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Um novo modelo de negócio para os media

UM NOVO
MODELO DE NEGÓCIO
PARA OS MEDIA
Por
José Moreno
Um novo modelo de negócio para os media

1. ENQUADRAMENTO DO PROBLEMA

Desde que a Internet tal como a conhecemos foi inventada, em 1989 por Tim Berners-
Lee, os media tradicionais têm mantido com ela e com as nova possibilidades
comunicativas que a mesma abre, uma relação ambígua. Depois de uma sobranceria
inicial que agora se prova ter custado cara, os media escritos voltaram-se em força
para a web à procura das receitas que vêm consistentemente perdendo no papel desde
mesmo antes do surgimento da Internet. O mesmo pode ser dito da rádio, obviamente
ameaçada pela web, e da televisão, que no horizonte próximo enfrenta também a
ameaça de desregulação provocada pela Internet.

Neste ponto, é bom relembrar que a Internet é um avanço tecnológico que, com maior
ou menor regulação, e mesmo considerando outras formas de distribuição de conteúdo
que entretanto sejam inventadas (as apps, por exemplo), não irá desaparecer.

Por isso, os media - independentemente de serem capazes de estar agora mais


atentos aos novos desenvolvimentos da web do que estiveram ao nascimento da
Internet - precisam de regular uma forma de distribuição dos seus conteúdos que neste
momento está completamente desregulada. Ou seja: com excepção das empresas de
media que adoptaram e adoptam uma paywall, os media não são capazes de controlar
os seus conteúdos online. E, por não os conseguirem controlar, obviamente não os
conseguem rentabilizar.

Ora, se o negócio dos media tradicionais está desregulado ou ameaçado de


desregulação na Internet, isso significa que ele está e estava “regulado” nos canais
de produção e distribuição tradicionais. O primeiro passo para a criação de um novo
modelo de negócio para os media, consiste por isso em olhar com atenção para o seu
actual modelo de negócio de papel para perceber como o mesmo pode ser replicado
- se é que pode? - na nova realidade tecnológica de distribuição de conteúdos
apresentada pela Internet.

Obviamente, olhar para o passado pode não parecer a melhor maneira de preparar
o futuro. Mas, apesar dos seus revestimentos particulares e até das diferenças de
país para país e de continente para continente, os traços essenciais do modelo de
negócio dos media tradicionais em papel (sobretudo jornais e revistas) são os mesmos
em todo o lado. E esse modelo de negócio sempre serviu bem todos os actores do
negócio e mesmo o interesse público. Ou seja: por um lado, tanto os produtores como
os distribuidores e consumidores de conteúdo retiravam do modelo de negócio a
rentabilidade suficiente para financiarem a sua operação. E por outro lado, faziam-no
garantindo o “bem social” de transmitir as informações consideradas necessárias ao
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funcionamento das sociedades, nomeadamente em termos políticos.

Isso significa então que o problema da aparente inexistência de um modelo de


negócio válido para os media na Internet é na realidade dois problemas: o primeiro é a
ameaça de despedimentos generalizados num sector ameaçado de desregulação, um
fenómeno que já pode ser observado em muitos países. O segundo problema é ainda
mais grave e prende-se com as dúvidas levantadas em relação à incapacidade do
sistema de media desregulado pela internet para garantir o fornecimento homogéneo e
fiável de informação de que o funcionamento das modernas sociedades democráticas
depende.

Por isso, a proposta teórica deste trabalho é a de regressar ao bem estabelecido


modelo de negócio dos media (jornais e revistas) anterior ao surgimento da
Internet, identificar os seus elementos de base e depois analisar de que forma
eles poderiam - ou não - ser replicados no novo ambiente tecnológico em que
se exerce a comunicação social, no qual nos encontramos e no qual prevemos viver
no futuro. Se o conseguirem, então talvez os media - as mesmas empresas ou outras
- possam reencontrar um equilíbrio de exploração comercial que permita proporcionar
um sistema público de informação capaz de garantir o funcionamento das sociedades
democráticas.

2. OS MODELOS DE NEGÓCIO ACTUAIS

No actual modelo de negócio dos media em papel, os orgãos de informação, que são
produtores de conteúdo, usam distribuidores e pontos de venda para fazerem chegar o
seu “produto” aos consumidores, os quais pagam uma preço pelo mesmo, que depois
é canalizado através da cadeia de valor, deixando uma percentagem desse “valor” em
cada um dos agentes da mesma. Por isso, pondo completamente de parte os media
como veículos de mensganes publicitárias pelas quais recebem dinheiro (que se rege
por um modelo de negócio completamente diferente), o actual modelo de negócio dos
media em papel pode ser representado sumariamente da seguinte forma:
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Ou seja, o preço cobrado pelos media pelos seus conteúdos alojados em suporte
papel é redistribuído pela cadeira de valor através de uma percentagem sobre o preço
de venda ao público. No seu formato básico, com maiores ou menores variações,
este modelo tem funcionado quase irrepreensivelmente ao longo da história deste
sector e na maioria dos países desenvolvidos. A sua estabilidade foi, em grande parte,
responsável pela actual maturidade das sociedades democráticas, uma vez que foi
graças à distribuição de informação barata que este modelo permitiu que os cidadãos
pudessem tornar-se nos responsáveis últimos pelas escolhas da sociedade.

Neste modelo, os media são “apenas” os produtores da informação e não os seus


distribuidores. Mas, de certa forma, controlam toda a cadeia de negócio, uma vez
que se entende - e bem - que o valor da proposta comercial está contido no próprio
conteúdo. Ou seja, a cadeia de valor (que começa numa atribuição de valor por parte
do consumidor) apenas existe porque o conteúdo corresponde às necessidades e
desejos do consumidor. Os intermediários do modelo negócio actuam apenas como
intermediários e não têm a aspiração de se tornar produtores (e controlar a cadeia)
porque não têm as condições para produzir o conteúdo. Aliás, nalguns casos são os
próprios media que se tornam detentores da cadeira de distribuição, demonstrando, na
prática, onde está a geração de valor fundamental deste modelo de negócio.

O modelo de negócio na Internet funciona de uma forma bastante diferente. Nos seus
traços essenciais, o modelo de negócio da web funciona segundo o diagrama seguinte.
Mais uma vez, deixando de lado todas as formas de publicidade veiculadas pelos
media online, que consubstanciam um modelo de negócio autónomo, ele também mais
complexo e diversificado do que aquele que existia e existe no papel.
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Obviamente, estão fora deste modelo todas as formas de rentabilização das empresas
de media que instituíram alguma forma de cobrança pelos seus conteúdos, como
uma paywall ou um registo de utilização. Nesses casos o “valor” atribuído pelo
consumidor ao conteúdo dá origem a uma relação comercial directa entre o consumidor
e a empresa de media. Mas esses exemplos são ainda reduzidos e estão ainda
sob avaliação quanto à sua capacidade ou incapacidade para gerar rendimentos
significativos e - como objectivo - compensar as perdas de receitas registadas no
negócio do papel.

Nos restantes casos, as empresas de media fazem chegar os seus conteúdos aos
consumidores através das empresas de fornecimentos de ligação à Internet (ISP’s),
como a Zon, a Meo, a Vodafone, a TMN ou a Optimus. Os clientes finais estabelecem
com estas empresas um contrato de fornecimento de serviço (que pode ser de vários
tipos e com vários preços) e mediante o preço pago ficam com acesso a todos os
conteúdos disponíveis na Internet, sejam eles dos media tradicionais ou outros. Ou
seja, no actual modelo de negócio da Internet, existe uma cadeia de valor gerada pelos
conteúdos diponibilizados que não chega aos próprios produtores dos conteúdos.
Dito de outra forma, os fornecedores de acesso à Internet têm um modelo de negócio
perfeitamente montado, mas à custa de conteúdos que não são seus. No limite, não
poderemos conceber como viável a oferta destas empresas sem os conteúdos; ou
seja, sem os conteúdos (que não são pagos), a proposta comercial das empresas de
fornecimento de acesso à Internet seria vazia de sentido.

Obviamente, argumentar-se-á que, ao pagar um fee de acesso à Internet, o


consumidor fica com acesso a uma multiplicidade de fontes de conteúdo que vai muito
para além dos media tradicionais. Isso é verdade. E diz muito sobre o novo ambiente
comunicativo em que os media trabalham. Mas não é menos verdade que os órgãos de
informação - jornais, revistas, televisões, rádios, sites informativos - têm um valor
adicional que resulta do facto de usarem uma estrutura montada e profissionais
qualificados para produzirem conteúdos informativos mais fidedignos. Ou seja, na
oferta transversal de conteúdos de um fornecedor de acesso à Internet, estas fontes de
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conteúdo tem um carácter premium e devem ser tratadas como tal. Alias, vários
estudos (que devem ser aprofundados) têm demonstrado que uma boa parte do
tráfego de blogues, redes sociais, etc, tem origem em notícias publicadas nos media
tradicionais, seja em papel, seja online. Com a sua preparação especial
(estrutura+profissionais) para produzir conteúdos, os media são muitas vezes a “fonte”
de muitas das “conversas” que decorrem nos vários “locais” da Internet que os
consumidores de conteúdos frequentam. Por outro lado, os estudos de audiências na
Internet provam sem margem para dúvidas, que os sites dos grandes meios de
comunicação social são sempre os mais visitados, com muito mais audiência que a
maioria dos blogues ou sites institucionais de empresas e outras organizações. Os
únicos sites que aparecem próximos dos media são os sites sociais (redes sociais,
fóruns, pesquisas, videos), o que, mais uma vez sustenta a tese da utilização dos sites
dos media tradicionais como fonte dos conteúdos que depois são debatidos e
partilhados nos sites “sociais”. O que quer dizer que, tanto do ponto de vista das
audiências como do ponto de vista da sua relevância social, os conteúdos web dos
media devem ser considerados premium e tratados como tal.

A solução até ao momento encontrada por algumas empresas de media para o facto
de não serem convenientemente remuneradas pelos conteúdos distribuídos na Internet
tem passado pela montagem de paywalls (totais, parciais ou “metered”) de acesso a
esses conteúdos. No entanto, essa não é uma solução muito inteligente. Para um
visitante de um site de um jornal que está interessado em ler uma notícia em particular
(e só essa), exigir o pagamento de uma assinatura web diária, semanal ou mesmo
mensal será provavelmente considerado exagerado. Por outro lado, pedir-lhe o
pagamento de uma quantia - mesmo que mínima - correspondente àquela noticia em
particular (o princípio dos micropagamentos) obriga a instituir uma outra relação - agora
comercial - entre as partes, o que também é certamente desincentivador. Ou seja, em
nenhum dos casos existe do lado do fornecedor de conteúdo uma forma de
corresponder efectivamente às necessidades do consumidor sem ser através da
disponibilização gratuita do conteúdo. Todas as formas actualmente conhecidas para
tentar rentabilizar esse conteúdo funcionam como obstáculos ao acesso ao mesmo.
Isto é particularmente paradoxal na medida em que parece evidente - no exemplo
acima e em muitos outros - que existe, da parte de quem procura um determinado
conteúdo informativo online, uma atribuição de valor a esse conteúdo. Ou seja, a
notícia que o consumidor de informação procura tem para ele um “valor”. O que o
sistema que rege a presença dos media na Internet ainda não conseguiu foi encontrar
uma maneira “inteligente” de fazer remunerar esse valor. O que falta portanto no
modelo de negócio dos media na Internet é mais “inteligência” na rede. A minha tese é
que já existe hoje a tecnologia que permite instituir um sistema inteligente de atribuição
de valor aos conteúdos digitais distribuídos pela Internet. Esse sistema será descrito
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mais à frente.

3. TRÊS PRESSUPOSTOS PARA UM NOVO MODELO DE NEGÓCIO

O novo modelo de negócio para os media na Internet que aqui é proposto implica três
pressupostos:

1. Este modelo procura replicar o modelo de negócio actualmente existente para o


papel, segundo o qual, em cada euro gasto pelo cliente final, uma parte reverte para o
distribuidor (bancas e distribuidoras), outra parte reverte para o produtor (media);

2. Este modelo parte do princípio de que o cliente final dos media online já paga
um fee às distribuidoras de sinal para ter acesso a todos os conteúdos online. Parte
desses conteúdos - aquela parte que é fornecida pelos media profissionais - é premium
e deve ser tratada como tal do ponto de vista da atribuição e transmissão de valor;

3. Segundo este modelo, toda a atribuição e redistribuição de valor deve ser feita
de forma automática entre as entidades profissionais envolvidas (os distribuidores
de sinal e os media) e sem implicar custo adicional para o cliente final.

Ou seja, a componente premium inerente à oferta dos media profissionais não deve
significar um incremento de preço para o cliente final. Isto é muito importante que
fique claro. Em vez de ganhar mais por distribuir os media profissionais e cobrar
um adicional ao cliente por isso, as distribuiboras de sinal cobrarão ao cliente final
o mesmo que hoje cobram, mas farão reverter para os media uma parte do valor
cobrado. Ou seja, a atribuição de valor premium não resulta em mais preço para o
cliente final, mas em menor receita para a distribuidora.
Graficamente, isto torna-se claro se imaginarmos uma situação em que os
distribuidores de sinal (fornecedores de acesso) pagassem individualmente aos
produtores de conteúdo cada um dos “canais”
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Se, numa situação imaginária, os fornecedores de acesso à internet “pagassem”


caso a caso, à unidade, os conteúdos que disponibilizam online para os seus
clientes, provavelmente pagariam uma componente premium pelos conteúdos
dos produtores profissionais por oposição aos produtores amadores, mesmo que
a remuneração destes fosse uma remuneração zero. Ou seja, não pagariam por
conteúdos amadores (para esses o mero acesso à distribuição já seria um resultado
atractivo), mas pagariam por conteúdos profissionais. Do mesmo modo, se existisse
uma redistribuição de uma parte dos rendimentos recolhidos pelo fornecedor de acesso
junto dos seus clientes em resultado do acesso destes a uma gama alargada de
conteúdos, provavelmente a percentagem a redistribuir seria maior no caso dos media
profissionais do que no caso dos amadores, mesmo que neste caso a redistribuiçao
fosse zero. Ou seja, o distribuidor de sinal não redistribuiria nada ao amador (porque
ter acesso já é suficientemente atractivo) mas redistribuiria parte desse rendimento ao
profissional. Em suma, o raciocínio é exactamente o mesmo: pagar, no primeiro caso
é exactamente o mesmo que redistribuir no segundo. No primeiro caso a empresa que
fornece o acesso pagaria mais pelo conteúdo, no segundo caso recebe menos por ele.
Em qualquer dos casos o conteúdo premium seria devidamente remunerado.

Isto que significa que, no modelo proposto, o consumidor final não é afectado. Ele
continua a pagar exactamente o mesmo que pagava antes e a sua navegação na
Internet não sofre qualquer alteração. Por um lado, existe uma negociação privada
entre os media e os fornecedores de acesso para redistribuir o “valor” pago pelo
consumidor para essa navegação. E, por outro lado, o sistema implementado no
âmbito dessa negociação privada, faz a contabilização dos respectivos valores de
forma automática (já veremos como). Sem que seja necessário a quem usa a Internet
interromper a sua utilização para tomar decisões comerciais relativas à mesma.

Eventualmente, as distribuidoras de sinal poderão, a médio prazo, optar por aumentar o


fee cobrado aos clientes à cabeça caso venham a concluir que o peso desta atribuição
premium tem reflexos na sua exploração financeira e caso a sua posição concorrencial
o permita. Por um lado, esse acréscimo também será mais suave e menos oneroso
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para o cliente final que o pagamento de uma componente premium directamente


associada ao conteúdo dos media profissionais (para além de mais “fácil” do ponto de
vista da usabilidade). Por outro lado, é de esperar que o factor concorrência acabe por
nivelar o preço cobrado aos clientes finais pelo menor valor concorrencial face à oferta,
tal como acontece actualmente.

4. O MODELO DE NEGÓCIO EM ACÇÃO

O modelo de negócio para a presença dos media na Internet tal como aqui é proposto
desenvolve-se segundo os seguintes passos:

1. Os media definem para a sua oferta um valor de x€ por cada kb de navegação


nos seus sites e configuram as condições para fazer essa medição para cada
visitante. Isto é tecnicamente possível e fácil de fazer; há aliás já muitas empresas
e sites que o fazem, incluindo naturalmente as próprias fornecedores de acesso à
Internet, que controlam o tráfego “usado” por cada um dos seus clientes, mesmo
aqueles que dispõem de planos de tráfego ilimitado. O valor a atribuir a cada Kb de
navegação nos sites de media dependerá do preço médio do Kb de navegação, que
pode facilmente ser calculado em função do preço médio de mercado obtido pela
ponderação dos diferentes planos tarifários das várias operadoras.

2. O cliente acorda com a distribuidora de sinal (Zon, Vodafone, Kanguru, etc) um


preço por acesso à Internet, quaisquer que sejam as condições comerciais. Isto é
o que acontece actualmente. Entre planos pré e pós-pagos, com limitações de tráfego
ou sem elas, e com diferentes preços por Kb consoante o tráfego aconteça dentro do
limite previsto ou fora dele (ou a determinadas horas do dia), as distribuidoras de sinal
já têm instituídos os mecanismos de controlo da quantidade de Kb navegadas pelos
seus clientes e das condições comerciais em que esse tráfego acontece, de forma a
poderem taxar o tráfego de acordo com o tarifário acordado;

3. O media (ou os media) chegam a acordo com a distribuidora (ou


distribuidoras) de sinal para o estabelecimento de um preço médio por Kb
de navegação, tendo por referência o preço médio do mercado; e depois
estabelecem outro acordo para que, por cada kb de navegação nos seus sites, a
distribuidora de sinal redistribua ao media respectivo x% desse valor. Tanto um
valor como outro são negociáveis. O primeiro toma como referência o preço médio do
mercado; o segundo deve ser estabelecido em função da relevância que um media (ou
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conjunto de medias) possa ter para uma operadora (ou um conjunto de operadoras)
de Internet. Obviamente, um acordo deste género pode ser estabelecido entre um
único site (www.autohoje.com, por exemplo) e uma só operadora (Zon, por exemplo);
ou entre uma empresa (Motorpress Lisboa) e a mesma operadora; ou ainda entre um
conjunto de empresas de media (representadas por uma associação) e o conjunto
de operadores de Internet (representadas pela sua própria associação) ou cada uma
das operadoras individualmente. Todas as combinações são possíveis. Obviamente,
quanto mais generalizada for a adopção do modelo, mais possibilidades ele terá se se
tornar o standard do mercado e mais facilmente se poderá chegar a um acordo.

4. No site do media existe uma tag hardcoded que identifica o fornecedor de


sinal de cada visitante e activa um contador de kb localizado noutro servidor.
Este servidor, mais uma vez, tanto pode ser gerido pelo próprio media ou - para maior
credibilidade - por uma associação do sector ou por uma entidade comum a criar
especificamente entre os media e os operadores de internet. Obviamente, também
pode haver 2 contadores, um em cada um dos servidores. O próprio distribuidor de
sinal obviamente já tem este contador e poderá programá-lo para contar igualmente o
tráfego gasto por aquele cliente;

5. Caso não exista acordo entre o media e o distribuidor de sinal, o visitante


recebe, da primeira vez, um aviso deste género:

“Informamos que a Zon ainda não chegou a acordo com o AutoHoje para lhe
permitir o acesso às nossas páginas. Recomendamos que contacte o serviço de
apoio a clientes da Zon através do 123 456 789 para solicitar esse acesso”,

mas poderá navegar.

Da 2ª vez receberá um aviso diferente:

“Lamentamos mas a Zon ainda não chegou a acordo com o AutoHoje para lhe
permitir o acesso às nossas páginas. Por favor contacte o serviço de apoio a
clientes da Zon através do 123 456 789”

e não poderá navegar. Mais uma vez, este aviso deve ser despoletado a partir de um
servidor externo, à semelhança de uma tag publicitária, mas deve estar hardcoded no
site, ou seja, surgir qualquer que seja a porta de entrada no site e contar o nº de vezes
que um IP acede num determinado período de tempo.
Ambas as coisas podem ser feitas do ponto de vista técnico sem grande dificuldade.
Obviamente, neste aspecto, competirá aos media ou aos seus representantes
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quantificarem/estimarem a eventual perda de visitas e seu reflexo nas receitas


publicitárias vs. ganhos directos em percentagem do fee das distribuidoras que
poderão obter caso o modelo venha a funcionar em pleno.

6. Caso exista acordo entre os media, existirá mensalmente um acerto de contas


entre os fornecedores de sinal e os media, com detalhes de funcionamento
a definir entre as partes, mas que podem ser integradas na plataforma de
contagem comum. Ou seja: caso exista uma plataforma de contagem comum (alojada
num servidor externo a ambas as partes, provavelmente gerido por um consórcio de
associações representativas) essa mesma plataforma pode gerar automaticamente
os inputs necessários aos sistemas de contabilidade de cada um dos parceiros do
projecto.

Do ponto de vista gráfico, este modelo de negócio funciona da seguinte forma:

Deste modo, o visitante de um site de notícias que adopta este modelo de negócio e
que tem acordo com o fornecedor de acesso à internet contratado por esse visitante,
poderá navegar sem qualquer interrupção ou aviso, tal como faz actualmente. Por
detrás dessa navegação estarão a ser contados os Kb de tráfego usado por esse
visitante no site em causa e estarão a ser comunicados automaticamente aos
servidores respectivos, onde são contabilizados os respectivos valores monetários
associados. A usabilidade não é em nada afectada.
Um novo modelo de negócio para os media

5. VANTAGENS DESTE MODELO DE NEGÓCIO

Obviamente, esta proposta de um novo modelo de negócio para os media na Internet


refere-se apenas à utilização web da Internet e não afecta em nada as restantes
frentes de trabalho dos media na adaptação à nova realidade comunicativa com que
se deparam, seja no papel, seja no que se refere às aplicações para download e
utilização em dispositivos móveis. No caso das Apps, um desenvolvimento com óbvias
potencialidades comerciais para os media, o download é feito normalmente em sites
externos à empresa de media e a navegação dentro da própria app não gera tráfego.
Mas as actualizações das Apps via xml, uma forma habitual de actualizar conteúdos
das apps residentes nos dispositivos móveis, contam para o tráfego enquadrável no
modelo de negócio acima. Primeiro porque “entra” no site media para actualizar as
informações (e nessa medida é contabilizado) e segundo porque o acesso é feito com
um fornecedor de acesso, seja via wi-fi ou 3G.

Outra vantagem deste modelo de negócio: passa a existir uma correlação directa entre
o tráfego de um website (que é em princípio uma medida fiável do interesse que os
seus conteúdos suscitam nos consumidores de informação) e o rendimento que esse
website retire desses conteúdos.

Ainda outra vantagem deste modelo de negócio: os chamados “rich media”, como o
áudio e vídeo, gastam mais kb de tráfego que os restantes conteúdos e por isso geram
mais rendimento para os media que os produzem, o que acaba por ter correspondência
directa com os custos de produção desse tipo de conteúdos, que tendem a ser
maiores que os custos de produção dos restantes conteúdos dos media. Mais: até os
downloads de aplicações e software podem ser contados como tráfego e remunerar
adequadamente os seus produtores.

Mesmo considerando que as edições analógicas dos media (em papel, normalmente)
têm ainda muito para dar e tendo em conta que as aplicações referidas acima são
muitas vezes vistas como uma tábua de salvação, a verdade é que muitos dos
conteúdos dos media profissionais continuarão a estar disponíveis na internet, que sem
dúvida continuará ser um meio privilegiado de aceso das pessoas a esse conteúdos.
Ou seja, mesmo que as apps sejam o eldorado que os media desejam, mesmo assim a
internet continuará a ser um importante canal de distribuição de informação. Encontrar
uma forma de rentabilizar esses conteúdos continua por isso a ser prioritário. Esta é
uma proposta nesse sentido.
Um novo modelo de negócio para os media

Obviamente, esta não será uma proposta recebida com agrado pelas empresas de
telecomunicações, uma vez que todas têm hoje em dia interesses muito importantes
na distribuição do sinal de internet. Mas do lado das empresas de media há vários
argumentos que podem ser esgrimidos nesse debate, nomeadamente a questão da
própria viabilização do sector e a questão da necessidade de manter um sistema de
informação pública fiável em funcionamento. A questão é por isso profundamente
política. Mas, perante a desregulação provocada pela internet, respectiva regulação
não pode deixar de ser um assunto com amplas implicações políticas.

Por outro lado, este é um modelo que negócio que implica com o conceito de
neutralidade da rede (net neutrality), mas de uma forma isenta e imparcial do ponto
de vista do conteúdo. Ou seja: a remuneração dos intervenientes no negócio não
se faz limitando a velocidade de navegação de alguns deles face a outros (como
propõem os partidários das redes a duas velocidades, cuja proposta - recorde-se - tem
como fundamento político precisamente a necessidade de remunerar os produtores
profissionais de conteúdo). Neste modelo de negócio, todos os internautas navegam
à mesma velocidade e todos os conteúdos estão (no caso de adopção generalizada)
igualmente acessíveis. É a valoração acordada dos conteúdos (que é ou pode ser
reflexo das preferências dos consumidores) que estabelece (nos bastidores da
navegação) a remuneração desses conteúdos.

Obviamente, todo este modelo limita-se a corrigir esta falha fundamental: falta
inteligência na rede. Ou seja: em vez que se procurar formas complexas e volitivas (no
sentido em que implicam decisões individuais específicas) de remunerar conteúdos
digitais, devemos tornar as nossas redes digitais suficientemente inteligentes para
fazerem essa remuneração de conteúdos automaticamente. Isso está longe de ser uma
miragem. Hoje em dia, em Portugal, é possível a qualquer consumidor de electricidade
ser também seu produtor e “vender” ou “comprar” electricidade da rede ou para a
rede sem que para isso precise de tomar decisões (e muito menos comerciais) a
cada ponto do processo. A rede é suficientemente “inteligente” para fazer os cálculos
comerciais associados à produção ou consumos desse “conteúdo”. Não há nenhuma
razão para que uma rede digital de distribuição de conteúdos informativos não seja
igualmente “inteligente”.

Por fim, convém salientar que esta proposta é apenas um esboço inicial que em vários
pontos carece ainda de algum aprofundamento com informações, dados e fontes
complementares. Por outro lado, este é um modelo inteiramente teórico, testado em
todos os seus passos técnicos essenciais, mas ainda não implementado. O primeiro
dos passos seguintes será montar um modelo operacional usando um ou mais
servidores de teste.
Um novo modelo de negócio para os media

Por José Moreno


Lisboa, Outubro 2010

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