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ANÁPOLIS: ANTES E DEPOIS DA FERROVIA

MORAIS, Talita Caetano de (1). GORNI, Marcelina (2)


(1) Estudante de arquitetura e urbanismo da Universidade Estadual de Goiás. (2) Arquiteta e
Urbanista
E-mail: tatacaetano@gmail.com
RESUMO

Anápolis é uma cidade centenária com pouco destaque para sua


história. Este artigo investiga parte de um elemento fundamental para
compreender a evolução urbana Anapolina - a ferrovia. A linha férrea fez parte
do apogeu da economia desta cidade e, quando deixou de existir foi
responsável pela queda econômica de Anápolis no mercado goiano e nacional.

A intenção é analisar como a ferrovia determinou a evolução urbana de


Anápolis, a maneira como este meio de transporte faz parte de sua herança
histórica e exemplificar o trajeto determinante dos trilhos para o direcionamento
do crescimento da cidade. Pretende despertar a vontade de conhecer um
pouco mais de suas origens.

Palavras-chave: Anápolis, ferrovia e evolução urbana.

1. INTRODUÇÃO

A ferrovia é um elemento integrador que não se restringe somente em


estabelecer as relações econômicas, mas também as sociais e urbanas de
sociedades, diferindo épocas e engrenando o desenvolvimento das cidades
que estão às suas margens.

A cidade de Anápolis possui um papel de grande importância para a


história da ferrovia em Goiás. Foi o ponto final da linha tronco no estado
durante muitos anos, tendo como início Araguari, cidade integrante da linha
férrea no Triângulo Mineiro. A implantação da ferrovia em Goiás foi obra de
alguns grupos políticos e econômicos que defendiam a modernização dos
meios de transportes. Entretanto, o estado estava localizado fora das áreas de
maior destaque para a exportação, recebendo assim poucos recursos
financeiros. Demorou aproximadamente dez anos para que a estrada de ferro
atingisse Anápolis, somente em 1935 com poucos recursos públicos.

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Anápolis, juntamente com outras cidades que abrigavam pólos de
desenvolvimento regional, se empenhava para manter estes terminais.
Desenvolvimento significa prosperar, crescer, e a ferrovia dinamizou o
processo de urbanização no estado: antigas cidades alcançadas pelos trilhos
se modernizaram. (BORGES in COELHO 2004, p.89).

A implantação da ferrovia em Anápolis fez com que a cidade


prosperasse, mantendo durante muito tempo características e fortes relações
com este sistema de transporte. Até os dias atuais, a cidade guarda resquícios
de um modelo de desenvolvimento relacionado com a linha ferroviária no seu
traçado urbano, claro que com modificações.

2. HISTÓRIA DE ANÁPOLIS

2.1 Histórico da cidade

A cidade completa neste ano de 2007, 100 anos de emancipação e o


grande motivo de sua origem está ligado à comercialização de produtos e
gêneros para a região do garimpo, particularmente os da região de Pirenópolis.
Mas também ao abastecimento de fazendas de criação de gado, como no norte
do estado. Sem deixar de mencionar a riqueza de recursos hídricos, as
condições geográficas favoráveis.

O primeiro núcleo da atual cidade de Anápolis tornou-se, com o


decorrer do tempo, ponto de parada obrigatória de viajantes que demandavam
para o norte do Estado. Segundo POLONIAL (1995, p.32):

Entre 1870 e 1935, a região do município de


Anápolis sofreu profundas mudanças. As poucas
moradias existentes, habitadas por escassa
população, deram lugar a uma aglomeração
humana mais complexa. As casas foram
reformadas com as construções de alvenaria e a
cidade ganha feições urbanas mais definidas.
Essa primeira fase de ocupação do território anapolino está marcada
na sua economia pela predominância do setor agrário de subsistência, da
pecuária incipiente e comércio de viajantes. A cidade surgiu onde hoje é a
região da Praça Santana. Com a criação da capela, o povoado foi crescendo e
recebendo vários nomes. Até que, em 1907, a vila alcançou o status de cidade,
com o nome de Anápolis.

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Hoje, a cidade está com 308.808 habitantes, sendo a segunda maior
cidade do estado em extensão territorial. A economia anapolina permanece
vinculada ainda ao comércio, tanto local, mas predominantemente de
exportação, abastecido pelo Porto Seco. Outra questão importante da
economia está relacionada com as indústrias farmacêuticas e outras indústrias
localizadas no Distrito Agroindustrial de Anápolis – DAIA.

2.2 Histórico da ferrovia em Anápolis

Em 1994, segundo dados do IBGE, Anápolis era o segundo município


mais populoso e em 1920, aproximadamente, foi denominada de “Manchester
Goiana” devido ao grande dinamismo econômico que passou pela cidade e às
perspectivas da estrada de ferro.

Influenciada pelo ritmo do progresso, entre 1910 e 1935 a cidade


experimentou expressivo crescimento populacional. Os melhoramentos
urbanos aconteceram paulatinamente para receber os imigrantes que
chegavam à região. Vinham pessoas de outros estados, como Minas Gerais e
São Paulo e, também estrangeiros como japoneses, italianos e turcos. Todos
estes transeuntes seguiam a estrada de ferro, à procura dos centros comerciais
mais dinâmicos do estado.

Segundo POLONIAL (1995, p. 33), a evolução histórica da cidade está


dividida em três etapas: 1870 – 1907, do núcleo à cidade; 1907-1935, período
de maior inserção da economia goiana na economia nacional e; 1935-1950,
hegemonia do setor terciário e chegada dos trilhos com queda a partir de 1950
com a concorrência de Goiânia.

A penetração da estrada de ferro em solo goiano foi importante no


sentido de inserir a economia do estado na economia nacional. O projeto de
expansão da ferrovia, com posto inicial em Araguari, previa a passagem por
Anápolis prosseguindo para a cidade de Goiás e tendo Aruanã como ponto
final. A estrada de ferro, segundo BORGES (in COELHO, 2004, p.89), foi
implantada em Anápolis no dia 07 de Setembro de 1935.

Anápolis foi duplamente beneficiada com a chegada da ferrovia.


Primeiro, pelo próprio desenvolvimento dos transportes, que dinamizou o
comércio e a produção local. Segundo, pelo fato da cidade passar a configurar-

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se como ponto final dos trilhos, o que a transformou em entreposto comercial
na troca de mercadorias de uma vasta região do estado. A cidade tornou-se
uma espécie de “portal do cerrado”, uma passagem obrigatória pra os
trabalhadores. Em 1950, o município anapolino já era conhecido como pólo
agroindustrial.

3. A CIDADE

3.1 Implantação da ferrovia e suas influências

A ferrovia tornou-se não só a principal artéria de exportação de bens


primários e de importação de manufaturados, como também a principal via de
penetração de novas idéias e valores culturais da sociedade moderna.

O primeiro contato da ferrovia proveniente de Leopoldo de Bulhões


com a cidade acontece no DAIA. Ela abastece o Distrito Agroindustrial,
oferencendo suporte às indústrias e atualmente ela não segue seu destino
inicial, seu caminho era até a antiga Transformadores Elétricos - TRAFO. Deste
local, os trilhos direcionavam-se para o Bairro Arco Verde, São Sebastião e Vila
Formosa. Neste ponto, a linha férrea prolongava para uma estação suporte
demonstrada na figura 01, onde havia o espaço para o embarque e
desembarque de passageiros, um galpão que funcionava como depósito e um
espaço aberto para acomodar os galões de combustíveis para abastecimento
das máquinas.

Desta estação, o trem seguia caminho retilíneo atravessando a


Avenida Goiás, chegando à Avenida Mato Grosso e prolongava-se para o
pontilhão 1 da antiga Avenida Federal, no Bairro Santa Maria de Nazareth.
Neste ponto ela muda a direção à oeste, passando pela Avenida Xavier de
Almeida a fim de encontrar com a Estação Ferroviária Principal, localizada no
setor central, ilustrada na figura 02. A partir da Estação Principal, a linha férrea
prolongava pela Avenida Federal em direção aos Bairros São Jorge e Frei
Eustáquio, onde seria o ponto terminal. Todo o trecho do trajeto pode ser
identificado na figura 03.

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Pontilhão – pequena ponte ferroviária

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Figura 01 - Antiga Estação Suporte Figura 02 - Antiga Estação Central

Fonte: Foto da autora, 22/05/07 Fonte: Acervo do Museu de Anápolis, 1935

Figura 03 – Mapa do trecho da ferrovia


Fonte: Núcleo Gestor do Plano Diretor Participativo de Anápolis – 2005/2006 –
Modificado pela autora

3.2 Evolução e morfologia urbana

Anápolis teve sua ocupação inicial nas proximidades da Igreja


Santana. Com o aumento da população, a expansão urbana aconteceu na
direção norte, rumo ao morro da Capuava, saída para as cidades de São
Francisco de Goiás, Corumbá e Pirenópolis, conforme as ilustrações 04, 05 e
06.

Na figura 04 percebe-se um aglomerado em torno da região do núcleo


de formação. Baseado nas considerações de POLONIAL (1995, p.41), a cidade
desenvolvia-se ao redor de suas raízes e predominava o comércio local. À
medida que a estrada de ferro ia sendo implantada,demonstrada nas figuras 05
e 06, Anápolis começou espraiar-se no sentido norte e um pouco a sul, onde

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ficava a parte industrial. Este sentido de crescimento ao norte deve-se
principalmente pelo fato dos produtos de exportação serem provenientes
destas regiões, principalmente Pirenópolis.

Figura 04 – Mapa de ocupação de Anápolis em 1907 Figura 05 – Mapa de ocupação de Anápolis em 1920-1935
Fonte: POLONIAL, 1995 Fonte: POLONIAL, 1995

Figura 06 – Mapa de ocupação de Anápolis em 1950


Fonte: POLONIAL, 1995

À medida que a ferrovia tomou importância para a economia


anapolina, os eixos de exportação ficaram mais marcados e, neste momento,

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meados de 1950, os produtos eram trazidos, também da região de Jaraguá. A
cidade estendia-se por onde era conveniente para a economia. A estrada de
ferro gerou empregos, logo, a população via como benefício a ocupação ao
longo de trechos que proporcionavam retornos financeiros.

A ligação rodoviária com São Francisco de Goiás ocorreu no ano de


1929 e com Corumbá em 1935 e a estrada entre Pirenópolis e Anápolis foi
melhorada também no mesmo ano. Era o momento em que Anápolis
experimentava um surto desenvolvimentista, tendo como setores mais
dinâmicos o terciário e o primário, com a agricultura sustentável.

A partir deste prévio estudo de manchas de evolução, o olhar pode ser


transferido para mapas de evolução urbana com base em décadas e datas de
aprovação dos bairros, exemplificado nas figuras 07 e 08. Observando os
bairros que abrigaram o percurso feito pela linha férrea, é possível analisar as
influências deste sistema de transporte na morfologia urbana. Morfologia, que
seria o estudo das formas, é um conceito relacionado à imagem, à leitura, que
os indivíduos fazem dos objetos arquitetônicos e urbanos. Segundo LAMAS
(1992), “é a disciplina que estuda o objeto – a forma urbana – nas suas
características exteriores, físicas, e na sua evolução no tempo”.

Figura 07 – Mapa de ocupação de anápolis antes e


durante a ferrovia
Fonte: Núcleo Gestor do Plano Diretor Participativo
de Anápolis – 2005/2006 – modificado pela autora

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Figura 08 – Mapa de ocupação de anápolis
depois da ferrovia
Fonte: Núcleo Gestor do Plano Diretor Participativo
de Anápolis – 2005/2006 – modificado pela autora

De acordo com o mapa representado na figura 07, a cidade surgiu a


partir de um ponto central, um espaço aglomerado onde as pessoas
adaptavam-se ao núcleo. Anápolis foi crescendo quase radialmente até
meados de 1935. A partir desta data surge a ferrovia e os bairros foram
acompanhando este transporte, uma vez que era o apogeu da economia
anapolina. O impacto dos trilhos é visível no modo como o traçado urbano foi
praticamente determinado por este novo meio de comerciar, ou seja, pela linha
férrea. Por onde a cidade crescia, como ao norte, era em função do
abastecimento dos trilhos. No detalhe da figura 03, é possível analisar os
bairros que margeavam os trilhos. De acordo com entrevistas, a origem dessas
terras eram doações aos funcionários da ferrovia que dividiam em tamanhos
que atendessem às necessidades de cada família.
De 1955 a 1960, surgem bairros mais afastados aos trilhos e em 1967, a
cidade estende-se em busca de produtos que abastecem ou aprimorassem a
exportação, onde surge os bairros ao norte para o mercado de Pirenópolis,
Jaraguá e, um ao sul, os bairros industriais que facilitavam a melhoria da
produção. Já em 1970, a produção industrial é fortalecida pelo Distrito

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Agroindustrial de Anápolis – DAIA, que atualmente ainda é abastecido pela
ferrovia.
Na figura 08, é perceptível como a queda da ferrovia afetou a cidade. As
periferias anapolinas passam a ser ocupadas, deixando de existir a relação dos
moradores com o centro. A economia passa a ser de comércio varejista e o
núcleo inicial da cidade torna-se um lugar de luxo para os moradores, sendo
necessário o surgimento de bairros afastados para abrigar os funcionários que
movimentam a cidade. Nesta figura, há o projeto da nova estrada de ferro, a
Norte-Sul, e serão necessárias desapropriações, o que causará um impacto
negativo sobre os moradores da região sudoeste.
Segundo Panerai (2006, p. 51), entender o processo de crescimento é
importante porque oferece uma apreensão global da aglomeração numa
perspectiva dinâmica. A maneira como as cidades se formam, crescem e se
modificam pode ser explicada pela crise econômica que permaneceu e pela
mudança de natureza da crise urbana. Os bairros acompanham a linha férrea
de 1935. A morfologia urbana é determinada pelo modelo das quadras e das
vias, que surgiam para abastecer e interligar os bairros à linha férrea. Logo, as
quadras se adaptavam para abrigar e organizar a vida da sociedade anapolina
na época da implantação da ferrovia.
Atualmente, em algumas partes da cidade ainda há trechos que
relembram a história anapolina. As estações urbanas estão adaptadas às
funções que lhe foram impostas. No trecho final da estrada de ferro, existem
alguns exemplos de edificações que formavam a composição da paisagem
ferroviária e alguns galpões, ilustrados nas figuras 09 e 10. Com a Plataforma
Logística Multimodal, a linha férrea continua interligando a economia anapolina
às demais.

Figura 09 – Casa da estrada de ferro Figura 10 – Galpões de abastecimento


Fonte: Foto da autora, 22/05/07 Fonte: Foto da autora, 22/05/07

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Os meios de transporte, o comércio, a educação, o turismo são alguns
dos diversos itens que movimentam e dão vida a uma cidade. Anápolis é
fortemente marcada pelo período anterior e posterior à linha férrea.
Anteriormente, a cidade era um núcleo pequeno que se expandia em torno de
um centro, a Igreja Santana, o ponto inicial do aglomerado. A partir da
implantação dos trilhos, os cidadãos acomodavam-se à medida que facilitasse
o acesso e o fornecimento de produtos à ferrovia.

A vida urbana é reflexo da economia e, conseqüentemente, da


disposição dos elementos componentes de uma cidade, como seus bairros,
suas vias e seus acessos para uma realidade exploradora.

4. REFERÊNCIAS

BORGES, Barsanufo Gomides. A ESTRADA DE FERRO GOIÁS: UMA ANÁLISE HISTÓRICA.


In: COELHO, Gustavo Neiva (org.) FERROVIA: 150 ANOS DE ARQUITETURA E
HISTÓRIA. Goiânia: Goiânia:Trilhas Urbanas, 2004.

LAMAS, José Manoel Ressano Garcia. MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA CIDADE.


Lisboa, Fundação Calouste Gulbentrian, Junta de Investigação Científica e Tecnológica,
1992.

LEMOS, Amália Inês G. de; CARLOS, Ana Fani Alessandri. DILEMAS URBANOS – NOVAS
ABORDAGENS SOBRE A CIDADE. São Paulo: Editora Contexto, 2003.

LYNCH, Kevin. A IMAGEM DA CIDADE. São Paulo: Martins Fontes, 1970.

PANERAI, Philippe. ANÁLISE URBANA – COL. ARQUITETURA E URBANISMO. Brasília:


Unb, 2006.

VILLAÇA, Flávio. ESPAÇO INTRA-URBANO NO BRASIL. São Paulo: Studio Nobel, 2001.

POLONIAL, Juscelino. ANÁPOLIS NOS TEMPOS DA FERROVIA. Anápolis: Associação


Educativa Evangélica, 1995.

POLONIAL, Juscelino. ENSAIOS SOBRE A HISTÓRIA DE ANÁPOLIS. Anápolis: Associação


Educativa Evangélica, 2000.

Entrevista com Elias Honório de Sousa na Mapoteca da Prefeitura Municipal de Anápolis em


18/05/2007.

Entrevista com Edvaldo Antônio Corrêa e Irene Rodrigues de Oliveira no Museu de Anápolis
em 18/05/2007.

Plano Diretor Participativo de Anápolis 2005/2006 – Prefeitura Municipal de Anápolis

www.ibge.com.br

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