o corpo, proporcionando a tranquilidade
e privacidade necessárias ao desenrolar das várias actividades que aí
decorrerão.
Os volumes, implantados a cotas diferentes e com acessos dife-
renciados, serão revestidos por materiais diversos, situação que igual- Planta que destaca as Piso (1) Piso(0) 5 - Pátio
mente deverá proporcionar a sua leitura individualizada. novas salas polivalentes A - Escadaria exterior 1 - Hall 6 - W.C. Deficientes
Por questões de carácter económico, situar-se-ão estrategicamente ao lado do auditório B - Foyer 2 - Atelier/sala 7 - Camarins Homens
no encosto entre os dois volumes as instalações sanitárias, que desta C - Palco 3 - W.C. Homens 8 - Camarins Mulheres
forma poderão servir simultaneamente as duas situações funcionais
diferenciadas. D - Auditório 4 - W.C. Mulheres 9 - Arrumo
Todo o conjunto será dotado de rampas que proporcionarão o
acesso sem restrições a todos os espaços por parte de portadores de
deficiência motora, que serão igualmente servidos por instalações sa-
nitárias adequadas. Corte onde se evidencia o
Pretende-se que o novo conjunto projectado, em diálogo com os palco, o anfiteatro e espaços
volumes pré - existentes, nomeadamente os Blocos A e D, defina um
envolventes, nomeadamente
pátio, que embora não se encontrando completamente encerrado es- B D
teja dotado da estabilidade propiciadora ao encontro e estar da comu- a escadaria de acesso.
nidade escolar. Nesse sentido, igualmente se pretende que a escadaria
C
de acesso ao auditório possa simultaneamente funcionar como um A
anfiteatro ao ar livre, potenciando-se desta forma o aproveitamento de
todos os futuros elementos construídos que integrarão este conjunto.
 Jornal da Escola Secundária Ferreira de Castro
Março de 2006
“Mas logo, vencidas pelas palhetas mais duas ou três milhas, a selva vinha
novamente debruar as margens e tão opulenta, tão exuberante se mostrava, que
dir-se-ia reconquistar ali tudo quanto perdera na terra calva.
Contudo, ao panorama magnificente sobrepunha-se no espírito de Alberto,
perturbado por essa própria grandeza inédita, que tanto contrastava com a
mesquinhez e imundície do convés, a ânsia de chegar ao seu destino.” (pág. __)
Página 

Entrevista com a Presidente do Conselho Executivo

MOTIVAÇÃO PARA GERIR UMA ESCOLA

A entrevista que se segue
realizou-se nos passados dias
19 e 26 de Janeiro. Estáva-
mos na altura da festa da
fogaceiras que se realiza no
vizinho concelho da Feira e o
gabinete do Conselho Execu-
tivo cheirava a fogaça e a ca-
ladinhos (pudemos até prová-
-los!). Sentámo-nos e conversá-
mos amenamente fugindo até
por vezes ao guião de pergun-
tas que tínhamos preparado,
interrompidos aqui e ali pelo
telefone a tocar ou por alguém
que batia à porta. Eis o resul-
tado necessariamente abrevia-
do dessa interessante conversa
que mantivemos com a Drª
Ana Rio, Presidente do Conse-
lho Executivo da Escola Secun-
dária Ferreira de Castro..
improvável manter-me no exe-
cutivo para além dos três anos
que agora estamos a iniciar.
Não encaro a minha carrei-
ra só como gestora da escola já
que o meu/nosso envolvimen-
to pessoal na gestão não é fácil
de manter ao longo de muito
tempo. É complicado manter a
energia que se tem nos primei-
ros anos e, sem essa energia,
perde-se muito.
A Selva - O capital de expe-
riência não conta?
PCE - É verdade que con-
ta. Agora domino quase todos
os assuntos de que trato, mas
acho que isso não justifica só
por si a continuidade. Pode-
-se cair na rotina e isso não é
bom.

A Selva - E a escola não

GESTÃO DE UMA ESCOLA
A Selva - O que a motiva
como Presidente do Conselho
Executivo?
Presidente do Conselho
Executivo (PCE) - Se me dis-
sessem há 10 anos que ia ser
presidente do conselho exe-
cutivo, não acreditava e ria-
-me. Não fazia parte dos meus
planos. Até vir para esta esco-
la nunca pensei vir a ter nela
este papel. O que queria era
ser professora. Acabaram por
ser várias circunstâncias que
me levaram a vir para o execu-
tivo, principalmente o convite
e a insistência do Presidente do
Executivo da altura (1995/96),
Manuel Alberto.
Para isso também contri-
buíram pessoas que trabalha-
ram comigo e sempre foram
um apoio indispensável. Em
conjunto fomos criando vá-
rios objectivos para a escola e
entendemos que ainda pode-
mos dar mais à escola. Por isso
apresentamos a nossa última
candidatura em 2005. Enten-
demos que aquilo que tínha-
mos feito até à data, apesar de
alguns erros cometidos, tinha
sido positivo e que havia coisas
que ainda podíamos corrigir
ou melhorar. Foi nesse sentido
que decidimos continuar por
mais três anos.
A Selva - Acha possível uma
3ª candidatura?
PCE - Parece-me muito
beneficiaria com a experiência
acumulada?
PCE - É óbvio que quando
se começa do zero é preciso um
investimento enormíssimo, só
para a pessoa se pôr a par das
coisas, o que significa muita
perda de tempo e de energia.
Por isso penso que a gestão
deveria ser menos técnica (co-
nhecer dossiês, leis e mil e um
assuntos relacionados com a
aplicação de leis) e mais de re-
cursos humanos e financeiros.
HORÁRIOS
A Selva - Porque é que os
horários estão sempre a mudar?
(perguntam alunos e professores)
PCE - Este ano, a última
teve a ver com as novas orien-
tações do Ministério da Educa-
ção (ME) sobre a componente
não lectiva dos professores.
Havia uma orientação inicial
no sentido de dar liberdade às
escolas para decidirem o nú-
mero de horas que os seus pro-
fessores iriam estar a trabalhar
na escola. Isso levou a que as
escolas tivessem tomado posi-
ções diferentes que o ME agora
procurou uniformizar de for-
ma rígida o que forçou a mais
uma alteração de horários.
Os planos de recuperação
do ensino básico (outra novi-
dade deste ano lectivo) tam-
bém obrigaram a alterar os ho-
rários dos alunos com tutorias
e aulas de apoio.
A equipa executiva (da esq. para a dir.): Ana Rio (Presidente), Júlia Lopes (Assessora), Benilde Gomes (Assessora),
Fernanda Gomes (Vice-presidente), Ana Paula Azinheira (Vice-presidente).
As alterações de Setembro
e Outubro foram necessárias
para correcção das falhas que
se verificaram (casos pontuais,
lapsos como ter uma turma de
28 alunos numa sala onde só
cabiam 18, etc.) e, por vezes,
a correcção de um horário
obriga à alteração de vários,
como é sabido. Este ano essa
situação foi particularmente
difícil devido à falta de espa-
ços (temos mais alunos do que
em anos anteriores), devido à
marcação de ACRE’s do 12º
ano e de trabalhos de equipa,
etc.. Ora, tudo isto levou a que
alguns horários não estivessem
ao gosto, tanto de alunos como
de professores. Mas procura-
mos satisfazer todos os pedidos
atendíveis.
A Selva - Porque é que al-
gumas turmas do 12º ano têm
horários “maus” e outras os têm
“bons”?
PCE - No 12º ano há vá-
rias situações que levam a que
o horário possa não ser bom,
e tenha de ocupar mais de tar-
des: há cursos com acréscimo
de carga horária maior do que
outros (isso depende das disci-
plinas); há turmas em que os
alunos se dispersam, em que
existe um leque grande de dis-
ciplinas que podem escolher e
isso também complica os horá-
rios respectivos. Nós optámos
por dar todas as opções que
foram pedidas o que obriga a
várias conjugações de turmas.
A Selva - Porque é que não
abriram determinadas discipli-
nas, este ano? (por ex. Sociolo-
gia, que tinha 6 alunos inscritos,
não funciona enquanto no ano
passado a Filosofia funcionou só
com 3 alunos - eram esses os alu-
nos no fim do ano)
PCE - Para que funcione
uma disciplina com número
reduzido de alunos é necessá-
ria uma autorização superior
que é dada em fins de Julho,
tendo em conta os alunos ins-
critos na altura. Há determi-
nadas disciplinas em relação
às quais a Direcção Regio-
nal de Educação do Norte
(DREN) é mais sensível e
autoriza logo que funcionem
com um número reduzido de
alunos como, por exemplo,
as que são necessárias para o
acesso ao Ensino Superior, e
há outras que não.
No caso da Sociologia, não
havia número suficiente de
alunos inscritos em Julho para
que fosse feito o pedido de
funcionamento da disciplina.
CONTRARIEDADES
A Selva - Qual é o maior di-
lema que o executivo está a ter?
PCE - Estamos num ano
particularmente difícil para
os executivos. Numa primeira
fase tivemos de aplicar medi-
das muito impopulares, tive-
mos de apelar à participação
das pessoas o que foi particu-
larmente desgastante.
Houve algumas decisões
difíceis. Quando, por exem-
plo, decidimos ter os Cursos de
Educação e Formação (CEF’s),
tivemos dúvidas sobre o tipo
de trabalho que estávamos a
concretizar.
Mas, a tarefa mais difícil
este ano foi a implementação
da componente não lectiva dos
professores.
A Selva – Qual a principal
dificuldade com que se debate na
gestão da escola?
PCE – A principal difi-
culdade na gestão de uma es-
cola é que a todo o momento
tudo está a mudar: leis novas,
orientações diferentes, desafios
novos, ofertas formativas dife-
rentes, cumprimentos de pra-
zos... o que torna a decisão que
se tem de tomar muito com-
plexa. Só conhecendo muito
bem o sentimento geral da
escola é que os executivos po-
dem tomar decisões acertadas.
E, muitas vezes essas decisões
são só da responsabilidade do
executivo, mas para serem apli-
cadas pela escola.
OCUPAÇÃO INTEGRAL
DOS TEMPOS LIVRES
DOS ALUNOS (OITL)
A Selva – Qual é o principal
objectivo da OITL?
PCE – O objectivo é ocu-
par todos os tempos dos alunos
que ficam livres; aproveitar esse
tempo e os recursos que exis-
tem na escola para enriquecer,
acrescentar qualquer coisa à
formação dos alunos.
Mas isto não está a ser con-
seguido. A partir deste momen-
to o grande objectivo é encon-
trar uma solução melhor para o
próximo ano lectivo. Para isso,
no Conselho Pedagógico já foi
constituído um grupo de traba-
lho para acompanhar as OITL.
A Selva – Será que a forma
como está a funcionar não con-

“COMO PROFESSORA, SINTO AS DORES DOS PROFESSORES”
tribui para o descrédito de pro-
fessores e escola?
PCE – Se algo corre mal é
claro que a imagem da escola
e dos professores não sai favo-
recida.
A Selva – O que seria para
si “correr bem”?
PCE – Correr bem seria
ter resultados mais favoráveis
do que aqueles que nos foram
dados pelo inquérito que fize-
mos. Quando a maioria das
pessoas (professores e alunos)
considera que a ocupação des-
ses tempos não foi útil, não foi
educativa, não podemos achar
que está a correr bem.
Para mim, tudo correria
melhor se os professores, em
primeiro lugar, e os alunos,
também, colaborassem e se
convencessem que esta medida
é positiva e útil. Mas friso que
é aos professores que cabe o
papel principal.
Muitos professores dizem
que este trabalho não se enqua-
dra nas suas funções, nas suas
competências como professo-
res. Mas, em termos formais,
não tenho dúvidas de que estas
actividades se enquadram no
trabalho dos professores (com-
ponente não lectiva) porque
estão previstas no Estatuto da
Carreira Docente há muitos
anos. Na prática, de facto, é
uma mudança muito grande
em relação ao que os professo-
res estavam habituados a fazer.
Penso que, para que as pes-
soas sintam isso como parte
das funções do professor, pro-
vavelmente a escola vai ter que
mudar, nomeadamente as con-
dições em que as substituições
estão a ser feitas. Mas este é
um trabalho mais colectivo do
que apenas do órgão de gestão
da escola porque os professo-
res que fazem substituições
se sentem abandonados pelos
colegas que estão a faltar e que
não deixam orientações ou
materiais de apoio, e também
se sentem abandonados pela
escola porque os manda para
Entrevista com a Presidente do Conselho Executivo
uma sala onde não existe nada
e onde lhes pede para inventar
uma tarefa que agrade a todos.
Penso, ainda, que a pior
fase, a fase da rejeição inicial,
já passou e agora temos con-
dições para reflectir de forma
mais serena.
A Selva – Se o trabalho de
equipa dos professores funciona-
va bem (em muitos casos), por
que foi preterido em relação ao
OITL?
PCE – Não tínhamos in-
dicações concretas sobre o
melhor ou pior funcionamen-
to dos trabalhos de equipa
(TEQ). Partimos do princípio
de que todos funcionavam de
forma satisfatória. Mas, na úl-
tima remodelação de horários
tivemos de tirar TEQ’s por
dois motivos: o primeiro é que
havia pessoas que só tinham
TEQ e se tiramos essas horas a
umas, tivemos de tirar também
às outras que trabalhavam em
conjunto; o segundo, é que, na
sequência da norma superior
que impõe que só se pode uti-
lizar 50% do tempo de redu-
ção ao abrigo do artigo 79 para
substituições, foi necessário
tirar OITL’s a umas pessoas e
atribuí-las a outras.
NOVAS REGRAS
NA GESTÃO DO TEMPO
A Selva – Como professora,
acha que tem tempo para prepa-
rar devidamente as aulas com os
horários praticados este ano?
PCE – A maior contrarie-
dade que temos hoje nas nossas
vidas é a gestão do tempo e isso
também afecta os professores.
Às vezes gerimos o tempo de
forma errada, e eu também so-
fro desse problema.
Isto dito, considero que
essa pergunta não deve ter uma
resposta de sim ou não. Há
professores que têm diferentes
níveis de ensino, uns muitas
outros poucas turmas, um ou
vários níveis, e também há
disciplinas e disciplinas (umas
Jornal da Escola Secundária Ferreira de Castro
Março de 2006
Página 
que exigem uma preparação
maior do que outras). Embo-
ra isto não seja “politicamente
correcto”, há que dizê-lo.
Formalmente, estamos em
situação de igualdade, mas
na prática não estamos, e isso
já começa na área disciplinar
com a distribuição do serviço
para cada professor. A respon-
sabilidade de fazer uma distri-
buição de serviço equilibrada e
justa não é uma responsabili-
dade única do órgão de gestão,
começa com a distribuição de
serviço nos grupos disciplina-
res, que muitas vezes tem al-
guns desequilíbrios.
Assim, haverá pessoas que
têm tempo para preparar as
aulas de forma satisfatória e
haverá outras que têm mais
dificuldade por força também
da organização do horário. Ad-
mito que em alguns casos estes
horários penalizem algumas
pessoas.
A Selva – Acha que os pro-
fessores não desenvolvem real-
mente trabalho, acha que não
se empenham nas suas tarefas
docentes? Que conceito tem dos
professores?
PCE – Aquilo que algu-
mas pessoas me dizem é que
há nesta escola um clima de
desconfiança que põe em cau-
sa os professores, antes de pôr
em causa os outros sectores ou
as outras partes envolvidas. Eu
penso que isso não correspon-
de nem às nossas intenções
nem à nossa prática. Procura-
mos que exista na escola um
clima social de diálogo e de
igualdade de oportunidades.
Não consideramos que exis-
tam vantagens em manter um
modelo baseado na autoridade
máxima do professor e na obe-
diência cega dos alunos.
Parece-nos que, no século
XXI, tem que haver um ajuste
constante por parte de todos
nós nas relações e no trabalho
de forma a procurarmos perse-
guir ideais de excelência. E é
nesse sentido que temos traba-
lhado e pedido a colaboração
das pessoas.
A Selva – Mas acha que tem
um corpo docente competente,
responsável, dedicado, esforçado
até em muitos casos? É essa a
opinião do Conselho Executivo?
PCE – É essa a nossa opi-
nião. O Conselho Executivo
tem uma opinião muito po-
sitiva dos professores porque,
caso contrário, não se proporia
a desempenhar funções execu-
tivas. Achamos que temos o
apoio deles, do pessoal auxiliar
“De longe a longe, uma palmeira muita esguia e clara subia, em arranco
de foguete, para olhar a selva por cima do ondeado em que terminava
todo o arvoredo. E eram, então, quatro palmas solitárias lá no alto, como
se quisessem fugir dos homens – dos homens que apesar de tudo, lhes
iam roubar o cacho saboroso, de onde extraíam o açaí.” (págs. ___-___)
e dos serviços administrativos;
cremos que temos a sua con-
fiança, e confiamos neles.
O nosso objectivo não é
ter uma escola dividida (com
os professores de um lado, os
alunos do outro, o pessoal au-
xiliar e administrativo de ou-
tro) é ter uma escola em que
os professores se sintam bem
e se sintam bem tratados, em
que se sintam recompensados
pelo que fazem. Não acho jus-
tas essas acusações de que nós
desconsideramos os professo-
res ou que os achamos incom-
petentes. Pretendo fazer parte
desses professores e, como
professora, sinto as dores dos
professores quando se discu-
te a nossa carreira, quando se
discutem os nossos problemas,
os nossos direitos, apesar das
minhas actuais funções serem
diferentes.
AVALIAÇÃO
A Selva – Já foi feita alguma
comparação entre a avaliação
deste ano e a do ano passado?
PCE – Este ano, no pri-
meiro período, foi feito o le-
vantamento da percentagem
de alunos propostos para pla-
nos de recuperação. Como o
ano passado não havia essa
figura, ainda não existe termo
de comparação. Claro que po-
demos, através das pautas do
ano passado, contar o número
de alunos com três ou mais ne-
gativas; no entanto, penso que
esse número não andará muito
longe dos números deste ano.
A Selva – Esta pergunta
prende-se com um argumento
usado pelos sindicatos que diz
que as medidas postas em prática
este ano, nomeadamente no que
diz respeito à organização dos
horários dos professores, pouco
ou nada teria beneficiado, nem
as escolas, em geral, nem os alu-
nos, em particular.
PCE – Em termos de apro-
veitamento, eu também duvi-
do que a ocupação dos tempos
livres dos alunos tenha reflexo
no seu aproveitamento, pelo
menos este ano lectivo.
A Selva – Acha, então, que
esta nova organização não está a
beneficiar, nem a escola, nem o
aproveitamento dos alunos?
PCE – Dar uma reposta,
agora, a essa pergunta, não me
parece possível, uma vez que
há medidas, e esta será uma
delas, que só têm efeito a longo
prazo. Relativamente ao apro-
veitamento dos alunos, o que
se tentou fazer este ano pren-
de-se mais com os planos de
recuperação que eu julgo que
só poderão ser avaliados no fim
do ano. Penso, até, que seria
útil que o jornal interrogasse
os alunos abrangidos por esses
planos, de modo a colher as
suas opiniões sobre esse assun-
to e sobre o modo como estes
estão a decorrer. Penso que em
algumas escolas, estas medidas
terão um efeito positivo, pois a
manter-se este nível de apoio,
possível através do aumento da
carga horária dos professores,
algum benefício daí resultará
para os alunos.
A Selva – No entanto, ape-
sar de ainda ser cedo para tirar
algumas conclusões, algumas
consequências já terá notado,
nomeadamente ao nível da de-
gradação do ambiente de traba-
lho dos professores que se reper-
cutirão, necessariamente, no seu
envolvimento e empenhamento
na escola degradando, também,
a qualidade de ensino.
PCE – Não me parece que
seja possível, para já, tirar con-
clusões sobre se as aulas piora-
ram ou melhoraram, porque
não há dados para avaliar essa
situação.
A Selva – Mas nota os pro-
fessores mais ou menos cooperan-
tes, mais ou menos disponíveis?
PCE – É óbvio que há um
descontentamento quase gene-
ralizado, o que, em alguns ca-
sos, tem constituído um entra-
ve à implementação de alguns
projectos. No entanto, penso
que houve uma fase inicial de
contestação que tem vindo a
diminuir estando, agora, pra-
ticamente ultrapassada. Vê-se
que as pessoas já vão aceitando
que algumas dessas medidas
são para manter. No fundo,
trata-se de um processo natu-
ral, que acontece sempre que
se tomam grandes medidas
que tocam nos nossos interes-
ses e no nosso quotidiano; há
sempre uma fase de resistência
e de contestação, que tenderá a
diluir-se com o tempo.
A Selva – A sua percepção
é, pois, de que todas estas trans-
formações e este ambiente de
descontentamento, não preju-
dicaram de forma significativa
o normal funcionamento da
escola.
PCE – Eu já aqui estava
antes, e aqui continuo, e sem-
pre conheci pessoas indisponí-
veis para pegar em projectos
que saem da sua rotina, da
concepção do seu dever profis-
sional. Sempre houve pessoas
que concebem a sua profissão
como “dar as aulas” e pouco
mais, e outras que, pelo con-
trário, sempre estiveram dispo-
níveis para participar em pro-
jectos. Porém, não é possível
classificar, uns e outros, como
bons ou maus profissionais, até
porque, e é uma verdade que
tem que ser dita, o essencial do
que se faz na escola é o que se
faz dentro da sala de aula. Uma
escola não é boa pelo número
de projectos e actividades que
se fazem em paralelo com a
sala de aula e o fundamental
numa escola é a relação peda-
gógica professor aluno, dentro
da sala de aula. Ora, essa é
uma área muito delicada em
termos de avaliação, e quer no
passado, quer no presente, não
é possível fazê-lo. Daí que são
mais visíveis as repercussões
destas novas medidas fora da
sala de aula, nomeadamen-
te na (in)disponibilidade dos
professores para a participação
em projectos, do que no seu
desempenho na sala de aula.
Saliente-se, no entanto, que
mesmo ao nível do número de
projectos implementados este
ano, a situação é muito satisfa-
tória. Temos três projectos do
“Ciência Viva”; o “Eco Esco-
las”; candidaturas a outro tipo
de programas, como sejam um
do grupo de informática sobre
“Produção de Conteúdos” e
outro na área da cultura que
envolve a escola, a Câmara
Municipal, o Centro de Estu-
dos Ferreira de Castro e a Casa
Museu Ferreira de Castro, que
se destina a financiar diversas
actividades culturais; outro no
âmbito do COMENIUS para
participar num intercâmbio
com uma escola da Bulgária;
enfim, uma série de projectos
que permitem dizer que até
houve um incremento este ano
relativamente ao ano passado.
Aliás, graças a essa maior per-
manência dos professores na
escola, estes acabam por ter
necessidade de ocupar esse
tempo, pelo que acabam por
dinamizar projectos e activida-
des que, de outro modo, não
fariam.
PROJECTOS
A Selva – Para além dos que
são da iniciativa dos professores,
que projectos tem o Conselho
Executivo para a escola?
PCE – Um dos mais im-
portantes e que pensamos estar
muito bem encaminhado, no-
meadamente graças ao envol-
vimento empenhado e muito
visível da Câmara Municipal, é

“A mancha, até agora obscura, da plantaria rasteira e dos arbustos que prolongavam a sombra
em que a terra vivia, adquirira já o seu verde natural. A luz conseguira, enfim, traspassar o
cerrado e acendia agora as suas vistosas lâmpadas em todos os desvãos. E não era só claridade
flutuante, como pó bem peneirado; era sol que fabricava jóias refulgentes nos troncos das
árvores — anéis e diademas que matavam o ar soturno das princesas da floresta.” (pág. ____)
exigência é o caminho para a autonomia
a construção de um novo blo-
co, cujo projecto foi efectuado
pelo nosso colega Mário Luís,
dotado de um auditório gran-
de e de qualidade, mais salas
de aula e outro tipo de espaços
que nos permitirão diversificar
a nossa oferta formativa ao
nível de cursos com carácter
profissionalizante, em con-
sonância, aliás, com as metas
definidas a nível nacional que
apontam para que, nos próxi-
mos cinco anos, metade dos
alunos do ensino secundário
estejam em cursos desta natu-
reza, concluindo formação de
nível três. Ora, o que se pede às
escolas é que se preparem para
promover esse tipo de cursos,
com qualidade. Além disso,
está em fase de conclusão a
proposta de projecto educativo
da escola, e dado que o mes-
mo será colocado à discussão
brevemente, penso que será o
momento certo para dar a co-
nhecer os objectivos e projec-
tos de carácter pedagógico que
pensamos pôr em prática. No
entanto, posso adiantar que
um dos objectivos é, precisa-
mente, aumentar e diversificar
a oferta formativa de forma a
proporcionar respostas alterna-
tivas e adequadas a todo o tipo
de necessidades formativas dos
nossos jovens, mesmo quando
a meio de um percurso se torna
necessária uma reorientação.
Claro que permanece como
nosso objectivo continuar a
oferecer um ensino de qualida-
de ao nível das outras aprendi-
zagens de carácter, quer geral,
quer pessoal, nomeadamente
no domínio da cidadania, por
exemplo.
A Selva – Já se sabe, ao cer-
to, qual a oferta de cursos para o
próximo ano?
PCE – Na última reunião
do Conselho Pedagógico de-
cidiu-se iniciar o processo de
criação dos Cursos Profissio-
nais de Química, da chamada
família da Administração e na
área do Design, para abrirem,
se possível, já no próximo ano
lectivo. No caso deste último,
poderão surgir dificuldades
uma vez que não consta dos
referenciais do Ministério da
Educação. No entanto, procu-
raremos junto da DREN pro-
por um contrato de autonomia
que permita à escola criar o seu
próprio curso, ainda que não
se submeta a nenhum referen-
cial, desenhando o seu próprio
plano curricular. Continuam,
ainda, em discussão, a oferta
de cursos de educação e forma-
ção (CEF’s) uma vez que ainda
Entrevista com a Presidente do Conselho Executivo
não está definida a rede que
iremos ter no próximo ano.
O processo inicia-se nos gru-
pos disciplinares, que deverão
propor cursos que considerem
pertinentes para que depois,
junto das outras escolas da
região, bem como de outras
instituições, nomeadamente a
Câmara Municipal, sejam har-
monizadas as várias propostas
e os vários interesses de modo
a criar uma rede equilibrada
em que não se sobreponham
cursos iguais e, ao contrário, se
diversifique a oferta.
A Selva – Neste momento
já funcionam na escola cursos
tecnológicos e CEF’s. Tem havi-
do algum acompanhamento dos
alunos que terminam essa for-
mação, de modo a poder aferir-
-se a sua razão de ser?
PCE – Temos algum regis-
to dos alunos que concluíram
os cursos tecnológicos e fre-
quentaram um estágio. Estes
cursos já existem nesta escola,
seguramente, há mais de dez
anos incluindo, ainda que não
fosse obrigatório e para os que
assim o desejem, um estágio
parcialmente custeado pela
escola ao nível de um subsídio
de alimentação e de transpor-
te. Ora, o que se conclui é
que a maioria dos alunos que
termina esse estágio, não fica
a trabalhar na instituição ou
empresa onde o frequentou,
mas é um facto que acabam
por revelar alguma facilidade
em encontrar emprego, com
excepção do curso tecnológico
de acção social. Pensamos que
as razões desse facto se devem
ao maior número de alunos
que frequenta esse curso, e à
circunstância de ser uma área
em que, paralelamente, muitas
outras instituições oferecem
formação; veja-se, a título de
exemplo, o facto do próprio
instituto de emprego e forma-
ção profissional oferecer a pes-
soas desempregadas formação
nessa área. Este ano, já garan-
timos estágio para a totalidade
dos alunos dos cursos tecnoló-
gicos de acção social e de des-
porto, e para a quase totalidade
dos alunos do C. T. de infor-
mática, passando-se o mesmo
com os alunos dos CEF’s.
“MORANGOS”
A Selva – Mudando ago-
ra de assunto. Qual pensa ser a
influência de programas como
“Morangos com Açúcar” no
comportamento dos jovens e na
própria vida da escola?
PCE – Eu não vejo, por vá-
Jornal da Escola Secundária Ferreira de Castro
rias razões, os “Morangos com
Açúcar”; no entanto, penso ser
muito grande. Veja-se, a título
de exemplo, o processo eleito-
ral para a Associação de Estu-
dantes, que foi muito invulgar
dado o número de listas que se
apresentou. Esta foi uma con-
sequência directa, que eu pen-
so ser muito positiva.
A Selva – E que pensa da
influência e das consequências
que as novas tecnologias, nome-
adamente telemóveis, compu-
tadores, consolas, podem ter no
funcionamento da escola?
PCE – Eu penso que essa
influência é inevitável, dado
que quer a evolução das novas
tecnologia, quer a abertura dos
jovens para aderir a elas, tam-
bém o é. Claro que existem
consequências, nomeadamen-
te conflitos, quando alunos
estão nas aulas de telemóvel
ligado, mas temos que enca-
rar isso como fazendo parte de
um percurso natural, ao qual a
escola se terá que adaptar. Te-
mos que pensar que, apesar da
escola não pode acompanhar
a evolução tecnológica, uma
vez que se tornaria proibitivo
em termos económicos fazê-lo,
continuamos a dar aulas como
há muitos anos atrás, quando a
sociedade evolui e evolui, pre-
cisamente, por causa e apoiada
nesse desenvolvimento tecno-
lógico. Ora, a escola deverá
ser um polo de dinamização e
promoção do uso dessas tecno-
logias.
A TERMINAR
A Selva – Para terminar:
como se sente por ser a pessoa que
dá rosto às medidas do Ministé-
rio da Educação e sobre a qual
recai todo o descontentamento
dos professores?
PCE – Muitas vezes vem
ao de cima um certo desânimo,
obviamente, porque estamos a
falar de medidas que, como
equipa, tomámos com alguma
convicção. No entanto, como
equipa, também já estávamos
habituados a lidar com o facto
de termos sempre algumas pes-
soas contra nós. Quem ocupa
estes cargos, sabe que tem que
tomar diariamente muitas de-
cisões, umas mais fáceis, outras
não tanto, mas que implicam
quase sempre um grande nú-
mero de pessoas. Além disso,
somos frequentemente acusa-
das, umas vezes pelos alunos
de tomarmos sempre o partido
dos professores, outras vezes
pelos professores de tomar-
mos o partido dos alunos ou
Março de 2006
Página 
dos pais, outras, ainda, pelos
pais e funcionários auxiliares,
de tomarmos o partido dos
professores, pelos professores
que acham que estamos a dar
demasiada margem de mano-
bra aos auxiliares para tomar
um certo tipo de decisões, pelo
que situações de contestação já
não eram novidade para nós e
já não nos faziam viver num
mar de rosas. Mas é óbvio que
este ano a contestação foi um
bocadinho mais forte, mas não
foi suficiente para nos desani-
mar e a prova é que continu-
amos aqui e com vontade de
continuar.
A Selva – E o que pensa da
vinda de um gestor profissional
para as escolas?
PCE – Devo dizer que a mi-
nha opinião sobre esse assunto
foi evoluindo consoante as cir-
cunstâncias. Penso que tal só se
justificaria se essa figura fosse
investida de poderes e compe-
tências que no actual modelo
não existem. Não significa isto
que eu quisesse ter esses instru-
mentos, mas a figura do gestor
traz consigo uma mudança na
filosofia de gestão das escolas,
dando-lhes, seguramente, mais
ferramentas, nomeadamente
uma, que é imprescindível: a
da avaliação. Além disso, será
uma figura mais distante, des-
ligada dos interesses profissio-
nais de qualquer das classes
profissionais existente nas es-
colas, e que, nessa medida, cria
uma relação com os diversos
profissionais pautada por cri-
térios que tenham a ver com
o cumprimento de objectivos,
quer traçados superiormente,
quer por ele próprio. Ora este
perfil e esta filosofia, pode tra-
zer algumas vantagens para as
escolas. No entanto, penso que
o nosso dia a dia demonstra
que um outro tipo de contacto
e de abordagem dos problemas
pode também trazer eficácia,
uma vez que ao contrário da
outra, não é usado um estatu-
to hierárquico rígido e muito
definido, que pode ser contra-
producente. Penso, no entan-
to, que será o futuro da gestão
das escolas se o actual modelo
não der resultados, nomea-
damente melhorando alguns
indicadores que estão muito
mal na educação em Portugal.
Aquilo que a actual equipa do
Ministério da Educação está a
fazer e que será a linha de actu-
ação futura, é avaliar este mo-
delo e ver o que ele tem para
dar uma vez que o diagnóstico
está feito e é necessário encon-
trar um modelo que resolva os
problemas com que a educação
se defronta. Estou convencida
que se o actual modelo não
corresponder ao que se exige
dele, não haverá outra solução
que não seja mudá-lo. Na se-
quência deste raciocínio, acho
que os professores só poderão
reivindicar a manutenção do
actual sistema se conseguirem
encontrar e contribuírem para
encontrar soluções para os
problemas. Não podemos con-
tinuar a pensar que o problema
não está em nós e que por isso
não nos podem exigir mais do
que aquilo que já fazemos por-
que, de facto, tem que se exigir
mais das escolas porque se te-
mos os problemas que temos,
nomeadamente com taxas de
insucesso e abandono elevadís-
simas, é porque também as es-
colas têm falhas. Não podemos
dizer que são só os alunos e só
as famílias e os problemas que
nós não conseguirmos resolver
vão aumentar a necessidade
dos governos tomarem medi-
das que não nos vão agradar.
Aliás, este assunto prende-se
com uma ideia já abordada e
que tem a ver com o facto de
se pensar que o Conselho Exe-
cutivo toma medidas contra os
professores; ora, eu penso que
a exigência, o sermos exigentes
connosco e com os outros, é
o caminho para podermos ser
autónomos e para nos poder-
mos afirmar como escolas que
funcionam e como profissio-
nais que querem ser olhados
como tal. É com este objectivo
que temos que trabalhar.
A Selva – Na sua opinião,
esses maus resultados da escola
serão em termos absolutos ou
relativos? Dito de outro modo,
atendendo ao nosso passado e
ao ponto de partida, poderia a
escola ter feito mais e melhor em
trinta anos, mesmo que o modelo
tivesse sido perfeito?
PCE – Acho que não. Aliás
sou optimista e penso, mesmo,
que as escolas estão melhores.
Penso que o grande problema
da Escola no nosso país é ter
que competir com base numa
referência europeia e termos
metas que foram traçadas,
nomeadamente pela estraté-
gia de Lisboa, para 2010, que
são metas que vão exigir mui-
to das escolas. É que, por um
lado, nós fizemos um percurso
muito positivo, diria mesmo,
muito bom, mas o problema
é que continuamos longe das
metas que foram traçadas para
nós. E isto, não apenas ao ní-
vel da educação; nós queremos
comparar-nos com outros par-
ceiros da Europa e, sobretudo
ao nível da educação, estamos
muito atrasados.
A Selva – Será que o excesso
de voluntarismo, nomeadamente
ao querer “queimar etapas” defi-
nindo metas que à partida não
estamos preparados para atingir,
não terá um efeito contrário ao
pretendido?
PCE – Eu não sou especia-
lista nessa área, mas entendo
que o desenvolvimento do país
também depende do desenvol-
vimento da educação, logo, se
queremos que o nosso país te-
nha níveis de desenvolvimento
superiores, porque disso de-
pende a qualidade de vida de
todos nós e das gerações futu-
ras, temos que enfrentar esse
desafio.
Entrevista conduzida por
Manuel Borges e Luís Neto
 Jornal da Escola Secundária Ferreira de Castro
Março de 2006
“No dia seguinte, domingo de repouso e fornecimento, quando
Alberto e Firmino chegaram ao barracão já a varanda estava
povoada de seringueiros. Eram caras de diferentes cores e
corpos de todas as estaturas, uniformizados apenas pelas blusas
de riscado e calças de brim, invariavelmente azul.” (pág. ___)
Página 

www.esfcastro.pt Notícias do 8ºAC

O que é que a Página da Escola na Internet tem para ti?
A página da Escola ser-
ve para disponibilizar vários
serviços a toda a comunidade
educativa. Para além de dar
informações sobre a escola a
outras pessoas, a nossa página
tem várias coisas para ti. No
nosso sítio (ou site, em inglês)
podes encontrar:
Professores podem pôr a sua disciplina na Internet
Brevemente, vamos disponibi-
lizar um novo serviço, conhe-
cido por Moodle, que permite
aos professores criar e manter
um espaço na Internet, alo-
jado no servidor da Escola,
onde podem registar os seus
alunos, atribuir-lhes trabalhos,
que podem ser enviados e de-
volvidos através da rede, fazer
testes de vários tipos (respos-
ta múltipla, palavras cruzadas,
espaços em branco, asso-
ciação de palavras/imagens,
etc.) disponibilizar textos,
apontamentos, apresentações
em Powerpoint, exercícios
resolvidos, links para sites in-
teressantes para a disciplina
Rádio da Escola
vai ter página na Internet
A equipa da Rádio Impacto
está a preparar uma página, que
vai estar integrada no site da
Escola, onde vai estar disponível
informação variada sobre a rádio.
O principal objectivo desta página
é recolher as votações dos alunos
da escola para se fazer um top das
preferências musicais dos alunos.
• Informações actualizadas
sobre tudo o que se passa
na Escola: as actividades,
comemorações, dias ou
semanas dedicadas a certos
temas, o desporto escolar,
etc.;
• O cartão da Escola, onde
podes marcar as tuas re-
e muito mais. Este
espaço está expe-
rimentalmente dis-
ponível em www.
esfcastro.pt/mood-
le/ e os professores
podem inscrever-se
no fórum existente
para, mais tarde,
poderem abrir os
espaços das suas
próprias discipli-
nas. Este é um re-
curso que está a ser
usado em muitas
universidades e es-
colas por todo o
mundo e que pode
ser muito útil.
A media, conversas com jornalistas, actividades
Rádio Impacto
precisa de colaboradores
Gostavas que a rádio da Escola tivesse maior diversidade
de programas? Que não fosse só música, mas que
também tivesse notícias, passatempos, reportagens
e outros? Então, vem fazer parte da equipa,
traz as tuas ideias e iniciativas.
. . .
feições, ver o saldo e as • Também desde Janeiro,
despesas que fizeste; podes usar um email do tipo
• Documentos importantes, oteunomedeutilizador@
como o Projecto Educativo esfcastro.pt. É uma caixa de
da Escola, o Plano Anual de correio personalizada, com a
Actividades, as turmas e os qual podes enviar ou receber
horários. emails com ficheiros anexos;
• Desde Janeiro, também • Ligações (weblinks) para
já podes descarregar e páginas feitas pelos teus
imprimir as justificações professores, com conteúdos
de falta, que assim já não sobre as disciplinas ou para
precisas de comprar na páginas que eles consideram
Papelaria; ter interesse para ti;
• Um serviço de mensagens, • Se quiseres, com os teus co-
com o qual podes enviar legas, ter a página da turma,
e receber mensagens de basta que contactes o admi-
outros utilizadores, sem nistrador da página (cujo
precisares de usar o email; email é PauloMartins@
• Salas de conversação: podes esfcastro.pt) e pedir que
conversar com os teus disponibilize espaço para
amigos no Bufete, uma sala ela. Se não a souberes fazer,
aberta a toda agente ou, se podes pedir-lhe para te dar
quiseres, podes abrir salas formação, o que pode acon-
de conversação para uma tecer numa aula de Estudo
disciplina ou para uma Acompanhado ou Área de
turma; Projecto.
Semana dos Media na Escola
mostra os meios de
comunicação
Esta semana, que vai decorrer entre 27 e 31 de
Março, tem como objectivo aproximar os meios de
comunicação social da Escola. Durante estes dias,
haverá cinema, exposições relacionadas com os
na Internet e torneios de jogos de
computador. O programa definitivo
será divulgado atempadamente.
Paulo Martins
decoração de presentes de Natal
No passado dia 8 de Dezembro de 2005, a turma do 8ºAC
(Curso de Educação e Formação de Assistente Comercial) par-
ticipou numa actividade relativa
à decoração de presentes de Na-
tal.
No sentido de melhor reali-
zar esta tarefa, a turma contou
com a ajuda de uma represen-
tante do comércio local, que se
deslocou à escola com o propósito de ensinar aos alunos técnicas
decorativas a aplicar em presentes natalícios.
Já no dia 15 do mesmo mês, foi a turma que tomou a iniciati-
va e proceder à mesma actividade, embrulhando os presentes que
a comunidade escolar lhe forneceu.
O balanço feito foi bastante positivo, dado que a tarefa foi
proveitosa e também produtiva. Quem sabe se num futuro pro-
fissional tais conhecimentos não poderão vir a ser úteis?
A turma pensa que, por isso mesmo, poderá voltar a repeti-
la no próximo ano lectivo, caso tenha novamente a colaboração
da comunidade escolar. Ao longo, ainda, deste ano lectivo, irão
realizar-se outras actividades. Até breve!
Notícias do 9ºA
Projecto Eco-Escolas
Como para um ambiente saudável todo o ser vivo tem de
colaborar, a turma do 9ºA dispôs-se a ajudar!
Este ano lectivo, a Escola Secundária Ferreira de Castro de-
cidiu aderir ao Projecto Eco-Escolas para que a nossa escola co-
labore na melhoria do nosso ambiente. A turma do 9ºA interes-
sou-se pelo projecto e decidiu intervir realizando cartazes alusivos
ao tema e textos informativos que serão espalhados pela escola e
divulgados pelos vários meios de comunicação existentes.
Pretendemos, assim, alertar toda a comunidade escolar para a
importância da separação do lixo e da reciclagem.
OS MELHORES DE 2004/05
Cerimónia de entrega de prémios aos melhores alunos
do ano lectivo passado
Mais um ano, mais alunos premiados!
Este ano lectivo a nossa escola vai, à semelhança de anos an-
teriores, distinguir os melhores alunos do ano lectivo 2004-2005.
A selecção destes alunos é efectuada com base na média ponde-
rada das classificações obtidas ao longo dos três períodos lectivos,
de acordo com a fórmula seguinte:
Responsáveis pela organização deste evento estão os alunos
do 9ºA, cuja tarefa será realizada nas aulas de Área Projecto. Para
além da criação do cenário e do guião, a turma está encarregada
de entrevistar e de se informar sobre os alunos que serão distin-
guidos.
Esperamos por vocês no dia 24 de Maio,
dia da Festa da Escola!
 Jornal da Escola Secundária Ferreira de Castro
Março de 2006
“Trepava a água às viçosas plantações, depenando toda a terra
que braços fortes tinham roçado para a obra da criação. E os mais
desprevenidos viam até ir na corrente, desfeito com vigor daninho, o
lar que haviam fundado ao alcance de intrusa. Era a desolação e era a
pobreza que a grande toalha impura trazia nas suas dobras.” (pág. ___)
Página 

Três “Ferreiras” de corpo e alma A FÍSICO-QUÍMICA E A POESIA

Pode dizer-se que são as actuais três maiores figuras da casa chamada Escola Secundária Ferreira de Castro. Não porque são as mais
velhas, mas porque são as que, neste momento, passadas três ou mais décadas de trabalho, aí continuam a dar diariamente a sua vida.
Merecem um prémio de fidelidade e também a nossa admiração, independentemente de todas as outras qualidades que têm.
Manuel Gomes Vaz da Silva é o mais
antigo na casa, desde o tempo em que
era extensão do liceu de Aveiro e funcio-
nava num edifício atrás da Câmara Mu-
nicipal. É a figura que mais se confunde
com a própria escola e com a sua iden-
tidade. Não será fácil falar da Ferreira
de Castro sem reconhecer no Sr. Vaz o
homem que está sempre presente, que
cuida do edifício, que trata do jardim e
das plantas, que abre e fecha a escola e o
pavilhão, que é guarda e garante do seu
funcionamento desde manhã até noite
dentro, há mais de 34 anos...
TIME FOR ENGLISH
Valentine’s Day
Across 7. Poor Bob he got a ___ John
1. This day is named after St. ___
4. Prudence is the better part of __ 9. I love ___.
6. Significant color
8. This day is celebrated
in this month
Down
2. They are more than
friends. They are ___
3. It takes___
5. The most common
flower given on this
day.
Aurora boreal
Tenho quarenta janelas
nas paredes do meu quarto.
Sem vidros nem bambinelas
posso ver através delas
o mundo em que me reparto.
Maria Valente Alves, é natural de Cas- Maria Adelaide Pereira Barros está na
telo de Paiva, mas vive em Oliveira de Ferreira de Castro há 29 anos. Para si, e Por uma entra a luz do Sol,
por outra a luz do luar,
Azeméis há mais de 40 anos. Começou são palavras suas, “esta escola representa
por outra a luz das estrelas
por trabalhar na Ferreira de Castro ain- tudo”, pois gosta dela e adora o que faz.
que andam no céu a rolar.
da antes de assim se chamar, já lá vão Nasceu em Santa Maria da Feira, mas
Por esta entra a Via Láctea
mais de 33 anos. Hoje é figura imediata- vive em Oliveira de Azeméis há mais de
mente associada à Cantina da nossa es- trinta anos. Aqui desempenhou, ao lon- como um vapor de algodão,
cola, onde é cozinheira-chefe, e é assim go de quase três décadas, várias funções, por aquela a luz dos homens,
que ficará conhecida, embora tenha de- donde destaca o apoio dado aos alunos pela outra a escuridão.
sempenhado outras funções quando era deficientes no Bloco C. No entanto, a Pela maior entra o espanto,
mais nova. Gosta tanto da escola que o Cantina e o Bufete foram, desde sem- pela menor a certeza,
que mais a preocupa é “quando for para pre, os seus espaços de trabalho privile- pela da frente a beleza
a reforma”. Já adivinha as saudades que giados. A sua jovialidade e boa disposi- que inunda de canto a canto.
sentirá. ção falam por si. Pela quadrada entra a esperança
de quatro lados iguais,
ESPACE FRANCE quatro arestas, quatro vértices,
quatro pontos cardeais.
Os professores e os alunos de Francês realizaram nos passados
dias 1, 2 e 3 de Fevereiro diversas actividades que visaram chamar a Pela redonda entra o sonho,
atenção de todos para a língua, cultura e gastronomia francesas, tão que as vigias são redondas,
esquecidas entre nós nos dias que correm. Fez-se uma “foire aux pu- e o sonho afaga e embala
ces” (feira da ladra), passou-se música francesa na rádio, expuseram-
à semelhança das ondas.
se produtos tipicamente franceses e, êxito dos êxitos, venderam-se
Por além entra a tristeza,
“crêpes”, “gaufres” e outros manjares que estavam uma delícia e não
chegaram para as encomendas. A ementa da cantina no dia 2 tam- por aquela entra a saudade,
bém foi “francesa” e todos gostaram. Espera-se por mais, talvez no e o desejo, e a humildade,
dia da Escola. e o silêncio, e a surpresa,
Aqui ficam algumas fotografias da manhã do dia 2 de Fevereiro: e o amor dos homens, e o tédio,
e o medo, e a melancolia,
e essa fome sem remédio
a que se chama poesia,
e a inocência, e a bondade,
e a dor própria, e a dor alheia,
e a paixão que se incendeia,
e a viuvez, e a piedade,
e o grande pássaro branco,
e o grande pássaro negro
que se olham obliquamente,
arrepiados de medo,
todos os risos e choros,
todas as fomes e sedes,
tudo alonga a sua sombra
nas minhas quatro paredes.
Oh janelas do meu quarto,
letter yesterday quem vos pudesse rasgar!
Com tanta janela aberta
falta-me a luz e o ar.
António Gedeão
Sonolência cósmica
Lá vai o barco, abandonado, pelo
[ mar alto.
A água é negra, o céu é negro, cor
[ de basalto.
Nas suas tábuas onde assobiam
[ gritos de vento,
nem uma sombra, nem um
[ gemido, nem um lamento.
Tudo silêncio, tudo tristeza, tudo
[ mistério.
Caixão aberto de uma criança
[ num cemitério.
As esferas, nos espaços,
rolam nuns certos sentidos.
As sombras guardam abraços,
os leitos guardam gemidos.
Os filhos riem nos colos,
acolchoados presepes.
Há gargalhadas nos pólos,
nos montes e nas estepes.
Macias como veludos,
Lácteas gargantas de fêmea,
soltam risos pontiagudos
como cristais da Boémia.
Parou o mar. Aquietou-se, fibra
[ por fibra,
e veio o Sol, redondo e loiro
[ como uma libra.
As ondas bravas, guerreiros cegos
[ quebrando lanças,
a pouco e pouco foram ficando
[ verdes e mansas.
Lá vai o barco, serenamente, pelo
[ mar alto.
O céu é róseo, cor dos rosados
[ sais de cobalto.
As esferas, nos espaços,
rolam nos mesmos sentidos.
As sombras guardam abraços,
os leitos guardam gemidos.
Os filhos riem nos colos,
acolchoados presepes.
Há gargalhadas nos pólos,
nos montes e nas estepes.
Macias como veludos,
lácteas gargantas de fêmea,
soltam risos pontiagudos
como cristais da Boémia.
António Gedeão
Homem
Inútil definir este animal aflito.
Nem palavras,
nem cinzéis,
nem acordes,
nem pincéis
são gargantas deste grito.
Universo em expansão.
Pincelada de zarcão
desde mais infinito a menos infinito.
António Gedeão

N
unca, como este ano, se
falou tanto da Escola.
E nunca dela se disse
tão mal. É um verdadeiro “caso”
na comunicação social onde to-
das as figurinhas e figurões têm
o descaramento de “opinar”,
quanto mais não seja para revelar
o triste e patético espectáculo da
sua própria ignorância. Nem o
honorável ex-presidente escapou
à tentação de sobre ela dissertar
quando teria, ele e todos nós,
ganho bem mais se se tivesse dei-
xado estar calado.
Tudo vai mal na Escola, diz-
se. E há culpados, claro: os pro-
fessores. E pegue-se por onde se
pegar, lá vem a ladainha dos me-
ninos que não sabem a tabuada,
que são indisciplinados, que
escrevem com erros de ortogra-
fia, não conhecem Camões, não
sabem o nome do primeiro rei
de Portugal nem a data da inde-
pendência, que querem lá saber
onde fica o Guadiana ou se é o
Sado que desagua em Vila do
Conde ou o Ave em Setúbal; em
alguns casos, sabem “de um sa-
ber muito fundo” que o Ave não
é rio, porque voa, mas já nem o
discutem. E a culpa de tudo isto
é, como não podia deixar de ser,
dos professores.
Algumas pessoas entendidas
em estatística, mas que já não
entram numa escola há mais de
20 ou 30 anos e, provavelmente,
nunca deram uma aula, lançam
números de insucesso e aban-
dono que fazem vender muitos
jornais e abalam perigosamente
a nossa confiança como povo.
De imediato se ouvem os lamen-
tos: “Pobre país! Que miséria!
Porque raio não nasci espanhol?
Razão tinha o Eça quando dizia
que éramos um país traduzido
do francês em calão!”
Quanto aos professores,
começam a ter medo de sair
à rua. No café, no cinema, no
hipermercado, andam semi dis-
farçados e sempre que vêem um
aluno ao longe, saltam para trás
da banca das papaias e das bana-
nas e saem de lá disfarçados de
Carmen Miranda.
E há mesmo um ou outro
que já nem liga o televisor. Ape-
sar de saber que raramente falta,
“vozes de burro”
é certo e sabido que vai aparecer
um secretário de estado a dizer
que deu nove milhões de fal-
tas... “Eeeuuu?!”
- “SSIIIIMMM, TUUU!!!!”
– e um imponente dedo indica-
dor estilhaça o ecrã e pára brus-
camente em frente do seu nariz.
Mas será que tudo isto é
como pintam? Será que a Escola
é, de facto, esse verdadeiro “tu-
mor” social? Serão os professo-
res, assim, tão incompetentes e
irresponsáveis?
Pelos números que vão
sendo lançados, ficamos com a
ideia que sim, e eu nem me dou
ao trabalho de os contestar. Até
pode ser verdade que a taxa de
abandono, por exemplo, no 9º
ano seja de 15 ou 20 por cento,
porque, mesmo assim, estamos
a falar de números excelentes,
quando comparados com o que
se passava há 30 anos em que
essa taxa era de 85%, ou seja,
apenas 15% dos nossos jovens
o concluíam. Diz-se que o in-
sucesso nos exames do 12º ano
de Matemática é muito elevado,
mas quando me lembro que há
trinta anos apenas 5% dos jovens
concluíam o ensino secundário,
interrogo-me sobre a quantida-
de dos que, nesse tempo, obti-
nham sucesso a Matemática. E
este é o verdadeiro problema da
educação: a falta de seriedade
com que se manipulam os nú-
meros e não, propriamente, os
números em si.
Sempre que se usam nú-
meros como forma de susten-
tar argumentos, deve haver a
seriedade de os enquadrar, ou
seja, dar-lhes “perspectiva”.
Muito mais se impõe este pro-
cedimento, se pensarmos que a
Escola foi forçada a desenvolver
um percurso de aprendizagem
e adaptação a uma realidade
bem diversa da que existia há
30 anos. Vista deste modo, não
posso deixar de reconhecer que,
dado o nosso ponto de partida,
seria muito difícil ter-se feito
mais e melhor.
Como avaliar percursos de
aprendizagem é tarefa dos pro-
fessores, são eles quem melhor
saberá pôr esta questão “em
perspectiva”. De facto, lidam
quotidianamente com crianças
que, não deixando de ser “boas”
alunas, pouco evoluem ao lon-
go de um ano lectivo, enquanto
outras, mesmo não deixando
de ser “más” alunas, fazem pro-
gressos notáveis, que têm que
ser reconhecidos, estimulados
Jornal da Escola Secundária Ferreira de Castro
Março de 2006
Página 
e premiados; existem aqueles
alunos que com extraordinários
recursos postos à sua disposi-
ção, pouco “rendem”, enquanto
outros, quase sem recursos, são
verdadeiros heróis, que servem
de exemplo e inspiração.
Ora a Escola, nos últimos 30
anos, desenvolveu um percurso
em tudo semelhante ao exposto
no último parágrafo. De “alu-
na” francamente negativa, que
apresentava níveis de insucesso e
abandono só comparáveis aos do
Uganda, dos anos 70, governado
pelo célebre Marechal de Campo
Dr. Idi Amin Dada ou da actual
Coreia do Norte do grande líder,
verdadeiro sol nascente da civili-
zação, Kim Hill Sung, passámos
a apresentar níveis de sucesso e
permanência na escola que se
aproximam, não apenas da de
países como a Espanha, a Itália,
ou a Grécia mas, mesmo, (pas-
me-se!) da França ou da Inglater-
ra. Diria que a Escola portuguesa
passou de um nível de conclusão
dos ensinos básico e secundário
(antigos 5º e 7º anos) na casa
dos 15 e 5 por cento para taxas
médias na casa dos 75 e 60 por
cento, respectivamente.
Já quanto aos recursos, va-
leria a pena compreender que
só se fala deles para arremessar
mais meia dúzia de falácias con-
tra a Escola. De facto, insiste-se
em referir, apenas, a percenta-
gem do PIB investida na edu-
cação, quando seria bem mais
honesto falar-se de montantes
investidos por aluno. É que
para quem tem um PIB baixo,
como o nosso, mesmo que a
percentagem disponibilizada
para a educação seja maior, o
montante investido, por aluno,
resulta muito menor. Dito de
outro modo, investe mais em
cada aluno a Alemanha com
4,5% do que Portugal com 6%
do PIB.
Desde há muito que os
professores se habituaram a li-
dar com superioridade olímpi-
ca com as chamadas “vozes de
burro”; o seu estatuto social e
remuneratório, sempre foi cau-
sa de invejas e complexos por
parte de determinadas camadas
da população. Mas desta vez é
diferente. São os próprios go-
vernantes que atacam a classe,
denegrindo-a junto da opinião
pública, para levarem a cabo
um conjunto de medidas de efi-
cácia duvidosa. É triste!
Luís Neto ¶
VAMOS CONHECER O PROJECTO
ECO-ESCOLAS
Num momento em que o
futuro do nosso planeta depen-
de de cada gesto que pratica-
mos hoje, urge pensar e agir!…
Agir localmente, a caminho de
uma mudança global.
Pretendendo a Escola
educar cidadãos conscientes e
activos, assume importância
vital, primordial, uma edu-
cação ambiental participada
que implique uma mudança
de atitude perante o ambiente,
constituindo cada elemento da
comunidade escolar “um foco
de contágio” para o exterior.
Neste âmbito, a adesão ao
Programa Eco-Escolas ganha
todo o sentido, dado que é
vocacionado para a educação
ambiental e para a cidadania,
traduzindo-se este facto em
acções concretas desenvolvidas
pelos alunos e por toda comu-
nidade educativa, com vista à
tomada de consciência de que
simples comportamentos indi-
viduais são essenciais para um
futuro melhor.
Para este ano lectivo, o
Conselho Eco-Escolas, cons-
Família e delinquência juvenil:
mundo de carências e de interditos
Situações, como as de carên-
cia sócio-económica, suscitam a
implementação dum trabalho
especificamente de intervenção
social. Como tal, o desenvolvi-
mento de actividades específicas
deve privilegiar a participação/
envolvimento, acompanhar e
encaminhar crianças e adoles-
centes bem como os respectivos
agregados familiares, considera-
dos de risco, de modo a promo-
ver um ambiente facilitador da
aquisição e desenvolvimento de
estilos de vida saudáveis. Divul-
gar projectos apropriados e as
actividades que os compõem,
tornar-se-ão mais valias para
aumentar a eficácia do apoio e
do acompanhamento às crian-
ças e respectivas famílias.
É fundamental a dinami-
zação de actividades várias, a
“Tudo, agora, lhe parecia mais doce, cómodo e
suportável. Tinha o quarto bem arrumado, os
livros no seu lugar, sobre a mesa o retrato da mãe,
sobrescritos e papel em branco para lhe escrever e aos
poucos amigos que ainda lhe respondiam.” (pág. ___)
tituído por docentes,
um auxiliar de acção
educativa, um repre-
sentante da Associação
de Pais e Encarregados
de Educação, dois alunos e um
representante da autarquia lo-
cal, propôs-se abordar algumas
temáticas: separação de resídu-
os; água; energia; transportes.
A questão dos resíduos,
assumirá especial relevância
dado que a separação dos lixos
constitui uma prioridade da
Escola.
Entretanto, a equipa de
trabalho do Eco-Escolas ela-
borou um inquérito dirigido
a uma amostra de alunos, con-
templando todos os anos de
escolaridade, cujos resultados
serão, em breve, divulgados.
Nota-se, através das respostas,
algum desconhecimento rela-
tivamente a estes assuntos, no-
meadamente à política dos três
“R”. No entanto, é evidente
a preocupação, por parte dos
nossos jovens, de querer mu-
dar o actual estado de coisas,
sobretudo em relação à sepa-
promoção de estilos de vida
saudáveis sociais e pessoais,
na tentativa de minimizar os
comportamentos de risco, o
insucesso escolar, apelando ao
desenvolvimento do sentido de
autonomia, responsabilidade e
auto-estima, ou seja, uma me-
lhoria das condições de vida das
crianças e das suas famílias.
Promover a qualidade de
vida das famílias passa, eviden-
temente, por acompanhar e
encaminhar crianças e respec-
tivos agregados familiares con-
siderados de risco, de modo a
promover um ambiente fami-
liar facilitador da aquisição ou
desenvolvimento de compor-
tamentos saudáveis. Prevenir
comportamentos de risco,
diagnosticar situações desvio
e de risco, apoiar a construção
de novos projectos de vida,
promover o envolvimento e a
responsabilização dos encarre-
gados de educação e da família
em geral na vida sócio-educati-
va das crianças são estratégias
que devem nortear todo o tipo
ração dos lixos e à política até
aqui desenvolvida em relação
aos transportes. Nota-se, tam-
bém, o desejo de uma maior e
melhor relação com a natureza
e a vontade de utilização dos
espaços exteriores da escola
como um local privilegiado de
convívio e desporto. Aprovei-
tando esta vontade colectiva
de melhorar, a equipa do Eco-
Escolas lança um apelo à cola-
boração de cada um para que
todos beneficiem de um espa-
ço limpo, saudável e bonito!
Todas as sugestões serão
bem-vindas.
Está na hora de agir!
A equipa Eco-Escolas agra-
dece todas as sugestões e a vos-
sa colaboração.
A Equipa: Júlia Nunes
Rosário Martins
Luísa Oliveira
Benilde Gomes
de acções a serem realizadas.
Por outras palavras, há que
definir estratégias de interven-
ção das actividades específicas
a desenvolver, de modo a as-
segurar a adequação crescente
das actividades às necessidades
de temas, relacionados e con-
fluentes com a melhoria das
condições de vida das famílias
e com a realização dos seus
projectos de vida.
No fundo, qualquer que
seja a implementação duma
acção social deve orientar-se
pelos seguintes objectivos, que
consideramos essências: pro-
mover o acesso à informação e
à igualdade de oportunidades;
promover acções curtas de sen-
sibilização às famílias; desen-
volver competências de crítica
e de opinião nas populações
relativamente aos problemas
que afectam a comunidade e a
si próprias, isto é, promover a
melhoria das condições de vida
das famílias.
Costa Gomes ¶

“Reagiu entre duas garfadas, procurando
justificação para o seu procedimento: «Que
tinha ela com isso? Não era natural que
um homem como ele, vivendo a juventude,
buscasse o amor que lhe negavam?»” (pág. ___)
A minha vida
Ah! A minha vida, a minha
vida! Sinceramente, não sei bem
dizer o que é a minha vida, nem
como a vejo, nem o que ela é
para mim. Na verdade, ela resu-
me-se ao normal de qualquer jo-
vem: escola, desporto, escola…
E, claro, todos os problemas (e
alegrias também!) que dela ad-
vêm.
Quando era ainda uma
criança, talvez com sete ou oito
anos, li uma folhinha que a
minha prima tinha afixada no
quarto. Dizia assim: “Sorri sem-
pre, ainda que o teu sorriso seja
triste; porque mais triste que o
teu sorriso triste é a tristeza de
não saber sorrir”. Na altura,
pedi-lhe para me ajudar a en-
tender o que a folhinha dizia,
pois era demasiado complicado
para mim. Apesar de ela ter feito
um enorme esforço e me ter ex-
plicado vezes sem conta, conti-
nuei sem entender… Contudo,
Q
uando, finalmente,
chegava a hora de
partir, já eu antecipa-
ra a viagem em vários dias, fin-
gindo nas minhas brincadei-
ras, sozinho ou com os meus
irmãos, que era o condutor de
um velho Land Rover de caixa
aberta, simultaneamente guia e
guarda daquele imenso parque
natural: o Kruger, na África do
Sul.
Tinha, então, não mais do
que seis anos de idade, e vivia
em “Lourenço Marques” (hoje
Maputo) e a ida ao Kruger Na-
tional Park representava, para
nós, uma viagem mais curta do
que a que fazemos, agora, todos
os verões, ao Algarve. Compre-
ensivelmente, pois, rapidamen-
te se tornou uma “obrigação”
anual, sobretudo porque, se as
distâncias são comparáveis, já o
não é o fascínio e a magia de tal
aventura.
Para quem nunca ouviu
falar, o Kruger National Park,
na África do Sul, é um imenso
parque natural com uma área
superior ao nosso Alentejo.
Dotado de infra-estruturas de
acolhimento turístico notáveis
em beleza, conforto e enqua-
dramento paisagístico, em qua-
se nada se sacrificou o envolvi-
mento natural desse verdadeiro
santuário de vida animal. E o
aquela simples frase nunca saiu
da minha cabeça.
Os anos passaram e a minha
vida (própria de criança) conti-
nuou a decorrer, tranquila e se-
renamente. Não tinha, de modo
algum, qualquer filosofia ou
ideia que me guiasse. Contudo, a
frase continuou insistentemente
na minha cabeça. Finalmente, já
um pouco mais crescida, come-
cei a perceber o que aquilo me
queria dizer. Desde então, talvez
seja essa a maneira como eu vejo
a vida: “Sorri sempre”.
Em suma, sorrir começou a
fazer parte de mim. A frase con-
tinuou a soar na minha cabeça,
mesmo quando tudo me pare-
ce perdido e acho que já nem
sequer tenho forças para sorrir.
Acaba por ser esta, portanto, a
minha maneira de ver a vida.
Certa ou errada… só o tempo
o dirá!
AM ¶
Já que falamos de Selva...
que o tornava ainda mais ad-
mirável, era que não estando os
espaços reservados aos turistas
particularmente protegidos, era
raríssima a sua “invasão” por
animais do parque, dado que,
por princípio, todo o animal,
mesmo “selvagem”, teme e afas-
ta-se do homem; mas, se algum,
tresmalhado ou curioso, tivesse
esse atrevimento, (e eu nunca
presenciei nenhuma situação
dessas), só em casos extremos se
recorria à violência que, no en-
tanto, nunca passava de um tiro
de dardo narcótico para, então,
o retirar em segurança.
Nessa antecipação que os
meus seis anos faziam da via-
gem, recordo que o momento
da brincadeira que mais gosta-
va de reproduzir, era a visita à
“família dos leões”. Isso mesmo:
a visita a uma família de leões
que, há anos, “estacionara” de-
Jornal da Escola Secundária Ferreira de Castro
Pensando... Reflectindo... Imaginando...
“ (…) ter asas simboliza
A liberdade
Que a vida nega e a alma precisa”
D
esde cedo que nos
habituámos a ver
associadas as asas à
liberdade. Mas a liberdade não
é apenas de um tipo, ela pode
manifestar-se em vários cam-
pos, de vários modos e depen-
de do sujeito. A liberdade de
que sente falta um prisioneiro
é diferente da liberdade de que
sente falta um estudante. Se o
primeiro sente falta de ver a luz
do sol e a realidade sem grades,
o segundo sente falta da liber-
dade que o deixa esquecer a
rotina, os horários a cumprir, o
plano de estudos a seguir.
A grande questão que se
impõe agora é por que nos
baixo de um embondeiro, e que
era a delícia de fotógrafos pro-
fissionais e amadores. Bem ali-
mentados por uma natureza en-
volvente equilibrada e generosa,
podíamos aproximarmo-nos a
ponto de quase os
tocar, e observar as
crias nos seus infan-
tis e inocentes jogos
de caça e destreza,
as fêmeas sempre
maternalmente pa-
cientes e vigilantes,
os machos com o seu olhar se-
reno e aristocrático.
É, pois, absolutamente
compreensível e indescritível o
fascínio e a ansiedade com que
esperava e vivia esse momento
e o impacto que produzia no
meu imaginário. Mas, mais
importante do que o impacto
presente de tão intensa experi-
ência, eram os seus efeitos fu-
Março de 2006
Página 
Fernando Pessoa
nega a vida essa liberdade. A
resposta é fácil de entender se
encararmos a “vida” de Pessoa
como o quotidiano esgotante
que é viver de forma rotineira.
É a rotina que nos tira a
força e que nos obriga a des-
cansar e a nos alimentarmos
para possuirmos energia para
continuar a executá-la da for-
ma mais perfeita possível.
Num mundo industrializa-
do, há que existir rotina para
que a produção não pare. No
mundo social, há que existir
rotina para que a educação se
dê. Num mundo habitado, há
que existir rotina para manter
a população saudável.
turos, decorrentes de uma au-
têntica cultura naturalista que
assentava no justo equilíbrio
Homem/Natureza/Animal.
Anos mais tarde, já adul-
to, regressei a África, desta vez
a Angola. Como todos os que
lá nasceram, ou mesmo os que
apenas por lá passaram sinto,
diariamente, aqui na Europa, o
apelo desse imenso continente,
das suas paisagens esmagadoras,
das suas cores fortes e cheiros
intensos dos seus povos sábios
de cultura milenar. E redescobri
em mim valores apreendidos na
minha já longínqua infância
partilhada com África.
Para o Africano não acul-
turado, (de que as suas elites
governantes não são exemplo)
o Homem tem, relativamente
à Natureza, o mesmo estatuto e
privilégio de qualquer outro Ser.
Por isso, em sua casa, o animal é
membro da família, com quem
reparte o espaço, a comida ou,
No entanto, a alma neces-
sita dessa liberdade que a vida
nos nega, diz Pessoa. A alma
não se alimenta de descanso ou
dos próprios géneros alimentí-
cios, digo eu. A alma alimen-
ta-se de energia
positiva (a energia
do sol, do mar, do
céu e do vento)
que promove o
contacto directo
entre o ser e a Na-
tureza. Um con-
tacto reafirmante
e em que há troca de
energia saudável, uma energia
que faz com que o ser encare a
realidade e a “vida” com bons
olhos.
Olhos cheios de ternura
que permitam o transporte da
inocência e pureza de Adão e
Eva para o Paraíso que hoje
existe mas que ninguém tem
tempo para encontrar. Porque
mesmo, o leito. Neste equilí-
brio, visível também noutros
povos cuja cultura assenta nos
mesmos valores, confrontamo-
-nos com a extraordinária reve-
lação de uma vasta e generosa
Natureza justa e harmoniosa-
mente repartida por todos os
Seres que a povoam.
Ao contrário de nós, Eu-
ropeus, que nos julgamos “su-
periores” relativamente aos res-
tantes Seres do Universo, à luz
do que chamamos “conquistas
civilizacionais”, o Africano
assume, baseado no pragma-
tismo da sua própria cultura,
que dessa harmonia depende a
sua própria sobrevivência, dado
que dela se constrói a harmonia
Universal, de que ele é apenas
uma ínfima parte. E mais: as
sociedades Europeias, tão forte-
mente descaracterizadas e desu-
manizadas, representam o pon-
to de chegada de uma opção
errada, feita num determinado
momento, perdido algures na
noite dos tempos, e que nos
afastou dessa tão simples verda-
de Universal de que o Africano,
o Aborígene ou o Índio Amazó-
nico nunca se afastaram: somos
todos feitos da mesma matéria
e todos somos protagonistas
dessa majestosa e permanente
revelação que é a Natureza.
Quem viveu em África e se
reflectir, tentar achar, tentar
descobrir exige tempo que só
uma liberdade bem gerida nos
pode oferecer.
Conquistar a liberdade de
que a alma precisa não deve
ser excepção mas
regra. Só assim será
possível encontrar
a plenitude e a sa-
tisfação pessoal que
cada um de nós tan-
to deseja. Essa liber-
dade, dotada de asas
para voar por todo
o mundo, não está no
fim do arco-íris, como o pote
do tesouro encantado. Pode ser
bem mais real e bem mais hu-
mana e menos fantástica e do
domínio do inimaginável.
As “asas” que nos perten-
cem são resultado da nossa
conquista!
Maria João Xará (12º C) ¶
deixou “contaminar” por esta
cultura, não pode ficar indife-
rente ao nosso posicionamento
face ela e a todos os seres que
nela habitam. Os animais, em
particular, passaram a ser enca-
rados como bens de ostentação
(“– Havias de ver o meu Rot-
teweiller!!...”) ou, pior ainda,
como vítimas inocentes dos
nossos instintos mais primários
e cruéis, que se revelam na indi-
ferença com que se abandonam
ou, pior ainda, em espectáculos
como as touradas ou as lutas de
cães, caracterizados pela len-
ta agonia e sofrimento mortal
do animal, para gáudio de uns
milhares de espectadores. Um
autêntico, frenético e leonino
festim.
Mas ao usar o adjectivo
“leonino”, a minha memória
actualizou-me o majestoso e
enternecedor espectáculo dos
“meus” leões do parque Kruger.
E não pude deixar de me inter-
rogar sobre, afinal, onde ficaria
a verdadeira SELVA e se não
era hora de a colocar, não num
longínquo paraíso africano ou
amazónico, mas aqui mesmo,
à nossa porta, na nossa rua, na
nossa aldeia... onde verdadeira-
mente habitam alguns dos seres
mais selvagens do universo.
Luís Neto ¶
 Jornal da Escola Secundária Ferreira de Castro
Março de 2006
“Alberto compreendia ser aquela familiaridade com que Juca o tratava agora
originada na sua próxima partida. Podia-se já quebrar, sem perigo, o escudo
do respeito que as situações privilegiadas impõem. Contudo, Juca aparecia-
-lhe um pouco menos detestável, não só por lhe haver anulado o débito, mas
também pela maneira carinhosa com que o vira tratar o filho.” (pág. ___)
Página 10

O Cantinho da Matemática Origami

Com este Cantinho da Matemática pretendemos
quando a arte e a matemática se cruzam…
mostrar-te que a Matemática é um Mundo e
está em todo o lado, quer seja numa equação, na No ano 105, o imperador Apresentamos-te agora, o esquema de uma construção fácil
extracção de uma raiz quadrada ou até mesmo chinês T’sai Lao, decidido a en- de executar. Esperamos que consigas fazer! Queres experimentar?
contrar um material, que subs- Só precisas de uma folha de papel e dela recortares um quadrado
quando fazes “contas” à vida…
tituindo a seda, lhe permitisse do tamanho que quiseres. Pode ser, por exemplo, a folha de uma
Prof. Teresa Santos / Grupo de Estágio escrever, começou a misturar revista. Atenção, não uses as folhas do teu caderno de matemá-
cascas de árvore com redes de tica…
HUMOR pesca e panos. Nascia, assim, lhou-se para o ocidente, agora
uma das maiores preciosidades independente de conotações
Cãozinho
da humanidade… o papel! religiosas e consequentemente
A manufacturação deste mais livre para se expressar.
invento foi um segredo precio- Actualmente, o Origami é
samente guardado pelos chi- uma técnica de dobragem de
neses, uma papel, com apreciadores e es-
vez que era pecialistas por todo o mundo!
exportado a Os seus princípios mais
preços mui- elementares exigem que o
to elevados. origami deve ser construído a
C o n t u d o , partir de um papel plano (dan- 1. 4.
no século do-se, normalmente, preferên- Corpo: dobra os dois lados Corpo pronto.
VII, acabou por chegar ao Ja- cia a uma folha quadrada) e a para a diagonal
pão por intermédio de monges sua regra de ouro é: vale tudo
coreanos. Mais tarde, os árabes menos cortar e colar (contudo,
Ao contrário deste raciocínio, que parece válido mas não é, obtiveram o segredo e foi atra- hoje em dia, admitem-se pe-
o matemático que te apresentamos de seguida contribuiu para vés deles que este invento che- quenos cortes, desde que feitos
o desenvolvimento da matemática com raciocínios igualmente gou à Europa, no século XII, no início do processo).
brilhantes (mas válidos!!!) espalhando-se, com o passar Habitualmente, associa- 5.
dos tempos, por todos os paí- mos esta técnica a um sim- Agora dobra o quadrado
ses cristãos. ples passatempo… Porém, as formando um triângulo.
Karl Friederick Gauss (1777-1855) Porém, o papel “fabricado” construções mais interessantes Depois dobre as duas orelhas
na China e no Japão era bem exigem muita perícia e a per- para baixo e uma ponta do
Gauss foi, desde Aos 19 anos fez uma mais fino e flexível do que o feição é adquirida com anos de 2. focinho para cima.
criança muito dotado brilhante descoberta, ao que era fabricado nos restantes prática! Por outro lado, come- Faça uma prega
para a Matemática, mostrar que é possível países, possibilitando, por isso, çou a surgir noutros campos de
mostrando grande faci- inscrever um polígo- práticas de dobragem. Isto ex- interesse como as ciências e a
lidade de cálculo. no regular de 17 lados plica, possivelmente, a origem matemática!
Conta-se que certo numa circunferência, desta técnica designada por Por exemplo, os estudiosos
dia, para manter a classe ocupa- usando régua e compasso. Origami… perceberam que as suas dobra-
da, o professor propôs aos alunos Ainda estudante, Gauss Como o seu nome indica, gens poderiam ser utilizadas 6.
que somassem os números in- obteve vários resultados novos, Origami é a arte de dobrar pa- para “descrever movimentos Cabeça pronta.
teiros de 1 até 100 e que, termi- tendo registado muitos deles no pel! Ori significa dobrar e kami e processos na natureza e na
nados os cálculos, colocassem o seu diário. significa papel, ciência, como
caderno com o resultado sobre Descobriu ou redescobriu quando uni- o batimento
a sua secretária. De imediato, muitos teoremas, formulou o mos as duas o das asas de
o jovem Gauss, ainda com dez método dos mínimos quadrados, k torna-se “g” um pássaro ou 3.
anos, colocou o caderno sobre a fez a demonstração do Teorema e portanto, a deformação Fecha o modelo
secretária do professor dizendo: Fundamental da Álgebra. obtemos Ori- da capota de 7.
“Já está!” Gauss, tal como Cauchy, vi- gami. metal de au- Encaixa a ponta do corpo
O professor olhou para ele veu no século XIX que foi uma As primei- tomóveis em dentro da boca do cachorro.
desconfiado enquanto os colegas época de ouro da Matemática. ras dobragens colisão”!(2) Se desejares, cola-as.
continuavam a fazer os cálculos. Publicou em 1801 as “Dis- tiveram ori- Já no âm-
E, quando foi ver o caderno quisitiones Arithméticae” obra gem no Japão bito da ma-
de Gauss, este tinha escrito ape- considerada um dos grandes e tinham um temática, o
nas o resultado correcto, 5050, clássicos da literatura matemá- carácter sim- Akira Yoshisawa, origami pode
sem qualquer cálculo escrito. tica. bólico nos o pai do origami moderno, ser tratado por
O jovem operou mentalmen- Também foi astrónomo, rituais das ce- também chamado: Miguel áreas como
rimónias xin- Ângelo do papel a geometria
te após verificar que os números tendo calculado a órbita do aste-
de 1 a 100 formam 50 pares de róide Ceres. Em 1807 foi nome- toístas, onde as oferendas eram combinatória ou a topologia. A Lógica Matemática e os pinguins.
números todos com a soma 101 ado Director do Observatório de envoltas em papel, cuja função Algumas das construções
e não lhe foi difícil efectuar men- Gottingen. consistia em separar o puro e o matemáticas mais bonitas di-
Os pinguins são pretos e brancos.
talmente a multiplicação . Publicou em 1809 a “Teoria impuro! Mas estes envoltórios zem respeito à construção de Alguns programas de TV antigos são a preto e branco
É de notar que resolveu um Motus Corporem Celestum”. começaram a adquirir dobras poliedros entre outras constru- Logo, alguns pinguins são programas de televisão antigos.
problema da soma dos 100 pri- Trabalhou na análise dos cada vez mais complexas e ções…
meiros termos de uma progres- princípios da Geometria hiper- bonitas, começando esta arte É claro que sobre o Origa-
são aritmética... bólica, independentemente de a subsistir por si só. Os origa- mi há ainda muito a dizer e a
Cedo os talentos de Gauss Bolyai e de Lobachewski. mis assumiam, então, formas matemática que encerra tem
lhe valeram a protecção do Du- Deu contribuições em diver- diferentes, mas todos os que muito mais mistérios, mas essa A LÓGICA
que de Brunsvick, o que lhe sos campos como electricidade, dobravam respeitavam um desmistificação deve ser uma É MAIS UM ASSUNTO
permitiu prosseguir estudos nas geodesia, números complexos e conjunto de regras básicas… viagem de descoberta indivi- QUE OS PINGUINS
melhores condições. convergência de séries. Mais tarde, esta arte espa- dual. NÃO DOMINAM
 Jornal da Escola Secundária Ferreira de Castro
Março de 2006
“A terra que ia da varanda ao rio era um deslumbramento. A sapotilheira
doirava-se e os japins, acordados por tanta luz, assomavam as cabecitas negras
ao orifício dos seus ninhos, suspensos da ramagem; amarelava-se o verde
do capim rasteiro e, avançando sempre, a fulgurância ia esculturar, em meia
sombra, o bananal e as embaúbas da outra margem do igarapé.” (pág. ___)
Página 11

A Matemática também se presta a divertidas

questões e passatempos.
Diverte-te.
Notas Soltas COLUMBOFILIA
Entre outras características que distinguem a nossa escola de
outras das redondezas está o facto de termos um pombal e de par-
. Será que consegues adivinhar, qual é o animal ticiparmos na competição columbófila local. O Sr. José Carlos é o
com mais de 3 olhos e menos que 4? Dez dias sem água engarrafada responsável pelos cuidados diários que é preciso ter com as pombas
2. Imagina agora um cubo... e também pelo seu treino. Como é interes-
Quantas faces, no máximo, Vivemos há umas semanas uma situação, no mínimo, in-
sante observar diariamente as voltas que estes
sólita: toda a água engarrafada da escola teve que ser recolhida
consegues ver no cubo, ao inteligentes animais dão à nossa escola.
e devolvida à procedência. Motivo: um sabor estranho, desa-
mesmo tempo, sem truques Para os interessados, aqui fica o calen-
gradável, que várias pessoas sentiram e de que se queixaram.
ou espelhos? No entanto, mais insólito ainda foi ter-se demorado dez dias
dário dos concursos da campanha deste
Outro desafio... ano, onde participa a Associação Colum-
a encontrar uma solução expedita para o problema: ir alguém
3. Qual o número máximo de bófila de Azeméis.
comprar, para remediar, umas quantas “paletes”, enquanto o
triângulos equiláteros, que consegues construir fornecedor não repunha o “stock”. Demasiado tempo...
com seis fósforos? CALENDÁRIO PARA A CAMPANHA DESPORTIVA DE 2006 - ZONA 2
Sabe o que é um triângulo equilátero, DIA MÊS Sáb./Dom. LOCAL DE SOLTA CATEGORIA KMS
não? Direito à greve dos alunos: sim ou não? 04 Fevereiro Sábado Ourém Treino 135
4. Quem disse que a Matemática não é viciante 11 Fevereiro Sábado Abrantes Treino 159
enganou-se: Foi a comunidade escolar surpreendida, na 4ª feira, dia 15
18 Fevereiro Sábado Ponte de Sôr Treino 186
de Fevereiro, com uma informação do Conselho Executivo,
25 Fevereiro Sábado Montemor-o-novo I Velocidade 250
comunicando que, para aderirem à greve, os alunos teriam
que ser autorizados pelos pais e que, mesmo assim, a falta seria 05 Março Domingo Évora I Velocidade 265
injustificada. Para além do carácter intimidatório e dissuasor 11 Março Sábado Beja I Meio Fundo 323
de uma informação desse teor, ainda que essa não fosse a in- 19 Março Domingo Vilamoura / Loulé Meio Fundo 420
tenção, parece-nos uma iniciativa muito infeliz e, até, contra- 25 Março Sábado Mértola I Meio Fundo 358
ditória, por dois motivos: em primeiro lugar, se os pais tinham
02 Abril Domingo Portimão / Alvor I Meio Fundo 415
que autorizar a falta, como é que a escola a injustificaria? Não
será a autorização dos pais, precisamente, a própria justifica- 08 Abril Sábado Beja II Meio Fundo 323
ção? Em segundo lugar, diz o estatuto do aluno no Capítulo 15 Abril Sábado Portimão / Alvor II MF Especial 415
IV, Dever de Assiduidade, Artigo 18º “Faltas Justificadas”, alí- 22 Abril Sábado Mertola II Meio Fundo 358
nea i) que o aluno terá falta justificada para “Participação em 30 Abril Domingo Portimão / Alvor III MF Especial 415
actividades associativas, nos termos da lei;”. Não foi a greve 06 Maio Sábado Évora II Velocidade 265
convocada pela confederação das associações de estudantes?
14 Maio Domingo Portimão / Alvor IV MF Especial 415
Fica a pergunta: porque decidiu o Conselho Executivo “meter
foice” nesta seara? 20 Maio Sábado Montemor-o-novo II Velocidade 250
28 Maio Domingo Portimão / Alvor IV MF Especial 415
03 Junho Sábado Évora III Velocidade 265
CACIFOS E COBERTURA - SÃO PRECISOS? 11 Junho Domingo Portimão / Alvor VI MF Especial 415
17 Junho Sábado Montemor-o-novo III Velocidade 250
Observadores atentos têm notado a falta de dois equi- 25 Junho Domingo Portimão / Alvor VII MF Especial 415
pamentos na nossa escola que parecem esquecidos, mas que
muito jeito fariam. São eles:
1. uma cobertura que ligasse o pátio central (ou o bufete) Concurso de logótipos
ao pavilhão desportivo, tão útil nos dias de chuva; Reunido o Júri para a escolha do novo logótipo do nos-
2. um espaço onde pudessem ser colocados cacifos para so jornal, decidiu declarar vencedor o autor do projecto que
os estudantes guardarem os seus materiais, especialmente nos hoje lhe dá “rosto”. É um trabalho da autoria do Márcio Bar-
dias em que têm Educação Física. ra, do 9º D, que terá direito, como estipulado no anúncio de
Numa altura em que se adianta a construção de um novo lançamento do concurso, a um prémio de 25 euros em mate-
bloco na escola, aqui fica a lembrança. rial a levantar na papelaria da escola. Os parabéns de “A Selva”.

Soluções das palavras

Centro de Recursos Tarte de natas
que é uma delícia cruzadas
ao serviço da comunidade Ingredientes:
da
página 7,
2 Pacotes de natas em
O Centro de Recursos Clara 1 Lata de leite condensado espelho.
Brandão, tem vindo a adquirir, para 6 Folhas de gelatina branca
os grupos que o solicitam, um con- 1 Copo de leite
junto de obras de referência, que se- 1 Pacote de bolachas picadas
4 Colheres de açúcar Ficha Técnica
PROBLEMA: rão, com certeza, de grande utilidade. Propriedade:
Um fabricante de perfumes pretende, neste Inverno, lançar Fica o registo e o apreço de “A Selva” Modo de Preparação: Escola Secundária Ferreira de Castro
um novo aroma. e de toda a comunidade escolar. Batem-se 2 pacotes de natas 3720 Oliveira de Azeméis
Os frascos que usava anteriormente eram em forma de um com o açúcar até ficarem boas. Tel. 256 666 070
cubo com a capacidade de 125ml. Deseja agora um frasco com Deita-se o leite condensado. Des- Professores responsáveis pela edição,
faz-se a gelatina num copo de leite
1/3 de capacidade e com outro formato. SENSACIONAL quente, mas primeiro deve pôr-se
redacção e composição deste número:
Luís Neto e Manuel Borges
Um dos seus colaboradores olhou para o frasco antigo e pen-
de molho, durante 4 minutos, em Impressão:
sou: Entra no site abaixo e pergunta coisas ao Robot. água fria. Mistura-se tudo.
“No cubo, posso considerar uma diagonal em cada face, de Gráfica Oliveirense
Digita o teu nome, só para começar; depois, podes perguntar Polvilha-se uma forma de 3720 O. Azeméis - Tel. 256 68 22 33
modo que as 6 diagonais representadas concorram só em 4 vérti- o que quiseres e ele responde... um espectáculo!... tarte com bolacha picada e dei- Tiragem: 1000 ex.
ces do cubo. Esses segmentos serão as arestas do novo frasco.” Fala como se ele fosse outra pessoa. Vais surpreender-te e, ta-se lá o preparado. Torna-se a
Terá a forma de um poliedro? Será regular? Será o seu volume certamente, também vais aprender muito! polvilhar com a bolacha relada e Os professores responsáveis agradecem
1/3 do volume do frasco antigo? leva-se ao frigorífico. reconhecidamente a todos quantos
As soluções serão publicadas na próxima edição. http://www.inbot.com.br/ed/popup.htm Está pronto a servir. colaboraram nesta edição de A Selva.
 Página Teríamos muito gosto em que o próximo A Selva fosse feito só com trabalhos
teus. Basta que entregues os teus melhores textos, desenhos, notícias, entre-
12. vistas, reportagens, fotografias com legendas, montagens fotográficas originais,
cartoons, passatempos, anedotas, adivinhas, contos, poemas, charadas, curio-
A Selva sidades, ideias novas... ou os materiais mais diversos que possas imaginar e
que possam fazer parte do nosso jornal. Os professores Luís Neto e Manuel
feita por Borges, ou o teu professor de Português, esperam, confiantes, a tua participação.

Rostos da escola SECUNDÁRIA ferreira de castro 2005-2006

Enquanto pensas em participar no próximo número do nosso jornal, diverte-te, procurando aqui a tua cara e a dos teus

amigos. Nem todos estão “por ordem” ou juntos aos colegas de turma. Há algumas curiosidades que também te podem entreter: só uma das fotografias está a
razão será?; Quantos estão virados para a esquerda, quantos para a direita e quantos para a frente?; Serás tu capaz de dizer o número de rapazes e raparigas?...

preto e branco - onde está?; vários alunos aparecem 2 vezes - és capaz de os identificar?; outros não aparecem - por que