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■■ PRÁTICAS DO
CUIDAR
Unidade Didática – Sistematização da
Assistência de Enfermagem
Queridos alunos,
Como vimos nos módulos anteriores, a enfermagem, assim como qualquer outra profissão, exige o de-
senvolvimento de um corpo de conhecimentos próprios que possam ser aplicados à sua prática. Você está
se aproximando, dia a dia, dos conhecimentos de várias áreas que compõem a enfermagem. Conhecimentos
biológicos, sociais e psicológicos buscam construir o ser humano como um ser complexo, mas também como
único. A ciência chamada enfermagem está se desvendando para você e trazendo o conceito de cuidar como
muito mais atenção que ajudar alguém que está com problemas de saúde. O cuidar em enfermagem, mais que
um ato solidário ou humanista, é aplicar conhecimentos profundos, de várias naturezas e adotados de forma
científica.
Esta unidade didática tem como tema central demonstrar o método científico que a enfermagem utiliza
para colocar em prática o conhecimento que adquiriu por todos os anos de sua história. O cuidado visto de
uma forma claramente científica proporciona ao profissional de enfermagem um trabalho de qualidade e,
principalmente, leva aos pacientes o cuidado planejado e humanizado.
Então, vamos aos estudos!
Professora Ana Patrícia Ricci
de Enfermagem
■■ Conteúdo
• Introdução à sistematização da assistência de enfermagem (SAE)
• História e desenvolvimento do processo da SAE
• Legislação pertinente à SAE; principais conceitos
• Primeira e segunda etapas do processo de enfermagem
■■ Competências e habilidades
• Identificar a importância da aplicação da SAE
• Descrever a legislação pertinente
• Apontar os passos iniciais para a implantação do processo
• Explicar a primeira etapa (histórico de enfermagem) e a segunda etapa do processo de enfermagem
(exame físico)
■■ Duração
2h-a – via satélite com professor interativo
2h-a – presenciais com professor local
6h-a – mínimo sugerido para autoestudo
Iniciamos nossas atividades neste módulo com do nosso curso, iremos relembrá-los, e vários outros
muito orgulho em apresentar a Sistematização da serão apresentados e discutidos. Tenha a certeza de
Assistência de Enfermagem. Alguns conceitos rela- que este conteúdo fará parte de sua vida cotidiana
cionados à SAE já foram vistos nos módulos iniciais como profissional!
RELEMBRANDO AS TEORIAS
DE ENFERMAGEM
A tentativa de organizar o conhecimento da en-
fermagem ocorreu a partir de 1950, quando várias
enfermeiras iniciaram estudos com o objetivo de
construir e organizar os modelos conceituais da
profissão. Vários foram os modelos conceituais de-
senvolvidos, porém os paradigmas amplamente dis-
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cutidos foram: o ser humano, o ambiente, a saúde, magem, prognóstico de enfermagem – mas
o cuidado e a enfermagem. A partir do referencial sem citar a expressão processo de enfermagem.
proposto pelos modelos conceituais, muitas teorias –– Em 1967, a Universidade Católica dos Estados
de enfermagem surgiram na tentativa de estabe- Unidos publicou pesquisas sobre o processo
lecer uma relação entre os diferentes conceitos e, de enfermagem, dividindo-o em cinco fases:
posteriormente, explicar e direcionar a assistência levantamento (assessment), diagnóstico, pla-
de enfermagem. E assim surgiram as teorias de en- nejamento, implementação e avaliação.
fermagem que buscavam o enriquecimento e desen- –– Em 1970, Lucile Lewis estabelece um processo
volvimento da profissão, com a utilização de uma em três fases: levantamento (assessment), in-
linguagem específica de enfermagem. tervenção e avaliação, no qual a fase de diag-
É muito importante que os enfermeiros estudem nóstico (identificação de problema) está rela-
e compreendam as correntes filosóficas que apoiam cionada com a coleta de dados.
as teorias de enfermagem, pois elas proporcionam –– A Associação Norte-Americana de Enfermei-
suporte para o cuidado de enfermagem e são tão ros (American Nurse Association – ANA) es-
importantes quanto as técnicas. tabeleceu as seguintes etapas para o processo
Teorias são instrumentos de trabalho têm uma vi- de enfermagem: coleta de dados, diagnósticos
são sobre o processo saúde-doença, definem a ação de enfermagem, estabelecimento dos objeti-
da enfermeira sobre o objeto e, ainda, especificam o vos, plano de cuidados, ação de enfermagem,
papel da enfermagem e os conhecimentos que são renovação da coleta de dados (reassessment) e
aplicados na prática. revisão de plano.
Para Garcia e Nóbrega (2001), a aplicabilidade
Após o surgimento das teorias de enfermagem e
das teorias é feita por meio do processo de enfer-
do desenvolvimento dos estudos e pesquisas, a apli-
magem, o qual é um instrumento metodológico de
cação do processo de enfermagem foi adquirindo as
que se lança mão, tanto para organizar quanto para
características específicas de cada teoria: para Wan-
favorecer o cuidado em enfermagem.
da Horta o processo é composto por seis etapas; para
King, são cinco; para Leninger e Rogers o processo
O PROCESSO DE ENFERMAGEM – ocorre em quatro etapas; Neuman afirma que o pro-
ASPECTOS HISTÓRICOS cesso de enfermagem é composto por duas fases.
–– A expressão processo de enfermagem apareceu De qualquer forma, desde o seu surgimento, o
pela primeira vez em 1955 com Lídia Hall processo de enfermagem tem sido percebido como
durante uma conferência. Ela afirmou que “a uma necessidade premente para a melhoria da qua-
enfermagem é um processo”, construído em lidade da assistência prestada ao cliente.
quatro proposições: enfermagem ao pacien- Em junho de 1986, com a Lei no 7.498 sobre o
te, para o paciente, pelo paciente e com o pa- exercício profissional, estabeleceram-se como ati-
ciente. vidade privativa do enfermeiro a consulta de en-
–– Segundo George et al. (1993), o processo de fermagem e a prescrição da assistência de enfer-
enfermagem surgiu na literatura pela primeira magem. Ainda assim, os enfermeiros não tinham
vez em 1961, numa publicação de Ida Orlando, a utilização do processo de enfermagem de uma
para explicar o comportamento do paciente, as forma completa, pois, para se prescrever, antes era
respostas do paciente e do enfermeiro. necessário colher dados e fazer o diagnóstico dos
–– Em 1963, Virgínia Bonney e Jude Rothberg problemas de enfermagem, porém, na prática, mui-
empregaram os termos: dados sociais e físicos, tos enfermeiros faziam diretamente a prescrição de
diagnóstico de enfermagem, terapia de enfer- cuidados de enfermagem.
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difere radicalmente, em seus respectivos conceitos, mentados nas ciências biológicas, físicas, compor-
daquelas que são desenvolvidas na área assistencial tamentais e humanas, sempre presentes no processo
hospitalar e de saúde pública, pois os princípios são de cuidar.
os mesmos, diferenciando-se apenas quanto ao foco Segundo Horta (1979), o conhecimento científico
de atenção, ou seja, o tipo de paciente/cliente a ser passa a ser ciência quando se organiza num sistema
assistido. de proposições demonstradas experimentalmente e
Mas, mesmo este paciente/cliente específico a que se relacionam entre si.
uma das áreas de atuação do enfermeiro pode ser A SAE “é uma atividade intelectual, deliberada,
envolvido em um processo saúde-doença que ve- por meio da qual a prática da enfermagem é abor-
nha a ser estendido para suas demais áreas de con- dada de uma maneira ordenada e sistemática” (GE-
vívio (familiar, social e comunitário), o enfermeiro ORGE, 2000), tendo sido desenvolvida como um
precisa desenvolver o seu trabalho voltado para método específico de aplicação de uma abordagem
estes focos de atenção, o que implica relacionar-se científica ou de solução de problemas à prática de
com todas as áreas de atuação profissional. enfermagem. Ela avalia a qualidade dos cuidados
A enfermagem, enquanto profissão, é de nature- profissionais proporcionados pelo enfermeiro e ga-
za interpessoal, razão pela qual se faz de vital im- rante a prestação de contas e a responsabilidade do
portância o bom relacionamento profissional do mesmo para com o cliente.
enfermeiro com o cliente/paciente. O enfermeiro, Deliberada – cautelosa, pensada, intencional.
por força da característica de sua formação profis- Intelectual – racional, inteligente, lógica, concei-
sional, desenvolve uma visão holística do processo tual.
de cuidar, no qual o paciente/cliente é visto como Atividade – estado ou condição de funcionar, co-
um todo, e a mente e o corpo não são considerados meçar, modificar, agir.
separadamente, pois o que acomete a mente afeta o Ordenada – ajuste metódico, eficiente e lógico.
corpo, e vice-versa. Sistemática – intencional; relativo à classificação.
O processo de enfermagem possibilita ao enfer- Ainda segundo Horta,
meiro organizar, planejar e estruturar a ordem e a “o que caracteriza uma ciência é a indicação clara
direção do cuidado, constituindo-se no instrumen- de seu objeto, sua descrição, explicação e previsão.
to metodológico da profissão, subsidiando o enfer- O objeto do conhecimento científico não é o ser,
meiro quanto à tomada de decisões e na efetivação porque este, por si próprio, é inobjetivável. O ob-
do feedback necessário para prever, avaliar e deter- jeto da ciência é o ente concreto que se revela ao
minar novas intervenções. homem, e todo ente está no habitáculo do ser. Um
Por isso mesmo torna-se o processo de enferma- único ser pode ter seus entes concretos como obje-
gem uma prática intelectual deliberada, desenvolvida to de várias disciplinas científicas. A psicologia, a
sociologia, a história, a economia, a administração,
de maneira ordenada e sistemática. É uma prática de-
a antropologia, a medicina e todas as demais ciên-
liberada porque existe a intenção do fazer e também
cias têm seu ente próprio, um único habitáculo, que
por sua forma organizada e por atender a uma lógica
é o ser humano”.
do raciocínio clínico, que leva à eficiência como re-
sultado do processo – por tudo isso, é que dizemos A enfermagem, enquanto ciência, revela o Ho-
ser esta uma prática ordenada e sistemática. mem como um ser humano composto e que com-
O processo de enfermagem, se efetivamente pra- põe o indivíduo, a família, a comunidade, e todas as
ticado, proporciona a possibilidade plena de o en- influências que exerce ou sofre em termos sociais,
fermeiro avaliar a qualidade da assistência prestada, profissionais e pessoais, atendendo ao indivíduo em
justificando a enfermagem como uma ciência pela suas necessidades afetadas, que caracterizam os en-
aplicação de conceitos e teorias próprios, funda- tes da enfermagem.
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O enfermeiro, em seu papel primordial, desenvol- tas do indivíduo aos estímulos recebidos mediante
ve um trabalho voltado para o entendimento destes os problemas reais ou potenciais de saúde ou de pro-
problemas, relacionando-os entre si e agindo sobre cessos de vida. Este indivíduo deverá ser olhado, pelo
estes, caracterizando o aspecto científico do cuidar. enfermeiro, como ele próprio, como família, como
A enfermagem como ciência identifica, analisa e comunidade, como profissional e todo o universo
estuda os fenômenos reais e sempre passíveis de ex- que o compõe. Essa é, pois, a base para a identifi-
perimentação, com muitas teorias já desenvolvidas cação e determinação das intervenções de enferma-
e amplamente validadas, que estabelecem relaciona- gem (prescrição de enfermagem) e estabelecimento
mento entre os fatos e os atos existentes e identi- de metas desejadas.
ficados. Considera, como base de suas conclusões, A prescrição de enfermagem, subdividida por
a certeza probabilística, em que todas as ciências alguns autores em duas fases, ou seja, a de planeja-
estão presentes, das hermenêuticas às empírico- mento e a de intervenção, constitui-se na determi-
formais, inclusive a Física, caracterizando-se como nação dos níveis de intervenção das ações de enfer-
uma ciência formal ou positiva. magem.
O processo de enfermagem é descrito em cinco A última fase constitui-se na evolução de enfer-
fases essenciais para a sua efetividade e eficácia, magem, em que o enfermeiro desenvolve a avaliação
quais sejam: e afere os resultados da intervenção, possibilitando
• Histórico uma retroalimentação contínua na intervenção ne-
• Exame físico cessária ao alcance dos resultados esperados.
O enfermeiro, dentro dos princípios que regem o
• Diagnóstico
seu trabalho, deve associar estes conceitos à realida-
• Prescrição
de de sua atividade específica, procurando adaptar
• Evolução
o ambiente ao indivíduo, considerando os agravos
O histórico de enfermagem, fase inicial do pro- e agentes identificados que interferem no processo
cesso, leva o enfermeiro a constituir sua base de da- saúde-doença.
dos, investigando, levantando problemas e necessi- O processo de enfermagem nada mais é que o
dades afetadas, possibilitando a coleta e análise dos enfermeiro sistematizar e ordenar o seu trabalho,
dados. É a conhecida consulta de enfermagem, na utilizando os instrumentos científicos aqui dispos-
qual o enfermeiro coloca em prática sua competên- tos, associando-os ao seu conhecimento científico,
cia na abordagem do paciente, empregando técnicas com o propósito de identificar agentes e/ou agravos
de entrevistas adequadas ao que se pretende. à saúde, seja em no ambiente de trabalho do pacien-
A coleta ordenada e sistemática de dados torna-se te, seja em seu ambiente familiar ou social, determi-
fundamental ao enfermeiro para a perfeita identifi- nando as intervenções necessárias, avaliando os re-
cação e classificação dos problemas, e o enfermeiro sultados e determinando novas intervenções – o que
deverá avaliar se o conjunto de dados apurados aten- resulta um processo aplicado em nível individual ou
de ao desenvolvimento das fases posteriores e, se ne- coletivo, num contínuo processo de retroalimenta-
gativo, deverá o enfermeiro realizar tantas quantas ção, visando à promoção, proteção, prevenção, re-
investigações se fizerem necessárias. Durante a co- cuperação e reabilitação da saúde. O enfermeiro,
leta de dados e a investigação, deverá o enfermeiro além de ter o seu papel centrado na promoção, pro-
associar a esta fase o exame físico, aplicando seu co- teção, prevenção, recuperação e reabilitação da saú-
nhecimento científico e validando as informações de, desempenha também um papel fundamental na
colhidas na entrevista (histórico) junto ao paciente. prestação de cuidados primários e secundários, no
O diagnóstico de enfermagem, por sua vez, possi- atendimento e controle de urgências/emergências e
bilita ao enfermeiro o julgamento clínico das respos- na prevenção quanto aos acidentes do trabalho.
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• Em forma de pinça, utilizando o polegar e o in- peia diretamente a região que está sendo examina-
dicador. da. O dedo deve estar fletido e os movimentos de
• Digitopressão, comprimindo uma área corpo- golpe são provenientes da articulação do pulso. Na
ral utilizando a polpa digital do indicador ou percussão indireta, o examinador utilizar o dedo
polegar. médio de uma das mãos para golpear a falange dis-
• Palpação bimanual, em que uma das mãos tal do dedo médio da outra mão que se encontra
aproxima a estrutura, que será examinada pela posicionada sobre a região examinada. A mão uti-
outra mão. lizada para receber os golpes deve estar espalmada
Sempre que certa região necessitar ser auscultada, e apenas o dedo médio deve estar em contato com
é importante realizar esta técnica antes da palpação, a região a ser examinada. Assim como na percus-
pois, com a palpação, as estruturas são mobilizadas são direta, os movimentos de golpe são provenien-
tes da articulação do pulso.
e estimuladas, interferindo na produção dos sons.
Deste modo, podemos identificar sons que não são
verdadeiros, os quais foram produzidos naquele ■■ Atividades
momento, pelo estímulo que provocamos. Após ter assistido à aula interativa e lido o mate-
Se o cliente verbalizar dor ou desconforto em rial referente a esta unidade, responda às seguintes
uma determinada região, deixe-a para o final do questões:
exame, pois ele apresentará certo desconforto, além 1. Sobre o processo de enfermagem é incorreto
da possibilidade da irradiação da dor e, consequen- afirmar:
temente, verbalização de dor em local onde esta não a) Possibilita ao enfermeiro organizar, pla-
se encontrava antes. nejar e estruturar a ordem e a direção do
Quando o enfermeiro detectar certa ansiedade cuidado.
ou inquietação por parte do cliente, deverá iniciar a b) Proporciona a possibilidade plena de o en-
palpação com as mãos dele por debaixo das suas, até fermeiro avaliar a qualidade da assistência
que este se tranquilize. prestada.
A percussão é utilizada quando o examinador c) Uma prática deliberada, desenvolvida de
deseja saber se a região examinada possui no seu maneira intuitiva.
interior ar, líquido ou se são sólidos. Por meio da d) Subsidia o enfermeiro quanto à tomada de
movimentação de tecidos subjacentes, são produzi- decisões e na efetivação do feedback ne-
dos sons audíveis e vibrações palpáveis, que podem cessário para prever, avaliar e determinar
ser distinguidos pelo enfermeiro. novas intervenções.
Podem-se diferenciar três tipos de sons: o maciço, e) Possibilita ao enfermeiro o desenvolvi-
o submaciço e o timpânico. O som maciço é produ- mento pleno de sua função.
zido quando se percute uma região sólida, despro- 2. O processo de enfermagem é descrito em
vida de líquido e ar, como, por exemplo, o fígado. O cinco fases, na seguinte sequência:
submaciço é produzido em regiões com quantidade a) Histórico, exame físico, prognóstico, in-
restrita de ar, como a região localizada entre o parên- tervenção, evolução.
quima pulmonar e um órgão sólido. O som timpâni- b) Histórico, diagnóstico, intervenção, prog-
co é identificado quando percutimos estruturas re- nóstico, planejamento.
pletas de ar, como o estômago e as alças intestinais. c) Evolução, prescrição, diagnóstico, exame
Para realização desta técnica utilizamos princi- físico, histórico.
palmente a percussão direta e a indireta. Na per- d) Exame físico, prescrição, prognóstico, in-
cussão direta, a polpa digital do dedo médio gol- tervenção, evolução.
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** ANOTAÇÕES
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AULA
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de Enfermagem
Etapas do Processo
■■ Conteúdo
• Etapas do processo de enfermagem – 3a etapa: diagnóstico de enfermagem; 4a etapa: intervenções de
enfermagem; 5a etapa: evolução de enfermagem, classificações em enfermagem
• Sistema NNN
■■ Competências e habilidades
• Relacionar as etapas do processo de enfermagem
■■ Duração
2h-a – via satélite com professor interativo
2h-a – presenciais com professor local
6h-a – mínimo sugerido para autoestudo
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• E a segunda área é o uso da observação (como sos vitais ou aos problemas de saúde atuais ou po-
observar), isto é, do impacto do ambiente so- tenciais, os quais fornecem a base para a seleção das
bre o indivíduo. intervenções de enfermagem, para atingir resultados
Os diagnósticos de enfermagem se baseavam na pelos quais o enfermeiro é responsável”.
análise das conclusões obtidas das informações in- O grupo de teóricos dos comitês taxonômicos da
vestigativas. Acreditava-se que os dados deveriam Nanda produziu uma estrutura conceitual para o
ser usados como base para a formação de qualquer sistema de classificação de diagnóstico, denomina-
conclusão. da Taxonomia I dos Diagnósticos de Enfermagem da
Hoje, entretanto, o conceito de diagnóstico de en- Nanda, publicada oficialmente em março de 1990,
fermagem e a utilização de classificações diagnósticas sendo revista anos mais tarde, na 14a Conferência
tendem a ser vistos diferentemente, pois vêm se desen- Bienal, em abril de 2000, quando foi apresentada a
volvendo de forma mais ampla nos últimos 40 anos. Taxonomia II, com a mudança dos nomes de muitos
O termo diagnóstico de enfermagem foi utilizado diagnósticos, a inclusão de sete novos diagnósticos
pela primeira vez em 1953, quando Vera Fry publi- e seis diagnósticos revisados. E, em março de 1990,
cou um estudo em que foram identificadas cinco foi publicado o primeiro número do Nursing Diag-
áreas de necessidades do cliente, considerando-as nosis, a publicação oficial da Nanda. A última edi-
como domínio da enfermagem. Em 1960, Faye Ab- ção revisada foi em 2009.
dellah introduziu um sistema de classificação para Na reunião do Conselho Internacional de Enfer-
identificação de 21 problemas clínicos do cliente. magem (CIE), em Seul, em 1989, foi aprovada uma
Na década de 70, um grupo de enfermeiras resolução em que as associações de enfermagem en-
norte-americanas reconheceu a necessidade de se volvidas desenvolvessem um sistema de classificação
desenvolver uma terminologia para descrever os para o cuidado de enfermagem que proporcionasse
problemas de saúde diagnosticados e tratados por os instrumentos que as enfermeiras em todos os pa-
enfermeiras e enfermeiros. Como consequência, em íses pudessem usar para descrever a enfermagem e
1973 foi realizada a 1a Conferência Nacional sobre suas contribuições para a saúde.
Diagnósticos de Enfermagem, na St. Louis Univer- Na Classificação Internacional da Prática da En-
sity School of Nursing, e criado o National Group for fermagem (Cipe), a versão alfa desse sistema de
the Classification of Nursing Diagnosis, representan- classificação foi divulgada em 1996, vindo a ser alte-
do todos os elementos da profissão: prática, educa- rada, corrigida e aperfeiçoada, originando um novo
ção e pesquisa. De 1973 até a atualidade, o National texto, a versão beta, apresentada pela primeira vez
Group reuniu-se 16 vezes. nas comemorações do centenário do CIP, em junho
Na quinta conferência, o National Group passou a de 1999, em Londres.
ser denominado North American Nursing Diagnosis No Brasil, Wanda Horta (1979) partiu do pressu-
Association (Nanda), constituindo uma organização posto de que as necessidades são universais, porém
mais formal, com representantes eleitos, um corpo a forma de manifestação varia de uma pessoa para
de diretores e comitês fixos, encarregada de um sis- outra, conforme idade, sexo, cultura, escolaridade,
tema de classificação de diagnósticos de enfermagem fatores socioeconômicos, ciclo de saúde, enfermida-
único para a profissão de enfermagem. Na 9a Con- de, ambiente, entre outros. Sendo assim, seguindo
ferência, em 1990, a Nanda aprovou a definição de João Mohana (1964), ela classificou as necessidades
diagnóstico de enfermagem fundamentada nas de- em psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais.
finições de Shoemaker, Roy e Gordon. Ela aprovou Em sua teoria, Horta introduziu, em cada nível
a seguinte definição (NANDA, 1990): “Diagnóstico proposto por Mohana, subgrupos de necessidades
de enfermagem é o julgamento clínico das respostas de forma ajustar este modelo para a prática assisten-
do indivíduo, família ou da comunidade aos proces- cial de enfermagem.
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Em 1990, um grupo da Paraíba fez um trabalho A palavra diagnóstico significa o estudo cuidado-
pioneiro de publicação da classificação diagnóstica so e crítico de algo para a determinação de sua na-
em português, no livro Diagnóstico de Enfermagem: tureza. Portanto, os enfermeiros devem considerar
uma abordagem conceitual e prática. Contribuíram o diagnóstico em seu campo de atuação, buscando
também, para despertar o interesse por classifica- respostas para o desenvolvimento de um plano de
ções diagnósticas no Brasil, os simpósios sobre diag- cuidados de enfermagem.
nósticos de enfermagem realizados por iniciativa do
Grupo de Interesse em Diagnóstico de Enfermagem Desenvolvimento de uma taxonomia
(Gide), a partir de 1991. O trabalho dos comitês taxonômicos da Nanda
A Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) produziu os primórdios de uma estrutura concei-
vem realizando um trabalho que inclui a tradução e tual para o sistema de classificação de diagnósticos.
o estudo da Cipe, desenvolvida pelo CIE. Além dis- Tal estrutura formulada é denominada de Taxono-
so, há um projeto, ao nível nacional, denominado mia I dos Diagnósticos de Enfermagem.
Cipesc, desenvolvido pela ABEn, e que tem como Nomenclatura: um sistema de designações (ter-
objetivo classificar as práticas de enfermagem em mos), elaboradas de acordo com regras preestabele-
saúde coletiva no Brasil. cidas (ANA, Nanda).
Classificação: arranjo sistemático de fenômenos
Desenvolvimento dos diagnósticos de relacionados em grupos ou categorias com base em
enfermagem características que os objetivos têm em comum.
A enfermagem, historicamente, vem buscando Taxonomia: é o estudo teórico de classificação
o reconhecimento universal da profissão e, para sistemático, incluindo suas bases, princípios, proce-
tanto, necessita de um sistema de classificação ou dimentos e regras. A taxonomia compreende nove
uma taxonomia para descrever e desenvolver uma padrões de resposta humana e cada padrão é segui-
fundamentação científica confiável. Os requisitos do de dois ou mais níveis de abstração, que são mais
geralmente exigidos do grupo ocupacional bus- concretos e clinicamente úteis. Esses padrões exis-
cando status profissional são listados por Styles tem apenas para a finalidade classificatória.
(1982): Temos, também, como referência, as necessida-
• Ensino universitário amplo des humanas básicas de Wanda Horta (1970); os pa-
drões funcionais de Gordon, que, da mesma forma
• Corpo de conhecimentos próprios
que os padrões de respostas humanas (taxonomia
• Orientação de serviços para outros
Nanda), servem como referencial para o enfermeiro
• Associação profissional na investigação diagnóstica.
• Autonomia e autodeterminação
Um sistema de classificação para a enfermagem Padrões de respostas humanas – Nanda
define o corpo de conhecimentos pelo qual ela é 1. Trocar/Metabolizar: nutrição, regulação física,
responsável. Na elaboração de um diagnóstico com eliminação, circulação, oxigenação e integri-
fundamentação técnico-científica, o profissional dade física.
enfermeiro demonstra maior confiabilidade e, con- 2. Comunicar/Expressar: envio de mensagens
sequentemente, maior autonomia profissional. verbais e não verbais.
O diagnóstico de enfermagem garante aos pro- 3. Relacionar: socialização, papéis sociais e sexu-
fissionais uma linguagem própria, padronizada, um alidade.
sistema compatível com a informatização, podendo 4. Valorização: estado espiritual.
ainda estabelecer mecanismos de reembolso das ati- 5. Escolher: participação e adaptação individual,
vidades de enfermagem. familiar e comunitária.
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• Absorção • Infecção
• Metabolismo • Lesão física
• Hidratação • Violência
• Eliminação • Riscos ambientais
• Sistema urinário • Processos defensivos
• Sistema gastrintestinal • Termorregulação
• Sistema tegumentar • Conforto
• Sistema respiratório • Conforto físico
• Atividade/Repouso • Conforto ambiental
• Sono/Repouso • Conforto social
• Atividade/Exercício • Crescimento e desenvolvimento
• Equilíbrio de energia • Crescimento
• Respostas cardiovasculares/pulmonares • Desenvolvimento
• Autocuidado
• Percepção/Cognição Estrutura da taxonomia II
• Atenção A taxonomia II possui sete eixos, são eles:
• Orientação Eixo 1: O conceito diagnóstico
• Sensação/Percepção Eixo 2: Sujeito do diagnóstico (indivíduo, famí-
• Cognição lia, comunidade)
Eixo 3: Julgamento (prejudicado, ineficaz)
• Comunicação
Eixo 4: Localização (vesical, auditiva, cerebral)
• Autopercepção
Eixo 5: Idade (bebê, criança, adulto)
• Autoconceito
Eixo 6: Tempo (crônico, grave, intermitente)
• Autoestima
Eixo 7: Situação do diagnóstico (risco, real, de
• Imagem corporal bem-estar, de promoção de saúde)
• Relacionamentos de papel Os eixos são representados nos diagnósticos de
• Papéis do cuidador enfermagem nomeados/codificados por meio de
• Relações familiares seus valores. Em alguns casos são denominados de
• Desempenho de papel forma explícita, por exemplo, enfrentamento co-
• Sexualidade munitário ineficaz e enfrentamento familiar com-
• Identidade sexual prometido – nos quais o sujeito do diagnóstico (no
• Função sexual primeiro caso, “a comunidade” e, no segundo, a
• Reprodução “família”) é nomeado usando-se os dois valores, “a
• Enfrentamento/Tolerância ao estresse comunidade” e “família”, retirados do eixo 2 (sujeito
do diagnóstico). “Ineficaz” e “comprometido” são
• Resposta pós-trauma
valores contidos no eixo 3 (julgamento).
• Resposta de enfrentamento
Em alguns casos, o eixo está implícito, como em
• Estresse neurocomportamental
intolerância à atividade, em que o sujeito do diag-
• Princípios de vida nóstico (eixo 2) é sempre o indivíduo. Em outros
• Valores casos, um eixo pode não ser pertinente a determi-
• Crenças nado diagnóstico, não fazendo parte do seu título
• Congruência entre Valores/Crenças/Ações ou código. Por exemplo, o eixo de tempo pode não
• Segurança/Proteção ser relevante para todos os diagnósticos.
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Eixo 6 – Tempo
COMPONENTES E TIPOS DOS DIAGNÓSTICOS
Descreve a duração do conceito diagnóstico DE ENFERMAGEM
(eixo 1). Os valores no eixo 6 são: Componentes
• Agudo: com duração inferior a seis meses Título: estabelece um nome para um diagnósti-
• Contínuo: sem interrupção, mantendo-se sem co. É um termo, ou expressão concisa, que represen-
pausas ta um padrão de indícios relacionados. Pode incluir
• Crônico: com duração superior a seis meses modificadores (descritores).
• Intermitente: com pausas ou reinício a inter- Definição: oferece uma descrição clara e precisa;
valos, periódico, cíclico delineia seu significado e ajuda a diferenciá-la de
diagnósticos similares.
Eixo 7 – Situação do diagnóstico Características definidoras: indícios/inferências
A situação do diagnóstico refere-se à realidade observáveis que se agrupam como manifestações de
ou à potencialidade do problema, ou à categoriza- um diagnóstico de enfermagem real ou de bem-estar.
ção do diagnóstico, como um diagnóstico de bem- Fatores de risco: fatores ambientais e elementos
estar/promoção de saúde. Os valores no eixo 7 são: fisiológicos, psicológicos, genéticos ou químicos
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30 min às 23 h 30 min, total de 195 mL por via oral, Oportunidade de ensino-aprendizagem: o pro-
sendo 120 mL na bandeja com refeição e 75mL para cesso de ensino-aprendizagem, por intermédio das
medicamentos; de 23 h 30 min às 7 h 30 min, total ações de educação para a saúde do cliente, inclui a
de 90 mL para medicamentos VO. aquisição de novos conhecimentos, atitudes, habili-
Intervenções independentes: são as atividades dades e mudanças que propiciem a promoção, recu-
prescritas pelos enfermeiros aos membros de sua peração e manutenção da sua saúde.
equipe após estabelecer os diagnósticos de enfer-
magem. Diretrizes da prescrição de enfermagem
• Deve ser realizada pelo profissional enfermeiro,
Características das Intervenções sendo atividade privativa. A equipe de enfer-
Coerência: as intervenções de enfermagem não magem deve opinar com relação aos cuidados
devem conflitar com os métodos terapêuticos de prescritos, aplicabilidade, dificuldades encon-
outros membros da equipe de saúde. As diferenças tradas para efetivá-la, além de sugerir modifi-
de opinião necessitam ser solucionadas para pro- cações.
mover a coerência do tratamento. • Utilizar letra legível, sem rasuras, espaços em
Bases científicas: deve-se utilizar a fundamenta- branco, evitando-se interpretações errôneas,
ção científica que sustente as decisões do enfermeiro com plena identificação de seu autor.
e componha a fundamentação científica das ações de • A prioridade de horário para a prescrição deve
enfermagem. Esses fundamentos são desenvolvidos ser caracterizada com estabelecimento de ro-
a partir da base de conhecimentos do enfermeiro, o tina, possibilitando ao máximo condições de
que inclui as ciências naturais, comportamentais e adaptação aos costumes e hábitos do paciente,
as ciências humanas. Cada intervenção de enferma-
minimizando o desconforto e maximizando os
gem deve estar apoiada em princípios científicos.
benefícios.
Individualização: ao elaborar as intervenções, a
• As prescrições que não necessitarem de horário
enfermeira seleciona métodos que tratarão das ne-
fixo para a execução podem ser recomendadas
cessidades físicas e emocionais específicas do clien-
por período: M, T, N.
te, propondo um diagnóstico médico ou de enfer-
• Devem ser datadas e assinadas, refletindo a res-
magem semelhantes.
Provisão de um ambiente seguro e terapêutico: ponsabilidade pessoal e legal do enfermeiro,
um ambiente seguro é aquele em que as necessida- além de proporcionar esclarecimentos quan-
des fisiológicas do cliente são satisfeitas protegendo do necessário e retorno da eficiência da inter
o paciente/cliente de danos potenciais, causados por venção.
importantes agravos à saúde, advindos, por exemplo, • As intervenções devem incluir verbos precisos
do ar, alimento, acomodação, água e estresse ambien- de ação e listar atividades específicas para o al-
tal. Quanto ao ar, temos a questão do ar condicio- cance dos resultados desejados. O verbo a ser
nado (se existente), da circulação, ventilação, entre utilizado deve estar sempre no infinitivo e in-
outros. Quanto aos alimentos, temos a temperatura, dicar o grau de dependência do cliente (fazer,
conservação, deterioração etc. Quanto à acomoda- auxiliar, orientar, encaminhar, observar, anotar,
ção, temos a questão da higiene, conforto, prevenção verificar etc.).
de escaras etc. Quanto à água, temos a questão da • As intervenções de enfermagem devem definir
temperatura, higiene corporal, entre outros. Quem, o Que, Onde, Quando, Como e com
Um ambiente terapêutico utiliza relações inter- que frequência ocorrerão as atividades plane-
pessoais eficientes de modo a auxiliar o cliente a so- jadas e determinadas. Quanto mais detalhes
lucionar sua reação humana alterada. houver, menores são as chances de erro.
113
Exemplo: Irrigar com vigor a ferida. Faz-se neces- especialidade médica – oncologia, cardiologia,
sário saber e indicar: obstetrícia, pediatria etc. Os cuidados padroni-
–– Que ferida (talvez o cliente tenha mais de zados são diretrizes detalhadas que represen-
uma). tam o atendimento indicado previsto para uma
–– Quem irrigará. situação específica, porém este tipo de prescri-
–– Quando irrigar (uma vez ao dia, cada vez que ção está sujeito a erros, uma vez que, por es-
for trocado o curativo). tar padronizado, corre-se o risco de prescrever
–– Como irrigar (vigorosamente, derramando a so- ações desnecessárias. Exemplo: em uma clínica
lução? Utilizando o bulbo de uma seringa? Com obstétrica, é comum que uma grande parcela
solução salina, água destilada, antibiótico?). das clientes apresente episiotomia, cujo cuida-
do padrão indicado é o de observar o aspecto
• Devem ser numeradas para designar uma
da episiorrafia. No entanto, pacientes com pe-
sequência, de acordo com os diagnósticos.
ríneo íntegro poderão surgir, e esta prescrição
Exemplos:
não mais se aplica. Portanto, torna-se necessá-
Situação 1 – Cuidados ao paciente com IAM des-
rio estar atento à individualidade de cada clien-
complicado:
te. Os cuidados padronizados poderão surgir
por meio de impressos contendo as prescrições
Diagnóstico de enfermagem/prescrição de
ou por intermédio de programas computa-
enfermagem
dorizados que, ao clicar-se sobre a patologia/
1) Dor precordial relacionada a reduzido fluxo
problema/diagnóstico, sugerem as prescrições
sanguíneo coronariano.
padronizadas.
• Observar, avaliar, registrar e comunicar ao
• Prescrição diária específica: é o conjunto de
enfermeiro a localização, radiação e duração
cuidados relacionados com os diagnósticos de
da dor.
enfermagem individualizados de cada clien-
• Administrar oxigênio conforme prescrição
te. A cada problema do cliente é emitida uma
médica, atentando para a fixação do cateter,
prescrição visando a atender à necessidade afe-
umidificação e fluxo; observar irritação der-
tada. É comum nas instituições de saúde haver
matológica à fixação do adesivo (esparadrapo
uma combinação destas duas prescrições, em
ou outro).
que a específica complementa e individualiza a
• Manter repouso absoluto no leito M-T-N. assistência a ser prestada.
• Auxiliar nas eliminações, oferecendo comadre/ • Prescrição ou plano de alta: é o conjunto de
compadre, além de promover a higiene íntima orientações escritas, recomendadas ao pacien-
após s/n. te por ocasião da alta médica. Deve ser rela-
• Manter a cabeceira do leito elevada a 45º, cionada com os diagnósticos de enfermagem
M-T-N. individualizados. O plano de alta deve ser pla-
• Fazer balanço hídrico, anotando no impresso nejado e sistematizado ao longo da internação,
próprio entradas e saídas de líquidos, M-T-N. preparando o cliente para a alta, com informa-
ções e orientações referentes à patologia, cui-
Tipos de prescrição de enfermagem dados, sequelas etc. O plano de alta tem como
• Prescrição de enfermagem diária relacionada meta identificar as necessidades específicas do
aos padrões mínimos de enfermagem (PME): cliente e/ou familiar visando a proporcionar
consiste no conjunto de cuidados relacionados condições favoráveis de saúde. Ao fazer a abor-
aos diagnósticos padronizados; por exemplo, dagem, deve-se levar em consideração nível de
em serviços ou unidades que atendam a uma entendimento e conhecimento, tanto do cliente
114
como dos familiares. É ainda primordial discu- –– Avaliar as condições respiratórias (frequência,
tir e estabelecer com este cliente um sistema de ruídos, secreções) e estimular exercícios res-
referência e contrarreferência para continuida- piratórios/expectoração e comunicar à enfer-
de do tratamento e avaliações necessárias da meira, 8-14-20.
equipe de saúde. –– Monitorar exames laboratoriais (gasometria,
• A referência e a contrarreferência – além de função renal – ureia, creatinina, Na e K), dia-
constituírem um preceito legal e ético profis- riamente (para o enfermeiro).
sional para a garantia da continuidade da assis- –– Orientar o paciente acerca do apoio com tra-
tência de enfermagem, garantindo também ao vesseiro na região abdominal se houve presen-
paciente/cliente condições que evitem os agra- ça de tosse.
vos relacionados com a patologia – mostram à –– Realizar balanço hídrico a cada plantão e co-
comunidade uma enfermagem efetiva, eficaz e municar ao enfermeiro – M-T-N.
eficiente quanto aos seus propósitos. –– Pesar o paciente diariamente, pela manhã e
em jejum – 8.
Exemplos de prescrição de enfermagem
–– Observar sinais de edema palpebral e de mem-
Situação 1 – Paciente submetido à cirurgia renal bros inferiores, anotar e comunicar ao enfer-
(nefrectomia à esquerda). Possíveis diagnósticos de meiro – M-T-N.
enfermagem:
–– Observar e anotar sinais de ingurgitamento
1. Mobilidade física prejudicada, relacionada à
das veias do pescoço, PA e FR, relacionando
incisão cirúrgica.
com a avaliação do estado hídrico (para o en-
2. Risco para alteração na função respiratória re-
fermeiro) – M-T-N.
lacionada à dor ao respirar e tossir, secundária
–– Orientar e controlar a restrição hídrica con-
à localização da incisão.
forme prescrição médica, s/n.
3. Risco para controle ineficaz do regime tera-
–– Observar, anotar e comunicar aspecto da in-
pêutico relacionado ao conhecimento insufi-
cisão cirúrgica (hiperemia, edema, secreções)
ciente às exigências de hidratação.
– M-T-N.
4. Risco de infecção relacionado à incisão cirúr-
gica. –– Fazer controle do sangramento, anotar e co-
5. Nutrição alterada: menos do que as exigências municar possíveis alterações no volume secre-
do corpo, relacionadas com o aumento das exi- tado – M-T-N.
gências proteicas e vitamínicas, para cicatriza- –– Fazer controle de temperatura, anotar e comu-
ção, e com a diminuição da ingesta secundária nicar se temperatura . 37,5 ºC – 7-13-19.
à dor, náuseas, vômitos e restrições dietéticas. –– Utilizar técnica asséptica na manipulação do
Prescrições de enfermagem curativo, durante as trocas.
1o dia –– Estimular, anotar e comunicar aceitação da
–– Manter repouso absoluto no leito – M-T-N. dieta.
–– Auxiliar o paciente nas alimentações após li- –– Fazer controle de pressão arterial, anotar e co-
beração da dieta, elevando o decúbito a 45º, e municar se PA . 140 3 90 mmHg – 7-13-19.
anotar a aceitação alimentar. –– Observar, anotar e comunicar presença de
anorexia, náuseas e vômitos.
2o dia –– Avaliar evidências de ingestão proteica ina-
–– Manter repouso relativo no leito, auxiliando dequada: formação de edema, retardo da ci-
na deambulação para o banho de aspersão e catrização e diminuição dos níveis séricos de
eliminação – M-T-N. albumina (para o enfermeiro) – M.
115
116
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• A evolução deve conter indagações: fermagem irão subsidiar o enfermeiro para o es-
–– As metas e os objetivos foram atingidos? tabelecimento do plano de cuidados/prescrição,
–– Houve modificações identificáveis no com- além de fornecer suporte para análise no preparo
portamento do cliente? da evolução de enfermagem, mediante reflexão do
–– Em caso positivo, por quê? enfermeiro acerca dos cuidados ministrados e res-
pectivas respostas do paciente, comparando-se aos
–– Em caso negativo, qual a razão?
resultados esperados.
Estas indagações auxiliam o profissional na de-
Assim, a anotação tem papel fundamental no
terminação dos problemas que foram solucionados
desenvolvimento da SAE, pois são fonte de infor-
e daqueles que precisam ser reavaliados e replane-
mações para a elaboração da evolução e, por conse-
jados.
guinte, da prescrição, pois assegura a continuidade
• São indicadores de avaliação: ausente, presen-
da assistência, contribuindo para a identificação das
te, mantido, melhorado, piorado, resolvido...
alterações do estado e condições do paciente, faci-
• Tipos de evolução: diária, complementar ou de
litando a detecção de problemas novos e a avalia-
alta.
ção dos cuidados prescritos e, por fim, comparan-
do as respostas do paciente aos cuidados prestados
Anotação de enfermagem
(CIANCIARULLO et al., 2001).
Conceito: são registros ordenados, efetuados
• A anotação deve ser clara, concisa, objetiva,
pela equipe de enfermagem (enfermeiro, técnico e
pontual, cronológica e sem rasuras, linhas em
auxiliar de enfermagem), com a finalidade essencial
branco ou espaços, descrevendo as observações
de fornecer informações a respeito da assistência
efetuadas, os tratamentos ministrados e as res-
prestada, de modo a assegurar a comunicação en-
postas do cliente frente aos cuidados prescritos
tre os membros da equipe de saúde, garantindo a
pelo enfermeiro.
continuidade das informações nas 24 horas, o que
• Devem ser evitadas suposições ou jargões
é indispensável para a compreensão do paciente de
um modo global. (BEG, MEG, REG, sem alterações, passando
A anotação de enfermagem é um relato breve, de bem, segue sem intercorrências, eupneico, afe-
ações que foram realizadas com o cliente ou das res- bril, acianótico, normotenso...).
postas (sinais e sintomas) que o mesmo apresentou • A anotação deve sempre ser precedida por data
ou relatou, em determinado momento (informa- e horário e seguida de identificação profissio-
ções pontuais). nal, conforme a Resolução Cofen no 191.
Aspectos legais da anotação de enfermagem: • Devem ainda constar todos os cuidados pres-
a anotação de enfermagem, além de garantir a co- tados ao cliente, sejam eles os já padronizados,
municação efetiva entre a equipe de saúde, fornece de rotina, ou específicos.
respaldo legal e, consequentemente, segurança, pois • Devem ser referentes aos dados simples que
é o único documento que relata todas as ações da não requeiram um maior aprofundamento
enfermagem junto ao cliente. científico para a anotação dos dados. Não é
As anotações de enfermagem atendem aos aspec- correto, por exemplo, o técnico ou auxiliar de
tos legais tanto da Lei do Exercício Profissional, no enfermagem anotar dados referentes ao exa-
7.498/86, regulamentada pelo Decreto no 94.406/87, me físico do cliente, como abdome distendido,
quanto do Código de Defesa do Consumidor e da timpânico; pupilas isocóricas etc., visto que
Lei dos Direitos dos Usuários, no 10241. para a obtenção destes dados é necessário ter
Considerações gerais das anotações de enfer- realizado o exame físico prévio, o que constitui
magem: os dados contidos nas anotações de en- ação privativa do enfermeiro.
118
Portanto, as anotações devem ser simples, claras, o artigo 11 da Lei do Exercício Profissional, no
e referir-se à: 7.498/86.
–– Todos os cuidados prestados • A anotação registra o momento presente, como
–– Respostas dos pacientes às ações que foram o cliente está. Por exemplo: “10h – Temperatura
realizadas 38,2 oC”. A evolução, por sua vez, descreve como
–– Preparos para: cirurgia, exames, tratamentos o cliente se apresentou durante um determina-
etc. do período, levando-se em consideração dados
–– Sinais vitais (com valores exatos da aferição, e do passado; exemplo: “cliente com oscilação de
não normotenso, normocárdico etc.) temperatura variando entre 37,8 oC e 38,2 oC”.
–– Ações que foram realizadas de rotina ou em A evolução registra a resposta às intervenções
função de intercorrências ou ordens médicas, determinadas pelo enfermeiro.
tais como: sedação, medicação fora de horá- • Na anotação a informação é pontual. Por exem-
rio, restrição, colocação de grades, encami- plo: “cliente apresentou 02 episódios de fezes
nhamento para cirurgia etc. líquidas sanguinolentas...” Na evolução, o en-
–– Sinais e sintomas relatados pelo cliente ou fermeiro deve analisar a ocorrência, conside-
identificados por meio de simples observação rando o processo saúde-doença e suas implica-
–– Comportamento, reações do cliente frente aos ções. Esta informação, portanto, é processada e
estímulos (verbais, de movimentação à dor etc.) contextualizada.
–– Medidas de segurança, como colocação de • A anotação deve registrar exatamente o que foi
grades, identificação de alergias, entre outros observado ou realizado, sem comparações de
–– Condições de sondas, drenos, cateteres, cura- dados; já a evolução exige que o enfermeiro re-
tivos etc. flita, compare e contextualize a informação.
–– Aceitação de líquidos, alimentação, elimina-
ções, sono e repouso ANOTAÇÃO EVOLUÇÃO
–– Transferência, alta ou óbito, com data, horário Dados brutos Dados analisados
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• Aspectos referentes à dieta e à hidratação (acei- TANURE, M.C.; GONÇALVES, A.M.P. SAE:
tação da dieta e de líquidos). Sistematização da Assistência de Enfermagem -
• Eliminações. Guia Prático. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
• Sono e repouso. 2008.
• Locomoção.
• Condições emocionais (choroso, ansioso, an-
gustiado, temeroso, apreensivo, etc.). ** ANOTAÇÕES
• Dados referentes às visitas e as respostas do
paciente frente a elas se houver alterações no
estado geral.
A evolução de enfermagem, determinada em lei
e de direito pleno do paciente, é um importante ins-
trumento para o enfermeiro registrar e fundamentar
as intervenções necessárias no cuidado ao paciente.
■■ Atividades
Após assistir à aula interativa e ler o material di-
dático, faça a seguinte reflexão:
Qual a importância da SAE para a profissão? Por
que parece tão difícil a utilização da SAE? Por que exis-
te a necessidade das classificações em enfermagem?
–– Discuta em sala de aula com os colegas.
–– Elabore um texto sobre o tema (mínimo de 20
linhas), explorando as ideias discutidas.
–– Adicione-o ao seu portfólio.
■■ Referências
Básicas
ALFARO-LEFEVRE, R. Aplicação do processo de
enfermagem: um guia passo a passo. 4. ed. Porto
Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
NANDA. Diagnósticos de enfermagem da
NANDA: definições e classificação 2007-2008/
North American Nursing Diagnosis Association.
Tradução Regina Machado Garcez. Porto Alegre:
Artmed, 2008.
PARKS, S. R.; TAYLOR, C.M. Manual de
Diagnósticos de Enfermagem. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2007.
Complementares
CARPENITO, L. J.; Diagnósticos de Enfermagem.
6. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
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