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Antônio Vieira dos Santos

Memória Histórica da Cidade de Paranaguá e seu Município


SEGUNDA PARTE
Descrição geral da Cidade, suas igrejas, edifícios públicos e particulares, alfândega, fortaleza, casa
da misericórdia, ruas, travessas, número de prédios urbanos; e população, força da guarda
nacional e policial, série cronológica dos governos militares, civil e eclesiástico, instrução primária,
comércio marítimo, exportações e importações, número da saída das embarcações, necrologia, e
outros muitos objetos memoráveis dignos de história.
Oferecido
À ilustre Câmara Municipal
1850
DEDICAÇÃO
À Santíssima Virgem Maria Senhora do Rosário que seus queridos Filhos paranagüenses lhe
retribuem o heróico amor de sua cara Pátria pelo amor maternal que nela os criou.
Laus & jubilatio, Patris honor Virgo Maria.
A Cidade de Paranaguá, tendo um título tão glorioso em ter por sua padroeira e protetora a
Santíssima Virgem Maria do Rosário, jamais nunca poderão ter seus filhos paranagüenses, nem
essa desoladora peste e a devorante fome e nem a sangüinolenta guerra, com que muitas vezes a
divina justiça envia ao mundo a certos países, em castigo de seus desgraçados habitantes, porque
eles têm por seu escudo a Virgem Maria, que com sua valiosíssima intercessão e o grande
merecimento que tem para com seu Santíssimo Filho, suas preces e rogativas sempre são
atendíveis, e dele obtêm o despacho favorável de sua petição; repartindo com liberal mão, suas
graças, dando saúde aos enfermos, consolação aos aflitos, socorros aos necessitados, finalmente,
como Mãe carinhosa, volve seus olhos de ternura e cheios de piedade, para aquele filho
paranagüense que invocando seu nome santíssimo vão valer-se de seu patrocínio, e ela
prontamente o socorre espargindo o auxílio de suas divinas graças, nascido de puro Amor, de seu
terno coração, e como verdadeira Mãe carinhosa, alivia as tristes lágrimas de uma esposa querida
e de uma mãe afligida; e por isso deveis, ó caros compatriotas paranagüenses, retribuir-lhe com
uma sincera adoração, um puro amor filial e esse amor seja o heróico que cada um tem pela
Pátria. O solo paranagüense ainda está intato, desde que foi reproduzido pela natureza, ainda nele
não teve a glória de pisar nenhum inimigo estrangeiro, que se atrevesse invadi-lo, profanando as
suas plantas exóticas, ou neles barbaramente fazer derramar o sangue precioso do brasileiro;
assim como o fizeram os ingleses na Vila de Santos, os franceses no Rio de Janeiro, os
holandeses na Bahia, Pernambuco, Ceará e Paraíba do Norte; franceses em Itamaracá, e
Maranhão, espanhóis em a ilha de Santa Catarina. Nessas antigas eras em que infestavam as
costas brasileiras piratas levantados de outras nações, nunca se atreveram fazer seu ingresso nas
baías paranagüenses, apesar de estar sempre com as suas barras abertas para o oceano e sem
ter a menor defesa, mais do que o escudo de Maria; e ainda no tempo feliz, naquele tempo feliz em
que havia
grande abundância de metal precioso em que a natureza então quis abrir seus recheados cofres
aos paranagüenses e que dariam grande motivo à ambição estrangeira, a fazer seu ingresso,
nunca tiveram ânimo de entrar. Em 1659, até apareceram à vista da barra embarcações
holandesas; como o participou o capitão-mor Gabriel de Lara ao Governo do Rio de Janeiro, a fim
de que não mandasse retirar os índios aldeados, por ficar a terra despovoada e sem gente que a
defendesse, por não haver nenhumas fortificações; aquelas embarcações não entraram, talvez
mesmo do alto mar se lhes figurasse sobre a Cidade outra igual torre a de Babel, ou à montanha
da Serra da Prata, a Virgem Maria _ Fortitude Turris Davidica _ a fortaleza a mais invencível que
pode haver sobre a terra. Em 1718, o temerário pirata francês Mr. Bolorot teve a imprudência de
fazer seu ingresso rapinoso atrás do galeão espanhol que vinha do Chile, carregado de prata,
invadindo essas águas do terreno onde a Protetora da Cidade dominava, causando seu
aparecimento imprevisto na ponta da Ilha da Cotinga, grande susto e terror aos paranagüenses
indefesos; eles prontamente recorreram à sua Padroeira, e cheios de confiança e devoção a
conduziram em triunfo, qual valorosa Judite, até ao lugar da ribanceira e prontamente em defesa
de seus filhos, foi castigada tal ousadia, por meio dum repentino furacão furioso que fez levar o
navio desses piratas contra um cachopo de rochedo que tem à flor d'água na ponta da Ilha da
Cotinga, onde foi submergido nos profundos abismos; preso o chefe pirata e seus cúmplices;
vitória que os paranagüenses alcançaram pela intercessão de Maria, no dia 9 de março do mesmo
ano de 1718, ficando desde então eternizado o nome daquele rochedo, como memória perpétua de
tal acontecimento e do quanto é valiosa sua intercessão para com o Senhor. Em 1726, entrando na
baía de Paranaguá, outra nau francesa, vinda do Rio de S. Francisco, onde esteve de arribada, a
Câmara teve a animosidade de proibir aos povos lhe não prestassem nenhuns socorros e ninguém
com eles fizessem negócio algum; e o paranagüense Antônio de Lara, possuído de um verdadeiro
amor da pátria, ofereceu generosamente à Câmara a sua pessoa e dinheiro e uma sumaca que
tinha tripulada de gente para os irem prender. Nunca o solo paranagüense experimentou a horrível
fome, como por muitas vezes assolaram as Províncias do Norte, como Pernambuco, Paraíba,
Ceará e Piauí; e Paranaguá socorreu com suprimento de 30 a 40 mil alqueires de farinhas, estando
no gozo da abundância, quando aquelas choravam em miséria; supriu por muitas vezes a praça de
Santos e Rio de Janeiro, com mais de 20 a 30 mil alqueires; para o continente do sul a
fornecimentos das tropas na guerra de 1777 mais de 10 a 12 mil alqueires; e até para a Bahia, e
Nova Colônia do Sacramento, sempre o terreno de Maria foi fértil e abundante, e só em alguns
anos foi mais escassa a produção, obrigando a necessidade de ser suprido este pão diário por
importações trazidas de outros países do Brasil; esta falta nunca chegou a ser uma extraordinária
fome. A peste geral, com que a divina mão quer castigar as culpas humanas, não tem sido no solo
paranagüense de tão terrível malignidade, como em outros lugares do Brasil. Essa espantosa
peste geral que houve no ano de 1686, que assolou famílias e povoações inteiras, Paranaguá
também sofreu com mais moderação, permitindo a Virgem que fosse descoberta a erva do bicho,
seu único remédio, denominando por isso a peste a da bicha. A grande peste que houve no ano de
1788 de disenterias sangüíneas amalignadas, e que dentro em poucos dias a morte ceifou perto de
trezentas pessoas paranagüenses, recorrendo à sua boa Protetora logo fez cessar essa grande
mortandade. Veja-se o que exarou nos livros da Câmara o 2º vereador alferes Manoel Tavares de
Siqueira, num termo de memória; diz ele: "Em poucos dias já se contavam perto de trezentas
pessoas falecidas e isto numa diminuta povoação que não chega a quatro mil almas, cujo furor se
aplacou depois que a devoção e piedade dos habitantes foi freqüentada no terço do rosário da Mãe
de Deus!". Exaltabo te, Virgines quoniam suscepisti me.
Assim, paranagüenses, tributai-lhe o verdadeiro amor filial, o amor da Pátria que se leva, sabe
donde brota esta qualidade exímia, esta virtude sublime, que tão doces recordações tem deixado
sobre a terra em que têm florescido os impérios, feito progressos a maior civilização e obtido
dignos alunos de Marte, imurcháveis louros. O amor que existe gravado em nossos corações para
com o país natal é uma conseqüência preciosa daquele amor esclarecido e razoável que deveria a
nós mesmos, pois que a felicidade do homem está estreitamente ligada à da sua Pátria; e como a
poderá servir com zelo, com fidelidade e coragem se não concentrar impresso esse nobre
sentimento? Por certo que o amor pátrio é uma virtude política, que sublimando tanto o espírito do
cidadão, faz com que este renuncie a si mesmo, preferindo o interesse público ao seu próprio,
excitando ao mesmo tempo uma energia de ânimo e vigor tal que se torna a mais heróica das
paixões. Os gregos e os romanos não conheciam nada tão amável, nem tão sagrado, os seus
votos eram que tudo se devia sacrificar por estes, eis a voz geral dos magistrados, dos guerreiros e
depois eis o grito da guerra quando Sirtes perigosas, no proceloso horizonte ameaçavam ruína à
nau do Estado. A poesia, a escultura, a eloqüência abrirão todos seus tesouros para imortalizar a
glória sua, e vós mais distantes ela presidia as determinações do Senado, ressoava entre mil hinos
e cívicos aplausos, nos teatros, nos discos e nas assembléias do povo. Ah! Quão grandes
recordações em nós ainda hoje excitam as cenas ditosas que patenteavam no mundo a brilhante
marcha, os heróicos feitos que o amor da pátria produziu, em todo o seu esplendor e força. As
estátuas, os monumentos no-lo mostram, os triunfos esculpidos por mão Argiva, esses mutilados
restos da grandeza verdadeiramente nacional por si falam; os Sólons, os Licurgos, os Milcíades, os
Temístocles preferiam sempre a esta a tudo quanto havia de mais caro sobre a terra; e se não
foram tão poderoso móvel acaso venceriam os gregos nos campos maratônios e depois junto à
Salamina sobre as águas egéias, as numerosas coortes e armadas dos persas? Mas que se a voz
do patriotismo, qual eco marcial retinindo os vales e promontórios chamava os homens livres,
tornando-os corajosos ao passo que de outro lado os brados de um senhor imperioso que impelia
as turbas ao combate, como escravos seus, aqueles pugnavam pela pátria, estes sem outras
máximas que a adoração dos caprichos de Dario e Xerxes ignoravam o que esta era, tal a
diferença, tal a glória e seguro triunfo, combatendo pels pessoas da independência e dignidade da
pátria.
Em Roma, Vetrória desarma a cólera, e a vingança de Coriolano, seu filho, apenas lhe mostra esta.
Mânlio Camilo Cipião vence os inimigos do povo romano, escutando de amor pátrio os bons
ditames. Que doces emoções pois excita a pátria nas almas bem formadas o teu nome apenas
proferido! Que mágica virtude ela concentra! Que inúmeros prodígios tem obrado no espírito militar!
Nada há tão heróico, nem tão sublime, como o desenvolvimento de afeições patrióticas e um zelo
acrisolado pelo esplendor e ventura nacional; incapaz por certo destas tão nobres sensações é o
cidadão apático e egoísta insensível.
Observando pois a marcha do coração humano, em todos os tempos e em todas as idades, e
percorrendo os anais dos povos, encontramos irrefragáveis testemunhas que altamente proclamam
ser uma obrigação inata no coração do homem, amar este com decidido aferro à sua pátria,
procurando-lhe quanto dela dependa a sua felicidade, tanto que aqueles que para a salvação da
sociedade se expõem a grandes perigos e neles sucedeu bem, não são por certo homicidas de si
mesmo, mas bem pelo contrário, desempenhando um dever igualmente necessário, que
sobremaneira é um glorioso sacrifício que harmoniza com as vistas da Providência.
Dulce est de coruno est, pro Patria mori _
"Esta é a ditosa Pátria minha amada
A qual se o céu me dá que sem perigo
Torne eu com esta empresa já acabada
Acabe-se esta luz ali comigo".
Camões _ Estância XXI.

À ILUSTRE CÂMARA MUNICIPAL


A vós é dedicado este segundo volume da Memória Histórica Paranagüense, fruto de meus
incansáveis trabalhos; e por eles conhecereis quão longos foram; eu bem quisera levá-los ao maior
grau de perfeição, mas bem conheceis sou um simples curioso e não professo na ortografia da
língua nacional, e sujeito a cair em graves erros de letras e inúteis palavras (pleonasmo) que bem
poderiam ser omitidas, mas se V. Senhorias algum dia mandarem redigir esta obra, ela ficará na
devida perfeição. Desejoso unicamente em ser útil ao nosso país, encarei com firmeza um trabalho
bastantemente espinhoso, juntando à história grande número de apontamentos mais singulares,
descobertos nos arquivos desta Cidade, nas administrações civis, militares, religiosas e nas
coletorias das rendas nacionais, adicionando à história diversos mapas demonstrativos que a
ilustram e bem que entre alguns fatos apontados pareçam no presente de pouca monta, mas quem
sabe se esses mesmos no futuro a Câmara desejaria sabê-los? Eis a principal razão que me fez vir
à lembrança de organizar esta memória histórica, em ordem cronológica e que à maneira de um
almanaque servisse no futuro dum farol iluminando os acontecimentos dos séculos passados. Na
vossa sabedoria e generosidade deixo o árbitro de dar o verdadeiro merecimento a uma obra que é
dedicada unicamente ao engrandecimento da nossa pátria, esperando portanto de vossa
beneficência receber o galardão e prêmio de meus serviços. Deus guarde a V. Senhorias.
Morretes, 30 de setembro de 1850.
O cidadão ANTÔNIO VIEIRA DOS SANTOS.
CAPÍTULO PRIMEIRO
Descrição topográfica e geral da Cidade de Paranaguá. Suas igrejas, edifícios públicos e
particulares, ruas, travessas, população, comércio, famílias ilustres, civilização, gênio e costumes
dos paranagüenses.
1 _ PERNAGUÁ - Nome originário de suas baías, comunicado à antiga Vila de Nossa Senhora do
Rosário e que ora vulgarmente se chama Paranaguá. Hoje é condecorada com o título de Cidade,
pela Lei Provincial da Assembléia Legislativa nº 5, de 5 de fevereiro de 1842.
Situação _ Sua situação se acha colocada na margem esquerda do rio Taguaré, e próxima à sua
foz, distante meia légua da Ilha da Cotinga, que fica fronteira; seus edifícios se estendem sobre
uma formosa planície de areia sobre uma alta ribanceira que ali o rio faz; não tem uma vista
aparentosa ao longe porque a Ilha da Cotinga e os grandes matos dos mangais que bordam o rio
do lado oposto a impedem, mas se a mesma Cidade fosse situada à beira-mar na costeira de
Nossa Senhora do Rocio onde a grande baía ali passa, oferecendo uma longa e aprazível vista,
mais de uma légua de largura, em contraste com o panorama das grandes montanhas fronteiras,
certamente que essa tão decantada baía de Niterói não seria tão formosa e nem mostraria ao
viajante um painel tão pitoresco como a de Paranaguá.
Foi criada Vila em 1648, e antigamente enobrecida com o nome de Capitania, que lhe deu o
Marquês de Cascais, considerando-a pertencente à sua donataria e brevemente se espera, seja
elevada à Capital, de uma nova Província do Império, como desejam seus habitantes desde o ano
de 1811: e desde então por muitas vezes, a Câmara e povo têm enviado suas representações à
presença de S. Majestade Imperial, para que se digne a sua separação da Capital de S. Paulo, e
aumentar-se mais uma estrela na esfera armilar do Brasil.
Governo Civil e Militar _ Seu governo civil e militar sempre esteve nos capitães-mores até o ano de
1765, em que passou a oficiais militares, sendo o primeiro o ajudante de ordens do General da
Capitania, Afonso Botelho de Sampaio Paio e Sousa, seguindo-se-lhe os sucessores até ao
presente sem contudo de haverem os mesmos capitães-mores que somente governavam seus
corpos de ordenanças, veja-se os mapas nº 1 da série deles.
Igrejas e edifícios públicos _ Tem a Cidade uma magnífica casa da Câmara, obra de cantaria e
reedificada no ano de 1844 com muito asseio, com o auxílio de um conto de réis que a Assembléia
Provincial por Lei de 30 de março do mesmo ano mandou dar para os reparos da cadeia. O colégio
dos antigos jesuítas onde está a alfândega e o aquartelamento da tropa de 1ª linha e guarda
nacional; além destes há mais as casas Maçônica, do Baile da Amizade, da Pólvora, e o Hospital
da Santa Casa da Misericórdia e Teatro Filarmônico Paranagüense, o Arsenal da Marinha e as
igrejas: matriz, Ordem 3ª, capelinha do Senhor Bom Jesus e a de S. Benedito, e será descrito
separadamente cada edifício em particular.
Instrução primária _ A instrução primária tem na Cidade duas escolas de primeiras letras, para o
ensino de meninos, outra de meninas; um colégio para meninas pensionistas e uma escola de
latinidade e o liceu que a Assembléia mandou estabelecer na Cidade de Curitiba, antes fosse em
Paranaguá, onde a mocidade é mais amante das ciências.
População _ Sua população vai crescendo progressivamente; em 1785, apenas contava 3.427
habitantes e presentemente se podem calcular para mais de onze mil no primeiro e segundo
distrito da Cidade. O mapa nº 2, do ano de 1849, mostra que o primeiro distrito se divide em 20
quarteirões com 1.253 casas habitadas e 1.568 fogos e 6.155 habitantes, mas certamente deverão
chegar ao número de 7.000 por não haver exatidão no arrolamento da Cidade e seus subúrbios. O
segundo distrito é composto de 12 quarteirões com 620 fogos e 3.234 habitantes que no mesmo
ano houve.
O seu porto tem um bom surgidouro, e as embarcações estão ancoradas perto do cais, apesar de
que o rio tem areado bastantemente, formando alguns baixios e bancos de areia, quando
antigamente ancoravam as embarcações fronteiras à igreja da matriz e fonte grande.
Comércio. O comércio marítimo é dirigido presentemente com mais freqüência aos portos de
Montevidéu, Buenos Aires, Chile, Rio de Janeiro, Santos, Rio Grande, Bahia, Pernambuco, Ilha de
Santa Catarina, Patagônia e Salado; e quando antigamente o comércio não se alongava mais do
que aos portos do Rio de Janeiro e Capitania do Espírito Santo e os mais freqüentes eram Santos,
Parati, S. Sebastião e Cananéia, e dos mapas nº 3 se verá as embarcações que saíram em
diferentes épocas do porto de Paranaguá aos outros da costa do Brasil; exportava-se então farinha
de mandioca, peixe, madeiras e embé, e que desde o ano de 1805 a 1807 se vê nos mapas da
exportação que saiu do porto de Paranaguá o valor de Réis 51:428$530 nos gêneros de arroz
pilado, farinhas de mandioca e de trigo em grão, erva-mate em bruto, madeiras, tabuados, bétas de
embé e couros, meios de sola, feijão,tem seu princípio a um dos lados da igreja da Ordem 3ª, e
segue em linha reta e com bastante largura; tem algumas moradas de casas modernas, uma do
Tenente-coronel Manoel Francisco Correia, já serviu de hospital e outra do Comendador Manoel
Antônio Guimarães, está servindo de colégio de meninas pensionistas, onde dá ensino Madame
Jessic James; há além destas, outras boas moradas José Joaquim de Oliveira, José Inácio de
Simas... os terrenos devolutos a Câmara os tem distribuído por cartas de datas e depois de estar
fechada de edifícios, será uma das boas da Cidade pela extensão de seus terrenos, até chegar ao
mar de fora.
10ª - Rua do Campo (1) - Tem seu princípio no lugar chamado o alto, por onde se vai pelo caminho
chamado do Rocio Grande antigamente, próximo à entrada do dito caminho, ali se fizeram as
antigas três moradas de casas, mas desprezando agora o alinhamento daquelas, se formou um
novo alinhamento em linha reta, até ao campo grande, a qual será nos tempos futuros, a melhor e
a mais direita de entre todas; está ainda na sua primeira infância mas já tem alguns pilares
levantados e muitas sapatas de pedra. A Cidade consta de onze ruas, mas duas delas são
unicamente nominais porque a rua chamada da Ordem a dividiram em dois nomes, sendo desde
seu começo na travessa da Senhora do Terço, a travessa das Flores com o nome da Cadeia, e o
restante com o nome da Ordem, quando é somente uma só rua; e a outra é a que está em seus
primeiros princípios com o nome de rua do Campo. Resta agora descrever as ruas que as
atravessam.
RUAS TRAVESSAS DA CIDADE
1ª - Rua travessa que não tem designação de nome (2), mas deveria chamar-se de S. Benedito, e
tendo princípio à beira-mar, atravessa a rua da Gamboa, pela frente da igreja de S. Benedito, torna
atravessar a rua do Fogo, e vai sair a um lado do campo grande; tem algumas casas de uma e
outro lado, mas não está fechada.
2ª - Travessa dos Pescadores - É estreita, tem seu princípio à beira do mar; atravessa as ruas da
Gamboa e do Fogo e atravessa ainda para o campo grande, se continuar.
3ª - Travessa ou rua do Rosário (3) - Tem seu princípio à beira-mar, próximo ao colégio; atravessa
as ruas da Cadeia e do Ouvidor, largo da matriz, rua Direita e da Misericórdia, e vai sair no alto;
nela tem as casas de sobrado: 1ª do falecido Hildebrando Gregoriano da Cunha Gamito; 2ª de
Prudente Xavier de Oliveira; 3ª de Ângelo Machado Lima.
4ª - Travessa da Alfândega - Principia à beira-mar e é um beco estreito e de curta extensão que
finaliza no largo hoje chamado da Alfândega; divide unicamente o edifício do colégio das casas que
se acham próximas; e pouco distante deste se acha a que se segue.
5ª - Travessa do Ipiranga (1) - Tem seu princípio na praia em frente das casas de sobrado do
Comendador Manoel Antônio Guimarães e atravessa a rua da Cadeia, do Ouvidor, Direita e da
Misericórdia, e vai subir ao alto na entrada do rocio; tem suas tortuosidades, mas é fechada de
casas baixas de um e outro lado.
6ª - Travessa das Flores (2) - Tem seu princípio no fim da rua da Cadeia e vai atravessar as do
Ouvidor, Direita e da Misericórdia, e segue a sair ao alto.
7ª - Travessa do Bom Jesus - Tem seu princípio no cais da Rua da Praia; é bastantemente larga e
depois de subir uma ladeira calçada de pedra atravessa a rua da Ordem, do Ouvidor e vai finalizar
na da Misericórdia; nessa travessa tem as casas de sobrado: 1ª a de Joaquim Cândido Correia; 2ª
de João Alves Cardoso; as mais são casas térreas e muitas novas feitas à moderna; em frente do
hospital da Misericórdia se acha a magnífica casa da Loja Maçônica, com a denominação de União
Paranagüense.
8ª - Travessa da Conceição (3) - ou da Ordem, principia a um lado da mesma igreja e rua da Boa
Vista, e atravessando a da Misericórdia, vai sair no alto; na mesma tem 3 moradas de casas
assobradadas, pertencentes ao Tenente-coronel Manoel Francisco Correia e outras diversas
moradas casas térreas.
Logradouros públicos _ Pertencem à Cidade alguns pátios ou largos, servindo de logradouros
públicos em virtude da portaria do Governo da Província, de 19 de novembro de 1832, de Rafael
Tobias de Aguiar, que os confirmou, sendo o 1º o largo denominado do Arsenal que tem 50 braças
de frente e 25 de fundo; 2º o do Estaleiro, com 250 palmos de frente e 226 de fundo; o 3ª o do
Pelourinho que tem 335 palmos de frente e 216 de fundo; nesse largo, abaixo do barranco da rua
da Cadeia e no terreno plano e fronteiro do cais (4) foi colocado o poste do Pelourinho, feito de
uma alta pedra de cantaria inteiriça, curiosamente15º - Manoel Antônio Pereira tomou posse a 22
de abril de 1815.
COMANDANTES MILITARES
1 _ João Rodrigues do Vale, cavaleiro professo na Ordem de Cristo. Ajudante do Tenente do
Governador da Capitania desde agosto de 1730 até dezembro de 1731.
Depois dele continuaram no governo da Vila os capitães-mores até o ano de 1765.
2 _ Afonso Botelho de Sampaio e Sousa, ajudante do Governo desde 1765 a 1770; no seu tempo
foi feita a fortaleza da barra.
3 _ Francisco José Monteiro e Castro, de família ilustre em Portugal, Sargento-mor pago do
regimento de milícias desde 1770 até 15 de novembro de 1801, em que morreu; sentou praça em 5
de agosto de 1765.
4 _ Manoel da Cunha Gamito, Sargento-mor pago do mesmo regimento pela vacância do
antecedente desde 1801 a 1804.
5 _ Joaquim José Pinto de Morais Lemes, Sargento-mor, veio de S. Paulo, mandado pelo Governo,
comandar a Vila de Paranaguá desde 10 de dezembro de 1804 até 30 de junho de 1805, em que
foi para S. Paulo.
6 _ Manoel da Cunha Gamito, Sargento-mor pago de milícias desde julho de 1805 até janeiro ou
fevereiro de 1806.
7 _ Fernando Gomes Pereira da Silva, Sargento-mor pago da Província de Santos, veio para
Paranaguá em janeiro ou fevereiro de 1806 até o ano de 1808; morreu a 4 de janeiro de 1811.
8 _ Joaquim José da Costa, Capitão nomeado por portaria do Governo de 7 de dezembro de 1808,
morreu repentinamente em 31 de julho de 1809.
9 _ José Carneiro dos Santos, Capitão-mor entrou no governo interinamente por deliberação da
Câmara de 6 de agosto de 1809.
Quando o governo pertencia à patente militar que houvesse qual era a do Sargento-mor Manoel da
Cunha Gamito, havendo conflito de jurisdições entre ele e a Câmara por este motivo.
10 _ Manoel da Cunha Gamito, Sargento-mor pago de milícias, entrou no governo em virtude da
portaria de 18 de agosto de 1809 e esteve até a vinda do sucessor que foi em julho ou agosto de
1810.
11 _ José Vitorino Rocha, Sargento-mor de infantaria de caçadores, da praça de Santos,
confirmado por patente de 17 de março de 1810 pelo Príncipe Regente, com o governo da Vila de
Paranaguá vago pelo falecimento de Joaquim José da Costa, sendo na ordem o 2º com o título de
governador porque todos os mais antecedentes eram comandantes militares. Este governador era
muito presunçoso, soberbo, incivil e vingativo; cometeu muitos erros e fez muitas injustiças; foi qual
outro Nero, assim como Fernando Gomes Pereira da Silva um dos seus antecessores outro Átila,
que assolou Paranaguá com destacamentos continuados dos milicianos, ganâncias e extorsões
que fez arruinar a agricultura e causar grande fome de farinhas de mandiocas e muitos prejuízos
aos lavradores e comércio. Estes dois déspotas governadores os paranagüenses sempre se
lembrarão das injustiças e atrocidades que fizeram, desolando os povos; durou o governo desse
déspota até o ano de 1822. (1)
12 _ Miguel Reinardo Belstein, Coronel de engenheiros tomou posse a 22 de setembro de 1822;
era muito exato no cumprimento de seus deveres; fez bom governo; morreu repentinamente
envenenado em 2 de fevereiro de 1824. (2)
13 _ João Francisco Bellegarde, Coronel de engenheiros, hoje Brigadeiro, entrou no governo
tomando posse a 28 de março de 1824 e serviu até 1832; era muito político, agradável e de boas
maneiras, fez um ótimo governo, sua memória ficou gravada em todos os corações dos
paranagüenses.
MAPA Nº 1
Dos ouvidores e corregedores da Comarca, juízes de fora, juízes de direito municipais, delegados
da polícia e subdelegados, ouvidores e corregedores do Rio de Janeiro.
3 _ Não há nenhuma memória dos primeiros ouvidores e corregedores gerais que viessem do Rio
de Janeiro fazerem suas correições a Paranaguá, antes da ereção da Vila em 1648, nem mesmo
depois da criação dela, até 1675, em que consta ter vindo a fazer correição o bacharel Pedro
d'Unhão Castelo Branco, que deixou provimentos; antes dele deveriam ter vindo outros mais,
principalmente depois da criação da Vila, salvo se até aquele tempo era só corrigida pelos
capitães-mores, ouvidores de S. Vicente, como foi Diogo de Escovar (3) que deixou seus
provimentos ou outros que se ignoram.
1º - O bacharel Antônio Alves Lanhas Peixoto tomou posse em Câmara a 24 de agosto de 1724.
Ele assistiu a Junta que se fez em S. Paulo para a divisão desta Comarca. Teve de ordenado
400$000.
2º - Doutor Antônio dos Santos Soares, teve posse a 7 de julho de 1730 até 1734.
3º - O bacharel Manoel dos Santos Lobato, foi juiz de fora na Vila do Torrão, em Portugal, tomou
posse em 4 de maio de 1734. Casou na Vila de Paranaguá com D. Antônia da Cruz França, filha
do Capitão-mor João Rodrigues França.
4º - O Doutor Gaspar da Rocha Pereira, em 1741 a 1743.
5º - O Doutor Manoel Tavares de Siqueira, de 1744 a 1747, ou 1748. Ignora-se os sucessores que
houve até 1757, só se serviriam os ouvidores pela lei.
6º - O Doutor Antônio da Silva Pires Melo Porto Carreiro. Ignora-se o ano em que tomou posse,
mas em fevereiro de 1755, rubricou livros em Curitiba.
7º - O Doutor Jerônimo Ribeiro de Magalhães foi o autor de se pagar nas comarcas da beira-mar
custas dobradas, por representação que fez em 19 de julho de 1757. A resolução régia de 3 de
setembro de 1760, onde tivesse havido minas de ouro como se costumavam pagar nas minas de
serra acima mandando-se observar e pôr em execução a ordem de 23 de março de 1757. A este
ouvidor o denominavam com a alcunha de Chato: fez muitas injustiças e despotismos e o governo
de Lisboa o mandou buscar preso e morreu no Limoeiro.
8º - O Doutor Antônio Barbosa de Matos Coutinho, desde 1776 até 1783.
9º - O Doutor Francisco Leandro de Toledo Rendom, tomou posse a 21 de julho de 1785 até
178(9)?
10º - O Doutor Manoel Lopes Branco e Silva, por provisão régia da Senhora D. Maria I, de 12 de
outubro de 1789, tomou posse em 9 de outubro de 1790; fez um bom governo e foi o criador da
Vila Antonina.
11º - João Batista dos Guimarães Peixoto, pernambucano, tomou posse a 4 de dezembro de 1799;
foi um déspota e justiceiro; em suas correições criminou a muitas pessoas de que se queixaram ao
General da Capitania, Antônio Manoel de Melo Castro e Mendonça, que mandou suspendê-lo do
seu exercício por portaria de 7 de janeiro de 1802, e conduzi-lo preso a S. Paulo, mas ocultou-se,
evadindo-se para o Rio de Janeiro e dele requereram à Alteza Real mandasse tirar a sua
sindicância.
12º - O Doutor Antônio de Carvalho Fontes Henriques Pereira, tomou posse a 11 de fevereiro de
1804, até 1807.
13º - O Desembargador sindicante Joaquim de Amorim e Castro. Em 5 de outubro de 1805
participou à Câmara que por real resolução de S. A. Real e portaria do Vice-rei, de 4 de março,
tinha de vir fazer uma diligência do real serviço para que se lhe aprontassem as aposentadorias,
para que se recolheu em fins de 1806 para o Rio de Janeiro.
14º - O Doutor Antônio Ribeiro de Carvalho, pela provisão régia de 11 de julho de 1804, tomou
posse a 7 de março de 1807. Fez um bom governo.
15º - O Doutor João de Medeiros Gomes, por decreto de 6 de fevereiro de 1810, a carta régia de 7
de março do mesmo ano. Este Ouvidor foi o que transferiu o cartório e sua residência da Ouvidoria
para a Vila de Curitiba. Foi muito agradável e político e sua memória deixou saudades na
Comarca.
16º - Dr. José Carlos Pereira de Almeida Torres, baiano, parece que tomou posse no ano de 1816;
foi suspenso do seu exercício por muitas queixas e representações que dos povos da Comarca
contra ele fizeram em 13 de setembro de 1822. Foi depois disso Presidente da Província de S.
Paulo, Ministro e Secretário de Estado e Visconde de Macaé.
17º - O Desembargador e Ouvidor subrogado José de Azevedo Cabral tomou posse a 13 de
setembro de 1822. Era muito político e atencioso e civil e de todos estimado; fez bom governo.
18º - O Dr. José Verneque Ribeiro de Aguilar, tomou posse a 26 de julho de 1824 até 1826. Foi
este o último ouvidor que houve na Comarca; casou em Curitiba com Dona Ana, filha do Coronel
Inácio de Sá Souto Maior. Por decreto de 26 de julho de 1824, de D. Pedro I, passou a
Desembargador da relação da Bahia.
JUÍZES DE FORA DA COMARCA DE PARANAGUÁ
FORMADOS
1º - O Dr. Francisco de França Miranda, fluminense, por carta régia de 18 de junho de 1812, tomou
posse a 14 de novembro do mesmo ano até 1815. (1)
2º - O Dr. Luiz José Correia de Sá, tomou posse em 15 de novembro de 1815. Natural do Rio de
Janeiro, tinha um caráter incivil, desatencioso, fez mil asneiras e desacatos em Paranaguá.
3º - O Dr. Antônio de Azevedo Melo e Carvalho, por carta régia de 10 de fevereiro de 1820, tomou
posse a 26 de junho do mesmo ano, e governou até 1824. Era de um gênio forte e arrebatado,
soberbo e presunçoso, fez muitas desfeitas a diversos cidadãos e injustiças, e teve contínuas
contestações sobre conflitos de jurisdições com o Governador José Vitorino Rocha; estava então
Paranaguá sofrendo o despotismo de dois verdugos opressores da humanidade, em seu tempo
serviram interinamente de juízes de fora (2) o Capitão Pedro Roiz
Nunes, em 1822, o Capitão Bento Antônio da Costa em 1823, o Capitão Antônio José Pereira, em
1824 (1).
4º - O Dr. João Capristano Rabelo tomou posse a 21 de março de 1824 e esteve até 1825, e é ao
presente o que está servindo de Presidente na Relação do Maranhão. Em seu tempo serviram
interinamente no ano de 1824: o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, no mês de agosto, o
Sargento-mor Manoel Francisco Correia, no mês de outubro.
5º - O Dr. Agostinho Ermelino de Leão, baiano, por provisão régia de 25 de fevereiro de 1825,
tomou posse a 9 de abril do mesmo ano e por carta régia de 21 de novembro de 1833 foi Juiz de
Direito desta Comarca donde passou para Desembargador da Relação do Maranhão; e de lá para
a de Pernambuco. Casou em Paranaguá com D. Maria Clara, filha do Capitão-mor Manoel Antônio
Pereira, em 8 de agosto de 1826.
6º - O Dr. Joaquim Teixeira Peixoto, pernambucano, por provisão de 15 de novembro de 1826,
tomou posse a 17 de abril de 1827, governou até 1832, passou para Desembargador da Relação
de Pernambuco. (2)
7º - O Doutor Francisco Alves de Brito, por provisão de 29 de março de 1832 até abril de 1833.
JUÍZES DE FORA INTERINOS
8º - O Doutor Agostinho Ermelino de Leão, de maio de 1833
9º - Leandro José da Costa, em junho do mesmo ano.
10º -Vicente Ferreira Pinheiro, em março de 1835.
11º - Tenente-coronel Francisco Correia, em agosto d 1835.
12º - O Sargento-mor João Antônio dos Santos, em julho de 1838.
13º - O Major Bento Antônio da Costa.
14º - O Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, em maio de 1839.
15º - O sargento-mor João Antônio dos Santos, em outubro do mesmo ano.

(1) Foi para Portugal onde é conselheiro do Tribunal Supremo da Justiça e foi Ministro e Secretário
de Estado dos Negócios do Reino. Do autor.
(2) No tempo do Dr. Joaquim Teixeira Peixoto serviram interinamente: 1827 o Capitão Felipe
Tavares de Miranda, o Capitão Francisco Alves de Paula, o Capitão Joaquim Antônio Guimarães.
1828 Manoel Franco de Mendonça, o Tenente-coronel Manoel Franco Correia. Do Autor.
16º - O Capitão Antônio José Pereira, em fevereiro de 1840.
17º - Leandro José da Costa, em julho do mesmo ano.
18º - O Dr. João Crisóstomo Pupo, em janeiro de 1841.
JUÍZES MUNICIPAIS
1º - O Dr. José Matias Ferreira de Abreu, foi interino e depois efetivo.
2º - O Dr. Filástrio Nunes Pires, tomou posse a 2 de agosto de 1847, e em 3 de novembro de 1849
tornou a reassumir o mesmo emprego.
DELEGADOS DE POLÍCIA
1º - o Dr. José Matias Ferreira de Abreu tomou posse a 24 de julho de 1849.
2º - Leandro José da Costa.
3º - Dr. Filástrio Nunes Pires, tomou posse a 17 de junho de 1848.
4º - Comendador Manoel Antônio Guimarães, tomou posse em 5 de dezembro de 1848.
SUBDELEGADOS DO 1º DISTRITO
1º - O Comendador Manoel Francisco Correia Júnior.
2º - O Capitão Francisco Alves de Paula.
3º - Tristão Euclime d'Wduval.
4º - O Tenente-coronel Joaquim Cândido Correia.
5º - Francisco José Barroso.
SUBDELEGADOS DO 2º DISTRITO
1º - O tenente Bento Gonçalves Cordeiro.
2º - O Capitão Floriano Bento Viana.
3º - José Alexandre Cardoso.
4º - Balduíno Cordeiro de Miranda.
Mapa dos Juízes de Direito que têm sido nomeados para a 5ª Comarca da Província de S. Paulo,
extraída do arquivo da Câmara da Cidade de Paranaguá, em virtude do aviso da Secretaria de
Estado dos Negócios da Justiça, de 25 de junho, p.p.
1º - O Doutor José Antônio Pimenta Bueno: foi nomeado Juiz de Direito da 5ª Comarca pelo
Conselho do Governo, segundo a participação do Ex.mo Presidente da Província, de 20 de abril de
1833; fez participação em data de 23 convite da respectiva Assembléia Legislativa Provincial de 25
de fevereiro próximo passado.
MAPA Nº 2
Estatística da população do 1º e 2º distrito da Cidade de Paranaguá no ano de 1849,
demonstrando o número de quarteirões, seus nomes, casas habitadas, fogos e almas e um cálculo
aproximado das faltas prováveis da inexatidão de um verdadeiro recenseamento e bem assim as
populações que houve em diversas épocas anteriores.
6
Advertência ao Mapa do 1º distrito da Cidade. Conhecendo-se pelas listas dos inspetores dos
quarteirões não haver exatidão no arrolamento pois que em casas mesmo na Cidade se
verificavam grandes faltas em pessoas bem conhecidas, por isso se fez um cálculo aproximado as
faltas e por isso se dá o número de 6.600 almas, porém bem se pode calcular em 7.000 sem haver
grande diferença para mais ou menos. O Barão de Bielford, Inst. Polit. Tit. 2º pág. 204 a 249, o
modo de calcular o nº de fogos é dar-se de 6 a 8 habitantes por cada casa.
MAPA Nº 3
7 - Das embarcações que saíram do porto de Paranaguá, carregadas para diversos portos do
Império com gêneros de exportação do país, desde o ano de 1793, inclusive até 1825 e por ele se
conhecer o progressivo aumento que tem tido o comércio nos últimos 10 anos decorridos de 1839
a 1849.
MAPA Nº 4
Mapa das embarcações que saíram do porto da Cidade de Paranaguá no decurso de 10 anos
desde 1839 a 1849.
Observação
Se no ano de 1841 a 1842 em que saíram de Paranaguá 75 embarcações para dentro dos portos
do Império, com 2.893 toneladas e 31 embarcações par fora do Império com 5.899 toneladas
chegou o valor da exportação à cifra de 456:288$756, quanto não avultaria a mesma exportação
no ano de 1848 a 1849 em que saíram 100 embarcações para os portos do Império com 5.836
toneladas e 92 embarcações para os portos fora do Império com 22.940 toneladas? Faça-se a
comparação e se verá o grande aumento que tem acrescido no comércio marítimo..
MAPA Nº 5
8 _ Sinopse dos cidadãos paranagüenses da principal nobreza que tem servido os cargos da
governança na mesma Cidade desde o ano de 1800 a 1850:
Antônio Pereira da Costa, capitão Ângelo Machado Lima Antônio José de Carvalho Alexandre
Correia de Freitas Apolinário Antônio de Miranda Antônio Maria da Costa
Arnaldo José da Cruz José de Sousa Guimarães Antônio José da Silva José Antônio Pereira
Antônio Moreira da Costa Joaquim José da Costa
Antônio Roiz Sanches José Pinto de Amorim
Antônio José Correia João Gonçalves Guimarães Amâncio Roiz Delgado João Machado Lima,
capitão Antônio José Alves, capitão José Fernandes Correia, capitão Antônio da Silva Neves,
capitão João Crisóstomo de Oliveira Salgado, capitão
Amaro de Miranda Coutinho João Manoel da Cunha, capitão Antônio Ribeiro Coutinho, capitão
José Joaquim Gonçalves Neves Bento Antônio da Costa, sargento-mor João Alves Madeira
Balduíno Cordeiro de Miranda Joaquim José de Araújo
Bento José Munhoz João Evangelista Gonzaga Bento José da Cruz João Antônio dos Santos,
tenente-cor.
Cipriano Custódio de Araújo, sarg.-mor José da Cunha Marques
Caetano de Sousa Pinto Joaquim Félix da Silva
Camilo Antônio Laines José Ângelo Custódio
Domingos Tadeu Ferreira Jerônimo Vieira de Carvalho Domingos da Rocha Muniz José Leandro
da Costa
Eduardo Vercelino da Costa José Francisco Correia
Eulâmpio Bento Viana José Cárdenas do Amaral
Eusébio Gomes Inácio Tavares de Miranda, capitão
Francisco Antônio Pereira, major João Vieira dos Santos
Felipe Tavares de Miranda, capitão
Francisco del Rio Cárdenas José Rodrigues Branco, major Florêncio José Munhoz, tenente
Joaquim Félix da Silva
Francisco Alves de Paula, capitão Leandro José da Costa
Francisco José de Sousa Luiz Machado da Silva
Floriano Bento Viana, major Manoel Francisco Correia, tenente-cor.
Francisco Antônio da Siqueira Manoel Francisco Correia Júnior, Com.
Francisco Luiz de Paula, Manoel Antônio mestre de mús. Guimarães, idem Francisco Godofredo
Manoel Antônio Pereira,
cap.-mor Francisco Félix da Silva Manoel Inácio de Simas
Francisco Ferreira Oliveira, cap. Manoel Antônio Pereira Filho, major
Francisco Gonzales Rocha, major Manoel Antônio Dias
Félix Bento Viana Manoel Dias de Siqueira
José Xavier de Oliveira, capitão Manoel Lobo de Sousa Passos Joaquim Américo Guimarães,
comend. Manoel Leocádio de Oliveira Joaquim Cândido Correia, major Manoel Francisco de
Miranda Manoel Leite Bastos Manoel Leite Bastos
Manoel José Correia Manoel Marques de Jesus Manoel José de Faria Manoel Amaro de Miranda,
tenente
Manoel Antônio da Costa, major Pedro Antônio Munhoz
Prudente Xavier de Oliveira Pedro Rodrigues Nunes
Raimundo Ferreira de Oliveira Melo Ricardo Gonçalves Cordeiro Ricardo de Sousa Pinto Ricardo
Carneiro dos Santos Simão José Henriques Deslandes Tristão Martins de Araújo França
Tristão Euclime d'Wduval Tomás de Sousa e Silva, capitão
Tomé Simões Peniche Vicente Ferreira dos Santos, cap.
Vicente Ferreira Pinheiro Vicente Ferreira Martins
Vidal da Silva Pereira Agostinho dos Santos de Camargo
Antônio Bueno Salgado Amálio Ricardo dos Santos Ângelo Soares da Silva, alferes Antônio
Tavares de Miranda
Acrescentamento de nomes que faltaram, incluir no abecedário
Caetano Roiz Coutos Cândido Xavier dos Anjos
Domingos Vieira Cacilhas Domingos Afonso Coelho
Francisco Antônio Pereira Francisco José de Almeida
Guimarães
Francisco José Laines Francisco Xavier dos Santos Borges
Faustino José da Silva Borges Francisco Roiz Ferreira
Francisco José de Brito Francisco Carneiro dos Santos Francisco de Paula Ribeiro José Caetano
de Sousa
Joaquim Caetano de Sousa José Bernardes Munhoz
Inácio Lustosa de Andrade José Martins de Araújo França José Ricardo dos Santos José Luiz
Pereira
José Machado de Oliveira José Gonçalves de Morais, cap. José Pinto de Amorim, cônsul Manoel
de Araújo França Manoel José dos Santos Miguel Conçalves de Miranda
Miguel Francisco Braga Manoel Francisco de Mendonça Manoel Correia Matoso Manoel Antônio
da Rocha
MAPA Nº 6
Cidadãos paranagüenses com comendas e hábitos das diversas ordens do Império
Antes da vinda Del-Rei D. João VI, não consta que os paranagüenses pudesse e obtivesse uma só
condecoração ou mercê honorífica que em seus peitos fizesse brilhar o patriotismo de seus
relevantes serviços e serem distinguidos entre os mais cidadãos e de que muitos seriam
merecedores, mas a mãe pátria estava em distância de mais de mil e duzentas léguas da Europa,
e não era possível chegar a voz da razão aos pés do trono; e nem a real verdade porque invejosos,
aduladores que sempre cercam o Monarca sufocavam estas vozes, a fim de que ele não pudesse
espargir graças a tão longes climas, ambicionando tudo por si e por isso estes filhos bastardos
sempre eram olhados com indiferença, mas a sábia Providência trouxe ao sólio brasileiro o
primeiro Monarca e conhecendo então de mais perto os méritos destes seus filhos queridos
principiou a liberalizar suas graças aos fiéis e honrados paranagüenses.
1 Tenente-coronel do regimento de milícia de Paranaguá pelos
seus serviços obteve Del-Rei D. João VI a condecoração do
_ hábito de Cristo, em 1808 ou 1809 e fez sua profissão na igreja
matriz.
2
F Foi sargento-mor e depois Tenente-coronel do regimento de
r artilharia de milícias por seus serviços El-Rei D. João VI o
a
_ agraciou com o hábito de Cristo e professou na igreja de
n Paranaguá em 24 de dezembro de 1824, depois tendo
c
M prestado iguais serviços na fatura da corveta de guerra que se
i
a fez em Paranaguá foi remunerado com o hábito da Imperial
s
n Ordem do cruzeiro por D. Pedro I.
o
3 Pelos serviços prestados à igreja e mesmo em razão de ser
e colado tem de jure a mercê do hábito de Cristo e fez sua
l
_ profissão na matriz de Paranaguá.

4 _ Manoel Antônio Capitão-mor de ordenanças


Pereira, cidadão por seus serviços obteve a
adotivo. mercê Del-Rei D. João VI, de
ser agraciado com o hábito
5 _ Ricardo Carneiro de Cristo e fez sua profissão
dos Santos, cidadão na igreja matriz de
paranagüense, Paranaguá.
faleceu em 28 de
outubro de 1828.

6 _ Manoel Teve diversos postos no


Francisco Correia corpo de batalhão de guardas
Júnior, cidadão nacionais chegando ao posto
paranagüense, de Coronel e chefe de legião,
primeiro pelos muitos serviços que
Comendador prestou à Nação em muitos
7 _ Manoel Antônio objetos
Foi condecorado
de que
com foio
Guimarães, cidadão encarregado,
oficialato da Rosa
pelo Governo
a 2 de
paranagüense. Foi obteve a de
agosto condecoração
1842 de
e
nomeado Coronel Comendador da com
condecorado Ordem de a
chefe da legião de Cristo, no diadada coroação
Comenda Ordem de
toda a Marinha da D. Pedroa I, 25
Cristo, em de
18 demarço
julho de
Comarca em 1840,
suprimida em 1844,
e em 16 de fevereiro
de 1849
reorganizada sendo
ele o mesmo chefe.

8 _ Joaquim Américo Foi condecorado com o hábito de Cristo por despacho de 18 de


Guimarães, cidadão julho de 1841. Condecorado com o oficialato da Imperial Ordem
paranagüense, da Rosa por decreto de 11 de setembro de 1843.
negociante
matriculado de
grosso trato, pelo
Tribunal da Real
Junta do Comércio
por despacho do
(1) Erro do autor. O
monarca subido ao
trono nessa data, em
1841, foi D. Pedro
2º. N. J.
(2) mais tarde Barão
e Visconde de
Nácar, falecendo em
agosto de 1893. N. J.
mesmo Tribunal de
11 de abril de 1840.
9 _ Caetano de Foi condecorado pelo Imperador o Sr. D. Pedro I (1) com a
Sousa Pinto, cidadão mercê do hábito de Cristo por decreto de 15 de novembro de
paranagüense, o 1846.
satírico
10 _ Manoel José Foi condecorado pelo Imperador o Sr. D., Pedro com a mercê do
Machado da Costa, hábito de Cristo.
brasileiro
11 _ Antônio Pereira Vice-cônsul da Confederação Argentina, por beneplácito Imperial
da Costa, cidadão de 18 de maio de 1841 e por nomeação do Governo do Chile, de
paranagüense, 10 de fevereiro de 1848 e beneplácito Imperial de 5 de junho de
sargento-mor da 1848 o lugar de cônsul Chileno.
guarda nacional e foi
agraciado por S. M.
Imperial com a
mercê do hábito de
Cristo, em março de
1847.
12 _ Francisco de Tenente da 1º linha condecorado pelo Imperador o Sr. D. Pedro I
Paula Lobo, cidadão (3) com a mercê do hábito de Cristo por decreto de 5 de abril de
paranagüense, 1846, e do Cruzeiro por decreto de 12 de outubro de 1827.
morreu em 10 de
fevereiro de 1869.
(2)
13 _ João Antônio Tenente-coronel da guarda nacional foi condecorado pelo
dos Santos, cidadão Imperador o Sr. D. Pedro II, com a mercê do hábito de Cristo.
brasileiro, morreu em
16 de agosto de
1850.
14 _ Domingos Foi Sargento-mor da guarda nacional e condecorado pelo
Afonso Coelho, Imperador o Sr. D. Pedro II, com o hábito de Cristo.
cidadão adotivo.
(
1
)
E
15 _ O vigário Vigário colado da igreja matriz da Cidade de Paranaguá foi
Gregório José Lopes condecorado pelo Imperador Sr. D. Pedro II, com o hábito da
Nunes, cidadão Imperial Ordem da Rosa.
naturalizado.
16 _ Floriano Bento Capitão da guarda nacional foi condecorado pelo Imperador D.
Viana, cidadão Pedro II, com o hábito da Imperial Ordem da Rosa.
paranagüense.
17 _ José Leandro Capitão da guarda nacional foi no destacamento do Rio Negro e
da Costa, cidadão por este serviço condecorado por D. Pedro II, com a mercê do
paranagüense. hábito da Rosa.

18 _ O reverendo Paranagüense, teve a mercê de Cavalheiro do hábito de Cristo,


Vigário João faleceu em agosto de 1841.
Crisóstomo de
Oliveira Salgado
Bueno, vigário
colado da Cidade de
Paranaguá.
PARÁGRAFO SEGUNDO
Descrição histórica da igreja e capelas que tem a Cidade de Paranaguá
1ª - A igreja matriz, com a invocação de Nossa Senhora do Rosário, padroeira da Cidade, sua
fundação é antiqüíssima, mas supõe-se que fosse erecta depois do ano de 1560, quando vieram
os povos de Cananéia povoarem as baías de Paranaguá, por constar com certeza que antes do
ano de 1578 já muito se trabalhava nas minas de ouro, e tantos povos que então nelas
trabalhavam, sendo católicos romanos, não haviam de estar sem terem uma igreja e sacerdote que
lhe administrassem os necessários sacramentos; mas não há nenhuma certeza da memória do
ano de sua fundação, nem dos capelães que a paroquiaram até o ano de 1655, mas consta de um
antigo livro de vereanças que no ano de 1661, a igreja precisava de reparação e para esse fim a
Câmara fez uma vereança geral no dia 1º de outubro daquele ano, convidando os cidadãos para
se tratar do mesmo reparamento, pela grande necessidade que havia de se fazer por
conseqüência a igreja já deveria então contar a idade de oitenta a cem anos. A segunda reparação
da igreja foi feita entre os anos de 1723 e 1733, como por vezes a Câmara representou a El-Rei,
pedindo adjutório de seus reais cofres. Em 1741 se fez conserto nela e a Câmara tratou de a
mandar forrar, cuja obra foi arrematada pelo mestre carpinteiro João da Silva, pela quantia de Rs.
500$ mil réis; e então se fez novo encaibramento, retificação em toda a igreja. Em 24 de janeiro de
1804 o vigário Joaquim Júlio da Ressurreição Leal requereu ao Ouvidor da Comarca a
necessidade que havia de um encaibramento geral no corpo da igreja, o que se fez entre os anos
de 1805 e 1806; e ultimamente foi reedificada, no ano de 1839, a capela-mor com a quantia que a
Assembléia Provincial mandou dar para seu reparo de Rs.1:000$000 que se receberam por ordem
da portaria de 21 de dezembro de 1838 e com a qual se despendeu na mesma obra a quantia de
Rs. 993$980, segundo a conta dada apela Câmara ao Presidente da Província, em ofício de 21 de
setembro de 1839. A Câmara em virtude das ordens do Presidente em 28 de abril de 1838, orçou a
despesas das obras da matriz em 5:200$000, não era possível que só com um conto de réis se
fizessem, motivo porque a Câmara, por não ficar a obra completa e por ainda faltar reparar o corpo
da igreja, o seu pavimento e altares colaterais, pediu por empréstimo a vários cidadãos a quantia
de Rs. 960$ mil réis, os quais prontamente o fizeram sem quererem nenhum prêmio, de que a
Câmara fez aviso ao Presidente da Província e em novembro de 1841 foram recebidos mais Rs.
600$000 que a Assembléia mandou dar para reparos da mesma igreja e continuam as súplicas da
Câmara a obter mais quantias para ornamentos e a decência que deve ter a igreja matriz de uma
cidade.
Descrição desta igreja paroquial
10 _ Esta antiga igreja foi feita de pedra de cantaria e a alvenaria. Tem de frente 70 palmos de
largura, e de 140 a 150 palmos de comprimento; o interior do corpo da igreja é de 60 palmos de
largura e da porta principal ao arco cruzeiro 110, e o restante da capela-mor. O frontispício no seu
exterior, feito ao gosto antigo, é despido de ornatos de arquitetura, contém somente a porta
principal, alta e boa largura e três janelas rasgadas no lugar do coro para darem claridade e
arremate do frontispício é uma elevação arredondada e a cruz em cima; e dois esses (1) que
finalizam no cimo das paredes laterais; estas são alguma coisa baixas em proporção ao
comprimento da igreja, não tem tribunas e sim duas frestas em cada uma a darem claridade ao
corpo da igreja, como igualmente há na capela-mor outras duas frestas envidraçadas na parede do
lado do Evangelho. Esta igreja é ornada com cinco altares, incluso o mor. O retábulo do altar-mor
antigo era feito de esculturas e molduras de gosto gótico, com folhagem de parreiras, cachos de
uvas e outras figuras adornando as colunas e os intermédios, todas douradas, mas na última
retificação da igreja em 1839, se mandaram desmanchar essas antigualhas, pondo-se à moderna.
Em o meio desse altar-mor se acha colocada em o seu competente nicho a antiga imagem de
Nossa Senhora do Rosário, padroeira da Cidade; há uma antiga tradição que a mesma foi
executada mui primorosamente por uma matrona antiga paranagüense; seu vulto tem de alto mais
de 6 palmos, sua fisionomia perfeita e particularmente nos lavores e adornos de seu vestuário e
por ser feita deste material nunca pode sair à rua em solene procissão. Ao lado da epístola deste
altar, tem a imagem de S. Sebastião, em seu nicho, e no do Evangelho a de S. João Batista. Os
altares colaterais, do lado do evangelho são: o 1º encostado no recanto da parede do arco cruzeiro
é do arcanjo S. Miguel e a seu lado em nichos tem a imagem de S. Bárbara e S. Rita de Cássia; o
2º altar é o de Nossa Senhora das Dores, embutido na parede do corpo da igreja, feito ao gosto
moderno e de elegante arquitetura; nele se acha colocada a perfeitíssima imagem de Nossa
Senhora das Dores. Os altares colaterais ao lado da epístola são: o 1º encostado no recanto da
parede do arco cruzeiro e é o de Nossa Senhora da Conceição e
(1) Dois SS _ é o que o autor diz. N. J.
a seus lados tem em nichos as imagens de S. Antônio e S. Luzia e sobre o altar a de S. Francisco
de Paula; o 2ª altar embutido na parede do corpo da igreja é o de Nossa Senhora do Monte do
Carmo, imagem de muita perfeição e o mesmo altar feito à modera e arquitetura de bom gosto. A
sacristia fica ao lado esquerdo da igreja, tem de comprido 60 a 70 palmos e 30 de largura, e nela
há um grande e comprido arcaz dividido em três repartimentos, onde em diversos gavetões se
guardam os ornamentos, no repartimento do meio se guardam os que pertencem à fábrica e nos
outros o das Irmandades do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora do Rosário. O pavimento
do templo foi dividido no ano de 1756, em três divisões de sepulturas: a primeira do presbitério ao
arco cruzeiro com vinte sepulturas, em duas ordens, onde se não enterra pessoa alguma salvo se
for eclesiástico. A segunda divisão é do arco cruzeiro às grades da comunhão, em três ordens, em
trinta sepulturas, sendo a primeira ordem próxima do arco cruzeiro, de 6 sepulturas; notando-se
uma entre elas a pertencente aos descendentes do Doutor Mateus da Costa Rosa e sua mulher,
ignorando-se o motivo de tal concessão, salvo se aquele Doutor prestou grandes serviços à
mesma igreja; as outras duas ordens são de doze sepulturas em cada uma, e destas pertencem à
Irmandade do Santíssimo Sacramento doze dentre elas. A terceira divisão é das grades da
comunhão à porta principal que contém 135 sepulturas divididas em nove ordens de quinze cada
uma, sendo o total de todas que tem este templo: 185 sepulturas; são algumas delas pertencentes
à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, mas estão em efetividade 165 campas que
anualmente não podem suprir o sepultamento dos mortos, pois que em 1847 faleceram 349
pessoas; e em 1848, 254 ditas. Calcula-se com razoável fundamento de estarem sepultados dentro
do recinto desse templo desde que ele foi erecto até ao presente de 45.000 a 50.000 corpos; este
grande exército de mortos, depositados sempre num mesmo terreno, já se vê que esse não pode
ter mais vigor a saciar a ardente fome de desfazer carne humana; as contínuas exalações que
evapora esta terra devem necessariamente formar muitos gases pela decomposição destas
substâncias pútridas, continuamente atraídas pelo ar atmosférico, estas substâncias indizíveis e
insalubres encerradas quase sempre dentro do recinto do templo a mor parte do dia fechado, não
podem estes eflúvios serem saudáveis à espécie vivente; com justíssima razão deve ser
desterrado um tal abuso; pois só no templo deve respirar o odorífero incenso que lhe é dedicado.
Nessa igreja matriz anualmente se fazem diversas festividades, sendo as principais a da Páscoa e
Ressurreição do Senhor, e se faz com toda solenidade, que manda o ritual romano, tendo princípio
a solenidade de domingo de ramos, com a procissão das palmas, o ofício de trevas na quarta-feira
santa; a missa solene da quinta-feira, a comunhão geral dos Irmãos do SS. Sacramento e a
procissão do depósito, o ofício do lava-pés, cerimônia com toda a majestade, à noite o sermão da
Paixão e o setenário de Nossa Senhora das Dores; na sexta-feira a paixão, a adoração da santa
Cruz e de tarde a procissão do enterro, à noite o sermão de lágrimas, havendo na quinta-feira a
procissão dos fogaréus, que vai correr as mais igrejas. E no sábado santo, as cerimônias próprias
do fogo novo, bênção do círio, do incenso e pia batismal, e finalmente a solene missa de aleluia e
na madrugada ao romper da aurora do domingo, a procissão e missa da Ressurreição, festividade
executada com todas as cerimônias do ritual, com toda a pompa e grandeza, igual às que se fazem
em outras cidades. A segunda festividade é a do Santíssimo Sacramento, que pertence à
Irmandade mandá-la fazer, na primeira dominga depois de Corpus Christi, com missa cantada e
laus perene, todo o dia, e à tarde procissão solene e que vai acompanhada de todas as
Irmandades, circula pelas ruas da Cidade. A terceira festividade é a de Nossa Senhora do Rosário,
padroeira da Cidade, tendo nove dias de novena e um solene tríduo de missa cantada, em sexta,
sábado e domingo, e vésperas solenes no sábado de tarde e laus perene nestes três dias, graça
especial que a mesma Irmandade obteve do Sumo Pontífice, por um breve que dele alcançou,
concedendo indulgências plenárias aos Irmãos da mesma confraria; a quarta festividade é a do
Divino Espírito Santo em que são eleitos anualmente o imperador e imperatriz, seus mordomos e
os mais oficiais correspondentes. Além destas se fazem na mesma igreja diversas festividades: a
de S. Sebastião, a de S. Miguel Arcanjo, Nossa Senhora do Carmo, S. Rita e Nossa Senhora das
Dores e da Conceição. Antigamente a Câmara costumava a mandar celebrar as festas de S.
Sebastião, Corpus Christi, Santa Isabel e do Anjo Custódio, as quais ia assistir em corporação com
o real estandarte, bem como o fazia na missa e procissão da ressurreição e padroeira da Cidade,
mas presentemente quase todas estão abolidas. Nesta igreja se faziam anualmente as procissões
a de S. Sebastião, a dos passos, de ramos, fogaréus, enterro, ressurreição, depósito do
Sacramento na quinta-feira santa, da bala da cruzada, ladainhas, anjo custódio e do patrocínio de
Nossa Senhora, umas em derredor da igreja e outras em círculo da Cidade. A torre deste templo é
de baixa altura e pouca excede às paredes do corpo da igreja (1) feita ao gosto antigo, arrematada
por uma abóbada e três sineiras, todas de pedra de cantaria lavrada e nelas 3 sinos, o maior e o
mais antigo pesava 12 arrobas, tinha clara voz e seu sonido se ouvia ao longe; era pertencente à
Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, mas quebrou-se no ano de 1804 e o devoto cidadão o
sargento-mor Joaquim José Guimarães o levou para o Rio de Janeiro, mandando fundir um novo
com o peso de vinte arrobas e que importou em mais de Rs. 300$ mil réis; e dele fez dádiva à
Irmandade. Aconteceu no ano de 1807 a 1808 um caso digno de ser memorado: tendo adormecido
por efeito de bebedice em uma
(1) Ferida a cúpula ou abóbada por um raio, foi mister demoli-la, substituindo-a um prolongamento
de estilo gótico, terminando em agulha. N. J.
das sineiras um mulato do falecido sargento-mor Fernando Gomes Pereira da Silva, de lá
desandou ao chão e com toda a força da violência da queda não quebrou osso algum e afinal
sarou perfeitamente; tão grande milagre se deve atribuir ao espírito da cana, que em si tinha. Na
história eclesiástica consta de umas memórias antigas que no ano de 1640, já havia vigário da vara
e que gozava o título de Ouvidor Eclesiástico in Spiritualibus e em 1666 o foi o Padre Dionísio de
Melo Cabral. Muitos fatos memoráveis teriam a ser notados extraídos do cartório eclesiástico, se
se pudesse fazer uma exata e minuciosa revisão de seus antigos livros de registos onde melhor se
encontraria no pleno conhecimento de todos os vigários colados, e encomendados, que tem
servido na igreja matriz, como todos os da vara e visitadores que a ela vieram e onde deixaram
talvez provimentos memoráveis para a história. No mapa nº 7 se verão os vigários colados e
encomendados que paroquiaram a mesma igreja, numa série cronológica desde o ano de 1655,
inclusive ao de 1850. No mapa nº 8 verão os indivíduos do estado clerical e regular que houve em
Paranaguá desde o ano de 1700, até o presente, sendo a mor parte naturais desta Cidade. No
mapa necrológico nº 9 se verão os nomes das pessoas de ambos os sexos mais principais que
faleceram desde 1750 em diante. Os rendimentos da fábrica, desta igreja nos anos financeiros de
1846 a 1847, foi da quantia de Rs. 247$462; e no seguinte de 1847 ao de 1848, foi da quantia de
Rs. 234$400 réis. Nesta igreja houve diversas confrarias antigas como a do SS. Sacramento, a de
Nossa Senhora do Rosário dos brancos, a de Nossa Senhora do Rosário dos pretos, a de Nossa
Senhora da Conceição; a de S. Rita e a de S. Miguel Arcanjo e Almas, e a de Santo Antônio,
algumas das quais se acham extintas, e só escreverei historicamente as que existem e entrar-se
no conhecimento de suas primitivas instituições e progressos que cada uma tem tido.
MAPA Nº 7
Série cronológica de todos os párocos que tem havido na igreja matriz de Paranaguá, tanto
colados, como encomendados, desde o ano de 1655, inclusive ao de 1850.
1º - O Padre Dionísio de Melo Cabral, o 1º vigário encomendado apresentou-se em Câmara na
vereança de 23 de janeiro de 1655, requerendo à mesma Câmara a retificação do ajuste que com
ele tinha o povo feito, de lhe darem um escravo pescador, parece que por esta reclamação já anos
antes desta era, ele estava paroquiando a igreja. Sua provisão foi passada pelo Padre João da
Rocha Ferraz, vigário de Cananéia que então era visitador. Obteve 2ª provisão passada pelo
Doutor Antônio de Mariz Loureiro, em 5 de abril de 1655, e tendo acabado o seu tempo, em
vereança de 4 de setembro do mesmo ano, a Câmara fez novo ajuste com ele, de se lhe pagar um
ordenado anual de 60$000 réis em dinheiro e 24 alqueires de farinha e um escravo pescador. Em
vereança, ou João da Veiga Coutinho teve sua provisão de 2 de janeiro de 1704, passada pelo
Bispo do Rio de Janeiro Dom Francisco de S. Jerônimo.
10º - O Padre Pedro da Silva Pereira, desde 1706 a 1709.
11º -O Padre Lucas Roiz Franca, aparece seu nome como vigário nas atas da Irmandade de N. S.
do Rosário, no ano de 1718, mas ignorade 24 de outubro de 1656, a Câmara tornou a renovar com
ele o mesmo ajuste.
2º - O Padre Frei João de Guárnica, na vereança de 20 de janeiro de 1666, se apresentou em
Câmara junto com o Padre Dionísio de Melo Cabral. E foi consultado o povo se queriam que o
Padre Dionísio (era então vigário da vara), ele mandasse descer dos campos de Curitiba ao
reverendo Padre Jorge Gonçalves da Câmara, para paroquiar a igreja, mas o vigário da vara
respondeu: ele estava doente e entrevado, ficando por isso servindo na igreja o mesmo Fr. João de
Guárnica; e em 31 de dezembro a Câmara entregou ao mesmo o rol das pessoas que tinham
subscrito para que ele cobrasse o seu ordenado.
3º - O Padre Manoel Godinho teve a sua provisão passada pelo administrador do bispado Manoel
de Almeida, de 8 de dezembro de 1671, para servi de vigário e morreu em 1677.
4º - O Padre João de Faria. Teve a sua provisão de 15 de outubro de 1672, passada pelo vigário
da matriz de S. Sebastião do Rio de Janeiro Francisco da Silveira Dias.
5º - Frei Manoel de xxx entrou a servir de vigário pelo falecimento do Padre Manoel Godinho de
Azevedo, por provisão do vigário da vara, o Padre Dionísio de Melo Cabral, de 26 de novembro de
1677, pagando-se 60$000 para assistir efetivamente e não se ausentar desta Vila sem licença da
Câmara.
6º - O Padre Antônio de Alvarenga Sampaio, por provisão (sem data) do ano de 1678, passada
pelo vigário geral Mateus Nunes de Siqueira, para servir de vigário da igreja. Teve 2ª provisão de
27 de setembro de 1679, passada pelo administrador do bispado o Doutor Francisco da Silveira
Dias, para servir de vigário.
7º - O Padre João da Rocha Pedroso, teve provisão de 7 de outubro de 1679, passada pelo
administrador do bispado Francisco da Silveira Dias para servir de vigário.
8º - O Padre Domingos Gonçalves Padilha, teve sua provisão passada a 6 de maio de 1686,
ignora-se os anos que esse vigário serviu a igreja e os sucessores que ele teve, mas se vê nos
livros da Irmandade do SS. Sacramento, ainda aparece a sua assinatura, como vigário no ano de
1709. Teve sua provisão em 6 de maio de 1686, passada pelo bispo do Rio de Janeiro José de
Barros e Alarcão, ou de 6 de julho de 1695, que parece foi a segunda provisão que teve.
O mesmo Padre Padilha teve provisão de vigário encomendado de 22 de junho de 1703 passada
pelo Bispo do Rio de Janeiro Dom Francisco de S. Jerônimo.
9º - O Padre João de Sousa Coutinho-se quando principiou a paroquiar e em que ano acabou.
10º - O Padre Pedro da Silva Pereira , desde 1706 a 1709.
11º - O Padre Lucas Roiz França parece seu nome como vigario nas atas da Irmandade de N. S.
do Rosario, no ano de 1718, mas ignora se quando principiou a paroquiar e em que ano acabou.
12º - O Padre Antônio Pinheiro Machado aparece sua assinatura no ano de 1727, nas atas do livro
da Irmandade de N. S. do Rosário, como vigário, mas ignora-se em que ano principiou a paroquiar
e em que acabou.
13º - O Padre Francisco Barbosa, natural da cidade de Braga, vigário encomendado, por provisão
de 5 de fevereiro de 1729, passada pelo Bispo do Rio de Janeiro Fr. Antônio de Guadalupe; não se
sabe o tempo que paroquiou a igreja e nem os que lhe sucederam até o ano de 1736.
Pelo alvará régio de 13 de dezembro de 1700, a requerimento da Câmara ordenou El-Rei D. Pedro
II, que os párocos de Paranaguá fossem pagos à custa da Real Fazenda, na forma que eram os
mais da Capitania.
14º - O Padre Estêvão de Oliveira Rosa, em 1736, aparece sua assinatura, como vigário da igreja,
nas atas dos livros a Irmandade do SS. Sacramento,
15º - O Padre Antônio Esteves de Siqueira, em 1741, aparece sua assinatura nas atas da
Irmandade do SS. Sacramento, mas ignora-se o ano em que começou a paroquiar e quando
acabou, bem como o antecedente.
16º - O Padre Francisco Xavier do Prado em 1756, aparece sua assinatura com vigário da igreja
nas atas dos livros da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, mas ignora-se o tempo que serviu
na paróquia.
17º - O Padre Antônio Carvalho e Sousa, encontra-se um requerimento que ele fez ao Cônego
Visitador Firmiano Dias Xavier exigindo um cálice para a igreja matriz, alegando havia dois na
capela das Mercês e três na do Senhor Bom Jesus; teve por despacho: o administrador da capela
do Senhor Bom Jesus faça entrega de um dos cálices dela por empréstimo à matriz, passando
termo para quando lhe for pedido restituir. Paranaguá, 8 de novembro de 1762. Pelo que parece
ser algum vigário encomendado.
18º - O Padre Maurício Gonçalves Ramos, desde 1763 a 1765.
19º - O vigário colado o Padre Antônio Pereira de Macedo desde 1766 até o ano de 1777.
20º - Pedro Domingues Pais Leme, vigário colado desde 1777; a sua colação foi em 1781, esteve
paroquiando a igreja até o ano de 1796, em que passou a cônego da Sé de S. Paulo.
21º - O Padre Bento Gonçalves Cordeiro, vigário encomendado desde 1796, até 24 de agosto de
1797.
22º - O padre Joaquim Júlio da Ressurreição Leal. Foi frade do Convento de Nossa Senhora do
Monte do Carmo do Rio de Janeiro e nele mestre de Filosofia e Retórica, e alcançou em Lisboa da
Rainha Dona Maria I, a colação da vigararia da matriz de Paranaguá da qual tomou posse no dia
24 de agosto de 1797, em cujo dia caiu um raio no frontispício da mesma igreja, derrubando a cruz.
Morreu em 24 de setembro de 1831.
23º - O Padre Vicente Ferreira de Oliveira, vigário encomendado desde o mês de setembro de
1831 até março de 1832.
24º - O Padre João Batista Ferreira, era vigário da Conceição de Itanhaém

Pag.50 -

e obteve a provisão de pároco da igreja com data de 28 de janeiro de 1832, passada pelo Ex.mo
Bispo de S. Paulo Manoel Joaquim Gonçalves de Andrade e tomou posse da igreja no mês de
junho de 1834 e fez permutação e troca da mesma igreja com o vigário da Vila de Iguape o Padre
João Crisóstomo de Oliveira Salgado Bueno.

25º - O Padre João Crisóstomo de Oliveira Salgado Bueno tomou posse da igreja em 30 de junho
de 1834 e faleceu em 5 de agosto de 1841.

26º - O Padre mestre Joaquim José de Santa Ana, vigário encomendado, tomou posse da igreja
em 5 de agosto de 1841, até o mês de outubro de 1842.

27º - O Padre Gregório José Lopes Nunes, natural da Ilha da Madeira e naturalizado brasileiro, por
carta de 26 de novembro de 1838, e carta de colação de 30 de agosto de 1842, por decreto de 22
do mesmo e foi empossado da igreja no 1º de outubro na câmara eclesiástica de S. Paulo. Foi com
licença do Bispo ao Rio de Janeiro onde esteve até meado do ano de 1847.

28º - O Padre Jacinto Manoel Gonçalves de Andrade, vigário encomendado desde o mês de junho
de 1846, até março ou abril de 1847.

O vigário colado o Padre Gregório José Lopes Nunes desde o mês de abril de 1847 até junho de
1848 em que tornou a voltar com licença para o Rio de Janeiro.

29º - O Padre Albino José da Cruz, vigário coadjutor desde o mês de junho de 1848 até o mês de
março de 1849.

30º - O Padre Domingos Leite de Mesquita, vigário coadjutor desde março de 1849 até (1)

Com indizível trabalho foram descobertos por entre montões dos ruinosos livros arquivados na
Câmara os nomes dos sacerdotes que nas antigas eras paroquiavam a igreja de Paranaguá; outra
igual descoberto foi feita nos livros das Irmandades onde eles assinavam os termos das sessões
das mesmas. Contudo, como os próprios vigários eram todos encomendados, desde 1655 até
172... em que houve colação; só serviam alguns anos e eram substituídos por outros; pode ser que
na mesma série venha a faltar alguns que se ignoram, e só se poderia organizar com a maior
exatidão, se fossem revisados os livros do cartório eclesiástico. Muitos coadjutores têm servido na
igreja na falta de doença ou impossibilidade dos párocos, tais tem sido:

Fr. José de Santa Brígida.

Fr. José de Santa Quitéria Marques.

Fr. Francisco de S. Pedro.

O Padre João Martins de Araújo.

O Padre Vicente Ferreira de Oliveira e outros muitos, etc., etc.

(1) Em branco no manuscrito. N. J.

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Visitadores eclesiásticos do Rio de Janeiro que vieram a Paranaguá em visita.

12 _ Interessante seria na história se soubesse todos os visitadores eclesiásticos que vieram a


Paranaguá, em suas visitas e seus provimentos talvez alguns dignos de serem memorados, bem
como aqueles que defendendo o direito eclesiástico, atacavam a preferência aos ouvidores sobre a
tomada de contas, contudo vão apontados os nomes daqueles que há notícia:

1655 O Doutor Antônio de Mariz Loureiro.

1678 O Vigário Geral Mateus Nunes de Siqueira.

1671 O Padre Miguel de Almada.

1677 O Vigário geral e Administrador do Bispado Francisco da Silveira Dias.

1699 O vigário do bispado o Padre João de Sousa da Fonseca

1706 O Padre Gaspar Gonçalves de Araújo para Comendador que lhe deu o cônego Antônio de
Pina.

1724 O Padre José Roiz França.

1730 O Padre Francisco Pinheiro da Fonseca.

1750 O Padre Antônio Pereira Coimbra.

1756 O Padre Antônio de Medeiros Pereira.


1759 O Padre Francisco José do Prado.

1754 F.... Vaz (1)

1762 O Cônego Firmiano Dias Xavier

1782 O Padre Manoel da Costa de Andrade.

MAPA Nº 8

Mapa do Estado clerical e regular que houve em Paranaguá desde o ano de 1700 inclusivamente
até ao de 1850, onde se verá todos os sacerdotes que houve.

13 - Os nomes dos eclesiásticos seculares que houve em Paranaguá vão divididos em diversas
épocas para melhor se conhecer os que existiam, vivos, nos intervalos daqueles períodos.

(1) Em branco no manuscrito. N. J.

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Eclesiásticos e Regulares

Desde 1700 a 1730

O Vigário da igreja João da Veiga Coutinho

O Padre Domingos Gonçalves Padilha

O Vigário Pedro da Silva Pereira

O Padre Cristóvão da Costa e o Padre Lucas Roiz França

O Padre Estêvão de Oliveira Rosa

O Padre Antônio Xavier de Sampaio

O Padre João dos Santos

O Padre José Roiz França

1727 O Vigário Antônio Pinheiro Machado

De 1730 a 1770
1750 Fr. Manoel de Santo Elias, frade Carmelita

1757 Fr. João de Santa Ana Maria, Carmelita

Fr. Pedro de Santa Maria Antunes

Fr. Manoel da Encarnação

Fr. Laureano da Trindade

O Padre Francisco de Meira Calassa

O Padre Antônio Pereira de Macedo

O Padre Antônio Carvalho de Sousa

O Vigário Antônio Esteves de Siqueira

O Padre Francisco Ferreira Matoso

O Padre José Roiz França

O Vigário Antônio Esteves Ribeiro

Fr. João Roiz de Santa Ana

Fr. Bento de Santa Ana e Silva

1760 Fr. Laureano da Trindade

1761 Fr. João de Santa Ana Flores

1762 Fr. José do Desterro, superior do hospício

176 Fr. Custódio de Jesus Maria

Fr. Miguel de Santa Ana

O Padre Tomás Dias Maciel, morreu em 1761

O Padre Inácio Pinto da Conceição, professor de gramática

O Padre Lucas Roiz França

O Padre Maurício Gonçalves Ramos

O Padre Bento Gonçalves Cordeiro

O Padre Antônio de Sampaio

O Padre Manoel Pereira Bravo

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De 1770 1780

1773 Fr. Antônio do Monte do Carmo, franciscano

1772 Fr. José da Purificação Soares

1773 Fr. Inácio Alves de Santa Catarina, carmelita

Fr. José Roiz de Santa Escolástica

1776 Fr. Manoel da Natividade Teixeira, franciscano

1777 Fr. José de Santa Brígida, carmelita

1772 Fr. Alexandre da Madre de Deus, franciscano

Fr. José Carlos de Jesus Maria Desterro

Fr. Agostinho de Santa Ana

Fr. Antônio de Pádua

O Padre Antônio Pereira de Macedo

O Padre Francisco de Meira Calassa

O Padre José Pinheiro

O Padre Antônio de Sampaio

O Padre Francisco Ferreira Matoso

O Padre Francisco de Borja Lemes

O Padre Antônio Moreira Barbosa

O Padre Antônio do Vale Porto

O Padre João Pereira do Couto

O Padre Francisco Xavier dos Passos

Fr. José de Santa Quitéria Marques

O Padre Tomás Dias Machado.

De 1780 a 1790
Fr. Antônio da Natividade Costa

Fr. João de Santa Ana Flores

O Padre José Pinheiro

O Padre Joaquim da Costa Rezende

O Padre Maurício Garcez Ramos

O Padre Francisco Pacheco de Oliveira

O Padre Antônio Gonçalves Pereira cordeiro

O Padre Pedro Domingos Paes Leme

O Padre Bento Garcez Cordeiro

O Padre José da Rocha Muniz

De 1790 inclusive 1850

Fr. José de Santa Quitéria Marques

Fr. José da Conceição Feijó

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--

Fr. Manoel da Conceição Salgado

Fr. Manoel de Santa Ana Ribeiro

Fr. José Leonisa de Toledo

Fr. Antônio Natividade de Costa

O Vigário Joaquim Júlio da Ressurreição Leal

O Padre Bento Gonçalves Cordeiro

O Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro

O Padre Maurício Gonçalves Ramos

O Padre João Carneiro dos Santos

O Padre Manoel Lobo de Albertim Lanóia


O Cônego Joaquim da Costa Rezende

O Padre João Gonçalves dos Santos

O Padre Joaquim Muniz de Araújo

O Padre João Muniz de Araújo

O Padre Tomás de Sousa Siqueira e Silva

O Padre João Crisóstomo de Oliveira Salgado Bueno

O Padre Manoel Alves de Toledo

O Padre Manoel Domingues da Silva Braga

O Padre Policárpio Elói da Silva

O Padre Cândido del Rio Cárdenas

O Padre José da Rocha Muniz

O Padre José Francisco de Mendonça

O Padre Manoel Roiz Ferreira

O Padre João José de Carvalho

O Padre Manoel de Sousa Pinto

O Padre Higino Antônio de Miranda

O Padre Vicente Ferreira de Oliveira

O Padre Joaquim Francisco

O Padre Antônio Gonçalves do Prado e Ataíde

O Padre Fr. Manoel de Santo Tomás Nogueira

O Padre Fr. Francisco de S. Pedro

O Vigário João Batista Ferreira

O Vigário José Lopes Nunes

O Padre Jacinto Manoel Gonçalves de Andrade

O Padre Agostinho Machado Lima

O Padre mestre Joaquim de Santa Ana

O Padre Albino José da Cruz.


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Pulvis est et pulverem reverteris.

Neste caminho um passo estreito achamos. Morte se chama, horrenda e desabrida dívida que
Adão fez e nós pagamos.

Camões.

Quis talia fundo tempent a lacrimis...

Que bem herdemos nós do pai primeiro? A culpa? A morte?

Abominosa herança! Mal haja o negro monstro lisonjeiro.

Bocage, Elegia.

Si autem impotentatibus octoginta amici amplius Corum labor et dolor.

Salmo 89.

MAPA Nº 9

Mapa necrológico, das pessoas mais principais de ambos os sexos que faleceram em Paranaguá
desde o ano de 1755 inclusivamente ao de 1850, extraídas dos livros das certidões das
Irmandades do SS. Sacramento e de Nossa Senhora do Rosário.

De 1755 a 1756

Rita Cordeira

João de Araújo Cavalheiro

Maria de Ramos

1756 a 1757

João Francisco de Faria


Joana de Mendonça

Manoel da Costa

1757 a 1758

O Capitão Manoel Gonzales Carreira

Francisco de Oliveira Preto

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Manoel Alves da Cunha

Antônio João de Mendonça

Serafina Francisca

1759 a 1760

O Capitão Afonso da Silva

Manoel Muniz da Rocha

O Padre João Gomes Nunes, síndico da Ordem 3ª

1760 a 1761

O Padre Tomás Dias Machado

O Doutor Mateus da Costa Rosa

Tomás dos Reis Pinto

Benta Maria de Jesus

1762 a 1763

O Padre Lucas Roiz França

O Padre José Roiz França


Joana Cordeira

João Correia da Fonseca

1764 a 1765

D. Joana Roiz França

Domingos Lopes

Francisca Ribeira de Araújo

Rita Maria

Antônio da Costa Bittencourt

Pedro Rodrigues

Domingos de Almeida

Januário Ferreira

Domingos Correia

Pedro Antônio de Carvalho

1766 a 1767

O Tenente Manoel Vaz de Figueiredo

Domingos Cordeiro Matoso

Manoel Pereira do Nascimento

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--

Leocádia Pereira

1768 a 1769

Maria Bárbara

Estêvão da Cruz
Inês Pedrosa

1769 a 1770

Catarina da Silva dos Passos

João Francisco Ferreira

Dona Antônia da Cruz França

José Roiz Diniz

Ana Grácia

Vicente de Sousa Pereira

1770 a 1771

Antônio Duarte

Teresa da Silva

Dona Maria Pinheiro França

1771 a 1772

O sargento-mor Damião Carvalho da Cunha

Maurícia da Silva, mulher de João Martins Cota

Mariana da Guia, mulher de Francisco Seixas

1772 a 1773

Maria da Vieira da Silveira

Antônio de Sousa Pires

Joana Cordeira

José Francisco Vila

1773 a 1774

Bernardino da Costa
Antônio da Silva de Oliveira

Isabel de Miranda

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--

1775 a 1776

O sargento-mor Domingos Cardoso Leme

Constantino Cardoso

Joana Ribeira do Prado

Capitão Gaspar Gonçalves de Morais

Miguel Simões

João da Veiga

Joana da Veiga de Siqueira

O Padre Vigário Antônio Pereira de Macedo

João Correia da Fonseca

Manoel Martins

Tenente Manoel de Miranda

Maria Pereira de Barros

Manoel José Ferreira

Manoel Lobo de Albertim Lanoia

Francisco da Costa Cordeiro

O licenciado Antônio Soares Pereira da Costa

O Capitão-mor Manoel Nunes Lima

1776 a 1777

Maria Francisca da Silva

Maria Nunes Moreira


Juliana Roiz Seixas

Mariana Nunes de Siqueira

Teodora Francisca

1777 a 1778

Antônio de Sousa Pereira

João Pereira do Ó

Catarina de Sene

Francisca Ferreira doa Vale

Apolônio da Veiga

1778 a 1779

Antônio Saraiva

Antônio da Silva Pinto

Inácia Angélica de Assunção

Manoel Moreira dos Santos

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--

1779 a 1780

Francisco Pires

Maria Correia

Isabel de Siqueira

Tomás Correia

1780 a 1781
Inácia Luísa

Felícia Xavier Bárbara

José Caetano da Cruz

1781 a 1782

Manoel Gonçalves Silvestre

Manoel Lourenço

Francisca Ferreira

Cristóvão Gonçalves Carreira

Joana do Carmo

1782 a 1783

Rosa Maria

Manoel Jacinto Neves

1783 a 1784

Josefa Maria de Jesus Bittencourt

Maria da Costa

José Simões Peniche

O Capitão Aniceto Borges da Silva

1785 a 1786

José Alves de Oliveira

Francisca da Costa Cordeira

Mateus Vaz de Figueiredo

Catarina Ferreira

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--

1786 a 1787

Luzia Gomes Coitinha

Antônio de Oliveira Pedroso

O sargento-mor Cristóvão Pinheiro França

1787 a 1788

Teresa de Jesus, mulher de Domingos da Rocha

Apolônia da Veiga

Antônio de Araújo Leça

Catarina Ferreira

Domingos Dias Baleia

1788 a 1789

O Padre Francisco Ferreira Matoso

Antônio José Soares

Simeão da Costa

Inácio Gomes de Medeiros

1789 a 1790

Dona Ana Ribeira do Prado

João da Silva de Siqueira

1790 a 1791

Catarina da Silva de Azevedo

José de Matos Câmara

Antônio Gomes Coutinho


Antônio José da Costa

Ana Rodrigues de Miranda

O capitão Antônio Ferreira Matoso

Antônio da Cunha

1791 a 1792

O Padre José Pinheiro França

Maria dos Passos

Helena de Miranda

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--

1792 a 1793

Joaquim Gaspar

Maria Francisca Angélica

Inácio Antônio da Silveira

Ana Maria da Rocha

1793 a 1794

O Padre Antônio Moreira Barbosa

Ana Roiz Seixas, mulher de José Roiz Ferreira

Manoel José do Nascimento

Inácia Esméria da Rocha, mulher de Luiz Antônio Roiz

José Francisco

Maria Antônia de Mendonça, mulher de Manoel Gonçalves Machado

O Capitão Veríssimo Cardoso


Leocádia Nunes

Capitão Miguel Ribeiro Ribas

Tenente Jacinto Xavier Neves

Dona Maria Clara de Albertim

Beatriz Pedrosa

João Martins Costa

Leão Pinto

Rosa Maria

Maria da Apresentação

Isidoro José Pereira

1795 a 1796

Pedro de França

Teodoro da Silva

Maria Muniz

Agostinho Ferreira

José da Silva Pinto

Ana de Siqueira, mulher de Antônio Ferreira

Maria Nunes Bittencourt

Antônio Lopes Vaz

Francisco dos Remédios

Manoel José de Carvalho

Leão Alves

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--

1796 a 1797
Maria do Rosário

José Rodrigues

Veríssimo Gomes

Antônio Francisco Lima

Maria da Costa

Ana Cardoso

1798 a 1799

Maria Francisca Xavier

O Capitão Antônio Rodrigues de Carvalho

João Ferreira Arantes

Capitão Manoel de Sousa Pinto

Capitão Eusébio Gomes

José da Costa Pinto

Alferes Custódio Martins de Araújo

José Manoel Lobo

Leandro José Pereira

1800 a 1801

Amaro da Rocha

Ana Maria, mulher de Faustino José Borges

Atanásio Gomes

Maria da Rocha

Helena Maria do Rosário

Antônio Roiz Costa

O sargento-mor Francisco José Monteiro de Castro

O alferes Manoel Tavares de Miranda


1801 a 1802

Tenente Bento Francisco Laines

Bento José Munhoz

Antônio Alves Madeira

Godofredo Delgado

Domingas Luísa Cardoso

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--

1802 a 1803

Mariana Ferreira

Capitão Francisco José Ribeiro

Maria Domingues, mulher de Luiz Antônio

Apolônia da Silva de Menezes

Capitão Francisco Carneiro dos Santos

Manoel de Ramos

Ana Teixeira

Alferes Francisco dos Santos Carneiro

1803 a 1804

Ana Machada

Serafina Lemes Pedrosa

José do Amaral Antunes

Dona Maria Ferreira

Maria da Conceição, mulher de Francisco Pereira Lobo

José Gonçalves Lopes


Ana Maria de Jesus

José Alves de Sousa

O Capitão Francisco Leite de Morais

1804 a 1805

D. Maria da Conceição

O Padre José da Rocha Miranda

Isabel Maria de Jesus

Domingos da Rocha Muniz

1805 a 1806

Ana da Assunção

Antônia de Freitas

Maria Freire

Maria Ribeiro da Silva

Maria de Jesus de Miranda

Dona Gertrudes Buena

Capitão Manoel Correia Matoso

O Capitão Simão Roiz Delgado

O Capitão Joaquim Antônio da Cruz

Dona Teodora Freire, mãe do Vigário Júlio

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--

Manoel Alves da Silva

1806 a 1807
D. Rosa Maria

Ana Maria, filha de Domingos Rosa

Maria Dias, mulher de Francisco Rodrigues

Simeão Cardoso Pazes

Francisco Alves da Cunha

Francisco da Costa Cordeiro

Maria Freire de Macedo

O Tenente Francisco Pinto

1807 a 1808

José Rodrigues de Figueiredo

Manoel Pacheco da Silva

Francisco Inácio do Amaral, professor de 1ªs. letras

Francisco Antônio Pereira Guimarães

Serafim Correia de Morais

1808 a 1809

O Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro

Maria Madalena

Luiz de Sousa Ribeiro

Brás Luiz Coelho

Antônio Clara de Assunção

O Capitão Antônio da Silva Braga

Alferes João Lopes dos Santos

Antônio Ferreira do Vale

D. Margarida da Silva

Maria Ferreira do Vale

Antônio Gonçalves Lopes


D. Ana Gonçalves Cordeiro

1809 a 1810

O Padre Manoel de Sousa Pinto

O Capitão Francisco Xavier da Costa

Luiz Antônio Rodrigues

Maria das Neves

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--

Bernardo Antônio Munhoz

Francisco José de Sousa

1810 a 1811

O Tenente-coronel Francisco Gonçalves Cordeiro

Manoel Luiz Pereira, guarda-mar

Ana Gonzales Cordeira

Maria das Candeias

O Capitão Tomás de Sousa e Silva

O Tenente-coronel Manoel da Cunha Gamito

Miguel da Cunha

O Capitão Manoel Alves Carneiro

João Antônio Ferreira

O Tenente José Gonçalves da Rocha

José Vieira Belém

Capitão Inácio Lustosa de Andrade

Capitão José Luiz Pereira


Pedro Martins

1811 a 1812

Brígida da Rocha

José Gonçalves Rocha

Antônio de Castro dos Santos

Manoel Vieira Espiga

João Lourenço Teixeira

O Padre Higino Antônio de Miranda

Agostinho Machado Lima

Ângelo Custódio de Sampaio

1812 a 1813

Ana Marta

Isabel Francisca de Sousa

Luiz Antônio de Menezes

Manoel Oliveira Machado

Domingos Rosa da Silva

Domingos Pereira Guimarães

1813 a 1814

D. Maria Joana

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--

D. Maria Angélica de Lima

Sargento-mor Antônio José de Carvalho

O Tenente José Joaquim Freire


José Roiz Costa

Maria Ribeira de Ascensão

D. Ana Maria do Pilar

Manoel Vieira do Nascimento

Domingos Gonçalves

1814 a 1815

D. Joana Inês

Rita do Carmo

Teresa Maria de Jesus

Agostinho da Silva Vale

Pedro Gomes Sobral

Caetano da Silva Pimentel

Francisco Machado

1815 a 1816

Plácida Maria da Rocha Muniz

Ana Maria

O Capitão-mor José Carneiro dos Santos

O Capitão-mor Antônio dos Santos Amaral

Francisco Xavier das Chagas

Isabel Maria de Andrade

O Capitão João Crisóstomo Salgado

Antônio José Gonçalves

1816 a 1817

Sargento-mor Manoel Antônio da Costa

D. Rosa de Sousa e Silva


O Cônego Joaquim da Costa Resende

Rita da Rocha

O Capitão Veríssimo Carneiro

1817 a 1818

O Tenente Francisco José Laines

Clara de Campos

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--

Capitão Manoel de Sousa Pinto

Francisco José Ferreira

1818 a 1819

Ana da Costa

Francisca Alves Viana

D. Ana Gonçalves de Miranda, mulher do ajudante Miguel Francisco Braga

Maria da Conceição

João Gonçalves da Rocha

Agostinho dos Santos de Camargo

1819 a 1820

Capitão Ricardo de Sousa Pinto

Ana Serafina

David Ferreira Matoso

José Fernandes

D. Augusta, mulher de Capitão Joaquim Antônio Munhoz


José Soares da Silva

1820 a 1821

O Padre Manoel Lobo de Albertim Lanóia

José Tinoco

José Manoel Dias

D. Balduína, mulher de Manoel Lobo da Silva Passos

Rosa de Miranda

1821 a 1822

O sargento-mor Antônio Ferreira de Oliveira

José de Loiola e Silva

José Tinoco

Gaspar da Rocha

Antônio Francisco de Mendonça

Pedro Rodrigues de Carvalho

Tomé Simões Peniche

O Tenente Inácio Tavares de Miranda

Francisco José de Almeida

Francisco Antônio de Siqueira

Manoel Coelho

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O sargento-mor Francisco Ferreira de Oliveira

Luiz Inácio de Oliveira Cercal

Manoel de Azevedo Coutinho


Manoel Pacheco de Sousa

Joaquim Elói de Madureira

Bartolomeu Luiz

Capitão Francisco Xavier dos Santos Borges

Dona Ana Maria Angélica Leal, irmã do Vigário Júlio

Capitão Joaquim Antônio Munhoz

Alferes José Muniz de Araújo

Francisco José de Brito

Sargento-mor Bento Antônio da Costa

Capitão José Gonçalves de Morais

Leandro José da Costa

Alferes Antônio Francisco de Mendonça

José Antônio Vieira

Capitão Bento Gonçalves do Nascimento

1822 a 1823

Manoel Gomes Marzagão

Catarina Maria

1823 a 1824

Ana Maria Borges

D. Ana Maria Laines

Antônio da Silva Pinto

Joaquim....

1824 a 1825

José Caetano de Sousa

Catarina Angélica
Margarida da Silva

Francisco Pereira de Macedo

D. Josefa Laines

1825 a 1826

Sargento-mor Francisco Gonçalves Rocha

D. Ana Micaela de Albertim Lanóia

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Gertrudes do Rosário

Capitão-mor da Vila Antonina, Francisco Roiz Ferreira

1826 a 1827

Alferes Vicente Ferreira do Vale

Francisco Alves Pedroso

Modesta Maria Angélica

Joaquim Caetano de Sousa

Maria Angélica

1827 a 1828

D. Maria Isabel

O Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos

O Padre Manoel de Santo Tomás Nogueira

Agostinho da Silva Vale

D. Maria Fausta Monteira de Matos

Margarida Clara
Josefa Nunes

Maria Rosa

1828 a 1829

José Antônio Viana

Maria Teresa de Sousa

Josefa Maria do Rosário

Ana Maria do Nascimento

1829 a 1830

Capitão João Manoel da Costa

Ana Ribeira

1831 a 1832

D. Córdula Roiz França

D. Ana Laines

José Coelho da Silva

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1834 a 1835

Maria Francisca

Isabel Maria

Gaspar Gonçalvesde Araújo

Antônio Dionísio de Miranda

Josefa das Dores


Caetano Gurgel do Amaral

Úrsula Maria

1835 a 1836

Maria Ferreira do Nascimento

Capitão Antônio da Silva Neves

Maria Antônio da Silva

Dona Lúcia de Jesus

Antônio Gonçalves de Morais

Luiz Gonzaga

Ana Gamita

Antônio Gonçalves Maia

Sebastião Alves

Angélica Maria Leal

Manoel Correia

Claro Luiz Cordeiro

1836 a 1837

D. Dorotéia Luísa Monteiro de Matos

Francisco Roiz Ferreira

Maria Nunes Roiz

Maria Francisca do Carmo

1837 a 1838

D. Maria Madalena de Oliveira Buena

Maria Luísa Pendão

Maria das Virgens

Maria Vaz de Andrade


O Capitão Joaquim Antônio Guimarães

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1838 a 1839

D. Maria Clara Guimarães

João Batista do Rosário

Angélica Maria

1839 a 1840

José Ricardo dos Santos

D. Rosa, mulher do Tenente Antônio Gonçalves da Rocha

1842 a 1843

Antônio José Mendes

Francisca Rosa

Capitão Vicente Ferreira dos Santos

Lourença de Jesus

1843 a 1844

Francisco de Siqueira

D. Eufrosina da Silva Freire

D. Maria Caetana

Rita Rosa da Costa

Isabel Maria de Jesus

Margarida Clara

Joaquina Maria de Miranda


Francisco Carneiro dos Santos

Manoel de Vilanova

1846 a 1847

José Soares dos Santos

Dona Maria Camila, mulher do Capitão João Machado Lima

1847 a 1848

José Luiz Cordeiro

Dona Ana Maria de Jesus Carneira

Rosa Maria da Trindade

Joana Maria

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1852 a 1853

O historiador Antônio Vieira dos Santos. (1)

OMNES MORIMUR ET QUASE AQUA DILABIMUR IN TERRAM, QUO NON REVERTENTUR.

Livro dos Reis, cap. 14, v.11.

15 _ Eis, ó paranagüenses, a tábua necrológica de vossos falecidos maiores, desses nobres


avoengos de cujos troncos descendeis; desses que já foram ceifados pela mão da cruenta morte e
suas cinzas jazem espargidas no mesmo solo que as fez reproduzir.

É lei invariável da natureza que todo vivente, chegando ao ponto do seu ocaso, tem de voltar ao
oriente do nascimento; verdade demonstrada naquelas palavras que a santa religião nos faz
recordar nossa frágil existência: "Lembra-te que és pó; e que em pó te hás te voltar" - Pulvis es, et
in pulverem reverteris". O que é o homem? Um meio ente, um ser estropeado, posto entre o nada
e o túmulo. Desabrocha como a débil flor o orvalho matutino, mas apenas o astro do dia dardeja
seus raios, murcha, definha e seca. É a sombra fugitiva que não permanece no mesmo estudo. É a
água que corre sobre a terra para mais não voltar. Omnis morimur et quase aqua dilabimur, in
terram quo non revertetur. Assim a implacável morte pisa com igual pé o majestoso palácio dos
reis e a humilde cabana do pobre.

Nem honras, ou prazeres, nem o viço valente da mocidade, nem a beleza e a delicadeza do sexo,
ou a força atlética do homem robusto podem alongar a sua existência sobre a terra, embotando o
fio da foice que corta seus dias.

Ó homem! Ó cinza soberba, quais são os títulos de tua grandeza, da tua glória? Omnes morimur et
quasi aqua dilabimur in terram quo non revertetur.

Se a virtude á capaz de encher o vazio que a fama deixa nas ações dos heróis do século, só a
religião pode fixar a inconstância e a estabilidade da glória, da fortuna e do mundo. O homem sem
virtudes, sem religião, é a imagem do vácuo, é um cadáver ambulante, pasto da podridão e dos
vermes.

Embora a fortuna, ou o acaso o tenham feito nascer no meio da pompa e das grandezas, embora
conte na longa série de seus antepassados nomes ilustres que primaram entre os seus
semelhantes por títulos ou dignidades, se

(1) Este registro está escrito no pé da página dos originais, com tinta e caligrafia diferentes das
usadas pelo autor. J. M

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ele não se enobrece a si mesmo pela prática das virtudes, ainda quando as vicissitudes das coisas
humanas o elevem ao cúmulo das grandezas e da glória, esta glória não é mais que um fantasma.

Suas grandezas são como as lembranças de um sonho que não torna a existir, é a espuma leviana
que a tempestade dispersa. Para que o homem seja digno da estima de seus contemporâneos,
para que mereça as bênçãos das gerações futuras, para que seu nome ocupe uma página na
história, cheia de glória, é mister que a humanidade, justiça e benevolência, o patriotismo e a
beneficência brilhem nele como homem, como cidadão, e de mais a mais que a religião, que o
Cristianismo purifiquem estas virtudes, dêem-lhe este toque sublime que só podem afiançar a
verdadeira felicidade.

Tais, ó paranagüenses, são as virtudes patrióticas que devereis ter para que vossos nomes
possam ficar gloriosos nos séculos futuros. (1)

16 MAPA

Mapa dos nascimentos, casamentos e óbitos que houve na paróquia de Nossa Senhora do Rosário
da Cidade de Paranaguá em diferentes anos.
1830 _ No ano de 1830 nasceram 229 crianças, a saber: brancos 86, e destes morreram 10; pretos
74 e destes morreram 15; mulatos 69 e destes morreram 21.

O mapa de óbitos do mesmo ano mostra uma totalidade de 197 mortos a saber: brancos 117,
pretos 30; e mulatos 50.

(1) Em seguimento ao texto acima vê-se uma gravura representando um carro fúnebre conduzindo
um féretro e tirado por três parelhas de cavalos negros, com os condutores rigorosamente vestidos
de luto, desfilando o enterro pela frente dum templo e embaixo, a sentença latina: Sit tibi terra levis,
cineres quoque flores legantur. N. J.

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PARÁGRAFO TERCEIRO

Das Irmandades antigas e modernas que tem na igreja da matriz

17 _ As antigas Irmandades que houve na igreja matriz, criadas no século 17, umas foram extintas
e outras reformadas no século 18. As extintas são a de Nossa Senhora do Rosário dos pretos, a de
Nossa Senhora da Conceição e a de S. Rita de Cássia. As reformadas foram a do Santíssimo
Sacramento e de Nossa Senhora do Rosário dos brancos; e de novo criadas as de S. Miguel
Arcanjo e a de S. Antônio, e das primeiras se dão algumas notícias.

1ª A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos pretos que houve antigamente se ignora o ano
de sua criação, mas é de data mui antiga, porque no ano de 1699 ela requereu ao Visitador João
de Sousa da Fonseca em que alegava a Irmandade ter a posse de 7 sepulturas na igreja e que os
irmãos se enterravam no adro, petição feita em 2 de outubro daquele ano. O Visitador por seu
despacho pôs: Concedo que os pretos tenham 6 sepulturas na igreja matriz, debaixo do coro no
canto junto da pia, e nenhuma pessoa as impeça nem secular, ou eclesiástica, com pena de
excomunhão; despacho dado em 15 de outubro de 1699. No ano de 1756 ainda a mesma existia
porque dela falou o vigário o Padre Antônio Pereira de Macedo numa certidão que passou de
missas; mas depois parece passou à igreja de S. Benedito, ou reunindo-se alguns irmãos dela à do
mesmo Santo formam somente uma.

2ª A Irmandade de Nossa Senhora da Conceição: foi sua instituição de origem mui antiga, e se
ignora a data de sua ereção; e no ano de 1736 ainda existia no tempo do Vigário Estêvão de
Oliveira Rosa, pois consta de um termo que se fez nos livros da Irmandade do SS. Sacramento,
em 2 de outubro daquele ano, ter esta Irmandade vendido àquela um frontal que servia nas
terceiras domingas do mês, por estar algum tanto usado, mas o quando foi extinta se ignora.

3ª A Irmandade de S. Rita de Cássia é sua instituição de data muito antiga, que se ignora bem
como o ano em que finou, talvez por falta de concorrência de irmãos, mas no ano de 1720 ainda a
mesma existia, porque ela concorreu com a cota de Rs. 25$600 para a ajuda da compra do
ornamento branco que a Irmandade do Rosário mandou buscar de Lisboa, naquele ano, bem como
também concorreu para o mesmo a Irmandade do SS. Sacramento.

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Descreve-se historicamente as existentes.

1ª Irmandade do Santíssimo Sacramento

Descrição histórica desta Irmandade, deliberações que nela tem havido em suas sessões em
benefício de sua prosperidade, seus benfeitores, que deixaram legados, série cronológica de seus
principais membros, receitas e despesas que tem tido em diferentes épocas, para demonstração
de seus progressivos augustos.

§ 4º Panis Angelorum manducavit homo

Nº 18 A Irmandade do Santíssimo Sacramento de Paranaguá ignora-se o ano de sua primeira


instituição, por não constarem da mesma nos seus antigos livros a sua instituição.

No livro do compromisso da Irmandade se acha exarada a provisão do Ex.mo Bispo diocesano do


Rio de Janeiro Dom Fr. Antônio de Guadalupe, de 9 de maio de 1732, aprovando seus estatutos;
mas estes não foram os primitivos de sua ereção, porquanto se vê que o primeiro livro antigo desta
Irmandade foi rubricado pelo Visitador Gaspar Gonçalves de Araújo, em 5 de março de 1706; e
num termo de suas sessões feitas em mesa, em 17 de abril de 1711, já então era existente a
mesma Irmandade, e contava em seu grêmio o número de 188 irmãos entre vivos e falecidos; e
nela listados sete sacerdotes: o Padre Cristóvão da Costa e Oliveira, o Vigário da Vara o Padre
Domingos Gonçalves Padilha, o Padre Gregório Mendes de Barbuda, o Vigário da igreja Pedro da
Silva Pereira, o Padre Estêvão de Oliveira Rosa, o Padre João do Souto, o Padre Antônio de
Sampaio, e bem assim as pessoas de maior nobreza daquele tempo, como o Dr. Mateus da Costa
Rosa, Dom João Francisco Laines, o licenciado Manoel do Vale Palhano, Gaspar Teixeira de
Azevedo, que foi Capitão-mor, Anastácio de Freitas Trancoso, André Gonçalves Pinheiro, João
Rodrigues França e outros. Dez ilustres matrona ainda do século 18, também se achavam então
alistadas na Irmandade, como: Dona Ana Matosa, Maria Cordeira Matosa, Margarida de Oliveira,
Polônia Roiz da Fonseca, Ana de Siqueira, Isabel Dias Pereira, Isabel da Silva, Isabel dos Passos,
Leonor Moreira, Maria Ribeira; vê-se portanto naquele tempo que estas matronas muito ilustravam
o esplendor da Irmandade, suprindo as faltas de seus finados maridos; e é de notar que as ilustres
senhoras donas víúvas do século 19 se tenham esquivado a listar-se na mesma Irmandade, à
exceção de Dona Maria Angélica Leal, irmã do Vigário Joaquim Júlio da Ressurreição Leal. Tão
florescente prosperidade que já nesse tempo mostrava ter a Irmandade, certamente não podia ser
a sua ereção de anos aproximadas, mostrando por isso ser a sua instituição de longa data, e nem
mesmo era possível estivesse uma das antigas Vilas da marinha, mais de 80 anos, depois de sua

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criação sem que tivessem os povos constituída uma Irmandade, das mais principais, qual é a do
SS. Sacramento, que nos últimos momentos da frágil vida humana, leva os socorros divinos do pão
do céu aos enfermos. Panis caelorum manducavit homo, por estes motivos se deve pensar que
sua primitiva instituição fosse poucos anos depois de 1648 e que a mesma Irmandade não podia
ser inaugurada sem que obtivesse a competente provisão de licença do Bispo daqueles tempos,
que então ainda pertencia ao Bispado da Bahia, e era Bispo D. Pedro Fernandes Sardinha, que
governou pelos anos de 1552 ao de 1556, ou de seus sucessor D. Pedro Leitão, de 1559 a 1561.
Vê-se exarado no primeiro livro antigo da Irmandade o termo da deliberação que ela teve em
mesa, em 17 de agosto de 1705, concordando em que todo irmão que nela quisesse entrar dali em
diante deveria primeiro fazer petição à mesa para ela conhecer se era idôneo e nas circunstâncias
de ser admitido e logo que obtivesse despacho a favor pagaria a jóia de quatro mil réis de entrada,
com a obrigação de cumprir e guardar os estatutos e encargos do compromisso; modernamente
nada disto se pratica e nem se olha a qualificação das pessoas e vão os tesoureiros assentando
indistintamente os que lhe parecem e muitas vezes sem a plena vontade destes novos adeptos,
nem mesmo recebendo nenhum quantitativo pela jóia de suas entradas, impelidos por um falso
zelo de que em seus anos tenham a satisfação de verem entrar muitos irmãos, sem a reflexão de
que a mesma admissão sem que tenham os requisitos de qualificação é o que tem dado motivo à
relaxação e decadência da Irmandade que dantes tão zelosa se mostrava em conservar a
majestade e o timbre de seu primeiro esplendor, e que de necessidade obrigou a mesa da mesma
Irmandade exarar no livro de suas atas o termo de 20 de julho de 1819, sobre a Irmandade ou a
Cruz dela, de ir acompanhar as pessoas falecidas que não fossem irmãos. O capítulo 15 do
compromisso mostra os encargos que a Irmandade tem de obrigação cumprir anualmente que são
onze missas cantadas nas 3ªs domingas de cada mês, vulgarmente chamadas as domingueiras,
aplicadas pelas almas dos vivos e defuntos da mesma Irmandade, a que é obrigado todo irmão
assistir a elas, com procissão no fim em derredor da igreja; e assim mais mandar dizer meia capela
de missas, pelas almas dos vivos e defuntos, três missas cantadas anualmente, uma à SS.
Trindade, outra a S. Francisco de Paula e outra S. Ana, pertencentes à doação do falecido Padre
Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro; e bem assim da mesma mais quatro missas rezadas: duas
aplicadas por sua alma e da falecida sua irmã Dona Rosa Ana Maria; e outras duas pelas almas de
seus falecidos pais, ditas no dia da Páscoa da Ressurreição no altar do SS. Sacramento; tem mais,
a mandar dizer anualmente ainda outra missa rezada pela alma do doador Manoel Lopes dos
Santos e por cada irmão que falecer dez missas. Esta Irmandade é entre as outras as mais rica e
possuidora de quatro prédios urbanos. Em 1843 tinha 4 escrituras no valor de Rs. 1:183$750 réis,
vencendo prêmios; possui mais 23 créditos e algumas escrituras pertencentes

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à doação do falecido Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro, no valor de 2:045$834 réis,
sendo quase todas falidas e incobráveis. Os aluguéis dos seus 4 prédios orçam anualmente em
perto de Rs. 200$000; e os rendimentos singelos dos anuais da Irmandade e esmolas é
regularmente de Rs. 400$ a 500$ mil réis; fora as esmolas que alguns provedores dão para a
festividade da semana santa, tendo chegado à receita da mesma Irmandade o de Rs. 1:374$740,
como foi a do ano de 1848 ao de 1849. As rendas da Irmandade têm progressivamente aumentado
na arrecadação de seus anuais, como se mostra no mapa nº 10 que desde o ano de 1760 inclusive
ao de 1800, regularmente só andavam desde Rs. 160$ mil réis até 250$ mil réis; e quando então
sempre havia no fim de cada ano algum saldo a favor da Irmandade; quando desde o ano de 1800
inclusive o de 1820 tinha crescido a arrecadação desde 250$ mil réis até Rs. 444$ mil réis e já
então apareciam alguns déficit, no empenho da mesma Irmandade; por causa de alguns
tesoureiros mostrar grande pompa nas festividades dos anos em que serviam, mais por vaidade do
que por uma pia devoção; quando é mais do agrado do Senhor um culto puramente singelo,
aumentando-se por esse motivo as despesas da Irmandade e ainda mesmo apesar dos muitos
provimentos que os doutores provedores das capelas têm posto em seus livros para que não
excede a despesa da receita, e quando deveriam aparecer saldo a favor da Irmandade se vê que
no ano de 1848 ao de 1849 mostrar-se um empenho de Rs. 284$980. Os bens de raiz e jóias de
prata e ouro que a Irmandade é possuidora se dividem em duas classes: na primeira, os bens
dados pelos doadores; e a segunda dos bens próprios comprados com os réditos da Irmandade
como se mostra no seguinte quadro:

1ª Classe dos bens de raiz e jóias de prata e ouro e outros objetos dados pelos doadores:

1ª - A lâmpada grande de prata, de molde antigo e que a Irmandade pelo termo e deliberação de 7
de fevereiro de 1794, mandou para o Rio de Janeiro fundir e fazer outra nova à moderna, a qual
tinha de peso 21 marcos de para a, a 100 rs. a oitava são 134$400
Esmola que deu o provedor Manoel de Sousa Pinto para a mesma 100$000 Idem esmolas que se
tiraram pelos fiéis 201$495

Idem dinheiro que a Irmandade se utilizou pertencente

à testamentária, do sargento-mor Cristóvão Pinheiro

França 141$420

Importa 577$320

19 - 1794

NB. A Irmandade recomendou que a mesma tivesse de peso 28 marcos mais ou menos.

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1810

2ª - As lâmpadas de prata menores que a Irmandade deliberou pelo termo do 1º de julho de 1810,
se mandasse fazer no Rio de Janeiro, à custa da testamentária, do sargento-mor Cristóvão
Pinheiro França, as quais importaram na quantia de réis 822$220

1798

Um ornamento rico que consta de 1 casula, 2 dalmáticas, 1 véu de ombros, 1 capa de asperges, 2
estolas, 3 manípulos, pano de estante véu, bolsa, e patena do cálice, 3 alvas ricas com seus
cordões e amitos, frontal, e pano de púlpito, que o mandou buscar no Rio de Janeiro o sargento-
mor Manoel Antônio da Costa, à custa da testamentária 1:207$330

1742

A devota mesa da Irmandade que serviu no ano de 1742, na sessão de 13 de junho,


uniformemente deliberou de todos os membros daquela darem de esmola à Irmandade os
seguintes objetos de prata que a mesma necessitava: 1 vara de prata dos provedores e 1 vaso de
dita para a comunhão: dádiva do Provedor;1 caldeirinha de prata e hissope: o escrivão e
procurador.

3 varas de prata para o pálio, dariam os irmãos de mesa cada dois uma vara, declarando que a
vara antiga que servia aos provedores que ficasse para o tesoureiro ir com ela tirar esmolas e nas
procissões serviria aos procuradores e que o vaso antigo das comunhões servisse dali em diante
para o lavatório dos enfermos.

Os nomes destes benfeitores são dignos de serem memorados nesta história e foram o Capitão
Veríssimo Gomes da Silva, provedor, Vicente da Lua, escrivão, Lucas Roiz França, Luiz da Rocha
Martins, José Martins Ferreira, Gaspar Gonçalves de Morais, José Roiz Diniz, João Nunes Gomes
da Silva e André Gonçalves Pinheiro.

1760 _ 4 lanternas de prata que doou à Irmandade Dona Maria Pinheira França, viúva do falecido
Damião Carvalho da Cunha, e foram entregues à Irmandade por seu testamenteiro, Tenente José
Carneiro dos Santos, de que se lavrou o competente termo, na ata de 6 de outubro de 1760.

1788 _ 1 grande bacia de prata, avaliada em 90$ e tantos mil réis que a falecida D. Antônia da
Cruz França, viúva do Ouvidor Manoel dos Santos Lobato, deu como se mostra da ata de 17 de
dezembro de 1787, tendo de peso mais de

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90 oitavas, e que serve no piedoso ato do lava-pés, em quinta-feira santa.

1787 _ 1 umbela de damasco encarnado, forrado de seda de matiz com galões e franjas de ouro,
dádiva que fez à Irmandade Brás Coelho em memória de ser Provedor naquele ano e consta da
ata de 9 de junho de 1787. Uma colcha de damasco encarnado que doou à Irmandade D. Ana
Gonçalves Cordeira.

1787 _ 1 morada de casas térreas na rua da praia. Doação do irmão Alexandre José de Carvalho,
como consta da ata de 9 de junho de 1787.

Bens e jóias de prata e ouro que legaram à Irmandade do SS. Sacramento os falecidos Padre
Antônio Gonzales Pereira Cordeiro e sua irmã Dona Rosa Ana Maria.

20 - 1 morada de casas térreas fronteiras à igreja da matriz, de pedra e cal; unidas às do sobrado
do Capitão José Rodrigues Branco, com dois quartos no quintal, e todos os móveis respectivos a
mesma.

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1 dita morada de casas térreas na rua da baixa com paredes de pedra e cal da rua e quintal

1 sacrário de jacarandá preto, dourado com 3 pavilhões, um branco do serviço ordinário, um dito
branco rico e um roxo com uma chave de prata dourada e tudo importou 3 sacras de prata, para s
festividades do SS. Sacramento, com o peso de 6 libras e 54 oitavas de prata; e das quais
pagaram de feitio ao ourives Rs. 128$000, como consta das atas de 26 de outubro de 1809, de ter
o doador deixado para estas obras 7 libras de prata em diversas obras velhas, inclusive uma
caldeirinha com o peso de três quartas, veja-se a ata de 13 de junho de 1813, onde se verá o peso
e feitio

1 cofre de ouro, para depositar o SS. Sacramento no sacrário, com o peso de 96 oitavas e se
pagou pelo feitio dele ao ourives Joaquim Antônio Xavier 32$000, como se vê nas atas de 27 de
fevereiro e 4 de outubro de 1813 , do doador ter deixado para se fazer esta obra meia libra de ouro
e mais 36 oitavas e 2¾ libras em diversas obras velhas antigas compreendendo-se entre elas,
brincos de luto, engastados em ouro e um anel de pedra
339$370

6 libras e 54 oitavas de prata

7 libras

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amarela, com 2 diamantes pequenos aos lados

1 jarro grande de prata primorosamente lavrado

1 bacia do mesmo e que serve no lavatório nas festividades das missas com o peso de 2 bandejas
redondas de gomos que servem de levar a oferta do pão aos pobres na quinta-feira santa, com o
peso de

1 salva pequena de prata, 1 copo da mesma: ambos com o peso de

1 colcha de damasco carmesim forrada de tafetá branco forrada de retrós amarelo

1 morada de casas, que deixou o irmão Manoel Lopes dos Santos na rua Direita, fazendo delas
doação à mesma Irmandade, com o ônus de lhe mandar dizer uma missa rezada, anualmente por
sua alma, como se vê da ata de 27 de dezembro de 1767, sendo entregues pelo testamenteiro
João Vieira Colasso e cujo prédio era entre as casas do Padre Antônio Gomes de Sampaio e as do
Capitão José carneiro dos Santos, as quais achando-se arruinadas foram trocadas por outra
morada na mesma rua, obtendo-se a faculdade do provedor das capelas.

96 oitavas de ouro

7½ libras e 24 oitavas de prata

3 libras e 60 oitavas de prata

2 libras e 10 oitavas de prata

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2ª classe dos bens, jóias de prata e ouro e outros objetos diretamente de propriedade da
Irmandade do SS. Sacramento, por serem feitas à custa de seus próprios rendimentos.
21 _ 1 custódia de prata de molde antigo e com o peso de

pelo termo exarado na ata de 22 de setembro de 1786, o Vigário da igreja Pedro Domingos Pais
Leme, se ofereceu à Irmandade de a mandar ao Rio de Janeiro fazê-la à moderna o que cumpriu,
vindo dentro de uma caixa de marroquim, como consta do termo de 8 de julho de 1787.

4½ libras de prata

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1 cruz de prata das procissões, a antiga tinha de peso 6 libras menos 128 oitavas, e a Irmandade
pela ata de 27 de julho de 1780 a mandou para o Rio de Janeiro fazê-la à moderna, remetida a
Pedro Luiz da Cunha, com a quantia de R. 76$270 em dinheiro, inclusive em dita quantia 25$600
do legado que deixou Catarina Teixeira

6 castiçais grandes de prata, da banqueta do altar do Sacramento, de molde antigo.

2 âmbulas de prata de se dar a Comunhão, sendo uma dourada

1 cofre de prata de depositar a hóstia, o qual sendo roubado no ano de 1824, achou-se na Vila do
Rio de S. Francisco em mão de um degradado F... de Siqueira.

1 turíbulo e naveta de prata, que a Irmandade deliberou pela ata de 13 de junho de 1761 a mandar,
estes artigos para o Rio de Janeiro, e fazer-se de novo, por se acharem incapazes de servir.

1 cruz de prata pequena, que serve no guião

1 cruz de prata que tem dentro o Santo Lenho; e foi pertencente aos extintos Jesuítas.

1 pálio de damasco branco, que a Irmandade, pela ata de 25 de maio de 1780 deliberou se
mandasse buscar ao Rio ao tesoureiro Félix Bento Viana para o que remeteram a quantia de Rs.
102$400 réis de esmola que tinha dado o Provedor.

1 ornamento de damasco encarnado e outros diversos objetos que pertencem à mesma Irmandade
como se verá por extenso no mapa nº...

6 libras menos

128 oitavas de prata

Segue-se agora a narração descritiva de todas as atas mais notáveis que a Irmandade tem feito no
progresso de seu andamento desde o ano de 1700 até o presente.
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1705 _ Aos 17 de agosto de 1705, estando os irmãos e mais oficiais da Irmandade do SS.
Sacramento em adjunto, o muito reverendo Vigário João da Veiga Coutinho, houveram por bem de
acordar que todo Irmão que quiser entrar nesta santa Irmandade de hoje em diante fazendo
petição à dita mesa, verá ser idôneo, ou capaz, e pondo-se-lhe merecedor, pagando 4$ mil réis de
entrada, o aceitarão em o número dos mais, e outrossim será a dita Irmandade a cumprir e guardar
os capítulos do compromisso, (1) e assim mais acrescentamos agora que a dita Irmandade
mandará fazer todos os anos, a primeira segunda-feira depois da festa do Senhor, um ofício de 3
lições pelas almas e tenções dos vivos e defuntos; e os ditos irmãos serem obrigados todos
assistirem ao dito ofício, rezando cada qual uma coroa por tenção dos irmãos; e aqueles que
faltarem a esta obrigação sem causa urgente pagarão pataca e meia, para a dita Irmandade e ou
sim será obrigada a dita Irmandade acompanhar a seus irmãos defuntos, com toda a pompa
possível, e assim mais sendo que algum irmão caia em pobreza, estando doente, será esta santa
Irmandade obrigada a assistir-lhe com o alimento necessário, e necessitando de mortalha, a dita
Irmandade lhe assistirá com ela. E pedimos a nossos vindouros, pelo amor de Deus e da parte do
SS. Sacramento, observem e guardem estas condições acima declaradas para assim se aumentar
o serviço do Senhor e tudo seja em honra e glória sua, em cujo termo assinarão os doze irmãos, e
o Provedor e oficiais da sobredita Irmandade, e eu, escrivão da sobredita Irmandade, o subscrevi e
assinei. Manoel Gonçalves Carreira, João da Veiga Coutinho, Manoel Ferreira do Vale, José
Pereira Yqueredo Coutinho, Clemente Melo de Siqueira, Domingos Varela, Carlos Garcez Barreto,
Antônio da S. Ilha, Manoel Francisco, José de Morais Monforte, Manoel Ferreira de Azevedo.

22 _ 1709 _ Aos 2 de junho de 1709, nesta Vila de Nossa Senhora do Rosário, Capitania de
Paranaguá, na igreja matriz dela, o Provedor e mais oficiais da Irmandade do SS. Sacramento para
determinarem o mais acertado para o bem e aumento dela, acordaram que no Compromisso à f.
12v está um capítulo pelo qual consta que o reverendo cabido pôs concessão que para o dito deu
o reverendo Vigário concede a esta Irmandade, 12 sepulturas, a saber: 4 das grades para dentro
do arco da capela-mor e 8 logo do arco para baixo, principiando do altar de Nossa Senhora do
Carmo para o altar das santas almas e pelo muito reverendo Padre Vigário da vara e da igreja
Pedro da Silva Pereira, que presente estava foi dito que ele confirmava o capítulo do dito
compromisso e dava posse na forma dele à dita Irmandade das ditas doze sepulturas e nesta
forma houve este termo por acabado, e eu Manoel do Vale Porto, escrivão desta Irmandade, o fiz
escrever e subscrevi. Manoel do Vale Porto, Pedro da Silva Pereira, Brás Lopes Ferreira, Provedor,
Antônio Rodrigues, José de Abreu Rangel, Luiz Grácia,

(1) Por esta ata bem claro se conhece que a Irmandade teve o seu primeiro compromisso, e que
estes foram reformados pela provisão de 9 de maio de 1732, pelo Bispo do Rio de Janeiro Dom Fr.
Antônio de Guadalupe

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Manoel Luiz Matoso, Agostinho Gomes de Sousa, Manoel Moreira Barbosa.


23 _ 1742 _ Aos treze de junho de 1742 nesta Vila de Paranaguá, no consistório da matriz dela,
onde se ajuntaram em mesa o Provedor Veríssimo Gomes da Silva; e o procurador, o mestre de
campo André Gonçalves Pinheiro comigo escrivão da santa Irmandade do SS Sacramento e o
tesoureiro dela José Rodrigues Diniz e os doze irmãos de mesa, para o efeito de se tratar do bem
e aumento da mesma Irmandade, aí propôs o Provedor que esta Irmandade carecia de várias
coisas necessárias para o seu ministério e maior veneração do diviníssimo Sacramento, que era
entre as mais coisas precisas, varas do pálio de prata, vaso da comunhão, e caldeirinha e vara de
Provedor, o que sendo proposto concorrerão todos juntos; e cada um de per si; e que se fizessem
as ditas obras, para que sem embargo da dita Irmandade, à sua custa o não poder fazer, por estar
com outras obras; e eles queriam dar suas esmolas o que todos convieram na forma seguinte:
"Que o Provedor daria 1 vara de prata dos provedores e 1 vaso de prata para a comunhão; o
Procurador, escrivão e tesoureiro dariam à sua custa, 1 caldeirinha de prata com o seu hissope;
cada dois irmãos de mesa dariam à sua custa 1 vara de prata para o pálio, o que faziam as 6 varas
e que estes irmãos de coleta não sejam obrigados a pagar seu anual o presente ano, visto a dar e
sendo assim respondido por todos juntos e cada um de per si, se obrigaram a satisfazer o que lhes
pertencer sem dúvida alguma e sobre a obrigação de seus bens; vindo que fosse a conta do oficial,
que fizessem tais obras; e que entretanto ele Provedor as mandava fazer por sua via; e que eles
não duvidariam a satisfazer pela conta que lhe viesse; e que a vara que até ao presente servia
para o Provedor, ficasse para se tirar as esmolas e servir nas procissões aos procuradores; e o
vaso das comunhões ficasse para ir aos enfermos, quando o Senhor sair fora e de como assim
convieram mandaram fazer este termo, em que todos assinaram; e eu, Vicente da Luz, escrivão
desta Irmandade, que o escrevi e subscrevi. Vicente Ferreira da Luz, Veríssimo Gomes da Silva,
Lucas Roiz França, Luiz da Rocha Muniz, José Martins Ferreira, Gaspar Gonçalves de Morais,
José Roiz Diniz, Antônio Ferreira Matoso, Cristóvão Pinheiro França, Sebastião Rodrigues, João
Nunes Gomes, José Francisco dos Santos, Dionísio Gomes da Silva, André Gonçalves Pinheiro."

24 _ 1748 _ Aos 10 de maio de 1748, por ordem do Bispo, foi reunida a mesa por lhe constar que
Caetano da Costa Coelho tinha recebido a quantia de 400$ e tantos mil réis à conta de 3 mil
cruzados, em que tinha ajustado os douramentos dos altares colaterais e frontispícios, do arco da
capella-mor, com a obrigação, dentro de um ano, dar princípio de continuar o douramento até se
findar, a que tudo tem faltado, pois havia mais de dez anos a que tudo tinha faltado e tão somente
tinha feito um pequeno douramento e assim requeria o Vigário ao irmão Provedor e mais irmãos da
mesa, tomasse a seu cargo e darem providência à arrecadação do dinheiro que constasse por
escritura e se acha nas notas; haver recebido nos termos que os ditos irmãos e Provedor

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determinar para que se acabe a dita obra do douramento e quando assim o não faça se haver o
dito cômpito recebido dos seus fiadores, havendo respeito ao que tiver feito no dito douramento o
que prometeram fazer, e no mesmo dia foi chamado Manoel Gonçalves Carreira como fiador e lhe
foi intimado o termo e por ele foi dito que não tinha dúvida pagar por sua pessoa e bens a falta em
que se avaliasse o douramento feito por Caetano Coelho da Costa e também se se avaliasse em
maior preço a Irmandade, lhe restaria a ele e ao outro fiador a parte que lhe tocasse.

25 _1760 _ Aos 6 de outubro de 1760, estando a mesa congregada, nela apareceu o Tenente José
Carneiro dos Santos e por ele foi dito que em nome de sua constituinte Dona Maria Pinheira
França, viúva que ficou do defunto Damião Carvalho da Cunha, vinha apresentar e fazia efeito
entregou 4 lanternas de prata, que a dita sua constituinte oferecia por esmola para esta Irmandade,
para os ministérios dela e sair nas funções em que sair o SS. Sacramento, cuja esmola foi feita à
dita mesa que as aceitou e de que se mandou lavrar termo.
26 _ 1761 _ Aos 13 dias do mês de junho de 1761, sendo congregada a mesa, deliberaram que o
tesoureiro mandasse para o Rio de Janeiro o turíbulo velho e a naveta por estar incapaz de servir e
fazer-se outros de novo.

27 _ 1764 _ Aos 22 dias do mês de julho do ano de 1764, congregada a mesa, deliberaram sobre
as dúvidas que ocorriam nos pagamentos ao mestre da música da capela, e assentaram
uniformemente que se lhe pagasse pelas onze domingueiras 11$000 réis; sexta-feira de Passos:
1$000 réis; dominga de ramos 3$000; ofício de trevas 1$000 réis; quinta-feira santa 3$000 réis;
sexta 3$000, sábado 2$000 réis, domingo da Ressurreição 3$000 réis; dominga da festa grande
3$000 réis, que faziam as referidas somas a importância de trinta mil réis anuais.

28 _ 1765 _ Aos 8 dias do mês de junho de 1765, achando-se congregada a mesa, foi apresentada
à mesma pelo Procurador a quantia de Rs. 50$000 réis que em seu testamento tinha deixado por
esmola à Irmandade a falecida Dona Joana Roiz França, mulher que foi do doador, o Doutor
Antônio dos Santos Soares.

29 _ 1767 _ Aos 27 dias do mês de dezembro do ano de 1767, nela apareceu João Vieira Colassa,
testamenteiro do falecido Manoel Lopes dos Santos, e por ele foi entregue à Irmandade a chave de
uma morada de casas na rua do Senhor Bom Jesus, que estão entre as do Padre Antônio Gomes
de Sampaio e do Capitão José Carneiro dos Santos, as quais disse ele testamenteiro que o
falecido testador tinha deixado a esta Irmandade em verba de solene testamento com o ônus de se
lhe mandar dizer todos os anos uma missa comum, em cada um deles no dia da Páscoa da
Ressurreição.

30 _ 1780 _ Aos 25 de março do ano de 1780, congregada a mesa, deliberaram que se mandasse
vir do Rio de Janeiro, um pálio de damasco branco, aplicando-se para o seu custo a esmola com
que contribuiu o Provedor, de Rs.

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102$400; e o restante que o mesmo importasse, supririam com os rendimentos da Irmandade,


pelo que determinaram ao tesoureiro Félix Bento Viana que o mandasse buscar.

31 _ 1781 _ Aos 18 dias do mês de junho, congregada a mesa, se deliberou sobre a disputa que
havia entre a Irmandade de S. Benedito com a do SS. Sacramento, por recusar aquela de entregar
os sobejos dos tocos de velas de suas festividades, quando nelas estava o Santíssimo exposto por
ser prática antiga, receber-se a mesma cera; mas por evitar disputas contenciosas, determinaram e
proibiram aos tesoureiros que dali em diante, esta Irmandade não emprestasse aquela nenhumas
alfaias ou coisa alguma.

32 _ 1786 _ Aos 25 de janeiro do ano de 1786, congregada a mesa, deliberaram que o tesoureiro
mandasse buscar do Rio de Janeiro, 50 côvados de tafetá carmesim e mandasse fazer 8 opas.

33 _ 1786 _ Aos 29 de setembro de 1786, congregada a mesa, nela o reverendo Vigário Pedro
Domingues Pais Leme se ofereceu à Irmandade a mandar reformar e fazer de novo a custódia de
prata, por ser de molde antigo e fazer-se à moderna, à sua causa, a qual tinha de pés 4½ libras, a
cuja oferta anuiu a mesma Irmandade, correndo-lhe o risco de sua remessa, o que cumpriu
mandando fazê-la à moderna e vindo com a competente caixa de marroquim.
34- 1787 _ Aos 7 dias do mês de junho de 1787, congregando-se a mesa, nela apresentou Brás
Coelho, uma umbela de damasco encarnado, forrada de seda de matriz, com galões e franjas de
ouro e que dela fazia oferta à Irmandade, por sua livre vontade, em memória de ser Provedor neste
ano.

35 _ 1787 _ Aos 9 dias do mês de junho de 1787, congregando-se a mesa, nela se apresentou
Agostinho Pereira dos Santos, como testamenteiro do falecido Alexandre Moreira de Carvalho,
entregando à Irmandade uma morada de casas, na rua da praia, que partem de um lado, com
casas do Capitão José Carneiro dos Santos e da outra com muros de Manoel José Ferreira, sendo
Provedor Baltasar da Silva, escrivão Isidoro José Pereira, tesoureiro Manoel Lopes Guimarães.

36 _ 1787 _ Aos 8 dias do mês de julho de 1787, congregando-se a mesa, nela foi apresentada
pelo reverendo Vigário colado Pedro Domingues Pais Leme, a nova custódia, que ele tinha
mandado reformar ao Rio de Janeiro.

37 _ 1788 _ Aos 17 dias do mês de dezembro de 1788, congregada a mesa deliberaram sobre a
arrecadação de um legado que a falecida Dona Antônia da Cruz França tinha deixado à Irmandade
de uma grande bacia de prata, avaliada em noventa e tantos mil réis, ordenando-se ao Procurador
promovesse esta arrecadação até chegar à última instância.

38 _ 1789 _ Aos 10 dias do mês de maio de 1789, congregada a mesa deliberaram sobre a dúvida
que se oferecia sobre a venda, e recebimento de dinheiro pertencentes aos falecido sargento-mor
Cristóvão Pinheiro França, de quem a Irmandade era testamenteira e legatária e recebeu do
ajudante José

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Rodrigues Betim, mandando o mesmo citar aos Procurador da Irmandade, o irmão Manoel Antônio
da Costa a quem estavam encarregadas as disposições testamentária; e deliberaram que o dito
escrivão desistisse de defender uma ação para o que foi citado o nosso irmão Procurador por se
presumir que o dito ajudante Betim não era capaz de vir enganar ao dito falecido sargento-mor no
que concordaram.

39 _ 1789 _ Aos 27 de junho de 1789, foi congregada a mesa, e deliberaram mandar reformar ao
Rio de Janeiro a cruz grande de prata, que servia nas procissões por estar indigna de mais servir e
com ela fazer-se outra nova ao gosto moderno, a qual pesou 6 libras menos 128 oitavas, e se
concordou mais em remeter em dinheiro a quantia de Rs. 76$270 réis, sendo 51$670 líquido que
ficou das contas que prestou o tesoureiro o guarda-mor Vicente Ferreira de Oliveira e Rs. 25$600
pertencentes a um legado que deixou à Irmandade a falecida Catarina Ferreira, fazendo-se esta
remessa pelo irmão falecido o Capitão Antônio da Silva Neves, a entregar no Rio de Janeiro a
Pedro Luiz da Cunha.

40 _ 1790 _ Aos 27 dias do mês de janeiro do ano de 1790, congregada a mesa, nela requereu o
irmão Procurador o Capitão Manoel Antônio da Costa que havendo tido muito trabalho nas causas
e cobranças da testamentária do falecido sargento-mor Cristóvão Pinheiro França que a Irmandade
lhe houvesse de arbitrar-lhe uma gratificação no que concordaram que levasse meia vintena pelas
quantias que arrecadasse, mas o Provedor das capelas o Doutor Ouvidor Manoel Lopes Branco e
Silva em o seu provimento de 9 de novembro do mesmo ano não conveio nesse arbitramento feito
pela Irmandade, por ser um dos deveres que o compromisso impõe às obrigações que os
procuradores das Irmandades tem de arrecadar seus legados e dívidas.
41 _ 1792 _ Aos 29 dias do mês de janeiro de 1792, foi congregada a mesa do SS. Sacramento e
nela relatou o Procurador o Capitão Manoel Alves Carneiro, o estado em que se achavam a
cobrança das dívidas pertencentes à testamentária de Cristóvão Pinheiro França.

42 _ 1792 _ Aos 22 dias do mês de fevereiro de 1792, congregando-se a mesa da Irmandade do


SS. Sacramento, o tesoureiro dela participou que tendo sabido que o Provedor eleito o Capitão
Manoel de Sousa Pinto, havendo passado todo o tempo de sua eleição até 29 de janeiro, sem que
nada tivesse participado à mesa sobre o querer fazer a festividade da semana santa e que agora
mandava declarar à mesa que ele a não fazia e só daria os seus anuais; o que sendo ouvido pela
mesa, esta ficou indecisa sobre as providências que haviam de dar para se fazer a semana santa,
mas o reverendo Vigário que se achava presente, se ofereceu para a fazer, levando a Irmandade
isto em conta, como se fosse canonicamente eleito, o que a Irmandade aceitou e ficou feito
Provedor; e que agora o dito Capitão Manoel de Sousa Pinto, oferecera Rs. 100$ mil réis para a
fatura de uma lâmpada nova, obrigando-se a mandá-la fazer no Rio de Janeiro, mandando
juntamente a velha para o mesmo efeito de que mostraria a conta do

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oficial que a fizesse; ou de outra qualquer pessoa a quem seja remetida com tanto que a mesma
iria por conta e risco da Irmandade, o que anuíram recomendando que ela tivesse de peso uma
arroba; e que o excesso que houvesse no feitio da mesma a Irmandade se obrigava a pagar
quando recebesse alguns pagamentos pertencentes ao legado da testamentária do Sargento-mor
Cristóvão Pinheiro França.

43 _ 1792 _ Aos 2 dias de janeiro de 1792, a Irmandade deliberou em mesa de cada irmão da
mesma mesa, pedir a esmola costumada cada um em seu mês aliviando deste trabalho ao atual
tesoureiro, o Capitão Manoel Alves Carneiro com a obrigação dele tratar das cobranças da
testamentária do falecido Cristóvão Pinheiro França.

44 _ 1794 _ Aos 2 de fevereiro de 1794, congregada a mesa e nela o tesoureiro Manoel Alves
Carneiro declarou que em seu poder existiam Rs. 298$445, aplicados para a fatura da lâmpada a
saber: Rs 100$ mil réis, que o irmão Manoel de Sousa Pinto deu, do ano em que foi Provedor e Rs.
198$445 réis, que concorreram de esmola os irmãos da Irmandade para a fatura da lâmpada e que
a velha pesava 21 marcos, e a razão de 100 réis a oitava, importava Rs. 134$400 que juntos aos
Rs. 298$445 perfazia a soma de 432$845 e que requeria à mesa determinasse a remessa do
dinheiro, e lâmpada velha para o Rio de Janeiro e a fatura da nova, como também o peso que esta
deveria ter, e sendo ouvida a mesa determinaram a remessa na primeira embarcação que estava a
sair, de que era dono o irmão Manoel Antônio da Costa, e que se fizesse com a brevidade
possível, e que a mesma tivesse de peso 28 libras mais ou menos, e a despesa excedente a
Irmandade se obrigava satisfazer.

45 _ 1798 _ Aos 6 dias do mês de outubro de 1798, no consistório da igreja matriz, estando
presidindo o nosso muito reverendo Vigário Joaquim Júlio da Ressurreição Leal e o irmão Provedor
o Tenente-coronel Francisco Gonçalves Cordeiro com a assistência dos irmãos de mesa, comigo
escrivão, abaixo assinado, assentaram uniformemente que para a conservação do ornamento rico
que consta de 1 casula, 2 dalmáticas, 1 véu de ombro, capa de asperges, 2 estolas, 3 manípulos,
pano de estante, véu, bolsa e patena do cálice, 3 alvas ricas com seus cordões e amitos, frontal e
pano de púlpito, pediram ao reverendo presidente e Vigário desta igreja lhe desse uma gaveta para
ter nela os mesmos ornamentos, ficando ao cuidado dos tesoureiros da Irmandade encarregado
conservação dos mesmos ornamentos, e como o Ex.mo Senhor Bispo que há pouco tempo visitou
esta Vila, deixou de baixo de excomunhão o não emprestar o mesmo ornamento e só concedeu se
pudesse usar deles nas quatro festas do ano e por graça particular, concedeu um dia mais ao
reverendo Vigário para usar deles. Assentamos em mesa ser o primeiro dia o da Páscoa da
Ressurreição; e quinta-feira maior, o 2º dia o Corpo de Deus e festa grande da Irmandade; o 3º o
tríduo de Nossa Senhora do Rosário, nossa padroeira; o 4º o nascimento do Senhor e reserva o
reverendo Vigário que o dia que S. Excelência lhe concede

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foi o dia de Nossa Senhora do Carmo, de quem ele é juiz perpétuo. E como para conservação
destes ornamentos o reverendo Vigário foi quem fez esta súplica ao Ex.mo Senhor Bispo, o
declarou em mesa, mandando-se lavrar este termo, para em todo o tempo constar, acrescentando
a ele por consentimento da Irmandade que todo aquele que emprestar os ornamentos, além da
excomunhão que impôs o Sr. Bispo, incurso na pena de oito mil réis, que o reverendo Vigário
aplica para a mesma Irmandade e para clareza fizemos este termo, e assinaram, e eu Antônio
José de Carvalho, escrivão desta Irmandade, que o escrevi. O Vigário Joaquim Júlio da
Ressurreição Leal, Antônio dos Santos do Amaral, Francisco Gonçalves Cordeiro, provedor,
Ricardo de Sousa Pinto, tesoureiro.

46 _ 1805 _ Aos 17 de dezembro de 1805, congregando-se a mesa, nela se apresentou o Capitão-


mor José Carneiro dos Santos, requerendo que as casas pertencentes à Irmandade que estavam
próximas às da sua moradia precisavam de um grande conserto ou que a Irmandade as vendesse
ou delas fizesse o traspasse por outras de igual valor; e sendo avaliadas pelos avaliadores do
Conselho, por consentimento do Provedor das capelas pela quantia de Rs. 60$ mil réis, por este
mesmo valor recebeu a Irmandade outra morada de casas na mesma rua, por trespasse daquela.

47 _ 1808 _ Ao primeiro dia do mês de novembro de 1808, congregando-se a mesa, a ela propôs o
Provedor o Capitão Pedro Rodrigues Nunes que como havia dinheiro pertencente à Irmandade do
que se tinha cobrado da testamentária do falecido Cristóvão Pinheiro França, se mandasse buscar
ao Rio de Janeiro as duas lâmpadas por conta e risco da testamentária, como também as
remessas para o Rio de Janeiro deviam ir por duas vias de quatrocentos mil réis cada uma; e se
ordenou ao tesoureiro Tomé Simões Peniche que as remessas para o Rio de Janeiro fossem
entregues ao Capitão Joaquim José da Costa e o importe delas; quando viessem feitas, se
excedessem às da remessa, seriam pagas pelas cobranças da mesma testamentária e foi a
própria remessa pelo mestre Pedro Martins e a segunda por José Caetano de Sousa.

48 _ 1809 _ Aos 26 de novembro de 1809, congregando-se a mesa da Irmandade, nela se


apresentou o muito reverendo Vigário da vara, o Padre João Carneiro dos Santos, como
testamenteiro do falecido Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro e por ele foi declarado que na
forma da verba da testamentária, vinha a entregar a esta Irmandade as seguintes deixas: 1 morada
de casas de pedra e cal, unidas às do sobrado do Capitão José Rodrigues Branco, com os dois
quartos no quintal e todos os mais trastes a ela pertencentes pela respectiva verba, outra morada
de casas, na rua da baixa, térreas, com paredes de pedra e cal; da rua e quintal; 1 jarro e bacia de
prata com o peso de 7½ libras e 94 oitavas, 2 bandejas de gomos com 3 libras e 16 oitavas, 2
salvas, uma lisa e outra lavrada, com 3½ libras e 60 oitavas, 1 salva pequena com o seu copo, com
o peso de 2 libras e 10 oitavas, mais 7 libras de prata de trastes velhos, entre os quais há uma
caldeirinha com 3 quartas de peso de ouro velho, meia libra e 36
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oitavas, e mais 2¾ oitavas de ouro velho, tendo entre eles brincos de luto engastados em ouro, e
um anel de pedra amarela, com dois diamantes pequenos nos lados; e em moeda corrente Rs.
252$000, e 1 colcha de damasco carmesim, forrada de tafetá branco, franjada de retrós amarelo, e
de como fez entrega a esta Irmandade, a cargo do tesoureiro, o Capitão Antônio José Alves,
entrando na mesma uma escritura que ao falecido testador dele o Tenente José Martins dos
Passos, da quantia de Rs. 39$400, entregue também pelo mesmo testamenteiro, e para a todo o
tempo constar, se mandou lavrar este termo, sendo Provedor o Capitão João Crisóstomo,
tesoureiro o Capitão Antônio José Alves e escrivão José Rodrigues Branco.

49 _ 1810 _ Aos quatro de janeiro de 1810, congregando-se a mesa da Irmandade, deliberaram


que o tesoureiro o Capitão Antônio José Alves remetesse para o Rio de Janeiro doze dobras para
mandar fazer um sacrário para depositar o SS. Sacramento, com três cobertas ou pavilhões na
forma da verba testamentária do falecido Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro.

50 _ 1810 _ Ao 1º dia do mês de junho de 1810, congregada a mesa da Irmandade, o tesoureiro


dela participou de terem chegado do Rio de Janeiro as duas lâmpadas de prata, em cumprimento
da verba testamentária e que tinham importado, segundo o aviso do Rio de Janeiro, na quantia de
Rs. 822$220, e que se ficava devendo ao tesoureiro a quantia de Rs. 22$220, a qual a Irmandade
assim deliberou que a todo o tempo lhe seria levada em conta; e foram colocadas na igreja matriz
fronteiras aos altares colaterais, em abril de 1810.

51 - 1081 _ Em 18 de dezembro de 1801, o Doutor e Ouvidor João Batista dos Guimarães Peixoto,
proveu em correição: "Visto haver dinheiro, ordeno que a mesa desta Irmandade pelo melhor modo
que lhe parecer, mande fazer a lâmpada, ou lâmpadas precisas para o decente culto do SS.
Sacramento, antes que se dê ao dinheiro outra qualquer uso; outrossim ordeno que nunca a
mesma mesa faça reeleição do tesoureiro; e que este só sirva um ano, a fim de se promoverem
melhor os interesses da Irmandade. Paranaguá, em 18 de dezembro de 1801. Peixoto".

52 _ 1810 _ Aos 20 de outubro de 1810, o Doutor Ouvidor e Corregedor João de Medeiros Gomes,
mandou passar um mandado ao tesoureiro da Irmandade do SS. Sacramento do teor seguinte:
"Mandado executivo do Juízo da Ouvidoria desta Comarca do Doutor Ouvidor acima declarado:
Mando ao tesoureiro da Irmandade do SS. Sacramento desta Vila, o alferes Antônio Vieira dos
Santos que, visto este meu mandado indo por mim assinado e forma dele, exiba neste juízo, dentro
em 24 horas, todos os papéis de títulos das dívidas e mais papéis que tiver em seu poder,
pertencentes à testamentária do falecido sargento-mor Cristóvão Pinheiro França de quem ficou a
mesma Irmandade por testamenteira, para o que seja notificado não só para, dentro no prazo
acima referido, apresentar os ditos papéis e documentos, como para não continuar mais na
administração dos bens pertencentes à mesma testamentária, assim o

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cumpra; passando-se certidão ao pé deste. Dado e passado nesta Vila de Paranaguá, aos 20 de
outubro de 1810, e eu José Morato do Conto, escrivão da Ouvidoria e da Correição, que o
escrevei. Medeiros".

53 _ 1810 _ Ao 1º dia do mês de novembro foi congregada a mesa da Irmandade para deliberarem
o que se havia de fazer sobre o mandado executivo da entrega dos papéis pertencentes à
testamentária do sargento-mor Cristóvão Pinheiro França, que o Mesmo Ouvidor os exiba em
juízo, deliberaram que o atual tesoureiro o alferes Antônio Vieira dos Santos, entregasse todos os
papéis e documentos que tivesse em seu poder, pertencentes à mesma testamentária na forma
determinada no mesmo mandado, pedindo-se primeiramente vista do referido mandado para dizer-
se o que fosse a bem desta Irmandade, como testamenteira do dito falecido.

54 - 1811 _ Aos vinte e sete de fevereiro de 1811, congregando-se a Irmandade, deliberaram a


mandar-se fazer um cofre de ouro, para depositar o SS. Sacramento dentro do sacrário, em
cumprimento da verba que deixou o falecido Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro; e foi
chamado o ourives Joaquim Antônio Xavier e com ele se ajustou o feitio do mesmo pela quantia de
Rs. 32$000 e recebeu para a mesma obra: 96 oitavas de ouro, que recebeu da mão do tesoureiro
o alferes Antônio Vieira dos Santos e trataram mais que, se a dita obra levasse mais ouro, a
Irmandade pagaria a oitava à razão de Rs. 1$400, e se levasse menos, o receberia à conta do
feitio pelo mesmo valor.

55 _ 1812 _ Aos 4 do mês de outubro de 1812, congregando-se a Irmandade, apareceu perante a


mesa, o ourives Joaquim Antônio Xavier, entregando o cofre de ouro que a Irmandade lhe tinha
encomendado fazer; e que para a mesma tinha recebido 96 oitavas e que o cofre pesava 92½
oitavas e que ficava à conta 3 oitavas e ¾, e ordenaram ao tesoureiro que as abatesse ao feitio e
lhe pagasse o resto do mesmo.

56 _ 1813 _ Aos 3 de julho de 1813, congregando-se a Irmandade para efeito de mandarem fazer
3 sacras de prata, para se porem no altar do SS Sacramento, em suas festividades e mandaram
chamar ao ouvires o alferes Francisco Alves Serrão e com ele ajustaram de pagar-lhe de feitio a
quantia de Rs. 102$400, o qual tendo já feito as mesmas sacras, as entregou à Irmandade tendo
de peso 6 libras e 39 oitavas, ordenaram ao tesoureiro pagasse o feitio delas, ficando o mesmo
ourives encarregado de fazer os competentes parafusos e tarraxas para serem colocadas na
madeira; as quais levaram 15 oitavas e havendo sobejado 74 oitavas de prata que o mesmo
ourives tinha recebido para as ditas sacras, abatendo-se dos parafusos, o tesoureiro o indenizou o
restante do feitio.

57 _ 1819 _ Aos 28 dias do mês de novembro de 1819 foi congregada a mesa e deliberaram que
se pedisse ao irmão o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, que por serviço de Deus e da
Irmandade se encarregasse de mandar encomendar ao Rio de Janeiro um sacrário e três
pavilhões para o mesmo e que

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para isso o falecido testador o Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro tinha deixado de esmola
doze dobras, mas não sendo suficientes para a mesma encomenda, deliberaram que se remetesse
mais a quantia de Rs. 250$, as quais talvez fossem suficientes, a fim de se cumprir a verba
testamentária.
58 - 1822 _ Aos 20 dias do mês de fevereiro de 1822, foi congregada a mesa da Irmandade e nela
apareceu o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, encarregado pela Irmandade da mesma
encomenda o qual vinha a apresentar a conta que a mesma tinha importado e foi a quantia de Rs.
399$400, entregando à mesa o restante do que tinha recebido, que eu era a quantia de Rs.
60$630, como se vê da conta seguinte:

Conta do custo do sacrário e pavilhões remetidos pela sumaca Aurora, mestre Pedro Martins:

59 Ao entalhador 47$000 Ao dourador 51$200 1 chave de prata dourada 8$000 A conta do


damasco, galões e franjas 202$240

Feitio dos 3 pavilhões, feitio retrós 19$200 327$640

1 caixote para o mesmo 2$760 2 ½ pontos de baeta 2$250 3 varas de estopa e carretos $660
Prêmio do seguro na quantia de reis 350$ -

1½ % poruma apólice 6$060 339$370

Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 1822.

Caetano José de Almeida e Silva.

60 _ 1824 _ Aos 22 de julho de 1824, foi reunida a mesa da Irmandade do SS. Sacramento, sob a
presidência do Provedor das capelas o Doutor João Capristano Rabelo, e se proveu que com a
maior cautela e segredo, se procedesse a exata arrecadação e postas em lugar seguro todas as
alfaias de ouro e prata, que servem ao culto, para que no caso da invasão do inimigo se não
aproveitasse delas; ficando a mesa responsável pelo seu descuido; assinados, João Capristano
Rabelo, o Provedor Manoel Antônio Pereira, escrivão Joaquim Antônio Guimarães, Procurador
José Luiz Pereira.

61 _ 1838 _ Aos 17 de junho de 1838, congregada a mesa da Irmandade do SS. Sacramento foi
pelo tesoureiro João Manoel da Cunha apresentada uma petição do ex-depositário dos bens dos
extintos Jesuítas, de Manoel Francisco dos Santos, em que requeria ao Juiz Municipal sobre a
entrega de uma cruz de prata a esta Irmandade, cuja cruz servia nas procissões da cinza e dos
passos, em cuja petição se lia o despacho do Juiz Municipal do teor seguinte: "Lavrando-se o
termo necessário, como pede. Paranaguá, 16 de junho de 1838. Costa".

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Em observância do qual foi a mesma entregue ao mesmo ex-depositário, por esta Irmandade e
para sua quitação se determinou ao tesoureiro o recibo da entrega que do mesmo exibisse.

1790 a 1791 _ Notícia circunstanciada da testamentária do falecido sargento-mor Cristóvão


Pinheiro França.

62 _ O maior benfeitor que teve a Irmandade do SS. Sacramento foi o falecido sargento-mor
Cristóvão Pinheiro França; seu nome sempre será eternizado nos séculos futuros. Filho legítimo de
D. Joana de França, viúva do Capitão-mor João Roiz França e de suas núpcias foi casada com o
Doutor Ouvidor de Paranaguá Antônio dos Santos Soares, o qual foi Juiz de Fora em Olivém, no
Reino de Portugal, e deste 3º matrimônio é que foi nascido este benfeitor; e que também foi
sargento-mor em Paranaguá por patente de 17 de janeiro de 1735. Sua mãe bastantemente rica
pela herança de seus maridos, mas ele nunca se quis casar e viveu solteiro até seu falecimento em
abril do ano de 1789, e por não ter legítimos herdeiros instituiu em seu solene testamento a
Irmandade do SS. Sacramento de quem sempre foi mui devoto, como sua testamentária e
legatária. Não deixou por seu falecimento capital avultado de dinheiro, pois só se lhe achou Rs.
187$970 réis, mas deixou em dívidas cobráveis por créditos e escrituras, a vencimentos de prêmio
a quantia de Rs. 5:769$863; e em dívidas incobráveis a quantia de Rs. 833$837 que fazem as
duas somas a quantia de 6:603$700 de réis; mas o zeloso Procurador da Irmandade, o Capitão
Manoel Alves Carneiro e outros fizeram cobranças e com elas primeiramente trataram de pagar a
despesa de seu funeral; suas disposições e dívidas, e saldadas estas contas, a Irmandade ainda
se utilizou de Rs. 2.170$670 réis, a saber no importe do orçamento rico a quantia de 1:207$330

Importe das 2 lâmpadas de prata 822$220

Importe da quantia que concorreu para o importe da lâmpada grande 141$120

Importe do que se utilizou a Irmandade 2:1790$670

Mas afinal perdeu a mesma mais de um conto e quinhentos; que ainda se poderiam cobrar e que
em 1810 foram passadas para os ausentes o que tudo se demonstra no mapa seguinte ilustrativo.

Mapa demonstrativo do legado que deixou à Irmandade do SS. Sacramento o sargento-mor


Cristóvão Pinheiro França:

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Finalmente no Mapa nº 11 se verão as receitas e despesas que teve a Irmandade no decurso de


muitos anos; e no Mapa nº 12 os Provedores, escrivães e tesoureiro do SS. Sacramento, que
sempre será bendito e louvado por todos os séculos.

63 MAPA Nº 10

Receitas, despesas da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Cidade de Paranaguá desde o


ano de 1760 inclusivamente até o ano de 1850.

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Observação

As parcelas notadas com um X na casa dos saldos é aquela em que a Irmandade se achava em
alcance no fim de cada ano. Vê-se neste mapa que os rendimentos da Irmandade, desde o ano de
1760 inclusive ao de 1812 era regularmente de Rs. 250$ mil réis até Rs. 300$000 réis, e que nesse
espaço de anos, não houve déficits avultados, à exceção de 1796 a 1797, de 1800 a 1801. Desde
1812 em diante principiou a Irmandade ter mais algum aumento em suas rendas, até o ano de
1832, chegando, de Rs. 300$ a 500$ mil, à exceção dos anos de 1827-1828, que avultaram a Rs.
883$ e tantos réis e o anos de 1830 a 1831 chegou a Rs. 998$740, mas estes anos não servem de
cálculo, porque este aumento é proveniente de quando os provedores das esmolas avultadas, para
se fazer a festa é então que aparecem esses excessos, pois o

provedor deste último ano que foi o capitão João Alves Cordeiro deu a

quantia de Rs 645$993

logo se vê que a Irmandade teve de seus réditos próprios 352$747

Soma total da receita daquele ano foi a quantia de 998$740

No ano de 1828 a 1829 o provedor o alferes Ângelo Soares da

Silva deu 200$000

No ano de 1833 a 1834 o Tenente Antônio Gonçalves Rocha deu 216$611

No ano de 1823 a 1824 o Capitão Joaquim Antônio Munhoz deu 126$560

Em 1826 a 1827 O Capitão Joaquim Antônio Guimarães 426$427

Em 1832 a 1833 Leandro José da Costa 216$617

Em 1834 a 1835 o Capitão Francisco Alves de Paula 200$000

Em 1835 a 1836 o ajudante Miguel Gonçalves de Miranda 327$839

Em 1836 a 1837 O Sap. Hipólito José Alves 400$000

As esmolas que dão os fiéis nas domingueiras tiveram aumento porquanto desde 1760 a 1820 seu
rendimento anual era de Rs. 25$ mil réis até 50$ mil réis; desde 1820 em diante regulava até 70$
mil réis, à exceção do ano de 1830, a 1831 que chegou a RS. $450. Em 1825 a 1826 a RS. 89$460
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MAPA Nº 11

Provedores, escrivães, procuradores e tesoureiros que tem servido na Irmandade do Santíssimo


Sacramento da Cidade de Paranaguá desde o ano de 1762 inclusive ao de 1850.

Antônio Ferreira da Silva Caetano Roiz Couto

Alf. Antônio João de Siqueira

Alf. Antônio João de Mendonça

José de Sousa Pedroso Inácio José da Silva Inácio José da Silva Inácio José da Silva Agostinho
Machado Lima

Ten. Manoel Vaz de Figueiredo

José Pereira Mattez

Manoel Pereira da Silva Manoel Ferreira do Vale Francisco Roiz Ferreira Tomás de Sousa e Silva
Francisco Roiz Ferreira Inácio José da Silva

Manoel Jacinto Neves Félix Bento Viana

Francisco Correia de Morais

José Joaquim Pinto de Casto Antônio de Oliveira Pedroso

Antônio Ferreira Pedroso

Antônio de Oliveira Pedroso

Gaspar Gonçalves de Morais José Joaquim Pinto de Casto José Joaquim Pinto de Casto João
Vieira Colasso

Manoel Ferreira do Vale

O sarg.-mor Simeão Cardoso Pazes

Gaspar Gonçalves de Morais

Antônio da Silva Braga

Gaspar Gonçalves de Morais Alf. Manoel Lobo de Albertim José Joaquim da Costa
José Joaquim da Costa

Luiz Lopes Coutinho

Joaquim de Araújo

Manoel Alves Carneiro

Manoel Garcês Machado

Baltazar da Costa Pinto

Antônio Gonçalves Pereira

Cap. Antônio Francisco de

Oliveira

Francisco da Costa Rezende

Antônio Nunes

Cristóvão Pinheiro França

Luiz Maciel Azamor

Antônio Roiz de Carvalho

Agostinho Ferreira dos Santos

O Pe. Francisco de Borja

Alf. Custódio Muniz de Araújo

Manoel Vaz de Figueiredo

Alf. José Alves Carneiro

Crispim Francisco Ribeiro

Francisco José Taveira

Eusébio Gomes da Silva

Sarg.-mor Simeão Cardoso Pazes

Manoel Gonçalves Silvestre Cap. Simeão Roiz Delgado

Cristóvão Pereira de Macedo

Caetano Antônio Pimentel Francisco Gonçalves Pereira Belém

Domingos Machado Pereira


Tenente José Carneiro dos Santos

Ten. Manoel de Miranda Couto Vigário Antônio Pereira de Macedo Caetano Roiz Couto Caetano
Gonçalves

Manoel Nunes Lima

João Correia da Afonseca

Capitão Aniceto Borges da Silva

Antônio Pereira de Macedo

O Pe. Francisco de Borja

Manoel Lourenço Pontes

Antônio Gonçalves Pereira

Tomás Correia

Antônio Ferreira da Silva

José Rodrigues

Cap. Antônio Roiz de Carvalho Lourenço Maciel Azamor

1761-1762

1762-1763

1763-1764

1764-1765

1765-1766

1766-1767

1767-1768

1768-1769

1769-1770

1770-1771
1771-1772

1772-1773

1773-1774

1774-1775

1776-1777

1775-1776

1777-1778

1778-1779

1779-1780

1780-1781

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--

Inácio Gomes de Medeiros

Ten. Joaquim de Araújo

Ajud. Manoel da Cunha Gamito

Ajud. Manoel da Cunha Gamito

Ajud. Antônio José de Carvalho

Manoel Lopes Guimarães Ajud. Manoel da Cunha Gamito

Vicente Ferreira de Oliveira

Pedro Roiz Nunes

Pedro Roiz Nunes

Manoel Alves Carneiro O mesmo

O Ten. Antônio Ferreira de Oliveira


Ajud. Manoel José de Carvalho

Ricardo Carneiro dos Santos

Manoel Antônio da Costa

João José da Rocha

O cap. Francisco Gonçalves Cordeiro

Alf. Serafino Correia Pinto

Matias Xavier Balieiro

Francisco Correia de Morais

José Tinoco

Félix Bento Viana

Guarda-mor Manoel Antônio da Costa

O mesmo

O mesmo

Domingos da Rocha Muniz

José Manoel Lobo

Alf. José Manoel Lobo

Cap. Manoel Alves Carneiro

O mesmo

Manoel Lobo de Albertim Lanóia

Cap. Francisco Roiz Ferreira

Alf. Manoel de Sousa Pinto

Cap. José Simões Peniche

Inácio José da Silva


Cap. Francisco Xavier da Costa

Isidoro José Pereira

Sarg.-mor Francisco José Monteiro

José de Matos Câmara

José de Matos Câmara

Alf. Tomás de Sousa e Silva Francisco Gonçalves Cordeiro

O Pe. Joaquim da Costa

Rezende

Manoel da Cunha Gamito

Félix Bento Viana

Ten. Domingos da Rocha Muniz

Ten. Joaquim de Araújo de Morais

Alf. Custódio Muniz de Araújo

Crispim Francisco Ribeiro

Ten. Manoel Vaz de Figueiredo

Simeão da Costa

José Machado da Silva

Brás Coelho

Agostinho Ferreira dos

Santos

Cap. Simão Roiz Delgado

Eusébio Gomes da Silva

Cap. Francisco Roiz Ferreira Cap. Manoel de Sousa Pinto

Sarg.-mor Francisco José Monteiro

O cap. Francisco Xavier da Costa

O sarg.-mor Simeão
Cardoso Paezes

Ten. Antônio Francisco de Mendes

Tomás de Sousa e Silva

1781-1782

1782-1783

1783-1784

1784-1785

1785-1786

1786-1787

1787-1788

1788-1789

1789-1790

1790-1791

1791-1792

1792-1793

1793-1794

1794-1795

1795-1796

1796-1797

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--
O mesmo

Ricardo de Sousa Pinto

Joaquim José Liete da Costa

O mesmo

O mesmo

José Caetano de Sousa

Manoel Francisco Correia

Ajud. Ângelo Custódio

Joaquim Antônio Munhoz

Alf. Manoel Antônio Pereira

Alf. Manoel Antônio

Pereira

Tomé Simões Peniche

Cap. Antônio José Alves

Alf. Antônio Correia dos

José Manoel Lobo

Cap. Francisco José Ribeiro

Joaquim Antônio Munhoz

Manoel da Costa Pinto

Cap. José Xavier de Oliveira

Cap. Francisco José Ribeiro

José Roiz Branco

Alf. Francisco Gonçalves Rocha


Ajud. Manoel Gomes Pereira

Cap. Manoel Alves Carneiro

Cap. Francisco Xavier dos Santos Borges

Cap. Ricardo de Sousa Pinto

Ten. Francisco Luiz de Paula

Alf. Manoel Francisco Correia

Manoel Gonçalves do Nascimento

Antônio José de Carvalho

G.-mor Vicente Ferreira de Oliveira

Cap. Francisco José Ribeiro

Cap. João Crisóstomo de Oliveira

Ten.-cor. Riicardo Carneiro dos Santos

Sarg.-mor Manoel Antônio da Costa

Jorge Vieira

Pedro Roiz Nunes

Francisco Alves da Cunha

Ten. João João Ferreira de Oliveira

Cap. Manoel de Miranda Couto

Ten. Amaro de Miranda Couto

Pedro Gomes Sobral

Vig. Joaquim da Costa Rezende

Ten.-coronel. Francisco Gonçalves Cordeiro

Alf. Luiz da Cunha Mendonça

Tem. Joaquim de Araújo de Morais

Pe. Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro

Manoel Vieira Espiga


Sarg.-mor Antônio José de Carvalho

Francisco Machado Bittencourt

Cap. Manoel Gonçalves do Nascimento

Agostinho dos Santos de Camargo

Ten.-cor. Ricardo Carneiro dos Santos

Cap. Pedro Roiz Nunes

Cap. João Crisóstomo de Oliveira

Cap. Ricardo de Sousa Pinto

1797-1798

1798-1799

1799-1800

1800-1801

1801-1802

1802-1803

1803-1804

1804-1805

1805-1806

1806-1807

1807-1808

1808-1809

1809-1810
1810-1811

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--

Santos

Joaquim Antônio Munhoz Bento Antônio da Costa

Cap. Inácio Lustosa de Andrade

Francisco Alves de Paula

Ajud. Antônio José da Costa

Cipriano Custódio de Araújo

Cap. Joaquim Antônio Guimarães

Ten. Antônio Gonçalves Rocha

Manoel Lobo da Silva Passos

José Roiz Antunes Alf. Manoel Francisco de Mendonça

Bento José de Siqueira

Ten. Florêncio José Munhoz

Vicente Ferreira Pinheiro

Cap. Manoel Alves Carneiro

O mesmo

O mesmo

Cap. José Luiz Pereira

O mesmo

Manoel Lobo da Silva Passos


Luiz Inácio de Oliveira Cercal

Cap. José Luiz Pereira

Alf. Manoel Francisco de Mendonça

José Estêvão de Siqueira

Ricardo Lustosa de Andrade

Alf. Ângelo Soares da Silva Cap. Antônio José Pereira

Cap. José Luiz Pereira

Francisco Antônio de Siqueira

Cap. Antônio Ferreira de Oliveira

Cap. Antônio da Silva Neves

Cap. José Roiz Branco

Alf. Manoel Franco Correia

Tem. Inácio Tavares Miranda

Ten. Francisco Luiz de Paula

Ten. Joaquim Antônio Munhões

José Caetano de Sousa

Manoel de Azevedo Couto

Capitão José Garcês de Morais

Sarg-mor Francisco Ferreira de Oliveira

Cap. Manoel Antônio Pereira

Ten. Antônio José de Araújo Cap. Joaquim Antônio Guimarães

Alf. Ângelo Soares da Silva

Vig. Joaquim Júlio

Sar.-mor Manoel Antônio da Costa

Pedro Gomes Sobral


Cap. Antônio Ferreira de Oliveira

Cap. Antônio da Silva Neves

Manoel Pacheco da Silva

Ten. Manoel Francisco Correia

Gaspar Gonçalves Rocha

Cap. Inácio Tavares de Miranda Cap. Francisco Luiz de Paula

Cap. José Roiz Branco

Cap. José Gonçalves de Morais

Cap. Joaquim Antônio Munhoz Cap-mor Manoel Antônio Pereira

Ten. Antônio José de Araújo

1811-1812

1812-1813

1813-1814

1814-1815

1815-1816

1816-1817

1817-1818

1818-1819

1819-1820

1820-1821

1821-1822
1822-1823

1823-1924

1824-1825

1825-1826

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--

Francisco Antônio Pereira

Manoel Lobo da Silva Passos

Cap. Antônio José Pereira

Cap. Pedro Antônio Munhoz

Alf. Joaquim Américo Ajud. José Antônio Pereira

Antônio José da Silva Manoel Inácio de Simas José Roiz Branco Júnior

Leandro José da Costa Alf. João Gonçalves Guimarães

Cap. João Manoel da Cunha

Antônio Pereira da Costa Vicente Ferreira Pinheiro

Vidal de Silva Pereira

João Alves Madeira

José Antônio Pereira

Cap. João Machado Lima

Antônio Leite de Magalhães

José Leandro da Costa

Antônio Gonçalves de Morais

Manoel Francisco dos Santos


Joaquim José de Araújo

Manoel Francisco dos Santos Manoel Francisco de Mendonça

Cap. João Manoel da Cunha Antonio Pereira da Costa

José Pinto de Amorim

José Fernandes Correia

Pedro Celestino de Oliveira

Joaquim José de Araújo

O mesmo

Ajud. Miguel Francisco Braga

Cap. Antônio José da Costa

Ten. Antônio Gonçalves Rocha

Cap. Francisco Alves de Paula

Leandro José da Costa

Ajud. Miguel Gonçalves de Miranda

José Gonçalves de Miranda

Cap. José Bernardes Munhoz Cap. Hipólito José Alves

Antônio Carlos dos Santos

Manoel Francisco dos Santos

Alf. João Antônio dos Santos

Cipriano Custódio de Araújo Sarg.-mor Bento Antônio da Costa

Manoel Lobo da Silva Passos

Pedro Martins

Cap. Joaquim Antônio Guimarães

Cap. Felipe Tavares de Miranda

Alf. Ângelo Soares da Silva

Cap. Antônio José da Costa


Cap. João Alves Cordeiro

Ajud. Miguel Francisco Braga

Leandro José da Costa

Ten. Antônio Gonçalves Rocha Francisco Alves de Paula

Ajud. Miguel Gonçalves de Miranda Cap. Hipólito José Alves

Ten. José Gonçalves de Miranda

José Bernardo Munhoz

Alf. João Antônio dos Santos

Alf. Antônio Câmara dos Santos

Sarg.-mor Bento Antônio da Costa

1826-1827

1827-1828

1828-1829

1829-1830

1830-1831

1831-1832

1832-1833

1833-1834

1834-1835

1835-1836

1836-1837

1837-1838

1838-1839

1839-1840
1840-1841

1841-1842

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--

Alf. Antônio Muniz da Costa

Ricardo José da Costa José Inácio de Simas José da Costa

José Luiz

Pedro Celestino de Oliveira

Cap. José Roiz Branco Jr.

(**)

José Luiz Pereira

O mesmo

O mesmo

Alf. João Antônio dos Santos Manoel Marques de Jesus

Joaquim José de Araújo

Antônio da Costa Bittencourt

Cap. Bento José da Cruz

Joaquim Américo Gonçalves Florêncio José Munhoz

Cap. José Ferraz Correia

Apolinário Antônio de Miranda


José Pereira da Luz

Joaquim José Tavares

Alf. Manoel Francisco de Mendonça

Pedro Martins

Manoel Lobo da Silva Passos Cap. Bento José da Cruz

Com. Joaquim Américo Gonçalves

Florêncio José Munhoz

Sarg.-mor José Roiz Branco

(*)

1842-1843

1843-1844

1844-1845

1845-1846

1846-1847

1847-1848

1848-1849

1849-1850
A maior parte destes Provedores se esmeraram nos seus anos em mandar fazer a festividade da
semana santa com toda a pompa e grandeza; e da mesma sorte a da festa grande em louvor do
SS. Sacramento principalmente a dos anos de 1808, 1812, 1818, 1820, 1826, 1831, 1837, 1840,
1847 e 1849. Mas entre todas estas foram a dos anos de 1812 e 1826 em que se fez o tristonho
ato do descendimento da cruz e que desde então até ao presente nunca mais um ato tão piedoso
de nossa santa Religião.

(*) Neste local está registrado com letra e tinta diferentes: Tenente-coronel Cipriano Custódio de
Araújo.

(**) Idem, idem: João Alves Bueno

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Laudate Virgo sacratii Maria Rosarii

Accede ad me est tangam te filii mi.

Genes. 27, 21.

Adoratus est Dominus adorem suavitatis.

Genes. 8, 21.

Sanguine quem fudit rebet hic Hiacentibus in horto.

Florete flores quasi lilicem quae data odorem.

Ecles. 39, 19.

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PRÁGRAFO QUINTO

2ª Irmandade de Nossa Senhora do Rosário

Descrição histórica desta Irmandade, sua antigüidade, deliberações de suas sessões; os


benfeitores que tem deixado legados, a série cronológica de seus principais membros, receitas e
despesas que teve em diferentes épocas, mostrando-se a prosperidade que têm tido.

65 _ É sem dúvida alguma que a instituição da Irmandade da Santíssima Virgem de Nossa


Senhora do Rosário dos brancos, foi a sua instituição mui antiga, talvez ainda do tempo do século
16º e muitos anos antes de ser Vila, quando era capela curada ou freguesia, porquanto se vê que
os povos de todos os lugares sempre tributaram a maior confiança e devoção aos santos que são
os padroeiros donde são habitadores; e as confrarias que neles se erigem sempre têm a
preferência aquele santo ou santa a quem se contempla com especialidade como seu orago e
protetor, e nesta consideração realmente verdadeira, fica demonstrada a razão porque esta santa
Irmandade da Senhora do Rosário de Paranaguá foi a primeira que nela se instituiu ainda mesmo
com a primazia da do SS. Sacramento. Os primeiros livros antiquários não existem pelos quais se
poderia esclarecer a real verdade, mas em uns fragmentos dos primeiros livros da Irmandade que
ora existem se encontra um termo feito pela mesa no 1º de outubro de 1699, um requerimento que
ela fez ao Vigário geral e Visitador do Bispado do Rio de Janeiro João de Sousa da Fonseca,
pedindo faculdade poder mandar fazer e ser rubricado um novo livro para servir na mesma, pelo
motivo de estar o primeiro livro "incapaz de se continuar a sua escrituração"; ora já se vê que este
primeiro livro deveria ter pelo menos 80 anos, que diminuídos a era em que a mesa fez o seu
requerimento, mostra-se ser a instituição da Irmandade na era de 1619; e vinte e nove anos antes
de que Paranaguá fosse erecta em Vila, que o foi no ano de 1648. Outra circunstância corrobora
esta verdade, pois olhando-se no inventário das alfaias que a mesma Irmandade possuía no
mesmo ano de 1699 se encontra entre diversos objetos ter a Irmandade um ornamento branco
com franjas de retrós "e duas casulas já usadas" e quantos anos elas teriam de exercício, para se
acharem num estado de velhice, certamente seria igual à do indicado livro antigo. A Irmandade da
Senhora do Rosário deveria ter o

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seu compromisso indicador das obrigações inerentes aos encargos de juiz e mais oficiais dela,
pois que até os próprios anuais que então se pagavam eram pela metade do valor dos que ora se
acham em vigor, porquanto o anual do juiz ou juíza era 8$ mil réis, o escrivão 4$ mil réis, os irmãos
de mesa uma pataca, e os irmãos singelos meia pataca. A Irmandade era organizada em duas
classes de irmãos: perpétuos e temporários.

66 _ 1702 Os que eram perpétuos se vê de uma lista que fez o Procurador Antônio do Rego
Barregão no ano de 1702, de haver 24 irmãos desta 1ª classe; e entre eles 6 capitães, 4 matronas
e uma escrava de nome Ana de Isabel dos Passos, singularidade admirável no século presente! A
segunda classe de irmãos temporários ou frausteiros por serem... moradores de outros distritos e
que seriam alistados temporariamente, por alguns anos por certa devoção, que teriam à mesma
Senhora e por isso não gozavam o nome de perpétuos.

67 _ 1706 _ No ano de 1706, a Irmandade tinha alistado no seu grêmio: 205 irmãos e irmãs. Os
rendimentos da Irmandade daquele tempo eram mui diminutos, como se mostra no esboço
seguinte:

No ano de 1699 foram seus rendimentos: 19$600.

No ano de 1700, se cobraram anuais dos irmãos perpétuos somente a quantia de Rs. 9$380 !

68 _ 1702 _ Em 1702 existiam na mão do tesoureiro 49$600, dos quais se havia despendido a
quantia de 24$600 réis, ficando líquido 24$300 réis que se aplicaram a fatura de um arcaz na
sacristia.

69 - 1706 _ Em 1706 a Irmandade fez de despesa 34$760.

Em 1710, foi a receita deste ano de 41$320 e a despesa andou em Rs. 55$280, fiando alcançada
com o tesoureiro, em 13$440; este alcance foi procedido da Irmandade ter pago a quantia de Rs.
13$440 ao sargento-mor Antônio Graça da despesa que fez do Breve Pontifício que a Irmandade
requereu a Roma a impetrar de Sua Santidade (1) a graça de conceder à Irmandade de festejar a
solenidade de sua Padroeira um tríduo solene com missa cantada e laus perene e vésperas,
concedendo indulgências aos irmãos, graça especial que a Irmandade obteve. Estando portanto a
Irmandade num estado de abatimento, como se mostra no esboço apontado, foi pouco e pouco
renascendo como a fênix de suas próprias cinzas; e no presente, qual águia real, vai remontando
cada vez mais ao cume de prosperidade como se verá no progressivo andamento das receitas e
despesas desde o ano de 1714, inclusive ao de 1849, onde aparecem as sus rendas anuais de
mais de 800$ mil réis. A provisão de 26 de junho de

(1) O Papa Clemente XI concedeu à Irmandade do Rosário por Breve de 4 de agosto de 1706, um
jubileu perpétuo.

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1727, passada pelo Ex.mo Bispo do Rio de Janeiro Dom F. Antônio de Guadalupe, aprovando o
novo compromisso da Irmandade, não foi este o da sua instituição e sim o reformador do antigo,
pois dele mesmo se vê que se dobraram os pagamentos dos anuais de todos os irmãos. Restando
por último exarar a história descritiva de todos os atos e deliberações que fez a Irmandade no
regime de sua prosperidade, mostrando-se quais tem sido e que tem deixado legados de bens de
raiz, dinheiro, e jóias de prata e ouro; em tributo da pia devoção que tinham a sua excelsa
padroeira e especial advogada, que ante o trono do Altíssimo sabe interceder nas maiores aflições,
quando as padecem os seus validos paranagüenses.

70 _ 1699 _ Em 1º de outubro do ano de 1699, congregando-se a mesa da Irmandade de Nossa


Senhora do Rosário, deliberaram fazer um requerimento ao Vigário geral e Visitador do Bispado
João Rodrigues da Fonseca, pedindo a faculdade dela poder fazer outro livro novo e ser rubricado
para o uso da Irmandade, visto que o primeiro estava incapaz de se continuar a sua escrituração.
No mesmo ano fizeram a relação dos ornamentos e alfaias que a Irmandade então possuía e por
memória aqui vão exaradas, as quais eram as seguintes: "1 sino novo, 1 cruz de prata com manga
de damasco, 1 cruz de pau, 1 guião de tafetá branco, 4 castiçais de pau, 4 dourados singelos, 1
ornamento branco com franja de retrós, 2 casulas já usadas, 7 mantos da Senhora sendo um de
tela, 1 pálio de seda, 5 toalhas de linho e 1 panículo do altar, 5 toalhas de ombros e 7 toalhas de
altar de algodão e 1 de ombros, 1 peça de panículo em ser; 2 frontais usados, 7 opas de sarja
branca de bom uso, 1 zambel, 2 lanternas, 2 castiçais de estanho, 1 frontal de sufiel com franja de
retrós, 4 guardas!!!"

71 _ 1702 _ Sendo tesoureiro da Irmandade Antônio do Rego Barregão, fez o assento dos irmãos
perpétuos que havia na mesma confraria que eram: o Capitão Manoel da Costa Veloso, Marcelino
Barbosa, Manoel de Paiva, o Capitão José Dias de Sampaio, o Capitão Inácio do Canto, Francisco
Luiz Gonçalves, Luzia Teixeira, Ana Moreira, João de Almeida Ferreira, Luzia Teixeira, Isabel
Ribeira, Antônio Rodrigues Antunes, Ana, escrava de Isabel dos Passos, Francisco Machado,
Bárbara de Sousa, Pascoal Rodrigues, o Capitão João Tavares de Miranda, Simão Borges, José
Pinto de Siqueira, Manoel Dias Franco, Capitão Miguel Luiz, Martinho da Fonseca e sua mulher
Isabel Teixeira.

72 - 1705 _ Em 18 de outubro, congregou-se a mesa da Irmandade a tomarem contas ao


tesoureiro e acharam a quantia tanto do que tinha recebido, como parte do ano passado importar a
quantia de Rs. 33$920, que juntos à quantia de Rs. 29$260 importa tudo: 63$180 que entregou ao
novo tesoureiro.

73 1706 _ Em 15 de abril, congregando-se a mesa em conformidade do despacho do Visitador


Gaspar Gonçalves de Araújo se achou haver em poder do tesoureiro João Pereira de Lima a
quantia de Rs. 16$000 dos quais deu o tesoureiro a despesa baixo declarada o qual assinou o
termo, com uma cruz +; e como juiz e procurador André Gomes Marques e Antônio Rodrigues
Antunes.

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Notabilidade da despesa que a Irmandade fez nesse ano de 1706 a seguinte:

Por feitio das grades a Manoel Fernandes $480 Idem por meia vara de pano de linho e 1 meada de
1ª $480 Idem por uma vara de fita de seda $640 Idem por duas grades mais $640 Idem 11 varas
de pano de linho, para 2 toalhas a 480 5$280 Idem 2 meadas de linhas $320 Idem por 1 meada
mais $160 Idem 67 oitavas de prata para a cruz do guião 11$680 19$680

Dinheiro que existia em mão do tesoureiro João Pereira

de Lima 16$000 Alcance que teve a Irmandade 3$680

1706 _ E 5 de outubro de 1706, congregou-se a Irmandade para tomar as contas ao tesouro, e são
as do teor seguinte:

Receita

Acharam que o tesoureiro cobrou dos irmãos de mesa 3$840 Idem anuais de 188 irmãos que
pagaram 30$080 33$920 NB Ficaram devendo 17 irmãos $ Importe da despesa em frente Rs
37$820 Alcance 4$100

Assinaram o tesoureiro João Pereira de Lima com uma + cruz, e Antônio Rodrigues Antunes.

Despesa

Do rendimento cobrado até hoje 5 de outubro de 1706

Importe de 2 velas do reino $160 Idem 3 centos de andilha a 200 $600 Idem 1 mão de papel $320
1 capela de missas 16$000 16 oitavas de trincal a 200 3$200 5 varas de fio de arame a 40 $200
Idem feitio de 3 purificadores e fita $400

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Idem feitio de lavrarem 3£ de cera $240 Idem feitio do pau para a cruz $700 Idem feitio da cruz
parede e do guião a Manoel Fagundes 16$000 37$820

75 _ 1702 _ Em 12 de janeiro congregou-se a mesa na casa do reverendo Visitador e Ouvidor da


vara eclesiástica o Padre Domingos Gonçalves Padilha, por comissão do reverendo Visitador o
Cônego Antônio de Pina, para tomar conhecimento das contas da Irmandade, e sendo
apresentado o livro dela, se viu que existia na mão do tesoureiro Antônio da Silva de Magalhães a
quantia Rs. 49$000 que havia rendido; e tinha feito de despesa para ajuda de um arcaz que se fez
na sacristia da igreja matriz para se recolherem os ornamentos: 24$600

ficando líquido a favor da Irmandade: 24$300

1710 a 1711 _ Neste ano foi Juíza Paula da Fonseca, escrivão o sargento-mor Antônio Garcia,
tesoureiro Francisco Cardos, procurador Antônio Rodrigues Antunes.

Despesa

Que fez a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do ano de 1710 ao de 1711:

76 - 1 capela de missas ao vigário 16$000 Idem dinheiro que se deu ao sargento-mor Antônio
Garcia,

que se lhe devia do Breve que mandou vir de Roma 19$840 Idem dinheiro que se deu par
acrescentamento de umas

galhetas que se mandaram buscar à Vila de Santos,

conforme o recibo de João Francisco de Menezes 4$800 2£ de velas de cera e fio $560 Idem de
sabão da lavagem de roupa $640 Rs. 41$840

Receita

Dinheiro que recebeu do tesoureiro Gonçalo da Silva. 37$360 Idem de 10 irmãos de mesa a 320
3$200 Idem de ditos que pagaram de anuais 14$720 Rs. 55$280

Saldo a favor da Irmandade Rs. 13$440

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Assinados: Manoel Gonçalves Carreira, Manoel Gonçalves de Siqueira, João da Veiga Siqueira.
77 _ 1712 _ Em 4 de outubro de 1712 para tomar contas ao tesoureiro, haver de receita a quantia
de Rs. 66$780, cobrando-se os anuais de 230 irmãos, sendo a despesa de Rs. 37$220 inclusos na
mesma a quantia de Rs. 7$920, que a Irmandade pagou a Antônio da Silva Borges fez de gastos
no Rio de Janeiro na prontificação dos papéis do Breve, e assinatura do Ex.mo Bispo; e assinaram
esta ata Manoel Gonçalves Carneiro, Pedro da Silva Pereira e Antônio Garcia.

78 _ 1715 _ Em 29 de dezembro a Irmandade foi congregada para deliberarem sobre o fazer-se


oferta de Nossa Senhora; e remeteram 40$ mil réis par o Rio de Janeiro, por via do capitão Manoel
Gonçalves Carreira para a compra de velas de cera!

79 _ 1716 _ Em 13 de fevereiro deliberaram que se mandasse buscar ao Rio de Janeiro a cera


para a festividade da Senhora para o que mandaram 30$ mil réis para se comprar velas de cera,
para a mesma solenidade; e igualmente deliberaram a necessidade que havia de se mandar
buscar a Portugal uns ornamentos brancos e outras coisas, por isso determinaram ao tesoureiro
fizesse as cobranças.

80 _ 1717 _ Em 13 de maio a mesa foi congregada e na mesma foi exibida a quantia de Rs. de
50$000 que devia à Irmandade Manoel Pereira da Luz que tinha em seu poder a juros de um
quarto por cento!! Os quais importavam em Rs. 4$020, entregando com eles 54$020 réis.

81 _ 1719 _ Em 30 de outubro, trataram de tomar as contas ao tesoureiro Manoel Moreira,


deliberando-se levasse e conta as 97½ oitavas de ouro, e que junto as 140¾ de ouro, que também
tinha em seu poder da receita do ano transato, somavam as duas parcelas em 240 oitavas, as
quais foram remetidas por deliberação da Irmandade para Lisboa, para serem empregados em um
ornamento branco, ficando o tesoureiro desonerado, existindo unicamente em ser a quantia de Rs.
18$850. Assinaram a ata: Manoel Moreira Barbosa, Antônio da Silva Ilha, Manoel Gonçalves
Carreira, Francisco Vieira Barreto, Manoel do Vale Pinto (1), André Benito, Amaro da Rocha, José
Vieira Figueiredo, Tomás Pinto dos Reis.

82 _ 1720 _ Sendo congregada a mesa (no mês de outubro) para o efeito de tomarem as contas
ao tesoureiro, que as deram por boas e na mesma

(1) Manoel do Vale Porto.

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sessão o tesoureiro Manoel Gonçalves Carreira apresentou em mesa a importância do rendimento


que tiveram as 240 oitavas de ouro em pó, pela ordem que lhe dera a Irmandade de o remeter par
Lisboa a José Valentim Viegas, as quais foram vendidas na mesma Cidade de Lisboa, e pelo
mesmo

José Valentim Viegas, seu correspondente ao preço por cada oitava

a 1560 355$152

Idem de comissão 7$228

362$380
Rebate a dever ao mesmo José Viegas para o andamento da

conta do ornamento e conforme as quais se lhe mandou pagar a

conta 48$285 entregar nesta Vila a André Machado Pereira, por ordem que teve do dito como
avanço de 25 prazos que importam 60$150 e que são a sobra que o tesoureiro há de entregar.

Conta do ornamento que remeteu de Lisboa José Valentim Viegas, a saber:

1 ornamento de damasco branco franjado de ouro, exceto o guião que é franjado de retrós a saber:
1 casula, 1 frontal, 1 capa de asperges, 2 dalmáticas com 1 pano de púlpito, manga de cruz, pano
de estante e 1 guião, que tudo importou na dita Cidade 374$037

6 castiçais de latão com 49 libras 29$400

403$437

83 _ 1752 _ Em 2 de outubro e na sessão dela deliberaram que a Irmandade não tinha um


ornamento suficiente que pudesse servir em suas festividades e que se mandasse buscar ao Rio
de Janeiro um ornamento inteiro a saber: 1 casula, dalmática, capa de asperges; e que se pedisse
ao juiz da Irmandade, o Capitão Manoel Gonçalves Carreira que o mandasse buscar para a
Irmandade lhe ir pagando anualmente do que se encarregou; e a sua esmola a daria depois em
algum desconto e logo pelo tesoureiro lhe foi entregue a quantia de Rs. 30$453 líquido, que tinha
ficado das contas dos anos antecedentes.

84 _ 1754 _ Em 13 de junho foi congregada a mesa e nela compareceu José Carneiro dos Santos
e por ele foi requerido em nome de sua constituinte, Dona Maria Pinheira França, que ele tinha
entregado um órgão ao tesoureiro desta Irmandade, que a sua constituinte o tinha mandado buscar
ao Rio de Janeiro, e dado por esmola à Irmandade; e requeria em nome dela sua constituinte
fizessem dele aceitação de que se tocaria o dito órgão nas missas dos sábados de Nossa Senhora
e no tríduo de sua festa e primeiras domingas da Senhora, e em todas as festas e funções do
Santíssimo Sacramento, e querendo os juízes das mesmas Irmandades, ou os mestres da capela
tocar o mesmo órgão em suas funções ou festividades de outro qualquer santo, que então desse
de esmola ao tesoureiro duas patacas por cada festividade; e não querendo dar a esmola, então se
não tocaria, só sim nas duas Irmandades como se leva declarado.

85 _ 1756 _ O Doutor Ouvidor Jerônimo Ribeiro de Magalhães proveu que

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à folha 120 Vº na revisão que fez nas contas da Irmandade que constava que José Fernandes da
Costa era a dever à Irmandade 6$400 réis, e mais 56 oitavas de ouro, e se pusesse a mesma em
cobrança..

86 _ 1757 _ Em 9 de outubro se propôs em mesa que o tesoureiro tivesse cuidado em procurar


uma promessa de 5 doblas que o falecido Damião Carvalho da Cunha deixou à Irmandade para as
aplicar em 2 anjos para ornato de Nossa Senhora do Rosário.
87 _ 1758 _ Em 6 de outubro, foi congregada a mesa e na mesma fizeram carga ao tesoureiro do
recebimento de um cordão de ouro, com o seu crucifixo contendo o peso de 163½ oitavas. Oferta
que fez a Nossa Senhora em 24 de outubro de 1756, o Capitão Manoel Gonçalves Carreira, muito
de sua livre vontade e de sua mulher Catarina da Silva, pela grande devoção que tinham à Virgem
Santíssima da Senhora do Rosário, e que faziam doação de ditas peças de ouro, de hoje para todo
o sempre à Irmandade e servirem de ornato à mesma Senhora, não havendo necessidade precisa
da mesma e que só em mesa e com o parecer dela poderiam fazer o que fosse mais conveniente
para o serviço da mesma Senhora, honra e glória de Deus.

88 _ 1765 _ Em 8 de outubro, congregada a mesa, se propôs sobre a deixa da falecida Dona


Joana Rodrigues França que fazia à Irmandade da quantia de Rs. 600$000 com a obrigação da
mesma mandar dizer por sua alma uma missa em todas as sextas-feiras do ano e caso a
Irmandade não quisesse aceitar esta dádiva, que então a doaria ao Doutor dos Santos Soares seu
marido; e mais uma fazenda de gado que tinha na Vila de Curitiba, mas a Irmandade não
concordou, por argumentarem uns que a deixa era boa, e outros que não, pela grande pensão em
que a Irmandade ficava; afinal por última decisão fizeram sortes, para que Nossa Senhora
determinasse qual fosse a sua vontade; e assim abriu-se por sorte que não se recebesse a mesma
deixa dos Rs. 600$000, que a doadora dava, e assim todos os irmãos concordaram a que não
convinha aceitar-se pela grande pensão que contraía; e para constar mandaram fazer esta
declaração na qual assinaram: o irmão o Padre Maurício Gonçalves Ramos, por ele e em lugar da
Juíza, João Pereira do Ó, Domingos Cordeiro Matoso, Francisco Pires Antunes, José Joaquim
Pinto de Castro.

89 _ 1765 - Em 8 de outubro, congregada a mesa na mesma sessão da antecedente, o Padre


Antônio Carvalho foi por ele entregue à Irmandade uma morada de casas que lhe deixou Francisca
Ribeira de Araújo, pela verba de seu testamento, cujas casas eram na rua da Ribanceira, partindo
de uma parte com as casas de Gabriel Fernandes, na rua da Venerável Ordem 3ª desta Vila,
cobertas de telha e paredes da rua de pedra; e outrossim a Irmandade também tomou posse de
uma alva de renda, com seu amito e de cambraia bordada; e outrossim por parte do Doutor Mateus
da Costa Rosa: 1 cruz pequena de diamantes, com um par de brincos de diamantes, com o peso
de 3 oitavas, e ambas as peças continham 19 mosquitos de diamantes, e outrossim por parte de
Catarina da

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Silva, também foi entregue à Irmandade um par de brincos grandes de aljôfar, com o peso de 5
oitavas, e de tudo ficou entregue à Irmandade de que para constar, se lavrou a competente ata.

90 _ 1766 _ Em 5 de janeiro foi congregada a mesa da Irmandade onde compareceu o Doutor


Antônio dos Santos Soares como testamenteiro da falecida sua mulher, Dona Joana Rodrigues
França; e por ele foi declarado que a mesma tinha deixado em seu testamento de esmola de Rs.
100$000, que gratuitamente dava à Irmandade, que se achavam entregues pelo termo de sua
quitação e assim mais tinha deixado ao mesmo testamento Rs. 600$000 réis para a Irmandade
mandar dizer todas as sextas-feitas do ano uma missa pela tenção da doadora, que no ano faz
uma capela de missas dos réditos do mesmo dinheiro, cuja quantia oferecia sendo que lhe
quisessem aceitar com a manifesta condição, aliás, para substituição desta deixa no dito
testamento, o que ouvido pelos oficiais da mesa e mais irmãos que para este fim foram
convocados e atendendo que este dinheiro se podia dar a prêmio ou a juros, e se mandasse a
dizer as missas com os réditos dele, uniformemente deliberaram se aceitasse o mesmo legado de
Rs. 600$000, com a manifesta pensão de que a Irmandade mandaria dizer a referida capela de
missas e sendo assim concordado pelo dito, Doutor Antônio dos Santos Soares exibiu em dinheiro
a quantia de Rs. 600$000 em dinheiro corrente deste reino, de que lhe mandaram passar quitação
pela dita mesa, assinada para sua clareza e na mesma entregaram os 600$ mil réis ao tesoureiro
que este presente ano serve João da Silva Pinheiro, para logo se utilizar em pôr a dita quantia a
juros em boa segurança de hipoteca e fiadores, assim nos juros como no capital, tendo o cuidado
por si e seus sucessores de arrecadar anualmente os ditos juros, e que de hoje em diante
mandasse dizer em todas as sextas-feiras do ano, na igreja paroquial desta Vila, no altar de Nossa
Senhora, a missa por tenção da dita falecida doadora, que na mesma os tesoureiros e seus
sucessores muito lhe parecerem, cobrando recibo delas para se lhe levar em conta, nas que der de
ajuste e pela mesma também foi ordenado que andasse sempre a juros todo o dinheiro, e para
clareza mandaram lavrar este termo.

91 _ 1766 _ Em 2 de dezembro, congregando-se a mesa, deliberou depois de ter obtido a


competente licença do provedor das capelas, que o tesoureiro vendesse várias peças de ouro,
desnecessárias ao ornato da Senhora, pelo maior preço que pudesse.

92 _ 1767 _ Em 6 de janeiro congregou-se a mesa e deliberaram que se mandasse buscar ao Rio


de Janeiro um papaio (papagaio) ou tapete para servir de alcatifa em razão de ser muito
necessário.

93 _ 1767 _ Em 15 de outubro, congregada a mesa para o efeito de tomada de contas ao


tesoureiro constando existir 39 oitavas de ouro lavrado, que estavam de penhor pertencentes ao
crédito que devia Francisco Pereira Lobo.

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94 _ 1771 _ Em 23 de junho foi congregada a mês com a presidência do Vigário da vara o Padre
Francisco de Meira Calassa, em lugar do juiz, e trataram sobre a cruz de prata da Irmandade, que
se achava danificada e incapaz de servir e concordaram que se mandasse para o Rio de Janeiro a
ser reformada novamente e fazer-se à moderna e com a perfeição devida com sua hástea de prata
a qual pesou 362 oitavas de prata, e também se lhe ajuntassem as duas coroas velhas de prata, e
o par de galhetas com o seu prato, que pesaram 112 oitavas; e para o pagamento do feitio dela
remeteu-se juntamente a quantia de Rs. 51$200 indo por conta e risco da Irmandade.

95 _ 1776 _ Em 10 de dezembro, organizada a mês da Irmandade, foi proposto a necessidade que


havia de se fazer o conserto na morada de casas da Irmandade sitas na rua do Rosário, que vai da
matriz para o colégio; e assim que se vendessem algumas jóias de ouro desnecessárias ao ornato
da Senhora, obtendo-se primeiro a competente licença do provedor das capelas.

1776 _ Em 22 de dezembro do mesmo ano foi congregada a mesa da Irmandade e sendo nela
apresentada a competente licença do provedor das capelas, deliberaram que o tesoureiro
vendesse as peças de ouro, desnecessárias ao ornato da Senhora pelo maior preço que pudesse
alcançar.

96 _ 1777 _ Em 6 de janeiro foi congregada a mesa da Irmandade e nela deliberaram que se


mandasse buscar, ao Rio de Janeiro um papagaio (julgo seria o que hoje chama tapete) para servir
de alcatifa em razão de ser muito necessário.

97 _ 1778 _ Em 17 de janeiro foi congregada a mesa da Irmandade e na mesma se apresentou o


procurador da Venerável Ordem 3ª de S. Francisco das Chagas, pedindo um empréstimo da
quantia de duzentos mil réis à Irmandade para concluírem a obra da nova capela que estavam
fazendo e para segurança do mesmo dinheiro hipotecavam as obras da mesma capela e davam
para fiador o seu ministro o Capitão Antônio da Silva Braga, com o que concordaram no dito
empréstimo.

98 _ 1778 _ Em 15 de junho propôs-se em mesa ser necessário consertar-se as casas que foram
do Capitão Aniceto Borges, e que melhor seria feita a obra de empreitada pela quantia de Rs.
21$000 com que se tinha justo com o carpinteiro Antônio Soares e deliberaram que assim se
fizesse.

99 _ 1781 _ Em 19 de dezembro congregou-se a mesa da Irmandade e nela se apresentou o


procurador o guarda-mor Manoel Antônio da Costa a entregar um ramalhete de diamantes e outras
pedras preciosas e mais dois castiçais de prata com o peso de 7 marcos, que tinha deixado em
verba de seu testamento Dona Antônia da Cruz França, a esta Irmandade de que se fez entregue
ao novo tesoureiro, o guarda-mor Antônio da Silva Neves do que se lavrou termo.

100 _ 1782 _ Em 7 de outubro congregando-se a mesa nela apresentou o músico mestre da


capela um requerimento que fez ao Doutor Provedor requerendo que a Irmandade desde a sua
criação pagava pela festividade à mesma música

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sete mil réis, pelo tríduo, vésperas e procissão, estipêndio mui diminuto para pagamento de
músicos, e dos instrumentos e que no tríduo que se fazia no colégio, todos os anos se lhe pagava
uma dobra pelo mesmo tríduo somente, à vista do que se lhe arbitrasse o estipêndio conforme o
estado da terra, do qual obteve um despacho a favor do Doutor Ouvidor e provedor das capelas, o
Dr. Barbosa. A mesa concordou unanimemente em não darem cumprimento ao mesmo despacho
pela razão de não serem primeiramente ouvidos para darem suas razões e depois então se
cumpriria o que o provedor mandasse.

101- 1782 _ Em 15 de agosto foi congregada a mesa para tratarem da festividade da Senhora, e
na mesma deliberaram que dali em diante, fosse principiado o mesmo tríduo nos dias sexta,
sábado e domingo, ficando o mesmo compreendido nos nove dias de sua novena, quando antes
este tríduo principiava sábado, domingo e segunda, avançando além do domingo um dia da outra
semana, causando esta prática grande transtorno aos povos que se queriam recolher a seus sítios,
a trabalharem! Não aparece a Bula do Pontífice por onde a Irmandade obteve esta graça, em
louvor e glória da mesma Senhora, mas consta que no ano de 1775, foi feito o tríduo à mesma
Senhora, contando as missas dele o reverendo Padre Bento Gonçalves Cordeiro como se vê no
livro das certidões de missas; a esse tempo governava a cadeia pontifícia Clemente XIV.

102 _ 1800 _ Em 8 de outubro foi congregada a mesa da Irmandade e nela deliberaram que a
morada de casas que a mesma Irmandade tinha em Morretes além de serem de pau a pique e
desconsertadas e seus aluguéis não cobriam as despesas e assim acharam ser melhor fossem
vendidas.

103 _ 1808 _ Em 4 de outubro foi congregada a mesa da Irmandade e achando-se presidindo nela
o reverendo Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro como juiz da festa, pelo mesmo foi
entregue à Irmandade o legado que tinha deixado em verba de seu testamento a falecida sua irmã
D. Rosa Ana Maria, das seguintes jóias: 1 lucrece de ouro e diamantes com o peso de quatro
oitavas e meia;
1 par de brincos de ouro e diamantes com o peso de três oitavas e 9 grãos para com eles se
ornarem as imagens de Nossa Senhora do Terço desta matriz;

2 cordões de ouro de braço com o peso de 26 oitavas para com eles ornarem os braços da mesma
Senhora, quando for em procissão no dia de sua festa, com a condição de não serem em tempo
algum empenhados ou vendidos por qual pretexto que haja;

1 saia de seda encarnada e com ela se ornar a carola da mesma Senhora no dia da procissão de
sua festa, com a condição de não servir para outro uso na mesma igreja, nem para fora dela, nem
mesmo em uso profano;

2 castiçais de prata com o peso de três libras e meia para a mesma Irmandade e serviço da
Senhora sem saírem da matriz;

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2 coroas de prata com o peso de 154½ oitavas para a Irmandade pôr na cabeça da Senhora e do
Menino Deus, a qual coroa do mesmo é dourada.

O que tudo a testadora tinha deixado a ele para o fazer entregue, do que se lavrou este termo

104 _ 1808 _ Em 8 de outubro se congregou a mesa da Irmandade e nela se apresentou o Padre


Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro e por ele foi entregue à mesma as jóias seguintes:

1 cordão de ouro grosso, com o peso de 57 oitavas para com ele ornar nos dias festivos a imagem
de Nossa Senhora do Rosário no nicho do altar-mor, pondo-se-lhe ao pescoço, que tudo doava à
mesma Irmandade, tanto por sua parte, como da falecida de sua irmã Dona Rosa Ana Maria com a
condição de nunca serem vendidos, porém caso que aconteça suceder vender, meus escravos os
poderão ir buscar e tomarem conta do seu produto, e dispor em sufrágios por minha alma; e
outrossim nunca o cordão poderá servir em coisa profana; e de como fez entrega, se mandou
lavrar este termo.

105 _ 1809 _ Em 9 de dezembro foi congregada a mesa e na mesma se apresentou o reverendo


Vigário da vara o Padre João Carneiro dos Santos, dizendo que vinha entregar os bens que o
falecido Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro tinha deixado em verba de seu testamento à
Irmandade:

2 moradas de casas, uma defronte à igreja e outra na rua da baixa, uma com o nº 88, no valor de
Rs. 150$ mil réis e outra com o número 184, no valor de Rs. 180$000 mil réis;

1 caixilho e cordões finos de ouro no valor de Rs. 60$000 réis; declarou que o caixilho tinha 2
voltas de cordão, perfazendo tudo a quantia de Rs. 430$600, e tudo foi recebido pelo irmão
tesoureiro o alferes Antônio Vieira dos Santos, de que se mandou lavrar este termo.

106 _ 1810 _ Em 24 de abril de 1810 foi reunida a mesa da Irmandade e pelo tesoureiro foi
apresentada uma verba do testamento com que tinha falecido o falecido Padre Antônio Gonçalves
Pereira Cordeiro, que doava de esmola a Nossa Senhora do Rosário, a quantia de Rs. 100$000
para se desmanchar e fazer de novo a coroa da mesma Senhora e do Menino, e atendendo à
mesma Irmandade que pela provedoria dos resíduos, se havia de mostrar cumprir a esta verba
como também examinando os irmãos da mesa o estado em que se achavam as ditas coroas, e
viram que estavam quebradas, concordaram com o tesoureiro que já tinha em seu poder a esmola
que o juiz da festa o irmão o Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos, que recebeu as
mesmas coroas, ficando de as mandar para o Rio de Janeiro por conta da Irmandade para virem
feitas de novo, obrigando-se a mesma a pagar algum excesso de despesa que com elas se
fizessem.

107 _ 1810 _ Em 12 de agosto foi reunida a mesa da Irmandade; agora se descreve os privilégios
e as prerrogativas que teve, e a renhida disputa entre a jurisdição eclesiástica e a real, e finalmente
os deveres que lhe são inerentes a

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ela cumprir, seu compromisso e estatutos que lhe servem de regime e foram organizados em 12
capítulos e aprovados pelo Ex.mo Bispo do Rio de Janeiro Fr. Antônio de Guadalupe, por provisão
do 1º de dezembro de 1727. Sua corporação é regida por um juiz, 1 escrivão, 1 procurador e 1
tesoureiro e mais doe irmãos da mesa eleitos anualmente a votos da mesma Irmandade conforme
ordena seu compromisso nos capítulos 2º, 3º, 4º. O juiz ou juíza seus anuais são 8$ mil réis;
escrivão 4$ mil réis e os doze irmãos da mesa duas patacas, e os irmãos singelos uma pataca,
conforme o artigo 5. Os encargos que a Irmandade em a cumprir de sua parte são: mandar cantar
uma missa nas primeiras domingas de cada mês, chamadas vulgarmente as onze domingueiras,
aplicadas pelas almas dos irmãos vivos e defuntos; e no fim com procissão à roda do cruzeiro, a
que são obrigados os irmãos a assistirem; e cada irmão da mesa ornar o altar conforme puder em
cada domingo conforme o capítulo 4º; mandar dizer mais uma capela de missas, nos dias de
sábados no altar da Senhora por tenção dos irmãos vivos e defuntos, por ser altar privilegiado;
mandará dizer por cada irmão ou irmã que falecerem quatro missas, como ordena o capítulo 7º; os
encargos obrigatórios que em a cumprir pelos recebimentos de legados que alguns falecidos
benfeitores deram são: uma capela de missas anualmente em cada sexta-feira de cada semana
aplicadas pela alma da falecida Dona Joana Rodrigues França, mandar dizer 4 missas em cada
ano no dia do tríduo ou da festividade de Nossa Senhora e no seu altar, aplicadas pelas almas dos
falecidos Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro, e de sua irmã D. Rosa Ana Maria. No ano de
1849 esta Irmandade contava em seu grêmio 1.053 irmãos e irmãs. É possuidora de 5 prédios
urbanos na cidade. Tem diversas quantias de dinheiro, em mãos particulares, vencendo prêmio
muitas jóias de prata e ouro como se verá no inventário do mapa nº 12, mas uma fatalidade
acontecida no ano de 1846, de roubarem a coroa grande de ouro da Senhora e a do Menino e
mais um rosário grande que também tinha com as quais se costumava a ornar em suas
festividades cujo roubo foi feito no dia depois da festa da Senhora. Esta santa Irmandade teve o
merecimento e a glória de obter um Breve do Pontífice de Roma, Clemente XI, datado a 4 de
agosto de 1706, concedendo aos irmãos dela muitas graças e indulgências.

Outro Breve também alcançaram de Roma para a concessão da Irmandade fazer a festividade da
Senhora com um tríduo com missa cantada e laus perene o qual não aparece, sendo concedido
por Clemente XIV, e teve começo o mesmo tríduo no ano de 1775, cantadas as missas pelo Padre
Bento Gonçalves Cordeiro. Suposto que o Bispo do Rio de Janeiro Dom Fr. Antônio de Guadalupe,
em sua provisão que passou, confirmando os estatutos do seu compromisso, tacitamente declarou:
"Hei por bem de os confirmar como por esta nossa provisão confirmamos os ditos doze capítulos
deste compromisso, com a cláusula de que em presença do reverendo Vigário farão termo
assinado em mesa, de em tudo, se sujeitarem à jurisdição eclesiástica, para poderem gozar das
indulgências plenárias,
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privilégios e graças espirituais, concedidas pelo Sumo Pontífice Paulo V, conforme as


constituições de Paulo III".

108 _ 1727 _ Em 27 de dezembro, reunida a mesa em presença do reverendo Vigário desta matriz,
Antônio Pinheiro Machado, convocados em mesa os irmãos da nova Irmandade de Nossa Senhora
do Rosário, padroeira desta Vila, foi apresentado este compromisso que para mais veneração da
mesma Senhora impetraram do mesmo Senhor Bispo desta Diocese Dom Fr. Antônio de
Guadalupe, que fosse servido conceder e para poderem gozar dos grandes privilégios, aceitavam
e se sujeitavam à jurisdição eclesiástica, por este termo que fizeram e assinaram, para que conste
a todo o tempo, e eu Pedro de Sousa Pereira, escrivão desta Irmandade, que o escrevi e assinei,
Antônio Pinheiro Machado, Vigário, Tomás Dias Maciel, Francisco Pereira, Pedro de Siqueira,
Francisco da Costa Farto, Afonso da Silva, Manoel Moreira Barbosa Cordeiro.

109- 1736 _ Achando-se a Irmandade pacificamente sujeita e subordinada à jurisdição eclesiástica


no espaço de 14 anos desde 1727, até o de 1736, em que fez correição na Vila de Paranaguá, em
22 de setembro de 1736, o Doutor Ouvidor da Irmandade, exarando o direito que tinham os
provedores, a revisarem as contas das Irmandades e não os visitadores eclesiásticos, por te vindo
em 28 de agosto daquele ano o Visitador a Paranaguá Francisco da Fonseca, o qual proveu
pedindo que os ouvidores e corregedores não quisessem prover, nesta Irmandade, pela posse em
que estavam de tomarem as contas dela, pela ordenação titular 62 § 3º pois que a Irmandade tinha
sido erecta pela Provisão do o governador do Bispado de.....de junho de 1727, e que a mesma
desde aquele tempo, é que tinha tomado forma de Irmandade, como se via do compromisso e a
sua incompetência dos provimentos de Doutor Ouvidor, Antônio dos Santos Soares, pois que só a
eles pertenciam tomar contas e das mais confrarias. Desde este provimento principiou um renhido
conflito e combate de jurisdição entre o poder Real e o eclesiástico sustentado doutamente e
anualmente por espaço de 15 anos, nas ocasiões de suas visitas e correições lide judiciosa e digna
de se ver, em os ditos provimentos nos livros da Irmandade do Rosário.

110 - 1741 _ Em 1741, o Doutor Ouvidor Antônio dos Santos Soares, no seu provimento lamenta o
estado da Irmandade, achar-se no empenho da Rs. 117$900 rs. havendo por isso a necessidade
dos irmãos pagarem seus anuais para se poder fazer a festa da padroeira, e orago da Irmandade.

111 _ 1742 _ Vindo a Paranaguá o Visitador Antônio Pereira Coimbra e escreveu nos livros da
Irmandade, exarou um grande provimento e nele alegando todo o direito eclesiástico e mostrando
a jurisdição que lhe competia de tomar as ditas contas e de as rever.

112 _ 1743 _ Em 21 de janeiro o Ouvidor e Corregedor Gaspar da Rocha Pereira reviu os livros da
Irmandade e achou ela estar empenhada em Rs 117$000 e que agora via ser seu empenho em Rs
287$344 e que por isso em poucos anos se veria extinta e mandou transcrever no livro a provisão
régia de 21 de

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janeiro de 1734.

113 _ 1744 _ Em 8 de fevereiro foi reunida a mesa a passar a examinar as contas da Irmandade
sobre o alcance em que se achava, mesmo em respeito ao provimento do ouvidor, e no seu exame
de mesa só encontrou o pequeno empenho de 59$090 réis, e não a quantia de Rs. 287$000 a ela
assistiram e assinaram. Gaspar Gonçalves de Morais, Manoel Moreira Barbosa, Antônio Ferreira
Matoso e outros homens principais e de maior representação de Paranaguá.

114 _ 1745 _ O Doutor Ouvidor Antônio dos Santos Tavares em sua correição de 24 de maio,
escreveu no livro da Irmandade um sábio provimento e digno de se poder ver, e nele mostrou o
direito Real em primazia ao Eclesiástico, relativamente sobre tomadas de contas as Irmandades e
que este direito só pertenciam aos ouvidores como provedores das capelas e não aos visitadores;
e ao mesmo tempo fazendo um grande elogio à Irmandade tecendo-lhe mil louvores e que agora
ela marchava para o seu engrandecimento e não que a visse decaída e atacando fortemente aos
visitadores e que essa jurisdição só pertencia ao direito Real e somente a eles provedores das
capelas, suas razões desenvolvidas com elegante jocosidade e sábio argumento com muitos
textos latinos _ Vide o livro de receita e despesa da Irmandade de folhas 160 a 170.

115 _ 1751 _ O Doutor e Corregedor Antônio da Silva Pires Melo Porto Carreiro, em sua correição
de 20 de setembro desse ano deixou escrito no livro da Irmandade um provimento feito pelo doutor
visitador, indevidamente ali feito, e que os tesoureiros teriam a pena de prisão e 6$400 da cadeia
para não apresentarem os livros das Irmandades ao doutor visitador.

116 _ 1753 _ Veio a Paranaguá o doutor visitador Fxxx Vaz, e no livro da Irmandade ainda
continuou a pôr provimentos disputando fortemente com argumentos a preferência da jurisdição
eclesiástica a estas revisões de contas, apontando diversas leis; mas o doutor ouvidor e
corregedor Jerônimo Ribeiro de Magalhães escreveu embaixo deste provimento o dístico seguinte:
Risco por ordem Del-Rei. Magalhães.

117 _ 1755 _ O mesmo Doutor Ouvidor Magalhães em correição de 9 de maio de 1755, proveu
que S. Majestade nesta diocese mandava restituir aos provedores das capelas a sua posse, e
riscar os provimentos dos livros dos visitadores e haja emendas com isso ficando restituído à
Jurisdição real aliás darei conta ao mesmo Senhor para proceder a demonstração do que for de
seu agrado. Sucumbiu à jurisdição eclesiástica ao poder real guerra literária e porfiadamente
continuada de ambas as partes, com enérgica sabedoria sustentada.

No espaço de 15 anos cada qual defendendo seus direitos e prerrogativas. Os rendimentos que
tem tido esta Irmandade se verão por extenso desde o ano de 1713 inclusivamente ao de 1850 no
mapa nº 13.

O Inventário dos bens móveis e de raiz, prata, ouro e alfaias que possui a

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Irmandade, são os seguintes:

Inventário dos bens móveis e de raiz e alfaias de ouro e prata e outros objetos do culto que possui
a Irmandade.
Bens de raiz

1 morada de casas térreas nº na rua Direita doada por D. Ana Cordeiro

1 dita dita térreas nº 16 na mesma rua.

1 dita dita dita nº 69 na mesma rua.

1 dita dita dia nº 20 na rua do porto da matriz.

1 dia dita dita nº 32 na rua o Ouvidor.

Alfaias de ouro

1 cordão grosso e 1 crucifixo de ouro com o peso de 163 oitavas que deu à Irmandade o Capitão
Manoel Gonçalves Carreira e sua mulher D. Catarina da Silva.

1 coroa grande de ouro com o peso de 3 marcos _ 2/0 _ e 4 oitavas que deu o senhor o sargento-
mor Damião Carvalho da Cunha.

1 coroa de ouro pequeno do Menino Jesus (1)

1 rosário de ouro grande com o peso de 2 onças e 5 oitavas.

1 cruz de ouro pequena cravada com 11 diamantes

1 par de brincos de ouro ditos com 19 olhinhos de ditos

Com o peso de 3 oitavas dados a Senhora pelo Doutor Mateus da Costa Rosa

1 cordão de ouro grosso com o peso de 57 oitavas e ¾

1 crucifixo grande de ouro do mesmo com 21 diamantes

Dádiva que fez à Irmandade o Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro

1 lucrece de ouro cravado de diamantes

1 par de brincos de ouro com diamantes e peso de 3 oitavas e 9 grãos.

2 cordões finos para se pôr no braço da Senhora do terço, com o peso de 26 oitavas estas três
peças foram dadas à Senhora por D. Rosa Ana Maria.

1 rosário de ouro que deu D. Micaela de Oliveira Viana.

1 ramilhete de diamantes e pedras falsas que deu Dona Antônia da Cruz

(1) Estas coroas tanto do Menino como de Nossa Senhora foram roubadas da igreja no mês de
outubro do ano de 1846 e nunca mais se descobriu quem foi o ladrão.
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França.

1 par de brincos de aljôfar engastados em ouro com o peso de 5 oitavas que deu D. Catarina da
Silva.

Alfaias de prata

1 coroa grande da Senhora.

1 dalmática pequena do Menino e amas com o peso de 154 ½ oitavas, que deu D. Rosa Ana
Maria.

1 cruz grande das procissões com o peso 19m - 4/0 - 2 oitavas e 36 g

1 dalmática pequena do guião 1m - 2/0

1 salva de prata 2m _ 6/0

1 vara do juiz 2m _ 6/0

1 coroa de prata grande da Senhora 237 oitavas

1 dita pequena do Menino 94 ditas.

2 castiçais de prata que deu D. Antônia da Cruz França.

2 castiçais ditos com o peso de 3½ £ que deu D. Rosa Ana Maria.

1 imagem do Senhor Crucificado do altar toda guarnecida de prata que deu o Tenente-coronel
Ricardo Carneiro dos Santos.

1 par de brincos de crisólitas engastadas em prata que deu D. Leocádia Antônia Pereira.

Imagens e ornamentos

1 imagem de vulto da Senhora do Rosário e seu Menino no altar.

1 dita da Senhora do Terço ?

1 manto de setim branco agaloado de galão e rendas de ouro que deu Tristão Euclime, em 1814.

1 manto rico que mandou o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira buscar do Rio de Janeiro em
1826.
1 manto do semanário.

1 vestido da Senhora do Terço.

1 saia branca da mesma.

1 cortina de seda verde do nicho.

1 dita de caça de flores dias.

1 ornamento branco inteiro agaloado de galão de ouro a saber: 1 casula, 2 dalmáticas, capa de
asperges frontal, pano de púlpito, de estante.

1 capa de asperges de damasco branco agaloada.

1 órgão no coro que deu D. Maria Pinheiro França, em 1754.

1 dito que deram o Padre João Carneiro dos Santos e José Ricardo em 1836.

2 anjos de vulto grande que servem de alumiar o altar-mor para os quais deu 64$ mil réis o
sargento-mor Damião da Cunha.

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1 crucifixo grande dourado de pôr no altar-mor.

6 castiçais dourados do mesmo.

6 ditos de pau ds.

1 tapete novo com 28½ centímetros que deu o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, em 1814.

1 sino grande da torre que mandou fundir o Capitão-mor Joaquim José da Costa.

1 campainha grande dos enterros.

1 vaso de pedra mármore que deu o Comendador Manoel Antônio Guimarães.

2 ditos ricos para flores grandes.

2 ditos pequenos ordinários.

20 opas de tafetá

2 arandelas de latão

3 bancos _ toalhas do altar e de lavatório, bolsa de tirar esmolas 11 livros da serventia da


Irmandade; escrituras de dívidas e outros muitos objetos.
BREVE DO PONTÍFICE CLEMENTE XI de 4 de agosto de 1706, concedendo à Irmandade do
Rosário um jubileu perpétuo.

119 _ CLEMENTE XI, para perpétua memória. "Como quer que a nossa notícia viesse que na
paroquial ou outra igreja da Vila ou lugar de Paranaguá no Brasil na Diocese de S. Sebastião, há
uma pia e devota confraria erigida ou para ser erigida canonicamente dos fiéis de um e outro sexo,
debaixo do título da Bem-aventurada Virgem Maria do Rosário a qual não é instituída para homens,
de especial arte, cujos confrades e irmãos costumaram exercer obras de piedade e caridade.

Nós, para que a dita confraria vá cada vez em maior aumento, confiados nas misericórdia de Deus
Todo-poderoso e com autoridade de seus Sagrados Apóstolos S. Pedro e S. Paulo. A todos e a
cada um dos fiéis de Cristo, de um e outro sexo, que ao diante entrarem na dita Irmandade ou
confraria no primeiro dia de sua entrada, recebendo verdadeiramente e confessados, o SS.
Sacramento da Eucaristia lhe concedemos indulgência plenária.

Item aos mesmos irmãos e irmãs já entrados e aos que ao diante entrarem na dita Irmandade ou
confraria lhes concedemos também indulgência no artigo de morte, de cada um se
verdadeiramente receberem o Santíssimo Sacramento e se isto não puderem fazer ao menos
contritos disserem com a boca o nome de Jesus ou devotamente o invocarem de coração.

Aos mesmos confrades e irmãos que na dita confraria estão entrados e ao diante entrarem se
verdadeiramente arrependidos e confessados, havendo recebido a Jesus Sacramentado, cada ano
devotamente visitarem a igreja ou capela ou oratório da dita confraria, na primeira dominga de
outubro das primeiras

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vésperas até o sol posto, do dia, e aí rogarem a Deus pela paz e concórdia dos príncipes cristãos,
extirparão das heresias, e exaltação da Santa Madre Igreja, lhe concedemos misericordiosamente
em o Senhor indulgência plenária, e remissão de seus pecados.

Além de que aos mesmos confrades e Irmãos que também verdadeiramente contritos e
confessados e comungados, visitarem a dita igreja ou capela ou oratório da Confraria em outro
quatro dias do ano, feriais ou não feriais até domingo uma só vez nomeadas pelos ditos confrades
e aprovadas pelo Ordinário e aí orarem como acima em cada dia, que isto fizerem, concedemos
sete anos de indulgências e outras tantas quarentenas.

Item todas as vezes que se acharem presentes às missas, ou outros quaisquer ofícios divinos, que
pelo tempo adiante se celebrarem em alguma igreja ou capela ou oratório algumas congregações
públicas ou particulares, que da mesma Confraria ou de alguma parte se fizerem e receberem com
caridade e amor aos pobres e se fizerem paz com os inimigos ou procurarem que se componham
entre si e também aqueles que acompanharem até a sepultura alguns defuntos assim confrades
como irmãos outros, e acompanharem quaisquer procissões que se costumam a fazer com licença
do Ordinário ou ao SS. Sacramento que se leva aos enfermos em alguma parte, e se impedidos
para isso, ouvindo o sinal da campainha, disserem uma vez a oração do Padre-Nosso ou Ave-
Maria ou cinco vezes rezarem as mesmas orações pelas almas dos defuntos confrades e irmãos
se reduzirem algum de mau estado a melhor vida, ou ensinarem os mandamentos da lei de Deus,
ou aquelas coisas pertencentes à salvação, ou exercitarem alguma obra de caridade todas as
vezes que por si fizerem algumas destas obras, lhes concedemos 60 dias de indulgência, e outras
tantas por quaisquer penitências que na forma costumada da Igreja, lhe forem impostas, as quais
perpetuamente terão vigor assim nos tempos presentes, como nos futuros. Porém queremos que
se os ditos confrades e irmãos lhes forem concedidas iguais indulgências para durarem para
sempre ou até o tempo em que ainda não tenham passado, estas nossas Letras não terão vigor; e
também queremos que, se a dita Confraria estiver unida com alguma anti-confraria ou pelo tempo
adiante se reunir ou por alguma coisa e se unir e de qualquer modo se instituir as primeiras Letras
Apostólicas, ou outras quaisquer de nenhum modo para com elas tenham vigor, mas desde esse
tempo sejam nulas". Dadas em Roma, em Santa Maria Maior, e debaixo do Anel do Pescador, aos
4 de agosto de 1706 e do Nosso Pontificado ano 6."

FROLVIERIO

O Bispo do Rio de Janeiro D. Francisco de S. Jerônimo por sua provisão de 7 de junho de 1717.
Provisão de aceitação, confirmação e explicação do mesmo Breve a confirmou.

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MAPA Nº 13

120 - Receitas e despesas que tem tido a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário da Cidade de
Paranaguá desde o ano de 1714 até 1850.

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3ª Irmandade do Arcanjo S. Miguel das Almas

Archangelum tuas ad nostrum Custodium

121 _ 1706 - A Irmandade do Arcanjo S. Miguel das Almas ignora-se o ano de sua instituição, mas
ela já existia antes do ano de 1706, em que foi concedido à Irmandade do Rosário pelo Papa
Clemente XI um Breve de jubileu perpétuo, vendo-se na provisão da aceitação, explicação e
confirmação do mesmo Breve, passada pelo Bispo do Rio de Janeiro D. Francisco de S. Jerônimo,
de 7 de junho de 1717, ele asseverar na mesma que na igreja matriz havia somente um altar
privilegiado de S. Miguel das Almas. Já se vê que esta Irmandade existia há muitos anos e poder
obter de Roma ouro Breve, com seus privilégios e por isso ela deveria ser instituída, de data mais
antiga, talvez de 1650 até o ano de 1660; é Irmandade pobre, por ter poucos irmãos.

Seus esmoleres nas segundas-feiras de cada semana tiram esmolas pelos fiéis e só mandarem
dizer missas pelas almas que estão no purgatório

4ª Irmandade de Santo Antônio

A Irmandade de S. Antônio também se ignora o tempo de sua instituição, mas julgo ter seu começo
nos princípios do século. Esta Irmandade é muito pobre por falta de concorrência de irmãos e por
isso com poucos rendimentos que talvez não cheguem para o suprimento das despesas anuais.

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PARÁGRAFO SEXTO

Ordem 3ª de S. Francisco das Chagas

Volatilia ori sibi similla convolast.


Ecles. 19

Francisce ferre pauperem

Avara te negat ratis

Isolus et nudo pede

Fluctus volventes protere.

Hymno 10.

Notícia histórica da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco das Chagas, sua instituição na Vila
de Paranaguá, deliberações que teve a mesma, a série de seus comissários e a obra da ereção da
sua nova igreja.

122 _ A igreja da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco das Chagas é feita de pedra de
cantaria e teve seu começo no ano de 1770, inclusive ao de 1784. Seu frontispício é mais chegado
ao gosto moderno e nele tem gravadas as armas da Ordem, em uma tarja de pedra. Sua situação
é no fim da mesma rua da ribanceira e próximo a esta. Ornam a esta o altar-mor e dois colaterais;
no principal está colocada no cimo da tribuna a imagem do Seráfico Padre S. Francisco das
Chagas de vulto não pequeno, na postura de joelhos recebendo as cinco chagas de Jesus Cristo
crucificado debaixo da denominação "O Senhor Bom Jesus dos Navegantes", que lhe imprime as
suas chagas. No altar colateral do lado do Evangelho está colocada a imagem de Nossa Senhora
da Conceição, e o do lado da epístola o da Senhora da Guia, e nos dois nichos do altar-mor Santa
Teresa e Santa Rosa de Viterbo. Em alguns anos se tem feito a procissão da penitência no da
quarta-feira de cinza, indo diversos andores com os santos da Ordem Franciscana. Foi instituída
esta Ordem em Paranaguá no ano de 1700 mais ou menos em uma capela que havia dentro da
antiga ermida de Nossa Senhor das Mercês ou do Bom Sucesso, como se conhece por um
requerimento que os irmãos da mesma Ordem fizeram ao Bispo do Rio de Janeiro

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por lhes quitar o vigário da igreja o Padre João da Veiga Coutinho o exercício do culto que na
mesma ermida a Ordem ali fazia e à saída da procissão dos passos cujo requerimento foi feito pelo
ministro da mesma Ordem do teor seguinte:

"Ilustríssimo Senhor,

Diz Gaspar Teixeira de Azevedo, provedor das minas de Paranaguá e neste ano ministro de uma
congregação da Ordem 3ª de S. Francisco que eles com outros terceiros constituíram na Vila,
trazido licença do reverendo Padre Provincial desta Província em a ermida de Nossa Senhora do
Bom Sucesso de que é protetor o sargento-mor Roque Dias Pereira, o qual deu aos superiores a
capela e altar dos santos passos, em dita ermida para nela se celebrar e fazer os mais exercícios
da Ordem livremente como realmente fazem até que haja convento de religiosos capuchos, de que
já se trata e por esta razão querem os superiores tomar à sua conta e fazer a procissão dos passos
no seu dia; e o reverendo Vigário João da Veiga Coutinho lhes impede que na dita ermida se
façam os exercícios e mais funções de dita Ordem e que os superiores roguem ao sacerdote que
lhes parecer para lhes assistir enquanto não há religiosos, intrometendo-se em querer presidir e
governar não sendo nem terceiro nem superior da Ordem, de que resulta grande desconsolação
aos superiores, o qual dará ocasião a que se remita a associação e de que algumas pessoas não
tomem o hábito com que se aumente a Ordem, em serviço de Deus e honra de S. Francisco, pelo
que pedimos a V. Il.ma lhes faça mercê e andar passar carta executória para que o reverendo
Vigário não impida e perturbe os superiores para que usem da dita capela dos santos passos, que
tem na dita ermida e nela façam seus exercícios com a assistência dos sacerdotes, a quem eles
rogarem; e que outrossim façam a procissão dos santos passos e que a possam acompanhar "as
mulheres que foram dos irmãos somente. E remetem mercê." Em cujo requerimento deu o Bispo o
despacho do teor e forma seguinte. "Damos licença para os devotos terceiros continuarem os seus
exercícios nesta ermida e nela se dizer missa, como se fazia; e continuar a procissão dos passos e
da maneira que até agora se fez. Rio de Janeiro 14 de novembro de 1705 . Lugar do selo _ Bispo;
e logo se achava na mesma o "cumpra-se", o despacho de sua Il.ma como nele se contém. Vila de
Paranaguá, em visita de 8 de abril de 1706. Araújo". Vid. em um dos livros de Req. da Ordem 3ª.
Vê-se pelo conteúdo deste requerimento que dentro da ermida de Nossa Senhora das Mercês
havia outra capelinha com altar separado dos santos passos. O antigo costume de acompanharem
as mulheres dos irmãos não deixa de ser um estilo singular porquanto nesse caso deveriam ir
incorporados à Ordem, se é que fossem terceiras, indo adiante da procissão, debaixo da cruz
alçada com as suas baetas pretas, e seus cordões, mostraria este ato uma aparência bem exótica,
pois que não era possível se não fosse para elas terem esta regalia de obterem licença do Bispo,
quando as escravas e outras mulheres de igual classe podem acompanhar livremente atrás das
procissões, mas isto seria estilo daqueles

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tempos. Desde o ano de 1705 até o ano de 1746, no espaço de 41 anos se ignoram os sucessos
mais notáveis que houve na mesma Ordem por não aparecerem os livros antigos do registo de
suas deliberações. O livro que existe de seus acórdãos foi rubricado em 1746, pelo comissário
visitador o Padre Fr. Manoel da Trindade e dele é que se extraíram estas memórias.

123 _ 1746 _ Em 31 de maio de 1746, foi congregada a mesa da Venerável Ordem 3ª e nela
fizeram uns estatutos particulares enquanto se não admitam as regras dos estatutos de S.
Francisco das Chagas da Cidade de Lisboa, e por eles a Ordem poder governar-se. Deliberaram
que o irmão ministro daria de sua mesada uma dobra; vice-ministro meia dobra; e os irmãos da
mesa a quatro mil réis ou a mais que quisessem; deliberaram mais que se fizesse a festa de S.
Francisco em dia de Reis a 6 de janeiro, e que os irmãos ministros tinham obrigação de fazer a
festa de S. Isabel, Rainha de Portugal, e da juíza fazer a de S. Rosa à custa da Ordem com toda a
cera precisa e que os irmãos noviços fariam a do sepulcro em quinta-feira santa, repartindo o gasto
por todos. Esta venerável Ordem é composta de 1 ministro, 1 vice-ministro, 1 mestre de noviços, 1
síndico, 1 secretário, 1 vigário do culto, 6 definidores, um ou dois zeladores e 2 sacristães; as
irmãs, 1 mestra de noviças e 1 juíza de Santa Rosa, na forma que determina o cap. 5 dos estatutos
de Chagas.

124 _ 1746 _ Em congregação de mesa de 17 de junho deliberaram que por cada irmão que
falecesse se lhe mandasse dizer por seus sufrágios 16 missas e se faria no dia de finados 2 de
novembro, um oitavário por todos os irmãos falecidos.
125 _ 1754 _ Em congregação da mesa de 24 de junho, sendo ministro da Ordem Gaspar
Gonçalves de Morais, e comissário Fr. Pedro de Santa Maria, deliberaram que os dinheiros que se
davam de esmolas para as obras da igreja se não gastassem antes os pusessem a juros para não
desanimarem os devotos e enquanto não chegasse que se deixasse de se fazer a obra com pouco
e se pusesse em boa arrecadação os bens que pertencesse à fábrica para saber-se com que
devem sair quando se retirassem da capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões.

126 _ 1756 _ Em congregação da mesa de 5 de julho deliberaram que dali em diante pagariam os
irmãos ministros 9$600, de seus anuais; o vice-ministro 4$800; irmãos definidores 2$000;
secretário 2$000 e os mais irmãos a 640 réis a fim de influir com mais vontade admissão dos
terceiros na Ordem.

127 _ 1759 _ Em congregação da mesa o 1º de junho feita na capela do Senhor Bom Jesus dos
Perdões deliberaram que as eleições para a nova mesa que até ali se faziam pela festa do Espírito
Santo, se fizessem dali por diante, em 16 de setembro, véspera das Chagas do Seráfico Padre S.
Francisco.

128 _ 1760 _ Em congregação da mesa de 9 de maio se tratou da liquidação de contas dos bens
que legou à Irmandade o irmão Vicente da Luz, e acharam haver um saldo a favor de Rs.
1:144$237 réis que sendo repartida a mesma

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quantia com os religiosos franciscanos; e à Ordem veio a tocar a cada parte a quantia de Rs.
572$118½ réis.

129 _ 1764 _ Em congregação da mesa de 28 de outubro sendo ministro o irmão José Carneiro
dos Santos e o comissário Fr. João de Santa Ana Flores, foi proposto a dar-se princípio às novas
obras que se queriam fazer da capela, consultando-se o modo mais acerado de se dar princípio às
mesmas obras e ficou disto encarregado o mesmo ministro para justar a mesma obra, com os
respectivos oficiais.

130 _ 1765 _ Em congregação de 29 de abril, a mesa oficiou ao Provincial do Rio de Janeiro Fr.
Inácio da Graça, em resposta ao seu ofício de 3 de abril em que pedia à Ordem que dessem o seu
voto em Fr. Manoel da Encarnação para servir de comissário, mas a Ordem respondeu que estava
bem satisfeita com Fr. José do Desterro.

131 _ 1766 _ Em congregação de mesa de 28 de setembro a Ordem deliberou acrescentar aos


seus estatutos os seguintes artigos:

1º - Que ninguém fosse professar-se neta Ordem sem que entregasse ao síndico 8$000.

2º - Que ninguém professaria sem que tivesse hábito próprio.

3º - Que os que se apresentassem nesta Ordem com patente de outra Ordem donde são filhos,
dariam de esmola quatro mil réis.

132 _ 1768 _ Em congregação da mesa de 1º de janeiro deliberaram que os irmãos que


pretendessem entrar na Ordem com patente de outra era só os que deveriam pagar a entrada, os
que passassem de quarenta anos de idade e não se entendia com os que fossem mais moços, os
quais ainda podiam prestar muitos serviços à mesma Ordem, e igualmente deliberaram que aos
padres comissários se costumava a pagar por cada sermão 9$600 réis, quando aos mais padres
de fora só era 6$400; e que dali em diante se lhe deveria fazer igual pagamento.

133 _ 1769 _ Em congregação de 29 de dezembro deliberaram que se desse princípio à obra da


capela-mor da sua igreja para o que ajustaram com o irmão Francisco Xavier da Costa de tirar toda
a pedra necessária para a mesma pela quantia de Rs. 150$000 e se passaram as competentes
clarezas.

134 _ 1773 _ Em congregação da mesa de 29 de maio deliberaram que pela falta do comissário
que era o Padre Fr. João de Santa Ana Flores, que ficasse interinamente o Vigário da vara, o
Padre Francisco de Meira Colassa, porque era irmão 3º interinamente, de que participaram ao
Padre Provincial em ofício de 29 do mesmo mês, e em 12 de maio de 1774, o mesmo comissário
interino apresentou em mesa a sua patente de comissário efetivo passada pelo Provincial Fr.
Cosme de S. Antônio.

135 _ 1774 _ Em congregação de 4 de outubro deliberaram em mesa sobre um requerimento que


fez o irmão Francisco Xavier da Costa em que alegava o excessivo trabalho que havia tido no
tiramento e condução da pedra para o

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crescente que se havia feito na obra da capela-mor e pelo qual se havia também acrescentado o
mestre pedreiro maior quantia do ajuste, com avultada espórtula; mas que ele por sua parte se
satisfaria que a Ordem lhe levassem em conta os seus anuais vencidos os quais andariam por
nove a dez mil réis, e que além disso queria que a mesma Ordem o remisse a ele e a sua mulher
Joana Nunes.

136 _ 1778 _ Em congregação da mesa de 16 de outubro se apresentou o irmão Caetano


Gonçalves pedindo emprestado a juros a quantia de Rs. 300$000, os quais recebeu do irmão
síndico Antônio Saraiva Pereira da Costa, e da qual passou à Ordem a competente obrigação.

137 _ 1782 _ Em congregação de mesa de 3 de novembro a Ordem deliberou que se assistisse


cada dia com 60 réis ao reverendo Padre Antônio de Sampaio por se achar com moléstia grave e
suma pobreza; e alguma coisa mais para o que ele deixava à Ordem as casas de sua vivenda.

138 _ 1788 _ Em congregação de 23 de maio o Padre comissário Fr. José Carlos de Jesus Maria
Desterro requereu à Ordem que não tinha quem o servisse no hospício e deliberaram que o irmão
síndico Manoel Alves Carneiro comprasse um escravo ou escrava por conta da Ordem e logo
comprou uma escrava de nome Joana, de nação mina dos bens pertencentes ao guarda-mor
Antônio Pereira de Macedo pela quantia de Rs. 73$710.

139 _ 1778 _ Em congregação de 24 de outubro a Ordem deliberou que se mandasse fazer um


resplendor de prata para imagem do Seráfico Padre S. Francisco das Chagas, e outro para o
Senhor Crucificado e par estas obras se remeteram para a Vila de Santos 2 libras e 13 oitavas de
prata a entregar a João Batista da Silva Passos, para lá se fazerem.
140 _ 1789 _ Em congregação de 23 de abril deliberaram se mandasse fazer o conserto das casas
que a mesma Ordem legou o irmão Crispim Fernandes Ribeiro.

141 _ 1790 _ Em congregação de 3 de janeiro, sendo comissário o Padre Fr. Antônio Agostinho de
S. Ana para que neste ano se fizesse a procissão da penitência em quarta-feira de cinza, sendo
então ministro Antônio Francisco de Mendonça, distribuindo-se as ordens aos irmãos que haviam
dar os andores preparados, e as irmãs os anjos: e o sermão que se devia pregar antes da saída da
procissão; parece ser esta a primeira que a Ordem mandou fazer.

142 _ 1790 _ Em congregação de 9 de abril concordaram em que se designasse um adro para a


frente da igreja e território para casa do noviciado, oficinas, claustro de que a Ordem necessitava
par os exercícios da sua profissão, e quintal para que fique a dita capela separada de outra alguma
casa a inquietá-la com ruídos e fumaça na ocasião da celebração dos ofícios divinos e ser de
grande indecência; e por isso ordenaram ao síndico, o irmão Tomás de Sousa e Silva que
levantasse o muro da parte direita da capela.

143 _ 1791 _ Em congregação de 9 de março deliberaram que o síndico mandasse retelhar a


capela-mor e consertar a casa que foi do falecido crispim

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Fernandes Ribeiro.

144 _ 1793 _ Em congregação de 21 de junho deliberou a Ordem que fosse vendido um mulatinho
filho da escrava Joana e com efeito o venderão ao Vigário da vara o Padre Pedro Domingues Pais
Leme, pela quantia de Rs. 44$800.

145 _ 1793 _ Em congregação da mesa de 4 de outubro, sendo ministro José Rodrigues Ferreira e
comissário o Padre José da Rocha Martins, se tratou de vender-se à Irmandade de nossa Senhora
do Pilar da Graciosa uma custódia de molde antigo, que a Ordem tinha por dádiva que tinha feito o
sargento-mor Damião de Carvalho, a qual tinha de peso 11 marcos e que sendo valor de 100 réis
cada oitava vinha a importar na quantia de Rs. 80$160 e com efeito dela fizeram venda à dita
Irmandade de Nossa Senhora do Pilar.

146 _ 1794 _ Em congregação da mesa de 31 de outubro deliberou a Ordem se mandasse fazer


um vaso de prata para dar-se o lavatório depois da comunhão. Determinaram igualmente se
dissessem as oito missas no oitavário dos dias de findos.

147 _ 1796 _ Em congregação da mesa de 25 de agosto deliberaram de nomear ao reverendo


Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro, para servir de comissário em razão do Provincial Fr.
João de Santa Ana Flores ter participado à Ordem, não poder mandar frades por haver falta deles;
e mandou a patente para o mesmo Padre Cordeiro, passada por outro Provincial Fr. Joaquim de
Jesus Maria e foi apresentada à Ordem em mesa de 21 de janeiro de 1797.

148 _ 1798 _ Em congregação da mesa de 26 de janeiro foi admitido a professar em artigo de


morte o Capitão Manoel de Sousa Pinto, o qual deu de esmola a quantia de 50$000.

149 _ 1798 _ Em congregação da mesa de 22 de janeiro foi admitido a professar Pedro da Silva
Pinto e que deu de esmola a quantia de Rs. 25$600.
150 _ 1798 _ Em congregação da mesa de 2 de fevereiro deliberaram fazer um ajuste com o
carpinteiro irmão Joaquim Eusébio Gomes de fazer a obra das quatro tribunas da capela-mor
pedindo de feitio por cada uma 8$ mil réis, e ficando toda a obra por 37$000, prometendo-a de a
pôr pronta antes da festa das Chagas.

151 _ 1798 _ Em 10 de abril congregou-se a mesa e nela admitiram a professar Dona Ana
Gonçalves Cordeira e deu a esmola de Rs. 50$000 por estar enferma.

152 _ 1798 _ Congregação da mesa de 26 de setembro de 1798, a Ordem admitiu a professar


Dona Maria Gonçalves, mulher do Tenente Francisco José Laines, dando de esmola 16$000.

153 _ 1798 _ Em o mês de julho em visita que fez o Ex.mo Bispo Diocesano em a Vila de
Paranaguá Dom Mateus de Abreu Pereira em seus provimentos proibiu às igrejas com pena de
suspensão a tocar-se o sino às missas em domingos e dias santos depois da missa da oração que
se fazia na igreja da matriz. A igreja da Ordem Terceira ficou igualmente compreendida neste

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provimento e fez a Ordem requerimento ao mesmo Bispo, pedindo a faculdade os tocar nos dias
de sextas-feiras que caíssem em dias santos, no dia das Chagas do Patriarca S. Francisco e da
festa do mesmo santo e o da Virgem Nossa Senhora da Conceição, padroeira da Ordem, o que lhe
foi concedido por despacho do mesmo Bispo, de 9 de abril de 1799.

154 _ 1800 _ Em congregação da mesa de 15 de janeiro e deliberaram que se desse a quantia de


Rs. 100$000 réis ao guarda-mor Vicente Ferreira de Oliveira para alcançar-se um Breve Pontifício
para que a Ordem possa ser desmembrada do Ordinário deste Bispado e de direitos paroquiais, e
serem os irmãos enterrados em seus hábitos, com as mesmas indulgências que têm os hábitos
dos religiosos, e seus corpos serem conduzidos no esquife da Ordem.

155 _ 1801 _ Congregação da mesa de 8 de setembro em que a Ordem deliberou aceitar a


testamentária do falecido irmão o sargento-mor Francisco José Monteiro de Castro.

156 _ 1803 _ Em congregação da mesa de 7 de março foi recebido um ofício do reverendo Padre
Provincial Frei João de S. Francisco Mendonça agradecendo à Ordem Terceira a carta
congratulatória que lhe dirigiram.

157 _ 1805 _ Em congregação de 17 de setembro a Ordem admitiu a profissão em artigo de morte


a Antônio dos Santos Pinheiro, e deu de esmola 12$800 réis.

Em congregação de 29 de novembro, a Ordem oficiou ao reverendo Padre Mestre Provincial Fr.


Joaquim das Santas Virgens dando-lhe os parabéns da sua elevação a Provincial.

158 _ 1806 _ Em congregação de mesa de 28 de agosto a Ordem escreveu um ofício ao Padre


Mestre Provincial Fr. Joaquim das Santas Virgens Salazar, participando-lhe que o hospício se
achava em total ruína, precisando de grande despesa para o seu reparo e que a Ordem não punha
dúvida de o fazer uma vez que S. Rev.ma lhe transferisse o direito e posse que neles tinham, com
a condição de neles residirem os muito reverendos Padres comissários, pois que o mesmo
hospício foi feito com o auxílio da mesma Ordem, e dos moradores daquela Vila, e que o Capitão
Vicente Ferreira de Oliveira tinha ido de mudança para a Cidade de S. Paulo, e havia no mesmo
hospício uma livraria e um relógio de parede já antigo, pedindo a Ordem a S. Rev.ma que podia
tomar conta de tudo e vigiar do melhor modo sua conservação.

159 _ 1809 _ Em congregação de mesa de 24 de fevereiro a Ordem escreveu uma carta


congratulatória ao Padre Mestre jubilado Provincial Fr. Antônio de Santa Úrsula Rodovalho, dando-
lhe os parabéns de sua eleição e outro ofício com a mesma data participando que há quinze anos
o falecido Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro exercia o cargo de comissário que agora
elegiam ao Padre Fr. Manoel de Santo Tomás Nogueira, e assim que o houvesse de mandar e no
entanto se achava exercendo interinamente o Padre Maurício Gonçalves Ramos.

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160 _ 1809 _ E 6 de maio respondeu o Provincial à Ordem que por ora ainda não podia mandar o
Padre Fr. Manoel de Santo Tomás Nogueira Costa, mas que mandava a patente para servir de
comissário ao Padre Maurício Gonçalves Ramos, ou a outro sacerdote com delegacia a quem
possa substituir e a patente trazia este título: "Fr. Antônio de Santa Úrsula Rodovalho, lente
jubilado, ex-custódio, examinador sinodal, pregador de S. A. Real e pelo mesmo senhor e
examinador da mesa da consciência e ordens, ministro Provincial da Imaculada Conceição do
Brasil", etc.

161 - 1810 _ Em congregação de mesa de 16 de maio, a Ordem oficiou novamente ao Provincial


Rodovalho participando-lhe que tinham nomeado ao reverendo Padre Fr. Manoel de S. Tomás
Nogueira Costa para seu comissário e reger a mesma alegando que estavam sem o pasto
espiritual por falta de um religioso da Ordem.

162 _ 1811 _ Em congregação da mesa de 11 de outubro a Ordem fez termo de ter entregue a
quantia de Rs. 200$000 a Joaquina Maria dos Passos, como herdeira do falecido sargento-mor
Francisco José Monteiro e Castro.

163 _ 1811 _ Em congregação da mesa de 11 de novembro a Ordem deu posse ao novo


comissário ao reverendo Padre Mestre Pregador Fr. Manoel de S. Tomás Nogueira, com patente
de 21 de outubro, passada por Fr. Alexandre de S. José Justiniano, Provincial, o qual escreveu um
ofício à Ordem participando que o mandava.

164 _ 1812 _ Em congregação da mesa de 12 de dezembro a Ordem deliberou que fossem


vendidos os escravos pertencentes à mesma Ordem, os quais eram: a escrava Maria, com seu
filho Francisco foram avaliados pela mesa em Rs. 153$600, a escrava Bona, com seu filho
Claudino em Rs. 153$600, o escravo Jacinto a Ordem o vendeu ao irmão Ricardo de Sousa Pinto
no valor de 153$600, cujas importâncias recebera o irmão síndico Bernardo José Munhoz, e o
escravo Francisco avaliou-se em 115$200 réis.

165 _ 1812 _ Em congregação da mesa de 17 de setembro o síndico que acabou, entregou em


mesa ao novo síndico a quantia de Rs. 560$000 réis, produto dos 4 escravos que a Ordem vendeu
e mais 12$800 que deu de esmola Miguel da Cunha, e Rs. 30$140 réis que sobejou do importe da
imagem de Nossa Senhora vinda da Cidade da Bahia pelo Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos
Santos.

166 _ 1812 _ Em congregação da mesa de 10 de outubro a Ordem deliberou de mandar fazer uns
pilares e baldrames ou paredes de pedra para fazerem casas de patrimônio em uns chãos que a
Ordem tem na rua da baixa. Igualmente deliberaram se consertassem as campas da igreja.
167 _ 1813 _ Em congregação da mesa de 8 de janeiro a Ordem escreveu ao Provincial Fr.
Alexandre de S. José Justiniano, pedindo a conservação de seu comissário Fr. Manoel de Santo
Tomás Nogueira.

168 - 1813 _ Em congregação de 18 de setembro, a Ordem tratou de

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tomar as contas ao síndico que mostrou haver despendido Rs. 74$100 com pinturas do altar-mor e
seu trono e dos altares colaterais e dos pilares que mandou fazer, nos fundos das casas em que
morou o mestre sapateiro Venâncio Guedes Pinto, na rua da baixa, e que a Ordem tinha feito
empréstimo a Francisco Alves de Paula da quantia de Rs. 300$ mil réis a juros e que só existia a
quantia de Rs. 185$960 réis.

169 _ 1815 _ Em congregação de 6 de fevereiro tomou posse de comissário o reverendo Padre


João Muniz de Araújo, por patente de 13 de fevereiro do ano passado pelo Provincial Fr. Francisco
Solano.

170 _ 1815 _ Em congregação de 4 de fevereiro oficiou que o Provincial dirigiu à Ordem toda cheia
de amor, paz e caridade e unção do Senhor, escrita pelo Padre Fr. Francisco de Santa Teresa
Sampaio, secretário da Província.

171 _ 1815 _ Em congregação de mesa de 4 de junho a Ordem deliberou que se tirasse a telha do
hospício e que fosse recolhida para se guardar antes que desabasse o mesmo telhado, que estava
a cair a cada momento.

172 _ 1815 _ Em congregação de 27 de junho a Ordem deliberou e mandasse buscar ao Rio de


Janeiro uma capa de asperges de damasco duplicada de branco e encarnado e 2 peças de
durante roxo escuro, que servisse para fazer de novo os hábitos dos santos da Ordem.

173 _ 1815 _ Em 9 de fevereiro ofício que escreveu à Ordem o Provincial Fr. Francisco de Santo
Solano significando à Ordem o sentimento que tinha do Padre Manoel de Santo Tomás Nogueira
de ter abandonado a sua comissária da mesma Ordem.

174 _ 1815 _ Em congregação da mesma de 4 de novembro a Ordem deliberou por haver


necessidade de mandar consertar com novos em madeiramentos e retelhas a capela-mor, o
consistório e coro da igreja, e reboque por fora da mesma e bem assim do campanário, conserto
do presbitério, as cadeiras debaixo dos arcos e mochos ou assentos necessários das banquetas,
castiçais dourados, e de tudo o mais que fosse preciso para a decência do culto e que fizesse o
esplendor da mesma ordem.

175 _ 1815 _ E congregação de mesa de 26 de novembro o reverendo Padre comissário João


Martins de Araújo requereu ao doutor Juiz de Fora, provedor das capelas, para se lhe aumentar
sobre a quantia de doze mil e oitocentos que a Ordem costumava pagar a seus comissários, e ao
qual a Ordem respondeu que era uso e costume, conforme seus estatutos e que depois se lhe
tinha acrescentado o ordenado de 40$ mil réis que se lhe arbitrou.

176 _ 1815 _ Em congregação de mesa de 17 de setembro a Ordem fez um termo de ser arbitrado
o ordenado do Padre comissário de quarenta mil réis.
177 _ 1816 _ Em congregação de mesa de 17 de setembro a Ordem tratou de tomar as contas ao
síndico José Bernardo Munhoz e apresentou a conta de despesas que tinha feito com as obras da
igreja da quantia de Rs. 130$820 com o produto da venda dos escravos, ficando somente líquido a
quantia

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de Rs. 55$140.

178 _ 1816 _ Em congregação da mesa de 23 de outubro a Ordem deliberou aceitar a


testamentária da falecida Leonor Lemes de Siqueira.

179 _ 1819 _ Em congregação de 7 de fevereiro a Ordem oficiou ao provincial Fr. José Carlos de
Jesus Maria Desterro, participando que o reverendo Padre João Martins de Araújo lhe estava
administrando o pasto espiritual, bem e dignamente, e assim que houvesse de lhes mandar nova
patente que a mandou com data de 15 de março de 1819.

180 _ 1820 _ Em congregação de 23 de setembro a Ordem deliberou que se assistisse com 60 réis
diários ao irmão Antônio José Munhoz por impossibilidade de doenças e não poder trabalhar.

181 _1833 _ A Câmara em 11 de fevereiro oficiou ao Provincial do Rio de Janeiro, participando que
no lugar do hospício que antigamente servia de residência aos padres comissários religiosos que
nesse lugar já se tinham requerido cartas de datas para se fazer novos edifícios e que agora só ali
existiam uns pilares e um muro quase de todo demolido com o andar dos tempos e embaraçava o
andamento de uma rua e que por isso se sirva determinar a venda deste resto de edifícios, etc.

182 _ 1833 _ A Câmara recebeu em resposta um ofício de 16 de fevereiro de Fr. Henrique de S.


Ana, Provincial, dizendo: "É tal o interesse que tomo pela prosperidade e feliz andamento dessa
Vila que, desejando quanto em mim cabe concorrer também para o seu progresso, em meu nome
e no de minha comunidade, cedo a esse Conselho, de muito boa e livre vontade, todo e qualquer
direito que tínhamos aos restos que ainda existiam do nosso antigo edifício a fim de que V.
Senhorias, na qualidade de membros da Câmara Municipal, o façam demolir ou dispor deles do
melhor modo que lhes parecer, considerando-o desde hoje como propriedade que lhes fica
inteiramente pertencendo".

Não tendo mais dados a escrever os fatos mais dignos de memórias que têm acontecido na Ordem
desde o ano de 1820, inclusive a 1833, e desde 1834 inclusivamente até o ano de 1850, por não
obter o livro de registro de suas deliberações donde pudesse extrair o que fosse digno de história,
por isso que ela aqui finda.

A série cronológica dos padres comissários que tem havido na Ordem 3ª são os que vão exarados
no mapa abaixo de nº 14.

MAPA Nº 14

183 _ 1º - 1746 _ Frei Manoel da Trindade, comissário visitador desde 22 de maio de 1746, até 22
de agosto do mesmo ano.
2º - 1746 _ Fr. Pedro de Santa Maria Antunes, desde 22 de agosto até 13 de junho de 1759.

3º - 1759 _ O Padre Mestre Pregador Fr. Manoel da Encarnação desde 13

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de junho até 28 de setembro de 1764.

4º - 1764 _ Fr. João de Santa Ana, desde 28 de setembro de 1765. O Provincial Fr. Inácio da
Graça escreveu à Ordem querendo que a mesma desse seus votos para servir de comissário o Fr.
Manoel da Encarnação; mas a Ordem não quis, respondendo estarem satisfeitos com o seguinte.

5º - 1765 _ Fr. José do Desterro, desde 28 de setembro de 1765 até 24 de setembro de 1766.

6º - 1766 _ Fr. Custódio de Jesus Maria Vale, desde 24 de setembro de 1766 até 28 de setembro
de 1767.

7º - 1767 _ Fr. Miguel de Santa Ana, desde 28 de setembro de 1767 até 22 de setembro de 1773.

8º - 1773 _ Fr. João de Santa Ana Flores, desde 28 de setembro de 1773 até 1776.

9º - 1776 _ O Vigário da vara Francisco de Meira Calassa, desde 1776 até 1781.

10 _ 1781 _ Fr. João de Santa Ana Flores, desde 1781 até 1782.

11 _ 1782 _ Fr. Alexandre da Madre de Deus, de 1782 a 1788.

13 _ 1788 _ Fr. José Carlos de Jesus Maria até 1789.

14 _ 1789 _ Fr. Antônio Agostinho de Santa Ana, desde 18 de dezembro de 1789 até junho de
1790.

15 _ 1790 _ Fr. Antônio da Natividade Costa, desde junho de 1790 até outubro de 1793.

16 - 1793 _ O Padre José da Rocha Martins, desde 4 de outubro 1793 até outubro de 1794.

17 _ 1794 _ Fr. José de Santa Brígida, desde 1794 até 1795.

18 _ 1795 _ O Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro desde 1795 até 1809, em que faleceu foi
comissário efetivamente no espaço de 15 anos.

19 _ 1809 _ O Padre Maurício Gonçalves Ramos, desde 15 de maio de 1809 até o ano de 1811.

20 _ 1811 _ Fr. Manoel de Santo Tomás Nogueira Costa desde o 1º de novembro de 1811 até 13
de fevereiro de 1815.

21 _ 1815 _ O Padre João Martins de Araújo, desde 13 de fevereiro de 1815, data de sua patente
passada pelo Provincial Fr. Francisco Solano, pregador e ex-definidor e ministro provincial da
Conceição do Brasil. A Ordem em 7 de fevereiro de 1818, oficiou ao Provincial Fr. José Carlos de
Jesus Maria do Desterro, participando se tinha finalizado o tempo da patente do reverendo Padre
João Martins de Araújo e que com ele estavam muito bem servidos, e que houvesse de mandar
nova patente, e veio esta com data de 15 de março de 1818, assinada pelo Desembargador
Secretário da Província Fr. José de Santa Miquelina; e ocupou o mesmo emprego até a sua morte,
no ano de 1822.

22 _ O Padre Albino José da Cruz, desde o ano de 1822 até o de.....

23 _ O Padre Domingos Leite de Mesquita, desde ......até ao presente.

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MAPA Nº 15

184 _ Inventário dos bens móveis e de raiz e mais alfaias que tem a venerável Ordem Terceira de
S. Francisco das Chagas da Cidade de Paranaguá:

1 morada de casas térreas na rua da Ordem, nº 4.

1 dita dita rua Direita, nº 55.

1 dita dita rua do porto da matriz, nº 9.

1 imagem de S. Francisco das Chagas, de vulto com o seu resplendor de prata com 36 oitavas.

1 dita do Senhor crucificado com a denominação do Senhor Bom Jesus dos Navegantes com o seu
resplendor de prata com o peso de 20 oitavas.

1 crucifixo que serve na via sacra.

1 imagem de S. Francisco.

1 dita de Santa Isabel.

1 dita de Santa Teresa.

1 dita de S. Luiz Rei de França.

1 dita de S. Ivo.

1 dita do Senhor da Divina Justiça.

1 dita de Nossa Senhora da Conceição.

1 dita de Nossa Senhora da Guia.

1 dita de Nossa Senhora do Carmo.

1 âmbula de prata com o peso de 166 oitavas, seu feito foi a quantia de Rs. 19$200.
1 cálice de prata que deu o irmão Pedro Fernandes.

1 coroa de Santa Isabel com 20½ oitavas.

1 dita de Nossa Senhora da Conceição, com 20½ ditas.

1 resplendor de Santa Ana com 4½ ditos.

1 pálio roxo com suas varas.

4 lanternas.

1 sacrário.

2 capas de asperges que deu o irmão Pedro Fernandes, sendo uma roxa e outra branca.

1 dita encarnada duplicada de branco mandada buscar em 1805.

1 véu de ombro que deu o irmão Antônio Gonçalves e deu mais 1 peça de pano de linho para se
fazerem alvas e toalhas.

4 alvas com seus amitos e corporais.

1 missal, 3 sacras, 1 turíbulo e naveta.

1 vaso para a comunhão, 2 pares de galhetas e campainha.

1 bolsa de cálice roxa, 3 véus: roxo, branco e encarnado.

Os andores necessários para os santos da Ordem saírem na procissão de cinza.

1 cruz que deu o irmão Pedro Fernandes.

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36 túnicas para vestuários dos santos da Ordem.

13 ditas de tafetá roxo, com seus pendões para os anjos nas procissões.

1 pedra de ara, que custou quatro mil réis.

2 peças de durante roxo escuro para os hábitos dos santos.

Outras diversas coisas que tem acrescido a este inventário.

A Ordem também tinha uma custódia de prata de antigo molde, com o peso de trezentas oitavas a
qual deu o irmão Damião Carvalho da Cunha: esta a Ordem o vendeu à Irmandade de Nossa
Senhora do Pilar da Graciosa.
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PARÁGRAFO SÉTIMO

3ª Capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões

Notícia histórica da capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões, sua ereção e depois da morte de
seu fundador e protetor, a continuação dos mesmos protetorados e as diferentes fases por que tem
passado já como capela de Ordem 3ª, já como de S. Bendito, e ultimamente como capela da santa
Irmandade da Santa Casa da Misericórdia.

185 _ 1710 _ A capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões foi edificada pelo devoto protetor José
da Silva Barros, junto com outros devotos, os quais requereram à Câmara lhes concedessem uns
chãos devolutos próximos às casas do alferes João da Veiga, de 28 braças de comprimento, e por
despacho do 1º de dezembro de 1710 e nos seguintes anos de 1711 ao 1712, foi edificada a
mesma, ao estilo antigo; sua altura é bastantemente baixa com um alpendre e coberto na entrada
da porta principal, com botaréus aos lados para segurança das paredes. No seu interior tem o
altar-mor em que está colocada uma antiga imagem de grande vulto do Senhor crucificado com a
denominação do Senhor Bom Jesus dos Perdões; e dois pequenos altares colaterais, um do lado
do evangelho, do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, imagem muito respeitosa e que foi do
colégios dos extintos Jesuítas; este altar foi feito a expensas do Tenente-coronel Manoel Francisco
Correia que deu de esmola para se fazer o mesmo a quantia de Rs. 105$700.]

O altar do lado da epístola é o de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da Irmandade da Santa


Casa da Misericórdia, a qual imagem foi oferecida gratuitamente pelo irmão o cidadão o Tenente-
coronel João Antônio dos Santos, e no mês de março de 1850 a Irmandade deliberou de a mandar
novamente encarnar, de novo, dentro de um nicho envidraçado, a preservá-la das umidades, cuja
despesa calcularam em 200$000, mais ou menos como participaram em ofício ao Governo
Provincial. O altar da mesma Senhora para se fazer de novo deu de esmola o Capitão-mor Manoel
Antônio Pereira a quantia de Rs. 100$000. Esta antiga capelinha tem passado por diversas fases
segundo algumas Irmandades que as ocuparam, pois dela se servia a Ordem 3ª de S. Francisco
das Chagas para o serviço de seu culto 30 anos desde 1752 até 1782, e depois

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a Irmandade de S. Benedito, desde 2 de novembro de 1782, em que foi lavrado um termo entre o
protetor da capelinha o sargento-mor João da Silva Pinheiro, e a dita Irmandade tomar conta da
mesma, e os mais objetos que ela tinha e que os receberam por um inventário para as entregarem
da mesma sorte quando desocupassem a dita capelinha, que foi até o ano de 1794 a 1796. Depois
da escreveu, em 12 de junho de 1732, ao Provincial da Ordem Seráfica, dizendo: "Que naquela
Vila havia uma pequena capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões e o protetor dela tinha falecido
com o desejo de doar a mesma à Ordem Seráfica e seria fácil alcançá-la" Vid. o Tomo 1º nº 297.

186 _ 1755 _ Bem que a mesma pertencesse à viúva foi sempre administrada por protetores para
a sua boa conservação e de seus bens e parece ter sido o 2º protetor o capitão Gaspar Gonçalves
de Morais, o qual no ano de 1755, vendo que os religiosos franciscanos que nesses tempos
estavam em Paranaguá, e haviam requerido à Câmara chãos suficientes para levantarem uma
convento, com a competente cerca e querendo os mesmos usurparem parte dos terrenos que
eram pertencentes à mesma capelinha, a isso se opôs este protetor, requerendo ao Bispo da
Diocese contra eles, e no juízo eclesiástico de Paranaguá correu um pleito forense perante o
Vigário da vara o Padre Francisco Meira Calassa, e obteve no mesmo juízo sentença a seu favor
de carta de sentença civil, de demarcação na qual foram assinados o promotor Gaspar de Freitas
Trancoso, o Padre João Nunes Gomes, síndico dos religioso e o mesmo protetor.

187 _ 1766 _ O protetor deste tempo requereu ao reverendo doutor Vigário capitular a necessidade
de ser reparado o arco da capela-mor por estar rachado em duas partes e outros mais consertos
que a mesma necessitava, sendo autorizado a fazer tais despesas por despacho de 17 de julho do
mesmo ano.

O 3º protetor foi o sargento-mor João da Silva Pinheiro, nomeado pelo Vigário da vara Francisco
de Meira Calassa, e promovido no mesmo lugar pelo Visitador o Padre Firmiano Dias Xavier,
depois da morte do antecedente, em 1774, e tendo servido efetivamente até 1791, requereu a sua
demissão alegando ter mais de setenta anos de idade e morador do Pilar, e foi por isso
desonerado em 1791, ignorando-se quem lhe sucedeu na protetoria, até o ano de 1805. No ano de
1798 quando o Bispo Dom Mateus de Abreu Pereira andou visitando o Bispado e veio a Paranaguá
foi esta capelinha visitada pelo Visitador do Bispado Manoel Joaquim Gonçalves de Andrade e
proveu em 21 de julho daquele ano "Que dali em diante todos os anos se faria a festa do Senhor
no dia 6 de agosto com uma missa cantada à custa dos rendimentos de seu patrimônio e de
acordo com o vigário fossem reparadas as alfaias para a decência de seu culto.

188 _ A série cronológica destes protetores é:

1º - José da Silva Barros, seu fundador e primeiro protetor até o ano de 1730.

2º - O Capitão Gaspar Gonçalves de Morais, de 1730 até 1774.

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3º - O sargento-mor João da Silva Pinheiro, desde 1774 até agosto de 1791. Depois destes
ignora-se os que houve até 1805.

4º - O sargento-mor Manoel Antônio da Costa, desde 1815 a 1817.

5º - O Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, 1817-1824.


6º - O sargento-mor Bento Antônio da Costa, nomeado pelo Provedor o Doutor João Capristano
Rabelo em 24 de julho de 1824 e tomou posse a 2 de agosto de 1824 _ 1826.

7º - O ajudante José Antônio Pereira, nomeado pelo provedor o Doutor Agostinho Ermelino de
Leão, em 11 de agosto de 1826, tomou posse a 19 do mesmo 1826 _1832.

8º - O Vigário João Batista Ferreira nomeado pelo juiz de fora em 7 de março de 1833 e tomou
posse a 11 de abril, mas não pôde servir pelas suas ocupações paroquiais, foi isento... de.... 1833
_ 1833.

9º - O Comendador Manoel Francisco Correia Júnior, nomeado pelo juiz de fora, pela lei em 19 de
setembro de 1833, e tomou posse no mesmo dia, desde 1833 a 1839 e continua.

As receitas e despesas que fizeram estes protetores se verão no mapa nº 16, e do inventário de
seus bens móveis, de raiz e alfaias se verão no mapa nº 17. Em o ano de 1828 a 1829, sendo
protetor o ajudante José Antônio Pereira, teve princípio a obra do novo frontispício da capela do
Senhor Bom Jesus, fazendo-o de novo, e demolindo o antigo alpendre; para a mesma obra obteve
dos fiéis devotos uma subscrição voluntária em que tirou pelos fiéis devotos a quantia de Rs.
201$120; e em 1834, sendo protetor o Comendador Manoel Francisco Correia Júnior, e adjunto
com o Doutor Agostinho Ermelino de Leão promoveram outra subscrição voluntária pelos devotos
paranagüenses e tiraram mais a quantia de Rs. 412$840, ficando concluída a obra, servindo de
eterno padrão a seus autores e de glória a todos os fiéis paranagüenses a quem o mesmo Senhor
lhes há de retribuir com sua infinita misericórdia principalmente àqueles que deram a sua voluntária
esmola, de boa mente e não por vaidade humana.

MAPA Nº 16 e 17

189 _ Receitas e despesas da capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões, administrada por
diversos protetores.

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Protetoria do sargento-mor Manoel Antônio da Costa:

Protetoria do Capitão-mor Manoel Antônio Pereira:

Protetoria do ajudante José Antônio Pereira:


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Protetoria do Comendador Manoel Francisco Correia Júnior:

Inventário dos bens pertencentes à capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões, feito no 1º de
janeiro de 1834, pelo protetor o Comendador Manoel Francisco Correia Júnior:

1 morada de casas pertencentes ao patrimônio da capela na rua da Ordem nº...

1 imagem grande do Senhor crucificado no altar-mor, padroeiro da capela, com a denominação do


Senhor Bom Jesus dos Perdões.

1 imagem do Senhor da Cana Verde, que foi dos extintos Jesuítas.

1 capa nova de veludo carmesim com rendas amarelas douradas que deu o Comendador Manoel
Francisco Correia Junior.

1 resplendor grande de prata que deu ao mesmo Senhor o dito Comendador e custou 72$120.

1 cana verde nova de prata que veio do Rio - em 1837 e custou Rs.71$910

1 resplendor grande de prata com 4 alporcas, 3 parafusos, 1 ramilhete de pedras no meio do


mesmo senhor.

1 dito de ouro com 22½ oitavas inclusive 1 pedra encarnada.

1 imagem de S. José.

1 dita de S. Bento.

1 dia de Santo Antônio.

1 dita de Santo Agostinho.

1 dita de S. Ana ou da Senhora do Parto.

2 crucifixos, sendo um de latão.

2 coroas de prata velha da Santa Senhora do Parto com 6 oitavas.

2 resplendores de prata de S. José, com 9 oitavas.

6 castiçais de latão, 2 de casquinha e 4 de latão, pertencentes ao colégio dos extintos Jesuítas.

1 lampião de vidro.

3 casulas ordinárias antigas, sendo uma roxa, 1 verde e uma sebasta.

2 bolsas de sebastas com seus véus.


2 alvas, sendo uma nova e outra velha.

2 toalhas finas e 2 ditas ordinárias do altar-mor, sendo uma destas fina.

1 cortina de damasco velha, do altar.

1 cálice de prata e 1 missal usado.

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PARÁGRAFO OITAVO

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia

Notícia histórica da santa Irmandade da Misericórdia da Cidade de Paranaguá, sua instituição,


progresso, descrição de seu hospital, enfermos que nele se tem curado, suas receitas e despesas
e benfeitores que tem havido.

"Reparte o teu pão e os teus vestidos com os necessitados".

Jacob, 4.

"Assim, filho meu, não tenhas a mão aberta sempre para receber e fechada para dar".

Ecles. 4.

"A caridade os cobre com espesso véu".

Prov. 10.

"Visita os que gemem debaixo do peso das enfermidades".

Ecles. 7.

"Mais doce é dar do que receber"

Atos 20.

"O que dá aos pobres nunca carecerá do necessário, e o que não faz caso deles se verá
necessitado"!
Prov. 28.

190 _ 1836 _ A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Cidade de Paranaguá, no dia 8 de


dezembro do ano de 1836, na capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões, tomando a mesma
Irmandade por sua padroeira e singular protetora a Virgem Santíssima da Conceição, e pela
aprovação dos estatutos de seu compromisso aprovados pela Assembléia Legislativa Provincial e
pela lei nº 30 de 7 de março de 1830, e sancionada pelo Presidente José Cesário de Miranda. (1) A
Irmandade foi originária duma heróica associação que havia na mesma Cidade, instituída em 9 de
outubro do ano de 1831, debaixo do título

(1) Foi inaugurada neste dia, em que houve uma festividade a mesma Senhora, com missa
cantada; e se fizeram as eleições de provedor, escrivão, tesoureiro e irmãos da nova mesa.

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Associação da Sociedade Patriótica dos Defensores da Independência e Liberdade


Constitucional", e na sessão da mesma de 26 de julho de 1835; o filantrópico sócio e Comendador
Manoel Francisco Correia Júnior cheio de uma pia devoção e caridade cristã a favor de seus
compatriotas indigentes, indicou uma proposta à mesma sociedade que se vê exarada no livro 1º
destas memórias em o nº 786.

Esta proposta foi geralmente adotada pela sociedade; e por este motivo deve ser considerada
aquele cidadão como o principal fundador de um estabelecimento tão caridoso.

191 _ 1836 _ Outra lei provincial de nº 27, de 7 de março de 1836, da Assembléia Legislativa, e
sancionada pelo mesmo Presidente José Cesário de Miranda concede à Irmandade da Santa Casa
da Misericórdia de Paranaguá a faculdade de adquirir por todos os títulos em direito reconhecidos
de possuir até a quantia de Rs. 40:000$000 de réis, em bens de raiz, para a mantença dos
piedosos fins do seu instituto.

192 _ 1836 _ Em 8 de dezembro, como já se disse, foi esta Irmandade instituída e na capela do
Senhor Bom Jesus dos Perdões, sendo convocados todos os sócios da extinta Sociedade
Patriótica dos Defensores da Independência e Liberdade Constitucional, ora convertida em Irmãos
da Santa Casa da Misericórdia se passou à nomeação de um provedor que paga o anual com 16$
mil réis de sua jóia; o escrivão com 1$600 réis, o tesoureiro com 1$600réis, o mordomo do hospital
com 1$600 réis, o mordomo dos presos com 1$600 réis, o procurador com 1$600 réis, e doze
irmãos de mesa a 1$280 réis, de suas jóias, e os irmãos singelos a duas patacas, tendo obrigação
cada irmão que entrar pagar quatro patacas de entrada na conformidade dos seus estatutos. A
série cronológica dos cargos principais da Irmandade que tem ocupado vários cidadãos vão
exarados no mapa nº 19.

Desde o ano de 1836, inclusive a 1849 entraram nesta Santa Irmandade, 224 irmãos e irmãs,
destas tem falecido 35, despediram-se dela outros 35, e destes sendo a mor parte destes pessoas
abastadas, e de influência que bem poderiam sustentar o engrandecimento e o esplendor dela, que
desgraçadamente de sua primitiva prosperidade.
Desde o mês de dezembro de 1847 ao mês de dezembro de 1849 mais nenhum irmão entrou nela;
ignora-se qual seja um tão repentino desânimo dos paranagüenses se é a falta de religião ou
piedade.

Alguns benfeitores já tem havido como se verá da lista abaixo e que tem deixado à Santa Casa
esmolas e legados a um tão pio estabelecimento que é um dos mais caridosos da cristandade, e é
de esperar que os paranagüenses mais favorecidos da fortuna, nas suas últimas horas da vida, se
lembrem em deixar alguns socorros para sustento e curativo daqueles infelizes que estão sofrendo
o amargo padecimento de suas dores; e próximo a caminharem para a sepultura, se não tiverem
nenhuns socorros de seus concidadãos. Os nomes destes beneméritos benfeitores são os
seguintes gravados seus nomes nestas

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memórias para ficarem eternizados para sempre esperando-se que cada vez mais ela seja
aumentada no futuro.

193 Benfeitores da Santa Casa da Misericórdia

1838 1 Esmola que deu o falecido José Ricardo 40$000 1839 2 Idem que deixou em testamento o
falecido

Capitão Joaquim Antônio Guimarães 20$000 1839 3 Idem que deixou em testamento Joaquim

Maria de Araújo 500$000 1840 4 Idem o Capitão Hipólito José Alves 150$000 1840 5 José Narciso
Coelho em medicamentos 60$000 1841 6 Idem que deixou em testamento o Padre João

Crisóstomo de Oliveira Salgado Bueno 50$000 1841 7 Idem que deixou em testamento o Padre
João

Carneiro dos Santos 100$000 1842 8 Maria Lucinda 50$000 1843 9 Idem em testamento Manoel
José Pereira Braga,

um escravo 411$411 1843 10 Esmola que deu o Capitão-mor Manoel Antônio

Pereira para se fazer o altar de Nossa Senhora da

Conceição 100$000 1843 11 Idem que deu o Tenente-coronel Manoel Francisco

Correia para a fatura do altar do Senhor Bom Jesus da Cana

Verde 105$700 1845 12 Idem que deixou em testamento o Doutro médico

inglês Guilherme Wyle 100$000 1846 13 Idem que deixou em testamento Antônio José

Pinto de Mesquita (1) 400$000 TOTAL 2:267$111


Hospital da Santa Casa da Misericórdia

194 _ O Hospital da Santa Casa da Misericórdia foi confeccionado junto à capela do Senhor Bom
Jesus dos Perdões. Sua frente é de cem palmos, fronteando com o frontispício da capela, e de
fundos setenta para o lado da rua da Misericórdia. Na face que olha para o lago do mesmo nome,
tem 6 janelas de

(1) Em 19 de abril de 1837 João Gularte ofereceu para a Santa Casa 12 lençóis e 6 mantas.

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peitoril e para a rua da Misericórdia, 1 porta principal da entrada deste edifício. Suas divisões
interiores são: uma grande sala onde se fazem as sessões da Irmandade, que ocupa duas janelas
da frente. Tem mais uma hospedaria com uma janela, outra hospedaria maior, que tem duas
janelas e nesta cabem dez enfermos, e na esquina uma sala com outra janela a cada lado e que
serve de botica. Entre estas salas as divide um corredor desde a entrada até ao fundo para a parte
da capela do Bom Jesus de 8 palmos de largo. No lado do fundo tem uma sala e alcova, onde
moram os enfermeiros e três salas que servem de enfermarias de mulheres e despejos do serviço
do hospital. Em um grande puxado de continuação do mesmo edifício tem quartos de serviço,
despensas da casa e cozinha.

Para a confecção desse hospital no ano de 1841, a Assembléia Legislativa Provincial na lei nº 30
de 31 de março de 1838 mandou dar o auxílio de dois contos de réis para o hospital e que foram
recebidos pelo tesoureiro Antônio Pereira da Costa; porém não chegando a mesma quantia para a
conclusão da obra, a Irmandade da Santa Casa pediu por empréstimo a quantia de um conto de
réis à Sociedade União Paranagüense, por espaço de dez anos a pagar em prestações anuais de
cem mil réis, faltando ainda pagar duas prestações a consolidar esta dívida.

A casa do hospital até o ano de 1849 se tem despendido nela a quantia de Rs 3:704$000, em sua
construção não entrando nesta quantia muitas esmolas de materiais e dias de serviço que
generosamente prestaram muitos cidadãos paranagüenses.

Sendo marinheiros que faleceram 16

Idem pessoas pobres 42

Idem escravos 1

Idem soldados 1

TOTAL 60

Enfermos que saíram curados do hospital são:

Marinheiros 415
Idem pobres 99

TOTAL 514

Despesa anual que faz a Santa Casa da Misericórdia com o expediente do curativo dos enfermos
nos seus empregados:

195 _ Com o médico de partido anualmente Manoel José da Cunha Machado 100$000 1
Enfermeiro e 1 enfermeira a 8$ por mês 192$000 2 Serventes - cada mês 6$400 153$600

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1 Serventa _ 6$000 72$000 1 Escravo para servir no hospital que ofereceu gratuitamente

o Capitão Hipólito José Alves $

196 _ Inventário dos móveis da Santa casa da Misericórdia da Cidade de Paranaguá no 1º de


fevereiro de 1850 que se acham em necessidade de serem reformados:

12 camas ordinárias feitas no ano de 1836

2 mesas com gavetas

4 mesas pequenas dentre as camas

1 dita pequena velha para esmola dada para a botica

4 caixas de servidores ordinários

6 gamelas compridas.

Móveis em estado de servir

4 camas

3 mochos

2 bancos

2 mesas

1 mesa grande das sessões

30 lençóis

12 fronhas
5 toalhas

1 dita de botica de linho

4 colchas de chita

5 ditas de lã

6 colchões

6 travesseiros

1 rede de esmola

1 baeta preta para coberta da mesma

9 travesseiros usados

6 colchões novos

4 toalhas de mão

Móveis inservíveis e que são precisos refazer-se

6 colchões

6 travesseiros

6 colchas de chita

6 ditas de lã

4 camisolas

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6 fronhas

Louça do uso velha que precisa ser reformada

18 pratos brancos, fundos e rasos

16 tigelas sortidas

2 bules bancos
1 dito de folha

8 escarradeiras brancas

8 canecas sortidas

2 bacias pequenas

8 casais de xícaras e pires pequenos

10 quartinhas ou bilhas para água

2 alguidares vidrados

4 servidores de barro

197 Utensílios usados e quase inservíveis

8 facas velhas

12 garfos e colheres ordinários de ferro

1 enxada velha

1 machado velho

1 machadinha dita

2 grelhas de ferro

2 trempes quebrados

1 ralador

1 chaleira

1 chocolateira

6 lanternas sem vidros

4 ditas inúteis

2 folhas para guardar açúcar e farinha

Móveis de ferro servíveis

1 espeto de ferro

1 trempe

1 grelha
1 tacho de cobre

1 bacia de arame para banho

1 almofariz de ferro

1 dito de bronze

4 lanternas

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1 serrote

1 enxó

4 castiçais

1 pá de ferro

6 pratos brancos

6 tigelas

4 canecas e pires

N.B. Esta louça é nova.

Eis aqui os últimos móveis que possui a Santa Casa até hoje, e sem meios de reformar o que é
inútil.

O que existe novo que são 4 colchas de chita, 6 de lã, 6 colchões e 6 travesseiros, 10 lençóis e 6
fronhas e a louça nova que já foi reformada pela mesa atual, que achou quase tudo inservível e por
isso foi mister fazer essa despesa em Rs. 77$000 além de algumas coisas dadas por esmolas por
diversas irmãs.

198 _ 1837 _ Em 23 de julho congregada a mesa da Santa Casa da Misericórdia, e nela


apresentado o regimento interno do hospital, leu-se um ofício de João Gularte fazendo oferta à
Irmandade de 12 lençóis e 6 mantas para o serviço do hospital e outro ofício de José Ricardo dos
Santos, oferecendo à Irmandade uma esmola de Rs. 40$000 réis, sendo esta a 2ª sessão.

199 _ 1837 _ Na terceira sessão de 24 de setembro foi apresentado um ofício do juiz de paz do 2º
distrito requerendo que fossem admitidos a curar-se no hospital os doentes com bexigas, e
deliberaram que se pusessem na chácara do patrão-mor Manoel de Araújo França, para lá serem
curados.

200 _ 1838 _ Na quarta sessão ordinária de fevereiro de 1838 foi apresentada uma portaria do
Presidente da Província, de 31 de janeiro do presente ano, participando à Irmandade que naquela
data ordenava à tesouraria da Província para que mandasse arrecadar pela alfândega a
contribuição, em virtude da lei Provincial de 23 de março de 1835: compete a esta Irmandade
recebê-las. Apresentou-se outro ofício do Inspetor da alfândega desta Vila de 21 de agosto do ano
findo, em que comunicava a esta Irmandade que o Ex.mo Presidente, em portaria de 26 de
dezembro de 1836, determinava que se entregasse à Santa Casa, a parte do colégio que se
achava desocupada pela alfândega.

201 _ 1838 _ Na quinta de 28 de fevereiro. Nela se ofereceu o Dr. médico Guilherme Wyle para
assistir aos enfermos com a sua presença e remédios.

202 _ 1838 _ Na 6ª sessão, de 11 de março, trataram sobre os reparos que precisava o colégios
dos extintos Jesuítas e que a Junta da Fazenda ofereceu à Irmandade para servir de hospital, com
cuja despesa a mesma Irmandade não podia e que nesse caso antes fosse alugada a casa em que
morava o Capitão Francisco Carneiro, que pertencia à Irmandade do Santíssimo Sacramento.

203 _ 1838 _ Na 7ª sessão, de 22 de junho, a mesa deliberou que se

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alugasse a casa da Irmandade do SS. Sacramento e sobre outros objetos.

Na 8ª sessão de 2 de setembro a mesa tratou sobre se fazer a festa da padroeira do hospital e se


a capela estivesse em obras a mesma seria feita na igreja da Ordem Terceira.

204 _ 1839 _ Na 9ª sessão de 13 de janeiro, a mesa tratou sobre o ingresso na Irmandade de


muitos irmãos que eles mesmos se demitiram dela, quando sendo pessoas abastadas de bens
poderiam prestar muitos serviços à mesma Irmandade, conservando aquele esplendor de que ele
necessitava ter.

205 _ 1839 _ Na 11ª sessão de 21 de janeiro, deliberaram sobre o legado que tinha deixado à
Irmandade Francisco Maria de Araújo a esmola de Rs. 500$000 mil réis. A Irmandade deliberou se
lhe mandasse cantar uma missa ad requiem e depois dela mais doze missas rezadas.

206 _ 1839 _ Na 12ª sessão de 12 de março o médico do hospital o Dr. Guilherme Wyle requereu
à Irmandade que lhe mandasse pagar a quantia anual de Rs. 200$000 pelo seu trabalho;
deliberaram que o procurador com ele fizesse ajuste.

207 _ 1839 _ Na 13ª sessão de 1556 de julho, a mesa declarou na sua ata que o Capitão Hipólito
José Alves tinha dado de esmola a quantia de Rs. 50$000 para o hospital além de mais 100$ mil
réis que já dera e cuja oferta foi recebida com especial agrado.

208 - 1841 _ Na sessão de 12 de janeiro a mesa deliberou que se requeresse à Assembléia


Provincial alguma quantia para a conclusão do novo hospital.

209 _ Na sessão de 7 de março de 1841, o Comendador Manoel Antônio Guimarães se


encarregou da conclusão da obra do novo hospital e mostrou haver importado a receita da
Irmandade em réis 2:503$055 réis e a despesa em Rs. 2:515$800, e o mesmo Comendador junto
com o sargento-mor Bento Antônio da Costa ofereceram a quantia de 150$000 réis para se acabar
de assoalhar os três salões.
210 _ 1841 _ Na sessão de 6 de junho a mesa tomou contas ao tesoureiro e se viu ter rendido o
primeiro trimestre desde 31 de dezembro do ano próximo passado até 31 de maio Rs. 580$520 e a
despesa Rs. 545$600.

211 _ Sessão de 29 de agosto: deliberaram sobre a portaria do Presidente da Província em que


determinava à Irmandade lhe mandassem a planta do edifício do hospital e a mesa deliberou fosse
remetido e ordenaram ao tesoureiro mandasse buscar do Rio de Janeiro, quatro castiçais de
casquinha e mais um tapete.

212 _ Sessão de 19 de setembro tomaram contas ao tesoureiro e acharam haver rendido o


trimestre findo em 31 de agosto Rs. 950$130 e a despesa em Rs. a quantia de 966$263.

213 _ Sessão de 31 de outubro. Em mesa apresentou o provedor Manoel Francisco Correia Júnior
um ofício do inspetor da tesouraria e outro do Presidente

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da Província mandando entregar pela alfândega a quantia de Rs. 2:000$000 que a Assembléia
Provincial tinha decretado para auxílio da confecção do hospital da Santa Casa da Misericórdia.

Nos mais anos sucessivos houve as sessões necessárias para as tomadas de contas, expediente
do hospital da Santa Casa e outros arranjos relativos à administração e regime da Irmandade.

214 _ 1850 _ Sessão de 10 de março de 1850. A mesa da Santa Casa dirigiu ao Presidente da
Província os ofícios seguintes:

"Il.mo e Ex.mo Senhor.

A mesa da Santa Casa da Misericórdia da Cidade de Paranaguá a bem dos interesses da mesma
dirige as petições inclusas à Assembléia Geral Legislativa deste Império e roga a V. Excelência se
sirva mandar apresentar a mesma para ser deferida. A mesa igualmente roga a V. Excelência se
sirva prestar-lhe seu valioso apoio a bem da humanidade desvalida para que a Irmandade obtenha
o que requer visto que se acha ela em sérias necessidades como mostra pelos documentos que a
acompanham. Deus guarde a V. Excelência por muitos anos. Paranaguá, em mesa de 10 de
março de 1850. Il.mo e Ex.mo Senhor Visconde de Monte Alegre, Conselheiro de Estado, Senador
do Império, Presidente do Conselho de Ministros e Secretário de Estado dos Negócios do Império".

Ofício dirigido ao mesmo Presidente:

"A mesa da Santa Casa da Misericórdia da Cidade de Paranaguá endereça a V. Excelência o


ofício (acima) junto ao Ex.mo Ministro do Império cobrindo duas petições que a mesma dirige à
Assembléia Geral Legislativa rogando a V. Excelência não só a breve remessa, como satisfatória
informação como esperam os abaixo assinados dos conhecidos sentimentos de V. Excelência em
socorro dos desvalidos. Deus guarde a V. Excelência muitos anos. Paranaguá em mesa de 10 de
março de 1850.

"Manoel Francisco Correia Júnior, provedor; Ricardo Gonçalves Cordeiro, escrivão; Eduardo W. da
Costa, tesoureiro; Arnaldo José da Cruz, procurador; Joaquim Pinto de Amorim, mordomo do
hospital; Carlos Augusto de Melo Franco, mordomo dos presos; irmãos de mesa Florêncio, José
Munhoz, Manoel Antônio Pereira, Manoel Gonçalves Guimarães, Joaquim Cândido Correia, João
Alves Bezerra, Raimundo Ferreira de Oliveira Melo e Albino José Martins Andador".

Petições que fez a mesa da Santa Casa da Misericórdia à augusta Assembléia Geral Legislativa.

215 _ 1ª - "Augustos e digníssimos Senhores Representantes da Nação. A Irmandade da Santa


Casa da Misericórdia da Cidade de Paranaguá, da Província de S. Paulo, criada pela provisão do
Ex.mo Bispo Diocesano de 28 de fevereiro de 1835, e pela lei provincial de nº 30, de 7 de março
do mesmo ano,

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que aprovou seus compromissos, tendo obtido por outra Lei Provincial nº 27, de 7 do mesmo mês
e ano, a faculdade de possuir até quarenta contos de réis em bens de raiz para mantença dos
piedosos fins de seu instituto na dúvida de que a autoridade que tal concedeu não tenha a
faculdade precisa para a concessão, os mesários da mesma Irmandade, em nome dela, vem pedir-
vos, augustos e digníssimos Senhores Representantes da Nação, que confirmeis a dita lei, a fim de
que a Irmandade possa legalmente possuir bens até a referida quantia. Essa confirmação se faz
urgente porque tendo Manoel Gomes do Santos deixado em seu testamento uma morada de casas
debaixo das condições constantes da certidão junta, para se verificar a posse o usufrutuária,
necessita a Irmandade estar legalmente autorizada a possuir esse prédio; por isso pedem a vós,
Augustos e Dignos Senhores Representantes da Nação, confirmeis a citada Lei Provincial nº 27,
de 12 de março de 1846, e que permitais além disso que elas sejam extraídas nessa Corte, visto
que tendo havido e há dificuldades em correrem elas nesta Cidade, como passareis a ver.

"Senhores! Na cópia da petição que a mesa dirigiu a sobre dita Assembléia Provincial vereis as
razões que a moveram a pedir essas loterias, razões que sendo atendidas por aquela Assembléia
tiveram em resultado, a concessão das loterias pedidas. Em conseqüência disso, tratou a mesa de
eleger um tesoureiro na sessão geral da Irmandade, de 14 de março de 1847, recaindo a
nomeação no irmão Joaquim Américo Guimarães; este por seu estado valetudinário, recusou-se
como consta do documento nº 2; e reunindo-se a Irmandade para nova eleição de tesoureiro, em
18 de abril do mesmo ano, resolveu não nomear outro, e sim pelas razões expendidas em seu
ofício da mesma data nº 3, pedir ao Ex.mo Governo da Província autorização para que essas
loterias fossem extraídas na Corte. O Governo da Província, como se vê pela cópia nº 4, da
portaria de 21 de maio do mesmo ano, não se achou autorizado para fazer essa concessão, o
mesmo Governo exigiu, em portaria de 8 de junho de 1848, cópia nº 5, algumas informações sobre
o estado da Santa Casa, subministrou ,em ofício de 4 de agosto do mesmo ano (cópia nº 5),
mostrando o alcance que tinha a Irmandade a nenhuma esperança de melhora e pedindo ao
mesmo governo sua coadjuvação em favor da Santa Casa. De então para cá, subindo de ponto as
dificuldades para a extração de loterias concedidas por outras leis provinciais, a mesa não tem
tomado resolução alguma a fim de tornar efetiva essa concessão tão necessária para a mantença
do hospital e para o socorro da humanidade desvalida! Desde então, Senhores, em nada tem
melhorado a Irmandade; suas rendas têm decaído, de forçá-la a lançar mão de algumas deixas e
mesmo de uma pequena quantia de dinheiro que tinha capitalizado para fazer frente a suas
despesas ordinárias. Até, Senhores, por falta de meios, teve ela com dor de fechar seu
estabelecimento a muitos desvalidos, recebendo apenas marinheiros, como é obrigada, por ser
seus únicos réditos os emolumentos da marinha, como se demonstra na conta corrente º 7! Ainda
assim o documento n º 8, vos fará ver o
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número dos enfermos marinheiros e pobres que se tem tratado no hospital desde seu
estabelecimento até 31 de dezembro do ano findo. Agora não tendo a Irmandade outros réditos
além dos emolumentos da marinha, dos módicos anuais e de poucas esmolas que tudo junto
chega apenas para as despesas já muito economizadas no tratamento dos marinheiros, pois talvez
em breve a necessidade a force a não socorrer como é de seu dever, esses mesmos, atendendo a
que esse ano parece ter decrescer muito a navegação, em razão da baixa dos gêneros que
exporta esta Cidade para os mercados do Rio da Prata. Os abaixo assinados, portanto, baseados
na justiça e necessidade em que se vê o estabelecimento, confiados a sua administração, animam-
se a impetrar de vós, Augustos e Digníssimos Senhores Representantes da Nação, que lanceis
vossas vistas benignas sobre este nascente e pio estabelecimento iguais que corram nessa Corte
as loterias já concedidas em benefício deste hospital de caridade, ou concedendo-lhe outras iguais
às que tendes concedido à Irmandade dessa Corte, e mesmo de outras Províncias. Cônscios da
justiça de sua petição, e do caráter da filantropia e religião que vos anima, esperam os abaixo
assinados serem atendidos com o que

RR. Mercê."

Seguem-se as assinaturas da mesa.

217 _ 1850 _ Na mesma sessão de 10 de março, a mesa oficiou ao Presidente da Província


acompanhado duma representação à Assembléia Legislativa Provincial do teor seguinte:

"Il.mo e Ex.mo Senhor.

Não constando à presente mesa da Santa Casa da Misericórdia desta Cidade ter a mesa finda
dado cumprimento ao que determinou o Ex.mo Governo no aditamento à portaria de 8 de junho de
1848, apressa-se esta a levar à presença de V. Excelência a conta corrente da receita e despesa
do ano findo. Por ela verá V. Excelência um saldo a favor da Irmandade em Rs. 173$530. Deste
resultado inferirá V. Excelência que a Irmandade tem prosperado, porém infelizmente acontece o
contrário antes tem definhado. O ano findo foram os emolumentos da marinha maiores do que os
anos anteriores e com eles pode sustentar-se as despesas totalmente indispensáveis de curativo
de alguns marinheiros. Para que a renda fizesse face à despesa não foram admitidos pobres no
hospital; e ultimamente, marinheiros; o tratamento foi tão mesquinho que estes mesmos preferiam
curar-se só aqueles totalmente desvalidos. Os serventes foram e são ainda insuficientes; a botica
se acha desfalcada dos principais medicamentos e a ponto que esse saldo talvez não seja
suficiente para a compra só de remédios.

A imagem da Senhora da Conceição, orago da Irmandade, se acha descolada e desencarnada,


mandando-se fazer um nicho envidraçado para preservá-la da umidade, cuja despesa se orça
acima de duzentos mil réis. À

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vista pois das necessidades com que a administração atual tem a lutar por falta de meios e
decrescência prováveis nos rendimentos do mar, resolvemos na sessão de hoje, representar à
Assembléia Legislativa Provincial, suas necessidades pedindo algum socorro anual, para a
sustentação de seu hospital cuja petição endereça a V. Excelência para que sirva levar à presença
da mesma Assembléia, dignando-se apadrinhá-la como é de esperar, à vista da justiça do pedido,
e do caráter de V. Excelência a bem da humanidade desvalida. Deus guarde a V. Excelência.
Paranaguá, em mesa de 10 de março de 1950".

Seguem-se as assinaturas da mesa.

Senhores da Assembléia Provincial.

1281 _ "A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Cidade de Paranaguá, erecta em virtude
da provisão do Ex.mo Prelado de 28 de fevereiro de 1836 e Lei Provincial nº 30, de 7 de março do
mesmo ano, tendo já levado à Vossa presença um requerimento, pedindo socorro para a fatura do
seu hospital, o que foi atendido, consignando-se na Lei do Orçamento Provincial de 1841, dois
contos de réis, quantia esta que foi aplicada para esse fim. E com a qual e algumas esmolas se
pôs o edifício em circunstâncias de poder admitir os marinheiros e alguns pobres tendo-se gasto
com ele Rs. 3:704$ mil réis, sem entrar nesta quantia algumas esmolas de materiais e diversos
gratuitos. Logo que o edifício esteve capaz de trasladação alguns doentes existentes em uma casa
alugada se passaram a eles para o hospital, a fim de se poupar os aluguéis das casas, para depois
se ultimar o mesmo a crescer, porém os limitadíssimos réditos quase cifrados nos emolumentos da
marinha, não têm permitido fazer-se mais que alguns preparativos e consertos absolutamente
necessários, aplicando para isso sua renda ordinária, e algumas pequenas deixas. Para ultimar o
edifício força foi emprestar da Sociedade União Paranagüense um conto de réis, pagáveis logo que
estivesse o edifício pronto, a cem mil réis anuais dos quais ainda se restam Rs. 200$ mil réis, como
vereis, Senhores, das contas correntes a esta anexa. Nos princípios do estabelecimento algumas
deixas se pôde capitalizar um conto de réis, que se deu a juros, porém as crescentes necessidades
do mesmo fez lançar mão desse pequeno fundo, a fim de fazer face às despesas que mal chegam
par a sustentação e curativo dos marinheiros, tendo a Irmandade com dor repelido muitos pobres
que têm recorrido ao hospital, recebendo só aqueles que sua excessiva falta de meios levaria
talvez a uma morte certa. O ano findo quase nenhuns pobres se recolheram e como a mesa nada
despende, só deixando o hospital e a botica exausta de tudo, não pode o rendimento da marinha
fazer face à despesa; este ano porém que se faz mister refazer a botica, comprar roupas e outros
utensílios, acrescendo a necessidade de mandar colar e encarnar a imagem de Nossa Senhora da
Conceição, orago da Irmandade, e fazer um nicho envidraçado a fim de preservá-la do ar, cuja
despesa é orçada em 200$ mil réis, não pode a Irmandade com os seus réditos que, como
dissemos, se reduz aos emolumentos da marinha, algumas diminutas

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esmolas da bolsa a qual e os anuais é apenas aplicadas para as despesas do altar, festa e
enterros dos pobres, que a Irmandade sobrecarrega portanto se vê a mesa atual nos maiores
apuros para poder continuar a prestar tênues serviços aos homens do mar e alguns pobres
desvalidos. Além disso é de presumir com a deficiência e paralisação dos negócios do Rio da
Prata, que alimenta neste porto a maior navegação, esta se reduz muito e assim esses mesmos
réditos decresçam em proporção do comércio. Por todas estas razões os atuais mesários da
Irmandade vêm recorrer à vossa caridade e filantropia, socorrais com alguma quantia da receita
provincial, a fim de que se possa socorrer às necessidades dos estabelecimento, e socorro da
humanidade desvalida. Por uma representação da mesa que levou à vossa presença suas
urgentes necessidades, essa Assembléia por Lei Provincial nº 27, de 12 de março de 1846,
concedeu a esta Irmandade duas loterias de 60 contos de réis cada uma para os rendimentos
aplicar para as necessidades do estabelecimento, porém, Senhores, o exemplo de não poderem
correr outras loterias para o hospital desta Cidade, da de Santos e do Senhor Bom Jesus de
Iguape, além de outros tropeços, fez com que as mesas anteriores e mesmo a Irmandade,
resolvesse não dar andamento, pois que viam não ser possível ela chegar a resultado final. Em
conseqüência a atual mesa resolvera requerer ao poder competente a confirmação delas e que
ambas reunidas em uma corresse na Corte, onde unicamente há probabilidade. Vós, porém,
Senhores, sabeis que quando seja atendida como é de esperar este justo pedido, não se poderá
extrair tão cedo à vista do grande número já concedidas, portanto os mesários abaixo assinados,
em nome da Irmandade, cônscios de vossa caridade não trepidarão ver suas precisões certo de
que não deixareis perecer por falta de socorro um tão pio estabelecimento. Do mapa junto vereis,
Senhores, os socorros que tem prestado já à humanidade este estabelecimento, não obstante seus
tênues meios. À vista pois do exposto, os mesários esperam de vossa caridade, religião e
filantropia

Receber a mercê pedida.

Paranaguá, em mesa aos 10 de março de 1850".

Manoel Francisco Correia, provedor; Ricardo Gonçalves Cordeiro, escrivão; Eduardo Wercelino da
Costa, tesoureiro; Arnaldo José da Cruz, procurador; Joaquim Pinto de Amorim, mordomo do
hospital; Carlos Augusto de Melo Franco, mordomo dos presos; irmãos de mesa Florêncio José
Munhões, Manoel Antônio Pereira, Manoel Gonçalves Guimarães, Manoel Francisco Correia,
Joaquim Cândido Correia, João Alves Bezerra, Raimundo Ferreira de Oliveira Melo, Albino José
Martins.

As receitas e despesas que tem feito anualmente a Santa Casa da Misericórdia desde o ano de
sua ereção em 1836, inclusive até o ano de 1849, se verão por extenso no mapa nº 18.

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MAPA Nº 18

Resumo das contas de receita e despesa da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Cidade
de Paranaguá desde sua ereção em 1836, inclusive até o ano de 1849, prestadas pelos seus
respectivos tesoureiros.

Conta prestada pelo tesoureiro Manoel Antônio Guimarães no primeiro ano de 1836 a 1837.

Receita

Dinheiro recebido dos fundos da extinta sociedade defensora 132$490 Idem em 1 vale 500$000
Anuais e jóias 38$720 Idem rendimento da bolsa 91$850 763$060
Despesa

Importe de 1 opa e 1 bolsa para esmolas 15$000 Idem de selo de 6 livros 15$960 Idem de 4 camas
, 4 mesas , 4 bancos, 4 mochos ordinários 55$040 Enterro de 1 pobre 5$200. Suprimento para
curativos 20$880 26$080 106$880 Importe da receita 763$060 Saldo a favor 656$180

Conta prestada pelo mesmo tesoureiro no ano de 1837 a 1838, em que se estabeleceu a casa
alugada.

Receita

Saldo da conta anterior 656$180 Idem rendimento dos emolumentos da marinha, de maio

a novembro 743$880 Idem rendimento da bolsa e mais 40$ mil réis de José

Ricardo 78$290 Idem curativo de um escravo 35$720 Idem prêmio do vale 120$000 Idem anuais e
jóias 94$480 1:728$550 Despesa

Despesas da mordomia 401$080 Idem da enfermaria e serventes 312$000 Importe de


medicamentos vindos do Rio de Janeiro 230$450 Aluguel da casa de 1 ano 120$000 1 painel vindo
do Rio para a procissão 139$000

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despesas no dia da padroeira 32$490 1:235$520 Importe da receita 1:728$550 493$530 Importe
do vale que existe 500$000 A favor do tesoureiro que oferece à Santa Casa 6$470

Conta prestada em dezembro pelo tesoureiro Joaquim Américo Guimarães do ano de 1838 ao de
1839.

Receita

Importe dos emolumentos da marinha do 1º de 1838 a 30

de novembro de 1839 1:000$080 Idem rendimentos da bolsa 74$990 Idem curativos e esmolas
83$713 Anuais e jóias 189$880 Legado do Capitão Joaquim Antônio Guimarães 200$000 Idem de
Francisco Maria de Araújo 500$000 2:048$663 Importe da despesa 2:106$893 Saldo a favor do
tesoureiro que pagou em 1842 58$230

Despesa

Despesa da mordomia da casa 546$280 Idem com a enfermaria e serventes 371$520 Idem aluguel
da casa 120$000 Idem ao Dr. Guilherme assistente do hospital 150$000 Idem utensílios e móveis
para a casa 64$673 6 balandraos para a Irmandade 43$900 Funeral e missas pelas almas das
legatárias 67$760 Despesas com a festa 42$860 Idem quantia entregue a Manoel Antônio
Guimarães para

dar princípio à obra da casa do hospital importa dos legados 700$000 2:106$893

Contas prestadas em dezembro pelo tesoureiro João Antônio dos Santos do ano de 1839 a 1840.

Receita

Importe dos emolumentos da marinha 1:083$120

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Idem rendimento da bolsa, esmolas e curativos 234$490 Idem anuais e jóias 98$480 Idem
cobrança do vale existente 500$000 1:916$090 Importe de despesa 2:032$998 Saldo a favor do
tesoureiro que deu de esmola à Irmandade 116$848

Despesa

Idem com a mordomia e enfermaria 1:122$120 Idem aluguel da casa e médico 270$000 Idem
remédios e utensílios 102$018 Idem enterro dum pobre 5$520

Idem despesas da festa 33$280 Idem importe do vale que cobrei e o entreguei ao senhor

Manoel Antônio Guimarães para a obra do hospital 500$000 2:032$998

Contas prestadas pelo tesoureiro Antônio Pereira da Costa do ano de 1840 a 1841.

Emolumentos da marinha 1:271$360 Idem rendimento da bolsa 36$310 Idem de curativos 207$200
Idem anuais e jóias 93$440 1:608$310

Idem que recebeu da alfândega por verba dada pela

Assembléia Provincial para a fatura do hospital 2:000000

Idem legado do Padre João Crisóstomo 100$000 Idem doação do Padre João Carneiro 50$000
3:758$310 Importe da despesa 3:635$603 Saldo a favor da Irmandade 122$707

Despesa

Mordomia e enfermaria 1:170$410 Médico e aluguéis de casa 269$013 Despesas diversas com o
hospital 21$920 Idem missas e sufrágios 25$600 Idem com a festa 41$060

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1:535$l603 Idem a quantia dada a juros de um conto de réis que a

Sociedade União Paranagüense emprestou à Irmandade

a pagar em 10 anos 100$000 Idem entregue a Manoel Antônio Guimarães para as obras

do hospital 100$000 Idem 1º pagamento à Sociedade União Paranagüense 100$000 3:635$603

Conta prestada pelo tesoureiro Francisco Alves de Paula no ano de 1841 a 1842.

Receita

Saldo recebido do tesoureiro 122$707 Idem deixa de D. Maria Lucinda 50$000 Idem rendimentos
da bolsa 80$300 Idem de curativos e esmolas 192$400 Juros de 1:000$ de réis 60$000 Idem
anuais e jóias 92$480 Idem emolumentos da marinha 1:093$640 1:691$527

Despesa

Mordomia e enfermaria 1:320$700 Saldo pago ao tesoureiro Joaquim Américo 58$230 Idem
medicamentos e utensílios 76$480 Idem ao médico assistente 150$000 Idem despesas da festa
41$040 1:646$450 Importe da receita 1:691$527 Saldo a favor da Irmandade 45$077

Conta prestada pelo tesoureiro Joaquim Cândido Correia do ano de 1842 a 1843.

Receita

Saldo recebido do ex-tesoureiro 45$080 Idem de esmola dada pelo Capitão Manoel Antônio

Pereira para o altar da Senhora da Conceição 100$000 Idem recebido do legado Manoel Pereira
Braga 200$000 Idem pagamento da metade do crédito para aplicar às

obras do hospital 500$000 Idem prêmio dos 500% réis que ficaram 30$000 Idem emolumentos da
marinha 1:238$760

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Idem rendimento da bolsa 33$180 Idem anuais e jóias 114$000

2:261$020

Despesa

Enfermaria e mordomia 1:311$260 Idem pagamento de obras do hospital 395$865 2º pagamento à


Sociedade União Paranagüense 100$000 Roupa, medicamento e utensílios 48$720 Idem
pagamento ao médico 150$000 Idem importe do altar de Nossa Senhora 105$700 Idem missas e
sufrágios 61$400 Idem despesas com a festa 38$510 2:211$455 Importe da receita 2:261$020
Saldo a favor da Irmandade 49$565

Contas prestadas pelo tesoureiro José de Sousa Guimarães do ano de 1843 a 1844.

Saldo recebido do ex-tesoureiro 49$565 Idem remanescentes do legado de Manoel Pereira Braga
211$411 Idem prêmio dos 500 mil réis 30$000 Idem emolumentos 1:316$360 Idem rendimento da
bolsa, esmolas, donativos e curativos 145$310 Idem anuais e jóias 179$680 1:932$326

Despesa

Mordomia e enfermaria 1:474$020 Medicamentos vindos do Rio de Janeiro 130$445 3º pagamento


à Sociedade União Paranagüense 100$000 Idem pagamento ao médico 150$000 Selo e livro
8.960, 1 bolsa 2.380 e 12 missas 7$680 19$020 Idem despesas com a festa de Nossa Senhora
65$720 1:939$205 Idem importe da receita 1:932$326

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Saldo a favor da tesoureiro que oferece de esmola 6$879

Contas prestadas pelo tesoureiro Manoel José Correia do ano de 1844 a 1845.

Receita

Emolumentos da marinha 1:383$200 Idem rendimento da bolsa 45$860 Idem de curativos 77$760
Idem resto do crédito a juros recebido 530$000 Idem anuais e jóias 145$440 2:181$660 Importe da
despesa 2:040$300 Saldo a favor da Irmandade 135$360

Despesa

Mordomia e enfermeira 1:360$000 Idem 1 semestre ao Dr. Guilherme e outro ao cirurgião-mor

Joaquim Pires Garcia 125$820 Medicamentos vindos do Rio 293$560 4º pagamento à Sociedade
União Paranagüense 100$000 Idem selo, compra de livros, roupas e utensílios

para o hospital 77$330 Idem sufrágios aos irmãos falecidos 15$360 Idem despesas com a festa
74$050 2:040$300

Contas prestadas pelo tesoureiro Ricardo Gonçalves Cordeiro do ano de 1845 a 1846.

Receita

Emolumentos da marinha 1:330$400 Idem recebido do ex-tesoureiro 135$360 Idem rendimento da


bolsa esmola e curativos 83$200 Idem legado do falecido Dr. Guilherme 100$000 5º pagamento à
União Paranagüense 126$880 1:770$840 Importe da despesa 1:995$554 Saldo a favor do
tesoureiro 184$714 Recebeu do tesoureiro Eduardo Wercelence da Costa

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no ano de 1845 a 1847 180$100 Saldo que deu de esmola à Irmandade 4$614

Despesa

Mordomia e enfermaria 1:424$020 Rubrica dos livros e contas da Irmandade ao provedor de

capelas o Dr. José Matias Ferreira de Abreu 168$714 5º pagamento à União Paranagüense
100$000 Idem ao cirurgião-mor Manoel José da Cunha Machado 100$000 Idem despesas diversas
com o hospital 50$860 Idem missas pelos irmãos falecidos 14$000 Idem com a festa 97$960
1:955$554

Contas dadas pelo tesoureiro Eduardo Wercelence da Costa do ano de 1846 a 1847.

Receita

Emolumentos da marinha 1:285$800 Idem recebido do Capitão-mor Manoel Antônio Pereira

pela deixa de Antônio José Pinto de Mesquita 400$000 Idem bolsa e esmolas 35$840 Idem anuais
e jóias 74$600 1:796$240

Despesa

Mordomia e enfermaria 1:166$700 Pagamento ao assistente e 6º ano à Sociedade União

Paranagüense 200$000 Idem roupa para o hospital, serventes e medicamentos 31$580 Idem
retelho e caiamento da casa 56$540 Sufrágios pelo doador e Irmãos falecidos 58$080 Idem
dinheiro entregue ao ex-tesoureiro Ricardo Gonçalves

Cordeiro por deliberação da mesa de com dos saldo a seu

favor do ano passado 180$100 Idem despesas com festa 103$240 1:796$240

Contas prestadas pelo tesoureiro Francisco Del Rio Cárdenas do ano de 1847 a 1849

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Receita
Emolumentos da marinha 1:604$800 Idem rendimentos da bolsa 39$240 Idem de um curativo
8$000 Idem anuais e jóias 46$720 1:698$860 Despesa que se fez 1:702$690 Saldo a favor do
tesoureiro 3$830

Despesa

Mordomia e enfermaria 1:354$430 Idem pagamento ao cirurgião-mor assistente e

medicamentos supridos pelo mesmo 147$280 Idem vindos do Rio de Janeiro 34$150 Idem com um
alienado 3$380 Idem 2 enterros de pobres 16$040 Idem 2 panos para a mesa 22$230 Idem roupa
para o hospital e do escravo servente 35$800 Idem missas para sufrágios 12$000 Idem de 1
procuração bastante 1$800 Idem despesa com a festa 75$580 1:702$690

Contas do tesoureiro Antônio Maria da Costa desde dezembro de 1848 a 14 de outubro de 1849 o
qual ausentando-se entregou ao escrivão Eduardo Wercelence da Costa o qual de acordo com o
provedor a remeteram ao imediato em votos ao irmão Ricardo Gonçalves Cordeiro que ficou
servindo de tesoureiro.

Receita até 14 de outubro

Emolumentos da marinha desde dezembro até setembro

seguinte 1:458$600 Anuais cobrados 6$240 1:464$840 Importe da despesa 1:203$390 Saldo que
recebeu o tesoureiro interino 261$450

Despesa

Saldo que pagou ao ex-tesoureiro 3$830 Mordomia e enfermaria até 30 de setembro 1:077$260 7º
pagamento à Sociedade União Paranagüense 100$000

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Idem medicamentos e roupa 22$300 1:203$390

Continuação da conta do mesmo ano debaixo da administração do tesoureiro interino o irmão


Ricardo Gonçalves Cordeiro, desde 14 de outubro até dezembro do mesmo ano de 1849.

Contas prestadas desde 14 de outubro até dezembro de 1849.

Receita

Saldo recebido do ex-tesoureiro 261$450 Emolumentos da marinha de outubro a novembro


323$320 Esmolas 4$100 Jóias e anuais 110$800 699$670 Importe da despesa 526$530 Saldo a
favor da Irmandade 173$530

Despesa
Mordomia e enfermaria em outubro e novembro 271$060 Idem ao cirurgião-mor assistente e
remédios supridos

pelo mesmo 106$480 8º pagamento à Sociedade União Paranagüense 100$000 Idem despesas
com a festa 102$600 526$530

No período de 13 anos a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia da Cidade de Paranaguá tem


prestado os relevantes serviços à Humanidade recebendo no seu hospital 690 doentes, sendo 446
marinheiros, 160 pobres , 74 soldados, escravos curados por sua conta. Deste total saíram
curados 620; morreram 60, existindo no hospital só 10, sendo oito marinheiros e 2 pobres.

MAPA Nº 19

Provedores, escrivães, tesoureiros, mordomos do hospital e dos presos e procuradores da Santa


Casa de Misericórdia

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PARÁGRAFO NONO

4ª Igreja de São Benedito

Notícia histórica da Igreja e Irmandade de S. Benedito da Cidade de Paranaguá.

211 _ 1694 _ A Irmandade do glorioso S. Benedito é antiqüíssima, ignorando-se o ano em que foi
erecta, mas vê-se num dos livros antigos da mesma Irmandade e que servia de eleições que no
ano de 1694, foi juiz da mesma Irmandade João de Carvalho Soares, e em 1696 Manoel de
Carvalho de Siqueira. Esta Irmandade esteve na igreja matriz de baixo do título de Nossa Senhora
do Rosário dos Pretos, e sendo esta extinta, ficou reunia em uma só, com o nome do glorioso S.
Benedito. Em que ano ela se trasladou para a capela de Nossa Senhora das Mercês se não sabe;
mas é de supor que com a criação das outras irmandades dos brancos, aqueles se visse na
necessidade de se mudarem para a dita capela. Em 2 de dezembro de 1694, o Visitador Manoel da
Costa Cordeiro deixou escrito alguns provimentos em seus livros.

222 _ 1706 _ O Visitador Gaspar Gonçalves de Araújo proveu "que se fizesse a procissão no dia
do Santo pelo vigário lhas ter feito, com a declaração que na igreja, nem no adro se não fizessem
alaridos, músicas e danças".

223 _ 1727 _ O Dr. Bernardo Borges Estácio, Vigário da igreja matriz de S. Antônio da Jacutinga e
Visitador geral das Vilas do sul pelo Ex.mo Bispo Fr. Antônio de Guadalupe, revendo os livros
desta Irmandade e tomando contas do tesoureiro Manoel Ferreira do Vale (em 10 de maio de
1727) do ano anterior de 1726, e do presente achou: "Que o tesoureiro estava devendo à
Irmandade a quantia de Rs. 244$170, em que o condenava para se gastarem no que fosse de
utilidade, ordenando com pena de excomunhão que se não dessem dinheiros de empréstimo a
juros sem licença do Bispo".

224 _ 1744 _ Neste ano a Irmandade se achava com o capital de Rs. 314$697.

225 _ 1745 _ O Doutor Ouvidor Manoel Tavares de Siqueira, tomando contas à Irmandade, proveu:
"Que a Irmandade pudesse empregar o dinheiro existente no que fosse necessário para o culto e
glória do mesmo Santo".

226 _ 1746 _ Em 12 de abril, reunida a mesa da mesma Irmandade

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deliberaram: "Que se aplicaria o dinheiro existente para as obras da capela que pretendiam fazer".

227 - 1783 _ Em 23 de dezembro foi reunida à mesa da Irmandade na igreja matriz, com a
assistência do juiz da mesma Ricardo Carneiro do Santos, o tesoureiro Joaquim de Araújo de
Morais e outros irmãos brancos, para o fim de tratarem e fazerem o ajuste com o mestre pedreiro
Matias Gomes para dar começo das obras da nova capela de S. Benedito, conforme o risco que
ele apresentou da mesma igreja, sacristia e campanário, ajustando a Irmandade com ele de a fazer
a dita obra, por empreitada, pronta a receber o madeiramento pela quantia de Rs. 400$000, feito
em três pagamentos iguais, um no princípio da obra, outro no meio dela e o terceiro no seu
acabamento, com a declaração que a Irmandade assistiria com a pedra que se achava tirada e
daria mais em adjutores as paredes velhas que estavam junto à capela, e a cantaria e cal, e ele
mestre seria obrigado a dar toda a mais de alvenaria, cujo termo foi assinado pelo juiz Ricardo
Carneiro dos Santos, Crispim Fernandes Ribeirão, escrivão, Joaquim de Araújo de Morais,
tesoureiro, Matias Xavier Balieiro e Matias Gomes da Silva, mestre da obra.

228 _ 1784 _ Neste ano, se deu princípio à obra da igreja de S. Benedito feita de cantaria ao gosto
mais moderno, com altura proporcionada à sua largura, seu frontispício não é desairoso, sua porta
principal é larga com os umbrais de cantaria lavrada, bem como as duas portas travessas e duas
janelas do coro; sua sacristia é pequena, mas airosa. Ornam esta igreja dois altares, o mor em que
está colocada a imagem de S. Benedito, orago da igreja e da Irmandade, e outra imagem antiga de
Nossa Senhora do Rosário dos Pretos; o seu recatubo é feito à moderna, bem como a tribuna e o
forro da capela-mor é pintado com gravuras e flores e quatro grandes anjos nos 4 ângulos dele. O
outro altar colateral da parte do Evangelho, nele está colocada a antiqüíssima imagem de Nossa
Senhora das Mercês, que esteve na demolida capela da Ilha da Cotinga. A diretoria da Irmandade
é composta de um juiz, uma juíza, um rei, uma rainha, escrivão, tesoureiro, procurador, 12 irmãos
de mesa, capitão do mastro, esmoleres, etc. Demolindo-se a capela da Senhora das Mercês para
se levantar no lugar dela a igreja de S. Benedito a Irmandade teve de ir ocupar a capelinha do
Senhor Bom Jesus dos Perdões, para nela fazerem os seus atos religiosos.

229 _ 1782 _ Em 2 de novembro, a Irmandade assinou um termo de obrigação ao sargento-mor


João da Silva Pinheiro, protetor da capela do Senhor Bom Jesus, obrigando-se a todo o tempo de
dar contas das alfaias e mais bens que receberam por um inventário, em todo o tempo que lhe
fossem pedidos e da mesma forma porque as receberam.

230 _ 1796 _ Em 12 de janeiro reuniu-se a mesa da Irmandade de S. Benedito, no consistório da


igreja matriz, com a assistência do reverendo Vigário Pedro Domingues Pais Leme, para o fim de
ajustarem com o mestre carpinteiro Joaquim Eusébio, o feitio do retábulo do altar-mor, o forro da
capela e o da

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sacristia, conforme o riso que apresentava, sendo o forro da sacristia e da capela-mor,


camboteado com seus frisamentos e cordões e a tribuna do trono feita em duas com fingimentos
de guarnições, e a escada do presbitério seria feita de volta; e a Irmandade ajustou com o dito
mestre pela quantia de Rs. 217$600 de empreitada. Não tendo dados suficientes a analisar outros
sucessos que porventura tenham ocorrido na mesma Irmandade, pela falta de revisão em seus
livros, mesmo par apresentar os rendimentos modernos da mesma e comparar com os mais
antigos e se conhecer o seu progresso aumento com tudo por memória o mapa nº 20, dos
rendimentos que a Irmandade teve desde o ano de 1767, inclusive ao de 1799, bem como se
apresenta o inventário dos anos de 1766 e 1796

231 MAPA Nº 20

Rendimentos que teve a Irmandade do glorioso S. Benedito desde o ano de 1727, inclusive ao de
1822.

(1) O Tesoureiro declarou (José Caetano de Sousa) que a Irmandade ficava devendo a Nossa
Senhora das Mercês 24$980 réis.

(2) Os rendimentos do ano de 1804 a 1805 foi da quantia de Rs. 47$160.


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CAPÍTULO SEGUNDO

Edifícios públicos nacionais que tem na Cidade de Paranaguá

PARÁGRAFO PRIMEIRO

Notícia histórica e descritiva do Paço da Câmara Municipal da Cidade de Paranaguá, desde sua
fundação até o presente.

232 _ 1º O paço da Câmara Municipal ou por outro nome Casa do Conselho, está situada no meio
da rua antigamente chamada da cadeia, e ora da alfândega. A planta figurativa nº.... mostra o
exterior da fachada deste respeitável edifício feito ao gosto antigo do século 17. Sua frente tem
112½ palmos de extensão e olha para o rio Taguaré com duas janelas rasgadas e sacadas de
ferro no sobrado superior, do lado do sul, que é a 1ª divisão do mesmo edifício, e onde duas
janelas de peitoril, envidraçadas, bem como o são as duas das sacadas da Câmara; a terceira
divisão do norte mostram duas janelas rasgadas gradeadas de ferro, chamada a prisão grande. No
primeiro pavimento do piso térreo mostra na primeira divisão do edifício da parte do sul, uma porta
e janela onde está o aquartelamento militar e a casa ou prisão de correção. Na divisão central
mostra uma grande e larga janela gradeada de ferro onde está a prisão dos homens, denominada
a enxovia. Na terceira divisão mostra haver uma porta que é a do corredor do mesmo paço e por
onde há a serventia geral; e a janela gradeada de ferro, é a prisão das mulheres; esta é a fachada
que olha para o lado do rio; a do lado oposto que olha para a rua do Ouvidor, tem duas portas
rasgadas com sacadas de pau nos fundos da sala das sessões do Conselho; e no restante quatro
janelas de peitoril. Este edifício é todo feito de cantaria, suas paredes fortíssimas de cinco palmos
de grossura e todos os umbrais das portas e janelas inteiriças de cantaria lavrada.

Este edifício tem de fundo 49½ palmos e de altura desde a soleira até a cimalha do telhado 31
palmos quando pelo menos deveria ter 38 a 40 palmos; como no século presente se pratica a
realçar a perspectiva e o formoseamento exterior nisto erravam os antigos, porque só queriam
edificar coisas permanentes apesar de tudo é geralmente vulgar que é a melhor e a mais forte
prisão que há na Comarca, e por isso para ela são remetidos os criminosos de culpas graves

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que há nas outras da Comarca. A planta figurativa nº 22 demonstra a repartição do interior deste
edifício tanto do pavimento térreo, como do superior; a figuração primeira mostra a do piso térreo,
que é na primeira divisão e repartimento do lado do sul, se acha o aquartelamento com o espaço
de 31 palmos de frente e 42½ de fundo, na estrada ao lado direito tem uma porta que dá entrada
para a enxovia ou prisão dos homens: a divisão central é só ocupada pela mesma enxovia, com a
extensão de 32 palmos de frente e 42½ de fundo.

A terceira divisão do norte é dividida em duas partes: uma que serve de corredor e que na entrada
dele, ao lado esquerdo, tem uma porta que dá entrada à prisão das mulheres, em que a mesma
divisão se reparte; e ambas com 42½ palmos de fundo. A figuração segunda na mesma planta
mostra a repartição do pavimento superior do edifício, constando na primeira divisão da parte do
sul, a sala das sessões da Câmara, com a extensão de 32 palmos de frente e 42½ de fundo; neste
grande salão, a um lado dele, tem um altar portátil, com uma imagem do Senhor crucificado, onde
se depositava o SS. Viático, que se ia dar aos presos enfermos, ou na ocasião da desobrigação da
quaresma, em que saía da matriz em solene procissão em derredor do mesmo altar; há armários e
gavetas que servem de arquivo, onde se guardam os livros e os mais papéis da administração. A
grande mesa onde se fazem as sessões acobertada de pano verde; e as cadeiras de encosto,
cobertas de sola preta lavrada e envernizada ao gosto antigo, indicando igual respeito, quais outros
senadores romanos, quando nelas se sentavam, havendo mais 6 cadeiras de jacarandá,
acobertadas de damasco encarnado, em assentos rasos para nelas se sentarem nas igreja matriz
quando iam assistir às festividades nacionais, ou às principais da paróquia que eram umas e outras
a de S. Sebastião, da bula da Cruzada, da Ressurreição, de Corpus Christi, de S. Isabel, do Anjo
Custódio e da Padroeira; então saíam do paço vestidos à romana de capa envolta e de calção,
colete, casaca e fivelas nos sapatos, com um pequeno florete à cinta, e com sua varas
encarnadas, sendo a do juiz ordinário branca, e o seu competente real estandarte de damasco
encarnado com as armas reais, dum lado, e a imagem da Padroeira do outro; assim saíam, tendo
obrigação de os ir acompanhar à igreja todas as pessoas da Governança; esta corporação então
se compunha de um juiz ordinário, que servia de presidente, 3 vereadores, 1 procurador, um
escrivão. Ele obteve Del-Rei o Senhor D. João V, iguais privilégios e prerrogativas às que tinham a
do Rio de Janeiro e da Cidade do Porto, merecendo muita estimação do mesmo Monarca que lhe
dirigiu diversas cartas régias, sendo por isso uma das mais afamadas na costa do Brasil.

Passando à descrição interna de 2ª divisão central do pavimento superior do edifício, este é


repartido em duas divisões, cortadas de norte a sul; e não como todas as mais que são de leste a
oeste; na divisão da face da rua, serve nas sessões de jurados, nas suas conferências; e na outra
divisão é o que chamam a sala livre. A terceira divisão do mesmo edifício compreende a

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extensão de 32 palmos de frente e o competente fundo, a que chama a prisão grande. Fronteiro
ao paço do Conselho fica um espaçoso largo a que chamam do Pelourinho, que da rua desce pela
barranca, até a beira-mar, onde forma uma planície, a qual tem de largo 333 palmos e 226 de
fundo, e aos lados da mesma há duas largas calçadas de pedra, para facilitarem a subida do
barranco à beira-mar; deste largo há um cais de pedra, com algumas aberturas para encalhamento
das canoas, não havendo ao presente rampas e escadórios que ofereçam um decente embarque:
no meio do mesmo largo está colocado o Pelourinho de uma inteiriça pedra de cantaria de 10 a 15
palmos de alto, toda lavrada em oitavo e rematada por um capelo arredondado e frisado e no cimo
dela havia colocado um cutelo de bronze significativo da justiça, no meio do mesmo, dois braços
de ferro encravados com suas argolas, nas extremidades serviam de atar os culpados para o
castigo dos açoites; esta coluna de pedra a colocaram sobre um pequeno quadrado de escadas de
cantaria lavrada com dois a três degraus de cada lado. Este largo ficaria uma praça formosíssima
se a Câmara Municipal pudesse reparar todo o cais na perfeição devida e as competentes rampas
ou seus escadórios e se ao mesmo tempo fosse decorada a mesma praça com uma varanda
acimalhada em figura semicircular, rodeando as ladeiras e à beira do barranco da rua, tendo seu
princípio em uma das ladeiras e finalizando em outra.

O edifício da Câmara teve o seu começo no tempo do Doutor Ouvidor Antônio dos Santos Lobato,
pois se acha em assento em o livro das arrematações que na vereança de 2 de fevereiro de 1731,
si fizera pôr em praça a arrematação das obras da cadeia e que o lanço da parte do norte
arrematado pelo mestre pedreiro Agostinho Gomes pela quantia de Rs. 1:370$ mi réis não se
encontrando os assentos das outras arrematações dos mais lanços do edifício.

233 _ 1721 _ Já nos provimentos de 16 de junho de 1721 de Rafael Pires Pardinho, ele fez o
provimento de nº 80 que diz: "Proveu que os oficiais da Câmara que se fez com o mestre pedreiro
Agostinho Gomes da Silva, nas notas do tabelião desta Vila para fabricar os alicerces das três
casas e levantar a do meio que embaixo sirva de enxovia e em cima para a sala das audiências
para as casas do Conselho, sob as penas impostas na mesma postura e acabada a obra que fica
contratada mandaram logo levantar a segunda casa da parte do norte na qual à face da rua fiquem
duas cadeias e no vão do fundo se façam dois segredos e em cima destes um corredor em que
fiquem três portas para as três cadeias levantadas dez palmos de seu pavimento e para cada uma
sua vigia com grandes de ferro algum tanto saídas para a todo tempo e hora se poder ver o que os
presos nelas fazem para o qual corredor ficará um alçapão na saleta que se há de fazer no
sobrado da casa de cima, com serventia para a casa grande, tudo na forma das plantas e risco que
ele Ouvidor Geral lhes deixa feitas na arca do Conselho e mão do dito mestre e em baixo para o
armazém ou açougue, para que se extinga a indecência da casinha que ora serve de Conselho e
cadeia e que possa esta Vila como principal das suas circunvizinhas ter casas

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de Conselho que justamente mereçam o nome da proteção real". Pelo que parece este primeiro
lanço central do edifício foi primeiro que se levantou entre os anos de 1721 ao de 1731.

234 _ 1726 _ Em correição de 21 de janeiro do Doutor Ouvidor Geral Antônio Alves Lanhas
Peixoto, no seu provimento 7º, disse: "Proveu e mandou porquanto a obra da cadeia tem ido muito
devagar, constando-lhe que o pedreiro tem já muito maior quantia que o que se lhe deve que os
oficiais da Câmara a obriguem a trabalhar continuadamente nela na forma que tem feito desde que
ele Doutor Ouvidor tomou posse".

A obra do 3º lanço da parte do sul talvez fosse arrematada desde o ano de 1760 a 1770, pois que
no ano de 1789 João José da Rocha ainda arrematou o resto da obra que faltava do seu grande
escadório feito na frente do edifício com dois lances de escadas encostadas na parede do mesmo
e sobre um arco sobre a janela da prisão da enxovia e pelas quais se subia ao pavimento do
sobrado por dois lados, modernamente desmancharam esta escadaria, abrindo porta de corredor e
tendo a subida no interior do edifício, considerando a fatura do mesmo em perto de um século, pois
que tendo princípio antes do ano de 1720 ainda não estava acabado em 1789.

235 - 1654 _ Em vereança de 15 de agosto de 1654 requereu à Câmara Diogo de Braga,


Procurador do Conselho que se dessem cumprimento aos capítulos da correição e se fizesse uma
cadeia, e que para isso se convidasse o povo junto com os moradores da Vila, e que a Câmara
deixaria para essa obra um quartel de suas rendas.

236 _ 1655 _ Em 2 de janeiro a Câmara fez a sua vereança nas casas do juiz ordinário João
Veloso de Miranda por não haver casa do Conselho e só sim alugadas. Consta do registro dos
livros antigos que houve outra casa do Conselho, mas onde a fizeram se ignora.

237 _ 1662 _ Certamente seria no mesmo terreno da presente, porquanto na vereança de 22 de


janeiro de 1662, se apresentou nela Manoel Vaz obrigando-se ao Conselho de a fazer, para a qual
lhe deram explicativas, a saber um lanço seria assobradada, de 20 pés em quadratura com suas
janelas de grandes no sobrado, coberta de telha, suas portas com fechaduras; não se pode extrair
o restante dessa vereança por estar ininteligível, com a letra apagada e as folhas repicadíssimas
de insetos.

238 _ 1677 _ Em 30 de março, ao pé do Pelourinho se reuniram os oficiais da Câmara com o seu


escrivão e ali concordaram em se fazer uma casa de Conselho; e andando em pregão para quem a
quisesse, não se achou senão o Capitão Antônio Dias Cortes, o qual se ofereceu a fazê-la e dá-la
acabada por todo o mês de outubro, com a declaração que se lhe dava de feitio da dita obra 53$
mil réis, e todo o ferro necessário, e toda a obra seria de pedra e cal, até ao sobrado, e dali para
cima de parede francesa muito bem rebocada e assobradada, com sua porta alçapão, duas janelas
no sobrado, e uma embaixo na cadeia,

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com seus dois pilares no alpendre ao meio sobrado, com suas escadas para o que lhe deram logo
metade do dinheiro. Mas parece que nenhum destes dois ajustes se puseram em prática porque no
ato da correição geral de 16 de junho de 1721, que fez o Doutor Rafael Pires Pardinho, esse
mesmo ato foi feito na casa da oficina por não haver casa de Câmara suficiente.

A Assembléia Legislativa Provincial concorreu em diversas datas (=) com o auxílio de Rs.
1:800$000 para reparar a mesma cadeia que se achava muito danificada, ficando ao presente com
o preciso asseio e limpeza.

239 _ 1828 _ A lei do 1º de outubro de 1828 ordena que as Câmaras das Cidades sejam
compostas de sete vereadores, servindo o mais velho de presidente, contém mais um secretário
que vence anualmente o ordenado de Rs. 250$000, um fiscal vencendo Rs. 150$000, e um
porteiro Rs. 100$ mil réis.

Bens do Conselho

240 _ Os bens do Conselho da Câmara de Paranaguá são:

1º A Ilha da Cotinga, próxima à entrada do rio Taguaré, que tem 2 léguas de comprido e de largura
meia légua até 1 quarto de légua.

2º Meia légua quadrada no Rocio pertencente ao território da Cidade; e são bens do Conselho dos
quais a Câmara recebe de foro por cada cem braças 640 Rs. em cujo terreno ficam compreendidos
os logradouros do arsenal, estaleiro e praça do Pelourinho.
3º A casa da pólvora e o seu quartel, situados no campo grande.

4º Uma morada de casas na rua do Fogo que serve de açougue público.

5º 36 lampiões pertencentes à iluminação da Cidade.

6º O cemitério público da Cidade.

Debaixo da administração municipal está a fatura da estrada geral que vai para a freguesia de S.
José dos Pinhais e o canal do Varadouro, a arrecadação da décima urbana, e as despesas da
iluminação da Cidade que tudo se dará notícia em seus respectivos lugares.

Os rendimentos da Câmara que anualmente têm por suas posturas ordinárias, são as seguintes:

Posturas municipais

241 _ Receita que teve a Câmara Municipal no ano financeiro decorrido desde o 1º de outubro de
1848 a 30 de setembro de 1849:

$640 Réis por cada cem braças de terreno aforado, art. 39, a 66 § 9 da lei do 1º de outubro de
1829 e art. 1º das posturas 25$000 4$000 Imposto por pipa de líquido importado dita lei, art. 2 das

posturas 320$268

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2$000 Dito dinheiro do azeite de peixe ditos dita 3 ditas 20$040 $003 Réis em vara de pano de
algodão ds. da. 4 ds. Vem somando a receita $ 3$200 Imposto por cada pipa de aguardente do
país da dita lei e art. 5 das posturas 100$000 2$000 De lastro de embarcações _ 6 ds. 24$000
$080 Réis de cabeça de rês por corte _ 10 ds. 12$160 $640 Réis de meios alqueires prestados _
12 ds. 16$000 $500 Rs de animal que vaga no campo - 13 ds. 12$000 4$000 Rs. por braça de
terreno a edificar _ 60 ds. 376$000 4$000 Rs. de patentes para negócios - 61 ds. 42$000 2$000
Dita de ofícios - 72 ds. 78$017 $050 Rs. de arroba de fumo importado _ 67 ds. 14$160 $040 Rs.
medida de aguardente de fora do Município _ 68 ds. 6$000 2$000 Rs. carros que transitam pelas
ruas - 71 ds. _ aferições - 47 ds. 18$000 1:240$070 Teve além disso diversas multas 65$000 Idem
de dívidas atrasadas cobradas 6$720 Total da receita 1:311$790

Novas posturas

A lei Provincial nº 2, de 5 de maio de 1849, sancionada pelo Presidente o Doutor Vicente Pires da
Mota, manda o artigo 1º:

242 _ "Ficam pertencendo às câmaras municipais, desde o 1º de julho de 1848, os impostos de Rs.
$600 sobre as reses e 320 réis de subsídio literário e os das aguardentes nacionais e estrangeiras
e também o novo imposto de Rs. 6$400 sobre armazéns, tabernas e botequins. Estas novas
rendas que se adicionarão às da Câmara poderão montar anualmente de Rs. 1:600$000.

Vê-se da conta corrente destas novas no trimestre decorrido: julho a setembro de 1849, prestadas
pelo coletor Raimundo Ferreira de Oliveira Melo que rendeu em o dito trimestre a quantia de Rs.
979$104.

Na conta do novo orçamento que a Câmara em 3 de novembro de 1849, orçando a receita do ano
financeiro que há de decorrer de 1850 a 1851, mostrar a importância de Rs. 7:044$761, sendo de
posturas municipais antigas a quantia de Rs. 2:422$580; e as modernas concedidas pela nova lei:
4:622$181. É de esperar que cada vez elas vão crescendo mais, quanto o comércio for crescendo
proporcionalmente.

A Cidade ainda em seu estado infantil se acha em grande atrasamento nos ornamentos de obras
públicas; não tem uma praça de mercado, um chafariz

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magnífico, onde a abundância de suas nascentes, águas fossem depositadas em tanques e canos
de pedra, seguríssimos a repartir ao público pelas bicas de seus chafarizes; falta o calçamento
geral da Cidade, ou ao menos de algumas ruas de mais precisão; falta o aperfeiçoamento da
beleza de um magnífico cais geral, desde o estaleiro até a fonte de cima, marginando a Cidade,
com seus escadórios e as competentes rampas, para o embarque e desembarque, oferecendo ao
mesmo tempo um belo passeio a seus habitantes; falta o ornamento da praça do Pelourinho em
frente do Paço da Câmara, das alamedas na quadratura do campo grande, e Fonte de Cima e
aperfeiçoamento e boa compostura dos belíssimos passeios dos rocios grande e pequeno onde
pudessem andar a par das ruas da Cidade e puderem transitar seges e carrinhos em recreio de
algumas famílias principais e abastadas, quando quisessem ir a seus passeios. Tudo isto e outras
coisas faltam ainda a fazer-se, mas os rendimentos da Câmara não são vantajosos que possam
exceder às suas despesas ordinárias por isso que

243 _ 1849 _ Na sessão de 9 de novembro resolveu enviar à Assembléia Legislativa Provincial um


projeto de novas posturas municipais para aumentar seus rendimentos e reformando outras tais e
foram as seguintes:

Indicação de outras posturas

1º a do artigo 12, se acrescentará: "pagarão para as despesas da Câmara 10 réis por cada
alqueire de milho, feijão, goma, arroz e amendoim que entrar no município, destinado para a
confecção de um novo chafariz".

2º ao artigo 71: "proibindo-se os cortes de matas nas proximidades da fonte de cima com uma
multa de quatro mil réis". Novos artigos.

3º A lancha que conduzir pedra das pedreiras devolutas pagará por cada lanchada quinhentos réis.

4º Todo alqueire de sal que entrar de fora para o município pagará cinco réis.
5º Todo onegociante mascate pagará cinqüenta mil réis, para poder vender suas mercadorias.

6º Toda lancha que se empregasse no comércio de cabotagem dentro da barra do Município para
outros municípios pagaria quatro mil réis para as despesas da Câmara.

7º Toda canoa e lancha de fora do Município que se empregar em conduzir gêneros para ela e
vice-versa pagará para as despesas da Câmara trezentos réis por cada viagem de canoa, e por
lancha mil réis.

8º Toda embarcação que carregar madeira e lenha para os portos estrangeiros pagará cinco por
cento aplicados especialmente para as despesas da capela curada de Guaraqueçaba, e a
confecção de seu cemitério.

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Posturas que ainda não foram aprovadas, mas logo que o sejam a Câmara se achará com
suficientes meios à sua disposição para cuidarem com mais energia e atividade nas obras públicas
mais necessárias e o formoseamento da Cidade.

A Câmara por diversas vezes foi encarregada pelos antigos generais e governos modernos da
Província de administrações importantíssimas que ela dignamente tem desempenhado e até
mesmo oferecido voluntariamente cotizações de seus rendimentos em benefício do bem-estar de
seu Município para melhor serem coadjuvadas, mas desgraçadamente a Câmara devendo ser
pelos governos da Província galardoada com mil louvores, antes tem sido por alguns mais
imprudentes ludibriada com amargos desgostos como passa a demonstrar nas diferentes
administrações de que foi encarregada.

Novo imposto

244 _ 1º - No ano de 1772 foi estabelecida pelas Câmaras uma imposição a que lhe deram o nome
do novo imposto, sobe os gêneros de produção nacional tanto dos que se exportassem, como os
que se importassem; e isto o fizeram de acordo com os povos

Gêneros sujeitos ao novo imposto Imposto

Pano algodão vara 3 réis

Milho alqueire 10 "

Arroz em casca 20 "

Feijão alqueire 30 "

Toucinho e banha arroba 40 "

Açúcar arroba 40 "


Arroz socado arroba 40 "

Café arroba 80 "

Fumo arroba 80 "

Algodão em ramo arroba 80 "

Congonha alqueire 80 "

Goma 100 ".

245 _ 1765 _ Que para isso foram ouvidos em vereança e a Câmara pela sua parte fez sua oferta
voluntária de pagar pelo cofre de suas rendas, uma cota de cem mil réis anuais, aplicados estes
rendimentos aos pagamentos dos soldos que venciam o sargento-mor de regimento dos auxiliares
da Comarca Francisco José Monteiro e Castro e do seu ajudante Manoel da Cunha Gamito,
pagamentos que a Câmara fazia por estar este objeto afeto à sua administração, como se verá da
cobrança por ela feita no mapa nº 23 e contas da tesouraria; acontece

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porém que a Câmara, em vereança de 11 de janeiro de 1765, deliberaram escrever ao General da


Capitania o Dom Antônio Alves da Cunha, participando que a Câmara transacta tinha feito a
assistência e comedorias , ao sargento-mor Francisco José Monteiro, de Rs. 150$000; e que a
mesma no decurso deste ano já tinha assistido com a quantia de Rs. 210$ mil réis se que não
poderiam mais assistir por não haver dinheiro, nem para as limpezas anuais.

246 _ 1765 _ O General, que então se achava em Santos, em portaria de 23 de janeiro, ordenou à
Câmara que imediatamente por serviço de S. Majestade lhe fossem remetidos os livros por um
próprio na forma em que estivessem; eis aqui o galardão do que bem serve à Nação, não havendo
confiança da real verdade de uma representação emanada da corporação municipal que figura.

Obras da fortaleza

247 _ 2ª - As obras da fortaleza da barra. O General da Capitania Dom Luiz Antônio de Sousa
Botelho Moura, em seu ofício ou portaria feita no ano de 1765, ordenava à Câmara que por ordem
de S. Majestade tinha de se fazer uma fortaleza na barra daquela Vila e que ela indicasse quais os
melhores meios que poderia haver de se fazer esta obra por meio de alguma imposição sobre os
povos sem maior dispêndio da Real Fazenda sobre o que a Câmara respondeu ao General que,
tendo consultado a vontade dos povos, estes repugnavam contribuir com coisa alguma para a
mesma obra; e que se não podia impor mais posturas porque os povos estavam sobrecarregados
com bastantes imposições.

248 _ 1766 _ Portaria de 14 de janeiro, do General D. Luiz Antônio de Sousa Botelho Mourão,
estranhando muito a repugnância que a Câmara e os povos mostravam em não quererem
contribuir para a ereção da fortaleza, sendo para sua própria defesa e um dos principais portos da
marinha: e que S. Majestade lhe havia ordenado fossem os portos dela fortificados e que ele não
exigia que os povos dessem tudo e assim propusessem os meios mais adequados.

249 _ 1766 _ A Câmara fez sua vereança geral em 28 do mesmo mês de janeiro, em virtude da
portaria do General para se indicarem quais fossem esses meios, e tanto a Câmara como os povos
concordaram uniformemente que, atendendo ao miserável estado da terra e mesmo de seus
moradores, não convinham contribuir com coisa alguma e deram outras diversas razões
fundamentais.

250 _ 1766 _ Vereança de 1º de março relativa ao mesmo objeto: os povos responderam pela
mesma maneira e que a Câmara já tinha contribuído com o seu contingente que voluntariamente
ofereceram de Rs. 250$ mil réis anualmente enquanto a obra durasse, de seus cofres! Mas qual foi
a generosidade desta oferta voluntária?...

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251 _ 1769 _ O mesmo General D. Luiz escreveu uma portaria à Câmara em 19 de janeiro,
falando sobre a contribuição dos Rs. 250$ mil réis, que ela devia contribuir anualmente para as
obras da fortaleza e que só se tinha recebido a quantia de cento e tantos mil réis; e que houvesse
de por via do tesoureiro cobrar o resto da mencionada quantia, ou quando não, iriam pessoalmente
a S. Paulo dar a razão por que o não fizeram e dando ao mesmo tempo ordens positivas ao seu
ajudante Afonso Botelho para as fazer ir no caso de não cumprirem o que ele determinava !... A
Câmara de então era composta dos cidadãos Antônio Rodrigues da Fonseca, João Vieira Colasso,
José Caetano da cruz, Domingos da Rocha Martins, João Pereira do Ó.

Subsídios literários

252 - A carta de lei de 10 de novembro de 1772 estabeleceu os subsídios literários cujos


rendimentos eram diretamente aplicáveis à subsistência de médicos, cirurgiões, hidráulicos,
topógrafos e contadores para o que a Câmara impôs certos tributos sobre os gêneros nacionais,
além do que sobre os mesmos já tinham feito do novo imposto, esse primeiro lançamento se não
achou nos livros da Câmara e só sim o assento que a mesma fez em 21 de outubro de 1797, talvez
renovação ou acrescentamento ao primeiro como se mostra no presente mapa.

253 _ Assentos que se fizeram em Câmara em 21 de outubro de 1797 dos gêneros do país, dos de
Curitiba, e madeiras, etc.

Gêneros do país e do de Curitiba Subsídio

Farinha de mandioca Alqueire 20 réis

Milho " 20 réis

Feijão " 20 "

Arroz em casca " 20 "


Goma " 20 "

Congonha " 20 "

Arroz pilado " 40 "

Gêneros de Curitiba

Carne seca Arroba 20

Toucinho " 20

Fumo " 20

Farinha de trigo " 20

Gêneros do país

Estopa da terra Arroba 20

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Peixe seco " 20

Centos de peixe seco " 20

Café " 40

Arroba " 40

Madeiras

Gicaras ripas Dúzia 10

Ripas serradas " 20

Curva ou braço " 20

Taboado " 40

Couros e selas

Couros de veado Um 10

Belas de aparelho " 10


Couros de boi e vaca " 20

Meios de sola " 20

Betas grossas " 20

Sal por cada meio alqueire " 40

Cabos de embé " 40

Betu infrexate " 5

Estas rendas passaram a ser arrematadas em contratos da Real Fazenda... arrecadada pelos
coletores por conta dela, por cujo motivo se não apresentaram os mapas gerais dos rendimentos
que produziam anualmente. O Município de Paranaguá.

Décima urbana

A décima sobre os prédios urbanos

254 _ A carta de lei Provincial de nº 9 de 9 de março de 1840, art. 1º, determina: "O rendimento da
décima dos prédios urbanos fica aplicado em toda a Província desde o 1º de julho do corrente ano,
da maneira seguinte a título de suprimento.

§ 1º - Estes rendimento será aplicado nas cidades da Província para a despesa de sua respectiva
iluminação e o que restar para o de suas matrizes e cadeias, não se devendo em caso algum,
distrair o rendimento de uma para as despesas de outras.

§ 2º - Nas demais povoações da Província ele será aplicado em benefício das matrizes ou cadeias
respectivas. Os coletores das rendas provinciais farão o lançamento, etc., etc".

A lei provincial nº 10, de 22 de fevereiro de 1842. O artigo 1º (diz): o

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lançamento e cobrança da décima dos prédios urbanos na forma da lei e regulamentos ficará a
cargo das câmaras municipais que poderão encarregar a seus procuradores ou agentes servindo
de escrivão o secretário.

Os rendimentos que a Câmara teve em diversos anos se verão no mapa nº 24 e bem assim outros
mais que a mesma administrou, mostram os mapas nºs 25, 26, 27.

Iluminação da Cidade
1840 _ A lei Provincial nº 9, de 9 de março de 1840 fez a aplicação das décimas dos prédios
urbanos nas cidades desta Província para a sua iluminação, desde o 1º de julho em diante. É a
iluminação das cidades uma principal medida policial de maior transcendência e de pública
utilidade, pois que as luzes dos diversos lampiões colocados em certas direções e distâncias
fazem um clarão nas noites mais escuras e os cidadãos por meio de tão acertada instituição
podem afoitamente transitarem pelas ruas, evitando assim muitas vezes os roubos, mortes e
latrocínios se porventura houvesse obscuridade; por isso que nas grandes cidades o governo e a
polícia se tem esmerado o mais que é possível o aperfeiçoamento neste ramo policial, pois que
modernamente na Europa até levam o gás por condutos subterrâneos aos diferentes lugares onde
se acham colocados os lampiões. Paranaguá, uma das cidades marítimas do Império, deve
compartilhar com as outras de um igual benefício de pública necessidade e que finalmente veio a
conseguir em virtude daquela lei.

254 _ No ano de 1843, a Câmara encarregou ao benemérito cidadão e Comendador Joaquim


Américo Guimarães de mandar buscar do Rio de Janeiro 36 lampiões, próprios para a iluminação
das ruas, e este cidadão prestando-se prontamente os mandou buscar e chegados à alfândega
participou à Câmara que mandasse tomar conta deles e os quais tinham custado Rs. 1:165$000,
fazendo advertência à Câmara que se deveria empregar o pó do tijolo na limpeza dos reflexos,
além do bom azeite.

255 _ 1844 _ Em janeiro de 1844, a Câmara nomeou uma comissão dentre seus membros para
indicarem os lugares das ruas da Cidade em que os mesmos deveriam ser colocados.

256 _ 1844 _ Em 30 de março o Comendador Manoel Antônio Guimarães celebrou um contrato da


iluminação da Cidade com Manoel Gonçalves Guimarães, debaixo das seguintes condições:

1ª - O arrematante tem a receber 36 lampiões e terá com eles todo o cuidado, suprirá com as
torcidas e panos para a limpeza e receberá o azeite para o gasto, responsabilizando-se pelas
medidas que receber.

2ª - Obriga-se o arrematante conservar acesos os lampiões, defronte da cadeia (quando o tempo o


permitir), todas as noites de escuro, até ao amanhecer, quando não haja claridade da lua, e todas
as mais conservando-se acesos só

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até a meia-noite; (se o tempo o permitir) podendo apagá-los das 10 em diante e quando noite clara
tornando-se escura, tornará a acendê-los, sujeitando-se à multa de Rs. 1$000 por cada um por
mês que faltar aceso, obrigando-se mais a não exceder das 8 horas da noite de escuro ter todos
acesos até a lua sair, e quando clarear nãos os acenderá.

3ª - O arrematante sujeita-se à multa de Rs. 2$000 se faltar a estas condições.

4ª - O arrematante obriga-se quando acabar a arrematação de entregar todos os lampiões em bom


estado.

5ª - A Câmara obriga-se com o azeite necessário para gasto dos lampiões que deve regular meio
quartilho por noite o que estiver aceso a cada um entre duas medidas por mês e recebendo o
arrematante em barril, e obrigando-se a conservá-lo em seu poder para dele gastar e responder
pelo que faltar.

6ª - A Câmara obriga-se a mandar compor os lampiões e seus pertences quando se estragarem


pela continuação do uso ou o temporal ocasionarem.

7ª - A Câmara satisfará ao arrematante a quantia de cem mil réis por três meses, decorridos desde
o 1º de março até o último de maio, e os pagamentos serão feitos no último de cada mês, etc.

257 _ 1845 _ Sessão de 20 de agosto. A Câmara oficiou ao Presidente da Província participando


que achando-se esgotada com a iluminação da Cidade o rendimento da décima dos prédios
urbanos arrecadada no ano passado destinada para tal fim, se fazia necessário que S. Excelência
ordenasse ao inspetor da tesouraria para promover a entrega da quantia designada na lei do
orçamento de 6 de março de 1845, aplicada pela Assembléia Legislativa Provincial para a
iluminação da mesma Cidade.

258 _ 1845 _ Ofício de 17 de setembro do inspetor da tesouraria dirigido ao coletor, ordenando que
em quatro prestações satisfizesse a quantia de Rs. 890$757 réis, aplicada para a iluminação desta
Cidade.

259 _ 1845 _ Sessão de 10 de outubro. A Câmara oficiou ao procurador Eulâmpio Bento Viana que
fosse receber do coletor a sobredita quantia de Rs. 890$757 réis.

260 _ 1845 _ Sessão de 8 de novembro. A Câmara fez uma representação à Assembléia


Legislativa Provincial, implorando algum auxílio para a iluminação da Cidade, visto que as quantias
que eram aplicadas para a mesma não eram suficientes. Igual representação fizeram ao
Presidente da Província.

261 _ 1846 _ Sessão de 22 de outubro, a Câmara oficiou ao Presidente participando que à vista do
exposto no § 16 do artigo 1º da Lei Provincial se dignasse satisfazer a cota para ser aplicada à
iluminação da Cidade.

262 _ 1848 _ Sessão de 7 de fevereiro, a Câmara oficiou ao coletor das rendas públicas para que
entregasse ao procurador João Gonçalves Guimarães a quantia de Rs. 890$570 réis designada na
lei do orçamento para fazer face à

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despesa da iluminação.

263 _ 1848 _ Sessão de 27 de setembro, a Câmara oficiou ao Presidente que achando-se


esgotada a cota para a iluminação se dignasse mandar que a Assembléia Legislativa atendesse
sobre o mesmo fim, remetendo ao mesmo Presidente a seguinte conta:

A receita e despesa com a iluminação da Cidade no ano financeiro decorrido desde o 1º de julho
de 1847 a 30 de junho de 1848, foi Rs. 1:632$139.

264 _ 1849 _ Sessão de 20 de janeiro, a Câmara oficiou ao Presidente da Província participando-


lhe que para a conservação da iluminação naquela Cidade se despendia a quantia de Rs.
1:700$000, e recebida a importância da cota 891$000, mostra-se haver para a conservação da
mesma um déficit 809$000.

265 _ 1849 _ Sessão de 20 de julho, a Câmara oficiou ao Presidente da Província exigindo se


dignasse mandar dar a cota para a iluminação da Cidade.

266 _ 1849 _ Sessão de 14 de setembro, a Câmara oficiou ao seu procurador, para ir receber do
coletor a quantia de Rs. 891$000, designada na lei do orçamento para a iluminação da Cidade.

267 _ 1849 _ Sessão ordinária de 10 de outubro. A Câmara oficiou ao inspetor da tesouraria em


resposta de seu ofício de 27 de agosto, em que tinha participado ao coletor desta Cidade para que
entregasse a quantia designada na lei do orçamento de que ficava inteirada.

268 _ 1849 _ Sessão de 3 de novembro. A Câmara representou ao Presidente a possibilidade de


ser conservada a iluminação da Cidade com a quantia de Rs. 891$000. Decretada anualmente,
para essas despesas e que sendo indispensável a quantia de Rs. 1:700$000, como se evidenciava
do orçamento junto. A Câmara se tinha visto na precisão a deliberar que seja unicamente
conservada parte da iluminação acendendo-se os lampiões mais necessários ao trânsito público, e
assim que S. Excelência providenciasse a respeito.

Receita com a iluminação da Cidade no ano financeiro que decorre do 1º de julho de 1847 a 30 de
junho de 1848:

269 _ Saldo que existia do ano antecedente, conforme a conta prestada em 9 de dezembro de
1847 711$062 Importe de 1 barril de azeite que existia 67$500 Idem quantia recebida da coletoria
290$748 Saldo que existia até 30 de junho 2$829 1:672$139

270 _ Despesa que teve a iluminação da Cidade de Paranaguá no ano financeira que decorre do
1º de julho de 1847, até 30 de junho de 1848.

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Importância do azeite gasto em todo o ano 1:248$160 Idem pago ao arrematante 366$664 Idem
despendida em vidros, tintas e consertos dos lampiões 57$315 1:672$139

271 _ Receita que teve a iluminação da Cidade de Paranaguá no ano financeiro que decorreu do
1º de julho de 1848 a 30 de junho de 1849.

Qualidades das rendas Quantia arrecadada Saldo existente até 30 de junho conforme

a conta prestada a 6 de novembro de 1848 2$829

Recebida do coletor das rendas públicas

Joaquim Maria da Costa conforme o ofício


da tesouraria provincial de 23 de novembro

a 18 de dezembro do mesmo ano

financeiro por conta da primeira e segunda

prestação correspondente ao ano financeiro de

1848 a 1849 445$500 Idem por conta da 3ª prestação de 9 de março 225$750 Idem da 4ª
prestação de 6 de junho 225$750 893$829

Objetos das despesas, Quantia despendida

de julho a setembro de 1848

68 ½ medidas de azeite desta parte da

iluminação 1600 109$600 Ordenado de 3 meses ao arrematante de

outubro a dezembro 69$622 106½ medidas de azeite desta parte da iluminação 1440 167$440
Ordenado de 3 meses ao arrematante 67$090 110 medidas ds. 158$000 Ordenado ao arrematante
de 3 meses de abril a junho 67$090 165 medidas 1280 160$000 Ordenado de 3 meses ao
arrematante 68$736 Saldo existente até 30 de junho 26$253 893$829

Em sessão ordinária de 3 de novembro de 1849.

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ILUMINAÇÃO DA CIDADE

Ruas e lugares da Cidade de Paranaguá em que se colocaram os 36 lampiões da iluminação da


mesma cidade.

272 _ Ruas da Cidade principiando do lado do Norte ao do Sul.

Rua da Praia

Números

1 Lampião no canto do sobrado do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia

1 dito no canto do sobrado de Manoel Ricardo dos Santos

1 dito em frente ao sobrado do Capitão-mor Manoel Antônio Pereira


1 dito em frente do sobrado do Comendador Manoel Antônio Guimarães

1 dito em frente da casa de Manoel da Cunha Pacheco

1 dito em frente da casa de Manoel Francisco Correia Júnior.

Rua da Ordem

1 lampião no canto do palacete de Manoel Ricardo dos Santos

1 dito ... da igreja da Ordem Terceira

1 dito... da casa de Manoel Ricardo dos Santos

1 dito... do sobrado de José Antônio Pereira Porto.

Rua da Cadeia

2 lampiões defronte à cadeia

1 dito no canto da casa de Manoel Gonçalves Marques

1 dito no canto da casa dos herdeiros de Leandro José da Costa.

Rua do Ouvidor

1 lampião no canto do sobrado do Comendador Manoel Francisco Correia Júnior

1 dito do canto do sobrado de Manoel Francisco Correia Júnior.

1 dito de casa....de Francisco Alves de Paula

1 dito do sobrado.....do capitão João Machado Lima

1 dito da casa de Manoel Dias de Siqueira

1 dito da Irmandade da Ordem Terceira

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1 dito meio do fundo do sobrado de Antônio Gomes.


Rua Direita

1 dito no canto da capela do Bom Jesus

1 dito no canto da casa de Manoel Luizinho de Nóris

1 dito no canto da casa do falecido Joaquim José de Araújo

1 dito ... ds. na da Irmandade do SS. Sacramento

1 dito.... do sobrado de Francisco Godofredo.

Rua da Gamboa

1 lampião na casa do alferes Manoel Antônio Dias

1 dito... no sobrado dos falecidos herdeiros do Padre João Crisóstomo

1 dito da casa de Francisco Manso

1 dito... de Pedro de tal na fonte.

Rua da Misericórdia

1 dito na casa do Desembargador Agostinho Ermelino de Leão

1 dito na casa de Francisco Maria Novais

1 dito na casa de Manoel de Castilho

1 dito na sacristia da igreja matriz

1 dito na casa que serve de açougue

1 dito na casa de Manoel da Cunha Pacheco.

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36 lampiões pertencentes aos bens da casa da Câmara.

273 _ 1850 _ Sessão de 5 de abril. A comissão de contas passando a examinar as da iluminação


da Cidade foi de parecer se acrescentassem mais 2 lampiões nas esquinas das casas de Manoel
José Correia e José Antônio Pereira Porto. (1)

1850 _ Sessão de 10 de abril. A Câmara oficiou ao fiscal José Inácio de Simas, participando-lhe ter
resolvido a transferência dos lampiões da Cidade, Indicados no parecer respectivo e além dessas
medidas colocar mais um na rua da cadeia, esquina do Rosário.
(1) Na sessão de 6 de abril, a Câmara deliberou haver mais um lampião para a iluminação da
Cidade e indicou-se um na esquina da rua da Cadeia e outro na esquina da rua do Rosário.

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274 _ Sessão de 11 de julho. A Câmara oficiou ao Presidente da Província, exigindo mandasse


entregar a cota destinada na lei vigente, visto estarem esgotados os rendimentos aplicados para a
mesma.

A Câmara foi muitas vezes encarregada da administração do contrato das passagens do Cubatão
por conta da Real Fazenda, quando não havia arrematantes; ela foi igualmente encarregada da
administração da estrada geral da Cidade para a da freguesia de S. José dos Pinhais, bem como
da abertura do canal do Varadouro, e a cobrança de diversas rendas nacionais, de subsídios
literários, dízimas, novos impostos; veja-se os mapas nº 25.

Finalmente está ao cuidado da mesma Câmara Municipal o sustento e socorro dos presos pobres.

275 _ 1844 _ Sessão de 4 de novembro. A Câmara oficiou ao Presidente, participando ter


despendido a cota de Rs. 271$070, com o sustento dos presos pobres e limpeza das prisões no
ano financeiro de 1º do outubro de 1843 a 30 de setembro de 1844.

276 _ Sessão de 24 de janeiro. A Câmara oficiou ao Presidente da Província remetendo a conta da


despesa que fez com o curativo e sustento dos presos pobres até 30 de setembro de 1843 que foi
a quantia de Rs. 289$480.

277 _ 1846 _ Sessão de 17 de julho. A Câmara oficiou ao Presidente, participando que ela faz
diariamente a despesa de 800 réis com os presos pobres, e no ano Rs. 288$000, quantia
considerável que ela não podia despender à vista de sua receita e assim que S. Excelência
houvesse de dar algumas providências.

278 _ 1847 _ Sessão de 2 de outubro. A Câmara oficiou ao Presidente da Província exigindo que
mandasse uma cota para o sustento e condução dos presos pobres, porque a receita da Câmara
apenas chegava para as despesas mais essenciais do Município.

279 _ 1848 _ Sessão de 14 de janeiro. A Câmara oficiou ao Presidente pedindo socorros para os
presos pobres e luzes para a cadeia pois que a última quantia de Rs. 300$000 já se tinha
despendido como se via da conta junta.

Conta da despesa com o suprimento dos presos pobres no ano financeiro de 1846 a 1847 , na
importância de Rs.339$280 Recebido pela alfândega a parecer com da tesouraria de 23 de
novembro de 1846 300$000 Quantia que supriu o cofre municipal 39$280

280 _ 1848 _ Sessão de 28 de fevereiro. A Câmara oficiou ao coletor para que entregasse a
quantia de Rs. 200$000 para a despesa do sustento dos presos pobres.

281 _ 1849 _ Sessão de 20 de julho. A Câmara oficiou ao Presidente, mandou a conta abaixo das
despesas feitas com os presos pobres; e que para
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elas seriam necessários Rs. 300$000 anuais, pela razão de que para ela se enviam os presos de
outros municípios por ser uma das melhores cadeias da Comarca.

Despesa feita pelo cofre municipal da Cidade com o sustento de presos pobres, desde o 1º de
outubro de 1847 a 30 de junho de 1849:

A quantia de 408$630 Recebida do coletor das rendas pública desta Cidade por ordem da
tesouraria de 9 de fevereiro de 1848. 200$000 Quantia que supriu o cofre municipal 208$630

282 _ Sessão ordinária de 15 de janeiro. A Câmara resolveu na sessão de hoje de se dar princípio
à confecção de um cemitério, encarregando a sua administração o Capitão Simão José Henriques
Deslandes, cidadão mui hábil e de cujo edifício se fará a sua descrição circunstanciada no lugar
competente.

283 _ 1847 _ Ofício do Inspetor da tesouraria Inácio de Barros Vieira Cajueiro, de 11 de novembro
dirigido à Câmara do teor seguinte: Il.mos Senhores. Tendo esta Câmara recebido em diversas
datas a quantia da nota junta, espero que V. Senhorias hajam de prestar contas documentadas da
despesa com ela feita, ou fazer recolher ao cofre Provincial, na forma do art. 32 da lei nº 25, de 23
de março de 1841, a mencionada quantia ou aquela que tenha sido despendida nas obras para
que foram destinadas e de que não prestaram as contas ora exigidas, ficam sujeitos à multa
imposta no artigo 24 da mesma lei. Deus guarde a V. Senhorias . Tesouraria de S. Paulo, 11 de
novembro de 1847. Il.mos Senhores Presidente e Vereadores da Câmara Municipal de Paranaguá.
O inspetor Inácio de Barros Vieira Cajueiro.

Câmara de Paranaguá

Resto de 27:657$170 réis recebidas em diversas datas para as estradas de comunicação com as
vilas de serra acima 4:277$246 Idem de 1:800$000 para a cadeia em diversas datas 512$570 Idem
de 1:600$000 para a matriz 502$702 Idem de 480$000 para sustento dos presos 300$000
5:592$518

Secretaria da tesouraria Provincial, 11 de novembro de 1847.

MAPA Nº 23

284 _ Mapa do rendimento do imposto do sal e aguardente das vilas de Paranaguá, Cananéia e
Iguape, aplicados para pagamentos dos soldos do sargento-mor dos auxiliares e seu ajudante.

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285 _ Registo da conta corrente que veio da junta da Real Fazenda da Cidade de S. Paulo.

a Câmara de Paranaguá em conta corrente com a Junta da Real Fazenda de S. Paulo, até 12 de
novembro de 1776.

Receita

Pelo que importaram os rendimentos da imposição do sal e aguardentes, cobrados nas vilas de
Paranaguá, Iguape e Cananéia,

desde setembro de 1787 até 12 de novembro de 1776, como consta da certidão remetida da
mesma Câmara 6:494$744 Pelo que importam os 100$000 anuais que se obrigou a

Câmara de Paranaguá e se obrigou de seus próprios réditos,

conforme o termo de 29 de maio de 1727 feita a conta desde 30

do dito mês até 12 de novembro de 1776 945$280 7:440$024

Despesa

Pelo que venceram o sargento-mor e seu ajudante de

auxiliares da mesma Comarca, para a compra dos cavalos e

arreios para o exercício de seus postos 160$000 Pelos soldos vencidos pelos ditos oficiais desde 5
de

agosto de 1765 até o fim de outubro de 1776, em que decorreram

11 anos 2 meses e 26 dias 6:419$653 Pelo excesso que há de receita, a despesa que deve entrar

nesta tesouraria por saldo de conta até o dia 12 de novembro de

1776 880$371 7:440$024

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São Paulo, 23 de janeiro de 1777.

Matias José Ferreira de Abreu.

MAPA Nº 24
286 _ Mapas da receita e despesa que teve a Câmara Municipal em diversos anos como abaixo se
vê, e conhecer-se o progressivo aumento que cada vez mais vai tendo.

(1) Neste ano entrou em receita Rs. 155$982 réis de meios direitos vindos da Câmara de Antonina
280$000 que os vereadores emprestaram a mesma Câmara para o futuro do açougue. Na despesa
deste ano entrou Rs.: 103$540; despesa feita com o funeral de S. Majestade a Imperatriz: 316$330
réis; que se pagou a Francisco Antônio Siqueira pela despesa feita na obra do açougue: 165$465;
despesa com a fatura da nova barra: 46$670 réis; que se deve a Felipe Tavares pela despesa feita
no açougue: 185$680 réis; que o Tenente-coronel Manoel Francisco Correia emprestou para o
mesmo açougue.

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MAPA Nº 25

287 _ Mapa da arrecadação dos impostos sobre o sal. Novo imposto e da carne verde, selo, sisa, e
meia sisa que a Câmara cobrou por conta da Junta da Fazenda.

MAPA Nº 26

288 _ Mapa da arrecadação das rendas nacionais de Paranaguá, Curitiba e Antonina no ano de
1809 a 1810.

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MAPA Nº 27

289 _ Mapa da arrecadação de diversas rendas do ano de 1807 na Vila de Paranaguá:


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PARÁGRAFO SEGUNDO

2º Colégio dos extintos Jesuítas

Notícia histórica deste edifício dos extintos Padres da Companhia de Jesus, com as plantas das
repartições de seu interior e instituição da alfândega e do aquartelamento da tropa no mesmo.

290 _ O colégio dos extintos Padres da Companhia de Jesus. Este majestoso edifício do lado do
mar representa um grande aparato; é composto de dois sobrados no corpo do convento, com uma
igreja anexa e toda feita de pedra de cantaria primorosamente lavrada, no frontispício da igreja em
frisos, cordões, meias canas, e outros lavores, principalmente no nicho do meio, onde pretendiam
colocar S. Inácio de Loiola, o grande patriarca da sua Associação, ao lado da qual estão duas
grandes janelas para darem à igreja a competente claridade; seus portais, ombreiras e até mesmo
a própria cimalha do remate do edifício é de cantaria.

291 _ 1690 _ A Câmara e povo desejosos de que na mesma Vila houvesse religiosos da
Companhia de Jesus e que nela se quisessem estabelecer para darem ensino e educação aos
jovens paranagüenses não só da doutrina cristã, mas ainda mesmo de primeiras letras, de
latinidade, filosofia e retórica, solicitaram do Padre Provincial da mesma Ordem lhes houvesse de
mandar seis religiosos e que eles se obrigavam a fazer-lhes um colégio, à sua custa, dar-lhes
dinheiro e doações de terras e comprar-lhes escravos, a fim de que tivessem suficiente
subsistência, uma vez que eles se obrigassem de ensinarem e educarem seus filhos. Vide o tomo
1º em a nota 137.

292 _1699 _ No ano de 1699 o Provincial resolveu mandar para Paranaguá alguns religiosos da
mesma companhia de Jesus, aos quais os povos logo lhe deram seis escrituras de doações. Vide
tomo 1º nº 852.

293 _ 1704 _ Neste ano para residência dos mesmos Padres a Câmara e povo lhes fizeram uma
casa no campo grande e quase próximo à igreja de S. Benedito, para lhes servir de missão em
seus atos religiosos, enquanto não houvesse convento, em que havia um sino e tocava as horas e
saudações angélicas; e sendo depois a mesma casa convertida em quartel militar, e demolida no
ano de 1828 e seus materiais serviram para a casa da pólvora no mesmo

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campo grande.

294 0- 1704 _ Vereança de 2 de agosto a Câmara oficiou ao Provincial dos Padres da Companhia
em nome dos povos da doação da capela de Nossa Senhora das Mercês e de suas alfaias. Vide
no tomo 1º nº 163..

295 _ 1709 _ Em 3 de fevereiro o Doutor Ouvidor João Saraiva de Carvalho, de S. Paulo, oficiou à
Câmara para que ela não consentisse que a obra do colégio fosse levantada sem que primeiro
obtivessem a licença de S. Majestade. Vide tomo 1º nº 170, pois que já neste tempo os Padres
pretendiam darem princípio à confecção do mesmo edifício.

296 _ 1732 _ Vereança de 23 de agosto. A Câmara fez uma representação a S. Majestade e entre
outras diversas coisas pediu-lhe concedesse licença para os Padres da Companhia fundarem a
sua casa colegial. Vide no 1º tomo, à f. 298.

297 _ 1739 _ Em 2 de dezembro houve uma vereança geral em a qual foram chamados todos os
cidadãos da governança a consultar qual fosse a melhor maneira de se dar princípio às obras do
colégio, e todos unanimemente assentaram de uns darem canoas de pedras e outros o serviço de
seus escravos. Vide o 1º tomo, nº 315.

298 _ 1740 _ Teve princípio a obra do colégio no qual se trabalhou dezenove anos, até o de 1759,
em que foram extintos pelo decreto de 3 de setembro de 1758, e pelo qual foram banidos e
desnaturalizados da Monarquia Portuguesa.

299 _ 1759 _ A carta régia de 24 de julho de 1759, ordenou se prendessem e deportassem; o


alvará de 13 de setembro do mesmo ano foram declarados rebeldes e traidores e por isso presos e
deportados no Brasil no mês de novembro. Em 13 de janeiro de 1760 foi feito o seqüestro em seus
bens.

300 _ 1760 _ Ficou por se acabar de concluir este convento; o lanço do quadro que faceia com o
frontispício e rua da Alfândega, em cuja igreja arrematava o mesmo convento; e para a qual
concorreram todos os povos de Paranaguá, como lhes haviam prometido, principalmente os
homens mais principais e abastados e entre eles se conta por memória o Capitão Manoel
Gonçalves Carreira, ter dado para a fatura da mesma obra oito mil cruzados.

301 _ 1832 _ No grande espaço de 75 anos, decorridos desde a extinção dos Jesuítas,
inclusivamente até o de 1835, em que o mesmo edifício já era pertencente à Real Fazenda ficou
inteiramente abandonado à furibunda mão do tempo, que tudo destrói, sem que a mesma
houvesse de mandar fazer os reparos de que necessitava; caminhava pois a uma total ruína, pela
falta de retelho geral tanto no corpo do convento como no da igreja e sacristia; suas imensas
goteiras foram deteriorando os encaibramentos dos telhados , apodrecendo as linhas dos
vigamentos que os sustinham; os forros e os assoalhos até as paredes do corpo da igreja e outros
lugares estavam rachadas criando ervas parasitas e ruinosas às mesmas e até já vigorosos
arvoredos de figueiras além disso, sendo o mesmo edifício muito açoitado pelas chuvas e
tormentas vindas da banda do

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sul e leste que faziam encanar torrentes de águas pelas goteiras e telhas quebradas, faziam o
apodrecimento mais breve do madeiramento estava a desabar a cada momento um pedaço do
telhado por falta de se acabar um pedaço de parede da banda do mar, atrás da capela-mor;
finalmente o total aspecto desse majestoso edifício mostrava uma total ruína e um
desmoronamento inesperado, se não fosse o zelo patriótico do prestante cidadão o Comendador
Manoel Francisco Correia Júnior na qualidade do coletor das rendas nacionais representar ao
Governo da Província em seu ofício de 2 de outubro de 1832, do mesmo Governo, a mandar
reparar e servir de aquartelamento aos guardas nacionais que estivessem destacados; com efeito,
o Governo mandou fazer alguns reparos mais necessários e hoje está servindo de grande utilidade
à Nação, pois além do mesmo aquartelamento serve de casa da alfândega, e de depósito de trens
bélicos e o restante do corpo da igreja e outros lugares desocupados ainda bem podem servir para
ocupação de alguma das repartições públicas, se porventura a Cidade de Paranaguá chegar a ser
a Capital da Província; deve pois a Nação reconhecer os serviços que por este motivo prestou
aquele patriótico cidadão paranagüense.

302 _ A Junta da Fazenda, desde a extinção dos Jesuítas unicamente conservou no colégio um
capelão ao qual pagava anualmente uma módica côngrua de Rs. 40$ mil réis para dizer missa na
igreja e olhar na sua conservação e de seus ornamentos e alfaias que a mesma tinha; e foi o
primeiro capelão

1º Capelão o Padre Francisco de Meira Calassa, desde 1760 até...

2º O Padre José da Rocha Martins desde.....até 1801.

3º O Vigário Joaquim Júlio da Ressurreição Leal desde o ano de 1801 até o de 1821.

Nesta igreja tinha o altar-mor e um colateral. A capela-mor e seu trono feito de entalhadura e
molduras ao gosto daquele tempo; neste altar estavam colocadas a imagem de Nossa Senhora
das Neves, em seu nicho, e outros laterais o de S. Inácio de Loiola, fundador da Companhia e o de
Nossa Senhora do Terço; também tinha as imagens de S. Francisco de Paula, fundador dos
Mínimos; e S. Amaro. No altar colateral ao lado do evangelho estava colocada a respeitosa
imagem do Senhor Bom Jesus da Cana Verde; o retábulo desse altar foi mandado pintar em 1800
pelo Fr. de Camargo, comandante de um destacamento de tropa de linha, do regimento de mexias,
da praça de Santos que estava de estudo em Paranaguá, à custa dos soldos dos mesmos em cuja
igreja ia o mesmo destacamento ouvir missa de parada nos domingos e dias santos de guarda,
onde estiveram destacados até 1802. Consta que antes de 1760, os Jesuítas festejavam em 31 de
julho ao seu fundador, S. Inácio de Loiola e os demais; e depois de sua extinção, ainda se
continuou a fazer festividades

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na mesma igreja como o do Senhor Bom Jesus da Cana Verde (1) e a de Nossa Senhora das
Neves no mês de agosto com novenas e tríduo, e a de Nossa Senhora do Terço, no mês de
setembro, também se festejava a S. Francisco de Paula com uma trezena nas sextas-feiras; estas
festividades deveriam ser feitas ou por devoção ou por meio de nomeações eletivas, por meio de
sorteamento, não havendo confrarias que as fizessem; mas estas devoções foram esfriando de
maneira que, desde 1790, já nenhuma mais se fazia. Em 1804 ou 1805, havendo desabado parte
do telhado da igreja foram transferidas as imagens que nela havia, indo a do Senhor Bom Jesus da
Cana Verde para a capelinha, a de S. Francisco de Paula e outra para a matriz, bem como os
ornamentos.

É para ser notado que quisessem adotar em primaria os Jesuítas de colocar na sua igreja as
imagens de Nossa Senhora das Neves e a do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, à imitação da
Vila de Iguape porque nesse tempo (e ainda até hoje) era naquela Vila a romaria de maior fama
que havia em toda a Província e onde concorriam imensos povos de todas as partes e por meio de
uma igual devoção os Jesuítas pretendiam desviar a afluência daquela romaria e atraí-los à
concorrência de sua igreja, sendo um de seus principais sistemas: atrair a afeição dos povos por
meios dos atos de religião de baixo de sua imediata influência, e a título de beneficência e caridade
extorquindo-lhes suas riquezas para seus engrandecimentos; ninguém pode duvidar por outro lado
os grandes serviços que eles prestaram ao Brasil, na catequese dos indígenas, ensinando-lhes os
rudimentos da civilização, instruindo-os nos dogmas da religião católica, com a doutrina cristã e
assim entrarem no grêmio dos povos civilizados e mesmo nas escolas de seus colégios, instruindo
a juventude dos paranagüenses no ensino primário das primeiras letras, latinidade, retórica e
filosofia em tempo que nem havia escolas particulares do ensino primário; e por esse motivo é que
os povos paranagüenses tanto ambicionavam a que eles se estabelecessem e para esse fim se
sacrificaram a lhes fazer à sua custa a sua casa colegial, dar-lhes datas de terras para seus
estabelecimentos, dinheiros para compras de escravos, fazendas de gados e outros muitos
legados, cujas promessas cumpriram exatamente os paranagüenses, desfrutando apenas perto de
60 anos o ensino de suas aulas até o ano de 1760 em que foram extintos. Os nomes

(1) No ano de 1781 ainda se fez no colégio uma festividade a Nossa..... com novena e tríduo. Na
primeira sexta-feira do mês de janeiro tinha princípio a trezena de S. Francisco de Paula, sendo o
dia de sua festa a 2 do mês de abril.

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destes Padres que vieram para a casa da missão de Paranaguá, até a residência dos últimos se
ignoram; mal apenas se sabe que em 1721 era superior da casa da missão o Padre Manoel
Amaro, a quem o Doutor Ouvidor Rafael Pires Pardinho mandou intimar os seus famosos
provimentos de correição que fez; e em 1739 o Padre Antônio da Cruz promovente das obras do
colégio e só nos anais da mesma Companhia de Jesus é que se poderá saber quem eles foram.

303 _ 1821 _ Portaria do 1º de junho do Governo da Província ordenando que o Vigário Joaquim
Júlio da Ressurreição Leal despejasse o Colégio e o Inspetor da Junta da Fazenda determinou ao
Coronel Governador Miguel Reinardo Belistein que imediatamente fizesse aquartelar a tropa que
guarnecia aquela Vila no mesmo edifício enquanto se não mandasse o contrário; desde esse
tempo ficou estabelecido ali o quartel militar dos guardas nacionais ocupando metade do 1º e 2º
sobrado.

304 _ 1832 _ Abandonado o edifício desde a extinção dos Jesuítas as inconstâncias do tempo era
de necessidade haver nele reparação e por isso o coletor das diversas rendas Manoel Francisco
Correia Júnior, em ofício de 2 de outubro de 1832 participou ao Presidente Rafael Tobias de Aguiar
que o quartel que mencionava pertencia à Nação por ser no colégio dos extintos Jesuítas em o
qual parte era ocupado pela alfândega e a outra em que estava o aquartelamento junto à igreja que
se achava em um estado de ruína, e seria bom que S. Excelência mandasse proceder a um
rigoroso exame, pois que a Nação muito perdia em não conservar uma propriedade semelhante
que a igreja só tinha a capela-mor coberta e descoberto o corpo dela e se não houvesse um
grande conserto, em breve desabaria e a Nação sofreria bastante prejuízo.

305 _ 1832 _ Portaria de 21 de novembro do mesmo Presidente em resposta do antecedente


dirigido ao coletor ordenando lhe fosse remetido um orçamento da despesa em que poderia montar
o conserto da parte do quartel que ocupavam os guardas nacionais.

306 _ 1835 _ Ofício de 7 de dezembro do inspetor da tesouraria Miguel Arcângelo Ribeiro de


Castro e Camargo dirigida ao coletor para que lhe informasse quais os reparos de que necessitava
a parte do edifício do colégio que servia de quartel dos guardas nacionais enviando um orçamento
das despesas que convinha fazer-se.

307 _ 1838 _ Portaria de 4 de agosto de Presidente Venâncio José Lisboa, dirigida ao coletor das
rendas nacionais Manoel Francisco Correia Júnior um orçamento das obras que eram necessárias
fazer-se no colégio dos extintos Jesuítas.

308 _ 1838 _ Ofício de 2 de setembro do coletor ao Presidente, remetendo-lhe um orçamento da


quantia de Rs. 8:000$000 que era necessário para se fazerem os reparos da igreja, sacristia e
conserto da parte ocupada pelo aquartelamento, como se verá por extenso no 1º tomo destas
memórias.

309 _ 1838 _ Sessão da mesa da S. Casa da Misericórdia de 18 de

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fevereiro, o provedor apresentou nela um ofício do inspetor da alfândega de 21 de agosto de 1837,


comunicando à Irmandade que o Ex.mo Presidente da Província lhe determinava por uma portaria
que a Irmandade podia ocupar a parte do edifício que se achava desocupada pela alfândega para
servir de hospital da mesma Santa Casa.

310 _ 1838 _ Sessão da mesa da Santa Casa da Misericórdia de 11 de março em que se tratou
sobre a ocupação do edifício do colégio, desocupado pela alfândega para nele se estabelecer o
hospital da Santa Casa, mas a Irmandade vendo as grandes despesas que eram necessárias a
fazer-se nos seus reparos não aceitou o mesmo edifício, antes preferiu se alugasse
temporariamente uma casa particular para esse ministério, enquanto se não podia fazer um novo
hospital.

311 _ 1839 _ Ofício de 4 de julho do coletor das rendas nacionais Manoel Francisco Correia Júnior,
ao Presidente da Província do teor seguinte:

"Il.mo e Ex.mo Senhor.

A portaria de V. Excelência de 16 de janeiro do corrente ano, em resposta ao meu ofício de 3 do


mesmo mês, concernente ao quartel da guarda nacional do destacamento nesta Vila, recebi em
seu devido tempo e não respondi porque estava à espera que o inspetor da alfândega desta Vila,
por ordem da tesouraria mandasse fazer o conserto indispensável e como até agora o não tem
feito, por isso que a bem dos interesses nacionais, vou lembrar a V. Excelência que este quartel e
parte do edifício onde está colocada a igreja ameaça grande ruína em todo o edifício, o que se
poderá evitar, conservando o existente e no abandono em que está, virá a Nação a ter o prejuízo
de alguns contos de réis que vale o dito edifício e que de dia em dia se vai danificando e quanto
dos espeques que V. Excelência me ordena, mande pôr, tenho a lembrar a V. Excelência que por
desnecessário não mandei fazer, porém lembro a V. Excelência que é de extrema necessidade
mandar tirar as raízes das árvores que estão abrindo cada vez mais as ditas paredes, e mandar
fazer uma parede de pedra e cal, da parte do sul, nos fundos da igreja, pois estando há quatro
anos a recolher água para dentro está acabando de apodrecer. O assoalho da sacristia e
consistório, tendo já inutilizado dois armazéns, que estes serviam e eram alugados para sal e
casinhas. Os interesses que tomo pelos bens nacionais me movem a levar o exposto a V.
Excelência que mandará o que for servido. Me persuado que além do referido a parte do quartel
reclama com urgência um retelho geral. Deus guarde a V. Excelência. Paranaguá, 4 de junho de
1839. Il.mo e Ex.mo Senhor Venâncio José Lisboa, Manoel Francisco Correia Júnior.

312 _ 1840 _Por ordem que o mesmo coletor teve do Presidente da Província, mandou fazer os
reparos mais necessários na parte ocupada do quartel dos guardas nacionais e segundo a conta
da despesa que fez, nos mesmos reparamentos que acompanhou um ofício de 14 de janeiro do
ano de 1841, foi da quantia de Rs. 2:348$116.

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313 _ 1841 _ Nos meses de janeiro, fevereiro e março deste ano ainda se trabalhou nas obras do
colégio, na parte da igreja e sacristia que foi a seguinte com reparos da igreja: 2:080$640

Idem com reparos da sacristia: 367$200

4:795$956.

Fora esta quantia ainda se fizeram mais despesas no mesmo edifício e eu se ignoram.

CIDADÃO VICENTE FERREIRA MARTINS

Coadjuvador da história paranagüense

Vicente Ferreira Martins, cidadão brasileiro, literato mui ilustrado na história antiga e moderna,
apreciador de antigüidades, um dos mais hábeis escriturários da repartição da alfândega de
Paranaguá, geômetra arqueológico das embarcações marítimas, curiosíssimo em desenho,
mapista insigne, etc. Este prestativo cidadão, um dos principais coadjuvadores desta memória
histórica, gostosamente se tem prestado a todas as exigências que lhe são pedidas, não se
poupando a trabalhos, nem dificuldades; e a história lhe é devedora de ser enriquecida com os
interessantes e ilustrativos mapas dos rendimentos da alfândega consulado; o das exportações
para os portos do Império e dos estrangeiros; foi ele que com imenso trabalho teve a paciência e a
constância de fazer todas as medições geométricas do majestoso edifício do colégio, e por ele
mesmo delineadas nas três belíssimas plantas iconográficas que vão anexas à história; a primeira
do piso térreo do mesmo edifício; a segunda do primeiro sobrado, e a terceira do segundo sobrado,
onde está a repartição da mesma alfândega; a ele é a história devida a delineação da barra e baías
paranagüenses tão perfeitamente executadas, como o mais hábil litógrafo, a história mostra seus
mapas de observações metereológicas nos quais se mostram os graus ínfimo, médio e supremo
de frio ou calor que reinam nas quatro estações do ano no clima da mesma cidade. Foi ele o que
no seu mapa das barras mostra haver uma boa entrada para as embarcações e suas saídas por
entre a praia e a Ilha das Palmas, que tem estado até agora sem uso e por onde têm entrado e
saído muitas embarcações de maior porte, como o demonstrou em uma lista delas; e que ela pode
servir de grande utilidade ao comércio, sendo freqüentada a navegação por ela. Finalmente este
prestante cidadão tem sido incansável nestes trabalhos coadjuvadores da história paranagüense
para que fique bastantemente ilustrada, não tendo em recompensa senão o ardente desejo
patriótico do engrandecimento e do bem-estar da Cidade paranagüense, em cujo solo é habitador.

Descrição geográfica do majestoso edifício dos extintos Padres Jesuítas tanto de sua perspectiva
exterior, como das repartições interiores do mesmo

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edifício.

Vista do exterior do edifício do colégio (1)

Este grande edifício está colocado entre o mar e a rua da Ordem, e ora chamada da Alfândega.

Frente e Fundo

315 _ O edifício está assentado dentro de um quadrilongo que tem 188 palmos de frente, na face
que olha para o mar, e na face que olha para o lado do sul tem de fundo 147 palmos e na face
oposta do lado do norte desde a frente do mar até o canto do convento que ficou por acabar e dá
entrada à porta do segundo sobrado donde está a repartição da alfândega tem só 110 palmos.

Fachadas exteriores

A fachada da frente que olha para o mar estão as paredes nuas e despidas do embranquiçamento,
nem mostram as vidraças que teriam suas janelas se fossem pintadas, por isso não realça a vista
que podia ter, contudo aparecem 10 grandes e largas janelas no segundo sobrado e 7 no primeiro
sobrado e no piso térreo além da grande porta principal que servia de portaria do convento e ora o
é da alfândega, há mais 3 portas que dão serventia a armazéns e mais 3 janelas. A parte do
edifício que faceia para o beco da alfândega, ao lado do norte, mostra 6 janelas no segundo
sobrado, 4 no primeiro. Na face do sul há só duas janelas que davam claridade à sacristia.

A frente que faceia para a rua da Alfândega mostra o frontispício da igreja: as entradas para a
alfândega e o quartelamento e 6 janelas de peitoril nas três faces do quadrado interior do convento
que olham para o pátio central do claustro.

316 _ Divisões interiores do edifício do colégio delineadas em três plantas iconográficas pelo hábil
cidadão Vicente Ferreira Martins.

A vista das três plantas iconográficas anexas a esta história até desnecessária seria analisá-las
descritivamente, as dimensões que tem cada repartição mas para que os leitores não interrompam
o fio da história em recorrerem às mesmas plantas, o que desejam saber, por isso vão transcritas
minuciosamente.

(1) Atualmente o prédio está sendo restaurado pelo Patrimônio Histórico e artístico Nacional. J. M.

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1ª Planta iconográfica do piso térreo do edifício do colégio

A primeira planta iconográfica do piso térreo mostra a sua entrada do lado do mar, por um portão
largo que era a portaria principal do convento e que ora o é da alfândega; por ele se entra em uma
sala de 15 palmos de frente e 20½ de fundo; ao lado da entrada está colocada a mesa do
administrador das capatazias; por esta sala se entra num armazém que fica na face do norte e no
lado direito do claustro. Ao lado esquerdo da entrada principal daquela primeira sala está o
primeiro arco de abóbada por onde se entra à outra sala menor, onde também há outro arco, que
dá entrada para os claustros ou corredores do pátio interior; nesta segunda sala está a mesa do
porteiro, encostada à parede de um escadório de pedra que dá subida ao primeiro sobrado; esta
sala tem 20 palmos de frente e 15 de fundo. Entrado o segundo arco da abóboda se apresenta o
primeiro corredor do claustro que fica do lado do norte o qual tem 79 palmos de comprido e 12 de
largura; ao entrar nele, lado direito há uma janela que dá luz ao primeiro armazém, que tem 13
palmos de frente e 20 de fundo; a serventia para este armazém é por uma porta da primeira sala
da entrada da alfândega como já se disse; segue-se outro armazém, maior unido a este com 41½
palmos de frente e 20½ de fundo; a sua entrada é por uma porta que se comunica com este que
está no fundo do primeiro armazém; e para o lado do claustro tem também uma porta de serventia
e duas janelas, aos lados dela, no fim do claustro; deste mesmo lanço tem um quarto com frente
de 20 palmos para o qual se entra por uma porta e um corredor somente de 8 palmos de largo,
porque o restante do mesmo está ocupado por um escadório de cantaria, por onde se subia ao
primeiro pavimento do sobrado, mas presentemente se acha inutilizada. À esquerda do 2º arco da
abóbada por onde se entra para o claustro está o segundo corredor, que faceia com a frente do
mar, tendo 63 palmos de comprido e 13 de largura; no lado direito do mesmo são formadas 4
arcadas abobadadas, da largura de 12 palmos cada uma e que formam o quadrado do pátio
interior, bem como tem outras 4 arcadas iguais no primeiro corredor que faceia com o lanço do
norte; à esquerda deste segundo corredor tem uma porta que dá entrada a um comprido armazém
de 55½ palmos de comprido e 15 de largura, havendo também uma janela para lhe dar claridade;
este mesmo armazém tem uma porta que está tapada para o lado do mar e duas janelas por onde
recebe claridade; no fim do dito corredor se entra por outra arcada e ao lado esquerdo do lado do
mar, uma segunda arcada em simetria a do primeiro corredor, por onde se entra em outro
armazém que tem 15 palmos quadrados; e com uma porta que dá serventia para o cais. O terceiro
lanço da parte do sul, que forma o quadrado do pátio interior, tem logo no fim da arcada do
segundo um armazém de 36 palmos de comprimento e 15 de largura; no fim dele tem outra porta
que dá entrada a segundo armazém de 42½ palmos de comprido e 15 de largura; estes dois
armazéns ocupam a extensão deste corredor para os quais foi mister tapar os espaços das 4
arcadas

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das abóbadas por este lado. No meio deste claustro está o pátio com 63 palmos de comprimento e
62 de fundo. Resta agora descrever dois armazéns que ficam por baixo do edifício da igreja e
sacristia: o primeiro armazém tem uma porta com serventia para o mar o qual tem 55 palmos de
comprido e 24 de largura; este tem servido de mercado ou de casinhas, onde a Câmara fez
estabelecer a venda dos gêneros comestíveis que descem de serra acima a varejo e retalho, por
espaço de três dias ao povo, a cada pessoa que os trouxessem à venda. Tem ainda mais outro
armazém no canto do edifício com 32 palmos de comprimento e 16 de largura, e tem uma porta de
serventia que faceia para o lado do sul.

2ª Planta figurativa do 1º sobrado do colégio em que se mostra a parte ocupada pela alfândega e a
do aquartelamento dos guardas nacionais.

317 _ A segunda planta iconográfica do primeiro sobrado do colégio dos extintos Jesuítas, suas
repartições interiores são iguais à do segundo, tanto em seus claustros ou corredores, como nas
celas ou quartos da face do mar e mesmo dos do lado da face do sul, que fica para a banda da
igreja, havendo algumas pequenas alterações na face do norte, que olha para o beco da
alfândega.

Este primeiro sobrado é igualmente ocupado parte pela repartição da alfândega, e outra parte pelo
aquartelamento dos guardas nacionais, pela mesma linha divisória com que no segundo sobrado
está repartida.

A primeira, parte ocupada pela repartição da alfândega, fica ao lado do norte.

Subindo-se do primeiro piso térreo, por um escadório de pedra que fica ao lado esquerdo, na
entrada do portão, se sai no claustro ou grande corredor que fica na face do edifício no lado do
norte, e beco da alfândega com 13 palmos de largura e seu comprimento ocupa toda a extensão
desta face e tem uma janela de peitoril para lhe dar claridade e olha para o mar.

No canto que faz lado para o mar, e beco da alfândega, tem uma porta que dá entrada para a
primeira cela ou quarto, e que tem uma janela para o mar e outra para o beco, com 18 palmos de
frente e 22 de fundo; em seguimento tem um arco de abóbada com 13 palmos de largo e 22 de
fundo, e uma janela para o beco e este espaço antigamente servia de encruzamento ao
seguimento do claustro que faz face para o lado do mar e é dividido próximo ao escadório, por
onde a ele se sobe por uma parede da outra parte do mesmo sobrado ocupado pelo
aquartelamento dos guardas nacionais; entrando pelo referido arco da abóbada, no lado esquerdo,
tem uma porta de comunicação para um comprido armazém de 42 palmos de frente, e 22 de largo,
o qual tem duas janelas de peitoril para o beco e uma para o mesmo claustro; e no fim deste está o
último

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quarto com duas arcadas abobadadas, o primeiro tem dez palmos de frente e 22 de fundo, e o
segundo tem 9 de frente e com o mesmo fundo, onde se formou outro escadório de pedra, para
subir ao 2º sobrado, porém está presentemente inutilizada. Este claustro tem 2 janelas que olham
para o pátio interior. A alfândega serve-se não só do claustro como dos quartos para armazéns de
depósito de fazendas.

A 2ª parte ocupada pelo aquartelamento dos guardas nacionais

318 - A parte do primeiro sobrado que ocupa o aquartelamento dos guardas nacionais fica ao lado
do sul, pela mesma divisão que foi feita no sobrado de cima.

Para este primeiro sobrado se desce pelo escadório por onde é sua entrada e pela porta do quartel
que está no pátio. Descida a escada, se encontra o claustro que faceia ao quadro do lado do sul, e
correspondente ao do norte em toda a extensão do edifício com 15 palmos de largo, tendo uma
janela ao lado do mar para lhe dar claridade, mas do lado que olha para o pátio interior não tem
nenhuma. Na face que olha para o mar tem o claustro correspondente ao de cima com 13 palmos
de largo e duas janelas de peitoril, para o pátio interior; e do lado do mar tem três quartos ou celas
com portas para o corredor por onde tem a comunicação para os mesmos. O primeiro quarto tem
18 palmos de frente, e 19 de fundo com uma janela de peitoril que olha para o mar.

O segundo quarto tem 19 palmos quadrados e uma janela para o mar. O terceiro quarto tem 18
palmos de frente e 19 de fundo com outra janela para o mar. Estes quartos e claustros servem de
quartéis aos guardas nacionais, que ocupam com seus misteres, assim como são por eles
ocupados os do segundo sobrado, como se explicará na descrição da terceira planta iconográfica.

3ª Planta iconográfica do interior do segundo sobrado

A terceira planta iconográfica do edifício do colégio é a do segundo sobrado, a qual é ocupada pela
repartição da alfândega e aquartelamento dos guardas nacionais.

319 1ª A parte que pertence à repartição da alfândega

A parte que ocupa esta repartição fica ao lado do norte e tem a entrada principal pelo largo do
mesmo nome, e subindo-se seis degraus de pedra em um pequeno patamar se entra por uma
larga porta formada na arcada da parte do convento não acabado, entrando-se em um espaçoso
dormitório ou corredor de 13 palmos de largura e 66 palmos de comprimento; ao lado direito do
mesmo tem duas grandes janelas de peitoril que dão vista para o pátio interior, não

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havendo deste lado nenhuma cela, mas ao lado esquerdo, na extensão deste corredor, há 3 celas
ou quartos e no mesmo alinhamento delas o grande salão que servia de refeitório aos frades, ou
de sala capitular, e que ao presente serve de expediente da administração da alfândega,
preenchem a divisão do quadrado do lado do norte.
1º Quarto de esquerda da entrada principal, se acha uma porta que dá ingresso no mesmo; tem 17
½ palmos de frente e 23 de fundo; está ocupado com artigos bélicos pertencentes ao corpo da
artilharia; seu espaço interior não é verdadeiramente quadrado pela razão de que nele vem a sair
um escadório de pedra, por onde do primeiro sobrado se sobe para este, mas presentemente esta
servidão está sem usos; nos mesmo há duas grandes janelas de peitoril que tem vista para o beco.

2º Quarto, entrar-se nele por outra porta que tem no corredor o qual tem 19 palmos de frente e 23
de fundo e nele há uma janela de peitoril que olha para o beco da alfândega; é onde os
empregados da alfândega guardam os seus chapéus em cabides, onde está o vaso com água para
se beber e onde o despachante geral José Antônio de Siqueira tem uma grande mesa acobertada
com pano verde.

3º Quarto, este não tem a entrada pelo corredor cuja porta foi mandada tapar, e no vão dela, da
parte de dentro, se formaram uns armários com prateleiras e estantes para servir de arquivo e
onde se guardam os livros e mais papéis da repartição; a porta da sua entrada é pelo grande salão
do expediente e tem 19 palmos de frente e 23 de largo, e uma larga janela, que olha para o lado do
beco da mesma alfândega. No meio do mesmo está uma grande mesa de 8 palmos de comprido e
5 de largo com o entalhe de meia lua de um lado, lugar que era ocupado pelo escrivão Francisco
Gonçalves de Araújo, e depois pelo inspetor Antônio Pedro de Alencastro, e ao presente pelo
guarda supra chamado para escrever, o ótimo empregado João Machado Lima Filho; no mesmo
quarto se acha depositado o cofre da alfândega, que é de ferro, tem 4 palmos de comprido e 2 de
largo, encravado no assoalho. Na parede divisória do corredor há uma porta que dá entrada ao
lanço do edifício que faceia para o mar e logo se apresenta um grande salão de 37 palmos de
comprimento e no fim dele, com uma janela para o mar, mas sua largura não é igual, pela razão de
que ao lado direito da entrada vem ao mesmo salão sair um escadório de pedra, por onde se sobe
a este pavimento do primeiro sobrado; este salão em seu comprimento de 23 palmos, só tem 13 de
largura, mas o restante dele tem de largo também 23 palmos. Na entrada que vem do corredor
para este salão, há uma larga porta que dá entrada a outro grande salão que serve do expediente
da alfândega, com 36 palmos de comprimento e 23 de largura; tem duas janelas de peitoril que
olham para o beco da alfândega, e outras para o lado do mar; no meio do mesmo salão se acha
colocada uma grande mesa de 14 palmos de comprimento e 7 de largura, acobertada com pano
verde e escrivaninhas mui decentes no topo dela

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para o lado do mar é onde o inspetor tem o seu assento; e ao seu lado direito em meio dela o
lugar do escrivão Francisco Gonçalves de Araújo, e ao lado esquerdo o do 1º escriturário o hábil
Vicente Ferreira Martins. Ao lado do mesmo salão, e próximo à parede, estão colocadas três
mesas em uma fileira, acobertadas de verde, as duas dos lados tem 5 palmos de comprido e 3½
de largura; mas a do centro é menor; na primeira que está para o lado do mar é onde escreve o
amanuense Francisco de Paula Lobo, na do centro o 2º amanuense João da Silva Arouca e na
última um guarda escrevente; há também a um canto deste salão a prensa do selo e um relógio de
parede a indicar as horas do serviço desta repartição. Esta é a parte que a alfândega ocupa neste
segundo sobrado.

A SEGUNDA PARTE DA REPARTIÇÃO DO SEGUNDO SOBRADO DO COLÉGIO OCUPADA


PELO AQUARTELAMENTO
320 _ Do lado do sul do edifício e próximo à igreja, fica a porta da entrada do aquartelamento dos
guardas nacionais, que antigamente servia de corredor ou dormitório do convento; na face desta
quadratura, tendo de comprimento 47 palmos e 18 de largura, em sua entrada ao lado direito se
entra por uma porta para o corpo da igreja, e próximo a ela está a tarimba de madeira que serve de
cama aos guardas, de 32½ palmos de comprido e 7 de largura, e na parede do lado esquerdo tem
uma janela que olha para o pátio interior; no fim deste corredor se entra por uma porta para a face
da quadratura do edifício que olha para o mar; logo à entrada desta porta há um pequeno patamar,
no espaço de 6 palmos, e ao lado direito deste, tem a porta por onde se entrava para a capela-mor
e à esquerda uma janela com vista para o pátio interior; neste pequeno patamar há uma repartição
de 8 palmos cada uma e dividida em dois escadórios de madeira: a do lado esquerdo se desce por
dez degraus ao pavimento do primeiro sobrado, e pelo segundo se sobe ao nível do segundo; e
logo se encontra um grande salão, de 37 palmos de comprimento e 16 de largura, tendo no fim
uma janela com a vista para o mar; ao lado esquerdo deste em o corredor divisório das celas ou
quartos, da mesma quadratura, no comprimento de 51 palmos e 13 de largura, sendo no fim dele
fechado, com uma parede divisória do da repartição da alfândega; na parede do lado esquerdo, há
duas janelas de peitoril que olham para o pátio central.

O 1º quarto do lado do mar se entra dor corredor por uma porta o qual tem 19½ palmos em
quadratura com uma janela que dá vista para o mar e serve de prisão ou xadrez dos guardas
nacionais.

O 2º quarto tem outra porta pelo mesmo corredor e tem 18 palmos de frente e 19 de fundos com
sua janela para o mar e serve de depósito do armamento dos guardas nacionais.

O 3º quarto tem igual entrada por outra porta do mesmo corredor e que

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tem de frente 18 palmos e de fundo 19 palmos; a um canto dele que já pertence à repartição da
alfândega é ocupado pelo escadório de pedra que do primeiro sobrado sobe para este; este quarto
é onde reside o sargento ou o comandante do destacamento.

Resta agora descrever o restante do edifício que é a igreja, capela-mor e sacristia.

O corpo da igreja (1) tem 78 palmos de comprimento desde a porta

principal até o arco da capela-mor e 60 de largura: do arco da capela-mor até o fim as paredes do
edifício do lado do mar tem 49 palmos e outro tanto em largura, compreendendo neste grande
salão o que antigamente era capela-mor e sacristia onde se tem depositado alguns artigos bélicos;
nele há 3 janelas de peitoril que olham para o lado do mar e duas mais para o lado do sul. O antigo
arco da capela-mor foi tapado e nele colocaram uma porta com serventia para o corpo da igreja
que ao presente se acha descoberta, mas sendo a mesma convenientemente reparada o mesmo
corpo da igreja se pode assobradar e as sacadas ou janelas de peitoril e tanto embaixo como no
sobrado servir de alguma repartição pública da Província, se a Cidade de Paranaguá obtiver essa
categoria; pois que a Nação ainda o pode mandar acrescentar ocupando o Largo da Alfândega.
Tenho demonstrado a grandeza de uma obra que os Jesuítas deixaram por acabar. Agora
mostrarei em resumo o total do seu todo.
O edifício consta de 4 divisões: 1º o do piso térreo do convento; 2º o do primeiro sobrado; 3º o do
segundo sobrado; 4 º a igreja e capela-mor, 3 salões grandes, 11 quartos ou celas, 8 corredores
sendo dois dos claustros e 6 dos dormitórios, 27 portas para comunicações interiores e exteriores,
51 janelas de peitoril, 2 frestas para dar claridade, 6 escadórios para a serventia da subida, 20
arcadas de abóbadas para suster o pavimento do primeiro sobrado, 11 armazéns para depósitos
de fazenda e três bélicos, e armamentos dos guardas nacionais. Estes armazéns alguns serviam
de grandes salas bem como os dormitórios.

Mapa das embarcações entradas e saídas do porto de Paranaguá, no ano financeiro do 1º de julho
de 1849 a 30 de junho de 1850.

(1) Demolida em 1896. J.M.

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ENTRADAS

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SAÍDAS

Paranaguá, 10 de outubro de 1850.

Vicente Ferreira Martins.

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1849 a 1850

De onde entraram e para onde saíram


Paranaguá, 10 de outubro de 1850.

Vicente Ferreira Martins.

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CASA DA ALFÂNDEGA

Da instituição da Casa da Alfândega nesta Cidade

321 _ 1827 _ Provisão de 18 de junho de 1827 da Junta da Fazenda de S. Paulo ordenou a


instituição da Casa da Alfândega nesta Cidade, sendo Vice-presidente da Província e Presidente
da Junta o Coronel Antônio Neves de Carvalho, e foi instalada no dia 6 de agosto do mesmo ano.

Seu primeiro juiz foi o capitão Francisco Alves de Paula; tesoureiro o Tenente-coronel Manoel
Francisco Correia; escrivão o Capitão José Luiz Pereira; meirinho e contínuo Tomé Mariano da
Rocha.

322 _ 1834 _ A lei de 20 de setembro de 1834 da reforma do novo regulamento das alfândegas foi
posta em execução em Paranaguá em 2 de janeiro de 1835, tempo em que ainda estava servindo
de juiz dela o Capitão Francisco Alves de Paula. Desde esta data em diante também foram
reformados os primeiros empregados dela, e substituídos pelos seguintes: inspetor e bacharel:
João Crisóstomo Pupo; escrivão: Francisco Gonçalves de Araújo; primeiro escriturário: Vicente
Ferreira Martins; porteiro: Joaquim Roiz da Silva; correio: Antônio José da Silva: e mais 6 guardas
de número.

323 _ Série cronológica dos inspetores que tem havido na alfândega desta Cidade.

1º O Doutor João Crisóstomo Pupo, nomeado por decreto de 2 de julho de 1835, tomou posse no
1º de setembro do mesmo ano. Foi demitido por decreto de 17 de novembro de 1840, que teve
execução em 4 de janeiro de 1841.

2º O Doutor Francisco José Correia, nomeado por decreto de 17 de novembro de 1840, tomou
posse em 4 de janeiro de 1841. Demitido por decreto de 30 de julho de 1841, que teve execução
em 14 de outubro do mesmo ano.

3º O Doutor João Crisóstomo Pupo foi reintegrado no mesmo lugar, por decreto de 30 de julho de
1841, e morreu a 27 de maio de 1844, motivado pelo grande desgosto que sofreu com o roubo que
fizeram no cofre da mesma alfândega no mês de fevereiro do mesmo ano.

4º Francisco Gonçalves de Araújo, escrivão da alfândega, passou a ocupar o lugar de inspetor


interino na forma do regulamento, e serviu desde 27 de maio de 1844 até 31 de janeiro de 1845.

5º Antônio Pedro de Alencastro, nomeado por decreto de 18 de setembro de 1844, e tomou posse
no 1º de fevereiro de 1845. Retirou-se para o Rio de Janeiro em 28 de julho de 1849, por se achar
processado e afiançado, mas conseguiu do Tesouro Público Nacional licença de três meses com o
vencimento por inteiro, a qual foi comunicada à alfândega pela tesouraria da Província pela portaria
de 27 de setembro de 1849, transmitindo a mesma tesouraria, a portaria

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do Tesouro Público Nacional de 27 de agosto do mesmo ano que concedia a dita licença.

6º Caetano de Sousa, escrivão da mesma alfândega, serviu interinamente desde 28 de julho de


1849 até 30 de dezembro do mesmo ano, passando a inspetor por decreto de 15 de outubro,
desse mesmo ano de 1849 e tomou posse de efetivo a 31 de dezembro. Pela portaria de 4 de
março de 1850 lhe foi concedida licença para ir a S. Paulo prestar fiança, em cujo tempo ficou
exercendo o escrivão da alfândega Francisco Gonçalves de Araújo e que foi nomeado para o dito
emprego, por decreto de 15 de outubro de 1849, e tomou posse o escrivão, a 26 de janeiro de
1850. O inspetor atual Caetano de Sousa Pinto apresentou-se na alfândega de volta de S. Paulo,
em 22 de abril de 1850.

324 _ 1846 _ Portaria de 13 de agosto de 1846 do Ministro e Secretario de Estado dos Negócios
da Fazenda, autorizando ao inspetor da alfândega a despender a quantia de dois contos duzentos
e dezesseis mil réis par a fatura do trapiche.

325 _ 1847 _ Portaria do mesmo Ministro nº 75 de 21 de dezembro de 1847, autorizando ao


mesmo inspetor a despesa de um conto de réis para a despesa de um armazém junto ao mesmo
trapiche.

326 _ A alfândega da Cidade de Paranaguá se ao presente os seus rendimentos ainda não


compete com o das alfândegas da segunda ordem do Império não se passarão muitos anos a que
as iguale; e ainda venha a exceder a alguma daquelas, pois se vê que seu comércio vai sempre
num progressivo aumento como se mostra pelo mapa nº 28 e o grande avanço que tais
rendimentos tiveram no decurso de dez anos financeiros desde 1839 a 1849. No mapa nº 29
igualmente se demonstra as que renderam na mês do Consulado no mesmo período e no mapa nº
30 e 31 a dos impostos provinciais e neles se mostram claramente o passo agigantado que
Paranaguá caminha a sua maior prosperidade; o seu porto é franco e seguro; nas suas baías
podem estar surtas grandes armadas navais, tem três portas abertas nas suas barras para o mar
oceano e colocadas em uma latitude favorável que bem pode servir de centro principal a
refrescarem todos os navios que vierem da Europa com o destino de montarem o Cabo de Horn
para o mar Pacífico assim como o fez no ano de 1718 o galeão espanhol que ia para o porto do
Chile, e o mesmo tornou a fazer no seu regresso quando voltava à Europa, quando o pirata francês
o pretendia tomar mesmo dentro das baías, mas a Soberana Rainha dos Céus, e a protetora da
Cidade Nossa Senhora do Rosário fez submergi-lo na ponta da Ilha da Cotinga; estas grandes
vantagens sendo inerentes a uma capital da Província e que estejam debaixo de vistas criadoras
de um bom governo administrativo, sem dúvida foram a felicidade dos paranagüenses, então uma
nova estrela aparecendo ao lado do sul do Império, sua luz refulgente na esfera armilar do Brasil
resplandecerá a par das duas últimas que ficam no pólo antártico.

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MAPA nº 28

Rendimentos da alfândega da Cidade de Paranaguá nos anos financeiros de 1839, inclusive ao de


1849 em que se mostra a renda geral arrecadada, a saída das embarcações carregadas para os
portos do Império e estrangeiros, com o número de suas toneladas, e a quantidade de erva de
mate exportada, a saber:

Rendimentos da alfândega da Cidade de Paranaguá no ano financeiro de 1849 a 1850

Direitos de consumo 15:991$178 Reexportação 1 por cento 166$665 Reexportação para África,
metade dos direitos

de consumo 2:967$179 Baldeação 1 por cento 41$450 Expediente de 5 por cento, dos direitos de
consumo 8:490$475 Dito de ½ por cento dos gêneros nacionais 579$737 Multas calculadas nos
despachos 565$774 Ditas diversas 2:490$000

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Armazenagem 347$007 Emolumentos de certidões 54$560 Imposto sobre despachantes de


alfândega 150$000 Feitio dos títulos dos despachantes e dos caixeiros

despachantes 12$000 Produtos de mercadorias abandonadas 19$522 Total 31:875$547

Paranaguá, 29 de julho de 1850.

Vicente Ferreira Martins.

Rendimento da mesa do Consulado da Cidade de Paranaguá no ano financeiro de 1849 a 1850.

7 por cento de exportação para fora do Império 45:906$696 Dois e um por cento dos gêneros
excetuados 30$000 5 por cento da venda de embarcações nacionais 172$500 15 por cento da
compra de embarcações estrangeiras 3:918$500 Ancoragem 12:728$590 Imposto sobre negócios
1:133$l200 Dito sobre barcos de interior 33$600 Taxa sobre escravos 382$000 Sisa de bens de
raiz 622$650 Novos e velho direitos e de chancelaria 47$720 Dízima de chancelaria 2 por cento
159$002 Expediente das capatazias 5 réis por arroba 1:923$185 Foros de terrenos de marinha
13$000 Aluguel de próprios nacionais 38$400 Selo fixo 756$680 Dito proporcional 147$300

Total 68:013$023
Resumo:

Alfândega 31:875$547

Mesa do Consulado 68:013$023 __________

99:888$570.

Vicente Ferreira Martins.

Rendimento da alfândega e mesa do Consulado da Cidade de Paranaguá

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no ano financeiro de 1849 a 1850, a saber:

Alfândega 31:875$547 Consulado 68:013$023 Total 99:888$570 Faltando para 100 contos
111$430.

Valor de tudo quanto importou no ano acima de

1849 a 1850 745:282$994 Valor dos gêneros exportados para fora do Império 655:809$514 Total
89:473$480

Observação:

Se se incluir o valor das mercadorias exportadas para dentro do Império andará o valor da
importação pela da exportação.

Paranaguá, 3 de julho de 1850.

Vicente Ferreira Martins.

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PARÁGRAFO TERCEIRO
Fortaleza da barra

Descrição da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres da Barra da Cidade de Paranaguá com as
dimensões de todas as repartições interiores que a mesma tem.

327 _ A Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres foi mandada edificar por El-Rei de Portugal o
Senhor D. José I, governando a Capitania de S. Paulo o General Dom Luiz Antônio de Sousa
Botelho Mourão.

1767 - Em 19 de janeiro do ano de 1767, teve princípio esta obra na Ilha do Mel na ponta do morro
que antigamente denominavam a Baleia e ora tem o mesmo nome de fortaleza; em uma ponta do
rochedo que fenece à beira-mar, no princípio do saco chamado das Conchas, fronteira à Ilha das
Peças e sobranceira ao canal grande da barra do norte.

A sua figuração é quadrilonga e colocadas suas muralhas de cantaria, de grandes pedras


quadradas, muito bem lavradas a mor parte sobre a dura rocha que aponta do morro ali formou e
outra parte sobre lajeados de grandes pedras, que servem de assento às mesmas muralhas, sua
posição está mais ou menos aos rumos de norte-sul. Divide-se em quatro faces, ou lanços de
muralhas de cantaria para colocar as baterias das peças de artilharia, fazendo fogo a diversos
lados.

O primeiro lanço é desde a frente do portão da primeira guarita à segunda onde está o mastro da
bandeira, com 164 palmos de comprimento; e olha esta face ao norte. A segunda bateria
compreende o lanço entre a segunda e a terceira guarita, cuja face olha ao nordeste e tem o
comprimento de 103 palmos. A terceira bateria que olha a leste é compreendida entre a terceira e
quarta guarita, com 215 palmos de comprimento. E a quarta bateria que olha para o saco das
Conchas, está entre a quarta e quinta guarita, com 172 palmos de extensão; nestas baterias estão
montadas presentemente 12 peças de artilharia, sendo 8 de calibre 12, e 4 de calibre de 18.

A altura da muralha em frente do portão é de 32 palmos e suposta nos outros ângulos, a muralha é
menor, a obra que fizeram por ser colocada sobre o rochedo e que arremata seu fecho no canto do
morro, em altura só de 3 palmos, contudo o nivelamento de sua altura sobre o terrapleno é de 32
palmos. Em

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cada ponta dos ângulos das baterias tem guaritas de pedra de cantaria, muito bem executadas,
com suas portadas, pirâmides e ladrilho tudo de cantaria, estando assentadas sobre cubos de
grandes pedras redondas, que servem de base ficando assim sobressaídas para fora das muralhas
e com um palmo somente para dentro delas, a altura de cada uma é de 15 palmos, e
circunferência proporcionada. As muralhas têm 7 palmos de grossura, seu parapeito em cima do
terrapleno tem de alto 4½ palmos e grossura 3½. O terrapleno serve de praça de armas, tem 76
palmos de largura e 221 de comprimento; nele há dez bicas de cantaria, em diferentes distâncias,
para darem esgoto às águas. No lado do oeste e fronteando com a muralha da face do portão, e
atrás do aquartelamento segue um muro em linha reta a fechar a fortaleza por este lado, até ao
morro o qual tem 7 palmos de grossura e 32 de altura. Em correspondência ao das muralhas tem
parapeito e banqueta e tem 325 palmos de comprimento e tem sem seguimento deste, outro muro
mais baixo, de 28 palmos de alto, com 150 de comprimento e chega a encontrar no morro
fechando o quadrado da fortaleza, vê-se portanto a vista destas dimensões entre muralhas e muro
de parapeitos a extensão de 1.369 palmos em comprimento de obra de cantaria levantada. Na
entrada do portão principal há uma rampa ou calçada lajeada de pedra de 11 palmos de largura e
25 de comprimento. O grande portão da fortaleza é espaçoso, tem 18 palmos de alto e 10 de largo,
sobre ele estão as armas reais lavradas em uma grande pedra de cantaria, com muita perfeição;
embaixo delas tem um globo com a era de 1770; abaixo está uma grande pedra de cantaria, que
alcança de uma extremidade a outra, com uma carantonha lavrada em cada lado e um letreiro
gravado na mesma, que já se não pode ler; esta pedra está assentada sobre a cimalha da volta do
arco do portão; e algum tanto sobressaída fora da parede da muralha. Abaixo da carantonha desta
pedra ao lado esquerdo, há uma grande tarja de cantaria de pedra muito bem lavrada com um
dístico que diz: "Reinando em Portugal o Senhor Dom José, a mandou fazer sendo Governador o
Capitão-general Dom Luiz Antônio de Sousa Botelho Mourão, no tempo do seu governo de 1789".
O prospecto forma uma frente tendo a cada lado uma pirâmide de pedra inteira de cantaria e bem
em cima da coroa, das armas, forma uma pequena abóbada onde está uma concha grande de
pedra de cantaria, de 3 palmos a esta circula desde o fim da abóbada da enxovia, em roda da
muralha, até findar com a 5ª guarita onde finaliza. Logo à entrada do portão, estão as arcadas das
abóbadas com 17 palmos de largura, 24 de altura e 51 de comprimento, a sair no pátio.

As 2 portas laterais que estão dentro do portão e debaixo da arcada da abóbada principal, cada
uma tem 10½ palmos de alto e 6 de largo. A do lado direito dá entrada à primeira e segunda
prisão, servindo a última de enxovia; e cada uma com janela gradeada de ferro, faceando ao pátio
donde recebe a luz; e com uma porta de comunicação por dentro da primeira e segunda prisão;
aquela tem de frente 35½ palmos e a segunda tem de

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frente 43 palmos e largura 24; a altura desses alinhamentos de abobadas é de 24½ palmos; (1)
neste mesmo alinhamento e sem seguimento do mesmo lado, e próximo à segunda prisão, está o
aquartelamento para a tropa militar, feito também de pedra de cantaria e tem de frente 80 palmos e
35 de largura, com duas portas e 3 janelas; este aquartelamento faz canto onde está a porta
principal, com frente de 23 palmos. A cozinha do mesmo aquartelamento está distante dele 22
palmos, e tem de frente 22 e de largura 15.

As obras interiores da fortaleza que ficam ao lado esquerdo da entrada do portão e a saída das
abóbadas logo se encontra com uma calçada de pedras brutas, ladrilhando o pátio com 72 palmos
de comprimento e 41 de largura; por ele se sobe a uma calçada de pedra, que vai em direção à
casa do comandante, com 11 palmos de largo e 19 de comprimento; no fim desta se acha o quartel
do comandante que fica encostado à muralha do interior das abóbadas com 49 palmos de frente e
27 de fundo, ficando o teto do mesmo de baixo do terrapleno; e tem 2 portas e uma janela; junto
dele está a cozinha que não tem comunicação por dentro e sim por fora, com duas portas e 2
janelas, com 22 palmos de frente e 18 de fundo. Junto a este quartel principia a grande calçada
principal, por onde se sobe ao terrapleno das baterias e tem 17 palmos de largura com 71 de
comprimento.

A capela de Nossa Senhora dos Prazeres, padroeira da fortaleza (2) tem de frente 22 palmos e
31½ de fundo, também é de pedra com um altar onde está colocada Nossa Senhora e coberta de
telha (3).
A casa da pólvora, a metade é de abóbada e a outra metade de telha, com quatro botaréus aos
lados para segurança das paredes, tem 25 palmos de frente e 21 de fundo e está em linha reta
distante da capela 110 palmos, ficando fronteira à casa do comandante 130 palmos. Tem dentro da
fortaleza uma fonte de água nativa na fralda do morro, muito boa, ficando distante da cozinha do
aquartelamento da tropa 269 palmos.

(1) a porta do lado esquerdo dá entrada para 2 linhas de abóbadas para o corpo da guarda com
35½ palmos de comprido e 20 de largo e 22 de largura e 11 janelas com grades.

(2) A festa de Nossa Senhora dos Prazeres se festeja na primeira segunda-feira depois de
domingo chamado da pascoela. É padroeira da casa de Mateus da qual o General era Morgado.

(3) Esta capela foi demolida no ano de 1932, por ordem do comandante da fortaleza. J. M.

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Esta é a descrição geral da fortaleza cujos trabalhos duraram mais de três anos, sendo dirigidos e
administrada a obra dela, pelo ajudante de ordens do General da Capitania Afonso Botelho de
Sampaio e Sousa e uma parte de suas despesas foi feita pela Junta da Fazenda; mas os povos
paranagüenses é que ficaram sobrecarregados com a maior parte destas despesas já por
subscrições voluntárias de dinheiros, que para a mesma deram; e trabalhos pessoais de muitos
escravos, e mantimentos de farinha e outros gêneros com que assistiram aos trabalhadores; e
finalmente com empréstimos forçados de avultadas quantias que Afonso Botelho pedia aos
homens mais abastados a título de empréstimo para a Junta da Fazenda os pagar, o que não fez a
alguns que ficaram nos seus desembolsos, e até a mesma Câmara contribuía anualmente de seus
rendimentos com sua cota de Rs. 250$000, que voluntariamente ofereceu enquanto durasse a
mesma obra; e suposto que os povos então sofreram muitos incômodos e trabalhos, contudo era
de reconhecida necessidade fazer-se esta fortaleza achando-se o porto aberto e ser invadido por
qualquer inimigo ou pirata que o quisesse invadir sem ter nenhuma defesa que obstasse o ingresso
nestas baías, como antigamente aconteceu no ano de 1718, com o navio pirata francês que deu a
costa na ponta da Ilha da Cotinga; e presentemente se vê agora o quanto é útil esta fortaleza, para
a defesa pela brilhante e gloriosa resistência com que combateu no 1º de julho de 1850, contra o
vapor de guerra inglês Cormoran, que teve o atrevimento de entrar no dia 29 de junho, debaixo da
boa fé, as baías de Paranaguá e dentro das mesmas aprisionar 3 embarcações nacionais a título
do tráfico ilícito da escravatura; mas em sua saída, o patriótico paulista e benemérito comandante
dela o Capitão Joaquim Ferreira Barbosa, vendo tão grande ultraje feito à Nação Brasileira, teve o
heróico valor e coadjuvado pelas tripulações das mesmas presas, de combater com a artilharia ao
mesmo vapor inglês, a obstar-lhe a saída e de suas presas, fazendo-lhe grande estrago na popa e
caixa das rodas, partindo-lhe um escaler pelo meio, com a morte dum marinheiro que trabalhava
na peça e alguns feridos; e as presas que ele levava bastantemente arruinadas pelas balas da
fortaleza, vendo-se na precisão de consertar o mesmo vapor, logo que se viu fora do alcance da
artilharia, e lançar fogo às duas embarcações que tinha aprisionado, mesmo à vista da fortaleza, e
conduzindo só uma galera que pôde levar.

Esta ação heróica praticada pelo comandante desta fortaleza deve fazer perpetuar seu nome nos
anais da história brasileira por ter a glória de que foi a primeira fortaleza do Brasil que fez fogo
sobre esses atrevidos e assoberbados bretões europeus, que tantas insolências têm feito à Nação
Brasileira, servindo este glorioso exemplo de patriótico estímulo, a que todas as mais fortalezas do
Brasil façam abater com suas artilharias a soberba e a ufania com que blasona essa Albion, com
as mais nações européias; o que não achará no Império do Brasil onde só terão a resistência, o
entusiasmo e o valor que teve esse insigne Comandante Brasileiro; glória que lhe seja dada e
nestas memórias históricas

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ficará gravado seu nome perpetuamente. (1)

João Ferreira da Silva Lima a, cavaleiro das Ordens de S. Bento de Avis, da Rosa e de Cristo,
capitão da 1ª classe do Estado Maior do Exército, às ordens do Governo da Província de S. Paulo,
etc. etc.

Em virtude do despacho retro de S. Excelência o Senhor Marechal de Campo e Presidente da


Província, certifico que a folhas 16 do Livro Mestre de Registro dos oficiais de primeira linha, se
acham exarados os assentos do suplicante, os quais são do teor seguinte: "Nasceu em...........,
natural da Província de S. Paulo. Assentou praça de soldado no Regimento de Dragões de Rio
Pardo, em oito de outubro de mil oitocentos e oito; cabo de esquadra, em 20 de fevereiro de 1811;
furriel ao 1º de setembro de 1815; segundo sargento em 25 de julho de 1818; primeiro sargento ao
1º de agosto de 1821; segundo tenente por decreto de 1º de dezembro de 1824; primeiro tenente
por decreto de 18 de outubro de 1830. Observações: Sentou praça de soldado do Regimento de
Dragões do Rio Pardo, passou para a artilharia da Legião de S. Paulo em 24 de março de 1810;
fez as campanhas do sul de 1811 a 1812, de 1816 a 1822, e de 1825 a 1828, nas quais assistiu à
batalha de Catalan; marchou para o sítio de Montevidéu, em 13 de abril de 1823; saiu em diligência
para a campanha no 1º de outubro de 1825; assistiu à ação de Sarandi, em 12 do dito e mês,
servindo nessa ocasião na arma de cavalaria, onde foi prisioneiro. Apresentou-se ao corpo em 21
de março de 1826, tendo escapado do poder do inimigo por se ter levantado com outros
companheiros prisioneiros contra a tripulação e guarnição da embarcação que os conduziam para
Santa Fé do Rio Paraná; regressou da praça de Montevidéu para a Província de S. Paulo em 23 de
janeiro de 1829. Por

(1) O Capitão de artilharia Joaquim Ferreira Barbosa, comandante da fortaleza de Paranaguá, filho
legítimo de Francisco Paulino, professor de primeiras letras da Cidade de S. Paulo, e morador na
rua do Rosário, homem de muita probidade, muito religioso, respeitado dos generais, do bispo e de
todos; tratava-se com decência e gravidade, costumava levar todos os sábados seus alunos à
missa, e como tinha mais de 60 fazia uma linha extensa, com seus competentes oficiais, para que
fossem debaixo de regra militar, para o que era bastante impertinente; e muito apaixonado de
criações de passarinhos, de todas as diversidades dos quais tinha mais de 30 gaiolas; mas sobre
todos idolatrava os cantos do sabiá-una; e de todos os mais desta espécie; de tão nobre progenitor
nasceu este esclarecido militar que fez brilhante a glória da Cidade de Paranaguá, no dia 1º de
julho de 1850, militar de muita honradez, pobre e viúvo, tendo a seu cargo 6 filhas menores e um
filho; eis aqui exarada a cópia da fé de ofício, de seus serviços militares, por onde se vê que sentou
praça no Regimento de Dragões do Rio Pardo, em 8 de outubro de 1808, e tem exercido 42 anos
do serviço da Nação. Cópia da fé de ofício: "Il.mo e Ex.mo. Senhor. Diz Joaquim Ferreira Barbosa,
1º tenente de artilharia e comandante da fortaleza da barra da Cidade de Paranaguá, que ele
suplicante, para bem de seu direito, necessita a sua fé de ofício e como não possa obter sem
despacho de V. Excelência motivo pelo qual pede a V. Excelência seja servido mandar passar, do
que espera e receba mercê". Despacho: "Passe-se. Palácio do Governo de S. Paulo, 8 de fevereiro
de 1847. M. F. Lima. S. Paulo, 6 de fevereiro de 1847. Procurador Joaquim de Sousa Guimarães
Can.ª

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ofício do Comandante de armas de 28 de setembro de 1831; foi nomeado comandante da


fortaleza da barra da Cidade de Paranaguá, por decreto de 19 de agosto de 1842; ficou
pertencendo à terceira classe do Exército, em virtude do decreto de 21 de agosto de 1845; foi
atendido e novamente classificado na primeira classe, o que foi comunicado em aviso da repartição
de guerra, de 13 e publicado na ordem do dia nº 52, de 24 de outubro de 1845. Nada mais consta
do referido livro ao qual me reporto, em firmeza do que passei o presente, que assinei e selei com
o selo das armas imperiais. Palácio do Governo de S. Paulo, 9 de fevereiro de 1847. João Ferreira
da Silva Lima. Nº 2........... Rs. $320. Pagou trezentos e vinte réis. Paranaguá, 16 de novembro de
1847. Alencastro Martins".

Notícias relativas à localidade da fortaleza da barra, comunicadas pelo comandante dela o Capitão
Joaquim Ferreira Barbosa.

328 _ A fortaleza de Paranaguá é maior que a da Cidade de Santos, só com a diferença que
aquela é de duas baterias; porém esta pode ocupar mais número de bocas de fogo; e unicamente
o defeito que tem é de ter o parapeito descoberto e é a causa do inimigo conhecer a força dela, e
de sua guarnição. Na terceira face da mesma lhe ficam fronteiras as três ilhotas das Palmas, em
distância de um quarto de légua, mais ou menos; ponto aquele de ditos ilhotes, que servem de
baliza ao navegante para poder entrar na barra. O morro chamado das Conchas está distante em
linha reta meia légua, fazendo o mar entre estes pontos uma grande enseada, com ancoradouro; e
por terra tem um caminho que se pode subir ao mesmo. Antigamente nesse morro das Conchas
havia um mastro para nele se fazerem os sinais, logo que a sentinela ali postada avistasse alguma
embarcação de desconfiança; e no morro da fortaleza que está fronteiro ao quartel, havia outro
mastro que fazia sinal para o morro da Cotinga, onde também havia outro igual mastro que fazia os
sinais para a Vila; e a fortaleza dava 6 tiros que eram o do sinal de rebate e pedir socorro; e eram
obrigados imediatamente a acudirem a esse chamado todos os moradores das ilhas do Mel, das
Peças e da ilha Rasa.

Essas providências eram dadas de data mais antiga anterior à confecção da fortaleza e talvez logo
depois da entrada do navio pirata francês, no ano de 1718, pois no tempo doe General da
Capitania Antônio Luiz de Távora, Conde de Sarzedas; no ano de 1734, deu iguais providências
para evitar a invasão de alguns navios piratas que então cruzavam nas costas do Brasil, e
quisessem fazer seu ingresso nestas baías; e no século presente era de necessidade que
houvesse iguais providências ou uma linha de telégrafos para marchar da Cidade com presteza os
socorros necessários aos lugares de perigo.

A fortaleza da barra apesar da Junta da Fazenda ter feito nela por diversas vezes imensa despesa,
ainda não está completamente bem defensável, faltando

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ainda fazer as baterias de parapeitos cobertos para livrar a guarnição dos maiores perigos debaixo
deste abrigo, do contrário é necessário que a guarnição esteja possuída do maior patriotismo, valor
e sangue frio a poder resistir a um combate naval ou terrestre. O terrapleno onde labora a artilharia
é ao presente ladrilhado de pedra bruta e com argamassa de cal e rebocado à maneira de sotéia
onde não podem rodar livremente as carretas das peças que é móvel e não como se todo o
terrapleno fosse ladrilhado de cantaria lavrada, ou aos menos de grossos ladrilhos atijolados; estas
obras e outras foram feitas no ano de 1843, assim como toda a calçada do mesmo terrapleno,
menos a da a praça de armas; também se fizeram então 4 plataformas de cantaria e não se
concluíram as mais por ter vindo ordem da Junta para se parar com estes reparamentos tão
necessários de poder laborar as peças de artilharia, sem embaraço algum. As portadas da casa de
pólvora e as da capela são feitas de madeira, quando bem podiam ser pelo menos de tijolos, assim
como fizeram as portadas e janelas do quartel do comandante e as da casa da cozinha do mesmo,
por ser o ladrilho de mais duração das que se fazem de madeiras, por serem mais sujeitas à
corruptibilidade; todos esses reparos que se fizeram no ano de 1843, foram administrados pelo
mesmo comandante o capitão Joaquim Ferreira Barbosa, sem nenhum interesse e nem
gratificação. Nesta fortaleza havia somente 12 peças de artilharia, e no mês de julho de 1850, a
saber: 2 novas peças de calibre 12, e mais 6 peças ainda do tempo do falecido Governador o
Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos, do mesmo calibre, que ainda remedeiam, e 3 peças
de calibre 18, que também duas dessas são novas, e uma velha; e depois que houve o combate de
1º de julho, só existem montadas quatro bocas de fogo, sendo três de calibre 12 e uma de 18.
Além destas ainda tem na fortaleza 5 peças de calibre 18 desmontadas e inutilizadas por terem os
ouvidos muito grandes, e na casa da pólvora ainda tinha muita metralha e utensílios pertencentes à
artilharia, assim como 18 armas, 10 espadas com telins, 4 pistolas e correames com que se armam
os destacamentos da guarnição, e na praça de armas, na retaguarda, há grande porção de balas
de calibre 12 e de calibre 18, e na prisão da correção há 270 balas de calibre 24, e é pena não
haver peças montadas deste calibre.

Série de comandantes que tem havido na fortaleza da barra da Cidade de Paranaguá.

329 _ Desde o ano de sua edificação em 1770 a 1800 não se sabem dos nomes dos comandantes
que houve na mesma fortaleza, nem quais foram suas guarnições se de tropa, de linha ou
auxiliares. De 1800 a 1819 esteve a mesma abandonada e sem guarnição, sendo o primeiro
Governador

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1º 1819 _ O Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos, desde 1819 até 1828. (1)

2º O sargento-mor Joaquim Maria, talvez desde 1828 a 1829.


3º O Tenente João Manoel da Cunha nomeado por decreto de 18 de outubro de 1830; morreu em
Capitão.

4º O Capitão Joaquim Ferreira Barbosa por ofício do comandante das armas de 28 de setembro de
1831, e tomou conta no 1º de novembro do mesmo ano.

Relação do sucesso acontecido em Paranaguá, nos dias 29 e 30 de junho e 1º de julho de 1850, a


saber:

330 _ No dia 29 de junho de 1850, pelas 10 horas mais ou menos da manhã, apareceu na ponta
da Cruz, e foi dar fundo na ponta da Figueira (lugar entre a ponta da Cruz e o porto denominado do
Alemão) o vapor de guerra inglês Cormoran (corvo marítimo), de 3 mastros e tendo 3 peças por
banda de grosso calibre, e 2 rodízios monstros, um à proa e outro à ré, este dizem ser de calibre
80, pois que cabia um homem pela boca, tripulado com mais de 200 pessoas, Comandante Hubert
Schumberg, homem alto, magro, alvo, de 40 a 45 anos de idade, muito ativo e político (à inglesa),
de grandes entradas na testa que à primeira vista parecia ser calvo e largando dito vapor desceu
bordo 4 lanchas baleeiras com muita gente armada, seguiram em direitura ao porto do Alemão,
onde se achavam fundeadas 8 embarcações que demandam mais de 10 pés, e onde se achavam
as seguintes embarcações brasileiras, a saber: bergantim Dona Ana (que quando português,
Leônidas se chamava) de porte de 294 toneladas, de propriedade (in nomine) de José Joaquim de
Oliveira, desta Cidade: bergantim Sereia, de porte de 321 toneladas, de propriedade de José
Rufino Gomes, do Rio de Janeiro; galera Campeadora, de 522 toneladas, de propriedade do
mesmo José Rufino Gomes; brigue-escuna Astro, de 176 toneladas, de propriedade de Antônio
Fernandes Coelho, do Rio de Janeiro; galera Conclusão, de 412 toneladas, de propriedade do
mesmo Antônio Fernandes Coelho; barca Fugina, de 305 toneladas, de propriedade de Hipólito
José Alves; também estava em dito ancoradouro a barca portuguesa Flor do Douro, de 272
toneladas, de propriedade de Manoel Pereira Pena e Cia. E a barca americana Murckengum, de
254 toneladas, de propriedade de Samuel Chadissek; e atracando ditas

(1) No ano de 1775, o General Martim Lopes Lobo Saldanha nomeou a Joaquim Coelho, Tenente
reformado do Regimento de Mexias, e o nomeou para comandante da fortaleza da barra de
Paranaguá e certamente com destacamento e de tropa de linha, mas ignora-se os anos que
comandou.

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baleeiras no bergantim Dona Ana, deram um tiro de clavina, puxaram pelas espadas e subiram,
deslacraram as escotilhas que estavam lacradas pela alfândega, e selado com o selo das armas
do Império, (por se achar esta embarcação carregando, e ser dia santo de guarda, por isso
estavam lacradas as escotilhas na forma de costume) disseram os ingleses todos a uma voz: Oh!
este está Sereia, e deixando uma porção de gente armada, passaram a revistar as outras
embarcações; a galera Conclusão estava abarrotada de lenha, e o mestre da mesma mostrando a
carta de ordens, que determinava que a dita galera seguisse para o Açu, a largaram pois que já
tinham largado por mão as amarras para a rebocarem; a barca Flor do Douro estava descarregada
e por ser portuguesa não a levaram, pois bastante receio tiveram que o tal Corvo carregasse a dita
barca, por estar ela com lastro de pipas e tonéis, que é quanto basta para os ingleses cometerem
excessos e desaforos, a barca americana, içou a sua respeitada bandeira, com a vista da qual não
a revistaram, dando tempo com tais vistorias e varejos, ao valente e desembaraçado rio-grandense
José Francisco do Nascimento, mestre do brigue Escuna Astro a mandar fazer um rombo no
costado, que imediatamente submergiu-se o dito brigue Escuna, que só a ponta dos mastros
aparecia, defronte à ponta da revessa, livrando-o por esta forma a ser apresado como
infalivelmente seria, assim como foram os dois lindos e veleiros brigues Sereia e Dona Ana, e a
galera Campeadora; e tendo ditas baleeiras conduzido a reboque do Alemão para a costeira estas
3 referidas embarcações, as colocaram ao pé do vapor, porque já então ali se achava. Tendo ido à
visita da alfândega e saúde, e passando o escaler perto do bergantim Dona Ana, gritaram os
ingleses que estavam de guarnição no dito bergantim: Não atraque, não atraque que morre!
Estando os ditos ingleses de pistolas engatilhadas, o escaler seguiu direito ao vapor, que depois
das formalidades do costume, o comandante do vapor explicou-se da maneira seguinte: "Venho a
este porto arrestar as embarcações que se empregam e se tenham empregado no tráfico ilícito da
costa da África autorizado por meu almirante; não tenho que dar satisfações às autoridades do
país, e nem tampouco à alfândega! E puxando um ofício entregou ao amanuense que serve de
guarda-mor Francisco José Pinheiro, cujo sobrescrito dizia: Il.mo Senhor Comandante da força da
Cidade de Paranaguá, cujo ofício o delegado José Francisco Barroso não o quis receber, nem o
Doutor Juiz Municipal Filástrio Nunes Pires, nem o chefe da legião de guardas nacionais Manoel
Antônio Guimarães; à vista disso, Pinheiro o depositou na administração do correio. Com esse
imprevisto e extraordinário acontecimento estava o povo, uns consternados, outros mostravam-se
indiferentes, porém em ansiedade e muitíssimos com furiosa raiva de tão grande desaforo e
atrevimento, e em um rum-rum assustador na expectativa do que obrariam as autoridades, porém
vendo que elas estavam mudas e estupefactas, deliberaram os valentes defensores da dignidade
brasileira, vingar tanto insulto e desaforo, aprontando-se para esse fim de tudo quanto era preciso
para um combate, fazendo eles à sua custa grandes

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despesas para este fim; e tendo chegado a este tempo do vapor onde se achava arrestado, o
destemido Fragoni, mestre do bergantim Dona Ana, com a vinda do qual acabou de incendiar-se
os ânimos já antecedentemente preparados pelo valente e intrépido rio-grandense José Francisco
do Nascimento, a quem puramente cabe muita glória do temível combate do dia primeiro de julho,
porque a ele se deve a deliberação de bater-se a esse desaforado vapor inglês, e com isso salvou
a Paranaguá de um ferrete que lhe seria irrogado, se tivesse saído o vapor sem levar balas, como
levou, e que se não foi destruído, é devido ao mau estado da bateria da fortaleza em não ter as
peças corretas e não por falta de valor e perícia dos que lá foram; este benemérito brasileiro
ajudado dos valentes paranagüenses José Cárdenas do Amaral, Joaquim Caetano de Sousa,
Caetano José de Sousa e do jovem Manoel Ricardo Carneiro e de outros valentes paranagüenses
que, reforçados de grande número de marítimos que, influídos por seus valentes comandantes
José Francisco do Nascimento, Antônio Jorge da Costa Júnior, mestre do Sereia, Paulo José Dias
Cardoso, mestre do Campeadora, que encontrando neles boa vontade e decisão e que também
movidos pela raiva que os marítimos têm aos ingleses, e pelo desarranjo em que ficavam pela
perda das embarcações apresadas, onde ganhavam avultadas mensalidades e esperançosos de
grandes soldadas, razão demais para nada temerem e seguirem com gosto a seus oficiais que
coadjuvados pelos valentes paranagüenses acima mencionados, seguiram para a barra pelas nove
horas, mais ou menos, da noite do mesmo dia 29, embarcando-se em lanchas, botes e canoas,
levando pólvora, baetilhas para cartuchos, metralha, carpinteiro, etc, chegaram à barra pelo lado
do sul, pelas oito horas da manhã do dia 30, em razão de levarem contra maré e vento e irem
muito carregadas as lanchas, botes e canoas, com a muita gente e trem e tendo desembarcado em
diferentes lugares, levaram muito tempo a reunirem-se, porém reunidos que foram, seguiram para
a fortaleza aonde logo que chegaram trataram de arranjar as peças que se achavam desmontadas
pela ruína completa das carretas, com paus, pedras e tudo quanto acharam, e que servia para tal
fim, visto que a fortaleza apenas tinha 3 peças em circunstância de fazer fogo e estas mesmas em
razão do terrapleno ser calçado com pedras miúdas, não se podiam mover a elas com facilidade,
porque as carretas enterravam as rodas na calçada, que com grande custo e trabalho se tornavam
a arranjar em direção de fazer fogo, as outras peças, tiro dado, peça no chão, etc. No dia 30
passou o vapor com as 3 embarcações apresadas, do lugar onde estava para trás da ponta da
cruz, e ali as encobriu da vista dos habitantes desta cidade, deixando-se só ver metade do mesmo
vapor e parte dos mastros das 3 embarcações apresadas e ali se conservou todo o dia, ocupando-
se com diligência a tirar das embarcações apresadas e transportar para o vapor tudo quanto lhes
fazia conta. Neste mesmo dia o Doutor Juiz Municipal Filástrio Nunes Pires dirigiu um ofício ao
Comandante do vapor, protestando por perdas e danos e que foi respondido porém, " ignoro o

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conteúdo da resposta. No dia primeiro de julho, pelas oito horas da manhã, seguiu para a barra o
vapor, levando a reboque as suas 3 presas e chegando à barra, o Comandante da fortaleza o
Capitão Joaquim Ferreira Barbosa dirigiu um ofício ao Comando do vapor (a cópia do mesmo ofício
se vê à fl......), sendo recebido a meia distância com tiro de bala que por fortuna não acertou na
canoa que o levava (tendo a fortaleza um novo e belo escaler, serve-se de uma canoa por não
haver autorização para a despesa insignificante do calafeto que precisa) apesar deste tão
revoltante e vil procedimento do Comandante do vapor, o Comandante da fortaleza, ainda esteve
com contemplação, mandando dar um tiro de pólvora seca, que foi respondido do vapor com outro
de bala, então rompeu o fogo de parte a parte, com todo vigor e presteza, ouvindo-se em pouco
tempo, trinta e tantos tiros (não sabendo os que estiveram na fortaleza verdadeiramente quantos
tiros deu a fortaleza) de tão grandes estampidos que as vidraças das casas desta Cidade, apesar
da distância de três e meia léguas, batiam fortemente, caindo uma porção de reboco das casas de
Albino José Martins de Sousa, sitas na rua da Boavista, parede e meia com as casas do mesmo,
em que mora o Dr. Filástrio e não podia ser por menos, porquanto, caindo a primeira bala perto,
por falta de taco próprio, supuseram os que serviam a peça que a pólvora era fraca, suposição
errônea, porquanto a pólvora era fina e boa, e por causa da suposição referida, carregava as peças
com dois cartuchos, e em uma e outra vez, com duas balas e metralha, tal eram as ganas dos
valentes combatentes, em reprimir o desaforo praticado pelo vapor; o primeiro tiro foi ouvido nesta
Cidade pelas dez horas e dez minutos da manhã (no relógio da alfândega). Pouco tempo antes do
combate passou a lancha ou escuninha, denominada Nova Providência, de propriedade de José
Francisco Correia, vinda do Rio Grande do Sul, e que muito serviu para orientar aos que estavam
na bateria da fortaleza, para disporem as pontarias para quando o vapor chegasse e tanto
aproveitou esta casual circunstância que o vapor apesar da sua grande força e também favorecido
pela rapidez e força da maré, que naquele lugar é excessiva, tendo demais a mais ganho em
tempo, com as formalidades referidas, contudo recebeu balas e é de supor que nele houvesse
vítimas, porque da Nova Providência, viram que uma bala lhe acertara a por entre o mastro de ré e
a popa, fazendo grande estralada quando bateu. O vapor também fez muito fogo, atirando com
balas e bombas, porém as balas bateram na fortaleza, ao rés-do-chão e as bombas arrebentaram
de encontro ao morro; só uma bala de grosso calibre acertou na beirinha da muralha, onde tirou
uma lasca e um estilhaço arrancou a fechadura do quarto em que mora o sargento, e que ignora-
se como ali foi dar, de maneira que não houve da parte dos combatentes nossos defensores nem
um arranhão, e nem o menor incidente, a não ser um que chamuscou a cara, sem importância de
gravidade, outro tanto é de supor não acontecesse ao corvo. O Comandante da fortaleza o Capitão
Joaquim Ferreira Barbosa, em todo este acontecimento portou-se (como todos que na fortaleza
estiveram afirmam)
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com muita bizarria, atividade e intrepidez, que deixou a todos admirados, tanto que na ocasião do
combate quando o vapor atirava, os chefes de peças e serventes delas, abaixavam-se, porém o
intrépido Barbosa não mudava da atitude firme em que estava mandando. O vapor depois de livre
do alcance da fortaleza, fundeou na enseada das Conchas e ali incendiou os brigues Sereia e
Dona Ana, levando a galera Campeadora, tendo estado todo o dia 1º fundeado, supõe-se ser para
reparar os danos que a fortaleza lhe fez. Em fim estreou a fortaleza de Paranaguá as suas peças
no dia 1º de julho de 1850, em um medonho combate, sendo o mais singular ser com uma
embarcação de guerra de nação nossa aliada!

Paranaguá, 5 de julho de 1850.

Episódio

331 _ Tomás José de Oliveira (conhecido por Tomazinho) homem de 41 anos de idade, mais ou
menos, de boa presença, sargento da guarda nacional, destacado na fortaleza no mês de junho, foi
o encarregado de levar o ofício ao vapor, o qual quando foi, já ia tremendo de medo, e quando o
vapor deu o tiro de bala, ele caiu dentro da canoa, e perguntava aos remeiros se estava morto, e
de volta à fortaleza tratou de esconder-se no seu quarto, de onde o Comandante da fortaleza o foi
tirar, dizendo-lhe que fosse para cima, que ganhava soldo; ele respondeu: Senhor Capitão, antes
quero ir preso, eu não gosto disto, sou de paz, não nasci para estas coisas; e logo que teve
ocasião raspou-se para o mato; quando arrebentou a bomba, deu um pulo do lugar onde estava
escondido, correndo e gritando: sou de paz, sou de paz, não gosto disto; cujo procedimento foi
para todos os combatentes um completo desfrute, escapando ele milagrosamente de morrer onde
estava escondido quando rebentou a bomba; se ele não tivesse saído do quarto onde
primeiramente se escondeu, tinha infalivelmente morrido pelo estilhaço que arrancou a fechadura.

(Diário do Rio de Janeiro _ quinta-feira, 11 de julho de 1850 _ nº 8.445).

332 _ Parte oficial _ Ministério do Império _ Il.mo e Ex.mo Senhor. Apresso-me a apresentar a V.
Excelência nas cópias inclusas, as participações que acabo de receber do comandante militar de
Santos e do promotor da 6ª Comarca, acerca de um fato há muito poucos dias ocorrido na Cidade
de Paranaguá, onde o vapor de guerra inglês Cormoran, entrando pela barra, apresou no
ancoradouro quatro navios nacionais e os conduziu a reboque para fora, metendo a pique um dos
navios e incendiando a dois, e remetendo o último que era uma galera, para a Ilha de Santa
Helena. V. Excelência se dignará tomar este fato na devida

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consideração. Deus guarde a V. Excelência. Palácio do Governo de S. Paulo, 6 de julho de 1850.
Il.mo e Ex.mo Sr. Visconde de Monte Alegre, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do
Império. O Presidente Vicente Pires da Mota.

333 _ Il.mo e Ex.mo Senhor. Neste momento que são 11 horas e meia da noite, chega ao meu
quartel o Juiz Municipal Firmino José Maria Xavier, e me diz que hoje desembarcou nesta Cidade,
de bordo de um escaler pertencente ao vapor de guerra inglês, que fundeou ontem na praia de
Góis, um homem brasileiro, de nome Manoel Felipe Santiago, que lhe referiu o seguinte: Que
estando pescando fora da barra em Paranaguá, no dia 29 de junho pretérito, ali chegou o vapor de
guerra inglês, e o recolheu a seu bordo para guiá-lo até a cidade e que no dia seguinte apresou
dentro os brigues Sereia e Leônidas e uma galera, cujo nome ignora, e que depois disto saíra no
dia 1º do corrente rebocando as 3 embarcações e quando chegou perto da fortaleza, esta lhe
atirou um tiro com pólvora seca para o fazer parar, e como não fosse atendido, principiou a fazer-
lhe fogo com bala, sendo correspondida pelo vapor de que resultou ficarem muita arruinados os
dois brigues, os quais fora da barra foram queimados pelo vapor, que também sofreu alguma
avaria na popa e roda, e que lhe morreram dois marinheiros e um soldado; quanto à galera, diz o
dito Manoel Felipe que fora mandada para Santa Helena. E como me consta pelo Jornal do
Comércio, de 2 do corrente, que em Cabo Frio houve ainda maior atentado, julgo do meu dever dar
disto sem demora parte a V. Excelência para ordenar que a fortaleza da barra seja reforçada no
entanto que passo a prevenir ao Tenente-coronel Comandante para estar com toda a vigilância,
pois não tem senão doze praças de guarnição. Deus guarde a V. Excelência muitos anos. Quartel
do Comando militar em Santos, 4 de julho de 1850. Il.mo e Ex.mo Senhor Doutor Vicente Pires da
Mota, Presidente desta Província, o Brigadeiro José Olinto de Carvalho e Silva. Secretaria do
Governo de S. Paulo, 6 de julho de 1850. João Carlos da Silva Teles.

334 _ Il.mo e Ex.mo Senhor Doutor Vicente Pires da Mota. Santos, 4 de julho, às 10 horas da noite.
Neste momento sei de acontecimentos muito graves que não posso deixar de comunicá-los a V.
Excelência. Há coisa de 4 dias que o vapor de guerra inglês, Cormoran, entrando pela barra
adentro de Paranaguá, aí apresou quatro navios; os paranagüenses acudiram a fortaleza e fizeram
todo o possível esforço para evitar tal violência; o resultado foi haver vivo fogo entre o vapor e a
fortaleza, e conseguir o mesmo vapor inglês meter no fundo um dos barcos e sair rebocando os
três, dos quais queimou dois e remeteu o último para Santa Helena. Este fato foi segundo consta,
pilhado hoje do prático, que os mesmos ingleses tomaram em Paranaguá e aqui ficou, o qual com
muito medo, dizem que o referia, pois que o Cormoran chegou à barra desta Cidade ontem pela
manhã. Confirma-se porém esta notícia pela razão seguinte. O ex-Comandante do Rifleman
Crofton achava-se nessa Cidade e sendo a única pessoa

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que teve esta comunicação guardou silêncio até que se pusesse fora daqui (o que já fez) receoso
que o boato ou a notícia do fato fosse conhecida, que a gente desta se dispusesse atentar contra
ele; o que na verdade eu julgo muito provável que acontecesse. Ontem quando o Dr. chefe de
polícia mandou a Valêncio para a fortaleza da barra, levantou-se um boato que pareceu fútil e
insultante, de que se levava para ser entregue aos ingleses, mas agora eu penso que o tal
Cormoran é capaz de tentar tirá-lo de tal fortaleza, que nem tem guarnição para uma peça. Posso
afiançar a V. Excelência sob minha palavra de honra, que não pretendo ser favorável a Valêncio, e
que esse receio é manifestado pelos que se dizem aqui seus inimigos, ou antes por aqueles que o
mesmo Valêncio assim o considera e são estes mesmos que me dizem que esforce-me para
removê-lo daquela fortaleza. No número das pessoas que pensam bem, poderei enumerar por ser
conhecido de V. Excelência o Sr. José Batista. V. Excelência dará as providências que julgar
acertadas. Se neste momento não me fora dito que o portador deste seguia pela madrugada, esta
iria às mãos de V. Excelência por um expresso meu. João Inácio Silveira da Mota, Secretário do
Governo de S. Paulo, 6 de julho de 1850. João Carlos da Silva Teles.

335 _ Jornal do Comércio de terça-feira, 16 de julho de 1850 _ nº 195.

Câmara dos senhores Deputados. Sessão de 15 de julho de 1850.

O Senhor Paulino Ministro dos Negócios Estrangeiros e respondendo agora à última parte da
interpelação do nobre Deputado por S. Paulo, que deseja saber quais as providências que tem
dado o Governo para evitar e reprimir os agravos à nossa nacionalidade, dir-lhe-ei que o Governo
deu aquelas providências que julgou conveniente dar, determinando às fortalezas que se
opusessem, tanto quanto pudesse, à violação do nosso território.

336 _ Il.mo Senhor. Tenho ordem do Governo para V. Senhoria não levar os barcos nacionais que
não estão despachados pelas autoridades desta Cidade e nem por mim como Comandante desta
fortaleza, pois do contrário vejo-me obrigado a fazer fogo, e só assim pode sair o vapor. Deus
guarde a V. Senhoria. Fortaleza da barra de Paranaguá, 1º de julho de 1850. Il.mo Sr. Comandante
do vapor de guerra Cormoran. Joaquim Ferreira Barbosa, Capitão Comandante da fortaleza.

O brigue Escuna Astro já o tiraram do fundo, com a despesa de mais de quatro contos, é avaliada
o prejuízo causado pelo vapor Cormoran em mais de cem contos de réis.

337 _ 1850 _ No glorioso combate do 1º de julho de 1850 que a fortaleza de Paranaguá teve com o
vapor de guerra inglês Cormoran, muito se distinguiram nesta ação os valentes e animosos
cidadãos brasileiros e alguns portugueses que voluntariamente foram à mesma, a manobrar a
artilharia a obstar que o mesmo vapor não saísse com as presas que atrevidamente tinha feito
dentro destas baías e seus nomes exarados nestas memórias, quais foram estes verdadeiros
patriotas defensores dos ultrajes feitos à Nação Brasileira, e foram

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os cidadãos seguintes:

1º José Francisco do Nascimento, rio-grandense que sendo Capitão do brigue Escuna Astro, teve
a animosidade de mandar fazer um rombo na mesma embarcação e metê-la no fundo na ponta da
Ilha da Cotinga antes que o vapor o apresasse, foi ele que comprou mais de 5 arrobas de pólvora à
sua custa, e o principal promovente de incitar as tripulações dos vasos apresados a irem com ele
ao combate, levando consigo munições e petrechos de guerra, em que despendeu mais de
quatrocentos mil réis segundo consta; é que lhe cabe a maior parte do combate.

2º Paulo José Dias Cardoso, Capitão da galera Campeadora.

3º Antônio Jorge da Costa Júnior, mestre da Sereia.

4º Antônio Pascoal Fragoni, italiano, mestre do bergantim Dona Ana, homem destemido que
esteve arrestado a bordo do mesmo vapor inglês donde escapando-se, foi um dos motores de
inflamar os povos a vingarem uma tal afronta feita à Nação.
5º Antônio José de Medeiros, caixeiro do Rio de Janeiro, estes quatro cidadãos eram os que
dirigiam as suas pontarias, outros mais que se acharam no combate são: 6. Custódio Borges; 7.
Antônio José da Costa Júnior; 8. Francisco Pires; 9. Antônio Gonçalves Pendão; 10. F. Teixeira,
piloto do bergantim Dona Ana; estes cidadãos logo depois do combate se retiraram.

Os cidadãos que se não retiraram da fortaleza e toda a noite estiveram em vigia, sobre o terrapleno
foram:

1º o Tenente Manoel Ricardo Carneiro dos Santos

2º o Tenente Joaquim Caetano de Sousa

3º Bento Antônio de Menezes

4º Vítor da Silva Freire

5º José Cárdenas do Amaral

6º Manoel José de Oliveira

7º Salvador do Prado

8º José da Cruz

9º João Feliciano dos Santos

10º Silvestre de xxx; este saiu com uma queimadura na cara por se ter incendiado uma pouca de
pólvora na ocasião de fogo, não sendo coisa de cuidado.

11º Manoel Luiz Fernandes, português, que entre todos mostrou muita animosidade e um decidido
patriotismo, em defesa da afronta brasileira, trabalhando incansavelmente no arranjo da artilharia
que se achava desmontada; e em diferentes trabalhos com muita atividade. Outras muitas pessoas
de menor nomeada foram assistir ao combate e adjuntas as tripulações dos barcos apresados,
fazia total de mais de 200 pessoas.

Outros cidadãos da Cidade que não puderam ir ao combate, concorreram em dar gratuitamente
munições de guerra, tais foram os patrióticos cidadãos:

Cidadãos

paranagüenses

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O ajudante José Antônio Pereira Porto, deu 2 arrobas de pólvora.

Francisco José de Sousa deu 2 ditas ditas.


E outros mais deram diferentes objetos.

Os petrechos de guerra, pertencentes à Nação e que se gastaram neste combate foram os


seguintes objetos: pólvora 2 arrobas e 20 libras; balas de calibre 12 foram trinta; idem de calibre 18
foram 20; espoletas ordinárias 60; velas de composição 30; cartuchos por encher 59; pirâmides de
calibre 18, 3; lanternetas de calibre 12, vinte; ditas de calibre 18, trinta; estopa da terra para tacos,
meia arroba; e não chegou cartuchos de mosquetaria, 300. Foi extraída esta notícia do mapa
mensal que o comandante da fortaleza, enviou ao Presidente da Província, bem como vai exarada
a cópia do ofício que deu o mesmo Comandante parte ao Presidente do combate ocorrido, e foi do
teor seguinte:

338 _ Il.mo e Ex.mo Senhor.

"Levo à respeitável presença de V. Excelência que no dia 29 do mês findo, entrou por esta barra
uma barca de vapor inglês, de guerra, o qual logo que chegou à cidade aprisionou uma galera e
dois brigues nacionais.

"No mesmo dia 29, tive um ofício do Juiz Municipal, que eu pusesse todo impedimento à saída dos
ditos barcos. No dia 1º do corrente mês veio saindo a dita barca de guerra, trazendo a reboque os
ditos barcos, e como não desse obediência alguma a esta fortaleza, mandei dar um tiro de pólvora
seca, aos barcos que vinham a reboque e como não fizesse caso do primeiro tiro, mandei dar outro
com bala e mandei largar o registro indo com a bandeira nacional, e justamente um ofício que eu
mandava ao comandante do vapor que largasse dos barcos nacionais, porque não estavam
despachados pelas autoridades desta Cidade, assim como não estar despachado por esta
fortaleza, porém o registro não chegou porque o comandante da barca de vapor fez logo fogo com
bala à fortaleza, e como eu visse que era um insulto muito grande à Nação Brasileira, também
respondi com tiro de bala, porém não dirigido a ele e sim aos barcos nacionais; porém o
Comandante do vapor continuou com o fogo e até meteu para dentro da fortaleza bombas de
calibre 80, e balas de 36 para cima; e as metralhas cada uma era de calibre 6, logo a boca do fogo,
o seu calibre era de 80. Vendo eu isto mandei continuar o fogo e se ele não foi ao fundo, foi por
causa de estar os reparos das peças desta fortaleza todos deteriorados, pois chegaram a ficar só
três montadas e com estas mesmas continuemos o fogo até ele já estar distante da fortaleza e no
lugar denominado morro das Conchas; em frente do dito aí fundeou, ficando à vista da fortaleza e
aí mesmo pegou fogo nos barcos, ficando só com a galera.

Ex.mo Senhor. Esta fortaleza foi coadjuvada pelos capitães das embarcações trazendo consigo as
tripulações dos barcos que foram prisioneiros e trouxeram armamento e munições de guerra e
como não chegasse supri com o que havia na fortaleza. Estes capitães José Francisco do
Nascimento, Paulo

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José Cardoso e um italiano se portaram com toda a coragem possível. Esta fortaleza está sem
pólvora alguma e gastou-se muitas espoletas ordinárias, velas de composição, cartuchos e mais
artigos e que de tudo isto eu darei conta a V. Excelência no mapa mensal. Deus guarde a V.
Excelência. Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres da Barra da Cidade de Paranaguá, 2 de
julho de 1850. Il.mo e Ex.mo Senhor Doutor Vicente Pires da Mota, Presidente desta Província de
S. Paulo. Joaquim Ferreira Barbosa, capitão comandante da fortaleza."
Jornal do Comércio, de 19 de julho de 1850, nº 198.

S. Paulo _ Notícias de Paranaguá.

Interrogatório feito a Manoel Felipe Santiago.

339 _ Aos 5 dias do mês de julho de 1850, nesta Cidade de Santos e casa de residência do atual
delegado de polícia suplente João Otávio Nébias, onde fui vindo eu escrivão de seu cargo ao
diante nomeado para efeito de interrogar a Manoel Felipe Santiago e para cujo fim achando-se
presente pelo dito delegado lhe foram feitas as perguntas seguintes:

Pergunta: qual seu nome, naturalidade e estado?

Respondeu chamar-se Manoel Filipe Santiago, natural de Paranaguá, de idade que disse ter 21
anos. Solteiro.

Perguntado qual a sua profissão? Respondeu ser pescador, residente em Paranaguá.

Perguntado donde foi sua última viagem para esta Cidade, e que negócio o trouxe, respondeu que
estando pescando, com um seu irmão na barra de Paranaguá há oito dias a esta parte, apareceu
neste lugar um vapor de guerra inglês, de três mastros e que o comandante do mesmo lhe
chamara para bordo para servir-lhe de prático do canal que entra para a dita Cidade de Paranaguá,
ao que não se quis prestar, ele interrogado, por saber que o vapor era de guerra, mas o respetivo
comandante o persuadiu declarando-lhe que não ia fazer mal algum e sim que ia refrescar ao que
então ele interrogado, anuiu; e embarcou deixando seu dito irmão na canoa a quem ordenou que
se retirasse para casa, que entraram e foram dar fundo na ponta da Cruz, cujo lugar é fronteiro da
Cidade por ordem doa comandante, que logo depois deitaram ao mar três escaleres do vapor, os
quais dirigindo-se para terra a pretexto de fornecer-se de água e mantimentos e depois de alguma
demora voltaram os escaleres, rebocando os brigues Sereia e Leônidas, os quais ficaram
imediatamente presos pela popa do vapor; que logo depois chegou uma galera, cujo nome ignora,
tripulado por gente inglesa da que tinha ido nos escaleres e que sendo isto quase três horas da
tarde fundearam a dita galera, perto do vapor e ali pernoitaram. Disse mais que no dia seguinte
pelas 9 horas do dia, levantou o vapor, a âncora e seguiu à barra, conduzindo a reboque os três
navios já mencionados e que ao

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chegar ao alcance da fortaleza, receberam desta um tiro de pólvora seca e logo depois um outro
de bala, em conseqüência do que ele interrogado, disse ao comandante que fundeasse e porque
este não anuindo, seguindo sempre com os navios rebocados. Que houve fogo vivo de parte a
parte até que ficaram as mencionadas embarcações fora do alcance das balas, resultando ficar
deste conflito um marinheiro morto; a popa, a caixa da roda e um escaler arrombados de bala.
Disse mais ele interrogado que achando-se um pouco amarados, lançaram fogo aos dois brigues,
os quais em pouco tempo foram consumidos pelas chamas e continuaram a rebocar a galera até a
barra de Cananéia onde a tripulação e a fizeram seguir para Santa Helena, para onde quiseram
também remeter a ele, interrogado, ao que lhe foi possível escapar a muitos rogos com o pretexto
de casado. Que depois disto gastando um dia de viagem chegara à barra desta Cidade, trouxeram
a ele, interrogado, em um escaler, com o intento de o largarem em terra e que não o fazendo,
levaram-no outra vez para o vapor prometendo soltá-lo no dia seguinte, o que cumpriram ontem, às
9 horas da manhã, pagando-lhe sete patacões, e recomendando muito que nada declarasse nesta
Cidade, do que tinha acontecido. Disse mais que estando também ancorado no porto de
Paranaguá, o brigue nacional Astro e pretendendo o comandante do vapor também apresá-lo, no
dia seguinte, segundo sua declaração, ao amanhecer do dito dia seguinte estava o mestre Astro no
fundo e só aparecendo a ponta dos mastros, ignorando ele, interrogado quem o fez. Disse mais
que no dia do combate, ele interrogado, viu afluir muita gente, da Ilha do Mel, para a fortaleza.

Perguntado a ele interrogado, como se chamava o vapor inglês? Respondeu que a bordo lhe
diziam chamar-se Alcatraz, mas que nessa cidade tem ouvido dizer Cormoran.

E nada mais disse e nem lhe foi perguntado. E sendo lido ao interrogado, seu interrogatório o
achou conforme e por não saber escrever assinaram Antônio José da Fonseca Leite e Manoel das
Dores, com o Juiz e comigo escrivão Francisco Antônio Ferreira que o escrevi. Nébias, Antônio
José da Fonseca Leite e Manoel das Dores. (notícia do conservador de Santos).

340 _ 1850 _ Ofício de 22 de julho que o Presidente da Província escreveu ao comandante da


fortaleza, o capitão Joaquim Ferreira Barbosa, fazendo-lhe os devidos elogios pela ocasião do
combate que a fortaleza teve no dia 1º de julho com o vapor de guerra inglês Cormoran, cuja ação
gloriosa cobre de glória a Cidade paranagüense, eis a cópia:

"Pelo ofício datado a 3 do corrente ficou o Presidente da Província inteirado do brioso


comportamento do Sr. Capitão Joaquim Ferreira Barbosa, na ocasião em que o vapor de guerra
Cormoran da marinha inglesa, tirou à força do porto de Paranaguá os navios nacionais
mencionados em o dito ofício. O Senhor Capitão Joaquim Ferreira Barbosa, comandante da
fortaleza da barra daquela Cidade, opondo-se com os meios de que dispunha a tão flagrante
violação do nosso território, mostrou-se digno de que lhe fosse confiada uma fortaleza de S.

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Majestade Imperial e digno da nobre profissão militar, a quem honrou por esse ato valoroso. O
Presidente da Província agradece ao sr. Capitão Joaquim Ferreira Barbosa e lhe declara que será
levado à presença do augusto Monarca este último e não pequeno serviço que o mesmo senhor
comandante acaba de prestar a S. Majestade. Comunica-lhe finalmente o Presidente que a
fortaleza que o Senhor Joaquim Ferreira Barbosa comanda, com tanta distinção será posta em
estado de repelir com vantagem qualquer insulto e que não haverá demora na expedição das
ordens para se lhe fazerem os reparos necessários e ser ela abundantemente abastecida do
preciso. Palácio do Governo de S. Paulo, 22 de julho de 1850.

Vicente Pires da Mota".

341 _ 1850 _ Portaria de 31 de julho do Presidente da Província dirigida ao comandante da


fortaleza de Paranaguá.

O Presidente da Província remete ao Sr. Capitão Joaquim Ferreira Barbosa, comandante da


fortaleza da barra de Paranaguá, a cópia inclusa do aviso de 22 do corrente, expedido pelo Ex.mo
Ministro da Guerra para que tenha dele conhecimento e para que haja de dar-lhe o mais inteiro e
vigoroso cumprimento, observando fielmente tudo o que no mesmo se acha determinado. Palácio
do Governo de S. Paulo, 31 de julho de 1850. Vicente Pires da Mota.

Cópia. Il.mo e Ex.mo Senhor. S. Majestade o Imperador fica inteirado pelo ofício de V. Excelência,
nº 94, de 6 do corrente, do apresamento de quatro navios nacionais que se achavam ancorados no
porto de Paranaguá pelo vapor de guerra inglês Cormoran e determina o mesmo augusto Senhor
que V. Excelência expeça as mais terminantes ordens para que as fortalezas e fortes que
guarnecem os portos, baías e costas dessa Província, empreguem os meios de força, de que
dispuserem para evitar a captura de navios brasileiros ou de outra qualquer nação, por
embarcações estrangeiras, devendo porém antes de empregar a força os comandantes dessas
fortificações avisar o apresador por meio de tiros sem bala, que aqueles se acham em mar
territorial e protegidos pelas baterias e outrossim que V. Excelência autorize os mesmos
comandantes a deprecarem as autoridades policiais ou oficiais da guarda nacional, a força precisa
para o serviço das fortificações quando as respectivas guarnições não forem suficientes para
repelir a agressão, recomendando-lhes V. Excelência que não consintam no lugar do conflito e
suas proximidades, pessoas desnecessárias para a defesa das mesmas fortificações. O que tudo
comunico a V. Excelência para sua inteligência devendo requisitar em tempo tudo quanto for
necessário para semelhante fim. Deus guarde a V. Excelência. Palácio do Rio de Janeiro, 22 de
julho de 1850. Manoel Felizardo de Sousa Melo. Senhor Presidente da Província de S. Paulo.
Cumpra-se e registe-se. Palácio do Governo de S. Paulo, de 29 de julho de 1850. Mota. Secretaria
do Governo de S. Paulo, 31 de julho de 1850. João Carlos da Silva Teles.

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Notícia histórica precedente às obras da fortaleza da barra, e depois de sua edificação até o
presente com a série cronológica de seus comandantes militares.

Achando-se as baías paranagüenses desde a antigüidade sem nenhuma defesa em suas barras
que pudesse obstar a entrada de piratas inimigos assim como o fizeram os ingleses na Vila de
Santos, no ano de 1591, de necessidade se deveria fazer algum dia estas fortificações.

342 _ 1659 _ No tempo que governava a Vila de Paranaguá o primeiro Capitão-mor Gabriel de
Lara, mandou o Governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá a Pedro de Sousa Pereira,
como governador das minas de ouro, à mesma Vila de Paranaguá, com ordem de conduzir para o
Rio de Janeiro a todos os índios que nela estivessem aldeados a cuja ordem o povo se alvoroçou e
se opuseram à execução dela, representando-se aquele Governador que se ia despovoando a
terra de gente e que ficava sem nenhuma defesa, por falta de gente havendo nela três barras
abertas e que o inimigo holandês já nelas havia chegado com embarcações e uma sumaca, depois
da notícia da descoberta da beta de ouro e que aqueles índios faziam falta à terra, podendo-se
empregá-los em fazer novos descobrimentos.

343 _ 1717 _ Entrou pela barra adentro das baías de Paranaguá, sem autorização de ninguém um
galeão espanhol, vindo da Europa e ia para o porto do Chile, vindo refrescar e refazer-se de
mantimentos a este porto.

344 _ 1718 _ O mesmo galeão espanhol no regresso de sua viagem do Chile para a Europa, vinha
carregado com muita riqueza de prata, e conhecedor do bom porto de Paranaguá, onde se dirigiu
outra vez a refrescar-se de mantimentos e depois seguir para a Europa, e sabendo um navio pirata
francês que andava cruzando na costa da vinda desse galeão, veio à caça dele, e entrando pela
barra adentro de Paranaguá por um maravilhoso milagre de Nossa Senhora do Rosário, o fez ir a
pique na ponta da Ilha da Cotinga, em 9 de março do ano de 1718, salvando-se assim o galeão
espanhol.

345 _ 1722 _ Tendo o General da Capitania Rodrigo César de Menezes, no ano de 1722, tendo
mandado fazer em Paranaguá um recrutamento para a tropa de primeira linha, o Capitão-mor
André Gonçalves Pinheiro, lhe representou a falta de gente que na terra havia, para a defesa da
barra, o qual ordenou por portaria de 7 de agosto do mesmo, ao sargento-mor Manoel José de
Aguiar, encarregado do mesmo, que vista a grande opressão que os moradores experimentavam
em se lhes tirar gente que era necessária para a defesa de qualquer invasão de inimigos, que
suspendesse de fazer mais nenhum recrutamento.

346 _ 1723 _ O Capitão-mor André Gonçalves Pinheiro, em 15 de dezembro de 1723, fez a El-Rei
D. João V, uma representação para conceder o privilégio àquela Vila de Paranaguá, de nela não se
tirar gente e nem se fazer nenhum

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recrutamento, por ser necessária para a defesa da terra que estava sem ter nenhuma fortificação
em suas barras, o que lhe foi concedido pela Provisão Régia passada pelo Conselho Ultramarino,
de 6 de junho de 1725, como se verá no 1º tomo, em o número 272.

347 _ 1727 _ No mês de abril de 1727, entrou pela barra adentro, sem autorização de ninguém,
outra nau francesa, a título de refrescar-se, ao que a Câmara se opôs por seus editais, proibindo
que nenhuma pessoa lhe vendesse mantimentos e nem com eles fizessem negócio algum, como
se verá no 1º tomo no número 278.

348 _ 1734 _ O General da Capitania Antônio Luiz de Távora, Conde de Sarzedas, oficiou ao
Coronel Anastácio de Freitas Trancoso, participando a notícia de uma embarcação de piratas
levantados, que andava na costa da Vila da Laguna, e que se porventura, intentassem invadir este
porto fossem presos, ordenando que mandasse colocar uma peça na barra e vigias na Ilha do Mel,
com ronqueiras para dar aviso ao rebate e acudir o povo às defesa do país; veja-se no 1º volume,
no número 304; e por motivo da colocação dessa peça de artilharia se ficou chamando Ilha das
Peças, que está ao norte à entrada da barra. Por todas estas ocorrências era muito necessário
fazer-se uma fortaleza para a defesa deste porto. Convindo o ministério Del-Rei Dom José I,
ordenou ao General que então governava a Capitania Dom Luiz Antônio de Sousa Botelho Mourão,
Morgado de Mateus, a mandasse fazer e para pôr esta obra em execução, mandou a seu irmão e
ajudante de ordens, Afonso Botelho de Sampaio e Sousa e oficiou à Câmara a consultar os povos
e indicarem o melhor meio de se fazer esta obra, sem maior dispêndio da Real Fazenda.

349 _ 1765 _ Vereança geral que fez a Câmara em 28 de dezembro de 1765, na qual assistiram as
principais pessoas da governança; e em conseqüência das ordens que haviam recebido do
General que consultava quais fossem os melhores meios pecuniários com que a Câmara e povo
poderiam concorrer para a edificação da mesma fortaleza, em adjutório da Real Fazenda, que se
pretendia fazer na Ilha das Baleias, na entrada da barra. A Câmara, depois de consultar o parecer
do povo, respondeu ao general que, vista a pobreza da terra, com nada podiam contribuir para a
mesma obra.

350 _ 1766 _ Portaria de 14 de janeiro do mesmo General à Câmara, estranhando muito a


repugnância que ela e o povo mostrava em não quererem contribuir para a obra da fortaleza,
sendo ela para a defesa do país, e que S. Majestade lhe tinha ordenado se fortificassem os portos
principais da Capitania e que, portanto, a mesma se havia de fazer e que não exigia eles dessem
tudo, mas ao menos que ajudasse à Real Fazenda, e assim que propusessem os meios
necessários para isso.

351 _ 1766 _ Vereança geral de 28 de janeiro. A Câmara convidou a nobreza e povo para
consultarem e darem resposta à portaria do General de 14 desse mês, em que se propunha sobre
o melhor meio de se fazer uma fortaleza,

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na barra grande, de 5 baluartes, sem que houvesse muita despesa da parte da Real Fazenda; e
ouvida a proposição pelo povo, uniformemente concordaram que atendendo ao miserável estado
da terra e de seus moradores, lhes não convinha contribuírem com coisa alguma para a mesma
obra, que por limitada que fossem, a julgavam violenta.

352 _ 1766- Vereança geral de 2 de fevereiro de 1766. A Câmara convidou outra vez a nobreza e
povo, em número de setenta e seis pessoas da governança sobre a mesma proposição de
indicarem os meios para se fazer a mesma obra, e uniformemente concordaram que, à vista da
pobreza da terra, o não podiam fazer.

353 _ 1766 _ Vereança de 1º de março. A Câmara oficiou à portaria do General de 14 de janeiro,


que consultando os povos, responderam da mesma maneira que a seus antecessores e que ela
tinha contribuído com tudo para as conduções dos paus de pinho e que faria um grande vexame
aos povos qualquer contribuição que se lhe impusesse.

354 _ 1766 _ Portaria de 22 de julho, do Conde de Peiras, Ministro e Secretário de Estados dos
Negócios do Reino, dirigida ao general da Capitania, Dom Luiz Antônio de Sousa Botelho Mourão,
em resposta ao ofício do mesmo, de 4 de dezembro de 1765, em que ele dava parte a S.
Majestade do bom agasalho que fez aos comissários de Paranaguá (1) (ignorando-se quem
foram) e que com eles tinha ajustado respeito às fortificações da barra da mesma Vila, achando-os
dispostos com todo o gosto e prontos a concorrerem para a mesma obra, com suas pessoas e
seus escravos _ veja-se o 1º tomo, a folhas 160, em o nº 363.

355 _ 1766 _ Portaria que o general Dom Luiz dirigiu ao seu ajudante de ordens Afonso de
Sampaio e Sousa, ordenando-lhe que em conseqüência dos avisos régios de S. Majestade, de 21
e 22 de outubro de 1766, em que lhe ordenava a construção da fortaleza da barra, que receberia
do Provedor da Real Fazenda o dinheiro que por sua ordem se lhe havia de entregar.

356 - 1766 - Portaria do mesmo general do 10 de dezembro´, dirigida à Câmara participando


mandava seu ajudante de ordens Afonso Botelho de Sampaio e Sousa executar as ordens de que
o tinha encarregado se para o bom desempenho das ordens de que vinha encarregado.

357 _ 1766 _ Portaria de 1º de de o mesmo General, dirigida à Câmara em resposta do ofício que
a mesma lhe dirigiu em 22 de março próximo passado, em que oferecia anualmente a quantia de
duzentos e cinqüenta mil réis aplicados para as obras da fortaleza, mandando que os entregasse a
Afonso Botelho.

358 _ 1767 _ Em 19 de janeiro, teve princípio as obras da fortaleza por


(1) É para sentir que se ignore os nomes desses patrióticos cidadãos paranagüenses eu foram por
comissários à Cidade de S. Paulo, a tratarem com o General sobre a edificação da fortaleza da
barra; não se sabe se a Câmara mesmo os mandou ou se o general os pediu à Câmara.

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Afonso Botelho, debaixo de cuja direção se fizeram.

359 _ 1768 _ Vereança de 28 de setembro. A Câmara passou uma atestação a Afonso Botelho a
pedido dele, em o qual declararam ter ele dado princípio à fundação da fortaleza da barra
obrigando os povos a contribuírem para ela, e parte das despesas eram também feitas à custa da
Real Fazenda.

360 _ 1769 _ Portaria de 13 de janeiro do General dirigida à Câmara, estranhando ela não ter
remetido a cota dos duzentos e cinqüenta mil réis que anualmente tinham oferecido para as obras
da fortaleza que somente se havia recebido a quantia de cento de tantos mil reis; e que houvessem
de mandar cobrar o resto pelo tesoureiro, e do contrário iriam pessoalmente àquela Cidade darem
a razão por que o não fizeram, e ao mesmo tempo ordenou ao seu ajudante de ordens Afonso
Botelho para os fazer remeter, caso não cumprissem a sua determinação, tais eram aqueles
tempos de despotismo que a paga da generosidade era recompensada com violências e
ingratidões.

361 _ 1776 _ Vereança de 10 de março. A Câmara passou outra atestação a Afonso Botelho por
ele pedida, em que declararam que ele fora o que indicara o fazer-se a obra da fortaleza, no morro
chamado das Baleias; e que a ela dera princípio em 19 de janeiro do ano de 1767, e que a tinha já
quase concluída.

Depois que a mesma obra se acabou não há nenhuma memória dos destacamentos de tropa de
linha que a guarneceram; nem de artilharia com que foi cavalgada e nem tampouco dos
comandantes que a governaram, não havendo algum curioso que disso fizesse memória; contudo
nela houve destacamentos efetivos talvez até 1790 ou 1800; e somente consta por tradição que o
General da Província mandando um engenheiro examinar as fortalezas da marinha, e examinando
a sua posição e localidade, a considerou inútil, por não ser defensável, pela razão de poder ser
assaltada pelo morro donde ela está formada e que em conseqüência disso, o Governo mandou
suprimir o destacamento e tirar dela a artilharia que depois foi mandada conduzir para a praça de
Santos; quando agora se necessita que a mesma artilharia torne de lá a vir para guarnecê-la.. Por
esta maneira ficou um tão belo edifício inteiramente abandonado ao ruinoso tempo, mais de vinte
anos, ficando cheio de entulhos e de ruínas.

362 _ 1819 _ Tendo vindo a Paranaguá o Marechal Cândido Xavier de Almeida e Sousa, com o
comando de General da Divisão do Sul da Província, este teve ordem do Governador geral, João
Carlos Augusto d'Oeynhausen, demitir a Ricardo Carneiro dos Santos do posto de Tenente-
coronel, agregado do regimento de milícias, por não ter confirmada a sua patente e nem cumprido
a promessa que fizera há muitos anos, ao ex-General Antônio Manoel de Melo Castro e Mendonça,
de consertar a fortaleza à sua custa, sob cuja promessa lhe foi dada a patente, e ficando isto muito
desairoso à sua pessoa, se prestou a consertar os reparos necessários da fortaleza à sua custa; e
dar-se-lhe a patente de governador dela; e confirma a de Tenente-coronel.

Este cidadão paranagüense tratou com todo o afinco nos trabalhos da


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mesma fortaleza, limpando-a dos grandes matos que haviam sido criados em seus recintos,
desentulhando os aterros que se haviam desabado, consertando os quartéis e mandando fazer os
reparos para cavalgar algumas peças de artilharia; estes consertos foram feitos à custa do mesmo
até o ano de 1828 em que faleceu.

363 _ 1820 _ Portaria do Governo da Província, 23 de fevereiro, dirigida ao Marechal Cândido


Xavier de Almeida e Sousa, ordenando-lhe que os trabalhos da Fortaleza de Nossa Senhora dos
Prazeres deveriam ser feitos conforme fossem dirigidos pelo sargento-mor de engenheiros, o
francês Pedro d'Albuez Moreira, e cuja despesa seria paga pelo Tenente-coronel Ricardo Carneiro
dos Santos.

O Tenente-coronel das guardas nacionais, representando a necessidade de ser reparada a


fortaleza da barra pela grande ruína em que se achava, ordenou-se-lhe mandasse um orçamento,
que lhe foi remetido em ofício de 21 de agosto, pelo mesmo Tenente-coronel da maneira seguinte:

Orçamento feito na fortaleza da barra de Paranaguá, em presença da comissão para isso nomeada
apelo Ex.mo Sr. Presidente da Província pelos quesitos abaixo assinados para os reparos mais
necessários na dita fortaleza:

364 - 8 plataformas ladrilhadas ou calçadas para 6 peças de 12 que estão em bom estado e 2 de
18 (existem 4 peças de 18 que estão inutilizadas pelo ouvido e por dentro) as quais se fazem de
absoluta necessidade porque as de 12 não avançam todo o canal 250$000 8 carretas para as
mesmas, segundo o antigo modelo, a pôr em seu lugar. Estas carretas seria bom virem feitas do
Rio de Janeiro, ou de Santos, pelo novo modelo, pois aqui não há. 1:500$000 55 braças de
calçada na largura de 6 palmos, no terrapleno que é de absoluta necessidade, para a conservação
da muralha e abóbadas por baixo das quais existem o quartel do comandante, duas prisões, o
corpo da guarda e o portão 1:000$000 N. B. Além disto existem outro igual número de braças
aterradas que também danificam a muralha de fora e interiores, não tendo edifícios debaixo não é
de uma necessidade tão imediata, como acima orçada a mesma na

quantia 1:000$000 Para conserto da muralha interior nesta parte, do terrapleno é de necessidade
por ter aberto 200$000 Concerto nos quartéis do comandante que estão quase inabitáveis para
ladrilhar, assoalhar e retelhar, aproveitando o que e stiver em bom

estado 400$000 N. B. Estes quartéis não se podem conservar sem a primeira calçada do
terrapleno acima orçado $ Conserto do quartel do destacamento anexo para retelho, do assoalho,
forro e tarimba 260$000

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Para consertar duas prisões e corpo da guarda e o portão que fica por debaixo das quatro
abóbadas, inclusive 3 grades de ferro que é mister e tarimbas 340$000 N. B. Estes quartéis
igualmente necessitam para a sua conservação da primeira calçada já orçada com a ratificação da
capela 100$000 Com a casa da pólvora de ladrilho e prateleiras, acrescentando a abóbada que
não cobre toda 200$000 Para comedorias aos trabalhadores por não ser costume dar aos de fora
das povoações 250$000 5:500$000

Paranaguá, 16 de agosto de 1838.

Bento Antônio da Costa, João Manoel da Cunha, Amâncio Rodrigues Delgado, Antônio Luiz do
Nascimento.

365 _ 1839 _ Ofício do 1º de dezembro do Tenente-coronel comandante do batalhão, dirigido ao


comandante do batalhão da Vila de Antonina, participando-lhe não ser mais necessário mandar
guardas nacionais para a fortaleza, em razão de ter mandado fazer o destacamento dela pelo
Tenente de artilharia Tristão Pio dos Santos, com 17 soldados de artilharia, que com ele vieram do
Rio de Janeiro, 1º e 2º sargento e 2 cabos de cuja participação oficiou ao Presidente da Província
em ofício de 4 do mesmo mês de dezembro.

366 _ 1839 _ Ofício de 14 de dezembro de 1839, do mesmo tenente-coronel dirigido ao Juiz de


Direito da 6ª Comarca José Antônio Pimenta Bueno, acusando ter recebido 3 peças de artilharia,
sendo uma de calibre 18, duas de 12, rogando-lhe a remessa das 3 peças de 18 que lá ficaram, e
as que aqui existiam desse calibre, se achavam danificadas, pois eram as mais precisas, visto que
só elas pode vedar a entrada do canal do norte, onde as peças de calibre 12 não chegavam.

367 _ 1839 _ Ofício de 5 de dezembro de 1839 que o mesmo Tenente-coronel escreveu ao


comandante da fortaleza, o Tenente Joaquim Ferreira Barbosa, participando-lhe que as peças
vindas de Santos não puderam lá desembarcar e iriam na primeira ocasião que pudesse ser.

368 _ 1840 _ Ofício de 3 de janeiro do mesmo Tenente-coronel Manoel Francisco Correia, que
dirigiu ao Presidente da Província Manoel Machado Nunes, participando-lhe de que as carretas de
que tratava o mesmo orçamento de Rs. 1:500$000 lhe parecia que esta quantia seria suficiente
para as doze, pelo novo modelo a Onofre, as quais estava mandando-as fazer seis para as 6
peças que vieram de Santos, e outras seis para as 6 que cá estavam, de calibre de 12, e que a
fortaleza, desde 1819 tem estado em um total abandono, podendo agora fazer-se esta obra
sofrível, com cinco ou seus contos de réis, ou com 4 contos

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à exceção das carretas, que estavam em andamento e que estando a mesma fortaleza em
abandono mais dois ou três anos se faria a obra com o duplo, não havendo nenhuma madeira a
aproveitar-se.

369 _ 1840 _ Ofício de 13 de fevereiro do mesmo Tenente-coronel ao Presidente da Província,


relativo à criação de uma companhia de artilharia de guardas nacionais, indicando para Capitão
dela ao ajudante do batalhão Manoel Inácio de Simas, e outra na Vila de Iguape, e que como já
estava autorizado para mandar montar as 12 peças de artilharia, faltava agora que S. Excelência
mandasse consertar o quartel que estava pior que a enxovia da Vila.
380 _ 1840 _ Ofício de 6 de maio do mesmo Tenente-coronel dirigido ao comandante da fortaleza,
o Tenente Joaquim Ferreira Barbosa, remetendo-lhe 2 peças de calibre de 24, mandando que as
pusesse em terra onde não chegasse a maré, para em seu devido tempo irem a seu lugar.

371 _1840 _ Ofício de 14 de junho do mesmo Tenente-coronel ao Presidente, em que lhe dizia:
Participo a V. Excelência que achando-se as pedras tiradas para as doze plataformas necessárias,
para assentar as peças, dei ordem para as fazerem, porém me diz o Tenente comandante da
fortaleza que as plataformas unicamente para assentar as peças que não são suficientes como V.
Excelência verá do ofício incluso, e eu entrando no conhecimento do que o mesmo Tenente me
expõe achei com efeito que uma vez tenha a gastar-se dinheiro, seria melhor fazer-se uma obra
perfeita, pois que não só a favor do que expende o comandante, como também de uma calçada
igual no terrapleno, resulta a conservação dos quartéis do Tenente do destacamento, prisões e
corpo da guarda, que tudo fica debaixo do mesmo terrapleno, e por essas razões mandei começar-
se a obra do quartel do comandante que estava inabitável, e de presente se acha com a família
morando na capela.

Despesas que se fizeram à custa da Fazenda Nacional nos reparos da fortaleza de Paranaguá.

372 _ Despesa que o Tenente-coronel Manoel Francisco Correia Júnior fez por ordem do Governo
da Província, desde o mês de dezembro de 1839 até 4 de outubro de 1840, nos reparos das 12
peças de artilharia, de carretas para serem montadas 2:764$560 Idem de condução, recebimento e
remessa em balsa de 6 peças de artilharia 327$800 Idem plataformas para as mesmas e mais 6
peças de calibre 12 257$120

373 _ 1840 _ Ofício de 24 de setembro do mesmo Tenente-coronel Manoel Francisco Correia


Júnior, dirigido ao Presidente da Província, participando-lhe ter mandado consertar a parte do
terrapleno que servia de telhado ao quartel do Tenente comandante que estava a desmoronar-se;
e o barro tinha abatido e

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também a calçada e feita esta obra logo depois serem montadas as peças de 12 e 24 e cuidar-se
nos reparos das prisões e quartéis.

Relação das dimensões da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres da barra da Cidade de
Paranaguá, dos seguintes objetos a ela pertencentes pelo comandante dela o Capitão Joaquim
Ferreira Barbosa, em julho de 1850.

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PARÁGRAFO QUARTO

As barras das baías de Paranaguá

Descrição histórica das barras do porto da Cidade de Paranaguá da Província de S. Paulo e dos
melhoramentos de que as mesmas necessitam para o aumento do comércio marítimo.

374 _ As duas plantas das barras de Paranaguá desenhadas pelo hábil cidadão Vicente Ferreira
Martins mostram os quatro canais que dão ingresso nas baías paranagüenses. Qual é o porto do
Império do Brasil que tem na costa marítima tão vantajosa localidade? Feliz é qualquer nação do
globo ter em seus litorais portos com barras francas onde possam atrair ao seu centro o comércio
mercantil e que seus vasos marítimos possam entrar e sair livremente sem obstáculos e perigos
que em muitos portos se encontram e são estes o que fazem a felicidade desses mesmos países,
e onde repentinamente se vê ressurgir florentes cidades, qual antigamente foram as de Alexandria,
Tiro e Cartago, e na Europa as de Nápoles, Veneza, Gênova, Roma, Toulon, Cádiz, Lisboa,
Londres e S. Petersburgo não falando em outros muitos portos que tem na África e Ásia e no
Império do Brasil, se mostram em exemplo o do Rio de Janeiro e mui particularmente o da Bahia
de Todos os Santos, com duas barras, uma chamada a Falsa, por onde só entram lanchas e
pequenas embarcações, mas tem a outra que é a obra duma grande e formosa baía e tão franca
ela é que com o vento ponteiro com que se entra, com o mesmo bordejando também se pode sair,
um porto tão excelente sempre há de ser florente a sua prosperidade. Ora as baías de Paranaguá
tendo quatro canais em sua entrada para as embarcações de todos os lotes desde uma lancha até
o maior vaso, prometem no futuro cada vez mais, a freqüência comercial, a ventura e a
prosperidade desta Cidade. Se o Governo fosse desde sempre mais solícito mandando fazer todos
os anos exames e trabalhos hidráulicos em todos os portos do Império, teria assim cooperado para
o aumento do comércio. O aviso de 7 de novembro de 1839 deu algumas providências sobre tão
importante objeto, reconhecendo a necessidade que para isso havia e em execução dele, o
Governo Provincial em portaria de 2 de janeiro de 1840 mandou em comissão ao segundo Tenente
da marinha, Manoel Antônio Fiúza, que veio a Paranaguá no mês de fevereiro a esse fim e quais
foram os

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resultados de suas indagações? Quais os trabalhos que investigou na barra do sul onde diz o
navegante de tanta fama Manoel Pimentel, no seu roteiro que esta barra de Ibopetuba só tinha
duas braças de fundo, incutindo o receio e medo aos navegantes, que por ela quisessem entrar,
com as inexatidões, quando pelo contrário se viu com admiração em 25 de fevereiro de 1846, ter
entrado pela mesma barra felizmente, a barca hamburguesa Anfitrite, de 350 toneladas, mestre I. I.
Arends, sendo proprietário dela B. V. A. Rooren, vinda do Rio de Janeiro, acontecendo que entrou
na ocasião da maré cheia que nesse dia foi muito grande; e do contrário o seu naufrágio seria
infalível. Em 20 de setembro do mesmo ano, entrou outro brigue hamburguês Ferdinand, de 218
toneladas, vindo de Montevidéu, mestre Jürgen Simonsen, sendo proprietário dele Ferdinand Geog
Wenlltland, este bateu e perdeu o leme, talvez por não saber o verdadeiro canal desta barra.
Lanchas tem entrado muitas e o mestre da lancha Maria entrando uma vez por esta barra debaixo
dum temporal e cerração, achou nela muito fundo e ignorando o verdadeiro caminho, só se
desviava onde via a arrebentação do mar, no entanto ela não é praticável para as saídas das
embarcações por faltarem as investigações hidráulicas que examinasse o fundo de seu verdadeiro
canal; e neles se colocassem bóias, com as necessárias balizas para governo dos mareantes que
por ela quisessem entrar ou sair, fazendo-se público nos jornais para conhecimento de todos; mas
qual foi o resultado desse oficial da marinha que veio a Paranaguá em comissão? Nada
absolutamente fez mais do que exigir do Juiz Municipal por um ofício a exigência precisa dos
melhoramentos que eram necessários ao mesmo porto e lhes foram indicados pelo mesmo Juiz
Municipal em (1) ofício de 10 de fevereiro daquele ano, mostrando unicamente ser demais
necessidade um farol da fortaleza para servir de guia aos navegantes, uma lanterna guarnecida de
ferro e amarras para dar socorros às embarcações que se achassem em perigo e algumas balizas
em diversos pontos, no canal do furado que segue para a Cidade, precisando alargá-lo pois se ia
obstruindo com os areamentos do rio, rematando o Juiz Municipal no seu ofício dizendo: "E quanto
ao mais compete a V. Senhoria fazer os exames necessários". E por que os não fez? deixando
assim ficar em esquecimento as indagações dos canais das barras, sendo estes os mais úteis e
essenciais ao comércio mercantil, como que se a única barra grande, ela só fosse suficiente fazer
a prosperidade do país, e se observam nos mapas geográficos estrangeiros mais exatidão em
todas as entradas das barras e de seus ancoradouros, mormente naqueles lugares onde o
comércio é mais ativo e principalmente à nação inglesa, nos portos brasileiros, quando temos além
da barra grande, próximo dela outro canal ente as ilhas das Palmas e a das Peças, na costa do
norte a qual até ao presente se acha em desuso por não avançarem as balas das peças da
artilharia

(1) Vide a folhas... exarado este ofício.

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da fortaleza a esse canal, preterindo-se por um tão fútil pretexto, a pronta saída das embarcações
por esse canal, e adiantamento de suas viagens com gravíssimo prejuízo do comércio, pois já tem
acontecido a algumas embarcações estarem mais de dois meses ancoradas na foz da barra, à
espera de monções, de ventos de terra, oestes, noroestes ou nortes para poderem sair por ela,
quando por aquele canal, com vento sul, que é o mais reinante, pode sair a um largo; é incoerente
tal pretexto, porque se impede a saída às embarcações nacionais, mas não pode impedir a entrada
às de piratas, os corsários, mais conhecedores de nossos portos. Se a artilharia da fortaleza não
alcançam suas balas àquele canal, porque motivo o comércio paranagüense, ou a Câmara
Municipal não representam o governo a mandar artilharia de maior calibre para que as balas o
alcancem; retirando-se a peças de calibre de 12, e com elas mandar-se fazer uma bateria na
costeira da Ilha das Peças, para deles daquele canal; há de porventura o comércio estar sofrendo
prejuízo sem haver as providências precisas? Mande o Governo fazer outro fortim no cume da Ilha
da Cotinga, que é tão necessário para a defesa daquela baía, e das embarcações que ali se
acham ancoradas, e mesmo do canal que entra para a Cidade, e com uma atalaia, dali pode
corresponder aos sinais telegráficos que a fortaleza da barra se fizerem, e em ocasiões de perigo,
o eco de sua artilharia mais próxima à Cidade dará este sinal de rebate de ir os socorros
prontamente aos lugares de perigo; e para evitar dentro das mesmas baías, outro igual insulto
como praticou o vapor inglês Cormoran, em 29 e 30 de junho de 1850. O canal dessa barra do
norte é tão franco como o da barra grande; por ele entrou em 20 de agosto de 1836, um brigue
inglês Jack Tar, de 195 toneladas, mestre William Mc Gregor, proprietário James Bruce, que entrou
por engano, porém voltando o mesmo mestre em 24 de julho de 1841, no brigue inglês Amélia, de
307 toneladas, proprietário Machison Brothers & Cia, vindo do Rio de Janeiro, procurou e entrou
por vontade preferindo o canal desta barra ao da barra grande; e em 18 de janeiro de 1850, entrou
pela mesma barra, o bergantim nacional Rosa, de 316 toneladas, mestre José Antônio Rodrigues
de Oliveira, e proprietário o mesma mestre, o qual diz que o menos fundo que tem este canal são 5
braças, e querendo outra vez sair por ele, que fora estorvado pela fortaleza.

Veja-se a seguinte nota que sobre esse canal me referiu o prestante cidadão Vicente Ferreira
Martins, em uma carta que me dirigiu com data de 9 de junho de 1850, acompanhada dos dois
desenhos das barras e baías de Paranaguá, e a quem a história é devedora destes e outros muitos
esclarecimentos; diz ele:

"Como o meu amigo tem a escrever nas memórias históricas, a barra e a fortaleza de Paranaguá e
como nos roteiros e mapas, ainda os mais modernos, dão a barra do sul, que no roteiro de
Pimentel impresso no tempo de D. João V, vem denominada barra de Ibopetuba, e a barra do
Superagüi, por barras que só servem para canoas, por isso tomei os apontamentos que junto
achava para mostrar o contrário, não são boas, tem bancos; porém não tão baixos e de pouco
fundo

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que indicam os mapas e roteiros e assim como entre a praia das Peças e a Ilha das Palmas que
está sem uso é barra tão boa como o canal por onde atualmente saem e entram as embarcações
de maior porte, sendo de sentir não esteja em prática, por ser estorvado pela fortaleza. Por esta
barra há a vantagem de sair por esta barra com vento sul, a um largo; e que vantagem
extraordinária não é esta para as embarcações que seguem viagem para os portos do norte o sair
com vento feito e a caminho de seu destino? Quantos dias não encurtariam? E que vantagem para
os carregadores ganharem em tempo. As embarcações que se destinam para os portos do norte
não podem sair pela barra geral com vento sul; tem de esperar na barra pelo vento norte e
nordeste, que são contrários aos rumos do seu destino; por isso geralmente as viagens para o
norte pela barra grande são longas; que atraso para o comércio como já aqui aconteceu estar o
feijão em alto preço no Rio de Janeiro, ser daqui remetido grande porção, e quando lá chegaram
pela longa demora, chegar quando tinha decaído o preço e sofrerem os que mandaram grandes
prejuízos, quando deviam ter ganho bastante; este tópico é de absoluta necessidade ser
esclarecido; tudo é dizerem não convém ser praticada em razão de não alcançar a bateria da
fortaleza e não poder estorvar em caso de corsários, a entrada; por isso que convém não se fazer,
ou não ser praticada; esta razão me não conformo com ela; o Brasil tem muito ainda que dar de si,
em sua civilização, como já aconteceu a Portugal quando portugueses, em tempo (se me não
engano) de D. João III, e desembarcaram em Belém, e a embarcação era tão pequena que a sua
tripulação a encalhou; porém qual foi o prêmio de tão grande heroísmo? Serem todos
encarcerados para que a Europa não soubesse que a Índia era tão fácil, ou de pouco risco a sua
navegação; tal acontece presentemente aqui, com a barra entre as Palmas e a costa; barra franca
e só porque as balas da fortaleza não alcançam; e pode haver maior absurdo e tolice conservar
incógnita uma barra franca, que tantas vantagens oferece à navegação e ao comércio,
sustentáculo da Nação, só porque as balas da fortaleza não alcançam a outra barra, é até onde
pode chegar a miséria de tão despropositada política; e para mais esclarecimento lhe remeto os
mapas inclusos nº 31, e nela se deveriam pôr balizas para conhecimento dos navegantes.

A barra de Superagüi pela mesma conformidade seus parcéis e baixios deveriam ter balizas para
dar o ingresso a lanchas e pequenas embarcações que por ela quisessem entrar, apesar de que
em 14 de dezembro de 1845, entrou por ela o brigue escuna São José dos Prazeres, de 132
toneladas, mestre João da Cunha Viana, proprietário Manoel Francisco Correia, vindo do Rio
Grande, e é a primeira embarcação de que há notícia de ter entrado por esta barra.

Todas as embarcações são encaminhadas pelo canal da barra grande, e quase todos os dias
saem umas e então outras. No 1º de maio de 1850 só neste dia entraram sete embarcações, a
saber: a barca brasileira Patriota, vinda de Nova Iorque; a escuna americana Adventure, de
Montevidéu; a escuna

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brasileira Oliveira, do Rio de Janeiro; a escuna brasileira Saquarema, vinda da mesma Cidade; o
iate brasileiro S. Jerônimo, vindo de Porto Belo; o iate brasileiro Caipira, vindo de Santos e o vapor
Carioca, do Rio de Janeiro, com quarenta passageiros, e nos dias consecutivos, inclusive até a16
do mesmo mês, as entradas diárias, foram de uma e duas embarcações cada dia, por onde se
pode entrar no pleno conhecimento que o porto de Paranaguá não é de tão pequena conseqüência
e que talvez já rivalize e tenha vantagem ao da Cidade de Santos, em sua navegação marítima, e
tempo virá em que um ativo governo dê verdadeiro impulso ao comércio paranagüense, mandando
desobstruir por meios de trabalhos hidráulicos, os canais do Furado, e as das barras que estiverem
impedidas a suas francas entradas, mandando pôr as balizas necessárias para conhecimento dos
navegantes, que mande fazer fortificações das ilhas das Peças, das Cobras ou da Cotinga, para a
defesa interna das baías e da Cidade, que haja um farol e telégrafo, na fortaleza, ou no morro dela;
que faça reanimar a agricultura; que se institua um arsenal de guerra; e que dê a direção às boas
confecções das estradas, para que por elas possam ser encaminhadas a marinha, as produtivas
riquezas que são reproduzidas no fecundíssimo solo continental das vilas centrais da Comarca; e
que decerto elas deverão fazer a felicidade, a prosperidade da nova Província.

Ofício que escreveu o Juiz Municipal ao 2º tenente da marinha que veio em comissão a
Paranaguá, mandado pelo Governo da Província.

375 _ 1840 _ "Ilustríssimo Senhor. Acuso o seu ofício de 8 do corrente, acompanhando a cópia da
portaria do Ex.mo Sr. Presidente da Província, de 2 de janeiro e cópia do aviso régio de 7 de
novembro próximo passado, em que determina qual seja o melhoramento do que os portos mais
precisem, respondo: 1º um farol na fortaleza, para nas noites escuras servir para os navegantes
que precisarem fazer sua entrada; 2º uma lanterna guarnecida com ferro e amarras para socorros
dos navios que precisar, e estarem às ordens e serviço da fortaleza; 3º balizas em alguns pontos
mais precisos e alargar o canal do Furado, por onde se entra para o fundeadouro desta Vila, que
tem fundo muito baixo, e quanto ao mais a V. Senhoria compete fazer os exames necessários.
Deus guarde a V. Senhoria. Paranaguá, 10 de fevereiro de 1840. Manoel Antônio Pereira, Juiz
Municipal. Il.mo Senhor Manoel Antônio Fiúza, 2º tenente da marinha em comissão".

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PARÁGRAFO QUINTO

Cemitério da Cidade

Ah! Choremos!... Choremos!...e sobre o seu jazigo depositemos uma lágrima de saudade!...

Quis talio fundo temperet a lacrimis!...

Só lágrimas te pôde dar agora,

Quem sente a tua falta e por ti chora!...

376 _ Notícia histórica dos cemitérios públicos para o sepultamento dos mortos; e a descrição do
que a Câmara Municipal está mandando confeccionar na cidade de Paranaguá.

As nações mais cultas do globo ainda mesmo aquelas que o não são, sempre tiveram o maior
acatamento e respeito às honras fúnebres de seus finados, como um dever o mais sagrado e
verdadeira gratidão. Nesses funéreos e silenciosos lugares, onde só a morte impera, onde estão
depositados, os restos mortais de nossos semelhantes, todo mortal que é sensível, lhes deveria
tributar um dos maiores respeitos. Desde a mais remota antigüidade se introduziu o pernicioso
costume de sepultarem os mortos nas igrejas, talvez porque elas fossem o asilo da santidade e
onde os cristãos a elas concorriam com mais freqüência, tributando a seus finados os pios
sufrágios e mais lembrados aos olhos do mundo, mas no século presente, tendo-se conhecido ser
este costume nocivo à saúde pública, motivado das pútridas exalações que dos corpos são
emanadas; incitarão aos legisladores da Assembléia Geral do Império do Brasil, a fazer a carta de
lei da criação das Câmaras Municipais, do 1º de outubro de 1828, no título 3º, artigo 66 e § 2º, que
incumbe às mesmas Câmaras a organização dos cemitérios. Sendo estas mansões de reza
comumente isoladas daquelas graças com que a natureza costuma reproduzir, é indispensável que
a indústria humana, unida àquela cooperem mutuamente em dar a este mesmo asilo, um
majestoso formoseamento de galas e enfeites para que o homem sensível que entrar nesta triste e
silenciosa morada tenha conhecimento que ali é a casa da morte; o repouso da vida, a mansão da
saudade e o lugar próprio de

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verter lágrimas nas recordações da vida transitória, da glória passageira, e o último fim das
vicissitudes humanas e dar desafogo à sua dor e tristeza. Não há uma prova mais sincera que a do
afeto e filial e cada um cuidar no adorno das oito palmos de terra que cobrem os restos mortais de
um terno pai ou duma mãe querida que se desvelava pela felicidade de seus filhos, ou de um filho
ou filha que era o único objeto e os mais amado de seus pais. Um monumento levantado só é a
afluência de uma família, ou da vaidade de algum herói; mas um sepulcro singelo só é o da
gratidão e se vê isto no primeiro exemplo que deu a Cidade de Paranaguá o ilustre Comendador
Manoel Antônio Guimarães em mandar levantar o primeiro mausoléu, no cemitério público, em 13
de junho de 1849, à sua cara esposa, Dona Maria Clara Guimarães, que foi a primeira
paranagüense que nele jaz em paz e onde repousa como convidando às mais que lhe façam junto
dela saudosa companhia; esta gratidão que seu esposo tributou à sua memória dá bem a conhecer
o quanto ela fora merecedora. Foi costume de todas as nações adornar as sepulturas dos parentes
finados de festões de flores, como emblemas da vida que brota e floresce e da morte porque logo
murcham. Os gregos coroavam seus cadáveres com flores e nos enterros fúnebres, todos levavam
ramos delas nas mãos, e os romanos também observavam a mesma prática, e tão religiosamente
que até punham em seus testamentos a cláusula de espargirem e plantarem flores sobre suas
sepulturas. Os persas cobriam suas sepulturas com a alfavaca larga, não só pelo cheiro odorífero,
mas pela figura como a do cipreste, árvore esta a mais favorita das nações árabes. Em Trípoli e
outros estados berberescos as adornam com jasmins plantados em derredor, espalhando rosas
sobre elas. Os turcos da Ásia Menor as divisam com mirto e em outras nações fazem muito uso da
sempre-viva.

A prática de adornar as sepulturas com flores parece ter prevalecido desde a mais remota
antigüidade; e em Inglaterra, em alguns condados, principalmente no de Gales, há cemitérios com
a mesma perspectiva de jardins, com ricos vasos de flores e neles se não consentia flor alguma,
que não tivesse um cheiro fragrante. A cravenina, a poliantéia, o atelis e outras plantas aromáticas
formam ali as decorações daqueles jardins consagrados ao repouso da vida. A rosa branca e a
mosqueta eram as mais peculiares nas sepulturas dos inocentes e das jovens donzelas; a rosa
encarnada estava destinada às pessoas mais distinguidas por sua bondade, beneficência e
candidez, e outras flores alusivas ao caráter dos finados. Sobretudo na Alemanha se vê a grande
limpeza que há em todos os cemitérios de Munique, Leipzig e Offenbach, de maneira que mais
parecem passeios públicos; nestes sagrados recintos a recordação dos jovens em momentos do
futuro e para os velhos a recordação das vicissitudes de sua vida bem próxima a terminar-se, neles
cada um põe sobre as lousas de suas sepulturas pequenos caixões onde plantam flores, todos os
dias e ali aparecem meninas órfãs a adornarem e espargirem flores nas sepulturas de suas finadas

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mães ou uma querida mãe levar uma grinalda de rosas, ainda há pouco acabadas de colher, para
as pôr sobre a sepultura de seu nunca esquecido filho único!... Que terno quadro!... que vista tão
sensível, pungente e saudosa! Ah! Morte!... Morte!... logo ao albor da manhã é bem comum nestes
cemitérios ver-se praticar estes atos de afetos maternais e filiais, colhendo as mimosas flores que
de noite se abriam, e com elas tecer grinaldas para a pôr em suas sepulturas, e tão sagradas
consideram estas flores que se porventura as arrancasse, ou as maltratasse, seja olhado esse
agressor como um sacrilégio, mas um particular amigo do finado pode tirar um cravo, se muitos
tiver no craveiro, ou cortar um raminho de alecrim, se a planta estiver bem crescida, porque isto
significa um sinal de afeto e um modo de comunicação que pode ter com a pessoa que está
ausente, em uma distância imensurável! O afeto sincero é uma virtude; e a cultivação de toda
virtude é muito louvável.
Emoções sentimentais de iguais naturezas se verão reproduzidas dentro do magnífico cemitério da
Cidade de Paranaguá e ali apontando com o dedo dirão, cheios de sentimento:

Se ali não houver cipreste,

Nem goivo ou rosa saudade

Carinhosa paranagüense,

As plantará por piedade.

Quem me ensina a campa sua?

Quem me diz onde ele jaz?

Lá quero ir noite de lua

Quando tudo dorme em paz.

377 _ Descrição circunstanciada da obra do cemitério em construção na Cidade de Paranaguá em


o ano de 1850.

O cemitério forma um quadrilongo de 153 palmos de frente sobre 213 de fundo. O lado da frente
tem de altura de parede de alvenaria, incluindo a cimalha, 22 palmos. Sobre a cimalha leva 8
pilastras assentadas sobre a base de 6 polegadas, com 5 palmos de altura, que prendem a
gradaria de ferro e sobre as mesmas pilastras vão vasos para flores.

Nos flancos do edifício e lados do grande portão aparecem quatro colunas que acompanham a
parede em sua altura e sobre elas deve haver figuras análogas ao objeto. O centro desta rara
sobre gonzos chumbados sobre grossa cantaria, que deve ter a altura de 18 palmos, sobre 10 de
largura. Sobre este portão haverá uma bandeira em forma de semicírculo, feita de ramage de ferro,
que finalizara numa cruz; terá o mesmo portão pelo exterior e interior dois degraus de cantaria para
o ingresso e saída do cemitério. No lado da igreja matriz, pelo

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lado do evangelho, há um corredor com 13 palmos de largura e 70 de comprimento que serve


para poderem transitar as procissões religiosas da Semana Santa, em frente da porta lateral, ao
lado dito, há um portão de 6 palmos de largura, sobre 14 de altura, que servirá para os enterros ou
por eles entrarem os de menos pompa, porque os outros entrarão pelo portão principal; as paredes
deste corredor, que finaliza logo que se passa a mesma porta lateral, tem de altura 18 palmos e 3
de grossura.

Descrição do interior do mesmo cemitério


O lado da frente é ocupado por 20 catacumbas de 10 palmos de comprimento, 4 de altura e 3 de
largura, divididas em duas linhas, havendo dois palmos e meio de intervalo de uma a outra
catacumba, e nos intervalos das da linha superior há 8 catacumbas de 2 palmos e meio de largura,
sobre 5 de extensão para o interior da parede para os anjinhos, vindo assim a ter a parede no seu
total, sete palmos, divididos pela maneira seguinte:

Parede exterior palmos 2 ½

Largura da catacumba palmos 3 ½

Largura para tapar a mesma palmo 1

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palmos 7.

O lado da igreja onde existe o corredor dito, há três linhas de catacumbas de 5 palmos e meio de
comprido, dois palmos e meio de alto e outros dois e meio de largura para os anjinhos de maior
idade, para se não abrir uma catacumba maior. Compreende todo o edifício em roda 114
catacumbas, sendo 72 para adultos, 18 para menores e 24 para recém-nascidos. O terreno no
interior compreende 207 palmos úteis, na sua maior extensão, os quais são divididos pelo meio por
uma parede de 3 palmos de grosso e 5 de altura, separada no meio por uma escada, que dá para
o segundo terreno que fica mais baixo, por causa do declive que se encontra no mesmo terreno;
esta parede será na parte superior aberta em alegretes para flores. No centro do terreno da parte
superior deve ser levantado um octógono do qual o centro será ocupado por um altar e lugar para
depositar por momentos, os ataúdes, para os mortos aí receberem as cerimônias religiosas, sendo
os lados deste octógono ocupado por catacumbas de pequenas dimensões por anjinhos.

Aos lados da escada deve levar dois ciprestes que já se acham em crescimento.

Esta magnífica obra teve princípio no mês de janeiro do ano de 1850, por deliberação da Câmara
Municipal, em sessão ordinária de 15 do mesmo mês, encarregando a inspeção e delineação da
mesma ao prestante cidadão ao

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major Simão José Henriques Deslandes, único que só podia bem desempenhar com a
magnificência que é devida à categoria duma Cidade marítima do Império, e se a mesma chegar
às sua final conclusão será uma das primeiras obras públicas da Província nessa classe e que já
se acha em grande adiantamento no alevantamento das paredes circulantes. A Câmara Municipal
aplicou a quantia de Rs. 2:341$273 réis, provenientes dos rendimentos provinciais e que pela lei nº
2 de março de 1849, reverteram aos rendimentos da mesma Câmara, para se dar princípio à
confecção desse magnífico edifício, destinando para as despesas do mesmo no orçamento que
fizeram do ano financeiro de 1850 a 1851 a quantia de Rs. 4:334$181 réis e além disso, ainda
pediu mais à Assembléia Legislativa Provincial a confirmação de algumas novas posturas na
sessão de 3 de novembro de 1849, para a confecção dum chafariz e outras despesas a aumentar
suas rendas.

378 _ 1850 _ Ofício que a Câmara escreveu ao cidadão Simão José Henriques Deslandes, em
resposta do seu ofício de 18 de janeiro.

"Il.mo Senhor. A Câmara Municipal desta Cidade, compenetrada do reconhecimento pela recepção
de seu ofício de 16 do corrente mês, resolveu cientificar a V. Senhoria que lhe é sempre grata e
apreciável a maneira e prontidão com que V. Senhoria se incumbe das tarefas que lhe são
confiadas por melhor acerto e benefício público e do Município, e que conformando-se com as
suas preposições tem expedido as convenientes ordens ao coletor das novas rendas Raimundo
Ferreira de Oliveira Melo, para que satisfaça as folhas de férias e outras contas de materiais que
rubricadas por V. Senhoria lhe forem apresentadas. Igualmente mandou a Câmara fazer público
por editais a quem por menos se quisesse encarregar de fornecer os materiais, todos necessários
para a obra de seu começo até a final conclusão, dirigindo suas propostas em carta fechada ao
Presidente da Câmara; que de inteligência com V. Senhoria consumaram os tratos da melhor
forma e maneira que julgarem adequadas e convenientes à sua gravidade, omitindo a Câmara de
mais ponderações, visto descansar na direção de V Senhoria a quem Deus guarde. Paranaguá, 20
de janeiro de 1850. Il.mo Senhor Major Simão José Henrique Deslandes, Joaquim Félix da Silva,
Presidente, Raimundo Ferreira de Oliveira Melo, secretário".

379 _ 1850 _ Sessão ordinária de 13 de julho. A Câmara oficiou ao Presidente da Província o ofício
seguinte:

"Il.mo e Ex.mo Senhor.

A Câmara Municipal da Cidade de Paranaguá leva ao conhecimento de V. Excelência que as


rendas que lhe foram concedidas pela lei provincial nº 2, de 5 de março do ano extinto, tem até o
último do mês passado montado à cifra de Rs. 4:493$533, da qual se há despendido a quantia de
Rs. 3:722$017, sujeitos e insuficientes para cobrir os empenhos com a mencionada edificação, se
hão contratado, a qual se acha ainda muito distante de chegar a uma conclusão. É o quanto a
semelhante respeito tem esta Câmara que pôr na presença de V.

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Excelência a quem Deus guarde. Paço da Câmara Municipal da Cidade de Paranaguá, em sessão
ordinária de 13 de julho de 1850. Il.mo e Ex.mo Senhor Presidente da Província Joaquim Cândido
Correia, Tristão Martins de Araújo França, Manoel Antônio Dias, José Alexandre Cardoso, Ricardo
Gonçalves Cordeiro, Manoel Leocádio de Oliveira"..

380 _ 1836 _ Portaria do Presidente, remetendo à Câmara a cópia de resolução da Assembléia: 1º


exigindo um plano para os estabelecimentos dos cemitérios públicos; 2º o orçamento da despesa
que será mister; 3º os meios mais adaptados que parecerem para haverem o capital; 4º exigindo
dos párocos, os esclarecimentos precisos e informação acerca das quantias que as respectivas
fábricas, irmandades, confrarias e corporações, ou mesmo pessoas particulares, que queiram ter
catacumbas ou sepulturas próprias podem auxiliar a mencionada obra.

381 _ 1836 _ Em vereança de 8 de novembro, a Câmara oficiou ao Presidente, remetendo o plano


e o orçamento das despesas infalíveis para a edificação do cemitério, na importância de Rs.
2:300$000 réis, e que não se podiam fazer mais posturas por se acharem os gêneros muito
sobrecarregados.

Plano do cemitério e orçamento de sua despesa

Deve haver um cemitério no lugar denominado o Alto, na entrada do rocio grande, contendo 400
palmos de frente e 200 de fundo, amurada de pedra e cal na altura de 10 palmos com uma
pequena capela no seu centro e jazigos; esta obra foi orçada na quantia de Rs. 2:300$000, da
maneira seguinte:

60 moios de cal _ 10$ 600$000 " pedra, areia e barro 520$000 " fretes às lanchas para as
conduções desses materiais 200$000 " madeiras para a capela 150$000 " idem a carpinteiros
220$0000 " idem a pedreiros e serventes 200$000 " idem de ferragem 20$000 " idem de 5 mil
telhas 128$000 " idem condução dos materiais do porto ao lugar destinado 250$000 " idem tábuas,
paus e cipó para o andaime 12$000 2:300$000

Paranaguá, 8 de novembro de 1836.

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PARÁGRAFO SEXTO

Arsenal e estaleiro

Notícia histórica dos lugares denominados o arsenal e estaleiro da Cidade de Paranaguá.

382 _ Dois logradouros pertencentes à Câmara Municipal se acham situados na margem esquerda
do rio Taguaré e pouco distantes de sua foz, e contíguos ao princípio da Cidade, em cujas
margens tem o mesmo rio de fundo 4 a 5 braças nas marés cheias.

O arsenal é o primeiro logradouro que se encontra, entrando-se pelo rio; este lugar foi assim
chamado depois que, no ano de 1828, ali se construiu uma corvetinha de guerra de nome Santa
Cruz, por ordem do Governo; nesse lugar se estabeleceu o falecido patrão-mor Manoel de Araújo
França, onde fez uma chácara e nela a sua casa de vivenda e armazéns; esse paranagüense
muito coadjuvou para a fatura da mesma corveta, oferecendo gratuitamente a sua casa e chácara
ao chefe de divisão Paulo Freire de Andrade, que veio a Paranaguá a dirigir os trabalhos do
mesmo vaso de guerra e nela morar todo o tempo de sua construção, e os seus trabalhadores; foi
ele o encarregado de mandar tirar o madeiramento; e de o fazer conduzir para o mesmo arsenal,
de cujos serviços obteve de S. Majestade o Imperador, a patente de segundo tenente da marinha;
esse largo ou logradouro contém 58 braças de frente e 25 de fundo.
383 _ O estaleiro é outro lugar junto ao antecedente e mais aproximado à Cidade que ali tem seu
princípio; tem de frente 250 palmos e 226 de fundo; nele edificou o falecido Tenente-coronel
Ricardo Carneiro dos Santos, nos anos de 1775 a 1780, uma comprida casa assobradada, para a
frente do mar e unido a ela, grandíssimos telheiros e armazéns para recolher as madeiras e
trabalhos de carpintaria, próprios de um estaleiro; e oficina de ferrarias, e à beira-mar, trapiche e
cabreia para crenar as embarcações que quisessem fazer as obras necessárias; esses edifícios,
depois do falecimento de seu proprietário, o Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos,
reverteram a seu herdeiro Manoel Ricardo Carneiro. Nesse largo houve antigamente um antigo
fortim com linhas de paredes de pedra e cal feitas contra a alta ribanceira para defesa da Vila, feito
em 1762, e demolido depois por ordem da Junta da Fazenda, no ano de 1819 ou 1820; e

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as suas paredes arrematadas em hasta pública, em cujo lugar se edificaram depois vários prédios
urbanos; ali mandou fazer o Comendador Manoel Antônio Guimarães uma morada de casas
térreas e junto a elas um grande armazém para depósitos de carregamentos de embarcações; o
falecido José de Sousa Guimarães fez um grandíssimo armazém destinado ao mesmo fim e de
presente de Manoel Leocádio de Oliveira; e João Maurício fez outros dois, sendo por isso o porto
do estaleiro um dos principais e mais freqüentados da Cidade, por ser ali o embarque e
desembarque dos carregamentos das embarcações, e quando a Cidade em seu progressivo
aumento, ocupar todo o campo da Boa Vista, a extensão até o mar de fora, será este contorno da
Cidade um dos mais belos e aprazível, tanto pela vista que tem para o mar e Ilha da Cotinga, e
ventilado pelas virações do nordeste e as tabernas ou armazéns de molhados, deverão ali fazer
maior negócio por lhes passar fronteiro as canoas dos pescadores e agricultores que conduzem
seus gêneros a vendê-los na Cidade.

384 _ Relação das embarcações mercantes que se tem construído nesse estaleiro.

1780 a 1790 Sumaca Francesinha

Penque S. Ana e Labre

1800 a 1840 Bergantim Teutório

" Macabeu

" Pujante

" César

" Rufino

1800 a 1840 Bergantim Cacique 184 toneladas " Caboclo 245 "

Sumaca Menália

Lanchas Ana e Rosa 24 toneladas

" S. João das Palmeiras


" Bruxa

1840 a 1850 Bergantins Novo Bomfin 147 toneladas " Cascudo 227 ditas

Escuna Félix Conceição 76 "

Lanchas Inocente 23 ditas

" Tiberê 20 ditas

Iate Teresa 71 ditas

Barca Rufina 305 ditas

Sumaca Joaquina

Escuna Isabel

Notícia das dimensões da barca Rufina por ser a primeira embarcação mercante de 3 mastros,
construída no estaleiro da Cidade de Paranaguá.

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385 _ Sua construção foi feita das madeiras canela preta, peroba e cedro; e mastros de Itajaí; seu
construtor João Martins de Araújo, de propriedade do capitão Hipólito José Alves, cidadão
brasileiro, o qual tem as dimensões seguintes: "Comprimento dentro do porão da antepara de proa
à antepara de ré 99 palmos e 3 décimos; largura na antepara de proa 23 palmos e 3 décimos;
largura no meio da escotilha grande 32 palmos e 7 décimos; largura na antepara de ré 29 palmos e
7 décimos; pontal tomado na área da bomba 17 palmos e 2 décimos, de cujas dimensões resulta
ser a dita barca Rufina de 305 toneladas. Foi posta a quilha no estaleiro no dia 4 de janeiro de
1849, e caiu ao mar com felicidade já com os três mastros reais em cima, no dia segunda-feira 15
de abril de 1850, pelas 5 horas e 20 minutos da tarde. Sucedeu porém que quando corria pela
carreira dessem um tiro de peça da dita barca, cujo taco sendo de perto empregado no estômago
do preto Pedro, escravo de Antônio José Vieira Rabelo, proprietário do bergantim nacional
Memória, o matou por ficar emparelhado quando disparou o tiro, sendo de lamentar houvesse tal
acontecimento; fora do qual tudo foi alegria; a concorrência foi imensa, por estar a tarde muito boa;
consta que a importância de sua construção andou em mais de 23 contos de réis".

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CAPÍTULO TERCEIRO

Notícia descritiva e histórica da Cidade de Paranaguá em continuação do primeiro capítulo deste


volume em que se mostra as divisões dos quarteirões e sua população dentro da Cidade e
contornos; observações meteorológicas de seu clima. Aulas de instruções primárias; forças que
tem das guardas nacionais e policiais; comércio marítimo, matronas ilustres; e acrescentamentos
de memórias não exaradas no primeiro tomo.

PARÁGRAFO 1º

386 _ 1º distrito da Cidade. No primeiro capítulo deste volume se vê a descrição circunstanciada da


Cidade; não obstante na mesma ainda faltaram os esclarecimentos de muitos objetos dignos de
história. A Cidade é dividida o seu Município em dois distritos: o que pertence à Cidade tem vinte
quarteirões; e o distrito de Guaraqueçaba tem doze.

Dentro da Cidade há quatro quarteirões designados: o 1º o quarteirão do Norte; 2º e 3º do centro; o


4º do sul; e fora da Cidade o 5º do Rocio Grande e Pequeno; e nestes cinco distritos inclusive a
Cidade, no ano de 1844 se contavam cinco mil habitantes e presentemente se calcula haver sete
mil. Os outros distritos são: 6º da costeira do Rocio e rio Emboguaçu; 7º do rio Bocuí; 8º do rio do
Ribeirão e Ilha do Toral; 9º rio das Pedras e Ilha do Teixeira; 10 º costeira da Ponta Grossa e
Boquera; 11º costeira de Peçagüera; 12º saco de Tamborotaca, 13º e Ilha da Cotinga e Rasa
Seca; 14º rio de Taguaré e Ilha do Valadares; 15º rio dos Almeidas; 16º rio dos Correias; 17º rio
Grande do Groguaçu e suas ramificações; 18º rio dos Maciéis e a sua costeira; 19º Barra do Sul e
rio Pirequê; 20º Ilha do Mel.

387 _ 2º distrito de Guaraqueçaba. O segundo distrito da capela de Guaraqueçaba é dividido em


doze quarteirões a saber: o 1º compreende a Ilha das Peças, costa de Guanandituba e rios das
Laranjeiras, Sambaqui e das Pescadas; 2º rios do Poruqueira, da Mãe Luzia, costa da Vertioga,
Superagüi e Varadouro Velho; 3º compreende os rios Real, da Paciência do Segredo, do
Varadouro, Sebaí e Barigüi; 4º compreende os rios do Cerco Grande, Cerquinho, costeira do Morro
de Guaraqueçaba, do Morato, da Panema, das Canoas das Palmeiras e Piraçonunga; 6º
compreende o morro do Tremomó, barra da Serra

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Negra, rios de Serão e Açungui; 7º compreende o grande rio da Serra Negra; 8º o grande rio de
Tagaçaba; 9º o rio do Borrachudo, Boa Vista e Ilha do Benito; 10º compreende o grande rio do
Itaqui; 11º compreende o rio de Maçaropoã, e as ilhas Rasa Grande, e a das Gamelas; 12º
compreende os rios de Medeiros e do Retiro e a costa da Praia da Bahia até a ponta do morro do
Pasto.

388 _ População e contornos


População. Não tem sido possível saber-se uma estatística exata da Cidade e seu Município
porque os inspetores dos quarteirões, a maior parte pouco hábeis em tais indagações e mesmo os
chefes de famílias nunca manifestam no assentamento todas as pessoas de suas casas; é esse o
principal motivo por onde se não pode nunca averiguar o número exato dos habitantes. Vê-se no
mapa nº 2, a folhas 32 deste volume, a população que se mandou extrair no ano de 1849, haver no
primeiro distrito da Cidade 15.68 fogos, e no segundo distrito 620, o que faz um total de 2.188
fogos, e ambos com uma pequena população de 9.380 habitantes; mas bem longe está de sua
perfeita exatidão, segundo se vê na regra que deu o Barão de Bielford, na sua Instituição Política,
título 20, p. de 204 a 209, na qual indica que o modo de calcular o número de fogos é de 6 a 8
habitantes por cada casa; ora, fazendo-se a conta dos fogos pelo mínimo número desta
enumeração dá uma cifra de 12.886 livres e 2.110 escravos; além disso sempre ao porto de
Paranaguá aflui diariamente alguma imigração de gente marítima que se estabelece no país; e
ainda mesmo fazendo-se a computação dos nascimentos anuais, pela estatística dos mortos que
nunca diminui, mas sempre há acrescentamentos a favor da população, conhece-se
evidentemente seu progressivo aumento; donde se tira a probabilidade de haver no Município de
14 a 16 mil habitantes pelo menos.

389 _ Contornos da Cidade. São ocupados pelos terrenos pertencentes à Câmara Municipal,
chegando até as margens do rio Emboguaçu, e constam de duas divisões com as denominações
de rocios Grande e Pequeno. Para o Rocio Grande se entra no lugar do Alto por uma bela estada
larga, cujo solo é todo arenoso e vai ter à Igreja Nossa Senhora do Rocio, que fica à beira da
margem da grande baía, na extensão de meia légua; há outra transversal que nasce da mesma a
encruzar para a do Rocio Pequeno e desta um trilho direito ao porto chamados dos Padres, na
margem do mesmo rio Emboguaçu, e que ainda conserva este nome derivado dos extintos
Jesuítas, que ali possuíam terrenos. A estrada do Rocio Grande é toda marginada de arvoredos
silvestres e a maior parte são goiabeiras, araçaeiros e guabirobeiras e toda povoada de ambas as
margens de muitos sítios com plantações de mandioca e diversos arvoredos frutíferos e entre
estes se notam muitas chácaras com regulares edifícios de pedra e muito bem plantadas de
arvoredos e planta exóticas as quais são as principais a do Capitão-mor Manoel Antônio Pereira,
com muitos cajueiros e outras árvores frutíferas: a de José Alves Lima, a de José da Costa, a de
Dona Rosa de Sousa e Silva, e que foi do falecido vigário Joaquim Júlio da Ressurreição

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Leal, a do falecido Capitão Pedro Antônio Munhoz, mas sobre todas sobressai a de Tristão
Euclime d'Wduval, à margem da baía, onde tem uma boa casa envidraçada e com magnífica vista
e plantações de coqueiros, casuarinas e muitas plantas exóticas, e na travessa da estrada para as
do Rocio Pequeno, tem uma boa chácara do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia, com
árvores frutíferas e outras de adorno muito bem formoseada. A estrada para o Rocio Pequeno
principia logo adiante da fonte de cima e no fundo Campo Grande e vai finalizar no rio Emboguaçu,
onde atravessando uma ponte de madeira, tem seu começo a estrada geral que segue até a do
Arraial de S. José dos Pinhais; este caminho é um belo passeio; seu solo de enxuta areia
marginado de arvoredo e de muitos sítios cultivados e chácaras quais são: a de José Pereira de
Azevedo, com um pequeno sobrado, um engenho de soque de erva, e muitas plantas medicinais e
frutíferos arvoredos; a do alemão Antônio Betim; a de Vicente Ferreira Pinheiro; a do falecido
Capitão João Manoel da Cunha; a do João Antônio dos Santos, com uma boa casa de sotéias e
envidraçada, e todas curiosamente plantadas de arvoredos e flores. Em derredor do circuito da
Cidade e próximo ao Campo Grande tem outra chácara de João Antônio dos Santos, que foi de
Maria Gomes; no lugar chamado do Arsenal, tem outra chácara com boas casas, do falecido
patrão-mor Manoel Custódio de Araújo. Na Ilha do Valadares, que está em frente da Cidade, tem
as chácaras do Comendador Manoel Francisco Correia Júnior, e a do falecido Leandro José da
Costa, também com boas casas. Na Ilha da Cotinga, tem as chácaras dos comendadores Joaquim
Américo Guimarães e Manoel Antônio Guimarães, com boas moradas de casas, além de imensos
moradores estabelecidos com seus sítios. As ruas da Cidade são planas e oferecem proporções
para nelas transitarem seges e carrinhos, bem como os caminhos para os rocios Grande e
Pequeno, uma vez que sejam reparadas em algumas pontes, ou lugares necessários a poderem
livremente girar os mesmos carrinhos, quando o bom gosto e o luxo de seus habitantes chegar ao
ponto de maior auge.

390 _ Prédios urbanos. O florente comércio tem dado grande impulso a muitas construções de
novos edifícios e reparações de outros; e se vê no mapa abaixo, extraído do livro do lançamento
da décima, que no ano financeiro de 1844 a 1845 havia dentro da Cidade 497 prédios urbanos,
sendo casas térreas 449 e de sobrado 48; e no pequeno espaço decorrido de cinco anos até 4 de
janeiro de 1850 se acharam no mesmo lançamento 557 prédios, sendo 494 casas térreas e 63 de
sobrado, havendo um acréscimo de 60 moradas de casas, entre estas 5 de sobrado, algumas nos
locais em que eram térreas e outras feitas de novo à moderna, e muitas em obras e reparamentos;
imensos terrenos se acham tomados com posses e princípios de pilares e paredes. Se este
sucessivo aumento for em progresso, augura que a Cidade em breves anos ocupará o terreno do
Campo da Boa Vista e seus edifícios chegarão até o mar de fora.

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391 _ Mapa resumido do número dos prédios urbanos que tem a Cidade de Paranaguá, nos anos
de 1845 a 1850:

Nº Nomes das Ruas da Cidade 1845 1850

1 Rua da Cadeia 23 28

2 Rua da Ordem 50 56

3 Rua da Conceição 8 9

4 Rua da Boa Vista 16 24

5 Rua do Ouvidor 60 65

6 Rua do Bom Jesus 21 22

7 Rua Direita 77 79

8 Rua da Gamboa 56 59

9 Rua do Rosário 16 16

10 Rua do Porto da Matriz 20 20

11 Largo da Matriz 20 20
12 Rua da Misericórdia 62 65

13 Rua de S. Benedito 6 6

14 Rua do Fogo 23 27

15 Rua do Ipiranga 27 36

16 Rua das Flores 16 17

17 Rua da Praia 27 36

Extramuros 4

Total 497 557

1845 Casas de sobrado 48 1850 Casas de sobrado 63

" Casas térreas 449 " Casas térreas 494 Total 497 Total 557

392 _ Clima, meteorologia e longevidade. No primeiro tomo, capítulo 7, p. 91, se escreveram as


causas principais que motivaram de haver anualmente em Paranaguá, na estação do estio,
diversas enfermidades endêmicas de febres de disenterias e outras diversas emanadas pela
corruptibilidade atmosférica, da grande imensidade de exalações pútridas de águas estagnadas
que as grandes maresias espargem, nas quais se acumulam infinitas folhas dos mangais e outras
árvores, corpos de insetos, aves e peixes mortos, que nelas apodrecem e adjunto ao lodo fétido,
que exala esse tijuco nas margens das praias da Cidade, na efervescência do maior calor do dia,
atraídos pelos raios solares e a putrefação das matas derrubadas, no descortinamento da Ilha do
Valadares que fica fronteira à Cidade e é acarretada sobre ela pelos ventos leste, lessueste e sul; o
assombramento que faz a grande Ilha da Cotinga, que muito impedem as vibrações e brisas do
norte e nordeste; sem as quais a Cidade não é ventilada; estas e outras causas concorrem a que o
país não goze de perfeita salubridade, estando

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sua colocação austral em um ótimo clima temperado, tanto para a fecunda vegetação da natureza,
como para a propagação da espécie humana, como se observa em algumas famílias mais distintas
da Cidade, como as dos Correias, Guimarães e Pereiras, e em muito maior número acontece entre
as famílias pobres, sendo a única riqueza dessas, seus filhos.

No solo da Cidade seu mais subido calor na força do estio não tem excedido a 92 graus, no
barômetro de Fahrenheit, e 27 graus de Réaumur; e isto foi no ano de 1844; no dia 27 de fevereiro,
pelas 2 horas da tarde, quando se vê na tábua meteorológica da observação feita na mesma
cidade, pelo curiosíssimo cidadão Vicente Ferreira Martins, em quatro anos sucessivos, de 1842 a
1845, que os dias de maiores calores desses anos são de 80 até 87 graus, assim como os dias de
maior frio na estação invernosa nunca baixou o azougue no barômetro a menos de 50 graus de
Fahrenheit, ou de 8 de Réumur, logo um país como este que não se sentem nele os ardentes
calores da Sicília, África e Pérsia, nem os gelados frios da Lapônia, Rússia e Noruega, mostra
estar a sua boa posição colocada num ponto feliz. A tábua destas observações assim o
demonstram.

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Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1842

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Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1842

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Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1842

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Fahrenheyt
Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1843

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Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1843

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Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1843

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Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1844

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Fahrenheyt
Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1844

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Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1844

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Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1845

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Fahrenheyt

Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1845

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Fahrenheyt
Observações Meteorológicas feitas na Cidade de Paranaguá em 1845

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394 _ Longevidade da vida humana. O clima paranagüense não lhe é contrário, imensas pessoas
chegam à idade decrépita de 60 a 80 anos, e algumas têm excedido a mais de 100, até 115 como
foi desta última idade Joaquim Valério, morador de Superagüi, falecido em 1830 ou 1831; nascido
naquele bairro, homem pobre, alimentado com o peixe do mar e farinha de mandioca, na idade de
115 anos (no de 1829) na presença do Comendador Manoel Francisco Correia Júnior e do Padre
Vicente Ferreira de Oliveira, assistiu com eles a uma janta com boa disposição, narrando muitos
fatos antiquários acontecidos no país; sua estatura era alta e o defeito que tinha era a curvatura do
dorso, sendo por isso necessário encostar-se a um bordão; Joaquim de xxx, morador em
Peçagüera, falecido em 1839 ou 1840, contando 103 anos de idade, e dois anos antes de seu
falecimento ele só atravessava a baía até a Ilha da Cotinga, remando em uma canoa para vir à
Cidade. Rodrigo de xxx, morador do rio Gorgaçu, morreu no ano de 1846, com 115 anos de idade;
contava ele que até a idade de 26 anos em que casou e nunca conhecera mulher alguma; e que
morrendo-lhe a mulher e não tendo filhos, marchara com uma companhia de auxiliares para S.
Paulo, debaixo do comando do Capitão Anastácio de Freitas Trancoso; tendo então 40 anos de
idade, marchou para o Rio Grande do Sul e obtendo sua baixa, regressara a S. Paulo e de lá a
esta; e que não encontrando mais parentes vivos, se recolhera em casa de uma velha que também
já tinha mais de cem anos, seu corpo era direito e de regular estatura. Outro homem que morava
na ponta chamada do Lanço, cujo nome ignoro, morreu com mais de 108 anos de idade, e era
ainda tão vigoroso que remava dias inteiros, todavia três ou quatro anos antes de morrer, ficou
curvado do dorso; e então só se ocupava em fazer redes de pescarias, gamelas e brincar com as
crianças. A estatística que se tirou no ano de 1830 mostrava haver no Município uma população de
6.718 habitantes, encontrando-se na mesma, na idade de 70 a 80 anos 58 pessoas, a saber: 38
brancos, pardos libertos, dois pardos cativos, 1 preto liberto e 9 cativos. Das idades de 80 a 90
anos, 40 pessoas, a saber: 28 brancos, 6 mulatos libertos e 6 pretos cativos; e de idade de 90 a
100, oito pessoas, a saber: 7 brancos cativos e 1 preto liberto; cuja cifra monta a 106 pessoas, e
corresponde a 1¾ da população que houve naquele ano e uma vantagem superior relativamente
às populações de diversos países. No presente ano de 1850, ainda aparecem, mesmo dentro da
Cidade, algumas pessoas decrépitas como o venerável cidadão o Capitão-mor Joaquim José da
Costa, com 85 anos de idade, ainda bastantemente robusto, seu corpo direito, seu juízo atilado e
ainda ouve a missa toda inteira de joelhos; o Tenente-coronel Manoel Francisco Correia de 70 a 80
anos, ainda se levanta cedo , administrando efetivamente os diários trabalhos de seus negócios, e
administração de seus prédios urbanos, pois que tem edificado da Cidade cinqüenta e oito
moradas de casas, sendo doze de sobrado e ainda se recolhe para a casa das 9 para as 10 horas
da noite de suas visitas, mostrando-se portanto, que o clima de Paranaguá não é nocivo à
longevidade da espécie

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humana, e nem à prodigiosa fecundidade de seu solo, como largamente se vê exarado no 1º
tomo, História , no capítulo 6º, p. 76.

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PARÁGRAFO 2º

Instrução pública; instituição das aulas de primeiras letras e cadeira de latinidade na Cidade de
Paranaguá

395 _ A instrução primária das aulas de primeiras letras depois que a povoação de Paranaguá foi
elevada a Vila deveria ser muito escassa nesses remotos séculos em que a literatura e a
civilização dos povos ainda então se achava em grande atrasamento e bem poucas pessoas
saberiam ler, e por conseguinte, maior falta de mestres que as ensinassem; este foi o motivo por
que a Câmara e o povo paranagüense no ano de 1699 desejaram a vinda dos Padres Jesuítas, e
que estes estabelecessem em Paranaguá um colégio para dar o ensino à juventude, tanto de
moral e doutrina cristã, como o de primeiras letras, latinidade, lógica, retórica, filosofia e moral para
cujo fim os paranagüenses fizeram um grande sacrifício de lhes edificarem um colégio, darem-lhe
terrenos e doações, e deles a juventude receberem nas aulas de seu colégio o ensino de educação
e instrução; mas este só durou até o ano de 1759, em que foram extintos.

396 _ 1770 _ Ficou a juventude paranagüense desse ano em diante, até a criação da cadeira régia
nesta Vila de primeiras letras, sujeita ao ensino de mestres particulares, tais foram os cidadãos
Crispim Fernandes Ribeiro, Antônio Gonçalves Lopes, Manoel Lobo d'Albertim Lanóia, e outros.

397 _ 1772 _ Carta de lei de 1º de novembro de 1772, Del-Rei D. José I, ordenando a criação dos
subsídios literários aplicáveis aos pagamentos de ordenados dos professores das escolas maiores
e menores que fossem criadas tanto no Reino de Portugal, como em seus domínios ultramarinos.

398 _ 1772 _ Carta de lei de 6 de novembro de 1772, mandando criar escolas menores nas
cidades e vilas das Comarcas, onde fosse mister havê-las, no Reino de Portugal e seus domínios
ultramarinos, estabelecendo um sábio regulamento por onde os mestres se deveriam guiar na
insinuação de seus alunos, o diz expressamente a mesma:

"Lei nº § 6º - Item. Ordeno que os mestres de ler, escrever e contar sejam obrigados a ensinar tão
somente a boa forma dos caracteres, mas também as regras gerais da ortografia portuguesa e o
que necessário for da sintaxe dela, para que os seus respectivos discípulos possam escrever
correta e
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ordenadamente, ensinando-lhe pelo menos as quatro espécies de aritmética simples; o catecismo


e as regras da civilidade, num breve compêndio. Porque sendo tão indispensáveis para a felicidade
dos Estados e dos indivíduos deles são muito mais fáceis de instilar nos primeiros anos aos
meninos tenros, dóceis e suscetíveis de boas impressões daqueles mestres que dignamente se
aplicam a instruí-los. Por resolução de 5 de agosto de 1772".

No parágrafo 2º de dita lei diz item : "Ordeno que os exames dos mestres que forem feitos em
Lisboa, quando não assistir o Presidente se façam na presença de um Deputado, com dois
examinadores, nomeados pelo dito Presidente, dando os seus votos por escrito que o mesmo
Deputado assistente entregará com a sua informação ao tribunal. Nas Capitanias do Ultramar se
farão os exames na mesma conformidade".

399 _ 1783 _ Em vereança da Câmara de 26 de julho fizeram uma representação à Rainha a


Senhora Dona Maria I, requerendo um professor régio para o ensino de primeiras letras.

400 _ 1788 _ 1º - 1ª escola de meninos. Provisão régia de 28 de abril de 1788, da Senhora Dona
Maria I, fazendo mercê a Francisco Inácio do Amaral Gurgel; do lugar de substituto da escola de
ler, escrever e do catecismo da cadeira de Paranaguá da Capitania de S. Paulo, no Estado do
Brasil, com o ordenado de cento e vinte mil réis, pagos em quartéis adiantados e cobrados pelo
cofre do subsídio literário da Capitania.

Esse professor, natural da Ilha da Madeira, teve aula pública na Corte de Lisboa e nela ser aulista
da Real Junta do Comércio Acadêmico da Real Academia das Ciências de Sua Majestade; seu
lente e examinador desta Comarca de Paranaguá, catedrático da literatura escrita, aritmética,
ortografia, gramática portuguesa, catecismo e urbanidade civil. Um dos melhores professores que
teve Paranaguá; de sua aula saíram ótimos discípulos, bem instruídos em contabilidade, civilidade,
e perfeição de escrita e que vários foram dedicados ao comércio e outros tomaram o estado
sacerdotal; morreu este professor no ano de 1807 a 1808.

401 _ 1790 _ Em 2 de dezembro de 1790, Manoel da Silva, escriturário da contadoria da Junta da


Fazenda de S. Paulo, por ordem do General, escreveu ao mesmo professor Francisco Inácio do
Amaral Gurgel, convidando-o para que fosse naquela cidade abrir a sua aula de ensino.

402 _ 1791 _ Em 23 de julho o mesmo professor participou à Câmara de lhe ser preciso ir à Cidade
de S. Paulo tratar de seus requerimentos, pois que estava há mais de um ano sem receber seus
ordenados e que deixava substituto a Manoel Lobo de Albertim Lanóia.

403 _ 1809 _ 2º - O Padre Antônio da Silva Neves obteve a cadeira do ensino de primeiras letras
por provisão passada pelo General da Capitania Antônio José da Franca e Horta e tomou posse e
juramento do mesmo lugar em vereança de 4 de fevereiro de 1808 e exerceu o mesmo emprego
até 3 de setembro de

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1815, em que faleceu, com grande freqüência de discípulos, desempenhando os deveres
inerentes ao seu magistério, ficando a mesma cadeira vaga até o ano de 1819.

Depois da morte do professor o Padre Antônio da Silva Neves, em 1815, não havendo quem se
opusesse à cadeira porque o ordenado que a Nação pagava não convidava, haver opositores à
mesma e não havendo quem ensinasse a mocidade no interregno até 1819, alguns cidadãos
particulares abriram suas aulas e darem este ensino, tais foram:

Aulas particulares que houve em Paranaguá

404 _ Luiz Vicente Freire da Fonseca, natural da Vila de Viana, no Reino de Portugal, nesta havia
um maior concurso e ensinou desde 1816 a 1819.

O cidadão Francisco Félix da Silva abriu a sua para o sexo masculino e nela admitia meninas
debaixo do ensino de uma sua filha e esta aula particular tem existido efetivamente até ao
presente, porque esse mestre é incansável, ativo e cuidadoso do adiantamento de seus discípulos,
por isso sempre muito freqüentada, em 1831 andavam nela aprendendo 46 meninos e 8 meninas;
em 1835 tinha 39 meninos e 19 meninas; em 1836, 34 meninos e 15 meninas.

1819 _ 3º Bernardino José Alves dos Reis foi provido na cadeira de primeiras letras, e tomou posse
em Câmara em vereança de 8 de setembro de 1819.

405 _ 1820 _ Na vereança de 4 de dezembro, sendo presidente o Doutor Juiz de Fora Antônio de
Azevedo Melo e Carvalho, requereu o Procurador Antônio José da Costa que se achava vaga a
cadeira de primeiras letras, por não haver quem se opusesse, porque havendo-se estabelecido
150$ mil réis de ordenado aos mestres, o General Antônio José da Franca e Horta, havia só taxado
80$ mil réis; e assim a Câmara, em 9 de dezembro representou a S. Majestade esta falta.

406 _ 1826 _ Em vereança de 2 de fevereiro, em execução da portaria de 15 de dezembro próximo


passado, mandou passar editais pondo-se a concurso a mesma cadeira com o ordenado de 120$
mil réis.

407 _ 1826 _ 4º Em vereança de 11 de fevereiro compareceu em Câmara Hildebrando Gregoriano


da Cunha Gamito para ser examinado a ocupar esta cadeira, e foram seus examinadores o
professor de gramática latina Lourenço Antônio de Almeida, o Capitão Bento Antônio da Costa e o
alferes Manoel Francisco de Mendonça, e ficando aprovado, a Câmara o propôs.

408 _ 1827 _ Em vereança de 27 de maio a Câmara deu posse e juramento a Hildebrando


Gregoriano da Cunha Gamito, de professor de primeiras letras, apresentando os seus diplomas;
sendo sua aula sempre muito freqüentada, cujo emprego exerceu até sua morte, em 29 de
dezembro de 1849.

409 _ 1844 _ 2ª escola de meninos

Segunda cadeira de primeiras letras. Criada pela lei provincial nº 13,

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de 22 de fevereiro de 1844, diz o art. único dela: "Fica criada na Cidade de Paranaguá mais uma
cadeira de primeiras letras, do método que o Governo julgar mais conveniente, destinada à
instrução do sexo masculino, ficando para isso revogadas as disposições em contrário".

O Padre Albino José da Cruz, 1º professor dela foi provido na mesma cadeira que se instalou na
Cidade de Paranaguá em 10 de junho de 1845; é freqüentada anualmente por mais de 60 alunos.

410 _ 1835 _ 1ª escola de meninas

Cadeira de primeiras letras do sexo feminino - A professora Dona Joana Maria de Melo foi proposta
pela Câmara de Paranaguá em 15 de outubro de 1835, e aprovação do Prefeito o Capitão-mor
Manoel Antônio Pereira, respondendo a Câmara que no seu parecer era muito boa a escolha que
dela fazia por ser muito necessário para a instrução das meninas.

411 _ 1849 _ Colégio das Meninas

Colégio de instrução primária _ Madame Jessica James e sua filha, no ano de 1849, instituíram na
rua da Boa Vista, da Cidade de Paranaguá um colégio de instrução primária para meninas
pensionistas internas e externas, na qual se dá o ensino da doutrina cristã, leitura, caligrafia,
aritmética, línguas portuguesa, francesa e inglesa gramaticalmente, geografia, história, música,
piano, dança, desenho e bordado em todo o gênero e o mais que faz parte de uma completa
educação. Já foi exarado largamente no 1º tomo em o nº 1.063.

Aula da gramática latina e instituição dessa cadeira de ensino

em Paranaguá

412 _ 1759 _ O alvará de lei de 28 de junho de 1759, Del-Rei D. José I, estabeleceu a regularidade
que devia haver dos estudos do latim e das novas aulas da língua grega e hebraica e de retórica,
proibindo a arte e o método do ensino que praticavam os Padres Jesuítas em seus estudos; e no
parágrafo 10 do mesmo alvará diz: "Em cada uma das vilas das Províncias se estabelecerá um ou
dois professores de gramática latina, conforme a menor ou maior extensão dos termos que
tiverem, aplicando-se para o pagamento deles o que já se lhes acha destinado por provisões reais
ou disposições particulares e o mais que eu for servido resolver. E sendo os mesmos professores
eleitos pelo rigoroso exame feito por comissários Deputados pelo diretor geral; e por eles
consultados com os autos das eleições para eu determinar o que me parecer mais conveniente,
segundo a instrução e costumes das pessoas que houverem sido propostas".

413 _ 1768 _ Em conseqüência desse alvará foi criada na Vila de Paranaguá, no ano de 1768,
como cabeça de Comarca, uma cadeira para o ensino de gramática latina.

1º - Professor régio que veio ocupar essa cadeira foi o Padre Inácio Pinto da Conceição, por
provisão de 6 de setembro de 1768, passada no Rio de Janeiro,

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por João Alberto de Castelo Branco, conselheiro do Ultramar, e subdelegado do Ex.mo e Rev.mo
Sr. Dom Tomás de Almeida, primário da Santa Igreja de Lisboa e diretor geral dos estudos;
ensinou até o ano de 1782.

1782 _ 2º - José Bernardo da Silva, professor régio de gramática, foi examinado no ano de 1782
pelo Doutor Gaspar de Sousa Leal, diretor dos estudos da Capitania de S. Paulo e pelo professor
da retórica o Padre Francisco Xavier dos Passos, e da gramática por João Floriano da Silva e deu
ensino até o ano de 1788.

414 _ 1789 _ 3º - José Carlos de Almeida Jordão, secular professor régio por provisão de 15 de
junho de 1789, da Senhora Dona Maria I, com o ordenado anual de Rs. 300$000. Em sua aula
apreenderam muitos paranagüenses que se dedicaram ao estado clerical.

Como era muito doentio foi para o Rio de Janeiro no ano de 1800 ou 1801, ficando a cadeira vaga.

1801 _ 4º - O padre Manoel Alves de Toledo, por portaria de 13 de outubro de 1801, do General da
Capitania Antônio Manoel de Melo Castro e Mendonça, como substituto da cadeira de gramática
latina, que exerceu alguns anos.

1810 _ 5º - José Carlos de Almeida Jordão, proprietário da cadeira foi segunda vez reintegrado
nela por provisão régia do Príncipe Regente D. João VI, de 7 de novembro de 1810, pelo tempo de
6 anos com o ordenado de Rs. 200$000 _ com a obrigação no fim do dito tempo, tirar nova
provisão, em atenção de ter ocupado a mesma cadeira desde 1789.

1817 _ 6º - Luiz Mariano de Tolosa foi professor régio pela provisão de 14 de agosto de 1817, com
o ordenado de Rs. 200$000, passada pelo Ex.mo Bispo de S. Paulo, Dom Mateus de Abreu
Pereira.

1819 _ 7º - O Padre Francisco de Oliveira Carvalho foi provido na mesma cadeira por provisão de
9 de agosto de 1819, sendo nela provido a primeira vez por provisão de 28 de janeiro de 1817,
mas nunca apareceu em Paranaguá, para tomar posse dela, em conseqüência ficou a mesma
cadeira em vacância até o ano de 1823, por não haver quem a ela pretendesse.

1823 _ 8º - Lourenço Antônio de Almeida, em vereança de 16 de março de 1823, apresentou a sua


provisão passada pelo Governo Provisório da Província e ocupou a cadeira de gramática latina
pela desistência que dela fez Luiz Mariano de Tolosa, onde esteve até 1828 ou 1829.

1831 _ Em vereança de 12 de abril a Câmara oficiou ao Presidente da Província, participando que


a cadeira de gramática latina que há de dois anos se achava vaga.

1837 _ 9º - O Padre mestre Joaquim José de Santa Ana abriu a sua aula de ensino de gramática
em 1837; e a ocupou até o ano de 1843, em que regressou a Santos.

415 _ 1843 _ A lei provincial nº 12, de 6 de março de 1843, diz no artigo 1º : "As cadeiras de
latinidade que de ora em diante forem providas fica adicionado

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o ensino da língua francesa".


1844 _ 10º - João Manoel da Cunha foi promovido à cadeira de gramática latina e da língua
francesa no ano de 1844 cuja cadeira tem exercido efetivamente até ao presente com dignidade
nos deveres de seus magistério. Cidadão muito prestante, cheio de patriotismo e de probidade.

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PARÁGRAFO 3º

Forças dos corpos das guardas nacionais e policiais, antigamente denominados milícias e
ordenanças, que tem a Cidade de Paranaguá, e seu Município e de suas primeiras instituições

416 _ 1766 _ Alistamento de milícias _ O aviso régio de 22 de março de 1766, dirigido ao General
da Capitania Dom Luiz Antônio de Sousa Botelho Mourão, ordenou que no distrito de sua Capitania
fizesse alistar toda a gente sem exceção de nobres, plebeus, brancos mestiços, indígenas e
libertos. Para se efetuar e pôr-se em execução essa ordem régia a Câmara mandou publicar por
um bando em 23 de abril do mesmo ano.

Em conseqüência dessas ordens se alistaram em toda a Comarca 11 companhias de infantaria e 3


de cavalaria de Curitiba, com o nome de hussares e que todas compunham o corpo de um
regimento de auxiliares e do qual foi sargento-mor Francisco José Monteiro de Castro ( 1 ) oficial
de tropa de linha por patente de 5 de setembro de 1767, sendo ajudante do mesmo corpo Manoel
da Cunha Gamito, também de tropa de linha e ensinar-lhes os exercícios

militares. (2)

Esses dois oficiais eram pagos seus soldos pela Câmara de Paranaguá, encarregada de cobrar os
novos impostos destinados a esses pagamentos como se vê da conta prestada na Junta da
Fazenda de S. Paulo, no decurso de nove anos decorridos desde 1767 a 1776.

417 _ Conta corrente _ A Câmara de Paranaguá, em conta corrente com a Junta da Real Fazenda
de S. Paulo, até 12 de setembro de 1776.

(1) Foi sargento-mor por patente de 5 de setembro de 1767, passada por Dom Luiz Antônio de
Sousa Botelho Mourão, General da Capitania, com o posto de sargento-mor de infantaria da
Comarca de Paranaguá; e outra patente da mesma data passada pelo mesmo general, e Manoel
da Cunha Gamito, o qual tinha patente de alferes do regimento do castelo de Vide, passada em 17
de fevereiro de 1763 e confirmado no posto de ajudante por patente de 17 de fevereiro de 1772 por
El-Rei D. José I.

(2) Estes novos corpo de milícias, vulgarmente chamados auxiliares, por irem em auxílio da tropa
de linha, quando se precisava deles em ocasiões de guerras.

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Receita

Pelo que importaram os rendimentos da imposição do sal e aguardente cobrados nas vilas de
Paranaguá, Iguape e Cananéia desde setembro de 1767 até 12 de dezembro de 1776 6:494$744

Pelo que importam os 100$ mil réis anuais que se obrigou a Câmara de Paranaguá de seus
próprios réditos além dos direitos supra, conforme o termo de 29 de maio de 1767, feita a conta
desde 30 do dito mês até 12 de novembro de 1776 945$280

Despesa

Pelo que venceram o sargento-mor e seu ajudante de auxiliares da mesma Comarca para a
compra dos cavalos e arreios para o exercício de seus postos 160$000 Pelos soldos vencidos
pelos ditos oficiais desde 5 de agosto de 1765 até o fim de outubro de 1776, em que decorreram
11 anos, 2 meses e 26 dias 6:419$653 Pelo excesso que há da receita a despesa que deve entrar
nessa tesouraria por saldo de contas até o dia 12 de novembro de 1776 880$371 7:440$024

S. Paulo, 23 de janeiro de 1777.

Matias José Ferreira de Abreu.

418 _ 1800 _ Milícias _ O regimento de infantaria miliciana de Paranaguá era composto de 10


companhias, a saber: 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 7ª de granadeiros, eram do Município; a 8ª da Vila de
Guaratuba; a 6ª de Caçadores: eram do Município de Antonina; e a 5ª da freguesia de Morretes; a
10ª da Vila de Cananéia. Seu uniforme era farda azul comprida, canhão e gola escarlate, gola e
dragonas de prata, barretina alta de cordovão preto com viseira; pluma banca; armas e cifra do
regimento de prata; tambores e pífanos era a sua música.

419 _ 1809 _ O Governo da Província mandou organizar novos planos nos corpos militares, da 1ª
e 2ª linha e coube ao regimento miliciano de Paranaguá a ser o 2º de artilharia da Província; foi
então que duas companhias tiveram nova designação, passando a de granadeiros a bombeiros, e
a de caçadores à de sapadores; novas divisas se puseram no fardamento do canhão e gola da
farda de cor preta, bem como o da pluma; desde 1807 em diante esse regimento esteve em
contínuo exercício diário até 1810 a 1811 nas duas armas de infantaria e artilharia, debaixo da
instrução do sargento-mor Fernando Gomes Pereira da

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Silva, ficando bem exercitados como tropa regular. (1)


420 _ O Coronel João Jácomo Bauman, em maio de 1810, veio por mandado do General, com um
ajudante passar inspeção ao regimento.

421 _ 1824 _ Decreto de 1º de dezembro mandou organizar novos planos nos corpos da 1ª e 2ª
linhas, passando-os a batalhões de Caçadores, e em sua numeração tocou ao de Paranaguá a ser
o nº 39 de caçadores.

422 _ 1825 _ O Brigadeiro Joaquim Mariano de Moura e Lacerda, inspetor geral das milícias, veio
a Paranaguá por ordem do Governo, no mês de janeiro e passando inspeção ao regimento dele
tirou 4o a 50 recrutas que foram enviados para Santos e não estarem em circunstâncias de que
fossem alistados nelas.

O Brigadeiro Francisco Antônio Nogueira da Gama, inspetor geral de milícias, ordenanças e


guardas cívicas, no mês de fevereiro veio a Paranaguá passar revista nos dois corpos de milícias e
ordenanças.

423 _ 1831 _ A lei de 18 de agosto de 1831 extinguiu o antigo sistema dos corpos de milícias e
foram criados os batalhões das guardas nacionais, marcando-lhes novos uniformes de seus
fardamentos, de cor azul, gola verde e canhão amarelo e boné com pluma verde; e um novo
regulamento no exercício de caçadores, à inglesa pelo método de ensino do General Beresford.

424 _ 1832 _ O batalhão dos guardas nacionais de Paranaguá era composto de 6 companhias
inclusas as das Vilas Antonina e Guaratuba, e foi nomeado a comandante do mesmo o Tenente-
coronel Manoel Francisco Correia Júnior, em pluralidade de votos e sargento-mor do mesmo
Manoel Antônio Guimarães.

425 _ 1839 _ Legiões nacionais _ A lei de 14 de agosto de 1839 ordenou a criação das legiões das
guardas nacionais. A legião de Paranaguá, compreendia o batalhão da Cidade, o da Vila de
Antonina e o de Iguape, de que era Tenente-coronel comandante José Jacinto de Toledo. O
Tenente-coronel Manoel Francisco Correia Júnior foi nomeado Coronel-chefe da legião (2) e
passou a Tenente-coronel comandante do batalhão o sargento-mor do mesmo corpo Manoel
Antônio Guimarães.

(1) O alvará de 24 de dezembro de 1808 do Príncipe Regente, mandou executar um novo


regulamento para os regimentos de milícias, ordenando que no distrito de cada brigada de
ordenanças, se compreendam 2 regimentos de milícias, e o terreno para cada um deles, dividido
em 8 partes ou distritos; estes subdivididos em outras tantas para a comodidade dos povos.

(2) O benemérito cidadão paranagüense Manoel Francisco Correia Júnior nasceu na mesma
Cidade em 9 de março de 1809, filho legítimo do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia e de
D. Joaquina Maria de Ascensão Correia. Sentou praça de soldado particular em 1819, servindo de
porta-bandeira; em 1829 foi ao posto de alferes da 7ª companhia das extintas milícias; em 1831, a
tenente das guardas nacionais da 1ª companhia, organizada de 70 pessoas principais da Cidade;
em 1832 nomeado capitão da mesma; e havendo-se de nomear os oficiais do Estado Maior do
Batalhão foi nomeado Tenente-coronel comandante, com maioria absoluta de votos, e tomou
posse no mês de setembro e em virtude da lei provincial nº 11, de 23 de fevereiro de 1835,
confirmado no mesmo posto e diploma de 8 de junho de 1839, e pelo decreto de 14 de agosto do
mesmo ano que criaram as legiões, foi provido a Coronel-chefe das mesmas, pela portaria do
Presidente da Província, de 25 de agosto, e depois a Comandante superior interino da costa
meridional da Província; pela proposta do Brigadeiro Francisco Xavier da Cunha, em setembro de
1837, encarregado de todos os trens bélicos e pagador das expedições militares que foram para a
fronteira do Rio Negro, desde 1839 a 1841. Comendador da Ordem de Cristo, em 18 de julho de
1841; e diploma de 11 de abril de 1842; Deputado à Assembléia Provincial no biênio de 1844 a
1845.
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426 _ 1840 _ O chefe da legião, o coronel Manoel Francisco Correia Júnior exerceu o comando
desde 1839 até 1841 em que pediu ao Governo a demissão do mesmo emprego e foi nomeado em
seu lugar o Comendador Manoel Antônio Guimarães, como Coronel-chefe da legião das mesmas
guardas nacionais que compreendia toda a Marinha da Comarca.

427 _ 1844 _ No ano de 1844 foi suprimida a mesma legião e por isso ficou sem exercício o posto
de Coronel-chefe da mesma legião.

428 _ 1849 _ Portaria de 16 de fevereiro tornou a ser reintegrado o mesmo Comendador Manoel
Antônio Guimarães no posto de coronel em chefe da legião (1). Esta legião foi novamente
organizada e compreende 2 batalhões de infantaria e um corpo de artilharia. A legião é composta
de 1.156 praças como se vê no mapa nº 32, a saber: o 1º batalhão da cidade tem 576 praças; o 2º
batalhão de Guaraqueçaba 405 e o corpo de artilharia 175.

Série dos comandantes que tem havido neste corpo da 2ª linha desde sua instituição em 1766,
inclusivamente até 1850.

429 _ 1º - O sargento-mor Francisco José Monteiro e Castro, desde o ano de 1767 até 1801, em
que faleceu, sendo coronel do mesmo regimento Joaquim José dos Santos e Tenente-coronel
Francisco Gonçalves Cordeiro, em quem recaiu o comando do mesmo.

2º - O Tenente-coronel Francisco Gonçalves cordeiro desde o ano de 1801 até ao de 1809, em que
faleceu; mas a disciplina e o comando quase sempre estavam entregue aos sargentos-mores do
mesmo corpo.

3º - O sargernto-mor Manoel da Cunha Gamito comandou desde 1801 até 1806.

4º - O sargento-mor Fernando Gomes Pereira da Silva desde 1806 a 1810.

5º - O coronel José Vitorino Rocha que teve patente em março de 1810, do posto de coronel do
mesmo regimento, tomando posse em 19 de agosto do mesmo ano e o comandou até 1822 ou
1823.

6º - O Tenente-coronel graduado Manoel Francisco Correia mesmo em tempo do coronel José


Vitorino desde 1820 até 1823.

7º - O sargento-mor Joaquim Roberto de Azevedo Marques em tempo do coronel Joaquim da Silva


Leite desde o ano de 1823 a 1826, que teve licença de General das armas para se retirar.

8º - O coronel Joaquim da Silva Leite, pouco tempo comandou por ser atacado de uma moléstia
mental, devolvendo o comando ao mesmo sargento-mor Joaquim Roberto até 1826.

(1) O Comendador Manoel Antônio Guimarães, filho legítimo do Capitão Joaquim Antônio
Guimarães e de Dona Ana Maria da Luz Guimarães, nasceu em 15 de fevereiro de 1813.
Condecorado oficial da Ordem da Rosa a 2 de agosto de 1842 e a Comendador a 2 de dezembro
de 1849 e com a Comenda de Cristo, a 25 de março de 1849.

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9º - O Tenente-coronel efetivo Manoel Francisco Correia reassumiu o comando desde 1827 até
1831, em que foram extintas as milícias e criadas as guardas nacionais.

10º - O Tenente-coronel comandante e depois Coronel e chefe da legião Manoel Francisco Correia
Júnior desde 1831 até 1840.

11º - O Coronel-chefe da legião o Comendador Manoel Antônio Guimarães desde 1840 até 1844.

12º - O Tenente-coronel comandante Joaquim Cândido Correia desde 1844 até 1848.

13º - O Comendador Manoel Antônio Guimarães desde 19 de fevereiro de 1949 até o presente.

Notícia histórica dos corpos de ordenanças que houve em Paranaguá e das guardas policiais.

430 _ Ordenanças _ Nos primeiros começos da fundação da Vila de Paranaguá, em 1648,


somente havia alistada uma ou duas companhias de ordenanças, e uma delas se chamava a dos
Frausteiros, na qual talvez seriam alistadas as pessoas vindas de fora do país.

1570 _ A lei do regimento de 10 de dezembro de 1570 de El-rei D. Sebastião, dada aos capitães-
mores, no § 11, determinava que cada companhia de ordenanças fosse composta de 250 homens,
em 10 esquadras de 25 homens cada uma, contendo a mesma um capitão, um alferes, dez cabos
de esquadra, um meirinho e um escrivão.

431 _ 1709 _ Alvará de 18 de dezembro, ordenando que as Câmaras propusessem três pessoas
de sua eleição a ocupar o cargo de capitão-mor e serem escolhidos dentre elas aquela que o
Governo determinasse; estes cargos eram então trienais pela resolução de 22 de dezembro de
1700.

432 _ 1721 - (1) Em correição geral que fez o Doutor Ouvidor e Corregedor da Comarca na Vila de
Paranaguá, em 16 de junho de 1721, pelo seu provimento 22, ordenou:

"Proveu que, vista a abastança que havia de moradores nessa Vila e seu termo e as grandes
distâncias que entre todos há, em não poderem estar comodamente repartidas, só em duas
companhias que há nesta Vila, se façam mais outras duas companhias e todas quatro se dividirão
pela maneira seguinte: 1ª Companhia será dos moradores da Vila seu rocio e dos mais que ficam
nos rios da Vila Emboguaçu; 2ª Torales, Cubatão e Guarapiroçaba. A outra será dos moradores
dos rios dos Correias Almeidas e os mais que ficam até a barra do

(1) O Doutor e Desembargador Rafael Pires Pardinho.


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sul; e a 4ª será dos moradores de Peçagüera até Garaqueçabuçu, com os demais daquele
recôncavo e ilhas que neles ficam e barra do norte.

No provimento 30, ordenou que os capitães-mores fizessem três alardos gerais pelo Natal, Páscoa
e festa de Nossa Senhora do Rosário, que era quando a maior parte da gente se achava nessa
Vila, obrigando a que todos trouxessem suas armas convenientes para a defesa da terra".

E os que faltassem a elas seriam condenados em uma pataca.

433 _ 1725 _ resolução de 9 de julho de 1725. Ordenou que cada regimento de ordenanças fosse
composto de 10 companhias, e cada uma de 60 homens fazendo um total de 600 pessoas cada
regimento.

Depois desta resolução talvez fosse organizado o mesmo corpo nesta Comarca havendo algumas
companhias em Paranaguá e outras na Vila de Curitiba que eram anexas ao mesmo e que então
fossem nomeados os oficiais superiores do estado maior como eram os coronéis, tenentes-
coronéis e sargentos-mores, porquanto unicamente há notícia dos seguintes oficiais:

- Anastácio de Freitas Trancoso, teve patente de Tenente-coronel das ordenanças passada apelo
Conde de Sarzedas, em 21 de janeiro de 1726 e de Coronel por patente de 19 de setembro de
1732.

- Diogo da Pascária, foi Tenente-coronel das mesmas ordenanças por patente de 21 de novembro
de 1732, passada pelo mesmo General.

- Brás Leme Veloso foi Tenente-coronel das ordenanças pela vacância de Manoel Rodrigues da
Mota, por patente do 1º de dezembro de 1734.

- Dom João Francisco Laines foi sargento-mor do mesmo corpo, por patente de 11 de maio de
1733.

- Damião da Cunha Carvalho foi sargento-mor por patente de 29 de outubro de 1733.

- Pedro da Silva Pinto teve patente de sargento-mor das ordenanças das barras de Paranaguá
para efeito de ter cuidado nas embarcações que por elas entram, averiguando se trazem
passaportes e despachos necessários; de cujas diligências não levaria salário, ou emolumento
algum.

434 _ 1758 _ Provisão de 30 de abril de 1758, do Conselho Ultramarino ordenando que os


capitães-mores fossem dali em diante vitalícios e não trienais, como ordenava a resolução de 22
de dezembro de 1700.

A série de todos os capitães-mores que tem havido em Paranaguá, desde o primeiro que foi
Gabriel de Lara, até o último que ainda existe no presente ano de 1850, se verão seus nomes
exarados no mapa nº 1, que está anexo ao capítulo 1º deste volume, à p. 23.

435 _ 1816 _ Alvará de 16 de fevereiro de 1816, do Príncipe Regente D. João VI; dando um novo
regulamento às ordenanças, ordenou que no reino de Portugal e ilhas adjacentes fossem divididos
em 8 distritos, cada distrito em 8 capitanias-mores, cada capitania-mor em 8 companhias. Em cada
distrito haveria um coronel de ordenanças e teria iguais honras ao de milícias. Em cada capitania-
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mor haveria um capitão-mor e um sargento-mor; e em cada companhia um capitão, um alferes,


um primeiro sargento, quatro segundos e oito cabos.

436 _ 1817 _ Portaria do Governo da Província de 2 de dezembro de 1817, e resolução de s.


Majestade, de 22 de março de 1815, foi dividido o regimento da Vila de Paranaguá e seu termo,
em 7 companhias, divididas em seus respectivos distritos de que á capitão-mor Manoel Antônio
Pereira.

1ª companhia: no distrito da Vila intra muros.

2ª companhia: Rocio Grande e Pequeno, rios do Emboguaçu, Bocuí, das Pedras - 5 bairros - e
todas as costas e Ilha do Teixeira, que divide do termo de Antonina.

3ª companhia: Ilha das Peças, Superagüi, Varadouro, Poraquara, Cerco Grande - 5 bairros _ e
toda a costeira da baía das Laranjeiras para dentro, até dividir com o do termo de Cananéia.

4ª companhia: rios dos Correias, Almeidas, Groguaçu, Maciéis, Barra do Sul, e Olho d'água _ 6
bairros _ e toda a costa da parte do sul até meia praia onde se divide o distrito com a Vila de
Guaratuba.

5ª companhia: Ponta Grossa, Boquera, Boqueriúma, Peçagüera, Saco de Tamborotaca, Ilhas do


Mel, Rasa Seca e da Cotinga _ 8 bairros _ e toda a costeira até ao ponta do Pasto.

6ª companhia: Taguaçetuba, rios dos Medeiros e Itaqui, Ilhas Rasa Grande e das Gamelas _ 4
bairros _ com suas costeiras e centros dos mesmos distritos.

7ª companhia _ rios do Borrachudo, Tagaçaba, Serra Negra, Guaraqueçaba e Pavouça _ 5 bairros


_ com suas costeiras e ilhas dos mesmos distritos.

Paranaguá, 9 de fevereiro de 1818".

437 _ 1815 _ Representação que fez o sargento-mor Francisco Gonçalves Rocha, ao Capitão-mor
Manoel Antônio Pereira, comandante das ordenanças e por bem do real serviço representasse ao
Ex.mo Governo da Capitania, a grande extensão que tinham 3 companhias de ordenanças, a 1ª, 2ª
e 3ª, nas quais eram compreendidos 13 bairros; sendo de necessidade dividirem-se em outras três;
representação que foi adjunta, com um ofício de 24 de maio de 1815, que o capitão-mor dirigiu a S.
Excelência, o Conde de Palma, a qual era da maneira seguinte:

1ª companhia: fogos: 136; habitantes: 747; nos bairros de Itaguaçetuba, Medeiros Ilha Rasa
Grande e Itaqui.

2ª companhia: fogos: 164; habitantes: 847; bairros Borrachudo, Itagaçaba, Serra Negra,
Guaraqueçaba e Cerco Grande.

3ª companhia: fogos: 141; habitantes: 529; bairros Poraquara, Varador, Superagüi e Ilha das
Peças.
Achando-se um total de 2.220 habitantes no círculo que hoje compreende o segundo distrito de
Guaraqueçaba.

438 _ 1821 _ Decreto de 22 de agosto de 1821, das Cortes Gerais e

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extraordinárias de Lisboa, extinguindo no Reino de Portugal e ilhas adjacentes o sistema antigo


dos corpos de ordenanças, substituindo outro de guardas policiais o que o Brasil depois também
adotou o mesmo.

439 _ 1824 _ Aviso régio da secretaria de guerra de 12 de janeiro de 1824, ordenando que todos
os oficiais do Exército Nacional e Imperial e de ordenanças que tivessem suas patentes
confirmadas por S. Majestade Fidelíssima, depois da Independência, deveriam ser novamente
reformadas por S. Majestade Imperial.

440 _ 1830 _ Na estatística que este ano mandou tirar o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, do
corpo de ordenanças da Vila de Paranaguá, formado de 7 companhias se acaram 6.718 habitantes
distribuídos na maneira seguinte: na primeira companhia: 1.687; na segunda: 890; na terceira: 780;
na quarta : 839; na quinta: 1.062; na sexta: 580 e na sétima: 880.

O fardamento dos oficiais de ordenanças era farda comprida, azul avivada, de pano escarlate, com
divisas de galão amarelo, assim como os botões, dragonas douradas e também o florete e seus
telins, chapéu armado, guarnecido de canotões de ouro e pluma amarela.

441 _ O sistema de ordenanças só durou no Brasil até o ano de 1845, em que foram extintas pela
lei de.........de.............. do mesmo ano, criando-se novos corpos com a designação de guardas
policiais, dando-lhes nova forma de regime e de fardamento aos 1º e 2º comandantes de
companhias, sendo esta farda comprida direita azul, gola e forro amarelos e toda avivada da
mesma cor, tanto nos apanhados e das algibeiras que deveriam ser verticais e dos canhões que
seriam azuis, dragonas, floretes, telins e pluma também amarela e bem assim os oito botões de
farda segundo o plano que o Governo da Província, do 1º de março de 1837.

Na Cidade de Paranaguá e seu Município se alistou um corpo de guardas policiais de dez


companhias sendo seis pertencentes ao primeiro distrito e quatro ao segundo; neste a 7ª e 8ª
companhias têm por centro de sua assembléia a Ilha Rasa Grande e ser próximo a capela do
falecido João Alves Cordeiro; a 9ª e 10ª companhia têm o ponto de sua assembléia na capela de
Guaraqueçaba; o total deste corpo segundo o mapa que a Câmara Municipal remeteu ao chefe de
polícia em ofício de 19 de janeiro de 1850, tinha o número de 673 praças, quando em fevereiro de
1849 havia 690; e tendo ido este corpo em diminuição e vai o das guardas nacionais em grande
crescimento, pois se vê da participação do ofício de 7 de setembro de 1836, que o Tenente-coronel
comandante do batalhão dirigiu ao Presidente da Província de haver somente alistado 510 praças,
a saber: da 1ª companhia: 88; na segunda: 120; na terceira: 61; na 4ª: 103; e na 5ª: 130. Em
remate deste artigo se mostra o mapa nº 33, das forças da tropa de linha que em diversas
expedições o Governo mandou a Paranaguá dirigidas a destacarem nas fronteiras do Rio Negro,
servindo igualmente de ilustração a estas memórias, e de curiosidade aos vindouros leitores.
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Mapa da força da legião dos guardas nacionais

da Cidade de Paranaguá

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Mapa da tropa de linha que entrou em Paranaguá e seguiram para Curitiba

N. B. Das 100 praças do comando do Capitão Bento Tomás Gonçalves regressaram para Parati 60
e tantos soldados, no dia 17 de junho de 1842, no vapor Especuladora.

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PARÁGRAFO 4º

Proprietários principais que tem a Cidade de Paranaguá e seu Município, e as matronas antigas
mais ilustres que enobreceram o solo paranagüense, nos séculos 17 e 18.

442 _ Proprietários principais negociantes.

Proprietários _ Não faz quarenta anos que os negociantes de Paranaguá unicamente possuíam
quatro ou seis vasos mercantes sendo lanchas e sumacas de pequenas lotações, quando
presentemente se contam 37 vasos de todas as classes, propriedades diretas de vários
negociantes, sendo 2 barcas, 9 bergantins, 5 patachos, 3 escunas, 1 sumaca, 1 iate e 15 lanchas;
carregando um total de 3.406 toneladas com se vê no mapa anexo de nº 34.

Desde o ano de 1820, o comércio marítimo tem tido um progressivo aumento em todos os ramos
de agricultura e indústria, e feito a felicidade de muitos negociantes, entre os quais sobressaem na
classe deles os seguintes:

1º - O Tenente-coronel Manoel Francisco Correia, negociante de grosso trato e o maior proprietário


da Cidade, na qual edificou e é possuidor de 58 prédios urbanos, entre os quais 12 casas de
sobrado, e tendo dado 11 moradas a seus filhos, ainda lhe restam 47 moradas, bem assim tem 2
grandes fazendas de agricultura e fábricas de arroz, aguardente e mandioca e olaria e mais de 50
escravos; tem uma boa chácara no Rocio; foi dono de diversos vasos mercantes e presentemente
só possui o patacho Lourença e lancha Paranaguá.

2º - O Comendador Manoel Antônio Guimarães, negociante de grosso trato e consignatário de


diversas embarcações; tem na cidade propriedades de casas de sobrado e outras térreas,
fazendas de agricultura, fábricas de arroz, mandioca, chácara na Ilha da Cotinga, com bons
prédios e tem mais de 50 escravos; é sócio em dois bergantins, o Cascudo e o Águia do Prata, e
dono do patacho Legalidade, suma Mariana e dos iates Sociedade, S. Joaquim, Saquarema,
Caipira e Nova Providência.

3º - O Comendador Joaquim Américo Guimarães, negociante de grosso trato e matriculado na


Junta do Comércio do Rio de Janeiro, consignatário de várias embarcações, sócio dos Bergantins
Cascudo e Águia do Prata e possuidor das melhores propriedades de casas de sobrado que tem a
Cidade e outras térreas.

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4º - O Comendador Manoel Francisco Correia Júnior, negociante e proprietário de 3 moradas de


casas de sobrado na Cidade, e mais 10 moradas térreas na mesma Vila de Morretes e Porto de
Cima, onde também tem 2 engenhos de soque de erva-mate, e mais de 30 escravos.

5º - O Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, negociante e proprietário de uma morada de casas de


sobrado no valor de Rs. 12 contos, a grande casa do trapiche, em mais de 6 contos e assim mais
22 moradas de casas térreas, uma boa chácara no Rocio, uma grande fazenda no lugar chamado
a Boa Vista, que tem uma légua de sesmaria de terras e boas propriedades de casas no valor de 8
contos de réis. Outra fazenda chamada das Palmeiras, com terras, engenho de arroz, cana,
mandioca, olarias, grandes propriedades de casas e até uma capela avaliada em 15 contos e tem
mais de 60 escravos e foi dono de diversas embarcações que presentemente não tem; e
finalmente tem dotado a seus filhos com perto de 50 contos de réis.

6º _ O sargento-mor Antônio Pereira da Costa, negociante e consignatário e é proprietário de


alguns prédios urbanos na Cidade.

7º - Manoel Leocádio de Oliveira da Costa, negociante e interessado na casa de D. Isaías de Elias,


dona da barca Entre Riana e do iate Inocente; e tem algumas propriedades.

Além destes, na classe de negociantes, tem diversos, como José Francisco Correia, Ricardo
Gonçalves Cordeiro, Manoel José Correia, José Francisco Barroso, José Leandro da Costa e as
viúvas dos falecidos negociantes o capitão Joaquim Antônio Guimarães e Antônio José Pereira.

Proprietários fazendeiros _ Nesta classe há diversos que sobressaem seus nomes entre os mais,
sendo o maior deles Manoel Luizino de Nores, proprietário de uma grande fazenda de café onde
tem mais de 60 escravos, e engenhos de soque de arroz, mandioca e cana.

Outros muitos proprietários que tem suas fazendas de agricultura e nelas fábricas de cana, arroz,
mandioca e a maior parte com propriedades na Cidade e senhores de 15 a 30 escravos, são os
seguintes: Cipriano Custódio de Araújo, Felipe Tavares de Miranda, Ângelo Machado Lima,
Antônio José de Carvalho, Balduíno Cordeiro de Miranda, Bento José da Cruz, os herdeiros de
Bento Gonçalves do Nascimento, Domingos Afonso Coelho e outros.
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Relação das embarcações pertencentes a proprietários residentes na Comarca de Paranaguá, da


barra da mesma cidade para dentro

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Resumo:

2 barcas 562

9 bergantins 1.812

5 patachos 358 3 escunas 143 1 sumaca 51

1 iate 24 1 brigue escuna 104 15 lanchas 338

37 3.406

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443 _ Matronas ilustres

As matronas mais ilustres paranagüenses que figuraram no solo da Pátria, nos séculos 17 e 18 são
inumeráveis e seria necessário talvez um volume para escrever o catálogo de seus nomes,
contudo só escreverei, apontando algumas senhoras das nobilíssimas famílias de quem
descenderam, e com quem foram entrelaçadas pelos laços de himeneu, fazendo delas um breve
resumo ao menos para que seus nomes sejam conhecidos nesta memória histórica, tais foram as
seguintes:

D. Maria de Ascensão, mulher do Capitão Francisco Rodrigues Godinho; e segunda vez casada
com o Capitão-mor André Gonçalves Pinheiro.

D. Ana Pinheira, mulher do mestre de campo Antônio Gomes Setúbal.


D. Antônia da Cruz França, mulher do Doutor Ouvidor Manoel dos Santos Lobato.

D. Ana Dionísia de Abelha Fortes, mulher do Doutor Ouvidor Francisco Leandro de Toledo
Rendom.

D. Ana Maria Laines, mulher do Capitão Eusébio Gomes.

D. Ana Maria, mulher do Capitão Francisco dos Santos Carneiro.

D. Ana Gonçalves Cordeira, mulher do Tenente João Ferreira de Oliveira.

D. Maria Pinheira dos Santos, mulher do Capitão Antônio da Silva Braga. D. Catarina da Silva,
mulher de Manoel Gonçalves Carreira.

D. Córdula Rodrigues França, mulher do sargento-mor Custódio Muniz de Araújo.

D. Maria de Ó, mulher do Capitão José da Costa Rezende.

D. Josefa de Sousa Guimarães, mulher do Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos

D. Maria Gomes, mulher do Capitão-mor José Carneiro dos Santos.

D. Joana Cardoso de Lima, mulher do Capitão-mor Manoel Nunes de Lima.

D. Lourença Roiz França, mulher de José Pedro da Costa e sobrinha do Doutor Ouvidor Lobato.

D. Joaquina Maria do Espírito Santo, mulher do Capitão Francisco José Ribeiro e filha de D.
Córdula Roiz França.

D. Maria Clara, primeira mulher do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia e filha de D. Córdula
Roiz França.

D. Casemira Roiz França, mulher do Tenente Domingos Pereira da Silva.

D. Bernarda Roiz França, mulher de Manoel Gonçalves Silvestre.

D. Vitória Roiz França, mulher de Lourenço Maciel Azamor.

D. Joana Roiz França, mulher do Capitão-mor João Roiz França.

D. Joana Roiz França, mulher de João dos Santos Teixeira e filha de Francisco da Silva Freire.

D. Margarida de França, mulher do alferes Antônio Lopes Vaz.

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D. Eufrosina da Silva Freire, mulher de José Machado.

D. Eufrosina da S. Freire, mulher do sargento-mor Francisco Ferreira de Oliveira.


D. Josefa Roiz França, filha do Tenente Francisco de Silva Freire.

D. Maria da Luz, mulher do Capitão Manoel Gonçalves do Nascimento.

D. Maria Joaquina da Conceição, mulher do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia.

D. Rosa de Sousa e Silva, mulher do sargento-mor Antônio Ferreira de Oliveira.

D. Rosa Ana Maria, irmã do Padre Antônio Gonçalves Pereira Cordeiro.

D. Ana Maria, mulher do Tenente Jeremias Lemos Conde.

D. Ana Ribeira do Prado, mulher do Tenente-coronel Manoel da Cunha Gamito.

D. Ana Ribeira do Vale, mulher de Davi Ferreira.

D. Ana Maria Micaela Arcângela, mulher de Manoel Lobo.

D. Beatriz Pedrosa, mulher de Manoel da Cunha Gamito, quando ajudante.

D. Teresa Maria de Jesus, mulher de Agostinho Ferreira dos Santos.

D. Maria Bárbara de Albuquerque e Castro.

D. Maria Angélica Leal, irmã do Vigário Joaquim Júlio.

D. Maria Madalena de Oliveira Buena, mulher do Capitão João Crisóstomo.

D. Maria Ribeira da Silva, mulher de João José da Rocha.

D. Ana Loba.

D. Maria Floriana Angélica, mulher do alferes José Manoel Lobo.

D. Maria Faustina Monteira de Matos, mulher de José Luiz Gomes e filha do Tenente-coronel
Francisco Gonçalves Cordeiro.

D. Ana Eufrásia Monteira de Matos, mulher de Antônio Gomes.

D. Catarina Monteira de Matos, mulher do sargento-mor Manoel Antônio da Costa.

D. Maria de Sousa Pedrosa, mulher do alferes Manoel Tavares de Siqueira.

D. Córdula Maria Gonçalves Cordeira, mulher do Tenente Antônio dos Santos Pinheiro.

D. Ana Francisca Laines, mulher do Capitão-mor Antônio de Sousa Pereira.

D. Maria Laines, mulher do guarda-mor Luiz Manoel Pereira.

D. Maria Cardosa Pazes, mulher de Agostinho Machado Lima.

D. Maria Clara de Assunção Lanóia.

D. Maria Angélica, mulher de Agostinho da Silva Vale.


D. Maria Engrácia do Rosário, mulher de Inácio de Oliveira Cercal.

D. Maria Cárcere, irmã de Agostinho da Silva Vale.

D. Joaquina Anania dos Prazeres, mulher de Jacinto Xavier Nunes.

D. Maria Lourença de Lima, mulher de Vicente Ferreira do Vale.

D. Leocádia Antônia da Costa Pereira, mulher do Capitão Manoel Antônio Pereira.

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D. Maria Ricarda, mulher de Leandro José da Costa.

D. Maria Camília, mulher do Capitão João Machado Lima.

D. Maria da Conceição Pimentel, mulher de José da Costa Cordeiro.

D. Ana Pinheiro França, mulher do Capitão José Xavier de Oliveira.

D. Francisca Pinheira, mulher do Capitão Veríssimo Gomes.

D. Maria Clara Guimarães, mulher do Comendador Manoel Antônio Guimarães.

Finalizando aqui este breve esboço, a descendência de tantas famílias ilustres, multiplicadas como
as estrelas do céu.

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PARÁGRAFO 5º

Comércio interior e exterior de exportação e importação que tem a Cidade de Paranaguá com
diversos portos do Império e estrangeiros.
444 _ O comércio é a base fundamental em que se estabelecem as Repúblicas, os Estados e as
Monarquias comerciantes. Ninguém ignora que os governos mais iluminados, empenhando-se com
eficácia em promover e auxiliar o comércio, tem chegado à sua maior prosperidade, do que em
dilatar os limites de suas conquistas, e que por força deste grande princípio a que os verdadeiros
políticos chamam o quinto elemento da terra, é que se exporta facilmente o que sobeja em
qualquer país, para se transportar até os climas ainda os mais remotos e destes se importa o que
há também neles de sobejo. Desta sorte é que se aumentam prodigiosamente as manufaturas,
desterra-se a ociosidade tão prejudicial à subsistência e boa harmonia dos indivíduos, enriquecem-
se as famílias, multiplicam-se os exércitos e as armadas; e até se conseguem vitórias e triunfos de
sua natureza tão duvidosas e incertos e sem recorrermos às antigas cidades de Tiro, Cartago e
Alexandria, vemos a Holanda, Inglaterra, Itália e Rússia dilatar a força de seus comércios, vínculo o
mais permanente da sociedade civil; e por virtude da qual as nações mutuamente se unem,
fazendo-se os homens dependentes uns dos outros, e conseguintemente aptos a conhecerem os
meios que devem beneficiar a humanidade, meios estes dispostos pela mão poderosa do Excelso,
que tantas preciosidades e riquezas criou no solo do Município paranagüense para regalo e
utilidade das criaturas; e deste breve resumo se infere a verdadeira definição e divisões do
comércio, que nenhuma outra coisa é mais que a troca feita do supérfluo pelo necessário. O
comércio ativo cuja exportação é maior que a importação é o que faz a Cidade de Paranaguá com
todos os portos estrangeiros, do Rio da Prata, como o de Montevidéu, Buenos Aires e Chile e
outros, e ainda mesmo com alguns portos do Império, entre eles o do Rio Grande do Sul,
resultando em conseqüência este em favor do país, devendo caminhar sempre em prosperidade;
quando o interesse e a ambição entrar na classe da população pobre agrícola, estimulada pelas
colonizações européias, que porventura o Governo queira introduzir no Município, ou mesmo no
círculo da nova divisão da Comarca em Província.

Imensos terrenos devolutos se acham incultos em distância de 8 a 10 léguas,

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aquém da grande cordilheira da marinha, não falando nos grandíssimos sertões além dela, até o
rio Uruguai, em que podem ser bem acomodados mais de cem mil colonos e nos círculos dos
municípios da Cidades, Vilas de Antonina e Morretes, desde as fraldas da cordilheira até as
margens das baías e principalmente nas cabeceiras dos rios Gorguaçu, Guaraqueçaba, Serra
Negra, Togaçaba, da Cachoeira, e Faisqueira e rio Sagrado podem acomodar-se mais de 30 a 40
mil habitantes. Se o Governo com afinco promoverá uma igual colonização para o território do
Brasil, em igualdade a que aflui anualmente para os Estados do Norte da América, certamente o
Império seria o mais rico do globo; a indústria, as artes e manufaturas renascerão de suas cinzas,
o comércio e a navegação se tornaria florentíssima, e as colônias européias prosperarão a
exemplo da de S. Leopoldo do Rio Grande do Sul, e outras, o comércio interior, abertas as
estradas para Cuiabá e Mato grosso, e reparando-se as existentes em melhor estado de trânsito
de carros, por estes canais de riqueza nacional, todos os produtos seriam levados aos portos
litorais da marinha e o de Paranaguá o empório de todos.

Comércio interno. Paranaguá conserva este comércio com as Vilas centrais, enviando os gêneros
necessários ao seu consumo, sendo entre eles os principais: as bebidas líquidas e o sal,
recebendo em permuta a erva-mate, feijão, milho e gado vacum e outros diversos, que bem não
suprem por causa do mau estado em que se acham as estradas, sendo necessário virem de fora
importados como o feijão da Ilha de Santa Catarina e toucinho de Santos.
O comércio exterior marítimo de exportação é dividido em dois ramos: para os portos do Império e
fora dele; este último ramo se verão especificados nos dois mapas de nº 35 e 36, feitos pelo hábil
cidadão Vicente Ferreira Martins, primeiro escriturário da alfândega; no primeiro se mostram os
gêneros nacionais que se exportaram no ano financeiro de 1º de julho de 1848 a 30 de junho de
1849; e no segundo mostram os gêneros exportados do 1º de julho de 1849 a 31 de março de
1850; por eles se conhece evidentemente, o grau de prosperidade com que o comércio marítimo
de Paranaguá vai florescendo. No mapa nº 4, a páginas 35 deste volume, se vê que no ano de
1839 saíram 77 embarcações carregadas para os portos do Império com 4.937 toneladas; e 25
embarcações para os portos estrangeiros com 3.741 toneladas; e no pequeno espaço de dez anos
decorridos até 1849, aparece em dito mapa uma grande diferença de saírem 100 embarcações
para os portos do Império, com 5.836 toneladas e 92 para os portos estrangeiros com 22.940
toneladas, diferença extraordinária crescida em pouco tempo, chegando os valores parciais dos
gêneros exportados no ano financeiro de 1848 a 1849 à cifra de Réis 775:197$431; e neste dito
ano se exportaram para os portos do Rio da Prata e Chile: 73.671 terços de erva, com 366.713
arrobas, no valor parcial de Rs. 696:310$429. E no primeiro semestre decorrido, do 1º de julho de
1849 a 31 de março de 1850, se exportaram para os mesmos portos 48.231 terços e 266.834
arrobas; é este o maior ramo de comércio

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que exporta esta Comarca, riqueza inesgotável de um vegetal produzido espontaneamente pela
natureza, sem nenhum cultivo, mais do que seu beneficiamento, em mais de 50 fábricas de soque,
que trabalham efetivamente neste gênero, e em que são ocupadas centenares de pessoas,
exportação que regula com um terço do número das arrobas de chá que anualmente exporta a
China para os portos da Inglaterra; e se esta bebida a Europa algum dia a adotar, em lugar do chá,
a China não receberá mais a riqueza européia, revertendo ao Império do Brasil, donde tem sido
extraídas de suas riquíssimas minas.

Madeiras exportadas vê-se no dito mapa seus valores parciais chegarem a 30:416$827; no mesmo
ano gênero este sem cultivo algum, mais do que o trabalhador de o ir cortar nas extensas matas,
lavrá-las e conduzi-las aos portos de embarque; este gênero pode reduplicar sua exportação anual,
principalmente depois que as estradas se acharem em bom estado e por elas possam descer as
madeiras de pinho dos sertões imensos além das serras; e levando sua exportação a mais de cem
contos de réis anualmente.

O arroz, planta mui produtiva do país, e se vê no mapa ter-se exportado para os portos
estrangeiros 3.077 sacas com 6.215 alqueires, e seu valor parcial chegar à cifra de Rs.
22:850$600, quando pode muito bem pela afluência do comércio, e introdução do arroz da Carolina
melhorar-se esta plantação, reduplicando o valor da exportação acima, de 150 a 200 contos de
réis.

A aguardente de cana, ainda que ao presente a exportação não mostre grande vantagem, como se
vê no dito mapa de ter saído 189½ pipas e 86 barricas e seus valores parciais em Rs. 10:345$800.
Mas a causa primária dela não ter maior merecimento no mercado estrangeiro é dos fabricantes a
não fazerem classificada, e a de não chegarem ao ponto de 21 a 22 graus, mas logo que a
fabriquem com perfeição, pode este gênero quadruplicar, pois que o terreno é muito ótimo e até
favorável.

O mesmo se pode augurar de outros diversos gêneros como farinha de mandioca, fumo, feijão,
milho, batata inglesa, toucinho, casca de mangue, doce de goiaba, e outros diversos gêneros que
são exportados aos portos do Império, como vão exarados no mapa da exportação nº 37, entre os
oitos anos financeiros decorridos desde 1839 a 1847, pelo qual bem se pode conhecer o grande
aumento que dora em diante pode ter cada um dos mesmos gêneros.

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Mapa de exportação dos gêneros nacionais para fora do império do 1º de julho de 1848 a 30 de
junho de 1849
--

Arroz Sacos 1.444 841 7 40 311 434 3.077 Alqueires 2.908 1.681 13 80 622 911 6.215 Aguardente
Pipas 61½ 122 3 189½ Barris 1 14 57 14 86 Açúcar Barricas 3 22 5 30 Arrobas 18 73 20 111
Batatas Cestos 12 10 19 41 Arrobas 35 29 58 122 Bananas Caixas 137 379 70 18 262 866 Carne
seca Arrobas 37 5 200 6 248 Café Arrobas 3½ 10½ 4 18 Casca de

mangue Alqueires 2900 2900

Doce Caixotes 1 2 3 Libras 96 40 136 Fumo Rolos 349 4 353 Arrobas 753 6 759 Feijão Sacos 2 32
287 211 532 Alqueires 3 65 576 430 1074 Fio de

algodão Arrobas 1 1 Galinhas 287 116 67 117 737 Erva-mate Terços 28.236 27.806 17.609 73.651
Arrobas 158.467 155.556 52.690 366.713 Jasmim Mudas 67 54 8 129 Laranjas 48$ 20$ 8$100
76$199

Total

Bombaim

Ilha dos

Açores

Valparaíso

Monte-

videú
Buenos

Aires

Rio da

Prata

Para Onde

--------------------------------------------------------------------------------

--

Lambiques 1 1 2 Leitões 14 28 21 63 Milho Sacos 7 1 2 4 14 Alqueires 15 3 4 9 31 Ovos 344 451


400 2.195 Ouro em obras 130 130 Selins 3 3 Toucinho Cestos 3 3 4 10 Arrobas 5 5 17 27

Madeiras

diversas Braços 198 198 Barrotes 38 38 Curvas 41 41 Caibros - dz 71 50 121 Cossoeiras dz 28


103 131 Eixos para

carretas 912 211 1.123 Fueiros _ dz 237 21 256 Forquilhas dz 19 19 Lenha

_ achas 978.522 125.700 1.314.057 21.500 20.000 10.000 2.469.779 Massas para

carretas 51 13 64 Pranchões dz 35 91 126

Paus tortos 790 100 890 Ripas

serradas _ dz 301 127 428

Total

Bombaim

Ilha dos

Açores

Valparaíso

Monte-
videú

Buenos

Aires

Rio da

Prata

Para Onde

--------------------------------------------------------------------------------

--

Galinhas 383$220

Erva-mate 696.510$429

Jasmim 78$860

Lambiques 630$000

Leitões 349$340

Milho 46$520

Madeiras diversas 30.416$827

Ovos de galinha 40$520

Ouro em obras 1.832$000

Selins 30$000

Toucinho 98$540

Raios para

carretas 155 184 339 Taboado - dz 43 191 3 12 249 Tirantes 940 572 1512 Varas _ dz 543 310
853 Vigas 1.325 1.025 229 2.759

Valor dos

gêneros
Exportados 329.888$617 307.987$395 8.570$225 116.474$174 6.078$020 6.199$000
775.197$431

Importa

dos direitos

de 7 % 23:092$203 21:509$117 599$915 8:153$192 425$461 433$930 54:263$819


VALORES PARCIAIS

Total

Bombaim

Arroz 22:850$600

Aguardente 10:345$800

Açúcar 340$985

Batatas 119$000

Bananas 158$790

Café 57$200

Casca de mangue 886$000

Doce 38$000

Fumo 3.812$800

Feijão 2.697$120

Farinha 2.871$240

Fio 16$000

Ilha dos

Açores

Valparaíso

Monte-

videú
Buenos

Aires

Rio da

Prata

Para Onde

--------------------------------------------------------------------------------

--

Aguardente 51½ 4 55½ Arroz alqueires 5.254 104 258 374 320 874 210 7.394

Açúcar _ alqueires 3.976 3.976

Café _ barricas 21½ 21½

Casca de

mangue _ arrobas 300 300

Cascos ou pipas

vazias 330 260 100 298 200 1.188

Carne seca _ arrobas 326 70 20 80

Farinha _ alqueires 300 1.198 540 5.558

Feijão _ alqueires 616 300 200 120 280 1.516

Goma _ alqueires 151 151

Erva mate

terços 41.831 6. 283 117 48.231

arrobas 232.531 33.362 941 2 66.834

Madeiras

botadouros 280 264 544


Caibros 351 351

curvas 391 9 400 cambotas 13 13

cortes de remos 80 80 estacas - dúzias 275 275

eixos 387 203 41 631 forquilhas - dúzias 72 166 238

fueiros _ dúzias 300 300

lenha _ achas 470.200 254.750 65.000 20.000 8.000 20.000 4.900 842.900

maças 41 5 8 54

Mapa de exportação dos gêneros nacionais para fora do império do 1º de julho de 1849 a 31 de
março de 1850

Total

Califórnia (*)

Açores

Batavia

Valpa-

raíso

Havana

África

Monte-

vidéu

Buenos

Aires

Para Onde
--------------------------------------------------------------------------------

--

pranchões _ dúzias 126 126

paus tortos 3 3

pau a pique _ dúzias 36 36

ripas serradas

_ dúzias 315 18 333

raios 278 24 74 376 taboado _ dúzias 74½ 1 45 120½

tirantes 1.951 258 2.209

vigas 2.206 201 220 2.627

varas _ dúzias 275 133 408 couçueiras - dúzias 476 4½ 480½

paus roliços 7 7

Plantas de jasmim 20 20

Mel _ garrafas 20 20

Sabão _ caixotes 700 700 Bombas para

mate _ dúzias 150 150

(*) Conquanto figura para Califórnia, o destino foi para o Rio da Prata.

N. B. Os gêneros para África, Havana, Batávia, Açores o seu destino verdadeiro foi para África.

Paranaguá, 25 de abril de 1850.

Total

Califórnia (*)

Açores

Batavia

Valpa-
raíso

Havana

África

Monte-

vidéu

Buenos

Aires

Para Onde

--------------------------------------------------------------------------------

--

Aguardente

Pipas 10 87 99 74 62 70 89 156 105 752 Meias pipas 1 1 1 16 1 20 Barris 3 21 8 15 27 19 45 4 142


Amarras de imbé 16 7 3 1 2 29 Arroz _ alqueires 4.074 2.789 2.435 198 498 2.384 8.826 2.484
2.128 25.816 Açúcar _ arrobas 254 422 75 8 Résteas 300 500 2.260 100 Batelões 3 1 4 Bombas
para embarcações 3 1 4

Bombas para mate

_ dz. 160 25 200 270 1.076 2.308 1.119 1.135 586 6.880 Betas _ peças 4.955 3.496 5.329 726
8.661 8.302 4.570 7.394 4.378 47.811 Cal _ moios 1.199 417 88 54 578 116 105 127 106 2.289
Cabos de embé

_ peças 640 440 1.725 546 815 1.103 77 90 107 5.543 Carne seca _ arrobas 110 1.379 22 54 654
1.797 200 4.216 Caraguatá _ arrobas 2 2 2 6 Couros de veado 63 129 51 12 23 58 156 492 Colher
de pau 18 18 Cigarros de palha 40.000 267.600 30.800 338.400 Doces - caixões 1 6 7 Cebolas _
résteas 36 100 600 736 Cera da terra _ arrobas 4 4 Camarão _ arrobas 3 3 Café - arrobas 110 3
16 22 151 Casca de mangue _ arrobas 1.897 1.897 Berbigões- barricas 20 20 Chifres 3.500 1.025
4.525

Mapa da exportação de Paranaguá, para os portos do Império, nos anos financeiros abaixo
declarados, sendo para o Rio de Janeiro, Santa Catarina e seus portos, Rio Grande do Sul,
Laguna, e para os portos desta Província de S. Paulo
Soma a exportação em 9 anos

1846

1847

1845

1846

1844

1845

1843

1844

1842

1843

1841

1842

1840

a
1841

1838

1839

1837

1838

Anos Financeiros

--------------------------------------------------------------------------------

--

Enfrexates _ peças 586 256 86 740 2.168 Estopa da terra

_ arrobas 46 129 175 Ervilha _ alqueires 6 6 Esteiras _ dz Batatas - arrobas 7 7 Feijão _ alqueires
36 4 186 416 194 46 998 224 2.104 Farinha de mandioca

_ alq. 1.388 283 2.786 2.446 561 997 1.205 4.023 266 13.995 Fumo _ arrobas 262 504 254 278
L135 179 311 294 128 2.345 Favas _ alqueires 27 27 Goma _ alqueires 100 1 25 4 7 220 30 23
410 Garras de couro _ arrobas 20 6 26 Graxas _ arrobas 64 64 Erva-mate _ arrobas 1.556 3.092
2.025 3.486 2.456 1.234 6.754 12.144 4.466 37.213 Erva-mate

_ carguinhas 220 11.763 6.654 23.334 18.749 5.352 1.212 21.900 23.149 112.333 Erva—mate -
Cestos 39 380 620 135 107 524 205 70 2.080 Erva-mate _ alqueires 97 950 1.150 337 267 1.310
514 182 5.207 Louças de barro _ dz 444 3 5 452 Mendobi _ alqueires 60 100 148 156 464 Milho _
alqueires 80 50 6 136 Madeiras _ barrotes 77 160 70 123 327 20 20 96 893 Id. - braços 2.551 831
792 200 261 43 4.678 Id. _ curvas 1.820 48 112 395 188 317 2.880 Id. _ caçoeiras _ dz. 422 379
130 93 387 163 125 74 99 1.872 Id. - Caibros _ dz 8 332 227 1.417 407 323 1.336 607 678 5.335
Id. _ lenha - achas 22.300 76.300 36.500 22.000 14.500 33.100 78.000 159.000 76.100 517.800 Id.
_ pranchões _ dz 9 154 36 360 41 45 24 3 44 716 Id. _ paus tortos 466 356 1.684 351 501 551 536
4.445 Id. _ portadas 7 55 13 29 12 24 37 91 94 362 Id. _ ripas de gissara

Soma a exportação em 9 anos


1846

1847

1845

1846

1844

1845

1843

1844

1842

1843

1841

1842

1840

1841
1838

1839

1837

1838

Anos Financeiros

--------------------------------------------------------------------------------

--

- dz 2.546 3.602 1.116 867 930 1.563 1.866 3.305 5.260 21.055 Id. _ ripas serradas _ dz 6 93 99
Id. _ taboado _ dz 555 352 367 135 162 554 454 328 351 4.258 Id. _ toros de ipê 7 50 9 9 75 Id. _
tirantes 221 40 31 97 349 143 881 Id. _ varas _ dz 355 15.100 34 58 26 2 14 10 15.599 Id. _ vigas
10 1.476 262 334 371 135 622 318 702 4.230 Id. _ mãos de cinta 48 14 3 65 Id. _ forquilhas 20 25
45 Id. _ estacas _ dz 2.308 50 184 2.542 Id. _ remos de pá _ dz 49 19 10 8 8 55 40 18 207 Id. _
cortes de remos de voga 130 130 Id. _ paus de prumo 24 61 298 383 Id. _ maças de ipê

p/ carretas 20 15 35

Id. _ paus roliços 216 8 418 Pinhão _ alq. 28 12 18 17 27 18 120 Perdizes _ barris 4 12 16
Peneiras _ dz 4 4 Pederneiras _ caixões 2 2 Telhas 10.000 17.300 28.900 33.000 44.000 133.200
Tijolos 200 2.300 11.800 10 14.400 Queijos 340 100 490 212 1.142 Toucinho _ arrobas 75 306 100
36 773 27 37 21 30 1.405 Viradores de imbé 33 15 2 1 3 4 3 5 12 78 Ostras _ barris 4 2 6 Peixe _
barris 4 1 1 6 Pitões 2 7 5 14

Paranaguá, 25 de maio de 1850. Vicente Ferreira Martins.

Soma a exportação em 9 anos

1846

1847
1845

1846

1844

1845

1843

1844

1842

1843

1841

1842

1840

1841

1838

1839
1837

1838

Anos Financeiros

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PARÁGRAFO 6º

Governo Administrativo civil, eclesiástico e judiciário que tem a Cidade de Paranaguá; e das rendas
públicas, cônsules e vice-cônsules das nações estrangeiras, empregados em o comércio; e artes
fabris e mecânicas.

A Cidade tem um governo administrativo em uma Câmara Municipal cuidados das necessidades
de seu Município, no asseio e engrandecimento da Cidade.

No governo judiciário do cível e crime, há um Juiz Municipal e de Órfãos, com seu escrivão e
oficiais de justiça; e os juízes de paz para fazer as reconciliações as partes queixosas; tanto no 1º
como no 2º distrito da Cidade.

No governo policial há um delegado e subdelegado no 1º e 2º distrito da Cidade, e os oficiais dos


quarteirões dos respectivos bairros.

No governo eclesiástico tem um Vigário da vara com a subdelegacia do Ex.mo Bispo da Diocese e
o seu respectivo escrivão.

No governo militar tem um Coronel comandante em chefe da legião das guardas nacionais, e cada
batalhão os seus tenentes coronéis comandantes; e cada companhia seus capitães e os
respectivos oficiais, tanto no 1º como no 2º distrito da Cidade.

Dos negócios estrangeiros há na Cidade os cônsules e vice-cônsules seguintes:


Do Reino de Portugal: Vice-cônsul Francisco José Pinheiro.

De Sardenha: Vice-cônsul Francisco Ferreira Pinheiro

De Buenos Aires: Vice-cônsul o Major Antônio Pereira da Costa, Cavaleiro da Ordem de Cristo.

Do Chile : Cônsul: o mesmo sargento-mor Antônio Pereira da Costa.

Do Uruguai: Vice-cônsul José Pinto de Amorim.

Em títulos de grandeza tem a Cidade de Paranaguá, o título de Marquesado, na viúva do 1º


Marquês Francisco Vilela Barbosa, em Dona Maria de Nazaré de Carvalho Vilela.

Na administração das rendas nacionais tem a casa da alfândega e a mesa do consulado com o
seu inspetor, guarda-mor e os componentes oficiais das diferentes repartições.

Na defesa externa tem a Cidade a fortaleza da barra com o seu

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comandante e a guarnição competente.

Da saúde pública há um cirurgião-mor do porto, um hospital da Santa Casa da Misericórdia


destinado aos curativos dos enfermos marítimos e dos pobres do país.

Da saúde particular tem a Cidade médicos alopatas e 1 homeopata, botica.

Na recreação pública tem uma casa de ópera e o do baile da amizade.

Na instrução primária há 2 escolas de meninos, outra de meninas, 1 colégio de educação e 1 aula


de latinidade, e diversas escolas particulares de um e outro sexo.

Na recreação filarmônica há duas escolas de música, uma do professor de latinidade João Manoel
da Cunha, outra no colégio de educação e 8 pianos em casas particulares, achando-se ao
presente os paranagüenses bastantemente adiantados na cultivação das artes liberais.

Da saúde pública particular há 1 médico e um cirurgião alopata e 1 homeopata, 2 boticas e outra


da Santa Casa da Misericórdia.

Na classe comercial que há na Cidade de lojas de fazenda seca, armazéns de molhados e de


massames, vendas, botequins e casas de pastos.

Das artes mecânicas, dos ofícios de ourives, funileiros, caldeireiros, ferreiros, alfaiates, sapateiros,
carpinteiros de obra branca e ribeira, calofates e tamanqueiros.

Arte manufatureira. As fábricas de destilar aguardente e licores, as de pilar arroz e café, as de


serrar madeiras, e fazer a farinha de mandioca, etc. Não pude obter os mapas do número dos
negociantes das fábricas, e o das pessoas correspondentes a cada ofício em particular, o qual fica
ao cuidado da Câmara Municipal de o mandar organizar, colocando-o neste lugar para
completamento da história paranagüense.
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CAPÍTULO QUARTO

Memória histórica dos sucessos e fatos mais notáveis acontecidos em Paranaguá, servindo de
continuação ao primeiro tomo, desde o ano de 1815 inclusive ao de 1840; e a série cronológica dos
antigos provedores das minas de ouro.

PARÁGRAFO 1º

Série cronológica dos antigos provedores das minas de ouro que houve em Paranaguá.

445 _ Bem digno seria hoje saber-se os nomes dos provedores e dos mais oficiais que
antigamente houve na oficina e casa da fundição dos quintos e rendimentos que a mesma teve,
desde sua fundação, em 1697, até sua extinção em 1730, mas não se encontram nos livros
existentes no arquivo da Câmara; nenhumas memórias que indicassem tais esclarecimentos e
apenas os nomes de alguns provedores mais salientes que ocuparam um cargo tão honorífico; tais
foram os seguintes:

1648 _ 1º - Eliodoro Ébano Pereira, general da armada das canoas de guerra do mar do sul: foi
administrador geral das minas de Paranaguá; ignora-se os anos que serviu; e antes deste, quantos
houve.

1654 _ 2º - Provedor sabe-se haver ocupado este cargo pela declaração dum requerimento que fez
à Câmara Diogo de Lara, procurador dela, requerendo que como o provedor se achava doente, e
em perigo de vida e por não perecerem os reais quintos, se mandasse receber dele, o ouro que
sem uma mão se achasse e fosse posto em depósito; e só acharam-lhe 127 oitavas, e foi
depositado na mão de Antônio Nunes.

1655 _ 3º - Pedro de Sousa Pereira foi administrador geral das minas; veio a Paranaguá neste ano,
com ordem de Salvador Correia de Sá, governador do Rio de Janeiro, a fazer conduzir todos os
índios que estivessem aldeados, ao que se opôs o povo; e o capitão-mor Gabriel de Lara, por ficar
a terra despovoada e sem gente para a defender.

1656 _ 4º - Mateus Vaz, desde o ano de 1656; mas ignora-se os anos que ocupou.

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1664 _ 5º - Agostinho Barbalho Bezerra; ignora-se os anos que serviu nesta administração.
1668 _ 6º - Tomás Fernandes de Oliveira; foi capitão-mor e ocupou o cargo de provedor das
minas.

1670 _ 7º - Agostinho de Figueiredo, governador da Vila de s. Vicente, foi administrador geral das
mesmas.

1674 _ 8º - O Capitão Manoel de Lemos, Conde por provisão de 26 de março de 1674, passada
por Agostinho de Figueiredo, governador de S. Vicente.

1674 _ 9º - Tomé de Sousa Pereira, provedor da Real Junta da Fazenda do Rio de Janeiro e
também das minas de ouro da costa do sul.

1677 _ 10º - O licenciado Clemente Martins apresentou em Câmara as provisões que nomeava a
Agostinho Barbalho Bezerra de provedor das minas.

1688 _ 11º - O Capitão Manoel de Lemos, Conde nomeado por Patente de 27 de novembro de
1684, passada por Agostinho de Figueiredo, Capitão-mor de S. Vicente.

1690 _ 12º - Domingos Pereira Fortes; foi encarregado da administração das minas da repartição
do sul.

1690 _ 13º - Gaspar Teixeira de Azevedo, foi Capitão-mor e provedor das minas de ouro, por
patente de 4 de outubro de 1690 e provisão de 12 de fevereiro de 1691, passada por Domingos
Pereira Fortes, provedor da contadoria da Real Fazenda do Rio de Janeiro; em 1698 ainda era
provedor.

1703 _ 14º - Garcia Roiz Pais foi guarda-mor das minas da Capitania de S. Vicente, e deveria
governar as de Paranaguá.

1721 _ 15 _ O Capitão-mor André Gonçalves Pinheiro, provedor das minas, talvez antes de 1721
até 1730.

16 _ Diogo da Pascária, Tenente-coronel de ordenanças e ocupou o cargo de provedor mais de 5


anos.

17 _ Damião Carvalho da Cunha, sargento-mor de ordenanças, também foi provedor delas.

Outros diversos ocupariam este mesmo cargo pois que o mesmo era somente conferido por três
anos.

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PARÁGRAFO 2º

Sucessos e fatos históricos, desde 1815, incluso até 1850, em continuação da memória histórica
do primeiro volume.
446 _ 1815 _ O Capitão-mor Manoel Antônio Pereira passou ordem circular aos comandantes de
companhias para cada um promover em seus distritos a plantação da mandioca, obrigando a cada
morador dos sítios a plantarem pelo menos dez feixes de rama.

447 _ 1816 _ Ofício de 4 de março que o mesmo Capitão-mor Manoel Antônio Pereira dirigiu ao
Governo da Província, queixando-se contra o atual Juiz de Fora o Doutor Antônio de Azevedo
Carvalho e Melo que sendo chamado à Câmara, que ele fora com sua farda por ir com mais
decência em razão de ser nomeado Capitão-mor por S. Excelência e confirmado por S. A. Real, e
indo tomar posse na qualidade de procurador da mesma, e ali fora logo intimado pelo escrivão por
ordem do mesmo juiz de fora, que antes de mais nada fosse tirar a farda; fazendo-lhe
publicamente esta desfeita representando-lhe já que ali estava o dispensasse de ir a casa mudar
de roupa e não deveria ser privado da honra de poder andar com ela, em todas as mais partes.

448 _ 1816 _ Ofício de 24 de julho que o mesmo Capitão-mor dirigiu ao Conde de Palma,
Governador da Capitania, participando que o Ex.mo Bispo do Rio de Janeiro Dom José de Sousa
Coutinho tinha chegado àquela Vila no dia 19, e que logo no dia seguinte seguira seu destino; e
pela pressa com que ele foi, se lhe não puderam fazer os devidos cortejos, estando todas as
pessoas prontas para isso; e que mandara ao Capitão Francisco Gonçalves Rocha, de o ir
acompanhar até ao Rio de S. Francisco Xavier do Sul.

449 _ 1816 _ Ofício de 7 de junho de 1816, que o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira escreveu
ao Conde de Palma, do teor seguinte: "Il.mo e Ex.mo Senhor. Em 2 do corrente mês, recebi o
ofício de V. Excelência, de 24 de fevereiro, dirigido a mim e aos oficiais da Câmara desta Vila, e
com ele a Real Provisão de 14 de agosto de 1815, e em conseqüência da qual requeri ao Doutor
Juiz de Fora, atual, que tinha um ofício de V. Excelência, e que queria ele mandasse avisar aos
oficiais da Câmara, para se proceder na abertura e que na mesma ocasião queria fazer a
nomeação de um Capitão, com efeito se procedeu a fazer Câmara no dia seguinte, onde apareceu
o sobredito Doutor Juiz de Fora; este,

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ansioso, a querer saber o conteúdo do ofício de V. Excelência me mandou assentar no meu lugar
de procurador o que assim aconteceu, enquanto se tratou dos negócios do Conselho, e logo que
se acabaram me levantei e lhe fiz ver pelo meu regimento e ordens de V. Excelência e não esteve
por isso, dizendo que era membro do Senado, e alterou vozes, seguindo-se ele mesmo abrir o
ofício e lendo a cópia da provisão de S. Majestade, respondeu que ele não era juiz ordinário, que
se não entendia com ele, e que ficasse certo que, enquanto ele fosse Juiz de Fora, que eu ali não
era nada e que ele não cedia o seu lugar, e que se envergonhava de ser Presidente da Câmara de
Paranaguá, e que o regimento de ordenanças era muito antigo e que há muitas leis novas nestes
termos; estou com as mãos atadas, me não posso apartar das ordens de S. Majestade e as ordens
de V. Excelência porque não desejo desmerecer no serviço de S. Majestade e na execução das
ordens de V. Excelência. Queira V. Excelência resolver o que for justo a fim de evitar maiores
conseqüências ao sossego público. Deus guarde a V. Excelência por muitos anos. Paranaguá, em
7 de junho de 1816. O mais humilde súdito e criado. Il.mo e Ex.mo Senhor Conde de Palma,
Governador e Capitão General desta Capitania de S. Paulo. Manoel Antônio Pereira, Capitão-mor."

450 _ 1816 _ Ofício de 13 de agosto que o Capitão-mor escreveu ao Governador José Vitorino
Rocha, participando-lhe mandava suspender o piquete de ordenanças que estava destacado na
Vila pela razão de ter o Doutor Juiz de Fora Antônio de Azevedo Carvalho e Melo ultrajado em
várias ocasiões as ordenanças, acontecendo pela parte que lhe tinha dado o cabo Zacarias Luiz,
que ele chegando com seus camaradas domingo à noite aconteceu que o Doutor Juiz de Fora dar-
lhes pancadas em alta noite e prendê-los na enxovia, estando eles dormindo, onde estavam
aquartelados; à vista disto e do desassossego do povo e o que se estava vendo e acontecia na
guarda da cadeia e nos quartéis e que portanto suspendia o destacamento das ordenanças.

451 _ 1817 _ Ofício de 15 de janeiro que o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira escreveu ao
Marechal Cândido Xavier de Almeida e Sousa, sobre o que este lhe ordenara em mandar fazer 5
quartéis no seu distrito nos lugares destinados, participando se estavam concluindo e que era
necessário S. Excelência ordenasse a compra de quatro canoas de três e meio palmos de boca e
se porem nos lugares das mesmas paradas e que o importe das faturas desses quartéis chegava a
quantia de Rs. 274$198.

452 _ 1817 _ Ofício de 11 de junho do mesmo Capitão-mor ao Conde de Palma, Governador e


General da Capitania, participando não haver naquela Vila nenhuma defesa, podendo acontecer
serem invadidos e saqueados pelo inimigo ou corsários de Buenos Aires, e que não havia pólvora,
bala, nem armas e que mandasse duas peças de campanha, e que seria acertado um
destacamento de dois homens no pico da Ilha da Cotinga, sentinela com uma bandeira para fazer
sinal quando entrasse embarcação, pela noticia que havia de se terem

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armado corsários em Buenos Aires.

453 _ 1817 _ Ofício de 19 de maio do mesmo Capitão-mor ao Conde de Palma, mostrando a


necessidade que havia de mandar quarenta praças de tropa de linha para fazer o efetivo serviço
dos destacamentos da Vila, a fim de poderem descansar os milicianos.

454 _1817 _ Ofício de 21 de agosto do mesmo Capitão-mor dirigido ao Ex.mo Bispo Diocesano,
remetendo um plano para o distrito de Paranaguá ser dividido o corpo de ordenanças por três
freguesias da maneira seguinte:

1ª Freguesia na Vila e anexas.

A Vila de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá com a população dela de 4 companhias de


ordenanças em 21 bairros e perto de 4 mil habitantes mais ou menos.

Segunda freguesia que se deve criar nova, distante desta Vila 10 léguas, na ponta do morro de
Guaraqueçaba, com 7 bairros anexos e que terá mais de mil habitantes, que são os rios de
Guaraqueçaba, Cerco Grande, Poruquara, Varadouro, Superagüi, Ilha das Peças e Pavouça, com
toda a costeira anexa ao mesmo distrito.

Terceira nova freguesia que se deve criar distante desta Vila 5 léguas, na ilha Rasa Grande ou na
ponta do morro das Almas com 7 bairros e neles mais de 1.500 habitantes, compreendidos em
Itagacetuva, rios dos Medeiros, Itaqui, Borrachudo, ilha Rasa Grande, Itagaçaba e Serra Negra.

Rogando a S. Excelência o Rev. Bispo a criação destas duas novas freguesias pela precisão e
comodidade dos povos. Serviço de Deus e de S. Majestade.

455 _ 1819 _ Portaria de 11 de agosto dirigido ao Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, para
mandar pôr os necessários transportes com todo o asseio que for possível para a passagem do
Ex.mo Sr. Coronel Afonso Furtado de Mendonça, e sua comitiva que saíram de S. Paulo, no dia 15
a cujo ofício deu resposta em 31 de agosto, participando ter hoje mandado os transportes exigidos.

456 _ 1819 _ Ofício de 31 de agosto que escreveu o mesmo Capitão-mor Manoel Antônio Pereira
ao Marechal Cândido Xavier de Almeida e Sousa, participando que mandasse suspender aos
trabalhadores da estrada da Ilha do Mel, em razão de que não havia mantimentos e estes muito
caros e os povos muito ocupados com a lavoura por serem os meses de setembro, outubro e
novembro os mais próprios para as plantações da agricultura.

457 _ 1819 _ Ofício do mesmo Capitão-mor de 31 de outubro ao Governo da Província,


participando a desgraça acontecida a dois negociantes Francisco Antônio Senteneo e D. Felipe
Ferreira de ambos serem mortos faqueados por uns mulatos que andavam fugidos e com pleitos
judiciais a obterem suas liberdades, patrocinados por um rábula intrigante de nome João Antônio
Calvet cujos mulatos tendo-os comprado o dito falecido, se conspiraram contra seu senhor e o
mataram, bem como ao companheiro dele, no mesmo conflito.

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458 _ 1820 _ Ofício que escreveu ao Governo da Capitania em resposta da portaria de 7 de


dezembro do ano próximo passado, recomendando desse aposentadoria e transporte ao
Cavalheiro Mr. Saint Hilaire, vassalo de S. Majestade Cristianíssima, chegando a Paranaguá no dia
28 de fevereiro, aprontando-lhe um quartel bem mobiliado, e prestando-lhe todos os auxílios para
sua viagem que hoje seguia para a costa do sul.

459 _ 1822 _ Ofício de 30 de setembro do mesmo Capitão-mor ao Governo da Capitania,


participando ter tomado posse em 13 do corrente o Ouvidor sindicante José de Azevedo Cabral, e
no dia 22 igualmente tomou posse o novo Governador da Vila Miguel Reinaldo Bilstein, tendo vindo
do Rio de Janeiro.

460 _ 1824 _ Ofício de 27 de agosto que o mesmo Capitão-mor escreveu ao governo, participando
de ser necessário de haver um piquete de onze praças de ordenanças para o serviço da fortaleza,
e paradas e em atenção ao muito serviço que havia e suma pobreza dos habitantes, que S.
Excelência houvesse de lhes mandar dar municiamento, quartel e meio soldo e também ordem
para se mandar reparar o caminho do Varadouro.

461 _1824 _ Ofício de 15 de outubro que o mesmo Capitão-mor escreveu ao tenente-coronel


Carlos Lourenço Danhérvart, inspetor das barcas canhoneiras de Santos, respondendo sobre a
encomenda de tabuados de costado que só os havia de 20 a 25 palmos, de 2 a 2½ polegadas de
grosso e mesmo de 30 a 40 palmos ou mais, porém o frete deles seria caro porque avolumam
muito.

462 _ 1824 _ Ofício de 24 de outubro em resposta às portarias de 30 de setembro e 16 do


corrente, do Governo Antônio Monteiro de Barros, exigindo o informe em que se empregavam as
ordenanças destacadas nos piquetes, respondendo se empregavam no serviço da fortaleza, em
conduzir soldados e ofícios para a mesma assim como nas mais paradas dos pontos do
Varadouro, Superagüi, Ilha das Peças e do Mel e da barra do Sul e vila, etc.

463 _ 1825 _ Ofício de 3 de fevereiro que o mesmo Capitão-mor escreveu ao Brigadeiro Joaquim
Mariano de Moura e Lacerda, remetendo-lhe uma cópia da representação que fizera ao Ex.mo
Bispo, e rogando-lhe que, por serviço de Deus e de S. Majestade houvesse por bem propor e
criarem-se duas novas freguesias por ter presenciado ver enterrar muita gente por falta de
sacramentos no cemitério de Pavouça; e o mesmo na ponta do pasto por ter aquele distrito baías
perigosas e viverem os povos sem maior conhecimento do pasto espiritual e que fizesse subir a
mesma representação ao conhecimento do governo.

464 _ 1825 _ Ofício de 28 de fevereiro do mesmo Capitão-mor ao Governo, participando que em


13 do corrente tinha chegado àquela Vila o Brigadeiro Francisco Antônio de Paula Nogueira da
Gama, inspetor geral de milícias e ordenanças e que no dia 21 tinha passado revista às mesmas e
no dia 23 passou revista às milícias.

465 _ 1825 _ Ofício de 31 de dezembro do mesmo Capitão-mor dirigido ao Barão de Congonhas


do Campo, participando a retomada da sumaca Aurora.

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"Il.mo e Ex.mo Senhor Barão.

No dia 7 do corrente entrou neste porto a sumaca Menália, roubada por um pirata na altura de S.
Sebastião; o mesmo fez a sumaca Aurora, no dia 3 do corrente, vindo esta do Rio de Janeiro, e
bem importada a Aurora a mandava para Patagônia, a qual entrou nesta no dia 18 do corrente,
tomada pela tripulação que eram nove negros, entrando um pequeno, dizendo que tinham na altura
do Rio Grande, matado a7 ou 8 piratas, que a conduziam e só deixaram um que o Governador
desta remete a V. Excelência e causou esta novidade muita satisfação ao povo e por esta forma o
comércio sofreu menor prejuízo. Consta que os negros da terra andam formando barulho, porém
como já há malícia se averiguará a bem da segurança pública, com o Governador e Juiz de Fora,
que se tem dado as providências que nos parecem justas. Deus guarde a V. Excelência.

Paranaguá, 31 de dezembro de 1825.

Il.mo Senhor Barão de Congonhas do Campo.

Manoel Antônio Pereira".

466 _ 1826 _ Ofício que o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira escreveu ao Governo em 30 de
janeiro de 1826, do teor seguinte:

"Il.mo e Ex.mo Senhor. Recebi o ofício de V. Excelência de 5 do corrente em o qual me faz certo
que sete escravos meus e de Leandro José da Costa, pela ação de retomarem a sumaca Aurora e
salvaram os interesses de seus donos e carregadores, das mãos dos piratas, deve-se-lhes conferir
liberdade, acrescendo que cada um dos carregadores deve prestar provata para o referido fim, e
no mais do conteúdo do citado ofício fico certo e pedindo a V. Excelência respeitosa vênia,
respondo que seria bastante extenso assinalar por miúdo o acontecimento deste fato, basta dizer a
V. Excelência que, possuído de satisfação por tal motivo, tencionei logo libertar os que me
pertenciam, e por motivo deles e outros projetarem um barulho que felizmente se atalhou e dos
muitos roubos que fizeram a bordo em mercadorias minhas, e de diferentes marcas o não fiz, e os
conservo presos para os remeter para o serviço do arsenal ou da esquadra, ficando-me o direito
senhorio; quanto os de propriedade alheia nada posso fazer, e só gratificá-los com o que me for
possível, e pela relação junta verá V. Excelência os nomes a quem pertencem os mencionados
escravos. De outra relação também junta, conhecerá V. Excelência os nomes dos carregadores de
diferentes distritos onde residem, sendo os primeiros que tenham fazendas, carregados na sumaca
Aurora e os outros com a declaração de transbordadas da sumaca Menália, para a referida Aurora,
única embarcação que no mesmo dia apresaram, e por conseguinte traspassaram as fazendas as
quais os carregadores por suas marcas receberam as que aparecia, havendo em tudo bastante
prejuízo. Eu, Ex.mo Senhor, de meu voto próprio, abri uma pequena subscrição voluntária entre os
carregadores para gratificarmos aos escravos, a qual uns prontamente deram, e outros se
negaram a ela; e alguns, depois de prometerem ridículas quantias, ainda mesmo não contribuíram
com elas, como V. Excelência verá da carta

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junta, sendo aquele que recebeu maior interesse. À vista do que, me é dificultoso fazer agora nova
reunião para todos nós em rateio para o fim que V. Excelência ordena, e por isso encarecidamente
rogo a V. Excelência que com a sua costumada justiça e prudência digne-se cometer esta
comissão a qualquer outra autoridade desta Vila ou Comarca, que livre de não ter interesses
embarcados na dita sumaca, melhor do que eu possa desempenhar imparcialmente e obre
certificando somente a V. Excelência que a serviço algum me nego, e prontamente me sujeito
como súdito e obediente às acertadas ordens de V. Excelência, Ex.mo Senhor, estes escravos já
receberam pela subscrição o primeiro 40$ mil réis; o segundo 30$ mil réis, e os mais a 20$ mil réis,
além de outros agrados que lhe tenham feito e pretendo fazer, porém o barulho que eles
projetaram com os da terra e contra a minha e outras pessoas que felizmente se atalhou, me
desgostaram de tal forma que os não quero ver nessa. Deus guarde a V. Excelência por muitos
anos. Paranaguá, 30 de janeiro de 1826. Il.mo e Ex.mo Senhor Presidente da Província, Barão de
Congonhas do Campo".

467 _ 1832 _ Ofício de 31 de dezembro que escreveu o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, ao
Presidente, participando que no dia 28 do corrente, tinha passado mostra às ordenanças que
compareceram 350 praças armadas, com armas e piques e fazendo-se a falta de S. Majestade
Imperial, e com a presença do Governador que os animou muito, saíram à frente 267 praças, com
21 que já tinha remetido a Santos, faziam 288 cuja relação remetia ao Governador das armas da
Província.

468 _ 1833 _ Ofício do mesmo Capitão-mor ao Presidente, participando que no dia 30 de abril se
tocara rebate na Vila e todos compareceram com muito pouca diferença de faltas.

469 _ 1835 _ Portaria de 28 de agosto do Presidente Francisco Antônio de Sousa Queiroz,


concedendo a escusa de prefeito ao Capitão João Machado Lima, e foi nomeado em seu lugar o
Capitão-mor Manoel Antônio Pereira.

470 _ 1835 _ Ofício de 15 de outubro, que o mesmo Capitão-mor escreveu à Câmara, em resposta
à proposta que esta lhe fez, em ofício de 14, de ter nomeado a Dona Joana Maria de Melo para
ocupar a cadeira de professora de primeiras letras do sexo feminino; respondendo que no seu
parecer era muito boa a escolha que a Câmara nela fazia e por haver muita precisão de haver esta
cadeira bem como a da latinidade.

471 _ 1835 _ Em 16 de outubro, pelas 9 horas e meia da noite, foi atacada a ronda dos guardas
nacionais por seis ou oito escravos; que se supõe serem dos que andavam nas canoas de
Morretes e feriram dois guardas; e só conheceram um, dizendo ser do alferes João Antônio dos
Santos, tomando-lhe a espada.
472 _ Ofício de 16 de outubro do mesmo Capitão-mor escrito aos inspetores dos quarteirões do
Varadouro e Vertioga, Antônio José de Araújo e Manoel Gonçalves, para de comum acordo
promoverem o conserto do caminho do

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Varadouro, até a divisa de Cananéia, roçando os matos e fazendo os aterrados necessários.

473 _1835 _ Portaria do Presidente de 30 de outubro, nomeando ao sargento-mor Bento Antônio


da Costa, para subprefeito da Vila de Paranaguá.

474 _1835 _ Ofício de 31 de outubro do mesmo Capitão-mor ao Presidente, participando que, de


comum acordo com a Câmara, tinha mandado fazer o caminho do Varadourro e que parecia justo
se aumentasse o destacamento da alfândega de 7 a 10 praças e que se estava estabelecendo
uma praça para nela se venderem os gêneros ao povo por miúdo.

475 _ 1835 _ Portaria de 20 de novembro, aprovando a nomeação de Floriano Bento Viana para
subprefeito da capela de Guaraqueçaba.

476 _1835 _ Ofício de 8 de dezembro do mesmo Capitão-mor ao Vice-presidente da Província,


participando que no 1º de janeiro daria execução de suas ordens, a aumentar o destacamento da
alfândega e que tinha mandado a limpar dois furados no segundo distrito e a abrir um canal ainda
que pequeno, porém podia ser de grande vantagem para facilitar o trânsito dos moradores, e que
no canal da entrada para esta Vila havia mandado pôr balizas, tanto no do furado por onde
entravam canoas, como no que dava entrada às embarcações, apesar de que pouca duração
teriam, mas podiam ser conservados com módica despesa em combinação com a Câmara
Municipal. (1)

477 _ 1835 _ Portaria de 9 de dezembro do Presidente José Cesário de Miranda, dispensado do


cargo de subprefeito ao sargento-mor Bento Antônio da Costa.

478 _1835 _ Ofício de 9 de dezembro que o prefeito de Paranaguá dirigiu ao Presidente da


Província:

"Il.mo e Ex.mo Senhor. A Câmara Municipal desta Vila me remeteu suas contas de receita e
despesa, orçamento e posturas, cujas despesas desde o 1º de outubro de 1834 até o 1º de outubro
de 1835, em que mostra de receita a quantia de 1:132$626

com 800$ mil réis que o Ex.mo Governo lhe prestou

para as obras da Cadeia 800$000

de saldo que tinha a Câmara no ano de 1833 431$093

Soma 2:363$719.

Pela mesma conta se vê que a despesa do dito ano foi

a quantia de 2:099$240
havendo um saldo a favor da Câmara

até 31 do corrente ano 26$475.

(1)Todos os ofícios que escreveu ao Governo o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, desde o mês
de setembro de 1835 até março de 1849, foram na qualidade de prefeito.

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Cujas parcelas me parecem muito bem aplicadas pelo zelo com que os seus membros cuidaram
nos seus deveres. Juntamente remete o orçamento da Câmara para o ano de 1836, em que
mostra pelas despesas a quantia de Rs. 2:105$092, cujas me parecem muito conformes, e
algumas coisas mais se deveriam fazer, porém atendendo às circunstâncias, ficará para ao diante,
da receita montará em Rs. 1:680$200, e por isso que a mesma Câmara com suas rendas as não
poderia fazer as obras que precisa e acudir às necessárias sem o auxílio do Ex.mo Governo da
Província, ou por via de empréstimo. Deus guarde a V. Excelência. Paranaguá, em 9 de dezembro
de 1835. Il.mo e Ex.mo Senhor Presidente da Província. Manoel Antônio Pereira, Prefeito".

1835 _ Portaria de 11 de dezembro do Presidente da Província ao Prefeito, participando que o


encarregado dos Negócios Estrangeiros do Brasil em Lisboa avisara à Secretaria de Estado dos
Negócios Estrangeiros do Império, de ter saído daquele porto para África, ao contrabando da
escravatura, o bergantim Firmeza, de construção portuguesa, comprimento e quilha limpa 58 pés,
largura 81½, pontal 11, lotado em 139 toneladas. Comandante o Capitão-tenente da armada
portuguesa Antônio Daniel Batista de Barros, 14 pessoas de tripulação despachando-se para as
Ilhas Canárias, mandando fazer pública esta notícia.

479 _ 1835 _ Portaria de 18 de dezembro do Presidente ao mesmo Prefeito, aprovando de tirar


uma sentinela da casa do troco para rondar a Vila, e evitar alguns ajuntamentos.

480 _ 1835 _ Portaria de 19 de dezembro do mesmo Presidente ao Prefeito, participando que o


encarregado dos Negócios em Buenos Aires tinha avisado de que naquela capital lhe fora
denunciada uma companhia que tratava de abrir chapas para falsificar bilhetes do Tesouro
Nacional, que circulavam nas diferentes Províncias do Império.

481 _1835 _ Portaria de 19 de dezembro do mesmo Presidente ao Prefeito, exigindo-lhe


remetesse uma relação de todas as embarcações pertencentes aos cidadãos de seu Município,
declarando suas toneladas, nomes e donos, tanto das que saíssem para fora do Império, como da
cabotagem, sua importação, etc.

482 _ 1836 _ Portaria de 20 de janeiro do Presidente da Província, nomeando ao alferes João


Antônio dos Santos, subprefeito de Paranaguá.

Portaria de 24 de janeiro do Governo da Província ao Prefeito, participando que a Assembléia


Legislativa recomendara ao mesmo que ele desse a razão por que não tinham duração o conserto
que ele tinha mandado fazer nos canais por onde entravam as embarcações, como o tinha
participado em ofício de 9 de dezembro de 1835.

483 _ 1836 _ Portaria nº 26. Havendo ponderado o Senhor Prefeito, em ofício de 9 de dezembro
último, a vantagem que resultaria aos habitantes daquele Município e aos de Curitiba se por algum
meio se pudesse conseguir o reparo e melhoramento da estrada de sua comunicação. O
Presidente da Província em

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conformidade do que resolveu a Assembléia Legislativa Provincial sobre este objeto incumbe ao
mesmo Senhor Prefeito de mandar examinar por pessoas inteligentes a melhor direção que se
possa dar à mesma estrada procurando a do Arraial de S. José dos Pinhais e bem assim do
orçamento e despesa em que poderão montar as obras necessárias, dando de tudo
circunstanciada conta para ser presente a Assembléia Legislativa Provincial a qual então resolverá
definitivamente o que julgar competente sobre este objeto. Palácio do Governo de S. Paulo, 28 de
janeiro de 1836. José Cesário de Miranda.

484 _1836 _ Ofício de 3 de fevereiro do Prefeito ao Presidente participando ser a guarnição da Vila
necessário de 50 praças e que todos ganhavam soldo e etape, e eram agricultores e no caso que a
Província tivesse tropa de linha, se podia criar nesta Comarca uma companhia, destacada nesta
Vila para assim evitar fazer-se nela recrutamentos tão dificultosos.

485 _1836 _ Portaria de 7 de março do Presidente ao Prefeito, remetendo modelos para os


distribuir aos juízes de paz e pároco a tirarem a estatística.

486 _ 1836 _ Portaria nº 36. "O Presidente da Província recebeu com satisfação o ofício do Sr.
Prefeito da Vila de Paranaguá, com data de 4 deste mês e no qual fazer ver que reina perfeita
tranqüilidade naquele Município, os empregados públicos se conduzem bem: a guarda nacional é
digna de louvores pelos sintomas e ordem de que é animada; com igual satisfação recebeu do
comandante da barra e do destacamento da mesma Vila, sem novidade, e espera que o Senhor
Prefeito empregue como promete o seu cuidado na diligência de se encherem com a maior
exatidão possível os seus mapas, de cujos modelos acuso o recebimento. Palácio de S. Paulo, 19
de abril de 1836. José Cesário de Miranda Ribeiro".

487 _ 1836 _ Ofício de 30 de abril que o Prefeito escreveu ao Presidente, participando a introdução
da peste das bexigas em Paranaguá, havendo 14 doentes dela das quais já haviam falecido 3, e
que os povos estavam muito assustados e temerosos com essa epidemia.

488 _ 1836 _ Ofício de 17 de junho do Prefeito ao Presidente, participando que na terceira sessão
da Câmara de 11 de janeiro de 1830, tinha-se tratado sobre a fatura da estrada desta Vila para a
dos Morretes ate o sítio de Rafael Fernandes, indicou o Vereador Correia que se orçasse em 2$ a
braça em terreno areísco; e em aterrados a 8$ mil réis. As minhas forças não podem explicar o
quanto é útil essa estrada e que vindo por ela tropas e descendo pinheiros a servir de mastros e
vergas para os navios de guerra e mercantes é um tesouro que descobre a Nação, quanto mais
que com o andar dos tempos se podem organizar fábricas para breu, piche e alcatrão de tão
grande vantagem para a Nação. No caso em que o Ex.mo Governo desta Província tomar este
negócio em consideração em poucos anos teria a glória de todas as Províncias do Império, e
mesmo outras dependeriam dele e ela tomaria um estado de grandeza no seu comércio e por esta
forma um aumento nas suas rendas; esta Vila e as do

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centro com o considerável aumento visto quanto é fértil e abundante o continente de Curitiba e
seus arredores, etc. Manoel Antônio Pereira, Prefeito.

489 _ 1836 _ Portaria de 20 de setembro, remetendo ao Prefeito os exemplares do bando para os


mandar publicar acerca do prazo fixado dentro do qual serão substituídas na estação do troco as
notas do novo padrão de 50$ e 100$ mil réis já emitidas nesta Província por outras de menores
valores.

490 _ 1836 _ Ofício de 12 de novembro do Prefeito ao Presidente da Província, participando que a


Câmara Municipal lhe remetera a conta da receita e despesa do ano financeiro em que mostrava
ter de receita a

quantia de Rs 1:369$586

Idem de despesa Rs. 1:194$748

Havendo um saldo a favor da Câmara até o 1º de outubro 174$838.

491 _ 1836 _ Ofício de 4 de dezembro do Prefeito ao Presidente participando que no dia 2 do


corrente todas as embarcações fundeadas neste porto se haviam embandeirado em glória de S.
Majestade o Senhor D. Pedro II, e que uma escuna mercante portuguesa de que era comandante
Matias José de Carvalho muito se distinguiu com salvas imperiais, como mostro a V. Excelência
pelas partes de seu comandante.

(1) 592 _ 1836 _ Portaria de 10 de dezembro do Presidente ao Prefeito, exigindo mandasse com
toda a brevidade 6 recrutas para inteirar o 6º batalhão de caçadores.

593 _ 1836 _ Ofício de 14 de dezembro do Prefeito ao Presidente do teor seguinte:

"Il.mo e Ex.mo Senhor. Em 11 de outubro deste ano oficiei a V. Excelência, enviando os


esclarecimentos que pude obter relativos à estrada que segue desta Vila a encontrar-se com a do
arraial de S. José dos Pinhais e conquanto me informasse com os referidos esclarecimentos dados
pela Câmara, todavia não cessando procurar a maneira de melhorar uma tão útil e vantajosa
estrada a esta Vila e as centrais, lembro-me que o modo mais cômodo às rendas públicas é
aplicar-se anualmente um conto de réis do rendimento da barreira da dita estrada para reparo tão
somente daquela parte que segue desta Vila até ao rio do Pinto, a encontrar-se com a supradita
estrada, aplicação esta que me parece muito consentânea com a lei provincial nº... e por ser esta
uma parte da estrada por onde vem o gado para esta Vila que paga o imposto na barreira. A
mencionada quantia se poderá juntar com que a Câmara desta Vila puder concorrer e os
particulares que prontamente se prestaram, como se tem prestado todas as vezes que se tem
reparado tal estrada.

(1) No original, o autor pulou a seqüência numérica de 491 para 592.

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Do modo indicado se conseguirá o conserto desta parte da estrada, continuando a dita aplicação
por alguns anos e sendo encarregado da obra alguma pessoa desta Vila por ser o que tem um
interesse mais imediato na fatura da estrada, e porque também sendo inspetor nenhum
conhecimento tem destes lugares, e sua moradia fica muito distante. Resta-me porém rogar a V.
Excelência que possuindo-se do zelo que tem patenteado pelo bem da Província se digne dar a
estas minhas reflexões a decisão que julgar conveniente para conseguir-se o fim indicado. Deus
guarde a V. Excelência. Paranaguá, 14 de dezembro de 1836. Il.mo e Ex.mo Senhor Bernardo
José Pinto Gavião Peixoto, Presidente desta Província. Manoel Antônio Pereira, Prefeito".

594 _ 1837 _ Ofício de 14 de fevereiro que dirigiu o Prefeito ao Presidente, dando as razões
exigidas em resposta do ofício de 24 de janeiro sobre os canais. Quanto ao do Varadouro por ser
lugar pantanoso, se faziam aterrados com estivas e em pouco tempo apodreciam e cresciam as
matas laterais, lugar onde não havia pedregulhos nem pedra precisando-se pô-la em bom estado
uma grande despesa. Quanto às balizas do canal da entrada da Vila, precisava reformá-los todos
os 6 meses com as encontradas das canoas e os bichos que carcomiam as madeiras e que
enquanto o canal que se pretendia abrir no 2º distrito era um lugar de lodo e de mares e se não
podia conservar, bastando unicamente roçar-se os matos laterais, ficando assim mais franca a
navegação.

595 _ 1837 _ Ofício de 4 de junho do Prefeito ao Presidente, participando sobre o conflito que
houve de jurisdições entre o juiz de paz e o chefe do batalhão o Coronel comandante Manoel
Francisco Correia Júnior, querendo aquele arrogar a si de mandar dar guardas para as procissões
de festas nacionais e particulares e por queixas até prendê-los, depois da extinção dos
comandantes militares e que lhe parecia esta atribuição deveria pertencer ao Prefeito.

596 _ 1837 _ Portaria do 1º de setembro do Presidente ao Prefeito, participando logo que


recebesse alguns caixotes com mudas de erva-mate, remetidas pelo Prefeito de Curitiba, as
fizesse seguir na primeira embarcação para o Rio de Janeiro, a entregar no jardim botânico
daquela Cidade à disposição do Ex.mo Ministro do Império.

597 _ 1837 _ Portaria de 22 de setembro do Presidente da Província ao Prefeito, remetendo-lhe


uma proclamação para que a fizesse publicar e conseguir-se a apresentação voluntária do maior
número possível de guardas nacionais para fazer parte da expedição eu devem auxiliar as forças
da legalidade, que tinha de marchar para a Província do Rio Grande do Sul em destacamento de
um ano.

598 _ 1837 _ Ofício de 30 de setembro que escreveu o Prefeito ao Presidente, participando que no
dia 7 houve Te Deum laudamus e missa cantada a que assistiram todas as autoridades e povo,
reunindo-se o batalhão. Houve o benzimento das bandeiras, luminárias em toda a Vila, cantando o
hino à noite, e que do Rio de Janeiro tinham chegado três embarcações com algumas pessoas

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doentes, e apareceram-lhe as bexigas, mas que logo dera as providências e os socorros


necessários a serem tratados com todo o cuidado; e que muitas famílias temerosas se retiraram
para fora da Vila.

599 _ 1837 _ Portaria de 14 de outubro do Presidente da Província ao Prefeito, fazendo-lhe a


encomenda de uns paus para a mastreação da nau Pedro II, podendo-se encontrá-los nas matas
de Paranaguá, talvez por preços mais baratos, do que em outros lugares acompanhando a
seguinte relação.

Paus de óleo de guanandim que se precisam para se fazerem os mastros grande, fraquete e
gurupés da nau D. Pedro II:

14 paus de 70 a 78 pés de comprido de 20 a 22 polegadas de grossura;

13 ditos de 50 a 60 ditos 19 a 20 ditas;

7 ditos de 40 a 50 ditos 18 a 20 ditas.

Arsenal da marinha, 7 de junho de 1837..

João Batista Rodrigues, contramestre encarregado da Ribeira Velha, Secretaria do Governo de S.


Paulo, 17 de outubro de 1837. Joaquim Floreano de Toledo.

600 _ 1837 _ Aviso de 16 de outubro do Ministro da Guerra Sebastião do Rego Barros, remetendo
pela escuna Fidelidade, comandante João Custódio, caixões com armamentos para se armarem os
guardas nacionais que deviam marchar para a Província de S. Pedro do Sul, em defesa da
legalidade: esta escuna era vaso de guerra.

601 _ 1837 _ Ofício de 16 de outubro do Presidente à Câmara remetendo lâminas com o pus
vacínico visto a participação que se havia feito das bexigas ter levado a consternação às famílias..

602 _1837 _ Ofício de 17 de outubro do mesmo Presidente ao Prefeito, participando que do Rio de
Janeiro tem de ser remetidas uma porção de carabinas, pistolas e espadas, e logo que as
recebesse as fizesse seguir para Curitiba.

603 _ 1837 _ Ofício de 23 de outubro, que dirigiu o Prefeito ao Ministro e Secretário de Estado dos
Negócios da Guerra, acusando o recebimento de 23 volumes de artigos bélicos vindos pela escuna
de guerra Liberal, entrada no dia 22. Recebimento no trapiche da alfândega, dos objetos abaixo
declarados:

9 caixões que diz terem 272 clavinas

2 ditos que diz terem 272 poldres, 100 molas e 200 pederneiras

2 ditos com 280 patronas, 172 molas, 62 correias

4 ditos com 272 espadas

5 ditos com 272 pistolas

23 volumes.

Paranaguá, 23 de outubro de 1837.

José Pinto de Amorim.

604 _ 1838 _ Ofício de 13 de fevereiro do Prefeito ao Presidente, participando a fugida de 14


recrutas da cadeia ao amanhecer no dia 7 do corrente, sendo
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nove da Vila Antonina, quatro deste Município e um da Vila de Guaratuba.

605 _ 1839 _ Ofício de 3 de janeiro do coletor das rendas nacionais o Tenente-coronel Manoel
Francisco Correia Júnior, como comandante das mesmas: "Il.mo e Ex.mo Senhor. Levo à presença
de V. Excelência o ofício incluso do alferes do comandante do destacamento em que me participa
o estado em que se acha o quartel (como ainda hoje eu mesmo fui ver) o estado do dito e igreja,
achei com efeito as paredes abertas pelas grandes árvores que tem criado; e por isso levo isto ao
conhecimento de V. Excelência para dar as providências que achar convenientes, assegurando a
V. Excelência que, havendo descuido, corre risco o desmoronamento das paredes da igreja e
fundos, e disto resultar a ruína de muitos prédios, que estão em frente e ao lado, além do prejuízo
que sofrerá a Nação com a ruína das paredes. Deus guarde a V. Excelência. Paranaguá, 3 de
janeiro de 1839. Il.mo e Ex.mo Senhor Venâncio José Lisboa. Manoel Francisco Correia Júnior"

606 _ 1839 _ Ofício de 4 de junho de 1839, do mesmo Tenente-coronel das guardas nacionais ao
Presidente da Província.

"Il.mo e Ex.mo Senhor. A portaria de V. Excelência, de 16 de janeiro do corrente, em resposta ao


meu ofício de 3 do mesmo mês em seu devido tempo e não respondi porquanto estava à espera
que o inspetor da alfândega desta Vila por ordem da tesouraria mandasse fazer o conserto
indispensável e como até agora o não tenha feito, por isso que além dos interesses nacionais, vou
lembrar a V. Excelência que este quartel é parte do edifício onde está colocada a igreja, e ameaça
ruína em todo ele, o que se pode evitar, conservando o existente no abandono em que esta virá a
Nação a ter um prejuízo de alguns contos de réis, que vale o dito edifício, e que de dia em dia se
vai danificando, quanto dos espeques que V. Excelência me ordena mande pôr, tenho a lembrar a
V. Excelência que é desnecessário mandar fazer, porém lembro a V. Excelência que é de extrema
necessidade mandar tirar as raízes das árvores que estão aluindo cada vez as ditas paredes; e
mandar fazer uma parede de pedra e cal, nos fundos da igreja, pois estando há quatro anos a
recolher água, para dentro, está acabando de apodrecer o assoalho da sacristia e consistório,
tendo já inutilizado dois armazéns e que antes serviam e eram alugados para sala e cozinhas. O
interesse que tomo pelos bens nacionais me movem a levar o exposto a V. Excelência que
mandará o que for servido, e me persuado que além da referida parte do quartel reclama a
urgência de um retelho geral. Deus guarde a V. Excelência. Paranaguá, 4 de junho de 1839".

607 _ 1839 _ Ofício de 30 de outubro do Juiz Municipal o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, ao
Presidente da Província, participando ter entregado ao comandante da barca de vapor S. Salvador
12 praças de marinheiros, e ao comandante da canhoneira nº 16 duas praças e que tinha
requisitado uma guarda para a cadeia de 9 praças e 1 cabo.

608 _1839 _ Ofício de 2 de novembro que escreveu o Juiz Municipal ao

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Comandante das guardas nacionais:


"Il.mo Senhor. Sendo preciso conservar-se um destacamento efetivo na fortaleza desta Vila para
serviços que nela se conservaram até ontem em defesa dos corsários, que pode ser invadida, pois
que o corsário já veio aproximar-se da barra a reconhecer as forças, por isso que considero que o
menor número de praças para guarnecer a fortaleza deve ser de 30 praças, que as requisito a V.
Excelência, bem como no destacamento da Vila em nome do Ex.mo Sr. Presidente da Província a
prontidão e patriotismo que mostraram e se prestaram no dia 31 de outubro até ao presente em
defesa desta Vila a reforçar a fortaleza, dignos de amor e lealdade ao nosso Soberano e
obediência às leis; nada mais me encheu de prazer porque conheço a confiança que sempre fiz em
seus habitantes e boa harmonia que reina entre nós, o que se faz louvável. Deus guarde a V.
Excelência. Paranaguá, 2 de novembro de 1839. Il.mo Sr. Comandante do batalhão das guardas
nacionais. O Juiz Municipal Manoel Antônio Pereira".

609 _ 1839 _ Ofício que o Juiz Municipal escreveu ao Presidente, em 2 de novembro:

"Il.mo e Ex.mo Senhor. Parte dos movimentos que tenho dado em auxílio da fortaleza e defesa da
Vila pela parte que me deu o Comandante da fortaleza Joaquim Ferreira Barbosa, em 31 de
outubro, recebida às 4 horas da tarde do mesmo dia. Logo que recebi o ofício do Comandante da
barra e oficiei ao Major Comandante do batalhão da guarda nacional para que em prazo breve
arranjasse um reforço de 20 praças, de bons guardas, bem armados e os fizesse seguir para a
barra, às ordens do Comandante da fortaleza, comandados por um oficial hábil que muito breve se
aprontaram e com muito entusiasmo, indo por Comandante o alferes reformado de tropa de linha
Manoel Antônio Dias. Para esta aprontação logo apareceu o Major Comandante Manoel Antônio
Pereira Filho, e tocando-se a chamada logo se reuniram todos os oficiais e guardas que se
achavam na Vila e todos os cidadãos em grande número e assim se conservaram toda a noite com
dobradas rondas e explorações. No transporte e reforço para as 20 praças e Comandante se
empregaram uma lancha grande e duas canoas tripuladas com dobre de remeiros e algum
mantimento e armas que havia prontas e se mandaram para a fortaleza; isto se fez no prazo de
uma hora, pouco mais ou menos; esta tropa se embarcou debaixo de toque e vivas a S. Majestade
e grande povo se ajuntou e se conservou no quartel; e ouvindo-se tiros na fortaleza apesar de
longe, se pensou que fosse rebate; seriam das nove para as 10 horas da noite, ordenei um reforço
para seguir no dia 1º de novembro, de manhã, de uma lancha tripulada com uma peça de bronze e
dois barris de pólvora, baetilha, pederneiras e tropa com algum mantimento que precisasse para os
remeiros e tropa que julguei preciso, em que foram uns 10 guardas. Fiz lembrar ao Comandante da
fortaleza que como se achava a artilharia desmontada por estarem podres os reparos, que
promovesse fazer aterros a cada peça, em ponto de dar algum tiro. Para o serviço da fortaleza
ordenei se requisitasse ao

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Comandante do batalhão o destacamento para aquele ponto, que fosse pelos menos de 30 praças
com 9 marinheiros para ajudar o serviço e que ficassem às ordens do Comandante da fortaleza,
bem como o destacamento da Vila. No 1º de novembro, foi mandado o iate apresado que se pôs
em depósito, e logo depois 5 prisioneiros farrapos, que se estava procedendo a indagações, estes
representando que há dois não tinham comido, e nem proteção de ninguém, ordenei um sustento
módico, de 120 réis diários a cada praça que deve ser à custa da Nação, algumas outras
providências se tem dado e se darão conforme ocorrerem as circunstâncias que estiverem a meu
alcance. Deus guarde V. Excelência. Paranaguá, 2 de novembro de 1839. Il.mo e Ex.mo Sr.
Presidente desta Província. O Juiz Municipal Manoel Antônio Pereira".

610 _ Outro ofício do mesmo ao Presidente:


"Il.mo e Ex.mo Senhor. Com o sinal de rebate na fortaleza, acudiu o povo sem se escusarem,
vendo o corsário aproximar-se à presa, e mais outra vela ao mar, com a entrada de um brigue
inglês que sofreu caça. Estando nesta confusão, oficiei ao Comandante da guarda nacional da Vila
Antonina, Antônio José Vieira Ramalho, requisitando o reforço de 20 praças que respondeu no
ofício junto. No dia 2 do corrente, ordenei que ficasse o destacamento e que fosse para a barra a
render o outro e que a mais tropa se retirasse às suas casas, advertindo-lhes que logo que ouvisse
o toque da chamada ou rebate que comparecessem prontamente, assim o prometeram; e
agradecendo-lhes em nome de S. Excelência a prontidão e patriotismo. Em todos estes
movimentos me achei presente com o Comandante do batalhão, oficiais, juiz de paz e nobreza da
terra que muito louvavelmente se prestaram sem que neste ajuntamento houvesse novidade, ou
desavenças e animosos na defesa. No dia 24 de outubro, entrou neste porto, a canhoneira de
guerra nº 16 e outra escuna, com portaria do Ex.mo Sr. Presidente de Santa Catarina de 14 do
mesmo, avisando pelos portos daquela Província que constava terem saído da Laguna, corsários e
que lhe pôs o visto; e fiz público e entreguei 2 recrutas para marinheiros que estavam presos, e no
dia 25 saíram as duas embarcações conforme as ordens que traziam. Deus guarde V. Excelência.
Paranaguá, 2 de novembro de 1839. O Juiz Municipal Manoel Antônio Pereira".

611 _ 1839 _ Portaria do Presidente de 21 de novembro em resposta às antecedentes:

"Sendo presente a este Governo o ofício de 2 do corrente, do Sr. Capitão-mor Manoel Antônio
Pereira, Juiz Municipal da Vila de Paranaguá, em que expõe os sucessos que ocorreram na Vila
por ocasião da audácia com que os piratas saídos da Laguna, chegaram a aparecer na barra da
mesma, e as enérgicas providências que o mesmo Juiz Municipal deu para defesa da mesma,
coadjuvado pelas demais autoridades e cidadãos, que todos acudiram ao grito da pátria. Tem o
Presidente da Província a declarar ao Senhor Juiz Municipal que lhe foi muito satisfatória a certeza
do louvável comportamento das autoridades e cidadãos

do Município, nessa ocasião de empenho, e que tendo o Governo pela sua parte dado todas as
providências para a defesa da costa, já por via do brigue imperial Pedro, do Governo central, para
cruzar na mesma costa já que acaba de partir para essa conduzindo e comboiando a expedição de
tropa de linha, destinada para o Rio Negro, com instruções competentes, já por via de outras
ordens que expediu para ser melhor guarnecida a fortaleza dessa Vila, confia que para o futuro se
evitará a repetição de tais insultos. No entanto, o Presidente da Província, as enérgicas e
acertadas providências dadas pelo Sr. Juiz Municipal, dando-lhe sinceros louvores por toda a sua
conduta nessa ocasião. Palácio do Governo de S. Paulo, 21 de novembro de 1839. Manoel
Machado Nunes".

612 _1840 _ Ofício de 10 de março do Juiz Municipal ao Presidente, em resposta à portaria de 10


de fevereiro, na qual lhe ordenava em que Fr. Julião Borba e Fr. Bartolomeu Marques, religiosos da
Ordem dos Missionários da Observância de S. Francisco se achavam autorizados a pedir esmolas
de cujas portarias tinha mandado extrair cópias e remetido aos Juízes Municipais da Comarca.

613 _ 1841 _ Ofício de 12 de fevereiro do Tenente-coronel do batalhão ao mesmo Presidente


participando ter a chegada no dia 2 o bergantim Éolo, com 600 armas e outros artigos bélicos dos
quais exigiu se pudesse fornecer a legião com 200 armas e 200 correames, por ter feito várias
vezes essas requisições.

614 _1850 _ Ofício de 19 de janeiro da Câmara ao Presidente, participando haver falecido o


professor de primeiras letras Hildebrando Gregoriano da Cunha Gamito.
615 _ 1850 _ Ofício de 20 do mesmo mês que a Câmara escreveu ao cidadão Simão José
Henriques Deslandes, encarregado-o da administração da obra do novo cemitério.

616 _1850 _ Ofício de 23 do mesmo mês da Câmara dirigido ao fiscal, ordenando-lhe o conserto
de várias ruas; e principalmente a calçada na denominada Pedro de Matos na largura de seis
palmos, em toda a extensão dela, pelos estragos que causaram os temporais.

617 _ 1850 _ Ofício de 22 de fevereiro que a Câmara escreveu ao delegado suplente o Capitão-
mor Manoel Pereira, fazendo-lhe ver que como se achava doente o inspetor da saúde daquele
porto, fosse servido ordenar que o Dr. Eduardo Killer se incumbisse do tratamento dos enfermos
contagiados da peste reinante que se achavam a bordo dos navios que estavam de estadia.

618 _ 1850 _ Ofício de 8 de abril que a mesma Câmara dirigiu ao Juiz Municipal o Dr. Filástrio
Nunes Pires, o não terem dado faculdade ao francês Nicolau Monggie de poder estabelecer na
Cidade um consistório de homeopatia, por não haver apresentado as necessárias habilitações.

619 _ 1850 _ Ofício de 9 de abril da Câmara ao Presidente da Província, participando-lhe as


providências que tem dado para não grassar na Cidade a

febre reinante das Províncias do norte, do Império e que felizmente ainda não tinha chegado e de
terem já alugadas umas casas fora da Cidade para o curativo dos enfermos.

620 _ 1850 _ Ofício de 10 de abril da mesma dirigido a Manoel José Machado da Costa, provedor
da saúde, participando ter-se alugado fora da Cidade, na Ilha da Cotinga, a chácara de Manoel
Antônio Amora para nela se recolherem as gentes pobres e desvalidas, que fossem atacados de
epidemia reinante e destinando que o lugar da quarentena dos navios fosse perto da Ilha das
Cobras tanto dos que viessem dos portos do norte, como do sul.

621 _ 1850 _ Ofício de 10 de abril da mesma ao Dr. Juiz Municipal Filástrio Nunes Pires, ativando-
o sobre as providências que deve dar, a obstar o contágio da febre reinante, com a notícia que há
de pessoa conceituada do 2º distrito, haver participado que na barra do rio das Laranjeiras e outros
pontos, a mesma febre tinha aparecido e que andavam boiando corpos mortos lançados ao mar de
bordo do navio que lá foi carregar. Outro igual ofício escreveu a Câmara com a mesma data ao
delegado suplente o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira.

622 _ 1850 _ Sessão de 17 de maio, ofício da Câmara ao Presidente da Província, participando


que foram nomeados em virtude da portaria de 24 de agosto próximo passado, para suplentes do
Juízo Municipal e de órfãos do termo da cidade: 1º José Francisco Barroso, 2º o Tenente-coronel
Manoel Francisco Correia, 3º Tristão Martins de Araújo França.

623 _ 1850 _ Sessão ordinária do 1º de julho, se deu posse à nova Câmara Municipal, em
conseqüência da portaria do Ex.mo Governo da Província, em data de 4 de abril pretérito, em que
designou esse dia a se procederem as eleições municipais, e haver S. Majestade o Imperador por
bem e sua imediata resolução de 11 de novembro, comunicada pelo visto do Ministro do Império,
de 21 do mesmo mês do ano próximo passado, declarar nulas e de nenhum efeito as eleições
desta Cidade que foram feitas em 7 de setembro do dito ano, e comunicadas à Câmara pela
portaria do Presidente de 12 de dezembro do mesmo ano. A nova Câmara que tomou posse foram
os cidadãos seguintes: Joaquim Félix da Silva, Joaquim Cândido Correia, Ricardo Gonçalves
Cordeiro, José Francisco Barroso, José Alexandre Cardoso, Manoel Leocádio de Oliveira, Cipriano
Custódio de Araújo.

624 _ 1850 _ Sessão de 11 de julho. Ofício que o médico o Dr. Eduardo Killer escreveu à Câmara
prometendo dar consultas grátis à pobreza, todos os dias no consistório da Misericórdia, uma vez
que a Câmara contribuísse com uma cota de remédios para ajuda dos que a Santa Casa da
Misericórdia pudesse fornecer; deliberaram que pelas rendas do mesmo cofre, se fornecesse com
a quantia de Rs. 50$000, para o fim de aliviar a classe indigente.

625 _ 1850 _ Sessão da Câmara de 17 de julho. O vereador Joaquim Cândido Correia indicou que
a Câmara ordenasse ao fiscal fizesse o seu orçamento sobre o cais por ele indicado, pois lhe
constava que D. Isaías ajudava

a fazer dez braças e o Tenente-coronel Francisco Correia cinco.

626 _ 1850 _ Sessão de 18 de julho, o mesmo vereador Joaquim Correia indicou a necessidade
que havia de fazer o conserto preciso na fonte de cima e que para esse efeito se oficiasse ao
Deslandes.

627 _ 1850 _ Sessão de 21 de julho. A comissão de contas deu o seu parecer sobre a fatura que
se pretendia fazer da confecção do novo cais em seu seguimento ao que foi feito por D. Isaías até
ao do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia, cujo espaço havia um comprimento de 160
palmos e seria necessário fazê-lo de 3 palmos de fundo, 4 de grossura, arrematado em 3 e para
isso era necessário dos materiais orçados na conta seguinte:

15 barcadas de pedra a 15$000 195$000 5 moios de cal a 10$000 50$000 8 barcadas de barro a
2$000 16$000 16 dias a 4 pedreiros a 1$000 44$000 16 ditos a 4 serventes a $640 4$960

365$960 José Francisco Barroso,

Ricardo Gonçalves Cordeiro, Manoel Antônio Dias.

ADICIONAL AO QUARTO CAPÍTULO

628 _ 1849 _ Não havendo entrado seguidamente no fio da história alguns fatos ocorridos e dignos
de serem memorados, se adicionarão nesse lugar.

Na sessão de 10 de outubro o vereador José Francisco Barroso, ofereceu à consideração da


Câmara o contrato que havia efetuado com Cândido de Oliveira Salgado para a confecção do cais
em seguimento ao de D. Isaías de Elia, que foi contratado pela maneira seguinte:

Condições que contratei por ordem da Câmara com o abaixo assinado para a fatura de um
paredão na praia que é o seguinte:

1º - Que o paredão foi contratado pelo preço e quantia de quatrocentos e sessenta mil réis.

2º - Que terá o paredão 16 braças de comprimento, tendo princípio no de D. Isaías e no último do


Comendador Manoel Antônio Guimarães, e terá o mesmo paredão 3 palmos de profundidade e 4
de grosso na sapata, rematando em cima com 3.

3º - Que será feito com toda a perfeição com mais parte de cal do que de saibro.

4º - Que o contratante nada fará sem que seja consultado com José Francisco Barroso na sua
edificação para cujo fim também assinou-se com o contratante; e cuja obra a dará pronta da data
deste a dois meses e não o fazendo, pagará 50$000 de multa, e o pagamento da dita obra será
feito em três: princípio, meio e fim, e por assim termos contratado, nos assinamos nesta Cidade de
Paranaguá, em 10 de outubro de 1849. Por Cândido de Oliveira Salgado, Francisco Gonçalves de
Araújo. José Francisco Barroso,. O qual foi aprovado pela Câmara. O vereador Manoel Antônio
Dias indicou na mesma sessão a necessidade de se mandar buscar ao Rio de Janeiro um
reposteiro, para a porta grande da igreja matriz com os rendimentos da fábrica, e servir nas festas
da Semana Santa e funções nacionais, e formoseamento da mesma igreja, e mesmo porque o
tapavento estando fechado, impedia muito povo; e o vereador Joaquim Cândido Correia também
indicou que viessem mais 2 reposteiros para as portas laterais da mesma igreja.

629 _ 1849 _ Sessão ordinária de 11 de outubro, o vereador Cipriano Custódio de Araújo indicou
que se oficiasse ao Governo que, estando há mais de dois anos a capela de Guaraqueçaba pronta
para ser benzida com pia batismal

e bem assim o seu cemitério que por deliberação da Câmara fora marcado que até agora não
tinham esta dita os povos daquele curato, desfrutado este grande bem, por ainda se não ter
benzido a mesma capela e entrar em seu exercício e como declarava a provisão de ser ela benta
pelo Vigário colado, que não existe, e sim no Rio de Janeiro, e que igualmente se fizesse lembrar
ao Governo o pedido de uma cota de Rs. 600$000 que já a Câmara lhe havia feito, para comprar
os paramentos necessários da mesma capela que se faziam necessários, dando assim uma
gratidão àqueles povos.

630 _ 1849 _ Sessão ordinária de 12 de outubro. O vereador Ricardo Gonçalves Cordeiro fez a
indicação para Câmara mandar calçar a rua da Misericórdia desde a casa onde mora Manoel
Francisco Lemes até a do Francisco Navalhada, contanto que os proprietários fizessem as suas
testadas na forma do artigo 32 das posturas. A comissão de contas achou haver um saldo a favor
de Rs. 2:222$181, nas que tomou ao coletor das novas rendas.

631 _ 1850 _ Sessão ordinária de 15 de janeiro. O vereador Joaquim Cândido Correia ofereceu a
seguinte indicação, que sendo preciso providenciar a fatura do cemitério, que ficou adiada na
sessão passada para se tratar nesta, era de parecer que se oficiasse ao cidadão Simão José
Henrique Deslandes, consultando-o se ele queria incumbir-se da inspeção dessa obra desde seu
começo até final conclusão, participando a Câmara as condições que lhe convinha aceitar com a
direção da mesma obra.

632 _ 1850 _ Sessão ordinária de 16 de janeiro. Ofício recebido do cidadão Simão José Henrique
Deslandes com data de hoje em resposta ao que lhe dirigiram ontem, assegurando à Câmara que
de bom grande se incumbia da direção da obra do cemitério, de baixo das únicas considerações de
satisfazer a Câmara por seus delegados as folhas dos jornais dos operários que semanalmente lhe
fossem apresentados, sujeitas tanto esta, como a obra à inspeção da Câmara ou de qualquer de
seus membros, deixando à deliberação da Câmara e outras circunstâncias que julgarem
necessárias, lembrando que seria muito útil que se agregassem os lastros de pedra das
embarcações que entrassem no porto. Sendo discutido, deliberou a Câmara que aceitava a oferta
e muito lhe agradecia o bom grado com que se prestava em beneficiar o país, conformando-se
com as condições propostas; e que a Câmara passava a mandar pôr editais a quem quisesse
encarregar-se de prestar os materiais precisos.

633 _ 1850 _ Sessão ordinária de 16 de janeiro. Nela apresentou Cândido de Oliveira Salgado um
requerimento relativo à fatura do novo cais que o mesmo já tinha feito, e contratado com a Câmara
e que passando-se a examinar a obra feita, encontrou-se por concluir 30 palmos, por cuja
edificação julgava ser suficiente a quantia de cem mil réis em que orçou para seu pagamento, pela
razão ter de fazer sobre um perau o que certamente consumiria grande quantidade de materiais,
jornais de obreiros e mesmo porque se não podia trabalhar a toda a honra por causa das marés.
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A comissão foi de parecer que se mandasse continuar o cais; e se lhe dessem os cem mil réis.
Deliberaram igualmente pagar-se mais ao empresário Rs. 150$ mil réis para concluir as duas
braças do cais de dez palmos cada uma. Puseram editais convidando os povos do Município a
subscreverem voluntariamente para a confecção do novo cemitério, com o que cada um pudesse,
para cujo fim se achariam assinaturas abertas nas casas do Senhor Presidente da Câmara e do
vereador Ricardo Gonçalves Cordeiro e no escritório do Comendador Manoel Antônio Guimarães.

634 _ 1850 _ Sessão de 19 de janeiro. A Câmara fez a seguinte representação à Assembléia


Geral:

"Augustos e digníssimos Senhores Representantes da Nação. Se a época da instalação dos


corpos legislativos dos países que gozam da liberdade disputam sempre a esperança de um futuro
bonançoso de mais bem e finalmente de colocar a pátria no alto grau que lhe compete esse
sentimento, pulula no coração de todo o Brasileiro, verdadeiramente tal, a convencer-se que na
verdade uma nova era se vai abrir para o país em que sábias leis firmem o edifício social e
medidas de energia e vigor façam desaparecer para sempre os sintomas das desordens que por
vezes tem colocado o mesmo país à borda do abismo. A Câmara Municipal da Cidade de
Paranaguá, da Província de S. Paulo, exultando pela vossa augusta reunião nesse augusto recinto,
se congratula convosco e órgão fiel de seus munícipes que depositam em vosso seio pura adesão
às instituições e à sagrada pessoa de S. Majestade o Imperador. Deus guarde a Vossas
Excelências. Paço da Câmara Municipal da Cidade de Paranaguá, em sessão ordinária de 19 de
janeiro de 1850. Joaquim Félix da Silva, Joaquim Cândido Correia, Tristão Martins de Araújo
França, José Francisco Barroso, Cipriano Custódio de Araújo, Ricardo Gonçalves Cordeiro, Manoel
Leocádio de Oliveira".

Outra representação fez a Câmara à Assembléia Provincial da maneira seguinte:

"Ilustríssimos Senhores da Assembléia Provincial. A Câmara Municipal da Cidade de Paranaguá,


possuída de maior júbilo pela vossa reunião nesse recinto, se congratula por esse fato. Esta
Província, gemendo por cinco anos sob o jugo de uma política anti-constitucional esgotou, com
resignação os sofrimentos que lhe aplicavam, contudo nunca esfriou nela esse patriotismo que
jamais desmentiu desde que o Império surgiu no berço. Vossa missão, Senhores, é brilhante e por
certo que nas patrióticas instituições que vos animam, darão à Província leis providentes e
profícuas com as quais a administração da Província poderá cumprir a missão espinhosa que lhe
confiou o Governo Imperial, e que até hoje tem sabiamente sabido acudir às reclamadas
necessidades públicas. A Câmara Municipal desta Cidade vos assegura de seus sentimentos pela
ordem pública e pelas instituições políticas que regem o Império. Deus guarde a Vossas
Excelências. Paço da Câmara Municipal da Cidade de Paranaguá, em sessão

ordinária de 19 de janeiro de 1850. Joaquim Félix da Silva, Joaquim Cândido Correia, Tristão
Martins de Araújo França, José Francisco Barroso, Cipriano Custódio de Araújo, Ricardo
Gonçalves Cordeiro, Manoel Leocádio de Oliveira".

635 _ 1850 _ Sessão ordinária de 5 de abril. Tratavam sobre a deliberação de se mandar fazer as
calçadas das ruas da Cidade, as chamadas de Joaquim Luiz, de Pedro de Matos e a do caminho
para a fonte nova.
636 _ 1850 _ Sessão ordinária de 6 de abril. A comissão de contas, tendo examinado
minuciosamente a receita e despesa apresentada pelo respectivo coletor, encontrou nelas um
saldo a favor da caixa de Rs. 2:875$695, e observa com prazer o aumento que tem havido nas
rendas, o que prova o zelo do atual coletor no cumprimento de seus deveres. Tem-se gasto a
quantia de Rs. 657$596 na obra do cemitério, cuja vista aparecia na mencionada conta. O
vereador José Francisco Barroso indicou que se mandasse fazer um telheiro na fonte denominada
de cima para a parte em que estavam hoje colocadas as bicas, a fim de abranger as lavadeiras do
sol e temporais. A Câmara mandou uma comissão examinar, e acharam ser de necessidade
formar-se uma meia água com 14 palmos de fundo e 44 de comprimento; além de outro telheiro
que já ali tem aberto, por todos os lados o qual se poderia fazer com Rs. 100$000; e a mesma
comissão julgou de necessidade rodear-se este telheiro com um paredão baixo de 3 a 4 palmos de
alto com um portão para dar entrada da fonte, e preservar aquele lugar do ingresso dos animais
que o tem tisnado, e da imundície que contrai a terra, que produz lama e deixá-la no primitivo
estado de pedra, ainda que fosse necessário suspender o ladrilho para o pôr ao nível das sapatas
ora existentes, ou o que desenvolver outras opiniões. Paço da Câmara Municipal, em sessão
ordinária de 8 de abril de 1850. Manoel Leocádio de Oliveira, Cipriano Custódio de Araújo.

637 _ 1850 _ Em 12 do mês de agosto foi benzida pelo Vigário da vara de Paranaguá o Padre
Agostinho Machado Lima, a nova capela do Senhor Bom Jesus de Guaraqueçaba, do 2º distrito da
Cidade, bem como foi a sua pia batismal e o cemitério da mesma.

Aqui finalizam as memórias históricas paranagüenses, deixando às Câmaras Municipais vindouras


um vastíssimo campo para a sua continuação, fazendo anualmente exarar os fatos mais heróicos e
singulares que acontecerem anualmente, os mapas da população, o dos nascimentos, óbitos e
casamentos e os rendimentos nacionais da alfândega e consulado, e finalmente tudo quanto for ao
engrandecimento da Cidade

P A R A N A G Ü E N S E.

-FIM-

ÍNDICE DAS MATÉRIAS PRINCIPAIS

Dedicação 3

Descrição topográfica da Cidade 9 Descrição da Cidade 13

Série cronológica dos Capitães-mores, governadores

e comandantes militares 23

Idem dos Ouvidores Gerais e Corregedores da Comarca 26

Idem dos juízes de fora municipais, delegados, e subdelegados 29

Idem dos Juízes de Direito 31


Estatística da população 33

Mapas das embarcações que entraram e saíram 35

Sinopse dos cidadãos paranagüenses que serviram no governo 36

Idem dos Comendadores e cavalheiros paranagüenses 39 Descrição histórica da igreja matriz 43

Série cronológica dos Párocos da mesma 47

Mapa do estado clerical e religioso 51

Necrologia das pessoas mais principais falecidas 55

Mapa dos nascimentos, casamentos e óbitos 73

Irmandades antigas que houve na igreja matriz 75

Notícia histórica da Irmandade do SS. Sacramento 76

Idem do inventário dos bens e jóias da mesma 78

Testamento do sargento-mor Cristóvão Pinheiro França 92

Mapa das receitas e despesas desta Irmandade 94

Idem dos provedores, escrivães, tesoureiros e procuradores da mesma 97

Notícia histórica da Irmandade da Senhora do Rosário 105

Inventário dos bens da mesma 120

Breve pontifical do Papa Clemente XI 122

Mapa da receita e despesa da mesma Irmandade 124

Irmandades de S. Miguel Arcanjo e de S. Antônio 127

Ordem 3ª de S. Francisco das Chagas 129

Série cronológica dos Padres comissários 138

Inventário dos bens da mesma ordem 140

Notícia histórica da capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões 143

Idem receita e despesa da mesma pelos protetores 145

Notícia da ereção da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia 149

Benfeitores da mesma Santa Casa 151

Hospital da Santa Casa da Misericórdia 151

Receitas e despesas do hospital 162


Provedores, escrivães, tesoureiros e mordomos, etc. 170

Igreja e Irmandade de S. Benedito 173

Paço da Câmara Municipal da Cidade 177

Bens do Conselho e rendimentos da Câmara 181

Iluminação da Cidade 188

Colocação dos lampiões nas ruas 192

Mapas dos rendimentos diversos arrecadados pela Câmara 195

Notícia histórica do Colégio dos extintos Jesuítas 201

Casa da alfândega e série de seus inspetores 218

Mapas dos rendimentos, consulado e outros 220

Fortaleza da barra da cidade 223

Relação circunstanciada e sucessos do memorável dia 230

1º de julho de 1850 com o vapor Cormorant

Notícia histórica precedente à fundação da fortaleza 242

Orçamentos feitos para o reparo da fortaleza 246

As barras das baías de Paranaguá 251

Cemitério público da Cidade 257

Arsenal e estaleiro 263

Notícia descritiva e histórica da Cidade em continuação

ao primeiro capítulo 267

Mapas das observações meteorológicas desde o ano de 1842 a 1845 270

Longevidade da vida humana 284

Instrução primaria das escolas de meninos e meninas 287

Aula de gramática latina 290

Força dos corpos das guardas nacionais e policiais 293

Série cronológica dos comandantes militares delas 296


Notícia histórica dos corpos de ordenanças 297

Proprietários principais da Cidade 303

Matronas ilustres paranagüenses 307

Comércio de exportação aos portos do Império e estrangeiros 311

Governo administrativo civil, eclesiástico e militar, etc. 323

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1850

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EXPLICAÇÕES

I _ Esta publicação foi feita sob os auspícios e orientação da Seção de História do Museu
Paranaense.

II _ No Congresso Regional de História, realizado durante as comemorações do tricentenário de


Paranaguá, ficou deliberado ser mantida a mesma ortografia do autor, separando-se apenas os
artigos, preposições e conjunções das palavras que seguiam, a fim de tornar mais fácil a leitura.

III _ Os originais estão sob a guarda do Círculo de Estudos Bandeirantes _ Curitiba.

IV _ Por gentileza do Dr. José Loureiro Fernandes, foram os originais colocados à nossa
disposição, para serem publicados.

V _ Ruy Altamir da Cruz copiou datilograficamente os originais; Ivo Simas Moreira copiou os
desenhos; Maria das Neves Canelas e Regina Moreira conferiam a composição pelos originais;
Júlio Moreira fez a revisão da matéria paginada.

VI _ A publicação foi feita na Imprensa Oficial do Estado, com a colaboração de: Dr. Ítalo Domício
Borba, diretor; Dr. João Vialle, assistente técnico; João Eugênio Zimmermann, chefe das oficinas;
Leonel Cirino Marcos, encadernador-chefe; Alfeu de Macedo Cavalcanti Filho, chefe da seção de
multilith; Anésio de Tullio e Homero Samways, linotipistas; Tadeu Wojcik, paginador; João
Francisco Castellano, impressor.
VII _ As notas com (N.J.) são de autoria de Nascimento Júnior e as com (J. M.) são de Júlio
Moreira.

VIII _ A todos que auxiliaram e tornaram possível a publicação deste volume, os nossos mais
sinceros agradecimentos.

Curitiba, dezembro de 1952.

DR. JÚLIO MOREIRA,

Diretor da Seção de História do Museu Paranaense.

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