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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO
Direção
Desembargador Federal Luiz Carlos de Castro Lugon
Conselho
Desembargador Federal Paulo Afonso Brum Vaz
Desembargador Federal Antônio Albino Ramos de Oliveira
Assessoria
Isabel Cristina Lima Selau
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Organização
Maria Luiza Bernardi Fiori Schilling
Revisão
Leonardo Schneider
Maria Aparecida Corrêa de Barros Berthold
Maria de Fátima de Goes Lanziotti
Capa e Editoração
Alberto Pietro Bigatti
Marcos André Rossi Victorazzi
Rodrigo Meine
Apoio
Seção de Reprografia e Encadernação
Contato:
E-mail: emagis@trf4.gov.br
Fone: (51) 3213-3041, 3213-3043 e 3213-3042
www.trf4.gov.br/emagis
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Caderno de Direito Constitucional - 2006
Vladimir Passos de Freitas
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Apresentação
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Caderno de Direito Constitucional - 2006
Vladimir Passos de Freitas
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Índice:
Ficha Técnica......................................................................................................................................... 2
Apresentação......................................................................................................................................... 3
1. Legislação ambiental......................................................................................................................... 5
2. O Poder Judiciário no Brasil.............................................................................................................. 6
2.1 O Judiciário até a 1972............................................................................................................... 7
2.2 O Judiciário de 1972 até a Constituição de 1988........................................................................ 7
2.3 O Judiciário depois da Constituição de 1988............................................................................... 8
2.4 O Judiciário nos anos 2000......................................................................................................... 9
3. Jurisprudência.................................................................................................................................... 9
3.1 Civil.............................................................................................................................................. 9
3.2 Criminal........................................................................................................................................ 11
4. A ação administrativa dos Tribunais.................................................................................................. 13
5. O que falta para maior eficiência do Judiciário?................................................................................ 14
6. Conclusão.......................................................................................................................................... 14
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1. Legislação ambiental
No Brasil a legislação sempre protegeu os recursos naturais. Abstraindo a
legislação do Brasil colônia e do Império, tivemos em 1934 o primeiro Código Florestal
(Dec.-lei 23.793/34), em 1937 cuidou-se de zelar por nosso patrimônio cultural (DL
27/37), em 1940 o Código Penal, prevendo punições para incêndios em florestas ou
poluição de águas, em 1961 lei protegendo monumentos arqueológicos, em 1965 o
Código Florestal, em 1967 leis protetoras da fauna e da pesca, e assim por diante.
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Trabalho didático a ser revisado, não autorizada a publicação.
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Desembargador Federal do TRF 4ª. Região, professor doutor de Direito Socioambiental da PUC/PR,
representante no Brasil do PNUMA e da UICN para capacitação de juízes.
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2.1 O Judiciário até a 1972
No Brasil, até 1972, muito raras eram as sentenças em matéria ambiental. Havia,
sim ações envolvendo direitos de vizinhança e que acabavam decidindo, por reflexo,
matéria ambiental. Por exemplo, conflitos de vizinhança com base em legislação
municipal, como se vê em acórdão na Revista dos Tribunais, v. 533, p. 76. Na esfera
criminal, nos anos cinqüenta e sessenta foram propostas algumas ações penais. Por
exemplo, a poluição do rio Piracicaba, SP, gerou denúncias criminais contra diretores de
empresas. Sistematicamente, eram absolvidos. Confira-se, a título de exemplo,
julgamento inserto na Revista dos Tribunais, v. 301, p. 84. Também eram propostas
ações penais por contravenções florestais ou caça.
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municipais. A sentença foi reformada pela 3ª. Câmara Civil do Tribunal de Justiça de
SP, em 07.11.1974. Mas teve grande repercussão na época, com efeito didático. Seu
prolator atualmente é o Desembargador Presidente da Câmara Especial de Direito
Ambiental da referida Corte Estadual.
Nos anos oitenta, a Lei 6.938/81 não resultou na propositura de ações em Juízo.
Na verdade, faltava a via processual que veio com a Lei 7.437/85, que trata da Ação
Civil Pública. Aí, sim, começou o Judiciário a receber as primeiras ações coletivas.
Mas os juízes reagiam com timidez. Formados para decidir conflitos individuais, não
estavam preparados para ações envolvendo direitos coletivos.
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que lançava os dejetos no rio Parnaíba, a cumprir 1 ano de reclusão por crime de
poluição.
3. Jurisprudência.
3.1 Civil
x MEIO AMBIENTE. Patrimônio cultural. Destruição de dunas em sítios
arqueológicos. Responsabilidade civil. Indenização.
O autor da destruição de dunas que encobriam sítios arqueológicos deve
indenizar pelos prejuízos causados ao meio ambiente, especificamente ao
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meio ambiente natural (dunas) e ao meio ambiente cultural (jazidas
arqueológicas com cerâmica indígena da Fase Vieira.
Reconhecido conhecido em parte e provido.3
3
BRASIL. STJ, RESP 115.599/RS, 4ª. T., Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar Jr., j. 27.06.2002
4
Nota: a fixação foi feita em 200 salários mínimos.
5
BRASIL, TJRJ, Ap. Civ. 2001.001.14586, 2ª. Câm. Civ., Rel. DÊS. Maria Raimunda Azevedo, j.
06.03.2002.
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3. é por isso que, na interpretação do art. 3º da Lei
7.347/85 (“ A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro
ou o cumprimento de obrigação de fazer”), a conjunção “ ou” deve ser
considerada com o sentido de adição (permitindo com a cumulação dos
pedidos, a tutela integral do meio ambiente) e não a alternativa
excludente (o que tornaria a ação civil pública instrumento inadequado a
seus fins). É conclusão imposta, outrossim, por interpretação sistemática
do art. 21 da mesma lei, combinado com o art. 83 do Código de Defesa
do Consumidor (“Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses
protegidos por este código são admissíveis todas as espécies de ações
capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela”) e, ainda, pelo art.
25 da Lei 8.625/1993, segundo o qual incumbe ao Ministério Público
“IV- promover o inquérito civil e a ação civil pública, na forma da lei:
a) para a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao meio
ambiente (...)”.6
3.2 Criminal
6
BRASIL, STJ, RESP 605.323/MG, 1ª. Turma, Rel. Min. Teori Zavazki, j.18.08.2005.
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PORTARIA 051/83 E ART. 34 DA LEI Nº 9.605/98. AUTORIA E
MATERIALIDADE COMPROVADOS. - Quem pesca em período no qual a pesca seja
proibida ou em lugares interditados pelo órgão competente comete o delito previsto no
art. 34 da Lei nº 9.605/98. Hipótese em que o agente, contrariando as disposições
contidas na Portaria nº 051/83, do Estado de Santa Catarina, efetuou pesca de arrasto em
local proibido (Baía do Norte).”7
7
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, 8ª Turma, ACR 2003.72.00.007324-2/SC, Rel. Des.
Fed. Paulo Afonso Brum Vaz, j. 18.05.2005.
8
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 3ª Região, 5ª Turma, ACR 1999.61.02.002568-0 /SP, Rel. Des.
Fed. André Nekatschalow, j. 07.03.2005.
9
BRASIL. Tribunal de Justiça do RS, 4ª Câmara Criminal, AC Nº 70010452936, Rel. Des. José Eugênio
Tedesco, j. 17.03.2005.
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2. Inescusável, à luz do disposto no art. 21 do CP, a alegação do réu de que não sabia
acerca da legislação que protege a cultura do palmito, embora comercializasse o produto
há vinte anos. 3. Negado provimento ao recurso.”10
10
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 2ª Região,1ª Turma, ACR 1999.51.09.700292-0 /RJ, Rel. Juíza
Fed. Convocada Liliane Roriz, j. 29.03.2005.
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f) Os Tribunais de Justiça de São Paulo editou livro sobre a matéria
(Jurisprudência do TJ/SP, Ed. Millenium com Escola da Magistratura) e o Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul idem (Águas, TJ/RS, editado pelo próprio Tribunal). Tais
iniciativas são importantes para consolidação da matéria e como fonte de consulta aos
interessados.
a) LEI ACP: verba para pagamento dos salários dos Peritos (CPC, art. 19);
Fundo de Direitos Difusos. Regulamentação e transparência ;11
Dano individual; solução são ações individuais, uma vez que a
Ação Civil Pública não vem se prestando a resolver os problemas dos atingidos
diretamente.
6. Conclusão
O Poder Judiciário do Brasil, mercê da ação de seus juízes, atendendo aos
pedidos que são feitos pelo Ministério Público, órgãos ambientais, organizações não
governamentais e cidadãos, vem tendo um papel de extrema relevância na preservação
do meio ambiente. Em que pesem as dificuldades estruturais existentes, coloca-se o
Judiciário brasileiro entre os mais respeitados e consultados na comunidade
internacional.
11
Vide artigo de Lílian Barreto e Luciane Karlinski, em Direito Ambiental em Evolução n. 4, Juruá
Editora, 2005.
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