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Procedimento do Júri

(Artigos 394 ao 497 do Código de Processo Penal)

1. Previsão legal: o procedimento do júri é disciplinado nos artigos 406 a 497 do Código de
Processo Penal, com a redação determinada pela Lei nº 11.689, de 9 de junho de 2008.

2. Histórico: o júri tem origem de caráter religioso, uma vez que juramento é a invocação de Deus
por testemunha (Juízes de Deus). Porém, a grande maioria da doutrina aponta a origem da instituição
do júri na Magna Carta, que dispunha que os homens deveriam ser julgados pelos seus pares. Entre
nós, surgiu na lei de 18.6.1822, que criava o julgamento pelo Júri para os crimes de imprensa
(julgamento do abuso de liberdade da imprensa), sendo composto por 24 cidadãos, homens bons e
honrados, inteligentes e patriotas. Depois, a Constituição Imperial de 1824 passou a prevê-lo como
um órgão do Poder Judiciário e ampliou sua competência para julgar causas cíveis (muito embora não
tenha funcionado nestes feitos) e criminais. O Código de Processo do Império (1832) atribuiu à
instituição e o julgamento de todas as infrações. A Constituição de 1891 manteve o Júri como
instituição soberana.
A Constituição de 1937 não tratou do júri, reaparecendo na Constituição de 1946 e, a partir de
então, não mais deixou de ser previsto constitucionalmente.
A atual Constituição prevê o Júri no art. 5.º, inc. XXXVIII, como um direito e garantia
individual (não é possível ser suprimido nem por emenda constitucional, já que se trata de cláusula
pétrea).

3. Princípios constitucionais do júri: nas alíneas do art. 5.º, inc. XXXVIII, da CF estão previstos os
04 princípios constitucionais do júri, a saber:
 Plenitude de defesa: a plenitude de defesa significa mais que ampla defesa. Na lição de Fernando
Capez (Curso de Processo Penal, p.544), ela compreende dois aspectos:
 Pleno exercício da defesa técnica por parte do advogado, que pode utilizar-se de
argumentação extra-jurídica, invocando, em plenário, razões de ordem emocional, social, política,
moral, etc. O exercício da ampla defesa deve ser fiscalizada pelo juiz-presidente, que verificando
ser a defesa desenvolvida em plenário inepta, pode dissolver o conselho de sentença declarando o
réu indefeso.
 Exercício da autodefesa por parte do próprio acusado, que poderá apresentar sua tese
pessoal ao ser interrogado pelo juiz.
O juiz presidente do júri deve indagar dos jurados se o acusado deve ser absolvido (CPP, arts.
482, caput e 483, §2º) e os jurados nem podem exteriorizar o voto, e muito menos a fundamentação,
de modo que podem acolher qualquer dos argumentos e teses da defesa.
 Sigilo nas votações: no júri não se aplica o disposto no art. 93, inc. IX, da
Constituição Federal (princípio da publicidade), porquanto os jurados não são obrigados a
fundamentar suas decisões, votando de acordo com suas consciências, de modo secreto.
Para se manter o sigilo, temos que é decretada a incomunicabilidade dos jurados, não
podendo eles emitir qualquer opinião sobre o processo (podem conversar, desde que não
seja sobre o caso) e nem se comunicarem com qualquer terceiro estranho ao processo. A
comunicação dos jurados com o mundo externo ocorre somente via oficial de justiça. O

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julgamento é feito em sala secreta, visando também evitar influências constrangedoras,
bem com assegurar o sigilo da votação. Tem-se aqui que o sistema de apreciação de
provas conforme a “convicção íntima” do julgador, porquanto não é necessária a
fundamentação do decisum.
 Soberania dos veredictos: consiste na impossibilidade do Tribunal recursal (órgão técnico)
modificar a decisão dos jurados pelo mérito. Assim, não podem os juízes togados se substituírem aos
jurados na decisão da causa. O mérito no Júri é decidido exclusivamente pelos jurados. Porém,
referido princípio não é absoluto, encontrando limitações, pois não exclui a recorribilidade de suas
decisões. A primeira limitação é a possibilidade do Tribunal anular a decisão do júri, quando seja
manifestamente contrária a prova dos autos (art. 593, inc. III, “d”, do CPP). Se o tribunal der
provimento à apelação, determina a realização de novo julgamento. A apelação com base nesse
fundamento só pode ser interposta uma vez. A segunda limitação é a possibilidade de se ingressar
com revisão criminal, sendo pode o réu condenado definitivamente ser absolvido pelo tribunal revisor,
caso a decisão seja arbitrária. Na revisão não há anulação, mas absolvição, com modificação direta do
mérito da decisão dos jurados.
 Competência mínima para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida tentados ou
consumados: o júri tem competência constitucional para julgar os crimes dolosos contra a vida, que
são o homicídio; induzimento, instigação ou auxílio a suicídio; infanticídio, e o aborto. Nota-se que a
competência do Júri pode vir a ter sua competência ampliada por lei ordinária. Um exemplo de
ampliação é do Código de Processo Penal, em seu art. 78, inciso I, que prevê também ser da
competência do Júri o julgamento dos crimes conexos aos dolosos contra a vida. Impende relembrar
que há o Tribunal do Júri Estadual e o Tribunal do Júri Federal, este julgando os crimes contra a vida
de competência da justiça federal (CF, art. 109, incisos IV, V, VI, IX e X – Ex.: homicídio praticado a
bordo de navio) e aquele os demais.

Do alistamento dos Jurados, do sorteio e convocação dos jurados, da composição do júri e


da formação do conselho de sentença
(Artigos 425 a 428, 432 a 435 e 447 a 452 do Código de Processo Penal)

1. Organização do Júri: conforme se verifica do artigo 447 do CPP o Júri é um órgão colegiado
heterogêneo e temporário, constituído por juiz togado, que o preside, e de vinte e cinco jurados
escolhidos por sorteio. Trata-se de um órgão da justiça comum, podendo ser estadual ou federal. Este
último tem competência para julgamento de: a) crimes dolosos contra a vida de funcionários públicos
federais, em razão de suas funções e b) crimes dolosos contra a vida praticados a bordo de navio ou
aeronave.
É um órgão colegiado, pois é composto por um Juiz togado e 25 jurados leigos. Os 25
formam o Tribunal do Júri, sendo que para se abrir a sessão de julgamento mister se faz que estejam
presentes no mínimo 15 jurados (art.463), dos quais 07 formarão o conselho de sentença. É
temporário, porque funciona por prazo certo, em determinadas épocas do ano (reuniões periódicas).
É, pela sua própria natureza, heterogêneo, porquanto composto por órgãos de natureza distinta, ou
seja, um Juiz togado e sete jurados leigos. A competência que possuem é horizontal, não havendo
hierarquia entre o juiz e os jurados.

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2. Os jurados:
2.1. Conceito de Jurado: Jurado, na lição de José Frederico Marques: “é, apenas, órgão leigo, não
permanente, do Poder Judiciário, investido, por lei, de atribuições jurisdicionais, para integrar juízo
colegiado heterogêneo a que se dá o nome de Júri” (A Instituição do Júri, p.149).
Para ser jurado são as seguintes: a) ser brasileiro; b) estar no gozo dos direitos políticos; c)
ser capaz e maior de 18 anos (não vale apenas ser emancipado); d) ser residente na comarca onde
acontecerão os julgamentos, e f) notória idoneidade moral. Importante verificar que nenhum cidadão
poderá ser excluído dos trabalhos do júri ou deixar de ser alistado em razão de cor ou etnia, raça,
credo, sexo, profissão, classe social ou econômica, origem ou grau de instrução (art.436, § 1.º).

2.2. O exercício da função de jurado e suas isenções: em regra geral, o serviço do júri é
obrigatório, sendo que a recusa injustificada acarreta a aplicação de pena de multa no valor de 01 a
10 salários mínimos, conforme a condição econômica do jurado (art. 436, § 2.º). Igual multa é
aplicada também ao jurado que, sem causa legítima, deixar de comparecer no dia marcado para a
sessão ou retirar-se antes de ser dispensado pelo presidente (art.442).
A escusa baseada em razões de convicção filosófica, política ou de crença religiosa, é chamada
de escusa de consciência. Pelo art. 438 do Código de Processo Penal, a pessoa que alega escusa de
consciência para não prestar o serviço do Júri deverá se sujeitar a serviço alternativo, sob pena de
perda seus direitos políticos (art. 438). Havendo a recusa da prestação alternativa, aí sim ocorrerá a
perda dos direitos políticos (art. 5.º, VIII e art. 15, IV da CF/88). Essa obrigação alternativa consiste
em atividades de caráter administrativo, assistencial, filantrópico ou mesmo produtivo, no Poder
Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério Público ou em entidade conveniada para esses fins,
sendo que juiz fixa o serviço atendendo aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
Somente será aceita escusa fundada em motivo relevante devidamente comprovado e
apresentada, ressalvadas as hipóteses de força maior, até o momento da chamada dos jurados (art.
443). Por fim, o jurado somente será dispensado por decisão motivada do juiz presidente, consignada
na ata dos trabalhos (art.444).

A isenção do serviço do júri está prevista nos arts. 437 do Código de Processo Penal. Estão
isentos o Presidente da República e os Ministros de Estado; os Governadores e seus respectivos
Secretários; os membros do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras Distrital
e Municipais; os Prefeitos Municipais; os Magistrados e membros do Ministério Público e da Defensoria
Pública; os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública; as
autoridades e os servidores da polícia e da segurança pública; os militares em serviço ativo; os
cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requeiram sua dispensa; aqueles que o requererem,
demonstrando justo impedimento. Ademais, caso o jurado tenha integrado o Conselho de Sentença
nos últimos 12 meses anteriores à publicação da lista geral, deverá ser dela excluído, nos termos do
artigo 426, § 5.º , do CPP, se tratando de mais uma causa de isenção..

2.3. Das prerrogativas dos jurados: o exercício efetivo da função de jurado, segundo os arts.
439 e 440 do Código de Processo Penal, é considerado um serviço público relevante. O jurado que
tenha prestado efetivo serviço (ou seja, compareceu ao dia da sessão, ainda que não tenha sido
sorteado) tem os seguintes privilégios: a) presunção de idoneidade moral; b) prisão especial em caso
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de crime comum até o julgamento definitivo; c) preferência, em igualdade de condições, nas licitações
públicas e no provimento, mediante concurso, de cargo ou função pública, bem como nos casos de
promoção funcional ou remoção voluntária.
Tendo em vista que exercem função pública, os jurados poderão ser responsabilizados
criminalmente por concussão, corrupção e prevaricação, equiparando-se ao juiz togado (art.445)
sendo que nenhum desconto será feito nos vencimentos ou salário do jurado sorteado que comparecer
à sessão do júri (art.441).

2.4. Da escolha dos jurados - A Lista Geral: cabe ao Juiz presidente organizar a lista geral dos
jurados, baseado em informações requisitadas das autoridades locais, associações de classe e de
bairro, entidades associativas e culturais, instituições de ensino em geral, universidades, sindicatos,
repartições públicas e outros núcleos comunitários a indicação de pessoas que reúnam as condições
para exercer a função de jurado. (art. 425, § 2.º do CPP).

2.4.1. Publicação da lista geral e número de jurados: a lista geral será publicada em duas
oportunidades. Até 10 de outubro de cada ano, publica-se uma lista provisória com o nome e as
profissões dos jurados que irão atuar no próximo ano (art.426, caput, do CPP).
A quantidade de nomes varia entre 80 a 800, conforme a pauta de julgamento e o tamanho
das comarcas (art.425 do CPP). A lei previu a possibilidade de que o número de jurados, fixado no
caput, seja aumentado. Poderá também ser organizada uma lista de suplentes, cujos nomes serão
colocados em urna especial, fechada a chave, sob a responsabilidade do juiz presidente. Até o dia 10
de novembro o Juiz publica a lista definitiva (art. 426, § 1.º, do CPP).
Esta primeira publicação tem por fim dar ao conhecimento público os nomes das pessoas que,
no ano seguinte, comporão o corpo de jurados. Por esta razão, a lista provisória é impugnável por
qualquer pessoa, sendo que o Juiz decide sobre o pedido de exclusão de nome da lista. Caso o Juiz
indefira o pedido e inclua o nome, é cabível recurso em sentido estrito no prazo de 20 dias (art. 581,
inc. XIV e art. 586, par. ún., do Código de Processo Penal).
Ao final, os cartões com os nomes e demais dados dos jurados são depositados em uma urna
geral fechada a chave, sob a responsabilidade do juiz (CPP, art. 426, §3º), da qual serão sorteados 25
cartões dos jurados que atuarão na reunião periódica do Tribunal do Júri (CPP, arts. 432/435).

2.4.2. Da complementação anual e obrigatória da lista geral: impõe a lei: “Anualmente, a lista
geral de jurados será, obrigatoriamente, completada”. Assim, se algum jurado for excluído, ou mudar
da comarca, deverá o juiz complementar a lista.

2.4.3. Do sorteio dos jurados para a reunião periódica: da lista definitiva são sorteados os 25
nomes que formarão o tribunal do Júri, sendo renovados a cada reunião periódica. O sorteio é
realizado em audiência pública, após intimação do Ministério Público, da O.A.B. e da Defensoria
Pública para que acompanhem o sorteio em dia e hora designados. Não é obrigatório o
comparecimento dos membros de tais órgãos. Basta a intimação, sendo que a audiência não é adiada
pela falta de um deles (art.433, § 2.º). Este sorteio é realizado entre o 15.º dia e 10.º dia útil
antecedente à instalação da reunião.

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Se o jurado alistado não for sorteado, poderá ter seu nome incluído para sorteio em reuniões
futuras. A contrário senso, se o jurado foi sorteado, não poderá ter o seu nome incluído no sorteio de
futuras reuniões.
Concluído o sorteio, os jurados sorteados serão convocados pelo correio ou por qualquer outro
meio hábil para comparecer no dia e hora designados para a reunião, sob as penas da lei (art.434 do
CPP). Ademais, a relação dos jurados convocados, os nomes do acusado e dos procuradores das
partes, além do dia, hora e local das sessões de instrução e julgamento serão afixado na porta do
edifício do Tribunal do Júri (art.435 do CPP).

2.4.4. Lista de jurados suplentes (arts.425, § 2º): destina-se a substituição dos jurados faltosos,
para assegurar a realização dos julgamentos populares numa mesma reunião periódica. A lei não
estabelece o número de jurados da lista de suplentes, ficando a critério do juiz estabelecer quantos
jurados a integrarão.
No dia do julgamento, se faltar jurados em número considerável, de sorte a colocar em risco a
realização dos julgamentos subseqüentes, o juiz determinará que se proceda ao sorteio dos jurados
suplentes, a partir da urna especial (art. 425, §1o), até completar o número legal de 25 jurados (art.
464).
Não será necessário proceder-se ao sorteio de suplentes se não houver outro julgamento
designado para o mesmo período.

Procedimento do Júri

1. Rito processual – Escalonado: o rito procedimental para os processos de competência do júri é


escalonado, sendo que parte da doutrina também lhe dá o nome de procedimento bifásico, porquanto
composto de duas fases. A primeira fase se inicia com o oferecimento de denúncia e se encerra com a
sentença de pronúncia, recebe o nome legal de acusação e instrução preliminar, também chamado de
Judicium acusationis. Já a segunda fase se inicia com o Juiz preparando o processo para julgamento
em plenário e termina com o julgamento pelo Tribunal do Júri, tendo por nome Judicium causae. O
rito está traçado nos arts.406 usque 497 do CPP. Calha por oportuna a lição de José Frederico
Marques: “A forma progressiva da acusação no processo penal do Júri traz, como corolário, o
procedimento penal escalonado. Há, de início, uma fase procedimental preparatória, para o
julgamento da denúncia, e uma segunda fase definitiva, para o julgamento do libelo” (A Instituição
do Júri, p. 106).

2. Da acusação e instrução preliminar: é a primeira fase do Júri, que também recebe a


denominação de sumário da culpa. Inicia-se com o oferecimento da denúncia ou da queixa (Ação
Penal Privada Subsidiária da Pública) e termina com a preclusão da decisão de pronúncia. Tem por
finalidade verificar a admissibilidade da acusação, constatando a existência de requisitos mínimos para
a acusação. Os atos dessa fase são:

Oferecimento da denúncia ou queixa, com rol de testemunhas no máximo de 08 testemunhas


(art. 406, §2º) por crime descrito e imputado ao acusado.

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Recebimento da peça acusatória, com a citação do réu para responder a acusação por
escrito no prazo de 10 dias. Este prazo deve ser computado do efetivo cumprimento do mandado
de citação. No caso de citação inválida ou por edital, o prazo será computado a partir do
comparecimento do acusado ou do seu defensor em juízo.


Resposta do acusado ou, na ausência, nomeação de defensor para oferecê-la em igual
prazo. Na resposta, o réu poderá arrolar até 08 testemunhas. Eventuais exceções serão processadas
em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. Neste ponto, o artigo 407 repete a regra
constante do artigo 111 do CPP, que determina que as exceções sejam processadas em autos
apartados, não suspendendo, como regra, o andamento da ação penal. A apresentação de resposta do
acusado é obrigatória. Por isso, dispõe o artigo 408: “Não apresentada a resposta no prazo legal, o
juiz nomeará defensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos”.


Oitiva do Ministério Público ou o querelante sobre eventuais preliminares e documentos
apresentados pelo réu em 05 dias. Se a defesa alega alguma preliminar, ou apresenta documentos
com a resposta, é evidente a necessidade de ouvir a parte contrária, é dizer, o acusador. Não haverá
a necessidade de oitiva do acusados se nenhuma preliminar for alegada na resposta, ou se não for
exibida prova nova.


Designação de audiência de instrução. Após a réplica, cumprirá ao juiz designar audiência de
instrução e julgamento, cientificando-se as partes, notificando-se as pessoas que deverão
comparecer. Deverá o magistrado, nesta fase, determinar a correção de algum vício processual,
assemelhando-se ao saneamento do processo, evitando o prosseguimento do feito com algum vício
que possa, ao final, fundamentar a declaração de nulidade processual.


Audiência única de instrução para oitiva da vítima, se possível e das testemunhas de
acusação e de defesa (número máximo de 08 para cada parte), esclarecimentos dos peritos,
acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, e interrogatório do acusado. Nota-se
que os esclarecimentos por parte dos peritos dependem de requerimento das partes e de deferimento
pelo juiz. Na audiência una serão produzidas todas as provas que, requeridas, foram deferidas pelo
juiz, prevendo a lei a possibilidade do magistrado indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes
ou protelatórias.


Debates: na seqüência se procederam aos debates, concedendo-se a palavra, respectivamente, à
acusação e à defesa, pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10, sendo que havendo mais de
1 acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada um deles será individual. Caso haja
assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 minutos,
prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.

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Decisão: encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o fará em 10 dias. Nessa fase do
processo podem ser proferidas 04 tipos de decisões: a) pronúncia (art. 413), b) impronúncia (art.
414), c) absolvição sumária (art. 415) e desclassificação (art. 419).

Observações:
 Visando um procedimento ágil o legislador estabeleceu que os atos processuais não podem ser
adiados, exceto quando o ato for imprescindível à prova. Neste caso em que o juiz determinará a
condução coercitiva daqueles que não compareceram.
 Não há mais a proibição expressa de produção de prova documental nesta fase processual.
 Prazo máximo para a conclusão do procedimento, desde o recebimento da peça inicial e até a
decisão do juiz: 90 dias.

2.1. Decisões: Vejamos cada uma das quatro decisões que podem ser proferidas nesta fase
processual.
A) Impronúncia (art. 414 do Código de Processo Penal): é a decisão pela qual o juiz julga, no
júri, improcedente a denúncia ou a queixa, quando não se convencer da existência do crime ou de
indícios suficientes de que seja o réu o seu autor ou que tenha participado da infração. Na lição de
Mirabete: “A impronúncia é um julgamento de inadmissibilidade de encaminhamento da imputação
para o julgamento perante o Tribunal do Júri. É, portanto, uma sentença terminativa de
inadmissibilidade da imputação, com a extinção do processo sem julgamento do mérito da causa”
(Código de Processo Penal Anotado, p.488). A impronúncia julga inadmissível a acusação, por não
haver prova da materialidade ou o menor indício de autoria ou participação. Da análise do texto legal,
tem-se como requisitos da impronúncia que o juiz não esteja convencido da existência: a) de prova de
materialidade ou b) de indícios de autoria ou participação (são requisitos alternativos, pois a lei utiliza
a conjunção “ou”). A decisão de impronúncia deve ser fundamentada, razão pela qual cabe ao juiz
justificar porque entendeu que os requisitos legais não estavam presentes.
Por não julgar o mérito, a decisão de impronúncia tem natureza jurídica de decisão
interlocutória mista terminativa. Essa decisão só faz coisa julgada formal. Desta forma, se após a sua
prolação surgirem novas provas (por exemplo, descoberta do cadáver até então desaparecido, de uma
nova testemunha etc.), poderá ser instaurado novo processo contra o réu, desde que, evidentemente,
não esteja aniquilada a pretensão punitiva pela extinção da punibilidade, como por exemplo, a
prescrição (art. 414, p. único). Deverá, nesse caso, ser oferecida nova denúncia, instaurando-se novo
processo, sem reaproveitamento do anterior, que poderá ser apensado ao novo processo, servindo de
auxílio.
A decisão de impronúncia somente fará coisa julgada material somente quando: a) o juiz
reconhecer a atipicidade do fato e b) comprovou-se a inexistência material do fato.
A impronúncia não se confunde com a despronúncia. Esta é a decisão judicial que revoga uma
decisão de pronúncia. Pode ocorrer se houver interposição de recurso e o Tribunal revogar a decisão
ou se o próprio Juiz da causa, no juízo de retratação, voltar atrás e impronunciar o réu (Amauri Reno
do Prado e José Carlos Mascari Bonilha, Manual de Processo Penal, p. 266).
Havendo crimes conexos, não poderá o juiz, após impronunciar o réu quanto ao crime doloso
contra a vida, absolvê-lo ou condená-lo quanto àqueles. Deverá aguardar o trânsito em julgado da

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impronúncia e, após, se mantida a sentença, julgar livremente o réu pela prática dos crimes conexos
de competência do juiz singular.
Com a impronúncia se dará a extinção e arquivamento do processo, salvo se a sentença for
reformada pelo Tribunal. Logo, o réu não será julgado pelo Tribunal Popular, bem como se dará a
soltura do réu.
Contra a sentença de impronúncia cabe recurso de apelação (CPP, art. 416).
B) Absolvição Sumária (art. 415): as hipóteses de absolvição sumária estão previstas nos incisos
do artigo 415, sendo elas:
 Quando houver prova de que o fato não existiu (não confunda com a hipótese em
que não há prova de que o fato existiu, que é o caso de impronúncia);
 Quando houver prova de que o acusado não é autor nem partícipe do fato que
lhe foi imputado (diferente da hipótese em que não há prova mínima de que o réu é o
autor ou o partícipe do fato, que é o caso de impronúncia);
 Quando o fato é atípico, e
 Quando estiver demonstrada a existência de causa que exclua a
antijuridicidade ou isente o réu de pena (excludentes de culpabilidade).
Aqui temos uma sentença, porquanto há julgamento do mérito, dando ensejo a coisa julgada
matéria, pois se ingressa na discussão do mérito, com a profunda análise do mérito. Para haver
absolvição sumária as provas devem ser estremes de dúvidas, pois, a rigor a competência para a
decisão do Tribunal do Júri.
Importante observar que nos termos do parágrafo único do artigo 415, no caso de
inimputabilidade em razão de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
existente ao tempo do fato, impedindo o agente de entender inteiramente o caráter ilícito do fato ou
de se determinar de acordo com esse entendimento (art. 26 do CP), e havendo outras teses
defensivas, o juiz não deverá absolver sumariamente o réu, mas sim pronunciá-lo, a fim de que as
demais teses defensivas possam ser conhecidas e julgadas pelos jurados.
Desse modo, não será caso de absolvição sumária, todavia, se for o caso de inimputabilidade
por doença mental, “salvo quando esta for a única tese defensiva” (CPP, art. 415, p. único). Entende o
legislador ser mais benéfico ao acusado ser pronunciado quando apresentar duas ou mais teses, uma
delas a inimputabilidade prevista no artigo 26, caput, do CP, pois perante o Tribunal do Júri poderá
ver acolhida uma tese mais favorável. Isso porque a absolvição por inimputabilidade decorrente de
doença mental enseja a aplicação de medida de segurança.
Porém, não havendo qualquer outra tese defensiva além da inimputabilidade em razão de
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o juiz poderá absolver
sumariamente o réu, impondo-lhe medida de segurança.
A absolvição sumária acarreta os seguintes efeitos:
 O arquivamento do processo, salvo, evidentemente, se for reformada pelo Tribunal. Assim, o
Tribunal do Júri não se pronunciará sobre o caso.
 A soltura do réu. É que, sendo reconhecida uma causa excludente de criminalidade ou de
culpabilidade, não mais se justifica a prisão do réu.

Observações
 Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação.

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 Houve revogação do art. 411 e, agora, o CPP não mais prevê o recurso de ofício no capítulo
referente ao júri.
 A absolvição sumária é decisão excepcionalíssima, importando em exceção ao princípio geral que
impõe ao júri o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, devendo ser, pois, reservada para os
casos que restarem absolutamente demonstradas as excludentes mencionadas. Na dúvida, o réu é
julgado pelo Tribunal do Júri. Assim, nesta fase vigora o in dubio pro societate.

 Desclassificação (art. 419 do Código de Processo Penal): ocorre quando o Juiz se convence
que o réu não cometeu um crime doloso contra a vida, mas sim crime diverso, da competência do Juiz
singular. A desclassificação somente se dá quando o juiz tem certeza de que não ocorreu um crime
doloso contra a vida, pois, na dúvida, deverá pronunciar. Deste modo, na dúvida entre tentativa de
homicídio ou lesão corporal, o juiz deve pronunciar o réu e deixar que o Júri decida se houve ou não
crime doloso contra a vida. Preserva-se, deste modo, a competência constitucional do Júri.
Havendo desclassificação para outro crime que não seja da alçada do júri, cumpre-se o
disposto no art. 419 do Código de Processo Penal, devendo o juiz, depois de escoado o prazo para
recursos, remeter os autos ao Juiz competente. Caso o Juiz singular, ao receber o processo, concluir
que o caso era realmente do Júri, abre-se uma divergência na doutrina acerca dos caminhos a seguir.
A primeira no sentido de que o Juiz para o qual o processo foi remetido nada poderá fazer, não
podendo suscitar conflito de competência, pois a decisão de desclassificação já transitou em julgado
(Amauri Reno do Prado e José Carlos Mascari Bonilha, Manual de Processo Penal, p.227). Se ele se
convencer que era mesmo o crime doloso contra a vida, ainda que tentado, deverá absolver o réu. Já
a segunda corrente, que tem por adepto Tourinho, entende que o Juiz recipiente pode suscitar o
conflito de competência (Manual de Processo Penal, p. 576).
Não será aplicável o artigo 419 quando o juiz entender pela ocorrência de um crime doloso
contra a vida diverso do constante da capitulação da inicial. Neste caso de desclassificação o juiz
simplesmente pronuncia o réu como incurso nas penas do artigo que entender adequado (art. 418),
não se aplicando o artigo 419. Este, como já salientado, só será aplicável quando a desclassificação
apontar pela ocorrência de crime não doloso contra a vida.
Tangente à competência para o julgamento dos crimes conexos em caso de desclassificação,
há dois entendimentos na doutrina. Alguns defendem que todos os delitos passarão para a esfera do
juiz togado, pois, se o Júri reconhece que não tem competência para julgar o crime principal, seria um
contra senso que decidisse os demais. Esta é a corrente majoritária.
No caso de desclassificação e estando preso o réu, este ficará à disposição do juízo para o qual
os autos foram remetidos.
Como conseqüências da desclassificação o réu não será julgado pelo Tribunal do Júri, mas sim
por um juiz monocrático, salvo se, evidentemente, a sentença de desclassificação for reformada pelo
Tribunal de Apelação. Assim, não se dará a segunda fase do procedimento do júri, mas sim um desvio
procedimental, com a remessa dos autos ao juiz competente, após a confirmação da sentença.
Prolatada a sentença de desclassificação, cumprirá ao juiz determinar, de início a intimação
das partes, que poderão interpor recurso em sentido estrito no prazo legal. O réu tem interesse
recursal, pois pode pretender a impronúncia ou a absolvição sumária, o mesmo ocorrendo em relação
ao Ministério Público que poderá, ainda, postular a pronúncia daquele. O assistente de acusação não
pode recorrer contra a desclassificação por falta de previsão no artigo 271 do Código de Processo

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Penal, que limita os poderes do assistente no processo. Ademais, o assistente não teria realmente
interesse recursal, na medida em que a decisão desclassificatória não impede que o réu seja julgado
definitivamente, apenas afastando a competência do Tribunal Popular.
Não sendo interposto recurso, ou mantida a sentença de desclassificação pelo Tribunal, deverá
o juiz remeter o processo ao juiz singular, o competente para o julgamento de crime não doloso
contra a vida, salvo se ele mesmo for competente.

Observações:
 Não é necessário aditar a denúncia para proceder-se a desclassificação, salvo, evidentemente, se a
circunstância ou a elementar do crime não constar da inicial, caso em que o aditamento será
imprescindível (CPP, art. 384).
 Caso o crime apontado na desclassificação for considerado como infração penal de menor potencial
ofensivo, deverá o juiz que receber os autos designar audiência preliminar, possibilitando a
composição civil e a transação penal, nos termos do disposto no art. 76 da Lei 9.099/95.
 Caso o crime apontado na desclassificação tiver pena mínima não superior a um ano, deverá o juiz,
antes de adotar as providências acima, determinar que o Promotor de Justiça se manifeste quanto a
eventual possibilidade de propor a suspensão do processo, nos termos do disposto no art. 89 da Lei
9.099/95.
 Caso o crime exigir representação, deverá a mesma ser providenciada, se ainda não decorrido o
prazo decadencial tratado no art. 38 do Código de Processo Penal.

4) Pronúncia (artigo 413 do Código de Processo Penal): é prolatada quando o juiz presidente se
convence da existência de prova da materialidade e indícios suficientes de que o réu seja o seu
autor. Dois são os requisitos da pronúncia, quais sejam, o juiz esteja convencido da existência: a) de
prova de materialidade e b) de indícios de autoria ou participação. Nota-se se tratarem de requisitos
cumulativos, pois a lei utiliza a conjunção “e”. Por esta decisão o magistrado julga admissível a
acusação, submetendo o réu a julgamento pelo Tribunal do Júri.
Como alerta Tourinho, não se trata de sentença de mérito, pois não há aplicação da sanctio
juris (Manual de Processo Penal, p. 576). Por meio da sentença de pronúncia se encerra a primeira
fase do procedimento escalonado, julgando o juiz admissível a acusação. Por ser sentença de natureza
processual, não se fala em coisa julgada e sim em preclusão pro judicato.
Para a prolação da pronúncia vigora o princípio in dubio pro societate, havendo mero juízo
de suspeita, não de certeza. Importante aqui destacar a lição de José Frederico Marques: “A prova do
crime, que se exige para a pronúncia, não é a diversa da prova que se exige para a condenação. O
que diversifica uma de outra é o thema probandum: na pronúncia, basta a prova do fato típico,
enquanto na condenação é necessário que se prove a existência do crime na totalidade e de seus
elementos constitutivos” (A Instituição do Júri, p.370).
Assim, verifica-se apenas se a acusação é viável, deixando o exame mais acurado das provas
e do mérito da acusação para os jurados. Somente não serão admitidas acusações manifestamente
infundadas. Com base neste princípio, o Juiz, na pronúncia, não pode excluir qualificadora incluída na
denúncia, salvo se for manifestamente improcedente, arbitrária ou não houver qualquer prova nos
autos sobre ela. Neste sentido: PRONÚNCIA - Homicídio - Qualificadoras arroladas na denúncia -
Exclusão - Inadmissibilidade - Qualificadoras que não se mostram manifestamente improcedentes -

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Inclusão para que sobre elas se manifeste o Conselho de Sentença - Recurso parcialmente provido
para esse fim. (Relator: Lustosa Goulart - Recurso em Sentido Estrito n.º 167.203-3 - São Paulo -
18.08.94).
Muito embora se trate de decisão e não de sentença, os requisitos da sentença (relatório,
fundamentação e dispositivo) devem estar presentes. O dispositivo da decisão de pronúncia conterá o
julgamento da admissibilidade da acusação, da pretensão punitiva. Ademais, a fundamentação da
decisão de pronúncia, pelo juiz, deve ser cautelosa, sem adentrar no exame do mérito, a fim de não
influenciar no ânimo dos jurados. Entretanto, devem ser analisados todos os argumentos
apresentados pelas partes.
O juiz deve se limitar a fundamentar a sua decisão, mediante a análise dos requisitos
exigidos em lei (indicação da materialidade do fato e dos indícios suficientes de autoria ou
participação). Tratando-se de decisão processual (interlocutória mista terminativa), não se admite
que o juiz faça um exame aprofundado do mérito, isto porque poderia ser influenciada a decisão dos
jurados. O juiz deve, portanto, se limitar a uma linguagem comedida e cautelosa para pronunciar,
evitando o termo “culpado ou inocente”, pois levaria a nulidade da decisão.
Confira: PRONÚNCIA - Exame aprofundado da prova - Inadmissibilidade - Apreciação que
cabe ao Tribunal do Júri - Recurso provido para anular a sentença, expedindo-se alvará de soltura.
Não pode e não deve o Magistrado, ao proferir a sentença de pronúncia, fazer apreciação subjetiva
dos elementos probatórios coligidos, cumprindo-lhe limitar-se única e tão-somente a apontar os
indícios e as provas do crime e sua autoria, deixando aos jurados o exame aprofundado da matéria.
(Recurso em Sentido Estrito n.º 172.527-3 - Guaratinguetá - Relator: DENSER DE SÁ - CCRIM 5 - v.u.
- 10.11.94).
A pronúncia deve, ainda, indicar o dispositivo da lei penal em que se acha incurso o réu,
especificando as qualificadoras e causas de aumento de pena eventualmente existentes.

4.1. Efeitos da pronúncia: A sentença de pronúncia gera os seguintes efeitos:

 Submeter o réu a julgamento pelo Júri (autoriza-se levar o réu a julgamento pelo plenário);
 Fixar a classificação jurídica do fato (a sentença de pronúncia indica quais as infrações penais
que estão sendo imputadas ao acusado). Nota-se ser possível a mudança da classificação ocorrendo
circunstância superveniente que altere essa classificação, conforme preconiza o art.421 e §§ Código
de Processo Penal. Ex: réu pronunciado por tentativas de homicídio, sendo que posteriormente a
vítima falece. Poderá haver alteração da pronúncia.
 Interromper a prescrição (art. 117, I, do Código Penal).
 Decretação da prisão ou concessão de liberdade provisória: Se o réu for primário e de bons
antecedentes, poderá o juiz deixar de decretar-lhe a prisão ou revogá-la, caso já se encontre preso.
Se o acusado estiver preso, o juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção, revogação ou
substituição da medida. Se estiver solto, o juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a necessidade de
decretação da prisão ou de imposição de quaisquer medidas previstas no Título IX, do Livro I (que
trata da prisão e da liberdade provisória).

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Observações:
 Anteriormente a Constituição Federal de 1988, ocorrendo a sentença de pronúncia, lançava-se o
nome do réu no rol dos culpados. Contudo, em homenagem ao princípio da presunção de inocência,
previsto no art.5º, da Carta Magna, isto não é mais admitido. Neste sentido: PRONÚNCIA - Efeitos -
Inclusão do nome do réu no rol dos culpados - Admissibilidade - Regra processual do art. 408, § 1º do
Código de Processo Penal não revogada pelo art. 5º, LVII, da Constituição da República/88. Em
situações do tipo, tem a Câmara entendido que não invalidada a regra processual pelo art. 5º, LVII,
da Constituição da República/88 (ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória). É que, como a pronúncia, também provisório é o lançamento em
questão, adotado pelo legislador ordinário como mero e formal evento de cunho procedimental.
(Relator: Dirceu de Mello - Recurso Criminal 76.958-3 - Penápolis - 13.06.90)
 No caso de surgir prova nova, durante a instrução criminal, de fato não descrito na denúncia, que
implique na classificação do crime, deverá ser aplicado o procedimento previsto no art.384 do Código
de Processo Penal antes de prolatar a sentença de pronúncia.
 Se durante a instrução surgirem provas de autoria ou participação de outras pessoas no delito, não
incluídas na denúncia, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o acusado, determinará o retorno dos
autos ao Ministério Público, por 15 (quinze) dias, aplicável, no que couber, o art. 80 deste Código. A
referência ao artigo 80 do CPP visa deixar claro que é possível a instauração de processo distinto em
relação a esses sujeitos não incluídos inicialmente, ao invés do aditamento da peça inicial no processo
que está em curso.
 Caso o réu esteja preso preventivamente, uma vez pronunciado, fica superada a alegação de
excesso de prazo na instrução criminal (Súmula n. 21 do Superior Tribunal de Justiça).

Intimação da decisão de pronúncia: é diversa conforme a pessoa que deve ser intimada.
- ao réu: será pessoal, porém se ele não for encontrado para intimação pessoal da pronúncia, será
realizada a intimação por edital, prosseguindo-se com o feito tema foi alterado (CPP. 420).
- ao defensor nomeado/dativo: será feita pessoalmente
- ao Ministério Público: será feita pessoalmente
- ao defensor constituído: será feita por meio de publicação no órgão incumbido da publicidade dos
atos judiciais – D.O. (art. 370 § 1º, do CPP).
- ao querelante: será feita por meio de publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos
judiciais – D.O. (art. 370 § 1º, do CPP)
- ao assistente de acusação: será feita por meio de publicação no órgão incumbido da publicidade
dos atos judiciais – D.O. (art. 370 § 1º, do CPP).
Contra a sentença de pronúncia cabe recurso em sentido estrito (CPP, art. 581, IV), no prazo
de 5 (cinco) dias - art. 586. O Ministério Público tem interesse recursal, podendo, por exemplo,
recorrer para inclusão de qualificadora excluída pelo Juiz de Direito. Já o assistente de acusação não
pode recorrer da pronúncia, pois não há previsão para tanto no artigo 271 do Código de Processo
Penal, que limita os poderes do mesmo no processo.

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Da preparação do processo para julgamento em plenário
(Artigos 422 a 424 do Código de Processo Penal)

1. Da preparação do processo para o julgamento: é a segunda fase do Júri. Pronunciado o réu,


pelo juiz ou pelo Tribunal em grau de recurso, e escoadas as vias impugnativas contra a sentença de
pronúncia, abrir-se-ão as portas para a segunda fase do procedimento em estudo. Logo, a segunda
fase pressupõe a prolação de uma sentença de pronúncia “transitada em julgado”.
Recebidos os autos, o presidente do Tribunal do júri 1 determinará a intimação do Ministério
Público ou do querelante (no caso de ação privada), e do defensor, para que, no prazo de 5 dias,
apresentem o rol das testemunhas que prestarão depoimento em Plenário, até o limite de 5. É
também o momento para as partes juntarem documentos e requererem diligências.
Os pedidos de provas formulados pelas partes serão apreciados pelo juiz. Caberá ao juiz
presidente do júri:
 Ordenar as diligências necessárias para sanar nulidades ou esclarecer fato que interesse ao
julgamento da causa.
 Elaborar relatório sucinto do processo e determinar a sua inclusão na pauta da reunião do Tribunal
do júri. Com o relatório o processo é considerado preparado para o julgamento, devendo ser incluído
na organização da pauta de julgamento (CPP, art. 424).
Se a lei de organização judiciária não atribuir ao juiz presidente do Tribunal do Júri o preparo
para o julgamento, o juiz responsável pelo preparo deverá remeter os autos do processo já preparado
para o julgamento, até 5 dias antes do sorteio dos jurados para a reunião periódica. Também devem
ser remetidos os processos que estiverem preparados até o encerramento da reunião, a fim de sejam
julgados.

Do desaforamento
(artigos 427 e 428 do CPP)

1. Desaforamento: antes do julgamento, é possível a ocorrência do desaforamento. Trata-se do


deslocamento da competência territorial do júri, ou seja, o processo é submetido a julgamento em
foro diverso do local em que se deu a pronúncia. Trata-se, portanto, da retirada de um processo do
foro em que está para que o julgamento se processe em outro por meio da derrogação da regra de
competência territorial. O desaforamento, assim, pode ser conceituado como uma medida excepcional
de modificação da regra de competência, pela qual se desloca o julgamento do Tribunal do Júri para
comarca da mesma região a do juízo processante.
A medida só tem aplicação nos processos do júri. Tratando-se de processo afeto ao juiz
singular, caberá à parte suscitar exceção de suspeição ou impedimento, se o caso permitir (arts.
95/106 do CPP).
Nota-se que é somente a sessão de julgamento que se desafora, sendo os demais atos
praticados na Comarca onde corre o processo. Trata-se de causa de derrogação de competência.
2. Hipóteses para o desaforamento:

1
O juiz competente para presidir o processo na segunda fase do procedimento é o indicado pela lei de organização
judiciária que, normalmente, fixa a competência de um juiz da comarca para tal função jurisdicional, apontada pela
lei como juiz presidente do Tribunal do Júri (CPP, art. 421, caput). Poderá a lei de organização judiciária atribuir a
outro juiz, que não o presidente do Tribunal do Júri, a preparação do processo para julgamento (CPP, art. 424,
caput).
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 Interesse da ordem pública: a realização do julgamento traz risco a paz social ou a
incolumidade dos jurados. Assim, será cabível o desaforamento sempre que a situação de normalidade
for ameaçada ou violada. Confira: “DESAFORAMENTO. ORDEM PÚBLICA. INTEGRIDADE FÍSICA DO
REQUERENTE. DEFERIMENTO. Ocorrendo fatos indicadores de perturbação da ordem pública e perigo
para a integridade física do réu, desafora-se o julgamento para a comarca mais próxima. Ped. de
Desaf. 7.630-6/93. Relator: Des. JATAHY FONSECA.”.
 Dúvida sobre a imparcialidade dos jurados: motivos de perseguição ou favoritismo
demonstram que os jurados não apreciarão o pedido com isenção. Frise-se que a dúvida não é sobre a
imparcialidade do juiz – essa enseja exceção de impedimento ou suspeição-, mas sim sobre os
jurados. Confira: DESAFORAMENTO - Dúvida sobre a imparcialidade do júri - Crime de natureza
política ocorrido em época de eleições municipais - Conotação entre o fato delituoso e pessoas
influentes na localidade filiadas a partido diverso - Revolta popular, pondo em risco a segurança dos
acusados - Pedido deferido - Declaração de voto - Inteligência do art. 424 do CPP RT 581/297
 Dúvida sobra a segurança do réu: há prova de que a realização do julgamento trará risco a
incolumidade física do acusado. Desse modo, a lei permite o desaforamento, ainda, quando
constatada a probabilidade de ofensa à integridade física do réu, como, p. ex., ameaça de
linchamento. Confira: “DESAFORAMENTO - Ação penal por prática de homicídio - Dúvida sobre a
segurança pessoal do réu - Pressão de familiares e amigos da vítima - Informações judiciais
favoráveis ao pedida - Deferimento - Inteligência do art. 424 do CPP RT 595/325”.
 Não realização do julgamento, no prazo de 6 meses contados do trânsito em julgado da
decisão de pronúncia: o artigo 428 dispõe que o desaforamento “também poderá ser determinado,
em razão de comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz presidente e a parte contrária, se o
julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da
decisão de pronúncia”. Mas a lei ressalva: para a contagem do aludido prazo “não se computará o
tempo de adiamentos, diligências ou incidentes de interesse da defesa” (CPP, art. 428, §1º). Ainda
objetivando agilizar a realização do julgamento popular, permite a lei que o acusado postule ao
Tribunal de Justiça a imediata realização do julgamento (CPP , art. 428, §2º).

3. Legitimidade para o pedido: a) qualquer das partes, por requerimento e b) o juiz, por
representação; salvo na última hipótese, em que só as partes podem requerer. De fato, o juiz não
pode, em razão de sua própria inércia, requerer o desaforamento.
 Oportunidade: o pedido de desaforamento só se dá após o trânsito em julgado da sentença de
pronúncia. Não existe durante o sumário da culpa, pois nessa fase ainda não há certeza de que haverá
julgamento pelo júri.
 Local para o novo julgamento: em regra, o desaforamento deve ser sempre para a comarca
mais próxima. Só não será obedecido isto, se na comarca mais próxima também existirem os mesmos
motivos que ensejaram o desaforamento.
 Processamento:
 Petição dirigida ao Tribunal de Justiça.
 Havendo necessidade, diante da relevância dos motivos alegados, o Relator poderá determinar,
fundamentadamente, a suspensão do julgamento pelo Tribunal do júri. Desta forma, como regra, o
pedido de desaforamento não suspende o julgamento da causa pelo Tribunal do júri.

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 Caso o desaforamento não decorra de representação do juiz, este prestará informações à
superior instância;
 Oitiva do Ministério Público em 2º grau.
 Se decidir pelo desaforamento, o Tribunal indica qual a comarca mais próxima para o qual será
deslocado, dentre as quais não existam os mesmos motivos que ensejaram o desaforamento.
 O desaforamento pode ser pedido até 1 dia antes da sessão do julgamento.
 Indeferido o desaforamento pelo Tribunal, somente será admitido segundo pedido se fundado
em novos motivos.
 Reaforamento: trata-se da volta do julgamento para ser realizado pelo júri da Comarca de
origem, sendo necessário que ali tenham desaparecido os motivos que provocaram o desaforamento.
A doutrina diverge quanto a possibilidade do reaforamento, já que, em tese, a demora no julgamento
pode prejudicar o réu. Magalhães Noronha opina contra o reaforamento, afirmando que: “Desaforada
o julgamento, não pode realizar-se o reaforamento, o retorno ao foro de origem, o que implicaria em
reconhecer que não oferece as garantias necessárias o segundo e as apresenta aquele, em colisão
franca com as razões que determinaram o reaforamento” (Curso de direito processual penal, p.260).
Somente vem sendo admitida se novos motivos tenham surgido na Comarca para onde o julgamento
fora remetido e não mais existam na comarca de origem.

Da organização da pauta
(Artigos 429 a 431 do CPP)

1. Reunião periódica e sessões de julgamentos: de acordo com o artigo 453 do Código de


Processo Penal, as sessões são realizadas conforme dispuser a lei de organização judiciária, conferindo
a lei liberdade a cada Estado. Reunião periódica é o complexo de sessões, ou seja, o período no
qual o Tribunal do Júri se reúne para os julgamentos. Deste modo, em cada reunião periódica poderão
ser realizados dois ou mais julgamentos.
Salvo motivo relevante, há prioridades para a realização dos julgamentos. Assim, têm
preferência: 1º – réus presos; 2º – dentre os réus presos, aqueles que estão presos há mais tempo;
3º – em igualdade de condições, os réus que foram pronunciados há mais tempo.
As reuniões do Tribunal do júri são periódicas. Em uma reunião são realizados vários
julgamentos. O CPP dispõe que, antes do início da reunião periódica, seja afixada, na porta do edifício
do Tribunal do Júri, a lista de todos os processos que serão julgados durante a reunião periódica,
observada a ordem de prioridades estabelecida acima.
Na pauta do Tribunal do Júri devem ser reservadas datas para a posterior inclusão dos
processos que tiverem o seu julgamento adiado. No mais, regula a lei o prazo para a admissão do
assistente de acusação. Dependente de requerimento de habilitação, este deve ser formulado com
antecedência de, pelo menos, 5 dias antes da data designada para o julgamento em que pretende
atuar.
Verificando que o processo está em ordem, o juiz presidente do júri ordenará a intimação das
partes, do ofendido (se possível), das testemunhas e dos peritos (se houver requerimento nesse
sentido), para a sessão de instrução e julgamento, devendo ser observado, no que couber, o artigo
420, que trata da intimação da decisão de pronúncia. A lei omite, mas também deverá ser intimado o
assistente de acusação já admitido nos autos.

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Ademais, como já visto, organizada a pauta, o juiz presidente designará audiência (dia e hora)
para o sorteio de 25 (vinte e cinco) jurados que atuarão no(s) julgamento(s) designado (s) para
referida reunião, notificando-se o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil e a Defensoria
Pública para acompanharem o sorteio (CPP, art. 432). Na aludida audiência, realizada de portas
abertas, o juiz deverá retirar da urna geral os cartões ou cédulas de 25 jurados.

Referida audiência deverá ser realizada “...entre o 15º (décimo quinto) e o 10º (décimo) dia
útil antecedente à instalação da reunião” (CPP, art. 433, §1º).
Da audiência deverá ser lavrada ata, embora a lei silencie. A relação dos jurados sorteados
deverá ser anexada aos autos dos processos inseridos na reunião periódica.
Os vinte e cinco jurados sorteados serão convocados pelo correio ou por qualquer outro meio
hábil para comparecerem no dia e hora designados para o primeiro julgamento da reunião periódica,
sob as penas da lei (CPP, art. 434, caput).
No ato da convocação o jurado receberá documento com a transcrição dos artigos 436 a 446
do CPP, que tratam da função do jurado (CPP, art. 434, p. único).
Além da convocação, determina a lei que a relação de jurados sorteados seja afixada na porta
do Tribunal do Júri, dela constando, ainda, “os nomes do acusado e dos procuradores das partes, além
do dia, hora e local das sessões de instrução e julgamento” (CPP, art. 435), é dizer, a pauta de
julgamento da reunião periódica.

Do julgamento em plenário

Do Julgamento em Plenário: o julgamento em plenário seguirá as seguintes fases seqüenciais: 1º)


providências preliminares à instalação; 2.º) instalação da sessão; 3º) formação do Conselho de
Sentença; 4º) atos instrutórios; 5º) debates e 6º) julgamento.

1. Providências preliminares: como já consignado, o Tribunal do Júri reunir-se-á para as sessões


de instrução e julgamento nos períodos e na forma estabelecida pela lei de organização judiciária
(CPP, art. 453), cumprindo ao juiz presidente do júri organizar a pauta de julgamentos, designando-
os. E até o dia do julgamento cabe ao juiz presidente decidir sobre pedidos de isenção e dispensa de
jurados, bem como de adiamento do julgamento popular, mandando consignar em ata as suas
decisões (CPP, art. 454). Desse modo, na hipótese de ser sido solicitada a isenção ou a dispensa de
jurado ou se tiver sido requerido o adiamento do julgamento, o juiz presidente decidirá tais questões
até o momento de abertura dos trabalhos da sessão, mandando consignar em ata as deliberações que
tomar. Poderá ainda ser determinado o adiamento do júri, caso haja pedido ou então em hipóteses de
não comparecimento das partes.

2. Instalação da Sessão: após decidir sobre os pedidos de isenção e de dispensa dos jurados, bem
como acerca do pedido de adiamento do julgamento (art. 454) e verificadas as presenças das pessoas
que participarão da sessão de instrução e julgamento (Ministério Público, defensor, acusado,
assistente de acusação, advogado do querelante e testemunhas – arts. 455 a 461) o juiz verificará a
urna que contém as cédulas com os nomes dos 25 jurados convocados e mandará que o escrivão
proceda à chamada.

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Se estiverem presentes, pelo menos, 15 jurados, a sessão será instalada e o juiz anunciará o
processo que será submetido a julgamento (art.463). Caso contrário, convoca nova sessão para dia
útil imediato (art. 442 do CPP). O jurado faltoso incorrerá em multa, salvo escusa legítima
devidamente provada.
Na seqüência, anuncia o processo que será submetido a julgamento e ordena ao porteiro que
apregoe as partes (Ministério Público ou querelante, assistente de acusação se houver, acusado e seu
defensor) e as testemunhas. Não sendo o julgamento popular adiado, e comparecendo ao menos 15
jurados (dos 25 convocados), “o juiz declarará instalados os trabalhos, anunciando o processo que
será submetido a julgamento” (arts. 462 e 463).
Cmprirá ao oficial de justiça realizar o pregão (art. 463, §1º), que consiste no anúncio verbal
e na porta do salão do Tribunal do Júri dos dados relacionados ao processo, incluindo o número do
feito, os nomes do acusador e do acusado.
Imediatamente, após o pregão, devem ser argüidas nulidades relativas ocorridas após a
pronúncia sob pena de convalidação (art. 571, inc. V, do CPP). A nulidade ocorrida após esse
momento, deverá ser argüida imediatamente a sua ocorrência, sob pena de preclusão (art. 571, inc.
VIII, do CPP). Havendo argüição oportuna, o juiz deverá apreciar a matéria diante do vício alegado.

2.1. Faltas justificadas e conseqüências:


 Do Ministério Público: adiamento do julgamento para a próxima sessão (art.455);
 Do acusado: adiamento do julgamento para a próxima sessão (art. 457, §1º). Permite a lei,
contudo, que o preso e seu defensor postulem a dispensa de comparecimento do primeiro em
plenário, hipótese em que o júri não será adiado (CPP, art. 457, §2º, segunda parte). Ou seja, mais
uma vez a lei permite a realização do júri sem a presença do réu, por decisão dele e de seu defensor.
 Do Defensor: adiamento do julgamento para a próxima sessão (art. 456);
 Do assistente de acusação: normal julgamento. É parte contigente.
 Do advogado do querelante: de acordo com o disposto no artigo 457, caput, o júri não será
adiado pelo não comparecimento do advogado do querelante, pouco importando se justificada ou não
a ausência. Entretanto, que se ausência for justificada não há motivo para o não adiamento, pois
afastada a desídia do querelante, ensejadora da retomada da acusação pelo MP (art. 29).
 Da testemunha: se arrolada em caráter de imprescindibilidade: adia o julgamento (art. 461,
caput), salvo se estiver em local incerto e não sabido ou for de outra comarca.
 Do Jurado: não aplicação da pena de multa, caso demonstre a escusa.
2.2. Faltas injustiçadas e conseqüências:
 Do Ministério Público: o juiz deverá adiar a sessão de julgamento, oficiar ao Procurador Geral da
Justiça e comunicar ao substituto automático do promotor.
 Do réu: Se o réu solto e notificado não comparecer (art. 457 caput), o júri será realizado
normalmente. Desse modo, o julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto
que tiver sido regularmente intimado. Caberá ao acusado solto decidir se irá ou não comparecer ao
julgamento popular, inserindo-se a decisão no âmbito dos princípios constitucionais da ampla defesa e
direito ao silêncio. Estando preso, é evidente que não basta a vontade do réu de comparecer em
plenário, sendo necessária a sua escolta até o fórum.
Assim, se o acusado preso não for conduzido ao fórum, o julgamento será adiado para o primeiro
dia desimpedido da mesma reunião (CPP, art. 457, §2º, primeira parte). Esta é a regra.
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 Do advogado: o juiz deverá adiar a sessão de julgamento, nomear por cautela um advogado
dativo e oficiar à OAB o ocorrido. Se no dia do novo julgamento o advogado comparecer, é ele quem
participa do julgamento. Ao reverso, quem fará o plenário é o dativo.
 Do advogado do querelante: - ocorre a perempção (ação penal exclusivamente privada) ou o
Ministério Público reassume a titularidade (ação penal subsidiária da pública).
 Do assistente de acusação: ocorre o julgamento normalmente. Parte contigente.
 Da testemunha: se arrolada sem caráter de imprescindibilidade: não adia o julgamento, mas
pode sofrer condução coercitiva, multa e processo-crime por desobediência.
 Do jurado: sujeita-se ao pagamento de multa.

Caso presentes as partes, prossegue-se o julgamento. Assim o réu é apregoado, perguntando


o juiz o nome, idade e se tem advogado. Importa registrar que os jurados excluídos por impedimento
ou suspeição serão computados para a constituição do número legal de 15 jurados (art. 463, §2º),
não podendo, é claro, integrarem o Conselho de Sentença.

3. Formação do Conselho de Sentença: em ato contínuo realiza-se o sorteio dos jurados que
comporão o conselho de sentença. Antes, porém, do sorteio dos 07 jurados, o juiz deverá proceder a
advertência dos jurados sobre:

a) Os motivos de impedimento, suspeição e incompatibilidade, previstos nos artigos 448,


449, bem como em razão de parentesco com o juiz, com o promotor, com o advogado, com
o réu ou com a vítima, considerando o disposto nos artigos 252 a 254 do CPP:
 Impedimento: decorre da relação de interesse do juiz com o objeto do processo.
 Suspeição: resulta de vínculo do juiz com quaisquer das partes.
 Incompatibilidade: se refere a cargos ou funções que não podem ser desempenhados juntos ou
simultaneamente pela mesma pessoa.
Nos termos do disposto no artigo 448 do CPP, são impedidos de servir no mesmo conselho: a)
marido e mulher; b) ascendente e descendente; c) sogro e genro ou nora; d) irmãos e cunhados,
durante o cunhadio; e) tio e sobrinho; f) padrasto, madrasta ou enteado (CPP, art. 448, caput).
Também ocorrerá impedimento em relação às pessoas que mantenham união estável reconhecida
como entidade familiar (CPP, art. 448, §1º). Dos impedidos entre si por parentesco ou relação de
convivência, servirá o que houver sido sorteado em primeiro lugar (CPP, art. 450), se, é claro, não for
recusado pela parte.
Nos termos do disposto no artigo 449 do CPP, não poderá servir o jurado que: a) tiver
funcionado em julgamento anterior do mesmo processo, independentemente da causa determinante
do julgamento posterior; b) no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de
Sentença que julgou o outro acusado; e, c) tiver manifestado prévia disposição para condenar ou
absolver o acusado.
Com o escopo de se impedir o adiamento da sessão de julgamento, dispõe a lei que os jurados
excluídos por impedimento, suspeição ou incompatibilidade serão considerados para a constituição do
número legal exigível (15 jurados) para a realização da sessão (CPP, art. 451).
Incumbe ao jurado suspeito ou impedido declarar esta condição. Caso não o faça, poderão as
partes argüir a suspeição ou impedimento. Se negada a causa de suspeição pelo jurado recusado,
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deverá a parte comprová-la, cabendo ao juiz presidente decidir de plano. A suspeição irreconhecida
não suspenderá o julgamento, devendo no entanto constar em ata para análise de eventual causa de
nulidade por parte do Tribunal em sede de recurso.

b) A incomunicabilidade (art. 466, §§ 1º e 2º): uma vez sorteados, os jurados serão advertidos
que “não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o processo,
sob pena de exclusão do Conselho e multa,” de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos. Esta vedação
persiste até o encerramento da sessão de julgamento. A incomunicabilidade se refere aos fatos em
julgamento, tendo o objetivo de assegurar o sigilo das votações (CF, art. 5º, XXXVIII, alínea b) e a
isenção dos jurados, de modo que não sofrem influência de outro jurado ou de terceiros, decidindo
com imparcialidade e de acordo com a própria convicção (CPP, art. 472), formada livremente após a
produção das provas e os debates. Os jurados poderão conversar sobre assuntos estranhos e não
relacionados ao processo. É dizer, a incomunicabilidade não é absoluta, mas restrita aos fatos tratados
nos autos.
Uma vez constatada a violação a incomunicabilidade, deverá o juiz: a) dissolver o Conselho de
Sentença; b) declarar nulos os atos praticados na sessão de julgamento (CPP, 564, III, alínea j,
segunda parte); c) designar nova data para a realização do julgamento popular; e, d) aplicar a multa
ao jurado infrator (art. 466, §1º).
Assim não decidindo o juiz presidente, poderá a parte interpor recurso de apelação em relação
à sentença final, alegando, em preliminar, a nulidade processual.

3.1. Sorteio dos jurados: o juiz, após verificar que se encontram na urna as cédulas relativas aos
jurados presentes, faz o sorteio de sete deles para formarem o conselho de sentença. Na medida em
que as cédulas vão sendo abertas, a defesa e depois a acusação podem recusar os jurados sorteados.
Recusa motivada, ou seja, com fundamento em impedimento ou suspeição, podem ser feitas
quantas forem necessárias. Já a recusa imotivada ou peremptória (aquela feita sem qualquer
justificativa ou fundamento), cada parte só tem direito a três, não podendo exceder tal número.
O jurado recusado por qualquer das partes será excluído da sessão de julgamento,
prosseguindo-se com o sorteio até a composição do Conselho de Sentença, com 7 (sete) jurados).
Se forem dois ou mais os acusados, as recusas poderão ser feitas por um só defensor (art.
469, caput). Não havendo acordo entre os advogados, cada réu poderá, por seu defensor, recusar até
3 (três ) jurados.
Pode ocorrer que se houver divergência na aceitação dos jurados, ocorrerá a cisão do
julgamento. Isto porque, existindo dois ou mais réus, com diferentes defensores, se um defensor
aceita um jurado e o outro o recusa, havendo aceitação desse jurado pela acusação, o julgamento
será cindido. Só haverá o julgamento de um réu, o outro réu terá seu julgamento adiado. Já se o
jurado, aceito por um defensor e recusado por outro, também for rejeitado pelo Ministério Público,
será excluído, e não haverá cisão do julgamento.
Contudo, se em razão das recusas não remanescer o número mínimo de 7 (sete) jurados,
teremos a separação do julgamento, caso em que “será julgado em primeiro lugar o acusado a quem
foi atribuída a autoria do fato” (CPP, art. 469, §§1º e 2º) e depois será julgado o partícipe.
Em caso de co-autoria, será aplicado o critério de preferência do artigo 429.
Composto o Conselho, os jurados prestarão compromisso de julgar a causa com
imparcialidade. Assim, formado o Conselho de Sentença, o juiz levantando-se, e, com ele, todos os
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presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa
com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da
justiça. Os jurados, nominalmente chamados pelo juiz, responderão: Assim o prometo.
A partir desse momento passa a vigorar a incomunicabilidade dos jurados (os jurados podem
conversar entre si, desde que não seja sobre o processo. Não podem conversar com terceiros
estranhos ao processo; a comunicação com o mundo exterior ocorre somente via oficial de justiça. Tal
medida visa garantir o sigilo das votações).
Na seqüência, o jurado receberá cópias das seguintes peças processuais:
a) pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação;
b) relatório do processo, elaborado pelo juiz em conformidade com o disposto no artigo 423, inciso II,
do CPP.
Após o compromisso o juiz dispensa os jurados não sorteados, notificando-os, se o caso, do
dever de comparecimento a outro julgamento da mesma reunião.

4. Atos de instrução probatória (arts. 473 a 475): tem por finalidade propiciar aos jurados o
conhecimento da causa. São compostos dos seguintes atos:
 Oitiva do ofendido se possível.
 Oitiva das testemunhas de acusação.
 Oitiva das testemunhas de defesa.
Nota-se que primeiramente se inquire as testemunhas de acusação. O juiz, os jurados, a
acusação (parte que arrolou), o assistente do Ministério Público se houver e a parte contrária fazem
as perguntas. Segue-se a inquirição das testemunhas de defesa. O juiz, jurados, defesa (parte que
arrolou) e a parte contrária fazem as perguntas. As partes fazem a inquirição da testemunha
diretamente. Após ser inquirida, a testemunha deve permanecer incomunicável até o final do
julgamento, salvo se for dispensada pelas partes, já que é possível a reinquirição da testemunha a
qualquer momento, até na tréplica. Os jurados também poderão formular perguntas ao ofendido, às
testemunhas e ao réu, mas sempre por intermédio do juiz presidente (art. 473, §2º e 474, §2º) e
após as perguntas do juiz e das partes. A parte tem o direito relativo de desistir da testemunha que
arrolou, sendo que a parte contrária e os jurados deverão ser consultados e poderão insistir na oitiva
da mesma.
 Acareações: É possível a acareação, quando duas ou mais testemunhas divergirem sobre pontos
relevantes.
 Reconhecimento de pessoas e coisas.
 Esclarecimentos dos peritos.
 Leitura de peças que se refiram, exclusivamente, às provas colhidas por carta precatória
e às provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis (art. 473, §3º).
 Interrogatório (art. 474): no interrogatório, além do juiz presidente, os jurados também podem
fazer perguntas ao réu. As partes também podem. Havendo mais de um réu serão interrogados
separadamente. Havendo mais de um réu, os interrogatórios deverão ser realizados separadamente.
Também serão inquiridas em separado vítimas e as testemunhas, sendo exigível a separação das
mesmas, de modo que umas não escutem os depoimentos das outras.

Observações:

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 Registro dos depoimentos: o artigo 475: O registro dos depoimentos e do interrogatório será
feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, eletrônica, estenotipia ou técnica similar,
destinada a obter maior fidelidade e celeridade na colheita da prova.
 Uso de algemas: dispõe o §3º do artigo 474, não se permitirá o uso de algemas no acusado
durante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à
ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes.
Ademais, o STF sumulou de forma vinculante o assunto nº 11: Só é lícito o uso de algemas em casos
de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do
ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

5. Debates (arts. 476 a 481): finda a inquirição das testemunhas, o juiz irá dar as partes a palavra,
dando início aos debates, iniciando-se com a acusação (Ministério Público, querelante e assistente
de acusação se houver), seguindo-se pela defesa. É obrigatória a manifestação das partes nesta
etapa. São nos debates que acusador e defensor apresentam os argumentos de sustentações de suas
teses, com o objetivo de convencer os jurados a decidirem pela condenação ou absolvição do acusado.
Em regra, cada parte terá no máximo uma hora e meia para sustentar suas teses em
plenário, dirigindo a palavra aos jurados. Exceção: Havendo mais de um acusado, o tempo para cada
parte será de até duas horas e meia (art. 477, §2º).
 Acusação: o representante do Ministério Público fará a acusação, nos limites da pronúncia ou das
peças posteriores que julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a existência de
circunstância agravante (art. 476, caput). A acusação se encontra limitada aos termos da pronúncia,
não podendo sustentar em plenário e requerer aos jurados a condenação do réu por crime ou
qualificadora não acolhida na sentença de pronúncia, ou decisão posterior do tribunal. Porém,
considerando que o Ministério Público é também fiscal da lei, pode o seu representante pedir a
absolvição do réu pronunciado, ou a exclusão de qualificadora reconhecida na pronúncia.
Desse modo, a pronúncia (ou a decisão posterior do tribunal) fixa a postura máxima para a
acusação que, entretanto, poderá posicionar-se aquém, pedindo o mínimo da acusação ou até mesmo
sua improcedência. Faculta-se, excepcionalmente, a sustentação de uma circunstância agravante não
referida na pronúncia.
Havendo assistente de acusação, ele se pronunciará após o Ministério Público, devendo haver
acordo em relação a distribuição de tempo. Caso não haja acordo, o Juiz estabelece a divisão. Na
hipótese de ação penal privada subsidiária da pública, o Ministério Público fala após o querelante.
 Defesa: encerrada a palavra da acusação, o juiz franqueia a mesma a defesa. O tempo será
também de 01 hora e meia. Havendo mais de um réu, o tempo será acrescido em meia hora, cabendo
ao advogado, nesta oportunidade, analisar as provas e promover a efetiva defesa técnica do acusado.
Caso isto não ocorra o Juiz deverá declarar o réu indefeso, dissolvendo o Conselho de Sentença,
designando nova data para a realização do julgamento popular. Importante verificar que o advogado
pode sustentar em plenário tese diferente da apresentada pelo réu no interrogatório, entretanto não
poderá concordar com o pedido de acusação. Faculta-se ao advogado, contudo, postular a
desclassificação do crime e não necessariamente a absolvição.

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Pelo princípio da eventualidade, entende-se que a defesa pode sustentar teses conflitantes ou
antagônicas. Ex. negativa de autoria e legítima defesa.
 Réplica e Tréplica: concluída a fala da defesa, o juiz indaga à acusação se fará uso da réplica. Em
caso positivo, a defesa terá direito a tréplica. O tempo será de 01 hora para cada um. Havendo mais
de um acusado, o tempo para cada parte será de até duas horas (art. 477, §2º). Nota-se que tanto a
réplica, como a tréplica são faculdades das partes e não obrigação.
Não poderá, na tréplica, haver inovação da tese de defesa, devido ao princípio do
contraditório. Se inovar, essa tese não será quesitada.
5.1. Limitações para as partes nos debates (arts. 478 e 479): duas são as limitações impostas
as partes quando dos debates. A primeira se refere as citações que são vedadas e a segunda a
exibição e leitura de determinados documentos em plenário. Vejamos.
 Citações vedadas (art. 478): diz o artigo 478 do CPP: Durante os debates as partes não
poderão, sob pena de nulidade, fazer referências: I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores
que julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de
autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; II – ao silêncio do acusado ou à ausência de
interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo. O
objetivo da vedação legal é evitar a indevida influência na decisão dos jurados.
 Exibição de documentos em plenário (art.479): Durante o julgamento não será permitida a
leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a
antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. Parágrafo único.
Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a
exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio
assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos
jurados.
O artigo 479, fundado no contraditório, evita a surpresa probatória em plenário, impondo que
o documento novo deverá ser anexado aos autos com antecedência mínima de 3 (três) dias. O artigo
232 do Código de Processo Penal define documento como “quaisquer escritos, instrumentos ou papéis,
públicos ou particulares”. A violação ao artigo 475 constitui nulidade relativa, exigindo argüição
oportuna e prova do prejuízo.
Com fundamento no dispositivo acima podem as partes apresentar vídeos em plenário,
durante os debates. Mas o documento tratado no art. 479 é aquele cujo conteúdo versa sobre matéria
de fato constante do processo. Assim, nada impede que se leiam obras jurídicas, julgados e revistas
que tratam de homicídios, abortos, etc. O que não pode é ler matéria que noticia o crime que está
sendo julgado.
5.2. Apartes: são as intervenções que uma parte faz durante a manifestação da outra. O artigo 497,
inciso III, que constitui atribuição do juiz presidente do Tribunal do Júri dirigir os debates, intervindo
em caso de abuso, excesso de linguagem ou mediante requerimento de uma partes.
5.3. Indicação da fonte (art. 480, caput): a acusação, a defesa e os jurados poderão, a qualquer
momento e por intermédio do juiz presidente, pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se
encontra a peça por ele lida ou citada, facultando-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe, pelo mesmo
meio, o esclarecimento de fato por ele alegado (art. 480, caput).
6. Julgamento: encerrados os debates, o juiz presidente indagará dos jurados se estão habilitados a
julgar ou se necessitam de outros esclarecimentos. Se houver dúvida sobre questão de fato, o juiz

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presidente prestará esclarecimentos à vista dos autos. Os jurados terão acesso aos autos e aos
instrumentos do crime se solicitarem ao juiz presidente. Se nenhum questionamento for feito, o
julgamento terá seguimento, com a elaboração dos quesitos pelo juiz presidente e a votação pelo
Conselho de Sentença.
Importante verificar se ocorrer qualquer fato, reconhecida como essencial para o julgamento
da causa, não puder ser realizada imediatamente, o juiz presidente dissolverá o Conselho, ordenando
a realização das diligências entendidas necessárias (art. 481).
E se a diligência consistir na produção de prova pericial, o juiz presidente, desde logo,
nomeará perito e formulará quesitos, facultando às partes também formulá-los e indicar assistentes
técnicos, no prazo de 5 (cinco) dias.
Também haverá dissolução do conselho de sentença quando constatada a quebra da
incomunicabilidade dos jurados, a violação aos arts. 478 e 479.

6.1. Quesitação: é o questionário, são as perguntas feitas pelo juiz aos jurados, que irão responder
sim ou não. É elaborado com base nos termos da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram
admissível a acusação, do interrogatório e das alegações das partes.
A formulação dos quesitos deve ser mais clara possível, permitindo resposta positiva ou
negativa, evitando-se a utilização de termos técnicos, que possam causar dúvidas nos jurados.
Deste modo, afirmando os jurados que estão em condições de julgar a causa, cumprirá ao juiz
prosseguir com o julgamento, lendo, ainda em plenário, os quesitos que serão submetidos à votação
pelos jurados. O Conselho de Sentença será questionado sobre matéria de fato e se o acusado deve
ser absolvido, nos termos do artigo 482.
O julgamento, então, se dará com as respostas, pelos jurados, das perguntas que lhes são
formuladas pelo juiz-presidente. A tais indagações se dá no nome de quesitos, conceituados pelo CPP,
como proposições afirmativas, simples e distintas, de modo que cada um deles possa ser respondido
com suficiente clareza e necessária precisão (art. 482, p. único, primeira parte). E para cada fato
independente o juiz deve elaborar um quesito, em conformidade com as sustentações das partes.
Questionário nada mais é que o conjunto de quesitos.
Havendo mais de um crime ou mais de um acusado, os quesitos serão formulados em séries
distintas (CPP, art. 483, §6º.), de modo que o julgamento de um (crime ou réu) não vincule, não
induza ou de qualquer modo não influencie o julgamento do outro.
O CPP estabelece o conteúdo dos quesitos (art. 482), e a ordem de quesitação, que deverá ser
observada quando da votação (art. 483). Assim, os quesitos serão formulados na seguinte ordem,
indagando sobre: I – a materialidade do fato; II – a autoria ou participação; III – se o acusado deve
ser absolvido; IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa;
V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou
em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.
Em seguida, o juiz lê em público os quesitos e explica a significação legal de cada um. Indaga
se as partes e os jurados têm algum requerimento ou alguma reclamação a fazer. O juiz, então,
anuncia que vai se proceder ao julgamento, determinando que o réu seja retirado e convida os demais
circunstantes a deixarem a sala. Caso haja sala secreta, o juiz, os jurados, o promotor, o advogado, o
escrivão e dois oficiais de justiça dirigem-se à sala secreta.
Antes de proceder a votação, o juiz manda distribuir aos jurados pequenas cédulas, contendo
uma a palavra “sim” e outra a palavra “não”. Ainda antes de iniciar a votação, e estando na sala
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especial, o juiz presidente advertirá as partes de que não será permitida qualquer intervenção que
possa perturbar a livre manifestação do Conselho e fará retirar da sala quem se portar
inconvenientemente (art. 485, § 2o ).
Tem início a votação, cuja decisão se dá por maioria de votos. O jurado vota sim ou não, sem
qualquer discussão ou fundamentação, em razão do sigilo das votações. Se a resposta a qualquer dos
quesitos estiver em contradição com outra já proferida, o juiz, explicando aos jurados em que consiste
a contradição, submeterá novamente à votação os respectivos quesitos.
Os quesitos cuja apreciação ficar prejudicada por resposta anterior serão desconsiderados. O
CPP, ainda, traça as seguintes situações da votação, em seu artigo 483:
1) Se houver resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qualquer dos quesitos referentes a
materialidade do fato; a autoria ou participação, ou se o acusado deve ser absolvido, implica a
absolvição do acusado.
2) Entretanto, se respondidos afirmativamente por mais de 3 (três) jurados tais quesitos, haverá
condenação e o julgamento prossegue, devendo ser formulados quesitos sobre: I – causa de
diminuição de pena alegada pela defesa; II – circunstância qualificadora ou causa de aumento de
pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.
3) Caso seja sustentada a desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular,
será formulado quesito a respeito, para ser respondido após o 2o (segundo) ou 3o (terceiro)
quesito, conforme o caso.
4) Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma tentada ou havendo divergência sobre a
tipificação do delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito
acerca destas questões, para ser respondido após o segundo quesito.
Nota-se que a resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, aos quesitos relacionados a
materialidade do fato, a autoria ou a participação encerra a votação, sem a necessidade de leitura
dos demais votos, implicando na absolvição do acusado (art. 483, § 1o ).

6.2. Desclassificação no Júri: existem duas espécies de desclassificações que podem ser feitas no
Tribunal do Júri:
 Própria: ocorre quando os jurados desclassificam a infração sem estabelecer a tipificação do fato;
o juiz presidente tem liberdade para definir a infração e julgar o fato. Assim, os jurados afastam a
ocorrência de crime doloso contra a vida, não indicando crime algum. Como visto, a sua
averiguação está inserta no segundo quesito, relacionado ao nexo causal.
 Imprópria: ocorre quando, na desclassificação pelos jurados, fica estabelecido o enquadramento
do fato, cabendo ao juiz presidente apenas a aplicação da pena. Ex: quando os jurados respondem
afirmativamente ao quesito da desclassificação de homicídio doloso para o culposo, reconhecendo
que agiu com imprudência, negligência ou imperícia.
Se os jurados desclassificam o crime, o julgamento desse crime competirá ao juiz presidente
do júri (arts. 74, § 3.º, e 492, §2.º, do CPP). O juiz, então, suspende a votação e proferirá decisão.
Nota-se que se a desclassificação for para infração de menor potencial ofensivo, o juiz não deve
proferir a sentença, devendo aguardar o trânsito em julgado para a desclassificação e aplicar todo o
procedimento da Lei n.º 9.099/95, inclusive com audiência preliminar.
Pode ocorrer que o júri absolva o réu de crime doloso contra a vida, mas exista, ainda, crimes
conexos a serem julgados. Neste caso, há duas situações: a) absolvido o réu quanto ao crime doloso,

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o Conselho de Sentença continua competente, respondendo aos quesitos referentes aos crimes não
dolosos contra a vida; b) havendo desclassificação própria, caberá ao Juiz Presidente encerrar a
votação e julgar o réu quanto à acusação pela prática de todos os crimes (art. 492, §2º.).
6.3. Sentença (arts. 492 a 493): após a votação, o juiz com base no decidido pelos jurados lavra a
sentença. Esta deve ser dada espelhando o veredicto do júri. Como a decisão dos jurados não é
motivada, o mesmo ocorre com a sentença, que deve apenas fazer menção do veredicto. Todavia,
caso os jurados procedam a desclassificação imprópria, a sentença será dada com todos os seus
requisitos, incluindo a motivação.
Nota-se que em relação a aplicação da pena ou da medida de segurança, há a necessidade de
fundamentação. Proferida a sentença, será ela publicada em plenário, mediante a leitura na presença
do réu e dos circunstantes e, após, declara-se encerrada a sessão.
 Ata da sessão de julgamento (arts. 492 a 493): em cada julgamento o escrivão lavrará uma
ata, que constará a assinatura do Juiz e das partes. Nela são registrados todos os acontecimentos da
sessão.

Atribuições do Juiz Presidente na Sessão de Julgamento


(Artigo 497 do Código de Processo Penal)

Possui o juiz as seguintes atribuições:


 Regular a polícia das sessões e prender os desobedientes;
 Requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob sua exclusiva autoridade;
 Dirigir os debates, intervindo em caso de abuso, excesso de linguagem ou mediante requerimento
de uma das partes;
 Resolver as questões incidentes que não dependam de pronunciamento do júri;
 Nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso, podendo, neste caso, dissolver o
Conselho e designar novo dia para o julgamento, com a nomeação ou a constituição de novo
defensora;
 Mandar retirar da sala o acusado que dificultar a realização do julgamento, o qual prosseguirá sem
a sua presença;
 Suspender a sessão pelo tempo indispensável à realização das diligências requeridas ou entendidas
necessárias, mantida a incomunicabilidade dos jurados;
 Interromper a sessão por tempo razoável, para proferir sentença e para repouso ou refeição dos
jurados;
 Decidir, de ofício, ouvidos o Ministério Público e a defesa, ou a requerimento de qualquer destes, a
argüição de extinção de punibilidade;
 Resolver as questões de direito suscitadas no curso do julgamento;
 Determinar, de ofício ou a requerimento das partes ou de qualquer jurado, as diligências
destinadas a sanar nulidade ou a suprir falta que prejudique o esclarecimento da verdade;
 Regulamentar, durante os debates, a intervenção de uma das partes, quando a outra estiver com a
palavra, podendo conceder até 3 (três) minutos para cada aparte requerido, que serão acrescidos ao
tempo desta última.

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