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Caderno de Direito Constitucional - 2006

Vladimir Passos de Freitas

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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

Direção
Desembargador Federal Luiz Carlos de Castro Lugon

Conselho
Desembargador Federal Paulo Afonso Brum Vaz
Desembargador Federal Antônio Albino Ramos de Oliveira

Coordenador Científico do Módulo de Direito Constitucional


Juiz Federal Jairo Gilberto Schäfer

Assessoria
Isabel Cristina Lima Selau

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CADERNO DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Organização
Maria Luiza Bernardi Fiori Schilling

Revisão
Leonardo Schneider
Maria Aparecida Corrêa de Barros Berthold
Maria de Fátima de Goes Lanziotti

Capa e Editoração
Alberto Pietro Bigatti
Marcos André Rossi Victorazzi
Rodrigo Meine

Apoio
Seção de Reprografia e Encadernação

Contato:
E-mail: emagis@trf4.gov.br
Fone: (51) 3213-3041, 3213-3043 e 3213-3042
www.trf4.gov.br/emagis

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Vladimir Passos de Freitas

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Apresentação

O Currículo Permanente criado pela Escola da Magistratura do


Tribunal Regional Federal da 4ª Região - EMAGIS - é um curso realizado em
encontros mensais, voltado ao aperfeiçoamento dos juízes federais e juízes
federais substitutos da 4ª Região, que atende ao disposto na Emenda
Constitucional nº 45/2004. Tem por objetivo, entre outros, propiciar aos
magistrados, além de uma atualização nas matérias enfocadas, melhor
instrumentalidade para condução e solução das questões referentes aos casos
concretos de sua jurisdição.

O Caderno do Currículo Permanente é fruto de um trabalho conjunto


desta Escola e dos ministrantes do curso, a fim de subsidiar as aulas e atender
às necessidades dos participantes.

O material conta com o registro de notáveis contribuições, tais como


artigos, jurisprudência selecionada e estudos de ilustres doutrinadores
brasileiros e estrangeiros compilados pela EMAGIS e destina-se aos
magistrados da 4ª Região, bem como a pesquisadores e público interessado
em geral.

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Índice:

O Poder Judiciário na Abordagem Constitucional do Meio Ambiente


Ministrante: Vladimir Passos de Freitas

Ficha Técnica......................................................................................................................................... 2
Apresentação......................................................................................................................................... 3

Texto: O Poder Judiciário e o Meio Ambiente


Autor: Vladimir Passos de Freitas

1. Legislação ambiental......................................................................................................................... 5
2. O Poder Judiciário no Brasil.............................................................................................................. 6
2.1 O Judiciário até a 1972............................................................................................................... 7
2.2 O Judiciário de 1972 até a Constituição de 1988........................................................................ 7
2.3 O Judiciário depois da Constituição de 1988............................................................................... 8
2.4 O Judiciário nos anos 2000......................................................................................................... 9
3. Jurisprudência.................................................................................................................................... 9
3.1 Civil.............................................................................................................................................. 9
3.2 Criminal........................................................................................................................................ 11
4. A ação administrativa dos Tribunais.................................................................................................. 13
5. O que falta para maior eficiência do Judiciário?................................................................................ 14
6. Conclusão.......................................................................................................................................... 14

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O PODER JUDICIÁRIO E O MEIO AMBIENTE1

Vladimir Passos de Freitas2

1. Legislação ambiental
No Brasil a legislação sempre protegeu os recursos naturais. Abstraindo a
legislação do Brasil colônia e do Império, tivemos em 1934 o primeiro Código Florestal
(Dec.-lei 23.793/34), em 1937 cuidou-se de zelar por nosso patrimônio cultural (DL
27/37), em 1940 o Código Penal, prevendo punições para incêndios em florestas ou
poluição de águas, em 1961 lei protegendo monumentos arqueológicos, em 1965 o
Código Florestal, em 1967 leis protetoras da fauna e da pesca, e assim por diante.

Todavia, somente em 30.08.1981, através da Lei 6.938, passamos a ter regras


protegendo o meio ambiente como um todo. Chamada de Lei da Política Nacional do
Meio Ambiente, ela dispôs sobre a criação de um Sistema Nacional do Meio Ambiente
– SISNAMA, unindo órgãos federais, estaduais e municipais, estabeleceu a
responsabilidade objetiva pelo dano ambiental e deu ao Ministério Público, de forma
pioneira no mundo, legitimidade para ingressar em Juízo na defesa do meio ambiente.

2. O Poder Judiciário no Brasil


O Poder Judiciário, como é sabido, só age mediante provocação. Assim, sua
atuação depende daqueles que se dispõem a provocá-lo mediante propositura de ações.
Portanto, a existência de precedentes judiciais depende de dois fatores: a) ação eficiente
da Polícia Judiciária e dos órgãos da administração ambiental; b) de legislação que
faculte o acesso à Justiça Ambiental, ou seja, que dê legitimidade aos órgãos estatais e à
sociedade civil organizada; c) de Juízes conscientes da relevância do tema e com
conhecimentos de Direito Ambiental.

1
Trabalho didático a ser revisado, não autorizada a publicação.
2
Desembargador Federal do TRF 4ª. Região, professor doutor de Direito Socioambiental da PUC/PR,
representante no Brasil do PNUMA e da UICN para capacitação de juízes.

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2.1 O Judiciário até a 1972
No Brasil, até 1972, muito raras eram as sentenças em matéria ambiental. Havia,
sim ações envolvendo direitos de vizinhança e que acabavam decidindo, por reflexo,
matéria ambiental. Por exemplo, conflitos de vizinhança com base em legislação
municipal, como se vê em acórdão na Revista dos Tribunais, v. 533, p. 76. Na esfera
criminal, nos anos cinqüenta e sessenta foram propostas algumas ações penais. Por
exemplo, a poluição do rio Piracicaba, SP, gerou denúncias criminais contra diretores de
empresas. Sistematicamente, eram absolvidos. Confira-se, a título de exemplo,
julgamento inserto na Revista dos Tribunais, v. 301, p. 84. Também eram propostas
ações penais por contravenções florestais ou caça.

2.2 O Judiciário de 1972 até a Constituição de 1988


De 5 a 16 de junho de 1972, preocupados com a preservação de um ambiente
sadio, então ameaçado pelos primeiros sinais negativos da industrialização, reuniram-se
representantes de diversos países em congresso promovido pela Organização das
Nações Unidas, em Estocolmo, Suécia, a fim de estabelecerem princípios e traçarem
uma política de ação global. Este primeiro e importante passo teve reflexos na
Constituição dos países, como Portugal em 1974, que passaram a colocar a proteção ao
meio ambiente como dever do Estado. Paralelamente, começaram a surgir movimentos
populares, então denominados ecologistas, com atuação efetiva e nem sempre bem vista
pelas autoridades. Exemplo de tal tipo de sociedade é a AGAPAM, do RS, até hoje em
atividade.

Em 1973, Ernesto Zwarg Junior propôs na comarca de Itanhaém, SP, Ação


Popular que resultou no processo 1.700/73. Tratava-se da construção de um edifício de
frente para uma praia, sem que houvesse tratamento do esgoto a ser lançado ao mar. A
fundamentação da inicial era de irregularidade no processo legislativo que resultou nas
Leis Municipais 989 e 990 de 1973, bem como contrariedade de ambas ao Decreto
Estadual 52.892/72, que tratava de proteção ao turismo, tudo resultando em prejuízo ao
município, pois a construção de prédios na orla marítima, em locais não servidos pela
rede de esgoto, resultaria em prejuízo ao turismo, com dano patrimonial e cultural à
cidade. Em 15.05.1974, foi proferida sentença pelo Juiz de Direito José Geraldo
Jacobina Rabello, julgando procedente a ação com declaração da invalidade das leis

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municipais. A sentença foi reformada pela 3ª. Câmara Civil do Tribunal de Justiça de
SP, em 07.11.1974. Mas teve grande repercussão na época, com efeito didático. Seu
prolator atualmente é o Desembargador Presidente da Câmara Especial de Direito
Ambiental da referida Corte Estadual.

Nos anos oitenta, a Lei 6.938/81 não resultou na propositura de ações em Juízo.
Na verdade, faltava a via processual que veio com a Lei 7.437/85, que trata da Ação
Civil Pública. Aí, sim, começou o Judiciário a receber as primeiras ações coletivas.
Mas os juízes reagiam com timidez. Formados para decidir conflitos individuais, não
estavam preparados para ações envolvendo direitos coletivos.

2.3 O Judiciário depois da Constituição de 1988


No fim dos anos oitenta, pouco mudou. Afinal, tantas eram as mudanças da nova
ordem constitucional, que a adaptação exigia amadurecimento. Os novos tempos vieram
com os anos noventa. Vejamos alguns exemplos.

Em 03.01.1992, o Tribunal Regional Federal da 3ª. Região (SP), julgando o proc.


2005.93.90, relatora a Juíza Lúcia Figueiredo, ordenou que um boto cor-de-rosa que se
achava em um aquário em um centro comercial de São Paulo, fosse devolvido ao seu
habitat natural, Rio Formoso, Amazonas.

Em 20.05.1996, o Superior Tribunal de Justiça, julgando o Recurso Especial


31.150, SP, 2ª. Turma, relator Ministro Ari Pargendler, reconheceu o direito de uma
associação de bairro propor ação civil pública, mesmo não tendo entre as suas
finalidades a proteção do meio ambiente.

Em 30.04.1998, a 4ª. Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do


Sul, no proc. 695.950, relator Desembargador Vladimir Giacomuzzi, condenou a 1 ano
de reclusão o Prefeito do Município de Rolante, que lançava lixo em nascente de rio,
mesmo estando embargada a ação administrativa.

Em 25.03.1996, o Tribunal Regional Federal da 1ª. Região (DF), no proc.


95.01.11586-0, PI, relator Juiz Tourinho Neto, condenou o proprietário de um curtume

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que lançava os dejetos no rio Parnaíba, a cumprir 1 ano de reclusão por crime de
poluição.

2.4 O Judiciário nos anos 2000


A virada do milênio, realmente, tornou conhecido e reconhecido o Direito
Ambiental. O número de ações civis e penais é enorme, inclusive ignorado, pois não há
registros estatísticos.

Na esfera civil são milhares de ações envolvendo aterros sanitários,


desmatamentos, poluição marítima, proteção a imóveis tombados, enfim, os mais
variados temas. Delas se desincumbe o Poder Judiciário com consciência, equilíbrio e
desenvoltura. No Paraná é preciso que se destaque a atuação do Ministério Público
Estadual, sob a condução, na área, do Procurador de Justiça Saint-Clair Honorato dos
Santos. O órgão tem se mantido vigilante na defesa do meio ambiente e conquistado
vitórias expressivas.

No âmbito penal, após a promulgação da Lei 9.605/98, específica para crimes


ambientais, a mudança foi radical. Assim, nos anos dois mil é que os resultados
surgiram. A Polícia especializou-se. No Paraná, desde 1979 a Polícia Civil tem a sua
Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, com atribuições em todo o Estado. Da
mesma forma em Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro. A Polícia Militar organizou-se em
vários estados, através de batalhões especializados, ora denominados de Polícia
Florestal (v.g. PR), ora de Polícia Ambiental (RS, SC e SP). A Polícia Federal, criou
departamento especializado na proteção ao meio ambiente e ao patrimônio histórico,
com divisões em todos os Estados. O resultado foi a ampliação da proteção ambiental
através da via penal.

3. Jurisprudência.

3.1 Civil
x MEIO AMBIENTE. Patrimônio cultural. Destruição de dunas em sítios
arqueológicos. Responsabilidade civil. Indenização.
O autor da destruição de dunas que encobriam sítios arqueológicos deve
indenizar pelos prejuízos causados ao meio ambiente, especificamente ao

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meio ambiente natural (dunas) e ao meio ambiente cultural (jazidas
arqueológicas com cerâmica indígena da Fase Vieira.
Reconhecido conhecido em parte e provido.3

x POLUIÇÃO AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA FORMULADA


PELO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. Poluição consistente em
supressão da vegetação do imóvel sem a devida autorização municipal.
Corte de árvores e início de construção não licenciada, ensejando multas
e interdição do local. Dano à coletividade com a destruição do
ecossistema, trazendo conseqüências nocivas ao meio ambiente, com
infringência ás leis ambientais, Lei Federal 4.771/65, Decreto Federal
750/93, art. 2º, Decreto 999.274/90, artigo 34 e inciso XI, e a Lei
Orgânica do Município do Rio de Janeiro, art. 477. Condenação a
reparação de danos materiais consistente no plantio de 2.800 árvores, e
ao desfazimento das obras. Reforma da sentença para inclusão do dano
moral perpetrado a coletividade. Quantificação do dano moral ambiental
razoável e proporcional ao prejuízo coletivo 4 . A impossibilidade de
reposição do ambiente ao estado anterior justificam a condenação em
dano moral pela degradação ambiental prejudicial a coletividade.
Provimento do recurso.5

x PROCESSO CIVIL. DIREITO AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA


PARA TUTELA DO MEIO AMBIENTE. OBRIGAÇÕES DE FAZER,
DE NÃO FAZER E DE PAGAR QUANTIA. POSSIBILIDADE DE
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS ART. 3°, DA LEI 7.347/85.
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA, ART. 225, PAR. 3º, da CF/88, arts.
2º e 4º da lei 6.938/81, art. 25, iv, da lei 8.625/93 e art. 83 do CDC.
Princípios da prevenção, do poluidor-pagador e da reparação integral.
1...
2...

3
BRASIL. STJ, RESP 115.599/RS, 4ª. T., Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar Jr., j. 27.06.2002
4
Nota: a fixação foi feita em 200 salários mínimos.
5
BRASIL, TJRJ, Ap. Civ. 2001.001.14586, 2ª. Câm. Civ., Rel. DÊS. Maria Raimunda Azevedo, j.
06.03.2002.

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3. é por isso que, na interpretação do art. 3º da Lei
7.347/85 (“ A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro
ou o cumprimento de obrigação de fazer”), a conjunção “ ou” deve ser
considerada com o sentido de adição (permitindo com a cumulação dos
pedidos, a tutela integral do meio ambiente) e não a alternativa
excludente (o que tornaria a ação civil pública instrumento inadequado a
seus fins). É conclusão imposta, outrossim, por interpretação sistemática
do art. 21 da mesma lei, combinado com o art. 83 do Código de Defesa
do Consumidor (“Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses
protegidos por este código são admissíveis todas as espécies de ações
capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela”) e, ainda, pelo art.
25 da Lei 8.625/1993, segundo o qual incumbe ao Ministério Público
“IV- promover o inquérito civil e a ação civil pública, na forma da lei:
a) para a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao meio
ambiente (...)”.6

3.2 Criminal

A jurisprudência é, numericamente, inferior à civil, porque a maior parte dos


crimes ambientais admite transação ou suspensão do processo (Lei 9.099/95, arts. 76 e
89). Disto não ficam registros.

A responsabilidade criminal da pessoa jurídica após a histórica decisão do


Tribunal Regional Federal da 4ª. Região, em 05.08.2003, no proc. 2001.72.04.002225-
0,SC, 8ª. Turma, relator Desembargador Pinheiro de Castro, vem, pouco a pouco, se
consolidando. O Superior Tribunal de Justiça, após uma decisão negando a
possibilidade de responsabilizar-se uma corporação, adotou posição oposta, contudo
exigindo que haja também pessoa natural no pólo passivo. Vejamos algumas decisões
das Cortes Regionais Federais :

“PENAL. CRIME AMBIENTAL CONTRA A FAUNA MARINHA. PESCA EM


LOCAL PROIBIDO. BAÍA DO NORTE. ESTADO DE SANTA CATARINA.

6
BRASIL, STJ, RESP 605.323/MG, 1ª. Turma, Rel. Min. Teori Zavazki, j.18.08.2005.

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PORTARIA 051/83 E ART. 34 DA LEI Nº 9.605/98. AUTORIA E
MATERIALIDADE COMPROVADOS. - Quem pesca em período no qual a pesca seja
proibida ou em lugares interditados pelo órgão competente comete o delito previsto no
art. 34 da Lei nº 9.605/98. Hipótese em que o agente, contrariando as disposições
contidas na Portaria nº 051/83, do Estado de Santa Catarina, efetuou pesca de arrasto em
local proibido (Baía do Norte).”7

“PENAL. CRIME AMBIENTAL. ART. 34, CAPUT, PARÁGRAFO ÚNICO, II, DA


LEI N. 9.605/98. AUSÊNCIA DE PROVA DA SITUAÇÃO DE PERIGO AO
ECOSSISTEMA. CRIME FORMAL. DESNECESSIDADE DE EXAME PERICIAL.
AUTORIA COMPROVADA. ERRO DE PROIBIÇÃO NÃO CONFIGURADO.
1. O delito previsto no art. 34, caput, parágrafo único, II, da Lei n. 9.605/98 caracteriza
crime formal, em virtude da definição legal da conduta "pescar" como "todo ato
tendente" a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécies dos grupos
de peixes, crustáceos etc. Não se exige, portanto, a produção do resultado para a sua
consumação, bastando apenas a realização da conduta descrita no tipo do art. 36 da Lei
n. 9.605/98. 2. A confissão do acusado, roborada por depoimentos de testemunhas, é
satisfatória para a comprovação da autoria do delito. 3. Para configurar o erro de
proibição é necessário que o agente suponha, por erro, que seu comportamento é lícito.
4. Apelação do réu desprovida.”8

“CRIME AMBIENTAL. CORTE DE ÁRVORES. Comete o delito do artigo 39 da Lei


nº 9605/98 o agente que corta árvores, sem autorização da autoridade competente, em
floresta considerada de preservação permanente. Apelo desprovido.”9

“APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME AMBIENTAL. LEI 9.605/98. TRANSPORTE DE


PALMITOS. 1. Pela dicção do art. 46, parágrafo único da Lei nº 9.605/98, o simples
fato de transportar os palmitos já constitui prática de ilícito penal.

7
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, 8ª Turma, ACR 2003.72.00.007324-2/SC, Rel. Des.
Fed. Paulo Afonso Brum Vaz, j. 18.05.2005.
8
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 3ª Região, 5ª Turma, ACR 1999.61.02.002568-0 /SP, Rel. Des.
Fed. André Nekatschalow, j. 07.03.2005.
9
BRASIL. Tribunal de Justiça do RS, 4ª Câmara Criminal, AC Nº 70010452936, Rel. Des. José Eugênio
Tedesco, j. 17.03.2005.

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2. Inescusável, à luz do disposto no art. 21 do CP, a alegação do réu de que não sabia
acerca da legislação que protege a cultura do palmito, embora comercializasse o produto
há vinte anos. 3. Negado provimento ao recurso.”10

4. A ação administrativa dos Tribunais


A par dos julgamentos, o Judiciário, como Poder Público que é, deve, por
imposição constitucional (CF/88, art. 225), também zelar pelo meio ambiente. Isto pode
ser feito de formas diversas. Vejamos.

a) Capacitação dos Juízes. O Conselho da Justiça Federal, desde 1997,


promove congressos anuais com os melhores juristas do Brasil e do exterior.
Normalmente em Brasília, por vezes levando o tema a outras capitais, como em Porto
Velho, RO, dias 12 e 13 de maio de 2006;

b) O Tribunal de Justiça de Rondônia, de forma pioneira, introduziu o Direito


Ambiental nos concursos de ingresso na magistratura. Na mesma linha, o Tribunal
Regional Federal da 4ª. Região (2004) e o Tribunal Regional Federal da 1ª. Região
(2005);

c) Os Tribunais de Justiça de Mato Grosso e do Amazonas, criaram Varas


Ambientais em Cuiabá e Manaus (1997). O Tribunal Regional Federal da 4ª. Região
criou Varas semi-especializadas de Direito Ambiental, Agrário e residual, em Curitiba,
Florianópolis e Porto Alegre;

d) O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul especializou a 4ª. Câmara


Criminal no julgamento dos recursos envolvendo crimes ambientais;

e) O Tribunal de Justiça de São Paulo especializou uma Câmara Especial de


Direito Ambiental para o julgamento dos recursos envolvendo Ações Civis Públicas;

10
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 2ª Região,1ª Turma, ACR 1999.51.09.700292-0 /RJ, Rel. Juíza
Fed. Convocada Liliane Roriz, j. 29.03.2005.

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f) Os Tribunais de Justiça de São Paulo editou livro sobre a matéria
(Jurisprudência do TJ/SP, Ed. Millenium com Escola da Magistratura) e o Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul idem (Águas, TJ/RS, editado pelo próprio Tribunal). Tais
iniciativas são importantes para consolidação da matéria e como fonte de consulta aos
interessados.

5. O que falta para maior eficiência do Judiciário?

Faltam iniciativas que podem, ou não, partir do próprio Judiciário. Vejamos:

a) LEI ACP: verba para pagamento dos salários dos Peritos (CPC, art. 19);
Fundo de Direitos Difusos. Regulamentação e transparência ;11
Dano individual; solução são ações individuais, uma vez que a
Ação Civil Pública não vem se prestando a resolver os problemas dos atingidos
diretamente.

b) Eficiência na área criminal depende da ação do Ministério Público, no


sentido de:
Estimular a ação da Polícia Militar e Civil, inclusive com a criação de
Delegacias de Meio Ambiente.
Ex. DPMPH – casos de furto de objetos de arte;
Orientar a Polícia na apuração de crimes praticados por pessoa jurídica;
Apurar a razão de inexistência de investigação sobre poluição de águas
pluviais e marítimas;

6. Conclusão
O Poder Judiciário do Brasil, mercê da ação de seus juízes, atendendo aos
pedidos que são feitos pelo Ministério Público, órgãos ambientais, organizações não
governamentais e cidadãos, vem tendo um papel de extrema relevância na preservação
do meio ambiente. Em que pesem as dificuldades estruturais existentes, coloca-se o
Judiciário brasileiro entre os mais respeitados e consultados na comunidade
internacional.

11
Vide artigo de Lílian Barreto e Luciane Karlinski, em Direito Ambiental em Evolução n. 4, Juruá
Editora, 2005.

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