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Análise de Projetos
Bernardo Frydman
Eloy Ribeiro dos Santos
Milton Cesar Teixeira Dias
Rui Lyrio Modenesi
Walsey de Assis Magalhães*
1986
Posta a questão nesse nível de generalidade, parece difícil esperar que ela
possa ser motivo de grande controvérsia. Mas, como diz o ditado, o inferno
está nos detalhes: mesmo partindo-se da concordância em relação ao que
fazer, rapidamente chega-se, nesse tema, ao terreno da discordância e da
polêmica, ao se passar ao como fazer. O nó da questão está menos nos ob-
jetivos do que nos meios para alcançá-los.
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2 Diante do pedido de aval a esta apresentação, Bernardo Frydman confirma nosso relato,
rendendo-se à emoção: “Li com grande prazer o texto que você me enviou. ‘Recordar é vi-
ver’. Obviamente, não tenho nenhuma objeção. Foi bom lembrar como resolvemos aquele
conflito, especialmente porque me lembrei, enquanto lia, das reuniões iniciais [da comissão
de superintendentes] sobre o tema, que tinham um certo sabor de comício público” (men-
sagem por e-mail, datada de 30.07.02).
3 Cf. Edmar Bacha e outros, Análise governamental de projetos de investimentos: procedi-
mentos e recomendações, Rio de Janeiro, Ipea/Inpes, 1970 (Coleção Relatórios de Pesquisa,
1). Procuramos ali deixar claro não somente a compatibilidade, mas também a comple-
mentaridade que para nós havia entre os procedimentos consolidados pela experiência e a
aferição da rentabilidade do investimento por intermédio de uma taxa interna de retorno
modificada, isto é, calculada com base não nos valores de mercado, mas nos “custos sociais”
ou de oportunidade da mão-de-obra, das divisas internacionais e do capital, que melhor re-
fletiriam a abundância relativa do primeiro fator de produção – por intermédio de uma taxa
de salário menor do que a prevalecente no mercado – face à escassez das divisas (a serem
valoradas com um adicional de 20% sobre a taxa de câmbio dita na época oficial, isto é, su-
jeita a controle governamental), bem como do capital, cujo custo de oportunidade estima-
mos em 12% a.a. Em termos práticos, nossa proposta redundava em privilegiar a escolha de
projetos de investimentos mais intensivos em mão-de-obra e geradores ou poupadores de
divisas, isto é, voltados para a exportação ou substituição de importações. Isso está exposto
na apresentação de um exemplo que demos da aplicação da metodologia proposta, no ca-
pítulo final do livro.
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O que mais importa, afinal, é que o grupo de trabalho cumpriu sua tarefa,
elaborando o texto ora publicado. Aprovado pela diretoria do BNDES, ele
foi dado a conhecer ao Bird, que o acolheu, considerando atendida a cláu-
sula contratual que previa a elaboração de um documento sugerindo ino-
vações, na linha por ele preconizada, a serem introduzidas pelo BNDES no
seu processo de avaliação de projetos. De resto, não se consumou o desdo-
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Rui L. Modenesi4
Rio de Janeiro, julho de 2002.
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• Plano Estratégico;
• Plano de Ação;
• Políticas Operacionais;
• Orçamento; e
• Relatório de Acompanhamento do Planejamento.
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• Plano Estratégico
O elemento central da atividade de planejamento do Sistema BNDES é o
Plano Estratégico, que estabelece as grandes linhas de sua atuação, contém
uma avaliação socioeconômica da realidade e enuncia a missão institucio-
nal, as políticas gerais, os objetivos, as estratégias de ação para atingi-los e
as diretrizes setoriais e sociais que detalham as orientações a serem segui-
das sob cada estratégia.
• Plano de Ação
A partir do Plano Estratégico é formulado o Plano de Ação, que traduz as
estratégias em propostas específicas de atuação e, de maneira geral e
respeitadas as peculiaridades de cada uma das atividades, contém: uma
avaliação do Plano Estratégico, o diagnóstico atualizado e as perspectivas
para cada segmento de atuação, a proposta de ação do Sistema BNDES e
um orçamento trienal indicativo. É importante ressaltar que, ao ser
estabelecida a proposta de ação, é realizado um esforço no sentido de
explicitar as ações de fomento a serem desenvolvidas.
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• Políticas Operacionais
Definem as políticas a serem adotadas pelo Sistema BNDES para a conces-
são de apoio a projetos específicos, estabelecem condições de apoio finan-
ceiro que espelham as prioridades do Sistema e as características econômi-
cas de cada segmento, são elaboradas a partir do conjunto de propostas
contidas no Plano de Ação e possuem a mesma periodicidade.
• Orçamento
A partir do volume de recursos disponível para aplicação e consideran-
do-se as propostas definidas no Plano de Ação, as condições estipuladas
nas Políticas Operacionais e os compromissos financeiros anteriores, é defi-
nido o orçamento de aplicações do Sistema BNDES para cada uma de suas
unidades.
4 - A Avaliação de Prioridade
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• grau de concentração;
• liderança;
• controle;
• nível de ociosidade;
• preços, custos e margens de lucro; e
• estrutura de capital.
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Sob essa ótica de análise, dois aspectos precisam ser destacados: o primeiro
diz respeito à identificação de qual organização jurídica – empresa ou gru-
po – detém o efetivo comando das decisões relacionadas ao projeto a ser
analisado; e o segundo refere-se à estrutura administrativo-organizacional
que deverá estar diretamente relacionada à operacionalização do projeto.
• Controle
A análise desse aspecto deve, além das considerações sobre o controle
acionário, identificar como se processa o controle da empresa/grupo pelos
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• Análise Administrativo-Organizacional
A adequação da estrutura administrativo-organizacional da empresa/grupo
deve ser considerada à luz dos objetivos da organização, do seu
planejamento estratégico e da estrutura administrativo-organizacional dos
concorrentes. Essa análise deverá ser conduzida de forma a permitir, ainda,
a identificação:
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• Capacidade de Concorrência
Nesse tópico deve-se buscar avaliar de forma global e integrada quais as
condições que a empresa/grupo reúne para enfrentar a concorrência,
tendo em vista, de um lado, seu controle e sua situação organizacional e
financeira e, de outro, os fatores e as formas de competição identificados
anteriormente na análise da estrutura de mercado.
• Estratégia no Mercado
Consiste na apresentação da estratégia de crescimento da empresa/grupo
no mercado, de suas metas futuras e dos seus planos de investimento.
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A partir dos cenários elaborados, pode-se verificar, para cada um, quais os
conjuntos de valores de preços, custos etc. que permitem o projeto/empre-
sa ser viável.
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• Na Empresa/Grupo
Devem ser identificados os efeitos do projeto em questão na empresa/gru-
po avaliando-se a sua capacidade de absorvê-los. Há que se verificar a rela-
ção dinâmica entre o projeto, como desdobramento da empresa/grupo, e a
futura configuração da empresa/grupo, como decorrência da realização do
projeto.
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Hipótese Básica
Taxas de Inflaçãob A%
B%
Relação US$/Cr$ Cambial ± C%
± D%
Investimento ± E%
Quantidades Vendidas ± F%
± G%
Preços dos Produtos ± H%
± I%
Internacional
Custo do Trabalho ± J%
± L%
Custo de Matérias-Primas ± M%
Variações Preço do ± H%
Combinadas Produto
(por exemplo)
Quantidades ± F%
Vendidas
Investimento ± E%
aEntendida como geração de caixa após o comprometimento com a formação do capital
de giro próprio e o investimento necessário à manutenção da capacidade produtiva.
bA verificação do comportamento do projeto a taxas de inflação diversas não é de fácil
mensuração, uma vez que existe, dentro de certos limites, a possibilidade de compensar
seus efeitos mediante a modificação das margens brutas unitárias.
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• a configuração do grupo;
• a capacidade do grupo/empresa de implementar o projeto;
• a estrutura administrativo-organizacional: necessárias reestruturações,
contratações ou dispensas de pessoal, melhoria dos sistemas de informa-
ções, entrada de novo sócio etc.;
• os fatores técnicos da produção: matérias-primas, insumos, combustí-
veis, utilidades, ciclo produtivo, produtividade, qualidade do produto
etc; e
• os aspectos tecnológicos: apropriação, capacitação, desenvolvimento,
pesquisa etc.
• No Ambiente Externo
Tem por objetivo explicitar os efeitos do projeto sobre o meio externo à
empresa e ao mercado. Esses efeitos podem ser de três naturezas:
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A alocação eficiente dos recursos pelo Sistema BNDES exige que a avalia-
ção de um projeto considere tanto sua viabilidade sob a ótica microeconô-
mica quanto sua adequação aos objetivos e metas estabelecidos no proces-
so de planejamento.
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• Para o Projeto
A conclusão final da análise, entendida como a proposição, ou não, do
apoio ao projeto, deve corresponder a uma avaliação dos elementos anali-
sados, fundamentalmente os explicitados na Matriz de Avaliação. Caso a
análise conclua por apoiar o projeto, deve-se explicitar as condições con-
tratuais da operação, as quais deverão guardar estreita ligação com as Polí-
ticas Operacionais e, principalmente, com a real capacidade financeira da
empresa.
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