Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
morreu em Seis em 1911. Dedicou-se à história ainda jovem, quando conheceu Ranke em
meados dos anos 50 em Berlim. Foi este historiador o responsável pelo interesse do jovem
Dilthey pelos estudos históricos. Contudo, ele não foi historiador como os de sua época, ao
contrário, Dilthey estava muito mais preocupado com o trabalho teórico sobre os conceitos
humanas em bases específicas, sem a “contaminação” dos conceitos e métodos das ciências
naturais. Como filósofo filiou-se à linha de influência hegeliana e kantiana, mas sempre
tendo a realidade histórica (a experiência vivida) como alvo. Para compreender a realidade
acreditava que ditas ciências atuam em um campo específico da realidade e que, portanto,
compreensão da vida. Em sua época, as ciências naturais tinham um grande prestígio que as
naturais por mais que dialoguem e emprestem ferramentas metodológicas umas às outras,
não devem ser confundidas e justapostas. Ambas percebem a realidade de maneira distinta.
sujeito ao objeto, mas é uma forma do sujeito se auto-conhecer, numa integração plena de
as manifestações de vida no mundo histórico. Mas o que são manifestações de vida? Como
realidade. Toda expressão tem uma constituição primordial antes de sua consecução que se
dá no âmbito mental, responsável por sua inteligibilidade. É isso que garante sua
compreensão, pois o mesmo processo capaz de produzir uma ação é também o responsável
reproduzi-la, não na sua integridade, mas dentro de um parâmetro próprio onde a ação
ganha sentido.
a) conceitos e juízos:
independentes;
aparecem;
• permitem a identificação dos interlocutores (uns com os outros) porque são
pensamento lógico;
2) Ações
carregam embutida a comunicação. A ação se relaciona com o nexo vital que a exprimiu,
por isso permite o acesso à vida psíquica. Ocorre que há uma diferença entre o complexo
vital mental – que é produtor da ação – e o complexo vital (histórico) – onde a ação ocorre.
Por isso, a ação é apenas um aspecto da realidade, uma parte da vida e, portanto, não revela
em-si como ela se constituiu, quais as circunstâncias responsáveis para sua consecução e
3) Expressões de Vivência
compreensão. Ela revela como nenhuma outra a vida psíquica que lhe deu origem. As
expressões não podem ser julgadas segundo critérios de validade ou falsidade, mas apenas
avaliadas como sinceras ou desonestas, uma vez que a mentira e a dissimulação rompem
com a relação entre expressão e vida mental. A mentira torna a vida impraticável, pois à
não seja a sua. Uma expressão dessa magnitude pode ser compreendida corretamente e
sistematicamente.
Dilthey no final do texto levanta uma aporia: na fronteira entre o saber e o ato existe
uma fronteira impossível de se penetrar pela teoria como a qualquer outra pretensão
científica.
cotidiano, as pessoas que convivem umas com as outras devem se fazer compreender
mutuamente. Cada manifestação é, nesse nível, como uma letra que junta à outra forma
palavras com significados mais amplos. A compreensão nasce nesse nível da manifestação.
É um tipo de analogia, pois tudo que é próprio ao sujeito lho é também ao objeto. Na
compreensão elementar temos a compreensão imediata do fato ocorrido, mas não se tem
Ela não é dedução que vai da causa aos seus efeitos, mas também não nos é
permitido, por meio dela, ir dos efeitos à causa (numa operação indutiva). Ocorre que está
nos próprios fatos a relação de indução, mas não necessariamente ela se dá. Aqui está em
sua forma mais elementar manifestação do espírito e vida espiritual que são uma unidade,
indivíduos. Sob sua tutela o passado se torna presente e, portanto, duradouro. É a vida
objetivada, histórica e expressada. É o resultado da criação do espírito humano que
Uma manifestação nunca é isolada, mas está recheada de uma experiência comum
mesmo que apresentada como resultado de uma vida interior. Essa manifestação está
enquadrada em um tipo de ação determinada pela esfera comum. Temos, então, nessa
relação individual/ comunidade (contexto) o todo das manifestações. Uma frase, por
compartilham dos signos responsáveis por sua inteligibilidade. É através dessa experiência
comum (espírito objetivo) que temos a relação da manifestação da vida e vida mental. Há
conexão entre expressão e coisa expressa é deduzida a partir do contexto para cada caso
particular. A compreensão elementar é uma operação por analogia, pois cada indivíduo ali
Quanto maior for a distância entre uma manifestação de vida e o sujeito que a
compreende, mais aí surgem as incertezas que não podem ser dirimidas pela operação
exige prova. A prova é tirada nos momentos em que a relação da manifestação de vida e a
vida interna não se efetivou. Muitas vezes as manifestações podem ser enganosas,
dissimuladas e mentirosas e, por isso, não se estabelece aí a relação necessária com a vida
certificar se é possível contar ou não com os indivíduos que nos rodeiam. Para isso, analisa-
se o complexo de manifestações de vida com a vida interior que lhes servem de base. É um
raciocínio que vai das manifestações à sua base. Porém, dado o limite das manifestações
que podem ser apreendidas e a inconstância de sua base, o saber resultante nunca fornece
certezas.
de efeito e causa. Algumas ações que requisitam a ação da compreensão superior, podem
inteligibilidade do objeto, por isso o diálogo entre as diversas disciplinas que a abordam é
mais do que necessário. A compreensão, em grande medida, é um movimento que vai dos
exterior ao interior. Em sua base está a compreensão elementar que fornece de antemão os
elementos partilhados por sujeito e objeto, mas vai além dela na medida que procurar sanar
A compreensão tem sempre por objeto algo individual. Mesmo nas formas
superiores, quando se parte do todo, visa-se a obra individual. O indivíduo é o único valor
absoluto a ser apreendido. É um todo individual, uma síntese particular que junto ao
espírito objetivo determina o mundo espiritual. A história então se fundamenta na
particulariza).
estão sempre presentes e disponíveis. Um determinado objeto que possa ser retomado em
suas próprias condições poderá ser transposto. Aqui, nesse terreno, “a alma percorreu um
trilho conhecido, no qual já antes gozou e sofreu, exigiu e agiu, em circunstâncias de vida
semelhantes”. P. 268.
As expressões da vivência em muitas vezes, revelam mais do que o autor quis dizer
transposto.
estiver dada numa obra. Mas o que significa revivência exatamente? Além disso, é preciso
regras responsáveis pelo processo da revivência. Numa cena teatral, mesmo que a
experiência seja completamente diferente da minha, pela imaginação sou capaz de revivê-
la. A revivência amplia o universo limitado de cada vida. Nesses termos, historiadores e
poetas são grandes responsáveis para sistematizar o material capaz de nos fazer reviver
presente com o passado por meio da conexão do que é universalmente humano com o que é
passado e por conseqüência com a vida individual que lhe engendrou. A compreensão da
história liberta o homem da limitação de sua vida. E à medida que a consciência histórica se
6. Exegese ou Interpretação
tornará técnica à medida que a consciência histórica evoluir. A evolução é possível por
meio das formas fixadas pelo passado que podem ser revisitadas. A compreensão
sistemática de formas fixas se chama exegese. É um trabalho que atua sobre a linguagem
é a hermenêutica. Mas o passado pode impor limites difíceis de serem depurados. Por isso,
as técnicas exegéticas envolvem cada vez mais aperfeiçoamento de suas técnicas. Mas o
Boeckh que se detém na criação intelectual. Schleiermacher é responsável pela frase: talvez
seja possível compreender um autor melhor do que ele mesmo. A hermenêutica confere ao
método das ciências do espírito, nova missão. O trabalho em relação à teologia já foi feito.
desconhecido. É uma estrutura, um sistema ordenador que reúne casos como partes de um
todo.