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Disciplina de Filosofia
Texto organizado pelo Prof. José Dario Munhak
Texto complementar para as aulas de Filosofia
FILOSOFIA COSMOLÓGICA OU PRÉ-SOCRÁTICA
A passagem da consciência mítica e religiosa para a consciência racional e
filosófica não foi feita em um salto. Esses dois tipos de consciência coexistiram na
sociedade grega.
De acordo com a tradição histórica, a fase inaugural da filosofia grega é conhecida
como período pré-socrático. Esse período abrange o conjunto das reflexões filosóficas
desenvolvidas desde Tales de Mileto até Sócrates.
Os pré-socráticos ocuparam-se em explicar o universo e examinar a procedência e
o retorno das coisas. Os primeiros filósofos gregos tentaram responder à pergunta: C
omo
é possível que todas as coisas mudem e desapareçam na natureza, apesar disto,
continua sempre as mesmas? Para tanto, procuraram um princípio a partir do qual se
pudesse extrair explicações para os fenômenos da natureza. Acreditavam que as coisas
têm um princípio originário primordial, começo, origem das coisas arché e um princípio
físico, material, chamado physis. Assim a filosofia surge como uma cosmologia
(explicação sobre a origem do universo como base em princípios racionais) em
contraposição a cosmogonia (o mundo explicado a partir de histórias mitológicas).
Os principais filósofos pré-socráticos (e suas escolas) foram:
*
Escola Jônica: Tales de Mileto, Anaxímenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclit
o
de Êfeso;
*
Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento;
*
Escola Eleata: Parmênides de Eléia e Zenão de Eléia;
*
Escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de
Abdera e Demócrito de Abdera
antítese.
As lições dos sofistas tinham como objetivo, portanto, o desenvolvimento do poder
de argumentação, da habilidade retórica, do conhecimento de doutrinas divergentes.
Eles transmitiam, enfim, todo um jogo de palavras, raciocínios e concepções que seria
utilizado na arte de convencer as pessoas, driblando as teses dos adversários. Seg
undo
essas concepções, não haveria uma verdade única, absoluta. Tudo seria relativo ao
homem, ao momento, ao um conjunto de fatores e circunstancias.
Em coerência com o ceticismo teórico, destruidor da ciência, a sofística sustenta o
relativismo prático, destruidor da moral. Assim, o bem, é o que satisfaz ao sentimen
to, ao
impulso, à paixão de cada um em cada momento. O único bem é o prazer, a única
regra de conduta, é o interesse particular.
A visão histórica que se tem dos sofistas foi dado, sobretudo por Platão, que
considerava as atividades sofísticas, como uma atitude viciosa do espírito, uma arte
de
manipular raciocínios, de produzir o falso, de iludir os ouvintes, sem qualquer am
or pela
verdade.
Os Sofistas foram os primeiros advogados do mundo, ao cobrar de seus clientes
para efetuar suas defesas, dada sua alta capacidade de argumentação. São também
considerados por muitos os guardiões da democracia na antiguidade, na medida em
aceitavam a relatividade da verdade. Hoje, a aceitação do "ponto de vista alheio" é a
pedra fundamental da democracia moderna.
Houve muitos sofistas importantes. Conhecemos alguns deles de um modo vivo e
penetrante, por intermédio dos diálogos de Platão. Porém interessa mais, na sofística, a
significação do movimento do que propriamente as ideias e atuação particular de sofistas
,
isolados. Os de mais importância foram hípias, Pródico, Eutidemo e, sobretudo,
Protágoras e Górgias.
Protágoras de Abdera (481-420 a.C.)
Protágoras exerceu grande influência em Atenas, no tempo de Péricles. Ocupou-se
da gramática e da linguagem. Foi um grande retórico e mostrou certo ceticismo em
relação à possibilidade do conhecimento, especialmente ao conhecimento dos Deuses.
Mas a sua maior fama procede de uma frase sua, que nos foi transmitida por
filósofos posteriores, na qual se afirma: "O homem é a medida de todas as coisas; da
s
que existem, pelo fato de existirem, e das que não existem, pelo fato de não existir
em."
Por .medida., Protágoras entendia a .norma de juízo., enquanto por .todas as
coisas., entendia todos os fatos e todas as experiências em geral. Com esse princípi
o,
Protágoras pretendia negar a existência de um critério absoluto que discrimine ser e não
-
ser, verdadeiro e falso. O único critério é somente o homem, o homem individual: .Tal
como cada coisa aparece para mim; tal como aparece para ti, tal é para ti.. Esse v
ento
que está soprando, por exemplo, é frio ou quente? Segundo o critério de Protágoras, a
resposta é a seguinte: .Para quem está com frio, é frio, é frio; para quem não está, não é.
Então, sendo assim, ninguém está no erro, mas todos estão com a verdade (a sua
verdade).
A virtude que Protágoras ensinava era exatamente essa .habilidade. de saber
fazer prevalecer qualquer ponto de vista sobre a opinião oposta. Portanto, tudo é re
lativo,
não existe um .verdadeiro. absoluto e também não existem valores morais absolutos
(.bens. absolutos). O sábio é aquele que conhece esse relativo mais útil, mais
conveniente e mais oportuno, sabendo convencer também os outros a reconhecê-lo e pô-
lo em prática.
Górgias de Liontino (483-376 a.C.)
Górgias foi um dos maiores oradores gregos. Escreveu um livro chamado "Do Não
Ser". Nesse mostrava as dificuldades da doutrina do ente, afirmando que não existe
nenhum ente e, que se existisse, não seria cognoscível pelo homem; e, mesmo que o
homem o pudesse conhecer, o conhecimento daí derivado não seria comunicável.
Eliminada a possibilidade de alcançar uma .verdade. absoluta (alétheia), parece
que só restou a Górgias o caminho da .opinião. (doxa). Ele também negou a opinião,
considerando-a a mais pérfida das coisas. Procura então um terceiro caminho, o da ra
zão
que se limita a iluminar os fatos, circunstâncias e situações da vida dos homens e das
cidades na sua concretude e na sua situação contingente, sem chegar a dar a estes um
fundamento adequado.
Sofistas
Chega-se, pois, com os sofistas, a uma última discussão da dialética do ser e do
não ser, de Parmênides. A filosofia perde-se em retórica. Os sofistas escreveram sobre
a consistência das coisas e abandonaram o ponto de vista do ser e da verdade. Para
que
o problema metafísico volte a ser encarado de uma maneira eficaz, será necessário
estribá-lo em novas bases, é o que Sócrates vai exigir e iniciar e o que Platão e
Aristóteles terão, em especial, de realizar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; Martins, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à
Filosofia. São Paulo: Editora Moderna. 1994
BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Curso de Filosofia do Direito. 5ª ed. São Paulo: Atla
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CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 3. ed. São Paulo; Ática, 1995.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. 14. ed. São Paulo; Saraiva, 2006.
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MATTAR Neto, João Augusto. Filosofia e ética na administração. São Paulo: Saraiva,
2004.