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º

11 MINI ONU

Assembléia Geral das Nações


Unidas
A Primavera de Praga (1968)

Guia de Estudos

Diretores
Daniel Amadeu de Melo Pedersoli
Gabriel Fernandes Pimenta
Guilherme Stolle Paixão e Casarões
Priscila Gomes
"Nós ainda acreditávamos em um socialismo que
não poderia ser divorciado da democracia,
porque sua razão essencial é a justiça social."
Alexander Dubcek, ex-Primeiro Secretário do
Partido Comunista Tchecoslovaco

“Deus não nos perdoará se falhemos”


Leonid Brezhnev, ex-Secretário Geral do Partido
Comunista da URSS
ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO………………………………..…………….………….……….…..... ….6

2 AS SEMENTES DA PRIMAVERA DE PRAGA………………….……………….......7


2.1 A Europa Oriental e a situação pós-1945......……………………………………… …7
2.2 Liberalização, intervenção e normalização...……………………………………… ....8

3 O ENCONTRO DA ASSEMBLÉIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS…..………….11


3.1 Natureza e escopo…………………………………………………................................11
3.2 Atores envolvidos……………………………………………………………………….12

4 POSIÇÕES POLÍTICAS.……………………………………………………………...13
4.1 Atores aptos a votar em tópicos substantivos e procedimentais.................................13
4.2 Atores aptos a votar somente em tópicos procedimentais.……………………......…24

5 A AGENDA……….……………………………………………………………................25

6 QUESTÕES RELEVANTES……………………………………………………............26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...………………………..…………………….…..28

MAPAS…….…………………………………………………………………………....…..31

ILLUSTRAÇÕES……………………………………………………………………...…..33
1 INTRODUÇÃO

É alvorada em Nova Iorque, no 21 de agosto de 1968, quando o Secretário Geral das


Nações Unidas recebe repentinamente notícias bastante inquietantes. Algumas horas antes, na
madrugada, centenas de tanques de guerra haviam atravessado a fronteira tchecoslovaca,
juntamente a mais de 500.000 soldados dos países membros do Pacto de Varsóvia. Em poucas
horas, as tropas haviam tomado os pontos de defesa estratégica principais do país, e na
Tchecoeslováquia o povo era conclamado pelo Presidium - órgão governamental
tchecoslovaco - a manter a paz e prosseguir com suas atividades cotidianas, sem oferecer
qualquer resistência às tropas em avanço. Notícias eram de que nenhum tiro havia sido
disparado, apesar da clara surpresa no país causada pela invasão. As tropas soviéticas,
auxiliadas por outras da Polônia, Hungria, Bulgária e Alemanha Oriental, agora cobriam
Praga e outras cidades principais, e assim que os cidadãos acordavam para a labuta diária,
eram recebidos por assustadores artefatos bélicos. Estavam todos em estado de alerta, causado
principalmente pelo inesperado da situação.
O Secretário Geral, pego desprevenido, ainda luta para compreender as razões
subjacentes à flagrante violação do princípio da soberania dos Estados, garantido a todas as
nações signatárias da Carta das Nações Unidas, e convoca o Conselho de Segurança para uma
reunião extraordinária, cujo objetivo é discutir a situação corrente. É nesse momento que a
organização é informada pela União Soviética que a invasão ocorreu sob os auspícios do
Pacto de Varsóvia, e que foi causada pela preocupação de todos os outros países signatários
quanto a manutenção da ordem socialista no país.
Temeroso de que esta crise pudesse degenerar para um conflito ainda mais intrincado,
mesmo que totalmente cercado pela firme Cortina de Ferro, o Secretário Geral, em um
movimento habilidoso para atrair a atenção mundial ao assunto, decide ampliar o escopo do
debate e decisão dentro das Nações Unidas. Ao invés de permitir a continuidade das
discussões estritamente dentro do Conselho de Segurança, uma reunião especial na
Assembléia Geral é vista como a melhor opção. O tema está agora no plenário onde todos os
Estados possuem voz - assim como voto - para dirimir e alcançar um veredicto final na
legalidade da invasão da Tchecoeslováquia pelas tropas do pacto de Varsóvia, e a prisão
subsequente dos muitos "reformistas da Primavera de Praga".
As flores em botão apresentadas pela tentativa de dar uma face mais humana ao
socialismo estavam agora sendo esmagadas pelo peso dos tanques e tropas.

2 AS SEMENTES DA PRIMAVERA DE PRAGA

2.1 A Europa Oriental e a situação pós-1945

Para descrever completamente e explicar os eventos caracterizados como "a Primavera


de Praga" é de fundamental importância localizá-los corretamente no contexto dos arranjos
pós-1945, também umbilicalmente ligados ao papel futuro a ser desempenhado pelos Estados
Unidos e pela União Soviética na região.
No princípio do cessar-fogo europeu, reinava o caos na Tchecoslováquia. Afinal, o
país havia sido um dos primeiros a cair nas mãos da Alemanha de Hitler. A invasão nazista da
Boêmia, alegando proteger os povos falantes viventes na região, ocorreu em 1939, e Hitler
estimava amplamente a sua manutenção firme. Depois da guerra a Terceira República
encontrou-se incapaz de reconstruir sua sociedade estilhaçada, de manejar as remanescentes
discrepâncias entre tchecos e eslovacos, e de salvar o país do colapso econômico. Além do
mais, havia um crescente apoio popular às tropas soviéticas, responsáveis por libertar o país
da dominação nazista1. Dentre os círculos políticos, contudo, reinava um medo subreptício de
que a retirada das tropas soviéticas não era exatamente o que Stálin planejava.
O país realizou eleições gerais em 1945 e a Frente Nacional - uma coalizão de três
partidos socialistas e outras agremiações menores - saiu vencedora. Edvard Benes foi eleito
presidente, e em 1946 o comunista Klement Gottwald chegou a Primeiro-Ministro. Os
comunistas, apesar de encarregados somente alguns ministérios, lentamente se apoderaram
postos do alto comando, e começaram a submeter o governo Benes a pressões consideráveis,
particularmente após o retorno de Gottwald de encontros com Stálin em Moscou. Doze

1
A libertação tchecoslovaca foi um dos tópicos discutidos na Conferência de Yalta em 1944. Foi decidido que as
tropas soviéticas libertariam todo o país, assim como a Europa Oriental como um todo.
ministros não comunistas deixaram seus cargos, encurralados pelo crescente apoio à URSS e
ao KSC (o Partido Comunista da Tchecoslováquia). O Ministério do Interior, controlado pelos
comunistas, começou a angariar apoio político e militar para um golpe de estado, o qual foi
abertamente colocado em marcha após a renúncia do presidente Benes, em 25 de fevereiro de
1947. A posterior morte de Jan Masaryk, o moderado ministro das relações exteriores, em 10
de Março de 1948, veio como o último golpe ao governo.
Os comunistas, agora oficialmente apoderados no novo governo, iniciaram o processo
de reforma do Estado ainda nos movimentos iniciais. Como primeiro passo em direção ao
socialismo e comunismo, o país foi declarado como uma democracia popular (1948),
enquanto princípios ideológicos Marxistas-Leninistas começaram a tornar-se presentes no
cotidiano cultural e político. A propriedade privada foi abolida, a economia passou à
planificação estatal e o sistema escolar foi reformado dentro de parâmetros soviéticos. A
Tchecoslováquia tornou-se progressivamente mais um Estado satélite da União Soviética,
entrando para o Conselho para Ajuda Econômica Mútua (COMECON) em 1949 e se tornando
signatário do Pacto de Varsóvia em 1955 2. O país finalmente se tornou uma república
socialista em 1960, quando a nova Constituição mudou o nome oficial do país, agora
República Socialista da Tchecoslováquia. Era a glória do socialismo.

2.2 Liberalização, intervenção e normalização

De todos os países do assim chamado bloco comunista, a Tchecoslováquia era vista


por muitos como um dos mais prósperos e estáveis, com uma sociedade civil presente e
atuante, e detentora de uma economia florescente antes da Segunda Guerra Mundial. Porém, a
sociedade tchecoslovaca do final dos anos 60 estava testemunhando problemas sociais
preocupantes, uma economia à beira do colapso e um sistema político cada vez mais
repressivo e antidemocrático (WILLIAMS, 1997). É no meio destes fatores explosivos que
Alexandre Dubcek substituiu Antonin Novotny como líder do partido, com intenções
abertamente declaradas de levar adiante extensas reformas.

2
In: Library of Congress Country Studies. Web 2010. Disponível em < http://lcweb2.loc.gov/cgi-
bin/query/r?frd/cstdy:@field(DOCID+cs0054)> Acesso em 30 Maio 2010.
A idéia inicial, como colocam estudiosos, nunca foi abandonar o socialismo - como o
líder soviético Leonid Brezhnev disse uma vez - mas reformá-lo, adcionando mais
transparência e prestação de contas à sociedade para o governo e instituições políticas.
Liberalização tornou-se a palavra de ordem, defendida por uma variedade de pensadores
livres e acadêmicos. Como identifica Kieran Williams, “Ainda que firmemente
comprometidos com uma perspectiva (e estilo de prosa) Marxista, estes pensadores romperam
com ortodoxias e validaram a noção revolucionária de que os seres humanos devem ser livres
para questionar e agir” (WILLIAMS, 1997, p.9, tradução nossa). Além do mais,

“O programa construído sobre o pressuposto original de que o poder


deveria ser redistribuído pelo sistema, e limitado pela
constitucionalidade para permitir a renovação das liberdades civis. O
papel de liderança do partido na sociedade, até então um eufemismo
para dominação, foi reformulado: o partido não mais exigiria ser o
único diretor e tomador de decisões (...) o partido, como um
instrumento de conhecimento e não de coerção, iria atrair os
melhores e mais brilhantes para analisar e direcionar as necessidades
da sociedade." (WILLIAMS, 1997, p. 15).

Gozando de amplo apoio da população, Dubcek prosseguiu com as reformas, tais


como abolir a censura, um dos pilares da dominação soviética em outros locais. O lema das
reformas era o de criar um 'socialismo com rosto humano' e, como citado por Matthew Frost
em documentos revelados, gerando um 'experimento único de socialismo democrático'. A
jornada rumo à reforma do até então em ruínas aparato do Estado conseguiu apoio de
advogados e juristas, cuja opinião era a de que "havia um lugar para a letra da lei em um
Estado socialista" (WILLIAMS, 1997, p.8, tradução nossa).
A verdade é que, mesmo o processo das reformas tendo encontrado eco nas aspirações
populares, a "liberalização começou porque foi uma escolha estratégica tomada
conscientemente por uma facção da elite política dominante" (WILLIAMS, 1998, p.10,
tradução nossa). Com toda sua singularidade,

“[…] 1968 não foi uma confrontação com o passado, mas uma tentativa de
casar a democracia e o socialismo 'não somente nova na história
tchecoslovaca como também sem réplica em qualquer lugar do mundo' (apud
SKIILING). Liberalizadores estavam admitindo que a vigência do
comunismo tinha falhado em resolver muitos dos problemas da sociedade, e
havia criado novos no processo; a solução proposta, porém, não era reviver
instituições familiares, do passado nacional ou ocidental, mas construir
através de um empréstimo eclético duma face nova e verdadeiramente mais
humana" (WILLIAMS, 1997, p. 13, tradução nossa)
Mesmo que inspirado por um vivaz desejo de cultivar o pensamento livre dentro dum
escopo socialista, o movimento liderado por Dubcek sofria duma certa falta de coerência, daí
a variedade de opiniões diferentes amarradas pela bandeira da liberalização. Nas palavras de
William,

“Misturadas desconfortavelmente em uma pia estavam ideias liberais de


direitos individuais e governo constitucionalmente limitado; um sistema
funcionalista e corporativista de barganha e formulação de decisões; uma
tecnocracia gerencial de empreendimentos semi-estatais autônomos e um
experimento circular de mercado humanizado e democracia no local de
trabalho. Esse ecletismo desafiava as reformas com contradições.”
(WILLIAMS, 1997, p. 25)

Além do mais, sob o pretexto de generalização, reconhece-se que Dubcek e seus


companheiros reformistas "falharam em compreender que uma nova fase da política soviética
havia começado. O Kremlin estava relutante em aceitar o Marxismo-Leninismo se tal
fidelidade precisasse de concessões vultuosas" (SVEC, 1988, p.9863, tradução nossa). Em
outra passagem, Milan Svec coloca que "mesmo enquanto os subordinados de Brezhnev
estavam febrilmente trabalhando para suprir a coluna ideológica de sua doutrina, ele estava
deixando claro aos reformistas tchecoslovacos que era a política de poder soviética, não a
ideologia, que eles compreendem" (SVEC, 1988, p. 986). Portanto, ainda que os reformistas
tchecoslovacos vissem suas ações como um caminho rumo ao aperfeiçoamento da experiência
socialista, Leonid Brezhnev deixava claro que a URSS não iria tolerar o questionamento de
suas ações. Além disso, a URSS estava pronta para obliterar o pensamento ideológico se tais
reformas significassem a redução do domínio soviético na Europa Oriental.
Finalmente, com relação à posição dos Estados Unidos perante a crise, acadêmicos
argumentam que a "crença na previsibilidade soviética foi questionada" (SHUB, 1969, p.
267), devido principalmente a uma posição manifestamente equivocada dos estadunidenses
com relação ao núcleo da política soviética. Shub revela que quando da invasão, os Estados
Unidos acreditavam que o rápido processo de desenvolvimento econômico e social pelo qual
passava a URSS iria engatilhar de alguma forma uma suavização de suas estratégias imperiais
concernentes à política internacional. De acordo com o autor,
“Nem o caráter legal e pacífico da revolução tchecoslovaca nem as repetidas
assertivas dos comunistas de Praga ao Pacto de Varsóvia afetaram o
resultado. É realista assumir, destarte, que nenhuma grande mudança na

3
In: Foreign Affairs, Summer 1988; Volume 66, Number 5.
Europa Oriental é possível sem uma mudança correspondente na própria
Rússia.” (SHUB, 1969, p. 273, tradução nossa).

Nesta perspectiva, a posição estadunidense interpretou erroneamente a predisposição


soviética em lutar em todos os fronts - políticos, econômicos e militares - por seus interesses.
As ideias finais de Shub sobre o caso resumem a posição:
“Quanto mais o Kremlin é livre para banquetear entre os conflitos não
resolvidos do Oriente e do Terceiro Mundo, enquanto sua ocupação de
metade da Europa é permamentemente garantida, maior é o perigo de que
mais cedo ou mais tarde o precário equilíbrio político será perturbado"
(SHUB, 1969, p. 276, tradução nossa).

O fim da política de poder ainda estava distante.

3 O ENCONTRO DA ASSEMBLÉIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS

3.1 Natureza e escopo

Dada a atmosfera política do período, o aspecto mais notável do Encontro da


Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a Primavera de Praga é sua simples e positiva
ocorrência sem qualquer movimento precedente. Após a invasão da Tchecoslováquia pelas
tropas do pacto de Varsóvia em 20 de agosto de 1968, o Secretário Geral nas Nações Unidas
põe em curso tentativas de estabilizar o conflito, assim como torná-lo público o quanto
possível. Afinal de contas era uma crise internacional, e como tal deveria receber a atenção
apropriada de todos os cantos do globo como um esforço para trazer de volta estabilidade à
Europa Oriental.
A primeira tentativa do Secretário Geral de fomentar o debate e gerar
comprometimento entre as nações foi um encontro extraordinário do Conselho de Segurança,
convocado por ele próprio algumas horas após a invasão. Contudo, o impasse para o qual se
dirigia gerou um novo movimento por parte do Secretariado, o qual, com a meta de alargar o
escopo do debate, convoca a Assembleia Geral para realizar um encontro plenário
extraordinário, visando ampliar a repercussão política dos últimos acontecimentos.
O encontro da AGNU sobre a Primavera de Praga é, portanto, um encontro oficial da
Assembleia Geral das Nações Unidas, no qual delegados representando seus países irão
debater os termos da invasão, a legalidade dos argumentos sobre os quais ela se baseia, a
situação política na Tchecoslováquia anteriormente à situação, os termos do Pacto de
Varsóvia cujos países signatários alegam estar defendendo, a situação do líder tchecoslovaco
Alexander Dubcek, dentre outros tópicos da agenda.
Dada a natureza controversa dos assuntos a serem discutidos no encontro, em especial
sua verve ideológica altamente propícia à polarização, o Secretário Geral não impôs - e nem
poderia impor, posto o caráter natural das decisões da AG reguladas pela Carta das Nações
Unidas - qualquer poder mandatório às decisões tomadas no curso da reunião. Ela consiste,
portanto, num esforço de fomento do diálogo diplomático centrado e civilizado, em oposição
a uma possível discussão encarniçada entre países dotados de posições ideológicas definidas e
imutáveis. Desta forma, o encontro está preparado com o propósito de criar um fórum
mundial para a troca de idéias e perspectivas, assim como para propor novas e viáveis
soluções concernentes ao fim da crise política gerada na Tchecoslováquia após a invasão de
20 de agosto de 1968.
A tarefa em questão é obter satisfatoriamente uma resolução política coordenada, nas
quais os delegados exporão a natureza da invasão, os problemas dela resultantes e uma
solução futura viável para o quiproquó. Essa resolução final, definida depois que os principais
assuntos latentes tenham sido completamente discutidos, serão sujeitos à apreciação de todos
os países presentes no encontro, e depois por eles votada em sessão plenária. O documento
final, se aprovado pela maioria dos votantes presentes, será encaminhado para o escrutínio
pessoal do Secretário Geral.
Por fim, é importante ressaltar que a nenhum país será concedido o direito de veto às
propostas de outros países, posto o fato de que, como previsto nas regras da ONU, não pode
haver vetos nos procedimentos da Assembleia Geral.

3.2 Atores envolvidos


Para este encontro especial, todos os países independentes do globo foram convidados
para tomar parte nas discussões, sendo eles membros das Nações Unidas no momento ou não.
O ato representou a primeira tentativa pública do Secretariado Geral das Nações Unidas de
ampliar a participação e de dar voz aos países tradicionalmente impedidos de exercer qualquer
influência nas questões mundiais. Um total de cinquenta representações confirmou presença, e
cada uma delas será representada por um diplomata plenipotenciário de sua escolha. Eles
estão incumbidos com a responsabilidade de ser a voz de seus países por todos os processos, e
possuem a autoridade de falar e votar em nome de seu Estado ou organização.
Durante os trabalhos, espera-se que os delegados ajam de acordo com a situação
política dos países representados, sendo que estas podem ser encontradas no próximo capítulo
deste documento. Em outras palavras, o proceder errático apenas coloca em risco o correr do
debate. Afinal, a AGNU sobre a Primavera de Praga procura o debate e coordenação para
atacar o delicado tema da soberania estatal na Guerra Fria, e isso só pode ser obtido por meio
de compromisso e responsabilidade de todos os envolvidos.
Por fim, dada a própria natureza das representações, os representantes da OTAN, do
Pacto de Varsóvia e da presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas não
poderão votar em questões substantivas, devido ao fato de que os países que os compõem já
estão representados no encontro.

4 POSIÇÕES POLÍTICAS

4.1 Atores aptos a votar em tópicos substantivos e procedimentais

CHINA

A capacidade da República Popular da China (também conhecida como China


continental, ou ainda, China comunista) de influenciar temas internacionais estava
inevitavelmente comprometida pelo fato de que, comparada aos dois principais poderios da
época, estava atrasada em termos tecnológicos e de desenvolvimento econômico. Contudo,
ainda que os holofotes recaíssem sempre sobre os Estados Unidos e a União Soviética, seu
papel não era completamente periférico.

Durante a Guerra Fria, a China era a única potência que permanecia na


interseção entre as áreas de influência dos dois superpoderes, sendo assim
alvo de influência e inimizade para ambos. (NATHAN & ROSS, 1997,
tradução nossa).

Apesar de muito maior e mais poderosa que a República da China (abaixo), a


República Popular da China não possuía assento nas Nações Unidas, podendo pronunciar-se
oficialmente pela primeira vez nesta reunião.

REPÚBLICA DA CHINA

A República da China (também conhecida como China insular, ou ainda, Taiwan)


tinha como principal empecilho à sua atuação internacional os constantes atritos com a
República Popular da China. Contudo, além de aliada menor do bloco ocidental de
localização estratégica, a República da China contava com um trunfo político: a titularidade
do assento chinês na Organização das Nações Unidas, ocupando inclusive este assento como
membro permanente do Conselho de Segurança.

FRANÇA

Durante algum tempo na Guerra Fria, a França foi aliada dos Estados Unidos, até que
discordâncias entre os países surgiram quanto à política estadunidense, principalmente quando
ao Vietnã. Foi o governo francês que decidiu não necessariamente ir contra o bloco
capitalista, representado principalmente pelo ex-aliado, mas também não ir a favor, decidindo
que seria melhor seguir uma agenda própria. A França deixou a OTAN após a invasão
americana do Vietnã.

REINO UNIDO DA GRÃ-BRETANHA E IRLANDA DO NORTE

Quando da invasão de Praga pelas tropas soviéticas, o Reino Unido e os Estados


Unidos eram grandes aliados. Esse relacionamento, consolidado durante a Segunda Guerra
Mundial e ainda forte em 1968, sofreu uma série de revézes pontuais, gerando um certo
desgaste, expresso por exemplo na falta de apoio militar e diplomático dos Estados Unidos ao
Reino Unido e à França durante a crise de Suez, e a falta de apoio do Reino Unido aos
Estados Unidos em sua política da Guerra do Vietnão, no início dos anos 1960.
O Reino Unido foi um dos requerentes do encontro do Conselho de Segurança das
Nações Unidas sobre a situação na Tchecoslováquia, na qual o representante tchecoslovaco
denunciou a invasão e condenou fortemente a invasão soviética.

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

No final dos anos 1960 os Estados Unidos se encontravam no meio de uma enorme
disputa de poder com a União Soviética, ainda motivada pelo ambiente da Guerra Fria. Os
estadunidenses reprovariam a grande maioria das atitudes tomadas pelos comunistas,
especialmente aquelas relacionadas a invasões e tomadas. Os EUA acusavam ações deste tipo
como um atentado ao princípio da soberania estatal.
Ainda que críticos das intervenções comunistas, desde o início dos anos 1960 o
governo do país estava envolvido numa intervenção no Vietnã, tentando evitar o avanço de
forças vistas como deletérias no Sudeste Asiático. Não houve qualquer envolvimento direto e
material dos Estados Unidos nas ações ocorridas na Europa, motivadoras deste debate - o
mesmo não sendo válido quanto ao já citado caso vietnamita, assim como em interferência na
América Central e Caribe. Cerca de um mês antes, o país havia assinado o Tratado de Não-
Proliferação Nuclear, na tentativa de evitar a guerra e destruição geradas pelo crescente
arsenal atômico.

UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICAS

A União Soviética foi o principal personagem em muitas situações desde o início da


chamada Guerra Fria. Emparelhado com os Estados Unidos por anos, o país tentou mostrar
poder por todo o mundo ao angariar aliados e garantir que tal ligação seria muito mais
proveitosa com o crescente bloco comunista, do que com o bloco capitalista encabeçado pelos
Estados Unidos. Em 1968, a URSS já tinham sido parte de uma série de situações
controversas em uma série de países do Leste Europeu, todas elas motivadas pela tentativa de
manter a ordem socialista.
No ano de 1968, os soviéticos foram mais uma vez compelidos a interferir dentro de
sua alçada, neste caso, na Tchecoslováquia. Aliados, os países divergiam quanto às idéias que
norteavam a experiência socialista, gerando assim um embate entre seus respectivos partidos,
conflito este que transbordou para a situação atual.

TCHECOSLOVÁQUIA

Sob a liderança de Alexander Dubcek - um dos muitos crescidos numa geração de


inteectuais incentivados pelo programa estatal de educação popular e geração de intelligentsia
e quadros tecnocratas - a Tchecoslováquia iniciou um processo auto-entitulado como de
renovação do socialismo. Dubcek enxergou a oportunidade de, na sua opinião, mudar o país
para melhor - gerando assim atritos com a União Soviética.
Nunca o objetivo das reformas foi causar discordância com os soviéticos, até porque
os líderes políticos tchecoslovacos conheciam o histórico pregresso das tentativas de mudança
dentro da alçada socialista. Desta forma, nunca foi criado qualquer vínculo com qualquer
Estado visto como ocidental na tentativa de reforma democrática e ampliação das liberdades
civis.

EUROPA OCIDENTAL

A Áustria se tornou independente após a Segunda Guerra Mundial. Sua política


externa durante a Guerra Fria pode ser considerada neutra. Invadida pela Alemanha no
conflito anterior, recusava-se a envolver-se de forma mais ativa em outros. A Bélgica foi um
dos Estados fundadores da OTAN, empenhada na defesa do ideário anti-comunista, sediando
inclusive a aliança militar.
Juho Kusti Paasikivi, um estadista finlandês, foi totalmente à favor do relacionamento
de seu país com a União Soviética, o que permitiu o desenvolvimento finlandês após a
Segunda Guerra Mundial. Por anos, ele foi o líder dos anticomunistas do país que advogavam
a reconciliação com os soviéticos. Em 1944, a política finlandesa de desafio à União Soviética
havia se mostrado improdutiva, por quase ter causado o fim da independência do país. O
Tratado da Amizade, Cooperação e Assistência Mútua, assinado em 6 de abril de 1948
forneceu uma nova pedra fundamental para as relações entre a Finlândia e a União Soviética.
A mais importante provisão do tratado era o artigo primeiro, o qual definia auxílio militar em
caso de tentativa de invasão da Finlândia ou ataque à União Soviética utilizando território
finlandês. Estava assim segura a soberania finlandesa. O tratado ajudou a estabilizar as
relações entre os dois países ao garantir à União Soviética que ela não sofreria um ataque
vindo do flanco noroeste.
Tendo encarado anos de crises econômicas, sociais e políticas (incluindo uma guerra
civil de três anos após o final da Segunda Guerra Mundial), a Grécia nunca conseguiu
reconstruir-se por completo, mesmo após o financiamento e ajuda civil estadunidenses com o
Plano Marshall. Em 1967 um golpe de estado colocou o governo grego "sob o controle de
uma junta militar, que impôs controles severos sobre a mídia e o sistema legal, além de ter
suprimido qualquer oposição política" (NATIONAL COLD WAR EXHIBITION, 2010,
tradução nossa).
A Itália serviu de "agente duplo" por meio de suas políticas, sendo aliada dos Estados
Unidos e membra da OTAN, mas dotada de um forte partido comunista, movimento sindial
ativo e com uma política anti-fascista de Estado. Uma das principais mazelas do sistema
político italiano era a corrupção extrema.
A Holanda não esteve envolvida nos principais episódios da Guerra Fria. Membro da
OTAN desde sua fundação em 1949, pode ser considerada um de seus membros menos
ativos. A bipolarização da política mundial não teve muito impacto nas questões internas
holandesas, que era vista essencialmente como mediadora, especialmente no que se referia ao
processo de descolonização. Tal característica era de grande valia, uma vez que os Estados
Unidos e a União Soviética usavam países recém independentes como peões no conflito.
Devido à emergência do General Franco em 1939, e de Antônio Salazar em 1932,
Espanha e Portugal permaneceram como os únicos países fascistas na Europa após a Segunda
Guerra Mundial. Esta situação isolou a Península Ibérica de seus vizinhos europeus, ainda que
suas posturas anti-comunistas encontrassem certo apoio nos Estados Unidos.
A Suécia parecia manter uma postura dúbia durante a Guerra Fria. Publicamente,
mantinha sua política de neutralidade. Não oficialmente, nutria fortes laços com os Estados
Unidos. Havia também uma promessa estadunidense de fornecer forças militares à Suécia em
caso de agressão soviética. Esperava-se que os Estados Unidos usassem armas convencionais
e nucleares para atacar frentes soviéticas que avançassem sobre o Báltico em caso de ataque à
Suécia.
A Guerra Fria aprimorou o papel neutro da Suíça e ofereceu uma saída de seu
isolamento diplomático após a Segunda Guerra Mundial, com Genebra tornando-se a sede
européia da ONU. A Suíça passou a fazer parte da ordem pós-guerra liderada pelos norte-
americanos e desempenhou um papel importante em muitas das agências especializadas da
ONU por meio de funcionários públicos internacionais, uma vez que não participava como
Estado da organização.
A República Federal da Alemanha era a porção capitalista da Alemanha, apoiada e
participante da OTAN, era dividida em 11 unidades federativas, e reconhecida por ser mais
próspera que sua irmã comunista - já no início dos anos 1960, já era a terceira maior
economia mundial. Ainda que houvesse conexões entre os dois países, havia uma forte
rivalidade cultivada por ambos os lados.

EUROPA ORIENTAL

Na Hungria, em 1956 houve um levante popular auto-intitulado Revolução Húngara,


de cunho popular, em cujas reivindicações se encontravam também queixas contra a
proximidade com a União Soviética. Previamente, o país havia realizado um tratado com a
coalizão liderada pela Alemanha nazista, e com a derrota e término da guerra, coube aos
soviéticos o papel de libertadores contra o jugo autoritário. Porém, a insatisfação com o
regime de Imre Nagy, líder local apoiado pela União Soviética, somada ao sentimento
reavivado de que uma aliança poderia conduzir à ruína, geraram crescentes embates internos,
desaguando nos acontecimentos de 1956. O movimento foi controlado com a intervenção de
tropas soviéticas, sob a alegação do cumprimento do Pacto de Varsóvia.
A Bulgária sustentava uma situação semelhante à da Hungria, na qual o governo,
esperando trazer maior prosperidade e bem-estar ao país, aliou-se ao bloco soviético.
Contudo, a cessão de soberania acabou por tornar-se um fardo, e a URSS, sob os auspícios do
Pacto de Varsóvia, impedia que o país deixasse o bloco.
A Romênia é um exemplo pouco comum de regime comunista nacionalista sem
influência direta da União Soviética. Também libertada da influência nazista pela União
Soviética, a Romênia iniciou seu processo de "autonomização" no imediato pós-guerra,
gerando um regime socialista não alinhado com os soviéticos, se recusando inclusive a assinar
o Pacto de Varsóvia.
A Turquia foi um importante aliado do bloco ocidental durante a Guerra Fria, graças a
um interesse mútuo de conter a expansão soviética na Europa.
Através dos anos 1950 e 1960, a Turquia geralmente cooperou com outros
aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio (Irã, Israel e Jordânia) para
conter a influência dos países (Egito, Iraque e Síria) tidos como aliados
soviéticos. (U.S. LIBRARY OF CONGRESS, 2010, tradução nossa).

A Iugoslávia apoiou a União Soviética em muitas ocasiões, tendo inclusive esta última
desempenhado papel fundamental de apoio aos milicianos iugoslavos que repeliram as tropas
de Hitler do país. O início da Guerra Fria trouxe consigo um alinhamento bastante próximo
entre os países, apesar da distância econômica. Porém desde a Conferência de Bandung em
1955, da qual o presidente iugoslavo Gerenal Tito Broz foi um dos artífices, houve certo
distanciamento, provocado pela posição independente da Iugoslávia.

ÁSIA OCIDENTAL

Sob a administração do Partido Árabe Socialista Ba'ath, o Iraque perseguiu uma


política que privilegiava o Pan-Arabismo - seu governo chegou mesmo a traçar planos
ambiciosos de unificação com o Egito e a Síria. Porém, essas aspirações nunca tomaram
corpo, uma vez que tensões envolvendo as minorias do país dominavam a agenda política.
Após a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico retirou suas tropas da Palestina,
cabendo à recém-fundada ONU dividir a região em estados árabes e judeus, num arranjo que
suscitou grandes críticas por parte dos povos árabes, além de tensões entre as duas partes.
Após uma rápida guerra de expansão, Israel consolidou-se como o Estado dominador da
região, sendo reconhecido como pró-Estados Unidos, apoiando a maior parte de suas
operações na região.
Desde o início da década de 1960, a Jordânia enfatizou sua posição contra o
comunismo e seus principais representantes, em especial a União Soviética. Isso, contudo,
nunca significou uma obrigação para com as nações ocidentais. Exemplo cabal disto foi a
Guerra Árabe-Israelense de 1967, na qual o governo jordaniano realizou uma série de
medidas para se manter distante dos estadunidenses e britânicos, ao mesmo tempo em que
defendia a causa árabe. Na mesma época, a República do Líbano também rejeitou um
alinhamento automático a qualquer dos super-poderes, perseguindo assim o nacionalismo
árabe. Portanto, dado também sua pouca capacidade de projeção, suas medidas em assuntos
internacionais tinham capacidade de influência mínima. Havia questões entre muçulmanos e
cristãos que mantinham o governo ocupado, legando pouca margem para preocupações
externas.
A crescente influência soviética sobre o Oriente Médio e a necessidade da oligarquia
local de conter a ideologia comunista aprimoraram o relacionamento da Arábia Saudita com
os Estados Unidos durante a Guerra Fria, tendo estes fornecido equipamento militar e
treinamento para as forças armadas sauditas (COUNTRY STUDIES, 2010).

Embora a Arábia Saudita e os Estados Unidos não compartilhem nenhuma


fronteira, o relacionamento do reino com Washington era o ponto
fundamental de sua política externa assim como de sua política de segurança
regional. (U.S. LIBRARY OF CONGRESS, 2010).

Contudo, era sabido que os Estados Unidos - aliados mais próximos da Arábia Saudita
- mantinham um relacionamento próximo com Israel. Portanto, após os incidentes envolvendo
tanto sauditas como israelenses em 1967, a Arábia Saudita passou a nutrir uma suspeição de
que Israel procurava enfraquecer seus laços com os EUA. Não ajudou o fato de líderes do
congresso dos Estados Unidos terem se oposto à venda de armas à Arábia Saudita, alegando
que elas poderiam ser usadas contra Israel.
A Síria conquistou sus independência graças a ações francesas em 1946, e em 1958 se
juntou ao Egito para formar a República Árabe Unida, união pouco duradoura, tendo a Síria
reobtido sua independência novamente em 1961.

ÁSIA ORIENTAL

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, o Japão teve como preocupações principais
a saúde e crescimento de sua economia e o apoio às políticas dos Estados Unidos. Ainda que
o país fosse um sólido aliado dos EUA, ele nunca aderiu completamente aos pressupostos
liberais-capitalistas, oferencendo frequentemente resistência ao mercado-livre absoluto, por
exemplo. Contudo, as imensas quantias de recursos liberadas ao país pelos EUA no final dos
anos 1940 e por todos os anos de 1950 garantiram aos estadunidenses uma obediência
confiável do governo japonês.
A Mongólia tornou-se um Estado independente em 1921 com apoio soviético, tendo
instaurado um governo comunista em 1924. O Estado mongol estava fortemente ligado a
Moscou e usou essas ligações para alcançar o desenvolvimento econômico e tecnológico.
Mais, a URSS era vista como uma ponte que a conectava com outros países, como a Coreia
do Norte, além de ter auxiliado em sua entrada na ONU.
As relações exteriores norte-coreanas durante o período da Guerra Fria revelam que
seu comportamento nunca se encaixou propriamente no paradigma da ordem bipolar
internacional (ARMSTRONG, 2009). Apesar de uma relação razoavelmente sadia com a
URSS – o que inclusive assegurou medidas favoráveis dentro do âmbito do Conselho de
Segurança das Nações Unidas, como o veto das resoluções relacionadas a assuntos entre o
país e os Estados Unidos4 – sua política foi essencialmente isolacionista.
A Coréia do Sul sofreu pesadamente com a bipolarização do globo, especialmente
quando a divisão artificial da península foi aplicada. Durante a Guerra da Coréia (1950) os
EUA lutaram sob a autorização da ONU, tendo as tropas sul-coreanas como aliadas, enquanto
a China continental apoiava os norte-coreanos em prol da propagação dos ideais comunistas.
É discutida a possibilidade de considerar o conflito uma "guerra proxy", na qual os EUA e a
URSS lutaram por meio de outros participantes 5. Foi o primeiro de outros conflitos comuns à
Guerra Fria, na qual os dois superpoderes não entraram em conflito aberto e direto, mas
estavam por trás dos conflitos em outros países.

SUBCONTINENTE INDIANO E SUL DA ÁSIA

Moscou e Nova Déli possuem um histórico de aliança e cooperação desde os anos


1950. A neutralidade indiana auxiliou os soviéticos de muitas formas, como nas disputas com
a China continental e o Paquistão. No início, os laços entre a URSS e o Estado indiano eram
distante, porém o Primeiro-Ministro Nehru deu sinais de admiração pela rápida ascensão do
comunismo e da própria União Soviética. Postas as sérias preocupações soviéticas quanto a
uma intervenção estadunidense na Ásia, eles rapidamente se declararam como aliados. Já em
1965 os dois países eram grandes parceiros econômicos, ainda que a Índia nunca tenha
aderido ao bloco socialista, pautando por uma inserção internacional de cunho mais
independente.

4
Exemplo: 31 de janeiro de 1968 - A União Soviética garantiu à Coréia do Norte o uso de veto, caso necessário,
no caso da captura do navio-espião Pueblo, dos Estados Unidos.
5
A primeira fase do conflito, antes da participação de atores de fora, aproxima-se bastante desta definição. As
fases posteriores, com a entrada direta de tropas dos EUA e o apoio da China maoísta - um terceiro vértice -
estão em menor acordo com tal conceito.
Após a metade do século XX, o Irã repetidamente sinalizou apoio a causas nacioalistas
próximas da ideologia comunista. Porém, ao mesmo tempo, era um dos grandes aliados dos
EUA na região no tocante à atuação externa.
O Paquistão era um dos aliados mais próximos dos EUA no continente, permitindo
inclusive o uso de seu espaço aéreo e terrestre como base para os vôos estadunidenses de
reconhecimento do território soviético.

Em 1954 o Paquistão assinou um Acordo de Defesa Mútua com os Estados


Undios e subsequentemente tornou-se membro da Organização do Tratado do
Sudeste da Ásia (sigla em inglês, SEATO). Esses acordos colocaram o
Paquistão sob a esfera norte-americana de influência. (COUNTRY
STUDIES, 2010).

A posição geográfica estratégica do Paquistão fez dele um parceito valioso no sistema


de alianças ocidentais para a contenção do comunismo.

AMÉRICAS

As Províncias Unidas do Rio da Prata declararam sua independência da Espanha em


1816. Após uma série de mudanças em seu nome oficial, as províncias foram unidas sob o
nome de Argentina. Após a Segunda Guerra Mundial, o regime de Juán Domingo Perón e seu
viés populista dominaram a cena política do país, interferindo direta ou indiretamente em
todos os governos a seguir, mantendo-se sempre aliada aos EUA em diversos degraus de
aproximação.
Em 1968, o Brasil era governado por um arranjo militar que perseguia uma política
externa independente um tanto controversa. A adoção de novas posições na esfera
internacional eram o sinal do fim de uma política de alinhamento automático com os Estados
Unidos, estabelecida quatros anos antes, mesmo que os países ainda mantivessem relações
amigáveis. O governo brasileiro visava manter o direito de desenvolver capacidades
nucleares, um sinal claro de descontentamento com o controle restrito do sistema
internacional pelas potências dotadas de lugar cativo no Conselho de Segurança das Nações
Unidas.
Com um histórico de proximidade com os Estados Unidos, o Canadá é um forte
parceiro político e comercial da aliança ocidental, signatário do tratado de 1963 que bane o
uso e teste de armas nucleares e componente da OTAN. O país é uma democracia
parlamentar, federada e constitucionalmente monárquica, sendo a Rainha Elizabeth II sua
Chefe de Estado desde Fevereiro de 1952.
O Chile passava por momentos de turbulência na década de 1960, sob o governo de
Salvador Allende. Internamente polarizado, dividia-se entre os contrários do regime vigente,
que viam na aproximação com o socialismo uma fonte de pobreza e fim das liberdades civis, e
os apoiadores do governo, que identificavam nos setores reacionários um empecilho para o
aprofundamento das reformas que trariam a maior igualdade econômica e justiça social.
Externamente, a aproximação com Cuba e consequentemente a União Soviética gerou
resistência, incluindo dos países vizinhos.
Cuba foi libertada da Espanha pelo Tratado de Paris de 1902, porém manteve-se era
extra-oficialmente colonizada - um satélite dos Estados Unidos. Até a Revolução Nacionalista
de 1959, toda a política cubana, incluindo a externa, era definida em Washington. Porém, a
bem sucedida revolta rompeu com os laços de dominação estadunidenses, e progressivamente
aproximou o país da União Soviética, tendo o momento de maior atrito pela nova orientação
sido a Crise dos Mísseis de 1962.
Por toda a história do México houve sempre uma relação de dependência muito forte
dos Estados Unidos, seu maior parceiro comercial. Na década de 1960, porém, os dois países
não partilhavam da mesma visão política sobre a Guerra Fria. Enquanto os EUA
capitaneavam uma luta global contra o totalitarismo comunista encorporado pela União
Soviética (SLOAN, 2009), os mexicanos percebiam ambos os lados de forma crítica, sendo o
conflito uma disputa entre os dois lados pela expansão imperialista. Apesar de capitalista, o
México possuia uma série de grupos internos favoráveis ao socialismo, que legavam ser “o
principal inimigo mais uma vez o imperialismo, reduzido em sua expressão mais crua, o
governo dos Estados Unidos” (FRANCO, 2002, tradução nossa). A posição adotada durante a
Guerra Fria, porém, foi a de neutralidade (JOSEPH, 2008), procurando a concordância,
respeito à soberania e soluções pacíficas em todos os assuntos - incluíndo a Primavera de
Praga..

ÁFRICA

O Egito era uma nação levemente não-alinhada durante a Guerra Fria. O governo
egípcio evitava fazer parte de qualquer disputa que envolvesse em lados opostos nações
comunistas e capitalistas, para não agravar seu próprio envolvimento no contencioso do Canal
de Suez, que colocou os soviéticos ao lado do Egito.
A África do Sul segregacionista manteve laços diplomáticos formais com os Estados
Unidos durante a Guerra Fria, e tinha no país seu maior parceiro comercial. Porém, a principal
característica de sua política externa era o isolacionismo.

INDONÉSIA

A Indonésia foi um dos primeiros países em desenvolvimento a receber ajuda em larga


escala sa União Soviética, mesmo sendo sede e principal articuladora da Conferência
Diplomática de Bandung, que explicitou a opção não-alinhada de vários países em
desenvolvimento. Graças ao apoio soviético, seria improvável qualquer movimento do
governo indonésio contrário às decisões tomadas pelo grupo do Pacto de Varsóvia.

AUSTRÁLIA

Durante a Guerra Fria a Commonwealth da Austrália tornou-se membro da


Organização do Tratado do Sudeste Asiático (na sigla em inglês, SEATO), formada para
bloquear o avanço comunista na região. A Austrália já havia cooperado anteriormente com os
Estados Unidos, tendo mandado tropas para a Coreia e o Vietnã.

4.2 Atores aptos a votar somente em tópicos procedimentais

REPRESENTANTE DA ORGANIZAÇÃO DO TRATADO DO ANTLÂNTICO NORTE


(OTAN)

Os objetivos da OTAN gravitavam em torno do eixo formado pela necessidade de


contraposição ao Pacto de Varsóvia e aos ideais comunistas, tendo como metas práticas a
defesa de seus Estados-membros e a contenção do avanço comunista.
REPRESENTANTE DO PACTO DE VARSÓVIA

Seguindo o que depois viria a ser conhecido como a Doutrina Brezhnev, o Pacto de
Varsóvia foi a instituição internacional responsável pela intervenção multi-estatal na
Tchecoslováquia. Cinco de seus membros - União Soviética, Bulgária, Alemanha Oriental,
Hungria e Polônia - enviaram quase meio milhão de soldados para a operação (WILLIANS,
1997). A política oficial da organização visava frear a velocidade das reformas ocorridas no
país, que arriscavam a unidade do bloco.

REPRESENTANTE DA PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE SEGURANÇA DAS


NAÇÕES UNIDAS

O encontro da Assembleia Geral das Nações Unidas para discussão da Primavera de


Praga foi requisitado pelo próprio Secretário-Geral das Nações Unidas após o Conselho de
Segurança ter falhado em alcançar uma solução razoável para a questão. Portanto, a presença
do representante do Conselho de Segurança das Nações Unidas é tida como importante em
prol de sua possível colaboração sobre as estratégias já discutidas e a divulgação de novas
informações.

5 A AGENDA

Dada a problemática tarefa de organizar e moldar todas as idéias e posicionamentos


diferentes colocados em curso durante as negociações, o encontro da AGNU possui uma
agenda pré-estabelecida. Formulada pelo próprio Secretário-Geral, ela progride dos temas
mais básicos e amplos para os mais delicados e complexos.
Primeiramente, as discussões deverão analisar a legitimidade das reformas postas em
curso pelo líder do Partido Comunista tchecoslovaco Alexander Dubcek, levando-se em conta
os princípios do direito internacional do reconhecimento de governos e a ressonância das
propostas nos termos do sistema internacional.
Em segundo lugar, os representantes deliberarão quanto à legitimidade da própria
intervenção, e os contornos por ela tomados sob os auspícios do Pacto de Varsóvia. Mais uma
vez deverão ser levados em conta os princípios vigorantes da conduta internacional, como a
soberania estatal, a autodeterminação dos povos, a capacidade obrigatória e legislativa dos
tratados e a idéia de segurança coletiva. Espera-se também que os delegados analisem os
termos do próprio Pacto de Varsóvia.
Finalmente, o futuro. Posto que houve de fato uma intervenção na Tchecoslováquia, a
proposta é que se delibere no encontro da AGNU quais são os possíveis caminhos para a
solução da questão e qual o proceder mais adequado para o país. Os delegados deverão
discutir qual o possível, se pertinente, papel da ONU na situação - tendo como precedente
situações semelhantes como os eventos da Hungria em 1956, das Coreias em 1953 e da
Europa e Japão ocupados na década de 1940.

6 QUESTÕES RELEVANTES

Tendo então conhecido a natureza do encontro da AGNU como um todo, assim como
as tarefas principais nas mãos dos cinquenta delegados representando os quarenta e sete países
- além dos representantes da OTAN, Pacto de Varsóvia e CSNU - as questões principais que
deverão ser respondidas são as seguintes.

 Qual era a situação política na Tchecoslováquia durante o mandato de Dubcek?


 Qual foi a reação internacional às tentativas de reforma propostas pelos governantes
tchecoslovacos?

 Sobre quais prerrogativas foi justificada a invasão pelos membros do Pacto de


Varsóvia?
 Considerando os termos do Pacto de Varsóvia, o ato pode ser interpretado como uma
brecha no princípio de soberania existente na Carta das Nações Unidas?

 Qual contribuição poderia ser dada pela ONU à estabilidade política global e regional,
tendo em vista a invasão da Tchecoslováquia?
 Como fomentar o comprometimento às deliberações do encontro da AGNU, uma vez
que sua resolução final não é mandatória, nem mesmo para os Estados-membros da
ONU?
 De qual maneira os eventos da Primavera de Praga podem agir como exemplo para os
encontros futuros da ONU, relativamente aos assuntos de brecha no princípio de
soberania?
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