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4S/5A

2 Manual do Professor – ed 08

Sumário
Apresentação

Planejamento Semestral ........................................................................................................................................... 3

As várias maneiras de viver no planeta Terra ......................................................................................................... 9

Referências ............................................................................................................................................................. 40

Caminhos para sociedades sustentáveis ........................................................................................................... 41

Referências ............................................................................................................................................................. 56

ENTENDA OS ÍCONES DESTE MANUAL

Novidade à direita

Novidade à esquerda

Novidade em toda a página


3 Geografia – CP08 – 142M2

Planejamento Semestral
Carga horária semanal: 2 aulas Semestre: 2º

Semana Conteúdo Estratégia(s)

As várias maneiras de viver no planeta • Boas-vindas ao segundo semestre.


Terra • Reafirmação dos combinados.
• Apresentação do livro 2.
• Apresentação do Capítulo 1, incluindo: leitura
silenciosa do texto e leitura compartilhada, ex-
pondo o conteúdo e analisando as ilustrações
de seu entorno.
• Avaliação diagnóstica a partir das intervenções
1.a e perguntas curiosas feitas pela turma.

• Nossos saberes: • Leitura individual e compartilhada do texto e das


1– Como eu vejo o planeta Terra atividades propostas.
• Explicação dos procedimentos para a realiza-
ção das atividades que serão realizadas em casa:
elaboração de cartaz, coleta de dados sobre a
importância dos satélites artificiais e elaboração
de pergunta curiosa.

• Compartilhando vivências: • Apresentação dos cartazes e das idéias nele


2 – O modo como minha turma vê o planeta contidas.
Terra • Comparação entre os modos como os colegas
vêem o planeta Terra.
• Apresentação das informações coletadas sobre
a importância dos satélites artificiais.
• Organização do mural com os cartazes.
• Colagem do desenho ou de uma representa-
ção do mesmo no quadro da página 4.
2.a • Confecção do livro a partir dos textos dos alunos.

• Ampliando nossos saberes: • Apresentação do livro Viagem ao centro da


3 – Viagem ao centro do planeta Terra Terra, expondo uma biografia do autor Júlio
Verne, as características das personagens e o
objetivo da expedição do Professor Lidenbrock.
• Convite à leitura do texto da página 5.
• Apresentação do “Roteiro da nossa Expedição”.
• Elaboração de um cartaz conforme figura 2 des-
te Manual, para ser usado durante a leitura.
• Leitura compartilhada e explicativa do livro “Vi-
agem ao centro da terra”.
• Localização, em mapa político da Europa, dos
fatos geográficos narrados no livro.
• Realização dos desafios propostas.
4 Manual do Professor – ed 08

Semana Conteúdo Estratégia(s)

• Oficina: Atividade 1
4 – Descobrindo as desigualdades • Leitura de texto, de imagens e exercício cartográfico
nas sociedades humanas Roteiro 1
• Leitura individual e coletiva de texto e debate.
Roteiro 2
• Exercício cartográfico em dupla.
• Coleta de informações.
• Retomada da noção de Índice de Desenvolvimento
Humano.
• Tratamento da informação dos dados coletados.
• Leitura de desenho e participação de discussão.
• Produção de texto em quadrinhos.
3.a Roteiro 3
• Aprofundamento do conhecimento sobre as desigual-
dades das sociedades do nosso planeta Terra.
• Análise de banco de dados do Níger, incluindo leitura
e exercício cartográfico e de imagens.
• Navegação na Internet.
• Análise de banco de dados da Noruega, incluindo
leitura de mapa, exercício cartográfico e leitura de
texto com exercícios.
• Navegação na Internet.

• Oficina: Atividade 2 – Convite à investigação


4 – Descobrindo as desigualdades • Análise e discussão da pergunta problematizadora.
nas sociedades humanas • Leitura e discussão do texto da página 15.
Roteiro 1
• Avaliação da qualidade socioambiental do espaço
de vivência usando a visão, a audição, o olfato e re-
gistro em fotos.
• Tratamento da informação dos dados coletados.
• Exercício cartográfico com a planta da cidade e regis-
4.a tro de conclusões.
Roteiro 2
• Avaliação da qualidade socioambiental do espaço
de vivência pela comunidade.
• Organização de grupos para realização de entrevis-
tas.
• Tratamento da informação dos dados coletados.
Roteiro 3
• Comunicação do resultado da investigação.
• Oficina de produção de textos, cartilhas, desenhos,
quadrinhos em resposta à seguinte pergunta: So-
mos uma comunidade sustentável?
• Exposição dos trabalhos.

• Outros lugares, outros tempos: • Sondagem sobre experiências de viagem ao Panta-


5 – Populações tradicionais: uma nal e relatos, se for o caso.
outra relação com a natureza? • Leitura individual e compartilhada do texto de apre-
5.a
sentação da seção.
5 Geografia – CP08 – 142M2

Semana Conteúdo Estratégia(s)

• Outros lugares, outros tempos: Atividade 1


5 – Populações tradicionais: uma • Leitura individual de imagens de acordo com a orien-
outra relação com a natureza? tação da página 23.
• Construção de um diálogo com as perguntas colo-
cadas para o aluno.
• Apresentação coletiva das respostas dadas e con-
clusão.
Atividade 2
• Leitura de mapa: onde fica o Pantanal?
• Exercício cartográfico individual com registro das res-
postas na página 24.
• Compartilhamento das respostas em grupo.
• Apresentação coletiva da atividade e registros.
Atividade 3
• Leitura de texto.
• Comparação entre os problemas socioambientais
do espaço pantaneiro e do espaço de vivência / mu-
nicípio.

Atividade 4
• Apresentação da música “Tristeza do Jeca”, interpre-
tada por Almir Sater em seu CD Rasta Bonito, de 1989.
• Leitura individual e compartilhada do texto “O modo
6.a de vida pantaneiro” e das ilustrações do texto.
• Realização de desafios em dupla.
• Debate.
• Degustação do Arroz Boiadeiro.

Atividade 5
• Preparação de uma atividade investigativa com a exe-
cução dos roteiros 1 e 2.
7.a • Resposta à questão problematizadora do título da se-
ção: “Populações tradicionais: uma outra relação com a
natureza?”
• Investigação sobre populações tradicionais do es-
paço de vivência ou proximidades.
Avaliação
• Trilha: • Leitura individual e coletiva do texto.
6 – O futuro das populações tradi- • Realização do roteiro da atividade: expedição a uma
a
8. cionais comunidade caiçara do litoral brasileiro.

• Leitura da entrevista concedida pelo professor Antô-


• Alinhavando idéias nio Carlos Diegues aos alunos em 2005.
• Adivinhação das perguntas elaboradas pelos alunos
naquela ocasião.
• Mapeamento das populações tradicionais no território
9.a nacional.
• Criação de legenda de acordo com a cultura de cada
população tradicional.
• Confronto entre os modos de vida das populações tra-
dicionais e o modo de vida de pessoas que vivem em
cidades.
• Criação de poema evidenciando atitudes e valores
relativos à pluralidade cultural brasileira.
• Divulgação dos poemas na mídia local e nacional.
6 Manual do Professor – ed 08

Semana Conteúdo Estratégia(s)

• Apresentação do tema do capítulo.


Caminhos para sociedades sus-
tentáveis • Leitura silenciosa do texto.
• Leitura comentada pelo professor.
• Apresentação de perguntas provocadoras de deba-
te.
• Análise das ilustrações.

10.a • Explicação da orientação da atividade a ser realizada


• Nossos saberes: em dois momentos.
1 – Meus hábitos de consumo • Realização da Atividade 1 com leitura e discussão
do texto em classe.
Atividade de casa
• Realização das atividades 2, 3 e 4.

Primeiro momento
• Compartilhando vivências • Partilha de saberes da Atividade 2.
2 – Os hábitos de consumo da mi- • Apresentação coletiva dos registros.
nha turma • Apreciação do trabalho dos colegas através de troca
de livros.

Segundo momento
• Compartilhando vivências • Apresentação e análise dos registros da Atividade 3.
2 – Os hábitos de consumo da mi- • Elaboração de dois cartazes.
nha turma Terceiro momento
• Tratamento de dados sobre o PROCON.
• Relato das entrevistas.
• Organização de mural.
11.a Quarto momento
• Tratamento de dados sobre as mudanças climáti-
cas.
• Elaboração de legendas nas imagens coletadas.
• Organização de mural.
• Elaboração de texto conclusivo a partir do título: As
mudanças climáticas e o estilo de vida da sociedade
de consumo.
Avaliação coletiva.

• Ampliando nossos saberes • Atividade de casa


3 – Sociedade insustentável e so- • Leitura do quadro-texto da seção Ampliando nossos
ciedade sustentável: é possível saberes.
fazer essa mudança? • Exposição dialogada sobre as idéias do quadro na
página 47.
• Apresentação e realização da atividade Leitura de pai-
sagens, nas páginas 48, 49 e 50, em grupo.
Atividade de casa
12.a
• Roteiro 2 – Avaliação.
• Leitura individual do texto “Você sabe o que é uma
alimentação saudável?”
• Registro das palavras cujo significado é preciso dis-
cutir.
Em sala de aula
• Apresentação da atividade de casa.
• Compartilhamento das atividades realizadas.
7 Geografia – CP08 – 142M2

Semana Conteúdo Estratégia(s)

• Oficina: Atividade de casa


4 – Mudança de hábitos alimenta- • Leitura do texto das páginas 51 e 52.
res, mudança no uso do solo • Execução das atividades propostas: mapeamento,
cruzadinha.
• Leitura do texto 2 da seção Anexos – O que é lavoura
orgânica – às páginas 73 e 74.
13.a
• Realização das atividades propostas na página 54.

Em sala de aula
Atividade 1
• Compartilhamento das atividades com o colega mais
próximo.
• Apresentação e debate.

Atividade 2
• Desafio interdisciplinar com Ciências, Língua Portu-
guesa e Artes: criar receita de um lanche saudável.
14.a • Palestra com especialista em nutrição.
• Visita ao site da Dra. Jocelen Salgado.
• Planejamento de apresentação e degustação da re-
ceita de cada dupla.
• Organização de um livro de receitas da turma.

Atividade 3
Roteiro do texto 1 da seção Anexos
• Realização de desafios em grupo: leitura de texto das
páginas 71 e 72, exercício cartográfico e dramatização
do texto.
Roteiro do texto 3 da seção Anexos
• Realização de desafios em grupo: leitura de texto das
páginas 75 e 76, Júri simulado.
Roteiro do texto 4 da seção Anexos
15.a • Realização de desafios em grupo: leitura de texto das
páginas 77 e 78, ampliando as informações com a
orientação da página 58.
Investigação da agricultura familiar no município
• Outros lugares, outros tempos • Leitura do texto de orientação à página 59.
5 – Vivências de consumidores • Planejamento de visita a uma feira de produtores.
responsáveis • Tratamento da informação dos dados coletados.
• Dramatização do dia-a-dia de um produtor rural fei-
rante do município.
• Elaboração de mensagem ao Ministro da Agricultura
do nosso país.
8 Manual do Professor – ed 08

Semana Conteúdo Estratégia(s)

• Outros lugares, outros tempos • Leitura coletiva do texto “Nos tempos de criança do
5 – Vivências de consumidores res- ambientalista José Lutzenberger”.
ponsáveis Atividade de casa
Atividade 1
• Realização da Atividade 1 com leitura de texto e ela-
boração de respostas para as duas questões.
Na sala de aula
• Apresentação das respostas dos alunos.
• Produção coletiva de conclusões com registro na pá-
gina 62 – “Registro das ações propostas pela turma
para a construção de uma vida sustentável.”
Atividade de casa – Atividade 2
• Leitura coletiva do texto “Ecovilas: espaços sustentá-
veis de vida”.
16.a • Elaboração das respostas sobre o texto à página 64.
Em sala de aula
• Apresentação coletiva das respostas dadas.
• Debate: Você gostaria de morar numa ecovila? Por quê?
Atividade 3
• Leitura e discussão das idéias do texto à página 65:
“Ecovilas: espaços futuristas de vida”.
• Organização da turma em grupos de três para a rea-
lização dos dois desafios propostos.
• Apresentação do desafio 1 – o dia-a-dia em uma
ecovila – dramatização.
• Execução do desafio 2 – planejamento de uma ma-
quete de uma ecovila, incluindo o esboço, a execu-
ção e a apresentação.

• Trilha: Expedição virtual à água doce do planeta, envolvendo


6 – Ações para uma vida sustentá- as seguintes atividades:
vel • Leitura cartográfica de mapa-múndi.
• Elaboração e registro de conclusões.
• Análise percentual de dados.
• Leitura cartográfica da distribuição espacial da popu-
lação brasileira.
• Elaboração e registro de conclusões.
17.a • Análise e discussão de texto.
• Debate.
• Análise cartográfica do Aqüífero Guarani.
• Coleta de dados e informações.
• Tratamento da informação.
• Elaboração e apresentação de cartaz.
• Confecção de álbum.
• Elaboração e encaminhamento de mensagem ao Mi-
nistro da Agricultura.
• Elaboração de princípios relacionados à conserva-
ção do planeta Terra.

• Alinhavando idéias • Apreciação compartilhada dos estudos realizados no


capítulo.
• Lançamento dos livros da 4.a série produzidos em
18.a
co-autoria: autoras, alunos, professor, familiares,
amigos, comunidade.
9 Geografia – CP08 – 142M2

MANUAL DO PROFESSOR

As várias maneiras de viver no N.o de aulas: 18 Semestre: 2.o


planeta Terra

Competências e habilidades a serem desenvolvidas pelo aluno


(objetivos específicos deste capítulo)

Competências
• Reconhecer a importância do uso de satélites artificiais nos meios de comunicação e na localização geográ-
fica – GPS (Sistema de Posicionamento Global).
• Representar, através de desenhos e imagens, seu modo de perceber o planeta Terra.
• Compreender o planeta Terra como um sistema ativo dotado de uma dinâmica própria evidenciada pela
ocorrência de fenômenos sísmicos, como vulcanismo, terremoto e maremoto.
• Exemplificar como a ciência e a tecnologia podem beneficiar a humanidade sem prejudicar o planeta.
• Perceber as diferenças sociais entre as sociedades humanas.
• Conhecer uma forma de medir o bem-estar da população, em especial o bem-estar infantil – o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH).
• Identificar no mapa-múndi o IDH dos Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU).
• Investigar a qualidade socioambiental do espaço de vivência.
• Avaliar as relações que as pessoas estabelecem com a natureza em seu espaço de vivência e no planeta Terra.
• Compreender e explicar o significado de uma sociedade sustentável e de uma sociedade insustentável.
• Identificar as características de uma comunidade sustentável.
• Compreender o significado de populações tradicionais sabendo diferenciá-las entre si.
• Diferenciar populações tradicionais e populações citadinas, usando como referência seus modos de vida.
• Ler e interpretar mapas e imagens relacionadas à localização de populações tradicionais no território nacional.
• Identificar as situações que podem colocar em situação de risco a integridade da pluralidade cultural brasileira.
• Avaliar o uso das paisagens naturais de espaços de vivências das populações tradicionais por diferentes
formas de turismo.
• Apreciar e valorizar o multiculturalismo nas paisagens culturais brasileiras.
• Investigar o modo de vida das populações tradicionais no município, no estado, no país, propondo ações que
garantam seus direitos constitucionais de pertencimento a grupos sociais diversos.
• Problematizar os valores que têm norteado os padrões de produção e de consumo na sociedade atual.
• Desenvolver noções de comunidades sustentáveis, cidades sustentáveis e estatuto da cidade.
• Estabelecer relação entre as formas de produção e consumo praticadas pela sociedade na atualidade e as
questões socioambientais que colocam em risco a “saúde” do planeta Terra.
• Reconhecer a necessidade de mudar os padrões de produção e de consumo que têm tido como modelo um
estilo poluidor e consumista.
• Adotar uma postura de cooperação nas atividades empreendedoras que tenham por objetivo oferecer valo-
res constitutivos do bem-estar social.
• Perceber-se como membro participante de um grupo social e de uma comunidade.
• Participar de discussões e ações acerca dos limites de uso dos bens naturais pela sociedade.
• Desenvolver uma consciência ética em relação a todas as formas de vida do planeta, respeitando seus ciclos vitais.
• Evidenciar aprendizagens voltadas para atitudes/ações, tais como: economizar, reciclar, complementar, com-
partilhar e preservar.
• Propor ações de intervenção no estilo de consumo em suas práticas cotidianas.
• Perceber diferentes níveis entre as pessoas na cidade, no poder de compra, na freqüência a shopping
centers, no acesso à saúde pública e privada, no material escolar, vestimentas.
• Utilizar procedimentos relacionados ao tratamento da informação, comunicações em linguagens diversas,
exercícios e atitudes que envolvam liderança democrática e solidária.
• Comunicar-se em uma variedade de formas, incluindo imagens, desenhos, plantas e mapas.
• Reconhecer plantas e mapas como portadores de textos com informações sobre cidades, países, mundo.
• Ampliar e aperfeiçoar seu vocabulário, utilizando-o adequadamente na verbalização de experiências pessoais.
• Manusear globos terrestres e atlas e ser capaz de localizar neles países, continentes, oceanos.
10 Manual do Professor – ed 08

Formação de atitudes

• Assumir uma postura participativa na sua comunidade como afirmação da cidadania.


• Demonstrar atitudes respeitosas e responsáveis nos deslocamentos espaciais.
• Construir novas relações de responsabilidade em relação ao ambiente sociocultural e ambiental.
• Relacionar-se no grupo de forma solidária e cooperativa.
• Respeitar direitos e deveres coletivos na seleção de ações e tomada de atitudes.
• Aceitar a variedade dos estilos de vida no próprio país e no estrangeiro, como reflexo da diversidade cultural, tendo
atitudes positivas acerca das diferentes comunidades e sociedades.
• Demonstrar respeito e solidariedade perante as diferenças e aprender com o outro.
• Reconhecer a importância das relações de amizade na união dos componentes do grupo.
• Construir novas relações de responsabilidade em relação ao ambiente sociocultural, ambiental e turístico.
• Propor ações de intervenção na realidade socioespacial que envolvem a preservação da memória e a recuperação
de áreas degradadas e a proteção de populações tradicionais.
• Ter atitudes de solidariedade e respeito aos direitos humanos em sua sociodiversidade.

Orientações / Sugestões

O que é desenvolvimento sustentável?


As sociedades sustentáveis são aquelas
que demonstram uma compreensão e uma forma
de agir nas suas relações com a natureza que se
pautam no uso consciente dos recursos naturais
Esse capítulo tem a intenção formadora de de modo a não esgotá-los; que estabelece rela-
provocar uma reflexão sobre a maneira como vive- ções sociais voltadas para preservar o bem co-
mum, respeitando a integridade da própria cultura
mos no planeta Terra, a partir dos símbolos e das
e a de seu semelhante, a sua história e a integri-
representações culturais veiculados pelo padrão de
dade do ambiente natural. Isso significa que é pre-
produção e pelos padrões de consumo capitalista, e ciso ter clareza do que é necessário (uma questão
(re)criar valores e atitudes “ecologizadas” que de se instituírem normas) e o que é desejável (uma
(re)orientem nossas ações cotidianas no planeta. questão ética), o que deve ser expresso no campo
A forma como o conteúdo se organiza pos- da sustentabilidade política. Para isso, é preciso
sibilita retomar as noções desenvolvidas na 3. a desenvolver um conhecimento sobre a natureza e
série/4.o ano sobre a natureza, a cidade e o campo definir os padrões de produção e de consumo. Te-
em um novo contexto. Assim sendo, os usos do mos, portanto, um feixe de sustentabilidades: a
território serão abordados nas várias maneiras de ecológica, a econômica, a social e a política.
viver no planeta Terra, avaliando ações sustentá- O tema, portanto, permite que os alunos per-
cebam, em vários níveis escalares (do local ao
veis e insustentáveis. Nele vamos dialogar com
global), a territorialidade presente nas ações de
algumas questões:
usos / abusos do território pantaneiro; nos modos
• Que relações sociais os homens têm construído de vida das populações quilombolas, como os
entre si e entre eles e a natureza? kalunga. Permite também ampliar o nível de en-
• Que objetivos têm guiado a sociedade humana no tendimento do planeta Terra como um organismo
uso das sofisticadas tecnologias disponíveis atual- vivo, ao qual pertencemos e da necessidade de
mente? construirmos valores e atitudes ecologizadas nas
• Que impactos têm provocado nos espaços, nas ações cotidianas do espaço geográfico.
paisagens e nos lugares do planeta? A construção de duas noções encaminha
• Na época atual, que usos se têm feito do terri- todo o desenrolar desse capítulo. São elas: pa-
tório e quais são as suas conseqüências na drões de produção e padrão de consumo que
estão na base dos problemas socioambientais do
“saúde” do planeta e na qualidade de vida das
nosso tempo.
sociedades humanas?
Seguiremos ampliando a discussão com ou-
Nesse contexto dos usos atuais do territó-
tras noções que serão abordadas ao longo dos ca-
rio, apresenta-se a noção de desenvolvimento
pítulos da 4. a série / 5. o ano, tais como: visão
sustentável e de sociedades sustentáveis.
11 Geografia – CP08 – 142M2

utilitarista da natureza, sociedade de consumo, os bairros, os clubes, as escolas também po-


consumo supérfluo de bens, consumo vital, con- dem fazer a Agenda 21 local.
sumo desigual, consumo sustentável, desenvolvi- Portanto, com a implantação das Agendas 21,
mento sustentável, sociedades sustentáveis e qua- podemos garantir um Meio Ambiente equilibra-
lidade de vida. do para as futuras gerações, cumprindo, as-
sim, nosso dever mencionado na Constituição
O QUE É AGENDA 211 do Brasil.” Para saber mais, consulte os sites:
www.agenda21.org.br e
“Para entendermos o que é Agenda 21, pre- www.crescentefertil.org.br/agenda21.
cisamos falar de suas principais dimensões, que
são cinco: Outras referências de Organizações Não-Go-
vernamentais ambientalistas:
www.greenpeace.org – É uma ONG canadense de
1. É o principal documento da Rio-92 (Conferência
grande prestígio internacional;
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e De-
www.wwiuma.org.br Universidade Livre da Mata Atlân-
senvolvimento Humano), que foi a mais importan-
tica;
te conferência organizada pela ONU (Organização
www.ambientebrasil.org.br é um excelente site, por
das Nações Unidas) em todos os tempos. Ela tem tratar de questões socioambientais brasileiras. Cadas-
esse nome porque se refere às preocupações com tre-se para que você receba diariamente seu jornal
o nosso futuro, agora, a partir do século XXI. Este virtual.
documento foi assinado por 170 países, inclusive
o Brasil, anfitrião da conferência. O texto da APRESENTAÇÃO já desafia seu
2. É a proposta mais consistente que existe de como talento para compreender e criar estratégias, pistas
alcançar o desenvolvimento sustentável, isto é, para que a turma possa ver, na realidade cotidiana, o
de como podemos continuar desenvolvendo nos- que estamos denominando “padrão de produção” e
sos países e nossas comunidades sem destruir o “padrão de consumo”.
meio ambiente e com maior justiça social. Entendemos por padrão de produção as
3. É um planejamento do futuro com ações de curto, atividades desenvolvidas pela sociedade de acor-
médio e longo prazos, em outras palavras, do com determinados modelos de desenvolvimen-
reintroduz uma idéia esquecida de que pode- to, que, sob a ótica do capitalismo, referem-se aos
mos e devemos planejar e estabelecer um elo setores agrícola, pastoril, extrativista, industrial, à
de solidariedade entre nós e nossos descen- construção civil, aos serviços, comércio, transpor-
dentes, as futuras gerações. tes, comunicações da economia; ao mercado re-
4. Trata-se de um roteiro de ações concretas, com gulador; e ao consumo da sociedade.
metas, recursos e responsabilidades definidas. O padrão de produção capitalista tem se ca-
racterizado, nos últimos duzentos anos, por modelos de
5. Deve ser um plano obtido através de consenso,
desenvolvimento e crescimento insustentáveis, uma
ou seja, com todos os atores e grupos sociais
vez que são pautados na exploração exagerada de
opinando e se comprometendo com ele. Em resu-
recursos naturais, na exclusão social, no desperdício e
mo, a Agenda 21 estabelece uma verdadeira par-
no enriquecimento, a qualquer preço, de uma minoria.
ceria entre governos e sociedades. É um progra- Os resultados desse modelo são desastrosos. Po-
ma estratégico, universal, para alcançarmos o de- demos apontar, entre outros: a pobreza da maioria da
senvolvimento sustentável no século XXI. população do planeta, a poluição generalizada com a
A Agenda 21 serve de guia para as ações do go- acentuação do efeito estufa, a redução da camada
verno e de todas as comunidades que procuram de ozônio e suas implicações sobre o equilíbrio
desenvolvimento sem com isso destruir o meio climático, a perda e desertificação do solo, a rari-
ambiente. Da mesma forma como os países dade da água limpa, o desflorestamento e a exa-
se reuniram e fizeram a Agenda 21, as cidades, gerada produção de lixo.

1
A agenda 21 é um guia para a construção de sociedades sustentáveis.Trata-se de um documento aprovado na Conferên-
cia das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992 (ECO-92), que
expõe, em seus quarenta capítulos, um programa de ação rumo à construção de um desenvolvimento sustentável.
Consulte: BARBIERI, José Carlos. Desenvolvimento e meio ambiente: As estratégias de mudança da AGENDA 21. 2.ed.
Petrópolis:1998.
12 Manual do Professor – ed 08

Na atualidade, esses efeitos desastrosos No capítulo 3 (As várias maneiras de viver


do padrão de produção sobre o meio ambiente no planeta Terra), as questões relacionadas aos
deixaram de ser entendidos como “resíduos inevi- usos (e abusos) dos bens naturais do planeta,
táveis do progresso”. E iniciaram-se as pressões geradores de graves problemas ambientais, pas-
dos ambientalistas de todo o mundo e da Organi- sam a ser o eixo condutor das nossas reflexões e
zação das Nações Unidas – ONU – para estabele- ações com a turma.
cer limites a esse tipo de desenvolvimento na agen- Leia atentamente a atividade proposta no livro
da de discussão das grandes questões internaci- do aluno.
onais contemporâneas (Kyoto, Rio + 10). Faça uma leitura pausada do texto e, em se-
O padrão de produção no sistema capita- guida, peça à turma que identifique grifando as pala-
lista sustenta-se por meio de um padrão de con- vras cujo significado é preciso discutir. De início, três
sumo que a máquina produtiva estabelece na so- noções estão postas: satélite artificial, lugares re-
ciedade. Trata-se de um círculo vicioso, em que motos da Terra e relações fronteiriças que esta-
são produzidas mercadorias, tanto para atender belecem com os seus vizinhos.
às necessidades de consumo, quanto para criar Vamos começar pela primeira: satélite artifi-
novas necessidades para vendê-las... Assim sen- cial. No texto, essa máquina inventada pelo homem
do, a sociedade de consumo produz mercadorias é enfatizada como responsável por uma verdadeira
e aparentemente é em torno delas, a partir delas e revolução nas comunicações, uma vez que nenhu-
para elas que os homens se relacionam [...] num ma forma de comunicação digital (telefonia fixa e
modo de vida urbano fundado na impessoalidade móvel (celular), Internet, fax, rádio, TV, GPS – Siste-
das relações humanas, no individualismo e na com- ma de Posicionamento Global) funcionaria se não fos-
petitividade (exercendo) profundas influências que sem os satélites artificiais.
penetram subjetivamente na consciência dos ho- Vamos passar a limpo algumas informa-
mens de toda a sociedade moldando modos de ser ções sobre satélites de modo a lhe oferecer al-
e de estar no mundo. (PIETROCOLLA: 1986) guns aportes para dialogar com as perguntas cu-
São essas noções que deverão nortear o riosas que serão levantadas, em casa, pelo aluno
desenvolvimento desse capítulo. e, depois, apresentadas num caloroso debate que
Faça uma leitura coletiva do texto da Apresen- você organizará na sala de aula.
tação. Desafie a turma com perguntas instigantes so- Em primeiro lugar, é preciso distinguir o que é
bre padrão de produção e padrão de consumo. satélite de satélite artificial.
Abra espaço para acolhimento das perguntas da turma. O que são satélites naturais?
Não se atenha a responder às questões. Anote-as. Elas Chamamos de satélites naturais os corpos
serão oportunas no trato do capítulo e, quem sabe, celestes que vagam no espaço em torno de outros
até apontar possibilidades para o desenvolvimento astros; por exemplo, a Lua, que gira em torno da
de projetos de trabalho. Analise com a turma as ilus- Terra.
trações do texto. Estimule-os a criar suas próprias ilus- O que são satélites artificiais?
trações, complementando-as. São artefatos construídos pelo homem e
colocados em órbita em torno da Terra. Os satéli-
tes artificiais também viajam pelo espaço, mas
com uma missão muito especial: a de receber e
enviar mensagens para o nosso planeta.
Esses engenhos, colocados por meio de fo-
guetes em uma órbita elíptica que tem como um dos
focos o centro da Terra, são geralmente lançados por
1 – Como eu vejo o planeta Terra um foguete-motor.
Os primeiros satélites artificiais postos em órbi-
No capítulo 2 do livro 1 (As relações socieda- ta foram: o Sputnik I (4/10/1957) e o Sputnik II (3/11/
de e natureza: a preservação do patrimônio), aprofun- 1957), ambos lançados pelos soviéticos. Foram eles
damos o desenvolvimento da noção planeta Terra também os primeiros a enviarem animais para o espa-
sob a ótica geográfica: sua constituição sob a forma de ço, como a cadela Laika. No dia 31/01/1958, foi a vez
um conjunto de elementos naturais interdependentes dos americanos, que lançaram o satélite Explorer I.
e propiciadores da existência de uma complexa teia Hoje existem mais de 450 satélites, de vários
de VIDA, razão pela qual o consideramos como o tipos e funções, circulando ao redor da Terra, com dife-
mais valioso de todos os nossos patrimônios. rentes velocidades e trajetórias. Os que ficam mais
perto (cerca de 300 quilômetros de altura) podem
ser vistos cruzando o céu em noites muito limpas.
13 Geografia – CP08 – 142M2

O satélite Telstar 1, lançado em 1962, foi o de cálculos matemáticos com relação ao tempo
primeiro capaz de transmitir sinais de televisão ao de retorno do sinal emitido por eles, é possível
vivo e de telefonia entre a Europa e os Estados determinar a sua exata posição/localização em
Unidos. Em abril de 1965, foi posto em órbita o qualquer ponto da superfície do planeta Terra.
primeiro satélite comercial de comunicação, o Você já ouviu falar no uso do GPS para
Intelsat 1. Na década de 1980, o consórcio inter- monitorar veículos e localizá-los em caso de roubo?
nacional Intelsat já incluía cerca de 400 estações Pois é, mas a sua maior utilização é mesmo militar.
terrestres localizadas em 150 países. Eles são usados nos sistemas de defesa e lançamen-
Todos esses satélites artificiais são monitorados to de mísseis teleguiados, devido à sua extrema
permanentemente da Terra, por meio de um sistema precisão (de centímetros), possibilitando acertar
de comunicação por rádio. Eles são dotados de pe- um alvo a quilômetros de distância, com margem
quenos motores e baterias, recarregadas por poten- de erro inferior a meio metro. O GPS é usado tam-
tes painéis solares, que transformam a energia solar bém em embarcações (iates, lanchas e navios)
em energia elétrica. em substituição à bússola.
Em suma, os satélites artificiais têm múltiplas
Os satélites artificiais brasileiros aplicações, daí a sua importância. Eles são usados
Em 1985, o Brasil lançou seu primeiro satélite para:
doméstico de comunicação, o Brasilsat A-1, fabricado • observação militar e reconhecimento de áreas es-
por uma empresa canadense. Em associação com tratégicas do globo;
dezenas de estações terrestres de recepção e trans- • repetição de sinais de TV, telefone e de rádio;
missão de microondas, o Brasilsat A-1 destinava-se a • comunicação entre regiões distantes do planeta;
fornecer serviços de telefonia, televisão, radiodifusão • estudos meteorológicos que fornecem imagens e
e transmissão de dados para todo o país. medições das condições atmosféricas;
Em 1986, um ano depois, foi lançado o Brasilsat • pesquisa geodésica para análise da forma e do
A-2, com condições de atender também a usuários da tamanho exato da Terra;
América do Sul. • avaliação dos recursos naturais do planeta, como o
Em 1994, foi posto em órbita o Brasilsat B-1 ritmo de devastação das florestas e o nível de
e, no ano seguinte, o Brasilsat B-2, este de fabricação poluição do ar e do mar;
americana e com alguns canais destinados aos países • orientação de navios e aviões.
do Mercosul (Argentina, Uruguai). Lançados na déca- Aqueles que giram em uma órbita mais alta
da de 1990, os equipamentos SCD1 e SCD2, para (36 mil quilômetros da Terra) são as grandes estrelas
coleta de dados ambientais, inscreveram o Brasil num da era da comunicação global: os satélites de comu-
seleto grupo de países capazes de construir e operar nicações. São eles que transmitem sinais de televi-
seus próprios satélites. são, telefone e rádio através do planeta.
Para saber mais: http://www.brasilescola.com/
A importância dos satélites artificiais fisica/satelites-artificiais.htm
A maioria dos meios de comunicação utiliza os A segunda noção que precisa ser discutida é:
satélites como meio de propagação de suas ondas. lugares mais remotos do planeta. Que lugares são
Um exemplo é a televisão. As ondas eletromagné- esses localizados nos confins da Terra? O deserto do
ticas são geradas numa estação chamada geradora, e Atacama, no norte do Chile; Wanganui, na Nova
lançadas para a órbita da Terra, onde são recebidas Zelândia; Fingal, na Tasmânia e Antártida, no pólo Sul,
por um satélite. Este, por sua vez, retransmite o sinal são alguns deles. Nesses lugares remotos, parece
para uma segunda estação na Terra, chamada que o tempo se esqueceu de passar. Alguns são
receptora, muitas vezes a milhares de quilômetros de desertos inóspitos ou selvas impenetráveis e outros
distância. Por meio de sinais eletromagnéticos, auxili- são lugares cujos povos vivem o tempo da natureza,
ados por satélites, também funcionam alguns tipos ou seja, levam uma vida sem veículos motorizados e
de telefonia celular, TVs por assinatura (Direct TV; luz elétrica. Todos eles são de difícil acesso, ou seja,
SKY), alguns tipos de radioamador, etc. não é fácil chegar até lá. Confira a lista a seguir e nave-
Outra aplicação é o Sistema de Navegação gue através deles pelo site http://www.freepgs.com/
por Satélite (GPS – sigla de Global Positioning vidaselvagemc/lugaresremotos/
System). Trata-se de um aparelho portátil dotado África: Costa do Esqueleto, na Namíbia; Ma-
de uma pequena antena capaz de receber sinais ciço de Ennedi, Chade; Parque Nacional de
de até 24 satélites em órbita da Terra. Com base Salonga, República Democrática do Congo.
nos dados recebidos desses satélites, e por meio
14 Manual do Professor – ed 08

Europa: Parque Nacional de Sarek, na Sué- Organize a turma para a apresentação e dis-
cia. cussão das idéias contidas nos cartazes. Escla-
América do Norte: Ultima Thule, na reça que democracia pressupõe respeito à
Groenlândia; Ilha de Baffin, no Canadá; Arctic National pluralidade de idéias, embora tenhamos o direito
Wildlife Refuge, no Alasca. de concordar com elas ou discordar delas.
América do Sul: Cidade Perdida de Durante a apresentação, desafie os alunos, so-
Vilcabamba, no Peru; Pico da Neblina, no Brasil; Cam- licitando que estabeleçam relação entre as próprias
pos de Gelo da Patagônia, no Chile e Argentina. idéias e a de seus colegas; descubram as semelhan-
Ásia: Montanhas Altai, na Mongólia; Vale de ças e diferenças entre elas; encontrem significado pes-
Baliem, na Indonésia; Arunachal Pradesh, na Índia; soal para elas; apliquem os conhecimentos em pro-
Deserto de Taklamakan, na China; Península de cesso com outros já produzidos anteriormente, reven-
Kamchatka, na Rússia; Kanchenjunga, no Nepal. do-os, se for o caso; construam argumentações para a
Oceania: Ilha de Pitcairn, no Oceano Pacífico; defesa de suas idéias; elaborem críticas às idéias apre-
Grande Deserto de Areia, na Austrália. sentadas.
Antártida: Ilha Geórgia do Sul, Oceano Atlân- Decidam, juntos, os critérios para a organiza-
tico; Arquipélago de Kerguelen, no Oceano Índico. ção dos cartazes e a escolha de um local para a mon-
A terceira noção – relações fronteiriças que tagem do MURAL.
estabelecem com os seus vizinhos – envolve dois Ao final da Mostra, cada aluno deve colar seu
conceitos caros ao pensamento geográfico: terri- desenho no espaço reservado do livro na página 4.
tório e fronteira. Ambos relacionam-se às ques- Os textos produzidos deverão compor o conteúdo
tões de soberania, de territorialidade. Volta e meia de um livro produzido pela turma, com a colaboração
a TV noticia conflitos fronteiriços fruto de disputas do professor de Língua Portuguesa, com o qual os
territoriais entre países/povos. Na atualidade, vêm critérios de ordenação do sumário e da obra serão
se arrastando questões de disputa do território discutidos e definidos.
da Cachemira entre a Índia x Paquistão. Na Améri-
ca do Sul, houve questões de disputa pelo Canal
de Beagle entre Argentina x Chile. Em 1980, sob a
mediação do papa João Paulo II, apaziguaram-se
as animosidades e a iminência de uma guerra
entre os dois vizinhos. O Tratado de Paz e Amizade
seria assinado entre os dois em 1984.
As disputas territoriais entre países presen-
3 – Viagem ao centro do planeta Terra
tes na mídia televisiva no dia-a-dia envolvem ques-
tões geopolíticas complexas, que se arrastam ao
As atividades propostas nesta seção têm
longo da história, como é o caso da disputa
como objetivo oportunizar a compreensão de que a
territorial entre israelenses x palestinos.
ocorrência de fenômenos vulcânicos e sísmicos (ter-
Enfim, como os seus alunos vêem o plane-
remotos e maremotos) são evidências de que o nos-
ta Terra?
so planeta Terra é ativo. Ou seja, que ele possui uma
Partimos do pressuposto de que todos eles
dinâmica em sua parte interior com base nos fenô-
assistem à TV (incluindo a TV por assinatura paga,
menos e nas transformações que nele ocorrem. Va-
com maior diversidade de canais e programas), lêem
mos, em primeiro lugar, discutir a dimensão
revista, navegam na Internet, enfim, recebem uma sig-
conceitual desse objetivo que lhe dará subsídios
nificativa carga de diferentes informações sobre a so-
para o desenvolvimento desta seção.
ciedade humana, sua cultura, sua territorialidade, o uso
Observe a seguir, na figura 1, a estrutura
e o domínio da natureza do planeta. O “como” ele vê
concêntrica da Terra.
é a partir de um determinado ponto de vista relaciona-
do ao vivido, bem como a forma como sua mente
processa as informações recebidas. As atividades
propostas – produção de texto e representação atra- Manto
inferior
vés de desenho – devem ser tomadas como avalia-
ção inicial, diagnóstica.

2 – O modo como minha turma vê o plane-


ta Terra Figura 1: Estrutura da Terra
15 Geografia – CP08 – 142M2

Veja que a parte externa da Terra é uma “cas- As placas tectônicas da litosfera (lithos = pe-
ca” que varia de 5 km a 60 km de espessura, deno- dra) fragmentada flutuam sobre o material da
minada litosfera ou crosta terrestre. Essa cama- astenosfera. Elas se dispõem como um mosaico
da não é inteira. Ela está fragmentada em várias de placas encaixadas entre si como um gigantes-
partes, chamadas placas tectônicas. Considera- co quebra-cabeças. Ora oceanos e massas conti-
se que há na superfície terrestre 14 placas nentais se aproximam, ora se distanciam a veloci-
tectônicas formando a litosfera. Volte ao desenho dades medidas de alguns centímetros por ano,
anterior. Após a litosfera, encontra-se o manto, com assim contribuindo para a incessante evolução do
sua parte superior, também chamada astenosfera, relevo e da distribuição dos continentes e dos oce-
anos na superfície terrestre. O choque entre as
e inferior. E, por fim, o núcleo.
placas tectônicas motivado por altas pressões do
Segundo estudiosos, o material no interior da
manto dá origem aos abalos sísmicos, responsá-
Terra encontra-se em estado sólido, à exceção ape-
veis por terremotos e maremotos que, por sua vez,
nas do núcleo externo, onde o material líquido metáli-
causam os tsunamis, gigantescas ondas oceâni-
co se movimenta, gerando correntes elétricas e o cam- cas que atingem o litoral dos continentes com uma
po magnético da Terra. Não fossem as elevadas pres- força devastadora (como os desastres em dezem-
sões existentes no manto, os materiais que o formam bro de 2004, na Ásia e na África, amplamente divul-
também estariam em estado líquido, pois as tempe- gados pela mídia da época). Enfim, o movimento
raturas ali são muito elevadas. Esse material só se das placas tectônicas desencadeia processos
liquefaz quando acontece uma ruptura na crosta ter- como terremotos, maremotos, atividades vulcâni-
restre. Então, ele sobe e se extravasa até a superfí- cas e formação de montanhas, afastando e aproxi-
cie, modificando-a. É a lava expelida por vulcões, mando os continentes ao longo do tempo até che-
que no contato com a atmosfera e a hidrosfera se res- garmos à atual configuração do mapa-múndi.
fria e solidifica, formando um corpo de rocha chamada Na figura 3, a seguir, observe a localização
vulcânica. Caso contrário, o magma fica retido no inte- dos lugares de intensa atividade sísmica no nos-
rior da litosfera, formando a câmara magmática. so planeta Terra.
Observe no desenho a seguir a câmara magmática e
o conduto que leva material magmático (chaminé)
até a superfície (cratera), liberando energias acumu-
ladas ao longo de anos, milhares ou milhões de anos. ** * ** * *
* ** * **
* * **
***** ** ** **
** *
** **
Bombas Vulcânicas Cratera
Fluxo Piroclástico

Derrame de Lava Figura 3: Localização das áreas sísmicas do planeta


Derrame de Lava
Aglomerados Dique Legenda: Os pontos assinalados com o si-
Brechas
nal*, no mapa, mostram a concentração dos vulcões
Conduto
em duas áreas principais: no Círculo de Fogo do Pa-
Dique
cífico (desde a Cordilheira dos Andes até as Filipinas,
Rocha Encaixante
onde se concentram 80% dos vulcões da superfície)
e no Círculo de Fogo do Atlântico (América Central,
Câmara Magnética Antilhas, Açores, Cabo Verde, Mediterrâneo, África e
Cáucaso, na Europa). Observe que, no território brasi-
Figura 2: Estrutura interna da Terra e formação de vulcão leiro, não existe atividade sísmica, dada a antiguida-
de dos nossos terrenos, ao contrário dos vizinhos do
Os vulcões, os terremotos e os maremo- lado do Pacífico, dependurados na cordilheira dos An-
tos são fenômenos que manifestam, de forma enérgi- des, de formação recente e intensa atividade sísmica.
ca e rápida, a dinâmica do planeta Terra, podendo Com esses dados, você, professor, pode
ocorrer tanto em áreas oceânicas como continentais. deslanchar o desenvolvimento das atividades
Existem também formas lentas de manifestação da propostas para esta seção. Uma aquisição é ne-
dinâmica interna da Terra: as placas tectônicas. cessária: o livro Viagem ao centro da Terra, adap-
É o movimento das placas tectônicas que produz tação de Lúcia Tulchinski. Coleção Reencontro
todo o relevo da Terra. Infantil. São Paulo: Scipione. 2001, 47p.
16 Manual do Professor – ed 08

Sinopse: O professor Lidenbrock, respeita- retornam à Terra, caindo no mar, sendo resgata-
do cientista alemão, encontrou um misterioso per- dos por um navio de guerra... Pois não é que 103
gaminho em um livro antigo. Depois de decifrar a anos depois os americanos realizam uma expedi-
mensagem contida nesse importante documento, ção chamada Apolo 8, tal como Júlio Verne des-
convocou seu sobrinho Axel para realizar uma fan- creveu e previu em seus dois livros? A mais fan-
tástica viagem ao centro da Terra. tástica expedição imaginada por Júlio Verne está
Leia, atentamente, a seqüência didática que em seu livro Viagem ao Centro da Terra. De que se
estamos propondo. trata essa obra? São três as personagens mais
importantes: o audacioso e destemido professor e
1) Sugestão para introdução ao tema “Viagem cientista alemão Otto Lidenbrock, seu sobrinho
ao centro do Planeta Terra” muito medroso, o jovem Axel, e o guia Hans. O
Vocês já ouviram falar no escritor JÚLIO VERNE? prof. Lidenbrock descobre um manuscrito científi-
co que descreve um caminho para atingir o centro
Ele nasceu na França, no ano de 1828, e da Terra. É um fascinante desafio! As três persona-
faleceu em 1905, aos 77 anos de idade. Em 2005, gens se lançam nessa aventura pelas profundezas
comemorou-se no mundo inteiro o centenário de da Terra. O ponto de partida é a cratera de um vul-
seu falecimento. Vejam que, passados 100 anos, cão extinto. Lá se foram eles! Logo de início, os
ele continua sendo lembrado e seus livros ainda caminhos se transformam em labirintos onde vi-
encantam leitores de todas as idades. Querem sa- vem seres extraordinários e um mar nunca antes
ber o porquê de seu sucesso? Em seus livros, Júlio navegado... Querem saber mais sobre essa histó-
Verne usa e abusa da imaginação para inventar ria? Pois, então, vamos fazer uma leitura coletiva
histórias fantásticas, aparelhos mirabolantes, coi- dessa obra.
sas fictícias, impossíveis de terem existido na épo-
ca em que ele viveu. O segredo de Júlio Verne para 2) Leitura do livro – Com essa introdução, você
criar mundos fictícios em seus livros, com tantos despertará a curiosidade e o interesse da turma
detalhes que até pareciam reais, é que ele era um para conhecer o livro. Deixe que os alunos o ma-
apaixonado pela ciência, fascinado pela geogra- nuseiem. Do modo como você achar mais ade-
fia, fazia estudos e pesquisava muito para escre- quado, organize a turma para a leitura e interpreta-
ver seus livros. É claro que o ambiente em que ele ção dos 20 subtítulos. Lembre-se de que a leitura
viveu, em plena Revolução Industrial, com tantas deve ter preparação prévia: identificação dos
novidades e invenções tecnológicas, atiçou-lhe a vocábulos geográficos cujo significado será preciso
imaginação para descrever e criar realidades mui- discutir e treinar as partes de suspense... Reproduza,
to além de seu tempo. Júlio Verne é muito impor- desenhando numa cartolina, a figura 2 deste ma-
tante na literatura mundial por ter introduzido um nual – “Estrutura interna da Terra e formação de
novo gênero de livro: a FICÇÃO CIENTÍFICA! Que- vulcão” – identificando no edifício vulcânico: câ-
rem saber o que isso significa? Em sua obra, ele mara magmática, conduto ou chaminé, cratera,
descreve mundos inventados em que a ciência e a derrame de lavas, explosões. Pregue-o no mu-
tecnologia são muito avançadas no tempo... Por ral para usá-lo sempre que for necessário. Va-
isso ele é considerado o pai da ficção científica.O mos discutir, em seguida, as possibilidades de
PROFETA DO FUTURO. De certo modo, podemos cada subitem e as novas noções geográficas a
dizer que Júlio Verne profetizou o futuro, pois mui- serem construídas.
tas das invenções descritas em suas aventuras fan-
tásticas acabaram por se tornar realidade algum Item 1 – O pergaminho misterioso
tempo depois. Vamos ver? Em “Vinte mil léguas • Material didático: mapa político da Europa. Discuta
submarinas” ele conta a história do capitão Nemo as noções de nacionalidade, país, continente na
e seu submarino Nautilus numa viagem ao redor identidade geográfica da personagem professor
do mundo. Mas, em 1873, não existia tecnologia Otto Lidenbrock: ele é alemão, quer dizer, nascido
para construir um submarino! Isso somente se tor- na Alemanha, país localizado no continente euro-
nou possível 25 anos depois da publicação desse peu. Sua cidade é Hamburgo; e do escritor Snorri
livro... Esse dado também é fantástico! Nos livros Sturluson: ele é islandês, quer dizer, nascido na
Da Terra à Lua (1865) e Ao redor da Lua (1870), Islândia, país insular (é a segunda maior ilha do
Júlio Verne descreve uma expedição ao satélite planeta, perdendo somente para a Groenlândia),
natural da Terra. O ponto de lançamento é a cidade localizado no continente europeu.
americana de Tampa. Três astronautas, a bordo
da nave espacial, dão a volta em torno da Lua e
17 Geografia – CP08 – 142M2

• Século XII: a noção de século é muito complexa cultura, daí se constituírem de fortes
para criança e pré-adolescente. Veja, professor: adensamentos populacionais. Há também o apro-
você e seus alunos pertencem ao século XXI veitamento das emanações gasosas (enxofre, gás
(2000); Júlio Verne é do século XIX (1800); o carbônico) industrialmente na França e na Alema-
manuscrito é do século XII (1200). Ou seja, algo nha. Na Itália, na Nova Zelândia e no Japão, há
em torno de 600 anos daquele momento vivido aproveitamento energético feito nas centrais
por Júlio Verne e o fictício professor Otto geotérmicas.
Lidenbrock.
• Os vocábulos pergaminho e rúnico estão expli- Item 3 – A partida
cados no próprio contexto. • Use o mapa político da Europa para acompanhar
o deslocamento do professor Lidenbrock e seu
Item 2 – Enigma desvendado sobrinho Axel, de Hamburgo, na Alemanha, para
• Neste subitem (da página 6 à página 10), os vo- a cidade de Copenhague, capital da Dinamarca e,
cábulos mais difíceis, tais como criptograma e al- em seguida, para a cidade de Reykjavik, capital
quimista estão explicados no próprio contexto. da Islândia. Esse é o percurso de ida.
• Pela primeira vez, surgem as palavras vulcão e • Discuta os tipos de transporte da época: carrua-
cratera. Embora sejam vocábulos bem contex- gem, locomotiva, barco a vapor.
tualizados, é preciso ampliar esse conceitos. As
personagens da história de Júlio Verne descerão Item 4 – Na terra de Saknussemm
rumo ao centro da Terra através da cratera de um • A palavra Islândia significa “terra de gelo e de fogo”.
vulcão. Você já dispõe de dados conceituais ne- Esse país localiza-se no extremo norte do oceano
cessários para encantar seus alunos, sem se des- Atlântico, nos limites do Círculo Polar Ártico. A
cuidar do primeiro objeto da seção: o planeta Terra Islândia é uma ilha vulcânica, de relevo monta-
tem atividade e a prova disso é a ocorrência de nhoso, litoral recortado com fiordes, que são vales
vulcões, terremotos e maremotos provocados pelo litorâneos alongados e profundos onde o mar entra
movimento das placas tectônicas. e possibilita a concentração de peixes, que é base
Um vulcão é uma estrutura formada pela sa- da sua economia. Esse país, localizado a noroes-
ída de magma (lava) e gases na superfície da Terra. te da Europa, é hoje considerado um dos melho-
A passagem aberta pelo magma é uma espécie de res países do mundo para se viver devido ao seu
túnel que se denomina conduto vulcânico ou cha- alto padrão de vida, ao seu melhor, entre todos
miné. Esse túnel termina na cratera do vulcão, por países, índice de desenvolvimento humano (IDH)
onde sai lava (nome do magma quando atinge a e à alta qualidade de vida da sua população. Apro-
superfície). A lava e os detritos expelidos pela cratera ximadamente 30% do território islandês são
depositam-se em suas bordas: o material grosso e recobertos por campos de lava, dando a impres-
pesado nas proximidades e os materiais mais leves são de se estar na Lua!!
a distâncias maiores. Acumulando-se nas sucessi- • Risdales é a antiga moeda. Atualmente, a moeda
vas erupções, as lavas e os detritos vão construindo islandesa chama-se Coroa.
o cone ou edifício vulcânico. Eles apresentam forma-
to cônico e montanhoso. O vulcão mais antigo do Item 5 – Rumo a Sneffels
mundo ainda em atividade é o Etna, que fica na Itália • Instrumentos de medida: termômetro, manômetro
e tem cerca de 350 mil anos. Os vulcões podem ser (são explicados no texto), cronômetro (medição
ativos, dormentes ou extintos, os dois primeiros do tempo), bússola (direção espacial).
têm câmara magmática em profundidade a partir da Bússola: embora tenha sido inventada pelos
qual irrompe o magma através da chaminé sempre chineses, a palavra bússola tem origem italia-
que tectonismo ou a pressão do magma e gases na e significa “pequena caixa”. É um pequeno
associados forçar a saída da lava. Os vulcões extin- ímã em forma de agulha que gira sobre um
tos são aqueles que não têm mais magmatismo ou ponto de apoio. Afastada de qualquer ímã, é um
ele não é mais significativo. Não se sabe ao certo eficiente instrumento de orientação, uma vez
quantos vulcões existem na Terra. Presume-se que que aponta sempre para o pólo Norte terrestre.
sejam 550 vulcões terrestres e outros mil vulcões Na atualidade, a localização mais precisa de
ativos no fundo dos oceanos. A Islândia, essa ilha qualquer lugar na superfície da Terra é
gelada da Europa, para onde irão as personagens conseguida através do GPS (Global Positioning
da história de Júlio Verne, possui a maior concentra- System ) ou Sistema de Posicionamento Glo-
ção de vulcões no mundo. bal. Trata-se de um sistema de posicionamen-
Nos arredores de vulcões, os solos são to por satélite utilizado para determinar a posi-
bastante férteis, ricos em sais minerais para a agri- ção de um receptor na superfície da Terra ou
18 Manual do Professor – ed 08

em órbita terrestre. O GPS informa as coordena- • O Sol da meia-noite é um fenômeno que ocorre
das (latitude e longitude) e altitude, tem uma bús- nas regiões polares do Hemisfério Norte e He-
sola imbutida para indicar o Norte e também indi- misfério Sul no verão, quando o Sol nunca des-
ca a velocidade da pessoa ou do objeto (se esti- ce na linha do horizonte. Ou seja, nos meses
ver em movimento também indica a velocidade) de verão é dia durante as 24 horas.
em qualquer lugar do planeta. Ele pode ser usa- • A mitologia escandinava pré-cristã, constituída
do por qualquer pessoa, a utilização é gratuita. de crenças e lendas dos povos escandinavos,
Basta apenas um aparelho de GPS que capte o incluindo os que se estabeleceram na Islândia,
sinal emitido pelos satélites. Ou seja, é só com- é muito rica! Por exemplo: Thor é o deus do tro-
prar o aparelho e usá-lo!! O custo desse aparelho vão da mitologia nórdica, fazendo justamente
é a partir de US$ 120. Sua utilidade hoje: aviação seus raios com o seu martelo Mjolnir. Queren-
geral e comercial e na navegação marítima, qual- do saber mais, consulte o site: http://
quer pessoa que queira saber sua posição, en- pt.wikipedia.org/wiki/Mitologia_N%C3%B3rdica .
contrar seu caminho para determinado local (ou • Discuta o significado de furacão. Ele tem ori-
de volta ao ponto de partida), conhecer a velocida- gem no nome do deus Huracan, da mitologia
de e direção de seu deslocamento, durante expe- maia, povo indígena da Península do Iucatã
rimentos científicos de coleta de dados, na América Central. De acordo com essa mito-
rastreamento de veículos. Com a popularização logia, o deus Huracan tinha como tarefa des-
do GPS, um novo conceito surgiu na agricultura: a truir e reconstruir a natureza. Por isso, ele foi
agricultura de precisão. Uma máquina agrícola associado às tormentas e tempestades. Os
dotada de receptor GPS armazena dados relati- conquistadores espanhóis usaram essa pa-
vos à produtividade em um cartão magnético que, lavra para designar grandes tempestades,
tratados por programa específico, produz um transmitindo-a para outros idiomas. Geografi-
mapa de produtividade da lavoura. As informa- camente, o furacão é um fenômeno climático.
ções permitem também otimizar a aplicação de Trata-se de aglomerados de nuvens que che-
corretivos e fertilizantes. Lavouras americanas e gam até 500 km de extensão e abrigam ventos
européias já utilizam o processo. Para saber mais, de, no mínimo, 120 km. Eles ocorrem de junho
consulte o site: www.gpsglobal.com.br. a dezembro nas Américas Central e do Norte.
Mas de onde vêm e como surgem esses mons-
• Por que em países como a Islândia, o Sol não tros? O ar quente do Oceano Atlântico transfor-
se põe nos meses de junho e julho? Certamente ma tempestades tropicais em furacões.
essa pergunta será feita pela turma. É neces-
sário que você tenha em mãos um globo ter-
restre e resgate saberes dos alunos sobre as
estações do ano. A construção dessa resposta
tem a ver com duas questões: a distribuição
dos raios solares sobre a superfície do planeta
e as estações do ano. Veja a explicação: a Terra
Dia 1 Dia 2 Dia 4 Dia 7
é como um pião girando ao redor do Sol. Esse Tempestades tropi- As nuvens de tem- Os ventos no inte- O olho se forma. O fu-
pião se inclina em sua órbita, sempre para o cais começam a se pestade começam rior da tempestade racão está no auge da
desenvolver sobre a adquirir um for- se tornam mais in- sua destrutividade.
mesmo lado, percorrendo sempre o mesmo ca- um oceano tropical. mato de espiral. tensos e surge um
minho, num período de 365 dias. Quando a Ter- centro.
ra está em um dos lados do Sol, a inclinação Figura 4: Formação de um furacão
faz com que o Hemisfério Norte fique mais pró-
ximo dele (meses de junho/julho/agosto). Seis Em março de 2006, Santa Catarina foi varri-
meses mais tarde, quando a Terra está no ou- da por uma tempestade sem precedentes. Batiza-
tro lado do Sol, é o Hemisfério Sul que mais se da de Catarina, foi apontada por meteorologistas
aproxima da nossa fonte de luz (meses de de- americanos como um furacão em andamento. Essa
zembro / janeiro / fevereiro). No hemisfério incli- classificacão gerou polêmica entre os meteorolo-
nado, qualquer que seja ele, o Sol sobe alto no gistas brasileiros. “Não dá para dizer que foi um
céu, e os dias são longos e menos frios: é o furacão”, diz Maria Assunção. Ela explica que o
verão. No outro hemisfério, mais distante, o Sol Catarina surgiu como um ciclone extratropical. Esse
se levanta pouco no céu, e os dias são curtos e fenômeno, que atinge o Sul do Brasil rotineiramen-
frios: é o inverno. Perto dos pólos, como é o te, tem características bem diferentes dos furacões,
caso da Islândia, o Sol não se põe por vários pois neles o ar mais quente não fica no interior do
meses durante o verão. Devido à inclinação da sistema, e sim nas laterais. “Aos poucos, porém, o
Terra, há luz do dia durante 24 horas. Essas Catarina foi se transformando. No final de sua vida,
áreas são chamadas “terras do Sol da meia- era um híbrido entre as duas coisas”, analisa.
noite”. Enquanto um pólo tem luz de dia cons- REVISTA GALILEU. Rio de Janeiro: Globo, ago. 2006.
tante, o outro é envolvido no escuro do inverno,
onde o Sol nunca se levanta.
19 Geografia – CP08 – 142M2

Para saber mais consulte o site http:// Darwin. O mastodonte, por exemplo, é o ances-
revistagalileu.globo.com/Galileu/ tral do elefante.
0,6993,ECT832797-3434,00.html. Item 13 – Combate no mar
• O significado de antediluviano: antiqüíssimo,
Item 06 – Na cratera anterior ao dilúvio universal.
• No mapa: localize a maior ilha do planeta, a
Groenlândia, onde vive o povo esquimó chama- Item 14 – A tempestade
do Inuit. • O gêiser (leia-se gueizer), uma manifestação
• As rochas vulcânicas são formadas a partir do de vulcanismo, é uma nascente termal que
resfriamento e da consolidação da lava expelida entra em erupção periodicamente, lançando
pela cratera dos vulcões. São rochas escuras, uma coluna de água quente e vapor para o ar. O
e sua decomposição em clima tropical dá ori- nome Géiser provém de Geysir, o nome de uma
gem à famosa terra roxa, do Sul do Brasil. nascente eruptiva em Haukadalur, na Islândia.
• Granito: tipo de rocha formada no interior da Este nome deriva, por sua vez, do verbo gjósa,
Terra. que significa “jorrar”. É um fenômeno raro. Exis-
• No fundo da cratera encontra-se a câmara tem cerca de mil deles no planeta e a metade
magmática (Ver Figura 2). deles está no Parque Nacional de Yellowstone,
nos Estados Unidos da América. Os gêiseres
Item 07 – A descida quebram a monotonia da calota de gelo que
• As estalactites são formações encontradas no cobre 10% do território da Islândia e fornecem
teto de grutas calcárias, formadas a partir da dis- água aquecida e energia limpa para os 270 000
solução dessa rocha pela água de infiltração. habitantes do país. Observe-o na figura 5 que
Elas estão representadas no livro às páginas 22 segue.
e 23. As gotinhas que caem no chão formam as
estalagmites.

Item 08 – O último gole


• Cristóvão Colombo, nascido em Gênova – Itá-
lia, no comando de três naves pequenas (San-
ta Maria, Pinta e Niña), a 12 de outubro de 1942,
descobre o continente que virá a ser chamado
de América.

Item 09 – O córrego Hans


• A água ferruginosa tem alto teor de ferro. Eles
encontraram uma fonte termal. Figura 5: Momento de erupção de um gêiser na Islândia

Item 10 – Debaixo do oceano Item 15 – Revolta e descoberta


• Discussão do significado de rota vertical e rota • Fósseis são restos ou vestígios de organismos
horizontal. encontrados em rochas mais antigas que 10 mil
anos, antes do Holoceno, a época em que vive-
Item 11 – Desespero e escuridão mos. A ciência que estuda os fósseis é a Paleonto-
• Discuta as noções de córrego ou riacho e de logia. Uma questão que normalmente surge é a
labirinto. diferença entre a Paleontologia e a Arqueologia.
• Discuta o significado de cavernas: são galeri- Esta última trata do estudo de restos de seres hu-
as rochosas formadas pela ação da água no manos, civilizações antigas, como viviam, etc., nor-
decorrer de milhões de anos. Às vezes usadas malmente mais recentes que 10 mil anos. Contu-
como sinônimos de cavernas, as grutas podem do, os arqueólogos também chamam restos hu-
fazer parte desses sistemas de galerias. Apre- manos mais novos que 10 mil anos de fósseis. Os
sentam formações calcárias de rara beleza, fósseis nos ensinam inúmeras lições sobre o Tem-
como estalagmites e estalactites. As cavernas po Geológico, a evolução, extinções, diversidade
mais famosas se formam, na maioria das ve- biológica, paleogeografia, paleoclima (paleo =
zes, em regiões de pedras calcárias, erodidas passado), etc. Através do conhecimento das
pela água das chuvas. faunas e floras fósseis, é possível distinguir tem-
pos mais novos de tempos mais antigos. Muito
Item 12 – A recuperação de Axel do que se conhece hoje sobre a disposição dos
• Primórdios da formação do planeta Terra: os continentes através do tempo geológico deve-se
achados no interior da caverna são evidências também ao estudo da distribuição dos fósseis.
da evolução dos seres vivos defendida por Para saber mais consulte o site : http://
www.igc.usp.br/replicas/menu.htm
20 Manual do Professor – ed 08

• Período quaternário – Como existe o tempo his- Finalizada a empolgante leitura do livro, você ain-
tórico para a narrativa da história humana no pla- da tem como possibilidade de exploração do tema
neta Terra, existe o tempo geológico que é a nar- a exibição do DVD do filme Viagem ao centro da
rativa dos acontecimentos da dinâmica do nos- Terra. Trata-se de um roteiro que recria a expedi-
so planeta Terra, contada pelos fósseis. Ele é divi- ção original, introduzindo novas personagens e si-
dido em Eras (Paleozóica – 325 milhões de anos; tuações desafiantes. Veja:
Mesozóica – 180 milhões de anos; e Cenozóica, Título original: Journey to the center of the Earth
65 milhões de anos) e essas em períodos. O Ano de produção: EUA/1959
quaternário é o último período da Era Cenozóica e Direção: Henry Levin
o fato mais importante do quaternário é o surgi- Elenco: Pat Boone, James Mason, Arlene Dahl,
mento da espécie humana no planeta. Diane Baker, Peter Ronson, Thayer David, Robert
Adler, Alan Napier, Alex Finlayson, Ben Wright
Item 16 – Novas pistas de Saknussemm Sinopse: Fantasia e diversão certamente são o
• Punhal “enferrujado”. O punhal é produzido a partir ponto alto desta versão cinematográfica do clássi-
do ferro. O contato desse metal com o ar / orvalho co suspense de Júlio Verne, estrelado por James
da atmosfera provoca uma reação química de oxi- Mason, Pat Boone e Arlene Dahl. Com lugares es-
dação, transformando-o em ferrugem até o pó, es- petaculares como pano de fundo, a história conta
tágio final da oxidação. as aventuras da expedição liderada pelo profes-
sor Lidenbrock (Mason) rumo ao centro da Terra.
Item 17 – Travessia forçada Também são membros do grupo um estudante de
• A pólvora foi inventada há mais de 1000 anos pe- Astronomia Alec (Boone) e a viúva de um colega
los chineses. Segundo a história, foi uma inven- (Arlene Dahl). Perigos, como seqüestro, morte,
ção ao acaso, pois na verdade eles estavam em sabotagem preparada por um explorador rival, es-
busca do elixir da imortalidade. É uma substância preitam pelo caminho. Répteis pré-históricos gi-
com alto poder de combustão e explosão, é usada gantes surgem a todo o momento. Mas, os aventu-
em armas de fogo. Sua constituição química, três reiros também encontram maravilhas deslumbran-
partes de carvão vegetal, 15 partes de salitre e 2 tes como uma reluzente caverna de cristais de
partes de enxofre, triturados e misturados. Da pól- quartzo, algas luminescentes, uma floresta de co-
vora foram inventados artefatos bélicos, explosi- gumelos gigantes e a cidade perdida de Atlantis.
vos usados em mineração e demolições, fogos Permanecendo fiel à narrativa de Verne, esta é uma
de artifício, foguetes, mísseis, satélites de comu- aventura arrebatadora que garante suspense e di-
nicação e monitoramento. Discuta com a turma o versão para todos os exploradores da família.
seguinte: a pólvora pode ser usada para o bem A aquisição pode ser feita na Livraria Cultura (SP)
(fogos de artifício para diversão e entretenimento, por R$ 34,90 –Tel. (11) 3024 -3599. Damyler/Depto.
satélites de comunicação) e para o mal (armas de de Vendas dfcunha@livrariacultura.com.br
destruição do próprio homem).
No livro, os alunos vão desenvolver as seguintes
Item 18 – A erupção atividades:
• Este subitem contém vários vocábulos discutidos
anteriormente com a turma: tremor de terra, erup- • Atividade cartográfica 1 de localização do percur-
ção, chaminé do vulcão, chamas sulfurosas, lava, so da expedição do professor Lidenbrock ao cen-
furacão. tro da Terra. Convencione com a turma as cores da
legenda. Por exemplo: linha azul para o percurso
Item 19 – Salvos! de ida (Hamburgo, na Alemanha; Copenhague, na
• A oliveira é um arbusto que produz a azeitona. Dinamarca; Reykjavick, na Islândia) e linha ver-
• Náufrago é uma pessoa vítima de acidente que melha para o percurso de volta (Messina, na Itá-
resultou no afundamento de embarcação. (Dicio- lia; Marselha, na França e Hamburgo, na Alema-
nário Houaiss) nha.). Confira a atividade no livro do aluno.
• Atividade 2 - “Da bússola ao Sistema de Posicio-
Item 20 – O retorno namento Global (GPS)” é uma atividade que tem a
• Use o mapa político da Europa para traçar o cami- ver com o final da história, ou seja, a bússola foi
nho de retorno da expedição: ilha da Sicília, na Itália, afetada (inversão dos pólos) pelas explosões vul-
e nela a cidade de Messina. A partir daí, nossos he- cânicas e as nossas personagens ficaram perdi-
róis entraram num navio-correio francês e aportaram dos. Com o GPS isso não teria acontecido... Solici-
na cidade de Marselha, na França. De lá, por terra, tamos que os alunos coletem dados sobre os usos
eles retornaram a Hamburgo, na Alemanha. do GPS. Eles podem encontrá-los fazendo uma
• A noiva de Axel é irlandesa. Localize no mapa a busca na Internet (www.gpsglobal.com.br), entre-
Irlanda, ilha da costa noroeste da Europa. Ela é vistando professores de Geografia... Você poderá
circundada em três de seus lados pelo oceano acrescentar, caso seja necessário, com o banco
Atlântico e separada da Grã-Bretanha pelo Mar da de dados do Item 5 – Rumo a Sneffels, não é mes-
Irlanda. A capital do país é Dublin. mo?
21 Geografia – CP08 – 142M2

• Para realizar a atividade 3, os alunos deverão


usar o conhecimento obtido nas discussões da
leitura do livro sobre VULCÃO e VULCANISMO e
o desenho do livro para responder ao desafio:
Você acha possível realizar uma expedição ao
centro da Terra? A resposta deverá ser dada
sob a forma de uma história em quadrinhos.
Trata-se de uma atividade avaliativa e deverá 4 – Descobrindo as desigualdades nas socieda-
ser feita individualmente para que você possa des humanas
melhor acompanhar o desenvolvimento das
O título da Oficina deixa em evidência o seu
noções em processo. Lembre-se de comparti-
objetivo: conhecer e sistematizar as percepções
lhar as produções. Façam um livro de histórias
de que os alunos são portadores acerca das desi-
com o produto do trabalho da turma. Vocês po-
gualdades nas sociedades humanas. A noção-
derão apresentá-lo na Feira de Cultura. chave é desigualdade social. Essa noção está,
• A atividade 4 deve ser realizada no pátio/labora- por sua vez, relacionada às noções de sustenta-
tório da escola: Faça um vulcão entrar em erup- bilidade e insustentabilidade, em suas dimensões
ção... Compartilhe com a turma a receita a seguir social, ecológica, ambiental, política, cujo concei-
e, ao final da experiência, peça que expliquem, to você deve conferir na página 24 deste Manual.
cientificamente, o processo de erupção vulcânica. Existe uma forma de medir o bem-estar da
Essa atividade também pode e deve ser apre- população, em especial o bem-estar infantil. Ele
sentada na Feira de Cultura. A criançada vai vibrar!!! foi desenvolvido em 1990 pelo economista
paquistanês Mahbub ul Haq, com a colaboração
do economista indiano Amartya Sen. A essa medi-
da ele chamou Índice de Desenvolvimento Huma-
no, cuja sigla é IDH. A Organização das Nações
Unidas (ONU) adota esse método que se encon-
tra sob a responsabilidade do Programa das Na-
ções Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Essa mensuração do IDH é feita anualmente nos
177 países onde a ONU possui representação.
Os indicadores do IDH são: a educação (taxa de
alfabetização e taxa de matrícula escolar); a
longevidade (a expectativa de vida da criança ao
Ingredientes: caixa de madeira, argila, garrafa de
nascer) e a renda (o Produto Interno Bruto per
detergente de plástico vazia e cortada acima da
capita, isto é, por pessoa por ano. Confira como
metade, três colheres (café) de bicarbonato de se expressa o IDH de um país, estado ou municí-
sódio, meio copo de vinagre, 1 xícara de chá de pio:
detergente, 1 colher (café) de anilina comestível
vermelha. • Os valores do IDH variam de 0 (nenhum de-
Modo de fazer: Coloque a garrafa dentro da caixa senvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento
e cubra-o com argila no formato de uma montanha,
humano total).
deixando a abertura livre. O edifício vulcânico está
• Países com IDH até 0,499 apresentam desen-
pronto. Agora, coloque dentro da garrafa o deter-
volvimento humano baixo.
gente, o vinagre e o corante, bem misturados. Por
• Países com IDH entre 0,500 e 0,799 são consi-
último, coloque o bicarbonato de sódio e veja o
que acontecerá. derados países de desenvolvimento humano
médio.
Finalize a seção com uma avaliação coletiva do • Países com IDH maiores que 0,800 são consi-
desenvolvimento da atividade, fazendo pergun- derados países de desenvolvimento humano
tas do tipo: elevado.
• De que vocês mais gostaram no estudo realiza-
do? É muito importante que você conheça as
• O que vocês gostariam de saber mais sobre os informações econômicas relevantes do seu muni-
diversos fenômenos da dinâmica do nosso plane- cípio que informam o IDH. Visite o site –
http://www.pnud.org.br/atlas/.
ta Terra?
Ele traz essas referências dos 5 507 muni-
O resultado poderá indicar vários projetos de
cípios brasileiros das 27 unidades da federação.
trabalho com a turma em parceria com o pro-
E sua turma, certamente, ficará curiosa para co-
fessor de Ciências. nhecer os dados do IDH de seu município.
Sobre o IDH do Brasil, leia as informações
que seguem:
22 Manual do Professor – ed 08

Brasília, 09/11/2006 guai (43º no ranking, IDH de 0,851), Chile (38º no


Brasil reduz desigualdade e sobe no ranking, IDH de 0,859) e Argentina (36.º no ranking,
ranking IDH de 0,863). Outras 17 nações da região ficam
Relatório do PNUD vê país como exemplo abaixo do Brasil no ranking, como Venezuela (72º,
de que problema pode ser combatido; mesmo com IDH de 0,784), Peru (82.º, IDH de 0,767), Paraguai
avanços, distribuição de renda é a 10.ª pior do (91.º, IDH de 0,757), Jamaica (104.º, IDH de 0,724)
mundo numa lista com 126 países e territórios. e Haiti, o pior da América Latina e do Caribe (154.º,
“O IDH (Índice de Desenvolvimento Huma- IDH de 0,482). No mundo, o índice mais baixo é o
no) do Brasil melhorou entre 2003 e 2004, mas o de Níger, na África (177.o, IDH de 0,311). [...]
país recuou uma posição no ranking mundial de [...] O relatório destaca que reduzir a desi-
desenvolvimento humano – caiu de 68.º para 69.º gualdade é importante porque é uma das formas
numa lista de 177 países e territórios, aponta o de acelerar a redução da pobreza. “A taxa de re-
Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) dução da pobreza de um país se dá em função de
2006 [...] dois fatores: o crescimento econômico e a parcela
desse incremento apropriada pelos pobres. Em
outras palavras, quanto maior a parcela apropria-
da pelos pobres, maior será a eficiência do país
em transformar crescimento em redução da po-
breza”, afirma.
Disponível em: http://www.pnud.org.br/Acesso
em: 8 ago. 2007

Apresentação de noções acerca das desigual-


dades sociais

A história da humanidade é marcada pelo


fenômeno das desigualdades. Na atualidade, as
desigualdades sociais ocorrem tanto nos países ri-
cos como nos países pobres. Nos primeiros, temos
uma espécie de oceano de prosperidade com algu-
mas ilhas de exclusão social. Já nos países pobres,
O IDH é a síntese de quatro indicadores: temos vastos oceanos de pobreza pontilhados de
PIB (Produto Interno Bruto) per capita, expectativa pequenas ilhas de prosperidade. Especialmente nas
de vida, taxa de alfabetização de pessoas com 15 últimas duas décadas, tanto nas sociedades mais
anos ou mais de idade e taxa de matrícula bruta ricas (de forma cada vez mais perceptível), quanto
nos três níveis de ensino (relação entre a popula- nas mais pobres, está se ampliando o fosso que
ção em idade escolar e o número de pessoas ma- separa os ‘incluídos’ dos ‘excluídos’.
triculadas no ensino fundamental, médio e superi- A tendência à concentração de renda que
or). Do relatório de 2005 para o de 2006, a princi- leva às desigualdades e exclusão sociais não é
pal mudança no cálculo do IDH ocorreu nesse últi- fenômeno recente nem exclusivo do Brasil. Em
mo indicador. Em edições anteriores, os dados de nosso país, um dos campeões mundiais das desi-
32 países (como Brasil, Argentina, Reino Unido e gualdades, a dramática situação de exclusão soci-
Suécia) incluíam os números dos programas de al da atualidade tem sua origem no processo inici-
educação para adultos. Agora, esses dados foram al de estruturação da sociedade brasileira.
excluídos, para tornar mais precisas as compara- Assim, desde o período colonial e durante a
ções com outros países. época do Brasil imperial, o monopólio da terra por
Apesar dessa mudança, o IDH brasileiro uma elite de latifundiários e a base escravista do
cresceu: passou de 0,788 em 2003 para 0,792 em trabalho foram os fundamentos que deram origem
2004, resultado que mantém o país entre as 83 a uma rígida estratificação de classes sociais. O
nações de médio desenvolvimento humano (IDH fim da escravatura, da qual o Brasil foi o último
entre 0,500 e 0,799), fora, portanto, do grupo de 63 país a se livrar, não aboliu o monopólio da terra,
nações de alto desenvolvimento humano, que tem fonte de poder econômico e principal meio de pro-
a Noruega no topo pelo sexto ano consecutivo (IDH dução até as primeiras décadas do século XX. O
de 0,965). abismo social entre o enorme número de traba-
No ranking, o Brasil aparece logo abaixo da lhadores e a diminuta elite de grandes proprietá-
ilha caribenha de Dominica (0,793), e logo acima rios rurais delineou as bases da atual concentra-
da Colômbia (0,790); 13 países da América Latina ção de renda do país.
e do Caribe têm desempenho superior ao brasi- O Brasil passou por grandes transformações
leiro, entre eles México (53.º no ranking, IDH de ao longo do século XX. Sua economia tornou-se
0,821), Cuba (50.º no ranking, IDH de 0,826), Uru- cada vez menos agrária, a indústria passou grada-
tivamente a ser a atividade econômica mais dinâ-
23 Geografia – CP08 – 142M2

mica, a população cresceu e rapidamente se ças deixam em evidência essas diferenças. O im-
urbanizou, a sociedade tornou-se mais complexa, portante é que o material visual possibilite a per-
mas a concentração da renda não só persistiu, cepção das desigualdades sociais nas socieda-
como se aprofundou, pois a grande maioria da des humanas. Convide a turma à descrição das
população permaneceu à margem do mercado imagens; à comparação de imagens em que a
consumidor de bens duráveis. condição humana de crianças mostre a face da
Todavia, a crise do modelo de substituição pobreza e da riqueza; estimule-as para que per-
das importações, na década de 1980, e o seu co- guntem o porquê da existência de diferenças soci-
lapso, seguido da aplicação de doutrinas ais; se há programas para acabar ou diminuir es-
neoliberais na década seguinte, não só levaram à sas desigualdades (nesse sentido tem sido in-
ampliação das desigualdades sociais, como tam- cansável a luta da Unesco e do Programa das
bém permitiram compreender melhor que, à me- Nações Unidas para o Desenvolvimento [PNUD]
dida que a sociedade incorpora novas realidades, pela diminuição das desigualdades entre os po-
criam-se novas necessidades (o acesso à educa- vos, haja vista que a diminuição da pobreza é uma
ção, ao trabalho, à renda, à moradia, à informa- das oito Metas do Milênio, que você poderá confe-
ção, etc) que vão além da simples subsistência. rir no site: http://www.pnud.org.br/odm/ - As 8 for-
Essas transformações mais recentes fize- mas de mudar o mundo.
ram por cristalizar dois “tipos” de exclusão social,
um “antigo” e outro “recente”. O primeiro refere-se Em seguida, apresente à turma os três ro-
à exclusão que afeta segmentos sociais que histo- teiros que serão desenvolvidos nessa atividade 1.
ricamente sempre estiveram excluídos. O segun-
do atinge aqueles que, em algum momento da vida, Roteiro 1 – Leitura individual e coletiva do
já estiveram socialmente incluídos. texto “Índice de Desenvolvimento Humano: O que
No Brasil, as desigualdades analisadas pelo é isso? Para que serve?” São apresentadas ao
ângulo da concentração de renda indicam que o final cinco perguntas que deverão encaminhar o
rendimento dos 10% mais ricos da população é debate das idéias do texto. São elas:
cerca de vinte vezes maior que o rendimento mé- 1. O que significa o Índice de Desenvolvimento Hu-
dio dos 40% mais pobres. Mais ainda: o total da mano – IDH?
renda dos 50% mais pobres é inferior ao total da 2. Que programa é responsável pelo levantamen-
renda do 1% mais rico. Esses dados comprovam to do IDH dos países que possuem represen-
que o crescimento econômico brasileiro desenvol- tação da ONU?
veu-se sob o signo da concentração de renda. As 3. Como será a condição de vida da criança de
grandes desigualdades sociais também se mani- um país que apresenta o IDH baixo?
festam nas unidades regionais do país. 4. Como será a condição de vida da criança de
Disponível em: http://www.clubemundo.com.br/ um país de IDH elevado?
revistapangea. Acesso em: 28 jun. 2006 5. E como será a condição de vida de uma criança
de um país de IDH médio?
Em suma: as desigualdades sociais são
uma decorrência de uma distribuição de renda in-
justa, pois a maior parte fica nas mãos de poucos.
Tais desigualdades não são por acaso, uma vez Roteiro 2 – Exercício cartográfico
que elas são produzidas por um conjunto de rela- A leitura e análise do “Mapa-múndi: o Índice
ções que abrangem as esferas da vida social. Por de Desenvolvimento Humano dos Estados-mem-
exemplo: na economia existem relações que le- bros da Organização das Nações Unidas – Ano
vam a exploração do trabalho e a concentração da 2006” deve ser realizada em dupla, sob sua orien-
riqueza nas mãos de poucos; na política, o desen- tação criteriosa: que título tem o mapa? Do que
volvimento humano é excluído das decisões go- trata seu assunto? Como se apresenta a legen-
vernamentais. da? Como é a distribuição do IDH de acordo com
os continentes? Com a ajuda de um mapa-múndi
Atividade 1 político, tente localizar os países de IDH elevado,
O seu ponto de partida para o trabalho com médio e baixo junto com a turma. Em seguida, con-
essa Oficina é a organização de um banco de ima- vide a turma para completar o quadro das respos-
gens que evidencie as diferenças entre as socie- tas, que você irá conferir a seguir:
dades humanas, isto é, as diferentes condições 1. A maior parte das nações do planeta apresenta
de vida da população mundial. Procure diversificar IDH que varia de médio a elevado.
as imagens com crianças africanas, européias, 2. O Brasil está na faixa do IDH médio.
asiáticas, latino-americanas, brasileiras, em dife- 3. As nações de IDH baixo encontram-se, sobre-
rentes condições existenciais. Você poderá levar tudo, no continente africano.
para a sala de aula o livro Crianças como Você, A solicitação para elaborar uma pergunta
indicado na seção Estante. As imagens das crian- curiosa sobre os dados do mapa pode gerar ativi-
24 Manual do Professor – ed 08

dades do tipo debate e (por que não?) um projeto Aqui você, professor, deve retomar à noção de
explorando as curiosidades da turma. desigualdade possibilitada pelo estudo do IDH.
A atividade Para casa é avaliativa: a turma • E, finalizando, uma avaliação sob a forma de
deverá reconhecer imagens e dados de revistas e um texto em quadrinhos em que o aluno deverá
jornais sobre as condições de vida de populações denunciar as condições socioambientais do
de diferentes países do mundo com base no mapa nosso planeta.
de IDH trabalhado. Aos internautas, sugerimos uma Veja os instrumentos de avaliação de de-
visita ao site da Wikipedia para ampliar as informa- sempenho que esse roteiro lhe oferece!
ções sobre a temática. Leia a síntese a seguir, para se informar mais
A aula seguinte é de tratamento da informa- sobre o tema da sustentabilidade / insustentabili-
ção dos dados coletados, através de: dade.
• leitura de textos da mídia impressa; A SUSTENTABILIDADE apresenta as se-
• apresentação de palavras novas para discussão guintes dimensões:
do significado;
• leitura de imagens; Sustentabilidade ecológica refere-se à
• apresentação de perguntas curiosas... base física do desenvolvimento e à manutenção
A noção-chave que estará em evidência é a dos estoques de recursos naturais incorporados
de sustentabilidade / insustentabilidade da nossa às atividades produtivas.
sociedade humana. O IDH analisado mostra as Sustentabilidade ambiental relaciona-se
desigualdades sociais cuja face mais perversa é com a capacidade da natureza de absorver as
representada pela fome e pobreza extrema. ações humanas e se regenerar.
Feita a análise dos dados, das imagens e Sustentabilidade social refere-se à
das informações, cada grupo terá como desafio or- melhoria da qualidade de vida da população, ven-
ganizar duas das páginas que irão compor um LI- cendo os graves problemas de desigualdade e
VRO que responderá à pergunta: Por que somos exclusão social que caracterizam vários povos da
uma sociedade insustentável? Faça um sorteio para Terra, principalmente o Brasil.
definir a tarefa de cada equipe. As tarefas são: Sustentabilidade política acha-se associa-
– ilustrar; inserir título e nome dos autores da aos processos de construção da cidadania e à
que irão compor a capa do livro; incorporação plena das pessoas nos processos de
– criar a contra-capa; desenvolvimento (GUIMARÃES: 1994 apud
– criar sumário; Barbieri: 1998).
– apresentar a obra;
– criar texto para a orelha do livro;
– organizar os textos do livro. Agora, analise o quadro a seguir. Embora
Você tem em mãos um excelente material ele esteja programado para ser trabalhado no ca-
para avaliação de desempenho de sua turma. pítulo 4, seção Ampliando nossos saberes, con-
Três atividades relacionadas finalizam o Ro- sideramos importante que você já reflita sobre as
teiro 2:
diferenças entre sociedades insustentáveis e so-
• a leitura oral de um desenho, atentando para a
simbologia do cadeado que nos prende à Terra ciedades sustentáveis desde agora.
e sua lágrima; o líquido que escorre nas mãos
humanas que parecem oprimir o planeta (eles
podem colorir, se quiserem. Preste atenção à es-
colha que farão da cor...);
• a discussão da questão apresentada: O planeta
Terra está doente ou a doença está na forma
como a sociedade humana se organiza?
25 Geografia – CP08 – 142M2

Diferenças entre sociedades sustentáveis e sociedades insustentáveis

Sociedade sustentável Sociedade insustentável

• Valorização e proteção da natureza. • Relação de domínio sobre a natureza.

• Utilização de recursos para as necessidades, • A natureza é um recurso a ser explorado.


sem desperdício.

• Os recursos naturais são finitos e, se usados • Idéia de que os recursos naturais são infinitos,
com desperdício, podem acabar. inesgotáveis.

• Soluções de problemas baseadas na • Soluções de problemas baseadas nas tecnologias


reciclagem e na adaptação a cada situação avançadas e no consumismo.
e ecossistema.

• Controle da poluição. • Descontrole da poluição.

• Produção em pequena escala, visando à • Produção em grande escala, visando a um


satisfação das necessidades básicas. consumo desenfreado e de produtos supérfluos.

• Justiça distributiva da produção dos bens e • Desigualdade social e econômica.


da renda.

• Ampliação das oportunidades de trabalho. • Redução do emprego.

• Cuidados com a moradia, o saneamento • Sem-teto, fome, falta de saneamento básico,


básico, a medicina preventiva. doenças.

• Ampliação das oportunidades de trabalho • Redução do emprego.

Roteiro 3 – Uma viagem pelo Níger e pela água. O rio mais importante também se chama
Noruega Níger, e Niamey encontra-se às margens dele. As
fronteiras territoriais do Níger são as seguintes:
O objetivo desse roteiro é de ampliar e ao norte é feita com dois países: Argélia e Líbia; ao
aprofundar o conhecimento sobre as desigualda- sul é com a Nigéria e o Benin; a leste é com o
des das sociedades do nosso planeta Terra. A ati- Chade; e a Oeste com o Mali e Burquina Fasso.
vidade consiste em tratar a informação geográfi- O dado 2 é um texto para leitura individual e
ca de um banco de dados relativos aos dois paí- coletiva, seguida da observação que mostram os
ses em pauta. graves problemas da infância da criança nigerense
O dado 1 trata da localização geográfica, e o e as condições de pobreza.
dado 2 trata das condições do desenvolvimento A organização Médicos Sem Fronteira atua per-
humano. manentemente no atendimento às populações po-
Para a atividade de localização geográfica, bres desse país. Os internautas da turma deverão
você deverá ter disponível o mapa-múndi político coletar dados sobre essa organização, conforme site
ou um atlas para cada grupo); e o globo terrestre. sugerido.
Comecemos pelo Níger. Chame a atenção Para a elaboração dos murais, sugerimos
da turma para a representação cartográfica do exer- que a turma seja dividida em dois grupos: um fica
cício – o zom mostra esse país do continente afri- responsável pelo mural do Níger, e o outro grupo,
cano que ocupa a porção cardeal centro-oeste e pelo mural da Noruega.
tem como capital da república a cidade de Niamey.
O Norte do continente africano é dominado pelo Médicos Sem Fronteiras: o que é?
deserto do Saara. O território do Níger tem dois
terços dele localizados nesse deserto. Chame Médicos Sem Fronteiras foi criada em 1971
atenção para os espaços vazios nas porções Nor- por um grupo de jovens médicos e jornalistas que,
te, Leste e Sudeste desse país. As principais cida- em sua maioria, tinham trabalhado como voluntá-
des localizam-se na porção Oeste e Sul, onde há rios em Biafra, região da Nigéria, que, no final dos
26 Manual do Professor – ed 08

anos 60, estava sendo destruída por uma guerra embaixada da Noruega em Brasília e solicitar
civil brutal. Enquanto trabalhavam para socorrer material de divulgação do país. Certamente serão
as vítimas do conflito, eles perceberam que as li- atendidos.
mitações da ajuda humanitária internacional da Endereço: SES, Avenida das Nações, Qua-
época eram fatais. Para tratar dos doentes e feri- dra 807, Lote 28, CEP 70.418-900 Brasília - DF,
dos era preciso esperar por um entendimento en- Telefone: +55 61 3443 8720 / 22 / 91 Fax: + 55 61
tre as partes em conflito ou pela autorização oficial 3443-2942 - emb.brasilia@mfa.no
das autoridades locais. Além do emperramento
burocrático, os grupos de ajuda humanitária não Atividade 2: Convite à investigação
se manifestavam diante dos fatos testemunhados. As atividades desenvolvidas na Oficina, até
Em 1971, o sentimento de frustração desse grupo agora, tiveram como intenção formadora o desen-
e a vontade de assistir às populações mais ne- volvimento mais ampliado e aprofundado acerca
cessitadas de modo rápido e eficiente deram ori- de noções e de conceitos relacionados à origem
gem à Médicos Sem Fronteiras. A organização sur- dos problemas socioambientais do nosso planeta.
giu com o objetivo de levar cuidados de saúde para Veja: não é o planeta Terra que está doente. A doen-
quem mais precisa, independentemente de interes- ça está na sociedade, ou seja, na forma como ho-
ses políticos, raça, credo ou nacionalidade. No ano mens relacionam-se entre si (marcadas pelo indi-
seguinte, MSF fez sua primeira intervenção, na Ni- vidualismo, competição cada vez mais acirrada,
carágua, após um terremoto que devastou o país. extração do lucro a qualquer preço e custo) e com a
Hoje, mais de 22 mil profissionais trabalham com natureza (relações de domínio e de exploração).
Médicos Sem Fronteiras em mais de 70 países. Faça uma leitura comentada do texto das pá-
Disponível em: http://www.msf.org.br/ ginas 14 a 20 e explique o “convite à investigação” –
Acesso em: 30 ago. 2007. O que está em evidência é a construção conceitual
de “sociedade sustentável, ou “comunidade susten-
Em seguida, estão os dados da Noruega. tável” . Relacione as idéias do texto com a realida-
O procedimento da leitura cartográfica é como o de do espaço de vivência. Confira a seguir.
usado anteriormente com o Níger: mapa-múndi e Uma comunidade sustentável vive em har-
globo terrestre. Veja que a diferença da localiza- monia com seu meio ambiente e não causa da-
ção geográfica entre os dois países merece uma nos a meios ambientes distantes ou a outras co-
atenção especial. A Noruega é um país europeu munidades – agora ou no futuro. A qualidade de
que ocupa a Península da Escandinávia. Sua lo- vida e os interesses das futuras gerações são mais
calização é vizinha do Pólo Norte, e, por isso, as valorizados do que o crescimento econômico ou o
condições climáticas são muito rigorosas, mes- consumo imediato. (Agenda 21 Local).
mo com a passagem por seu litoral sul da corren- Em outras palavras, podemos dizer que
te marinha quente proveniente do Mar do Caribe, a uma comunidade sustentável é aquela que
Corrente do Golfo. Ela é um amenizador das tem- • respeita o modo de vida das comunidades tra-
peraturas e possibilita a ocupação humana nessa dicionais;
parte do litoral. Mesmo assim, as temperaturas • valoriza a natureza do lugar;
são muito rigorosas. • tem sob seu controle qualquer tipo de poluição;
As temperaturas nos meses mais quentes • não desperdiça recursos naturais e financei-
(junho, julho e agosto) em Oslo ficam em torno de ros;
16 ºC. • valoriza todo tipo de trabalho;
• cuida da alimentação, moradia, saúde e do sa-
Em suma: a Noruega localiza-se na parte neamento básico;
norte do continente europeu e sua capital é Oslo. • protege o patrimônio cultural e natural;
Suas fronteiras são as seguintes: a leste, com a • cria oportunidades de trabalho e estimula o em-
Suécia, e ao norte, com a Finlândia, e numa pe-
preendedorismo;
quena faixa com a Rússia.
• investe recursos locais no atendimento às ne-
Os alunos já sabem que a Noruega é o país
que por quatro anos consecutivos apresenta o mai- cessidades;
or IDH dos países-membros da ONU. Convide a • faz escolhas visando ao bem comum;
turma para a leitura do texto do dado 2 – As condi- • faz coleta seletiva de lixo e recicla materiais;
ções do desenvolvimento humano na Noruega. • consome energia de fontes renováveis e não
Faça uma discussão do texto, comparando o pa- poluentes;
drão de vida do norueguês com o do nigerense. O • cria envolvimento dos jovens com serviços co-
que pode explicar o alto nível de bem-estar social munitários.
alcançado pelo provo norueguês? O Estado é
comprometido com os direitos do cidadão? Como Munidos com essas lentes para observação
é distribuída a riqueza? Não seria ela a chave para e análise da paisagem, passaremos a investigar as
explicar as condições de desenvolvimento huma- condições socioambientais do espaço de vivência
no da Noruega? Em seguida, propomos um exer- da turma.
cício com cálculos matemáticos para resolução Sobre a noção “condições socioambientais”,
individual e, após, uma apresentação coletiva. Para cabe aqui uma explicação. O significado da pala-
finalizar, convide a turma para organizar um mural vra ambiente, durante muito tempo, referia-se ex-
da Noruega. Vocês podem fazer contato com a clusivamente a uma dimensão naturalista. Na
27 Geografia – CP08 – 142M2

medida em que a problemática ambiental contem- mulação, execução e acompanhamento de pla-


porânea agravou-se, tornou impossível a nos, programas e projetos de desenvolvimento ur-
desvinculação entre sociedade e natureza. Em ra- bano;
zão disso, a Geografia incorporou a dimensão so- III – cooperação entre os governos, a inicia-
cial como sujeito da crise ambiental planetária. tiva privada e os demais setores da sociedade no
processo de urbanização, em atendimento ao in-
Roteiro 1: Avaliação da qualidade socioam- teresse social;
biental do nosso espaço de vivência IV – planejamento do desenvolvimento das
cidades, da distribuição espacial da população e
A cada censo demográfico divulgado pelo das atividades econômicas do Município e do terri-
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística tório sob sua área de influência, de modo a evitar e
(IBGE), ganha velocidade o processo de urbaniza- corrigir as distorções do crescimento urbano e seus
ção brasileira. A mudança de país predominante- efeitos negativos sobre o meio ambiente;
mente rural para urbano ganhou velocidade no V – oferta de equipamentos urbanos e co-
período 1960-1970, quando a relação se inverteu: munitários, transporte e serviços públicos adequa-
dos 13 475 472 domicílios recenseados no Bra- dos aos interesses e necessidades da população
sil em 1960, pouco menos da metade (49%), e às características locais;
se situavam nas áreas urbanas ; em 1970, VI – ordenação e controle do uso do solo,
quando foram contados 18 086 336 domicílios, de forma a evitar:
esse percentual já chegava a 58%. (http://
www.ibge.gov.br/). Na atualidade, mais de 80% dos a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;
brasileiros vivem em cidades, e esse crescimento b ) a proximidade de usos incompatíveis ou incon-
urbano não pára. Se a cidade e o urbano são con- venientes;
teúdos de longa tradição nos estudos da Geogra- c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso
fia escolar, redobra-se a relevância de seus estu- excessivos ou inadequados em relação à infra-
dos com um foco na cidade do presente, com seus estrutura urbana;
graves problemas socioambientais e os desafios d) a instalação de empreendimentos ou ativida-
de uma gestão democrática postos à administra- des que possam funcionar como pólos gerado-
ção pública, à sociedade civil organizada e a toda res de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura
a comunidade. É nesta direção que desenvolvere- correspondente;
mos cada uma das atividades propostas para essa e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que
investigação. Não deixe de envidar esforços (saí- resulte na sua subutilização ou não-utilização;
das a campo; entrevistas com autoridades locais/ f) a deterioração das áreas urbanizadas;
estaduais/federais de forma presencial/telefone/e- g) a poluição e a degradação ambiental;
mail; enquetes; visitas de estudos, trilhas; pales-
tras com especialistas) para possibilitar que os VII – integração e complementaridade en-
alunos decifrem/codifiquem a forma político-admi- tre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o
nistrativa de organização do espaço de vivência e desenvolvimento socioeconômico do Município e
a responsabilidade social de todos em torná-lo do território sob sua área de influência;
um bom lugar para todos viverem. VIII – adoção de padrões de produção e
Vamos aprofundar seu nível de informação. consumo de bens e serviços e de expansão urba-
A Constituição de 1988, em seus artigos 182 e na compatíveis com os limites da sustentabilidade
183, instituiu o Estatuto da Cidade, mas sua regu- ambiental, social e econômica do Município e do
lamentação deu-se pela LEI n. 10 257, DE 10 DE território sob sua área de influência;
JULHO DE 2001, estabelecendo, enfim, as diretri- IX – justa distribuição dos benefícios e ônus
zes gerais da política urbana brasileira. Confira o decorrentes do processo de urbanização;
artigo 2 da Lei: X – adequação dos instrumentos de política
econômica, tributária e financeira e dos gastos pú-
(...) blicos aos objetivos do desenvolvimento urbano,
Art. 2.o A política urbana tem por objetivo de modo a privilegiar os investimentos geradores
ordenar o pleno desenvolvimento das funções so- de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos dife-
ciais da cidade e da propriedade urbana, median- rentes segmentos sociais;
te as seguintes diretrizes gerais: XI – recuperação dos investimentos do Po-
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, der Público de que tenha resultado a valorização
entendido como o direito à terra urbana, à moradia, de imóveis urbanos;
ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urba- XII – proteção, preservação e recuperação
na, ao transporte e aos serviços públicos, ao traba- do meio ambiente natural e construído, do patri-
lho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; mônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e ar-
II – gestão democrática por meio da partici- queológico;
pação da população e de associações representa- XIII – audiência do Poder Público munici-
tivas dos vários segmentos da comunidade na for- pal e da população interessada nos processos de
28 Manual do Professor – ed 08

animais, encostas dos morros) e cultural


implantação de empreendimentos ou atividades
(edificações e monumentos preservados, livre de
com efeitos potencialmente negativos sobre o
pichações); à proteção à infância e à velhice; ao
meio ambiente natural ou construído, o conforto
cuidado com a coleta e o destino do lixo; ao sane-
ou a segurança da população;
amento básico, com rede de esgoto e água trata-
XIV – regularização fundiária e urbaniza-
da em todos os bairros. E, é claro, da organização
ção de áreas ocupadas por população de baixa
dos cidadãos para fazer valer seus direitos a uma
renda mediante o estabelecimento de normas es-
vida sustentável.
peciais de urbanização, uso e ocupação do solo e
Discuta as idéias do texto com a turma. Es-
edificação, consideradas a situação socioeconô-
timule e acolha as perguntas curiosas, sem a pre-
mica da população e as normas ambientais;
ocupação imediata de responder a elas. Registre-
XV – simplificação da legislação de
as para incorporá-las às atividades de análise que
parcelamento, uso e ocupação do solo e das nor-
virão. Veja que é nosso propósito formar pessoas
mas edilícias, com vistas a permitir a redução dos
questionadoras, inteligentes, cidadãs, empreen-
custos e o aumento da oferta dos lotes e unidades
dedoras, que façam a sua parte na construção de
habitacionais;
um espaço geográfico com sustentabilidade.
XVI – isonomia de condições para os agen-
Confira e oriente o Roteiro da Atividade, que
tes públicos e privados na promoção de empreen-
deverá ser realizado em casa.
dimentos e atividades relativos ao processo de ur-
A atividade é individual e cada aluno deverá
banização, atendido o interesse social.
colocar em ação três dos seus órgãos dos senti-
dos (visão, audição e olfato) na observação das
Acesse o documento completo navegando no
condições socioambientais do espaço de vivência.
site:
O mote é o comportamento das pessoas e a ação
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
ou omissão da administração municipal em rela-
LEIS_2001/L10257.htm
ção ao ambiente do espaço de vivência. Além dos
registros escritos a partir do observado, ele deve-
rá representá-los. Quem tiver câmera fotográfica
Você, professor, deve ter notado, na leitura
poderá usá-la ou, então, desenhar.
desse texto, a estreita relação entre algumas das
noções que fundamentam a geografia escolar de- Na sala de aula, proceda ao tratamento dos
senvolvida nesta Coleção com as questões rela- dados coletados pela turma. Você pode reuni-los
cionadas à organização do espaço geográfico e, em grupos para facilitar a tabulação dos mesmos.
nele, a organização da vida em sociedade, preco- Em seguida, os grupos se apresentam e você faz
nizadas no texto da Constituição Brasileira de 1988, os registros no quadro, e a turma, no livro, na pági-
e transformadas na Lei N. 10.257, de 10 de julho na 17.
de 2001. É um esforço de todos para a organiza- A tarefa agora é mapear os dados na planta
ção de uma vida mais sustentável objetivando tirar da cidade, valendo-se, para isso, das fotos e dos
o planeta Terra dessa rota de colisão que nos es- desenhos trazidos pelos alunos. O resultado será
preita. Perceba que o Governo Federal em 2001 a localização geográfica dos pontos críticos dos
fez referendar, sob a forma de Lei, os pressupos- problemas socioambientais do espaço de
tos da Agenda 21, elaborada na Cúpula da Terra vivência. Transformem a elaboração das conclu-
(Rio-92). sões e o mapeamento feito em um artigo para
Nesses termos, encaminhamos as ativida- publicação no jornal da escola / da comunidade /
des propostas nessa investigação. Confira o texto da cidade e região ou até enviar para o Webmaster
da atividade 1 do livro do aluno: incluir no site da cidade. Parabéns pelos resulta-
O Estatuto da Cidade garante ao cidadão dos obtidos no Roteiro 1!
viver em cidades sustentáveis, quer dizer, com
direito à terra urbana; à moradia; ao trabalho; ao
Roteiro 2 – Como a comunidade avalia a
lazer e aos serviços urbanos (transportes, abaste-
qualidade socioambiental do espaço de vivência?
cimento de água, esgotamento sanitário, drena-
A atividade inicia-se com um texto que diz o
gem urbana, limpeza pública, tratamento de resí-
duos sólidos, eletricidade, telefone e gás). seguinte:
De quem é a responsabilidade pela qualidade O Estatuto da Cidade nos garante o direito
socioambiental do espaço de vivência? Você acertou de vivermos em cidades sustentáveis.
se pensou na administração municipal, pois ela deve Para a construção de uma cidade sustentá-
cumprir as leis que ordenam os direitos do cidadão. vel, o poder público precisa contar com a colabora-
Mas não é só. A qualidade socioambiental ção dos empreendedores locais e com a iniciativa
do espaço de vivência depende também do nível popular, propondo programas e projetos de desen-
de consciência ecológica de seus habitantes. volvimento urbano do interesse da comunidade. Isso
Quer dizer, das atitudes das pessoas em relação é o que vem sendo entendido por gestão democrá-
ao uso e consumo dos lugares públicos; à conser- tica da cidade. Todos participando ativamente na
vação do patrimônio natural (ar, água, vegetação,
29 Geografia – CP08 – 142M2

construção de um espaço geográfico que atenda aos 3 – O lixo é um problema muito sério. Que destino
interesses e necessidades de todos os cidadãos. tem dado aos resíduos do processo produtivo
Organize a turma em três grupos de de sua empresa?
entrevistadores e divida as tarefas entre eles: 4 – Que tipo de colaboração os senhores podem
Grupo de entrevista aos moradores oferecer ao poder público e à comunidade para
Esse grupo deve englobar um número mai- a melhoria da qualidade socioambiental?
or de alunos, para que a amostra dos moradores
seja a mais significativa possível, isto é, abarque Grupo de entrevista à administração pú-
diversos grupos sociais, desde os mais pobres blica da cidade
aos mais abastados. Esse grupo deve entrevistar um represen-
Sugestão de perguntas dirigidas aos mo- tante da administração pública. A entrevista pode
radores da comunidade: ser feita por carta/e-mail e dirigida à assessoria
1 – Quais são os problemas socioambientais da do prefeito ou ao secretário de meio ambiente. É
nossa cidade? muito importante, na formação do cidadão, com-
2 – Em sua opinião, o que causa esses problemas? preender, desde tenra idade, que a cidade tem uma
3 – Você se acha um consumidor consciente, da- lógica de organização. Essa lógica envolve toda a
queles que pensam duas vezes antes de comunidade: ela elege seus representantes pelo
comprar ou é um consumidor compulsivo, voto direto e pode e deve participar da construção
tudo o que vê quer comprar, sem medir as de uma gestão democrática. Desse modo, entre-
conseqüências? vistar a administração pública da cidade não pode
4 – A qualidade socioambiental de uma cidade de- ser entendido como um incômodo às autoridades,
pende da participação efetiva de toda a comuni- mas a participação delas no processo formador
dade nas questões sociais, culturais e econô- do cidadão.
micas do município. Como você avalia sua par- Sugestão de perguntas:
ticipação? 1 – A administração municipal tem assegurado o
fornecimento de água potável, coleta de lixo e
Grupo de entrevista aos empreendedores tratamento do esgoto doméstico e industrial
da cidade para todos os moradores da nossa cidade?
Esse grupo deve entrevistar um represen- 2 – Quais são os problemas de difícil solução para
tante de cada ramo de atividade identificado na a melhoria da qualidade socioambiental da
comunidade. Por exemplo: um comerciante, um nossa cidade?
fazendeiro, um industrial, um artesão, um feirante, 3 – Que providências têm sido tomadas para
motorista de táxi... resolvê-los?
Sugestão de perguntas: 4 – Como o senhor avalia a participação da comu-
1 – Como o senhor vê a qualidade socioambiental nidade na busca de melhora da qualidade so-
da nossa cidade? cioambiental da nossa cidade?
2 – Seu empreendimento pode ser considerado Com os dados coletados, passa-se ao tra-
ecologicamente correto, isto é, as tecnologias tamento dos mesmos, começando pela análise,
e energia usadas não poluem o ambiente? sob a sua orientação. Entre as atividades que se-
Caso contrário, o que tem impedido sua cola- guem, selecione aquelas que você considerar
boração para com a “limpeza” da nossa cidade mais adequadas à sua turma:
e do no nosso planeta?
30 Manual do Professor – ed 08

Problematizar Identificar Reconhecer

Propor Comparar

Relacionar ANÁLISE DOS DADOS Reorganizar

Imaginar Criticar

Resumir Concordar / discordar

Descrever Interpretar Levantar hipóteses

A atividade de análise é feita individualmente e depois em pequenos grupos. Os resultados devem ser
registrados. A essa altura, as fotos já foram reveladas e devem ser agora apreciadas, analisadas, selecionadas
e legendadas.

Roteiro 3 – Comunicação do resultado da 5 – Populações tradicionais: uma outra re-


investigação: lação com a natureza?
A atividade é a apresentação dos resulta-
dos da investigação na busca de responder à se-
guinte questão: Somos uma comunidade susten- Esta seção propõe a você, professor, tomar
tável? Eles devem ser registrados em diversas outras escalas espaciais e temporais com o obje-
linguagens. Por exemplo: gráficos e tabelas; poe- tivo de enriquecer os conteúdos planejados para
sia; histórias em quadrinhos; charges; tirinhas; de- o desenvolvimento do capítulo em estudo. A turma
senhos; textos diversos. exercitou-se avaliando o legado da herança cultu-
A turma fará um trabalho coletivo – Propos- ral e as condições socioambientais no modo de
tas para melhoria das condições socioambien- viver o espaço que habita.
tais de nossa cidade: (1) Para proteger o meio É preciso, agora, ampliar o foco do seu olhar
ambiente; (2) Para melhorar as condições de vida para a escala nacional. Iniciamos essa abertura
e trabalho da população carente; (3) Para melho- com uma exploração geográfica do Pantanal Mato-
rar as condições de coleta de lixo e outras, depen- Grossense. Monte seu banco de dados e imagens!
dendo da realidade do seu espaço de vivência. Informe-se. O texto a seguir será de muita valia.
Ao final, façam uma exposição, promovam Confira.
uma mesa-redonda no auditório, apresentem uma O texto responde em parte às questões pro-
sessão de projeção do vídeo produzido (se for o blematizadoras que levantamos e trabalha com
caso), uma dramatização em sala ou no auditório. duas noções importantes da atividade turística: alta
temporada e baixa temporada. Observe a varia-
ção na paisagem pantaneira de acordo com a
estação verão / inverno. Você também pode ler este
texto que segue para a turma:
31 Geografia – CP08 – 142M2

O Pantanal Os peixes se deslocam em grandes cardumes


O verão costuma ser o tempo de vacas e tornam-se presas fáceis de predadores. O Pan-
magras para o turismo no Pantanal Mato- tanal vira abrigo de pássaros migratórios, como
Grossense. Nessa estação, chove muito e toda colhereiros, biguás e frangos-d’água, que se jun-
a planície fica inundada pela cheia dos rios. O tam aos que sempre estão por lá, como tuiuiús
acesso é difícil e só se chega de barco ou avião. e araras-azuis. Na região norte do Pantanal, em
Até pouco tempo atrás, os turistas evitavam a Poconé, há pousadas como a Araras Eco Lodge,
região nesta época do ano. Achavam que o Pan- em que as principais atrações são um imenso
tanal só valia a pena no período da seca. Esse é ninhal de araras-azuis e uma grande concen-
um mito que começa a ser desfeito. Os brasilei- tração de ariranhas. Outras, como a Aguapé, em
ros estão descobrindo que é no verão que a Aquidauana, na parte sul da região, transfor-
planície fica mais verde e colorida do que nun- mam-se em um enorme viveiro para 370 espé-
ca, com diversos tipos de flores, pássaros e ria- cies de pássaros, entre eles a garça-real, o
chos que só são vistos agora. As fazendas tam- surucuá e a noivinha. As aves são atraídas por
bém tiram proveito da estação para realizar ati- goiabeiras, mangueiras, jabuticabeiras e caju-
vidades pouco comuns, como mergulhos para eiros plantados no hotel. Essas árvores ficam
observação de peixes nos rios temporários. carregadas de frutas nesta época do ano. Al-
É um cenário diferente que já atrai mui- guns hotéis oferecem passeios mais sofistica-
tos estrangeiros. “Os brasileiros simplesmente dos. A Fazenda Rio Negro, propriedade da or-
se esqueciam do Pantanal durante o verão”, diz ganização Conservation International, perten-
Beatriz Rondon, presidente da Associação do ceu à família do marechal Rondon e tem uma
Vale do Rio Negro, região sul do Pantanal. Os sede centenária. Além de se hospedarem numa
hotéis também começam a tirar partido do cli- casa histórica, os visitantes podem sair a cam-
ma para valorizar suas atrações. Neste ano, o po junto com pesquisadores que realizam estu-
número de turistas aumentou até 50% em rela- dos sobre a fauna e a flora da região. Assim, é
ção ao ano passado e a maioria das pousadas possível também aprender um pouco mais so-
já está lotada até janeiro. bre esse santuário da natureza que os brasilei-
Com as cheias, o nível da água aumenta ros ainda conhecem tão pouco.
tanto que, em algumas regiões, formam-se gran- VEJA: Atrações fora de época no Pantanal.
des rios temporários. São as chamadas vazan- São Paulo: Abril, 19 dez. 2001.
tes, por onde a água da cheia escoa a velocida-
de baixíssima. Com profundidade que varia de Essa seção, no livro do aluno, inicia-se com
1,5 a 3 metros, dezenas de metros de largura e um texto que tem por objetivo amarrar as discus-
até 90 quilômetros de extensão, alguns deles sões anteriores, deixando explícita a noção de
se transformam em refúgios de água transpa- consumismo, o problema de resíduos e os riscos
rente para dezenas de espécies de peixe. São de contaminação em áreas de contato. É o plane-
aquários gigantes onde o turista pode mergu- ta como um todo que sofre essa degradação, por-
lhar munido de máscara e snorkel para obser- que a poluição não respeita limites / fronteiras
var dourados, pacus e pintados, peixes que es- territoriais. Então, por se tratar de uma situação
tão protegidos da pesca entre os meses de no- global, deve ser enfocada numa visão planetária,
holística.
vembro e fevereiro. Na Fazenda Barra Mansa,
Após a leitura silenciosa do texto, veja com
que tem em sua área uma dessas vazantes, é
a turma quais são as palavras cujo significado pre-
possível praticar mergulho, canoagem e caval-
cisam discutir.
gadas na borda desses rios temporários e ain-
Algumas questões são apresentadas e
da observar os animais isolados em meio a
você deverá retomá-las ao final da atividade: “...
ilhotas cercadas pela água. Na Pousada
Como tem sido organizada a vida num dos últimos
Mangabal, outra fazenda da região, essas for-
paraísos naturais do planeta, o Pantanal Mato-
mações viram refúgio para uma multidão de ja-
Grossense? Como os turistas que o visitam usu-
carés-caímãs. São tantos que os turistas preci-
fruem de suas belezas? E seus moradores? E os
sam tomar cuidado para não pisar nos animais
vizinhos urbanos e rurais desse paraíso? Não se
quando caminham pela beira da vazante.
esqueça de localizar, com os alunos, a região
Na seca, estação que vai de junho a outu-
pantaneira, no mapa do Brasil.
bro, as aves costumam ser atraídas aos milha-
res pelos peixes presos nas lagoas que secam
com o calor. No verão, é a piracema que as traz.
32 Manual do Professor – ed 08

Monte o seu banco de dados e informações. água em abundância são as causas responsá-
ampliando os conhecimentos contidos nos desa- veis por esse verdadeiro viveiro natural.
fios e no texto de apresentação do Pantanal. Estu- Como essa atividade é individual, ela deve
de seu bioma; suas águas; seus tipos de solos; e ser partilhada, ao final, com toda a turma.
a vegetação típica com exemplares do cerrado, da
Floresta Amazônica, da Mata Atlântica, num verda- Atividade 2 – Leitura de mapa: Onde fica o
deiro mosaico das espécies vegetais do país bem Pantanal?
como dos países que são vizinhos a ele. No O roteiro dessa atividade, que inicialmente
Paraguai e na Bolívia, o Pantanal leva a denomi- deve ser feita de modo individual para que você
nação de Chaco (leia Tchaco). Verifique em quais possa avaliar o desempenho cartográfico de cada
estados brasileiros localiza-se esse bioma e os aluno, está organizado com questões de a) a j). As
riscos de contaminação de uma das últimas re- respostas devem ser produto da observação do
servas naturais e paradisíacas do planeta. Fique mapa. Veja a chave de conferência a seguir:
expert em Pantanal! Encante sua turma com seu
entusiasmo, procurando despertar o sentimento a) Os estados brasileiros onde se localiza o Pan-
de preservação dos nossos patrimônios naturais tanal: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
e culturais. b) A qual dos dois estados pertence a maior parte
Confira as atividades no livro do aluno. dessas terras? Ao estado do Mato Grosso do
Sul.
c) Países que fazem fronteira com o Pantanal: Bo-
Atividade 1– Leitura de imagens lívia e Paraguai.
Convide a turma para observar, descrever as d) Bacia hidrográfica que drena as terras
imagens do Pantanal e opinar sobre elas. Provo- pantaneiras: é o Rio Paraguai e seus afluentes
que os alunos com perguntas desafiantes do tipo: Miranda, Taquari, Cuiabá, Coxim, Aquidauana,
Por que será que existe essa profusão de vida no entre outros.
Pantanal? A resposta relaciona-se ao clima tropi- e) A cidade mais importante no Pantanal é
cal, quente e com duas estações bem marcadas: Corumbá, que fica na fronteira com a Bolívia.
verão chuvoso e inverno seco. Nas regiões pola- f) Corumbá se localiza no estado do Mato Grosso
res, por exemplo, o frio inibe a grande diversidade do Sul.
de animais e os mais importantes são a foca, o g) A rodovia federal de acesso ao Pantanal é a BR-
pingüim, o urso, o lobo-marinho. 262.
h) Essa rodovia liga Campo Grande (capital do
Em seguida, faça com a turma o exercício Mato Grosso do Sul) a Corumbá.
“Orientação para a leitura coletiva das imagens do i) O grande entroncamento rodoviário é a cidade
Pantanal”, à página 23. Em primeiro lugar, propo- de Campo Grande.
mos uma discussão do significado da palavra “pân- j) As rodovias procedem de São Paulo, de Goiás
tano”, segundo o dicionário Aurélio, e a escolha e do Mato Grosso.
daquele corretamente aceito para designar o “Pan-
tanal” – “terras baixas e alagadiças” conforme a Atividade 3 – Leitura de texto
leitura que você fez do texto da página 30 deste
manual. Outra questão que poderá encantar a tur- Essa atividade pode ser realizada como ta-
ma é tentar descobrir o porquê da enorme varie- refa de casa e compartilhada na sala de aula.
dade da vida selvagem no Pantanal (pergunta Estimule a turma ao aprofundamento dos
nº 4). A relação catalogada considera: problemas socioambientais do Pantanal proble-
– Mamíferos – 95 matizando as idéias do texto.
– Aves – 665 A tarefa final pode e deve ser considerada
– Répteis – 162 uma atividade avaliativa. Trata-se de COMPARAR
– Anfíbios – 40 os problemas ambientais do espaço pantaneiro
A variedade de hábitats combinados com com os problemas ambientais do espaço vivência
uma grande variedade de solos, vegetação e a
33 Geografia – CP08 – 142M2

de seu município. Veja: é a aplicação de um co-


propomos três exercícios envolvendo a E.F. Noro-
nhecimento a uma nova situação, ou seja, uma
este. O primeiro é cartográfico: o mapeamento de
capacidade de alto nível intelectivo.
seu percurso. O mapa da página 23 do livro do
aluno demarca o antigo trecho da ferrovia em terri-
Atividade 4 – Leitura de texto com desafios e tório pantaneiro por onde passa hoje a BR 262
debate (Campo Grande–Corumbá). Agora, usando o atlas,
os alunos deverão localizar a cidade de Bauru, no
O MODO DE VIDA PANTANEIRO. Esse é o estado de São Paulo. Ligá-la a Campo Grande, no
título do texto que será trabalhado nessa ativida- Mato Grosso do Sul e Corumbá, na fronteira com a
de. Inteire-se de seu conteúdo, lendo-o no livro do Bolívia. No mapa da página 29, eles deverão tra-
aluno. Chame a atenção da turma para os dados çar uma linha colorida (legenda) da E. F. Noroeste
que caracterizam a cultura do homem pantaneiro: do Brasil, como indicado no mapa.
sua alimentação, a rotina de seu cotidiano no trato O aprofundamento do estudo desse espa-
com o gado, a pesca, o extrativismo vegetal e a ço cortado por essa ferrovia dependerá do interes-
importância da influência alimentar e no linguajar se e da localização geográfica da turma no contex-
da cultura indígena fronteiriça (paraguaios e boli- to brasileiro.
vianos), dos índios terenos e bororós, entre ou- O segundo exercício é a seguinte questão
tros, os primeiros habitantes da terra pantaneira problematizadora: A Estrada de Ferro Noroeste do
no lado brasileiro. Esse homem moderno que po- Brasil ainda existe? Sugerimos consulta ao site:
voou o Pantanal foi introduzido na região a partir http://www.vitruvius.com.br/minhacidade/mc017/
das Entradas e Bandeiras paulistas, mantendo- mc017.asp
se isolado até a chegada dos trilhos da Estrada A partir dos dados coletados, cada um de-
de Ferro Noroeste do Brasil, no século XX. verá elaborar uma pergunta curiosa para proceder
Essa ferrovia teve uma enorme importância ao debate. Você, professor, não deve responder
no processo de formação das primeiras cidades e às perguntas dos alunos. Deve incentivá-los a
na ampliação do povoamento, até então escasso. aprender a elaborá-las e, juntos, buscarem as res-
A ferrovia precedeu a fixação do homem branco e o postas. Desse modo, podem surgir projetos de
surgimento de inúmeras cidades (entre elas, trabalho para o aprofundamento do tema.
Miranda, Aquidauana). As estações e os alojamen- O terceiro exercício trata da Ferrovia do
tos, construídos para abrigar os trabalhadores en- Pantanal ou “Trem do Pantanal turístico”. Com pre-
volvidos nas obras, acabaram por se constituir em visão para circular, em setembro de 2008, no tre-
pioneiros núcleos de povoamento ao longo das cho de 84 km entre Corumbá e o distrito de Porto
suas linhas. Esperança. São cinco carros – três classes exe-
Seu projeto inicial visava a uma saída bra- cutiva, com 186 poltronas; um restaurante e um
sileira para o Oceano Pacífico, a partir da panorâmico – vai se confundir com a natureza que
interligação com a ferrovia boliviana. Esse projeto permeia os antigos trilhos da Estrada de Ferro
não saiu do papel. Por outro lado, a ligação de Noroeste do Brasil (NOB). A novidade é o carro-
Bauru (SP) a Campo Grande, que naquela época varanda, com 40 assentos e sem janelas, propici-
ainda pertencia ao estado do Mato Grosso, teve ando visão panorâmica da paisagem e maior inte-
um relevante papel na interiorização da atividade gração com o ambiente. O novo design foi conce-
agrícola e povoamento do Oeste paulista e do Sul bido pela Brasil Ferrovias em convênio com o go-
do Mato Grosso, rumo à fronteira da Bolívia, ao verno do estado, em 2005. A decoração externa
chegar à cidade de Corumbá; e alcançado a fron- dos carros é expressiva, surgindo, em grandes
teira paraguaia a partir de um ramal ligando Cam- painéis, onças, tuiuiús, jacarés, peixes, ipês ama-
po Grande a Ponta Porã. No entanto, essa ferrovia, relos, borboletas, o homem e araras-azuis, expres-
como tantas outras em território brasileiro, foi sando a rica fauna e flora pantaneira. Também é
desativada na década de 1990. No trecho Campo retratada a história de Corumbá, através do
Grande a Corumbá, está em implementação o pro- Casario do Porto e da ponte ferroviária sobre o Rio
jeto turístico do Trem do Pantanal. Paraguai, em Porto Esperança, construída na dé-
Dada sua importância regional no desen- cada de 40 do século passado.
volvimento dessa porção do território brasileiro, Fonte: http://www.tveregional.com.br/
noticias_view.php?ID=7149.
34 Manual do Professor – ed 08

A música pantaneira é outro componente Atividade 5 – Interpretação de texto com leitura


da cultura local. Vamos abordá-la no exercício qua- de imagens
tro. Escolhemos Almir Sater para representá-la,
na música “Tristeza do Jeca”. Você pode encontrá- A atividade 5 trata da investigação de uma co-
munidade quilombola. Como introdução, propomos
la no CD “Rasta Bonito”, de 1989. Confira a letra e
trabalhar o texto 2, seção ANEXOS, páginas 39 e 40
explore-a com a turma:
do livro do aluno, sob a forma de dois roteiros. No
Nestes versos tão singelos
primeiro roteiro, trabalhe a leitura do texto em si –
Minha bela, meu amor o modo de vida das comunidades tradicionais. No
Prá você quero contar segundo roteiro, proceda a leitura e a interpreta-
O meu sofrer e a minha dor ção das duas imagens: a primeira retrata o dia-a-
dia de uma comunidade indígena; a segunda de
Eu sou como o sabiá uma comunidade de pescadores, como a dos
Quando canta é só tristeza caiçaras. Os alunos precisam identificá-las e des-
Desde o galho onde ele está cobrir na ilustração as pistas que as identificam.
Nesta viola eu canto e gemo de verdade Em seguida, discutam as diferenças entre o modo
de vida de uma comunidade tradicional em rela-
Cada toada representa uma saudade ção ao modo de vida das pessoas das cidades.
Eu nasci naquela serra Para finalizar, discutam o porquê do baixo nível de
Num ranchinho beirachão poluição nos espaços de vivência de comunida-
des tradicionais. Essa atividade pode ser feita em
Todo cheio de buraco dupla e, ao final, promova o compartilhamento das
Onde a lua faz clarão respostas e incentive um debate sobre as idéias
Quando chega a madrugada apresentadas pela turma.
Lá na mata a passarada Em entrevista às turmas de 2005, o Profes-
sor Antônio Carlos Diegues responde do seguinte
Principia o barulhão modo à pergunta feita por alunos sobre as formas
Nesta viola, eu canto e gemo de verdade de proteção da pluralidade cultural do nosso país,
Cada toada representa uma saudade representada pelas comunidades tradicionais:
Lá no mato tudo é triste O que podemos fazer para proteger essas
Desde o jeito de falar comunidades é pedir aos professores de suas es-
Pois o Jeca quando canta colas que falem sobre aquelas que existem próxi-
Dá vontade de chorar mas às suas cidades, organizem visitas, pesqui-
sas simples com questionários que os morado-
O choro que vem caindo res tradicionais respondem. Vocês também po-
Devagar vai se sumindo dem pesquisar na Internet e através do Google e
Como as àguas vão pro mar outros portais de busca, entrando com as palavras
Nesta viola, eu canto e gemo de verdade caiçaras, quilombolas, sertanejos, etc.
Cada toada representa uma saudade. Observe, professor, que a sugestão desse
eminente antropólogo, defensor das comunidades
OLIVEIRA, Angelino. Tristeza do Jeca. In: Almir
tradicionais brasileiras, reforça a necessidade de
Sater. Rasta Bonito. CD Continental, 1989.
fazer esse levantamento no município ou estado
onde vocês vivem. Caso não exista comunidade
Para finalizar, sugerimos uma atividade mui-
quilombola, opte por qualquer outra comunidade
to especial: a degustação de uma iguaria
tradicional, tais como indígena, caipira, pantaneira,
pantaneira, o arroz boiadeiro. Ele pode ser prepa-
quebradeira de coco, ribeirinha, sertaneja, caiçara,
rado, inclusive, na cantina da escola, com a partici- existente nas proximidades de sua cidade. O im-
pação de todos na compra dos ingredientes e na portante é formar atitudes respeitosas e valorativas
preparação do prato. Caso não seja possível, dis- em nossos pré-adolescentes para que se tornem
cuta com a turma outra forma de vocês comparti- defensores de nossa rica pluralidade cultural.
lharem essa iguaria, por exemplo, no fim de sema- Essa investigação é proposta na página 31
na em casa de um dos componentes da turma,
do livro do aluno. Faça uma leitura coletiva do texto
com a anuência da família. Confira a receita, no
introdutório e discuta as idéias mais importantes.
livro do aluno e bom apetite para vocês.
35 Geografia – CP08 – 142M2

Não são apenas os índios que brigam para uma região e mantêm o mesmo modo de vida de
preservar suas tradições. A Secretaria Especial de seus antepassados, numa estreita dependência
Políticas de Promoção da Igual de Racial reconhe- do meio natural. São muitos os seus problemas,
ce cerca de 700 comunidades remanescentes de e o mais difícil, embora eles tenham esse direito
quilombos espalhadas pelo Brasil. A maior parte garantido em lei, é a luta pela posse da terra de
encontra-se na região Nordeste. Uma população seus ancestrais.
de, aproximadamente, 2 milhões de habitantes,
que faz da luta pela terra uma via de afirmação de
sua cultura. Apesar de esse direito estar previsto CULTURA CAIÇARA
na Constituição de 1988, apenas 32 comunidades
conseguiram o título de suas terras em todo o país. A população tradicional Caiçara é hoje
Assim como os índios, os descendentes de qui- um dos últimos traços visíveis do momento da
lombolas dedicam-se à agricultura, caça, pesca, criação do povo brasileiro. Fazendo parte das
culturas litorâneas brasileiras, os caiçaras re-
coleta de frutos, além do artesanato.
presentam um forte elo entre o homem e seus
REVISTA Os caminhos da Terra. São Paulo: Editora Azul.
recursos naturais, gerando um raro exemplo de
Ano 12 n.143, mar. 2004. p.12. comunidade harmônica com o seu ambiente.
Turistas e aventureiros que buscam o litoral su-
Em seguida, estabeleça um diálogo dos alu- deste como abrigo para suas férias, travam con-
nos com as seguintes perguntas: tato, sem saber, com uma das mais belas e anti-
• O que eram os quilombos? gas culturas brasileiras.
• Como se organizavam?
• Onde se localizavam? Origem dos caiçaras
• Quais eram os seus objetivos?
• Quais foram os quilombos mais importantes? No Brasil, há inúmeras nações indíge-
nas. No ato da colonização, os índios foram sen-
• Quem foi Zumbi dos Palmares?
do exterminados de nosso litoral, deixando he-
• Quem são os quilombolas?
ranças que ainda hoje se perpetuam. Os caiçaras
Planeje a atividade investigativa junto com são um exemplo vivo dessa combinação, que
o professor de História. Inclua no planejamento se estabeleceram nos costões rochosos,
uma visita de estudos à comunidade tradicional restingas, mangues e encostas da Mata Atlânti-
para que a turma possa conhecer e entrevistar seus ca.
integrantes acerca de seus saberes e fazeres, e A palavra caa-içara é de origem tupi-
coletar dados sobre as questões levantadas ante- guarani. Separadas, as duas palavras sugerem
riormente. O resultado pode gerar ações de inter- uma definição: caa significa galhos, paus, “mato”,
venção na realidade, por exemplo, o cumprimento enquanto içara significa armadilha. A idéia pro-
legal da posse da terra de seus antepassados. vinda dessa junção seria, à primeira vista, uma
armadilha de galhos. Essa armadilha também
poderia estar ligada à denominação dada pelos
indígenas aos trabalhadores da costa brasileira
no início do século XVI para designar os índios
escravos que colhiam o pau-brasil; a armadilha
estaria ligada também aos espinhos que o tron-
co da madeira possui, dificultando seu transpor-
te. O termo, porém, denomina as comunidades
6 – O futuro das populações tradicionais de pescadores tradicionais de muitos estados
brasileiros como São Paulo, Paraná e Rio de
Inicie a aula retomando e comentando as Janeiro .
informações contidas no texto 2, da seção Ane- Os caiçaras evoluíram aproveitando os
recursos naturais à sua volta, que resultou numa
xos. Depois, convide os alunos à leitura do texto
grande intimidade com o ambiente. Essas pe-
de abertura da seção Trilha. Trata-se de uma ativi-
quenas comunidades tentam, ainda hoje, pre-
dade que envolve o futuro das comunidades tradi- servar seus valores de grupo. Suas terras foram
cionais ainda existentes no território brasileiro. Cha- alvo da especulação imobiliária, devido à sua
mamos de populações tradicionais os grupos hu- beleza e excelente estado de conservação, mas
manos culturalmente diferenciados que vivem em
36 Manual do Professor – ed 08

perderam-nas para o progresso desenfreado de A extração de madeira para diversos fins


urbanização de toda a costa Sudeste. como lenha, construção de canoas e casas, etc.
Os pequenos e médios barcos a motor esbarram hoje em proibição das leis que re-
vieram fazer parte desta cultura nos meados da gem algumas Unidades de Conservação. Os
década de 60. Antes desse período, a agricultu- caiçaras ficam assim limitados em seu próprio
ra era a atividade primária. O homem caiçara território.
passou de lavrador para pescador e, hoje, po- Plantas são também usadas para uma
demos dizer que a pesca é a principal ativida- grande variedade de propósitos, como alimen-
de do homem caiçara. to, medicina, construção, entre outros. O conhe-
O aparelhamento e as embarcações so- cimento dos caiçaras sobre ervas medicinais é
breviveram de processos indígenas, ao passo bastante vasto, sendo objeto de inúmeras pes-
que, na captura, predominam os elementos da quisas. Este etnoconhecimento se traduz desde
cultura portuguesa. A poita indígena nada mais plantas tradicionalmente usadas na medicina
é do que uma âncora primitiva, empregada para popular, até usos medicinais de certas espécies
canoas e redes É dela que provêm expressões de peixes. Esse intenso uso demonstra a forte
comuns dos caiçaras como: canoa poitada, interação homem / ambiente mantida numa cul-
poitado na cama, saiu da poita!, etc. O termo em tura extremamente próxima às maiores cidades
tupi significa parar ou estar firme. Também é pos- brasileiras.
sível identificar heranças na pesca provindas da
imigração japonesa, como é o caso do cerco. O povo
(...) O homem caiçara pescava no “mar de den-
tro” para sua subsistência. O arrasto da tainha Existem duas principais relações de tra-
merecia atenção especial, pois se tratava de um balho nessas comunidades: a pesca, que agre-
momento de congregação da comunidade, onde ga toda a comunidade e a agricultura, cujos li-
todos trabalhavam para todos. mites são exclusivamente familiares. Ademais,
ainda combinam atividades de coleta,
Agricultura extrativismo e artesanato.
A associação do peixe com a farinha de
O sistema de cultivo utilizado pelos mandioca é um dos aspectos mais gerais da
caiçaras tem marcada influência indígena, cha- dieta desse povo, que se vê hoje dividido entre
mada de coivara ou roça de toco, esta técnica a necessidade de dinheiro expressa pela inten-
itinerante consistia na derrubada e queima da sa relação com a cultura urbana e o receio de
mata para utilizar o terreno para cultivo, seguin- perder sua identidade de grupo de pescadores
do-se um período de pouso, isto é, um “descan- artesanais situados em áreas preservadas.
so” da terra. Observam-se elementos da cultura
indígena tanto no manejo do ambiente como Festa de Santa Cruz
nos produtos, já processados, da roça.
A agricultura caiçara serve como comple- Os caiçaras são, originalmente, um povo
mento alimentar dos pescadores e seu principal de religião católica, herança gerada pelo colo-
produto é a farinha de mandioca – consumida no português. Há várias festas relacionadas ao
em quase todas as refeições – que desde os tem- catolicismo, porém, em nossa região, a segun-
pos imemoriais se trata de um substituto do pão da mais famosa acontecia no mês de maio, em
europeu e, por isso mesmo, chamada de “pão homenagem à Cruz (Santa Cruz). Era necessá-
dos trópicos”. Existe, ainda, uma infinidade de rio que se realizasse no “claro”, isto é, na Lua
produtos secundários e ervas medicinais. Seus cheia, para que todos pudessem comparecer. A
principais produtos são: mandioca, milho, cana, cada ano, era escolhido o festeiro – figura cen-
feijão-guandu, inhame, entre outros. tral na organização da festa – que, por sua vez,
Ao contrário do que possa parecer, a roça escolhia outros responsáveis. Durante três dias,
caiçara não se tratava de uma agricultura “pri- a comunidade se ocupava na realização da Fes-
mitiva”, mas uma tecnologia aprimorada que se
ta de Santa Cruz.
desenvolveu frente às condições tropicais. No
entanto, a agricultura perdeu espaço e interes- O primeiro evento da festa é a ladainha
se dentro das comunidades, por causa da per- na igreja na sexta. Andores, bastante decora-
da da noção do poder aquisitivo que acarreta na dos, recebiam imagens de santos, enquanto re-
compra de alimentos nas cidades mais próxi- zas e músicas eram entoadas ao longo da ex-
mas. tensão da praia percorrida.
37 Geografia – CP08 – 142M2

Festa do Divino ções entre essa comunidade tradicional e a na-


A maior entre as festas que se realizava tureza do lugar onde vivem, geralmente, áreas de
na Vila de Conceição era a Festa do Divino, puro seus antepassados, de grande beleza natural pre-
folclore regional, mas profundo espírito religio- servada. Não é nenhum paraíso. Esse modo de
so. A Folia do Divino era um conjunto de músi- vida tem a sua existência a cada dia mais
cos e devotos que percorriam o município (ten- ameaçada por uma série de motivos que o final
do texto apresenta para o aluno: venda das suas
do idéia de que Itanhaém compreendia os atu-
terras, loteamentos para segunda residência/con-
ais municípios de Itariri, Peruíbe e Mongaguá),
domínios fechados, especulação imobiliária,
de ponta a ponta, por duas vezes, antes do dia mudanças no padrão de produção e de consumo
da festa. A “Folia” tinha por finalidade tirar esmo- dada a grande proximidade com as cidades lito-
las para custear parte da festa e, ao mesmo tem- râneas. Discuta todo o texto com a turma, ampli-
po, levar as bênçãos do Divino e um pouco de ando esses dados com as informações possibi-
alegria às residências dos caiçaras. Era um gru- litadas pelos textos que você leu.
po de homens afeiçoados às tradições, tendo a Confira agora o roteiro da expedição do li-
dirigi-los um representante do festeiro, e um gru- vro do aluno:
po que era constituído de dois rabequistas,
dois violeiros, um tambor e dois meninos para 1- Participe da leitura e da discussão do texto.
Transforme suas dúvidas em perguntas e par-
a primeira voz. Partiam da Vila de Conceição
ticipe de um debate sob a orientação do profes-
em direção à atual cidade de Mongaguá, ponto
sor.
inicial, num sábado, pois o dono do sítio
2- Junte-se ao colega à sua direita e forme uma du-
Mongaguá aproveitava a oportunidade para ofe- pla.
recer concorrido “fandango” (nome que se dava 3- Criem uma história, narrando uma expedição a uma
no Litoral ao bate-pé do interior do estado de das comunidades caiçaras do litoral brasileiro. Incluir
São Paulo). na narrativa a descrição do modo de vida da
Disponível em: <www.itanhaem.gov.br/> caicara comunidade, seus problemas e possíveis so-
Acesso em: 07 jul. 2006 luções, suas impressões sobre a cultura
caiçara.
4- Participem de um sarau de dramatizações sobre a
Você, professor, está municiado de muitos cultura caiçara.
dados e informações para orientar a atividade que está
sendo proposta na seção Trilha: uma expedição a O que a dupla deverá demonstrar são habi-
uma das comunidades caiçaras do litoral brasilei- lidades de se apropriarem de informações de um
ro, fazendo de conta que é um antropólogo! Esse banco de dados bem como dos acréscimos das
profissional é estudioso dos modos de vida e da idéias que surgiram no debate, além das informa-
cultura dos grupos humanos. Um dos antropólo- ções apresentadas na sua exposição. Caso você
gos mais importantes do Brasil é o Prof. Dr. Antô- viva num espaço litorâneo em que a população
nio Carlos Diegues, da Universidade de São Pau- caiçara esteja presente, não perca a oportunidade
lo. Toda sua pesquisa é comprometida com as de uma visita de estudos até eles... Ou seja, propi-
populações tradicionais que vivem nas zonas cie uma expedição real. Ou convide um caiçara do
úmidas da costa brasileira. Ele criou e coordena o espaço de vivência para contar suas histórias, de
Nupaub – um núcleo de pesquisa de populações verdade e ao vivo.
tradicionais da Universidade de São Paulo. A atividade é a expressão da criatividade em
Vamos à atividade. Colocando o aluno na recriar informações, imprimindo um novo olhar (crítico)
“pele” de um antropólogo, a seção apresenta uma aos dados. É possível que algumas duplas elabo-
“pesquisa de gabinete” que antecede todo traba- rem textos que possibilitam a dramatização. Crie
lho no campo. Quer dizer, a atividade inicia-se apre- um espaço com direito a cenários e apreciem a
sentando um banco de dados sobre a comunida- arte dramática criada pela turma.
de caiçara. São informações gerais sobre as rela-
38 Manual do Professor – ed 08

cada comunidade tradicional. Por exemplo: o


pantaneiro pode ser representado por um ca-
valeiro com o berrante, uma pessoa tomando
tereré, um pescador, um violeiro... Observe as
representações que serão feitas: isso é de-
monstração de conhecimento em processo
As atividades de fechamento do capítulo pro- construtivo, ou seja, representar desenhando
postas nessa seção têm como referência o texto as aprendizagens realizadas.
de uma entrevista concedida pelo professor Antô- • Atividade 2 – Os alunos têm de confrontar o
nio Carlos Diegues, da Universidade de São Pau- modo de viver das populações tradicionais e o
lo, aos alunos das turmas de 2005. Confira-o no próprio modo de viver, aplicando seus conheci-
livro do aluno. mentos a uma nova situação. Devem ainda dis-
• Convide a turma para a leitura silenciosa do tinguir quatro diferenças delas em relação ao
texto. Em seguida, faça uma leitura coletiva modo de vida dele.
destacando e discutindo cada um dos parágra- • Atividade 3 – A questão é a seguinte: será que
fos pontuados pelo autor. Faça-os adivinhar a as pessoas que vivem nas cidades sabem que
pergunta feita pelos alunos de 2005 para que a nação brasileira é constituída de culturas di-
ele emitisse aquela resposta. Por exemplo: no versas, portanto, diferentes daquela construída
item 1, as perguntas feitas pelos alunos po- pelas pessoas que vivem em cidades, ou seja,
dem ter sido as seguintes: O que são popula- os citadinos? Tendo conhecimento disso, elas
ções tradicionais? Onde elas vivem? Elas rece- valorizam nossa pluralidade cultural? Observe
bem nomes específicos? Como se chamam que esse tema pode gerar um projeto de traba-
essas comunidades? No item 2, há várias per- lho com vistas a trabalhar a questão da consci-
guntas embutidas, tais como: Em que as popu- ência de nossa pluralidade cultural junto ao
lações tradicionais se diferenciam das popula- espaço de vivência.
ções que vivem nas cidades? Como é o modo • Atividade 4 – É uma contribuição do aluno à
de vida das populações tradicionais? Quais são divulgação de nossa pluralidade cultural. O tex-
os traços mais importantes de sua cultura? to poético produzido deve ser compartilhado e a
Como é o biótipo dessas populações? (São turma escolherá aqueles que serão divulga-
negros, índios e também resultado do cruza- dos: na mídia local, no jornal da escola, nos
mento de africanos, indígenas, brancos). No cadernos infantis dos jornais de circulação na-
item 3: Essas culturas correm riscos de desa- cional, entre outros.
parecer? As populações tradicionais vivem tran- Parabéns pelo trabalho realizado por vocês!
qüilas em seus territórios ou existe alguma coi-
sa que as coloca em risco? No item 4, a per-
gunta dos alunos também é clara: O que nós
podemos fazer para proteger as populações tra-
dicionais? No item 5: Quem é o senhor, o que
faz, onde trabalha? No item 6: Quais são os
livros que o senhor já escreveu? No item 7: Onde
poderemos obter mais informações sobre as
populações tradicionais? Dessa forma, você
também estará discutindo as idéias contidas
em cada um dos itens. Essa seção tem a pretensão de incentivar
• Atividade 1 – Organize a turma em duplas para os trabalhos interdisciplinares. Muitos dos livros
a execução das atividades propostas. Fique indicados para leitura abordam temas trabalha-
atento à organização de uma legenda criativa dos em quase todas as matérias dos anos inici-
para a atividade cartográfica. Isso significa de- ais do Ensino Fundamental. No mínimo, é possí-
senhar os tipos humanos característicos de vel estabelecer uma relação de interdisciplinari-
39 Geografia – CP08 – 142M2

dade com Língua Portuguesa. Não é necessário al. O autor faz despertar no coração e na mente do
que exatamente esta indicação de leitura seja se- aluno um compromisso com nosso planeta, ao
guida. O importante é o fato de o livro escolhido mesmo tempo em que trata as questões da prote-
abordar o tema estudado no capítulo. ção ambiental como compromisso de toda a hu-
Faça uma leitura prévia do livro, destaque e manidade.
anote os principais pontos de conexão entre o livro KINDERSLEY, Anabel; BARNABAS. Crianças como
e o tema estudado para possibilitar a construção você. São Paulo: Ática, 1997. Constitui-se num rico
de interfaces. material de exploração da linguagem de interpre-
Combine com os alunos a leitura do livro, tação geográfica. Ele permite ler as paisagens, os
dividindo-a em partes. Comente cada uma das par- lugares, os territórios em escalas geográficas di-
tes, ao final da leitura, apontando os pontos mais versas (crianças de vários lugares do mundo) cons-
relevantes e suas relações com o tema do capítu- truindo as habilidades de observação, descrição,
lo. identificação, localização, comparação, represen-
Faça uma avaliação final com os alunos tação, análise. Os autores se propõem a retratar o
acerca da história narrada no livro. cotidiano de crianças das diversas regiões do
Aqui, estamos sugerindo a seguinte obra: mundo, apontando para a diversidade cultural e
VERNE, Júlio. Viagem ao centro da Terra. São Pau- favorecendo a construção de uma postura de valo-
lo: Scipione, 2001. Ela é o foco do desenvolvimen- rização das diferenças raciais e étnicas e respeito
to das atividades da seção Ampliando nossos sa- a elas. Com isso, a obra oferece ricas oportunida-
beres. Essa leitura permitirá o desenvolvimento des de abordagens geográficas na construção de
das noções básicas sobre a dinâmica do planeta conceitos cartográficos, mapeamento de informa-
Terra, através do conhecimento de sua estrutura ções dos aspectos naturais e sociais e uma pro-
interna. fusão de imagens propícias ao exercício de inter-
pretações geográficas. Enfim, amplia, de modo
divertido e instigante, a visão de mundo da crian-
ça.

Essa seção fornece outras indicações de


leitura para possibilitar opções. Os livros aqui su-
geridos poderão ser lidos nas férias e depois co- Confira, na seção Anexos, os textos se-
mentados por grupos de alunos. Se possível, for- guintes:
me um grupo de leitura. Incentive e motive os alu- Texto 1- “Populações tradicionais: uma vida em
nos para a leitura dos livros. Para tanto, destaque harmonia com a natureza”. Ele é um dos aportes
os hábitos de leitura de pessoas que eles admi- da seção Oficina.
ram ou mesmo conte alguma parte intrigante do Texto 2- “O modo de vida das comunidades tradici-
livro para criar um clima de suspense e curiosida- onais.” Sua utilização complementa e enriquece
de. as atividades da seção Outros lugares, outros
CARRARO, Fernando. Amigos do Planeta Azul. São tempos bem como a seção Trilha.
Paulo: FTD, 2006. A obra descortina muitas possi-
bilidades de desenvolver noções básicas sobre
os usos e abusos que a humanidade vem fazendo
dos recursos do planeta Terra. Vai além do espa-
ço de vivência, pois o mote é uma viagem espaci-
40 Manual do Professor – ed 08

Referências

BAEDER, Ângela et al. Jovens em ação: ações para HAYASHI, Camila, et al. Nas margens do Paraíba:
melhorar o ambiente e a qualidade de vida nas vida, histórias e crenças dos habitantes da beira
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41 Geografia – CP08 – 142M2

Caminhos para sociedades N.o de aulas: 18 Semestre: 2.o


sustentáveis

Competências e habilidades a serem desenvolvidas pelo aluno


(objetivos específicos deste capítulo)

• Ampliar e aprofundar as noções de sociedades sustentáveis, sustentabilidade social, sustentabilidade


ambiental, qualidade de vida, justiça social e justiça ecológica.
• Identificar padrões de produção e consumo que apontam para as características da sociedade de consumo,
reconhecendo-os nos hábitos culturais da comunidade onde vive.
• Problematizar os hábitos culturais da sociedade de consumo identificados no espaço vivido.
• Relacionar os atuais padrões de produção e consumo insustentáveis com os tipos de poluição (ar, água,
solo), aquecimento do planeta (efeito estufa), o lixo e as desigualdades sociais.
• Comparar hábitos culturais consumistas com hábitos sustentáveis.
• Estabelecer as diferenças entre consumo para atender as necessidades humanas e consumismo.
• Distinguir as características dos alimentos provenientes de uma lavoura orgânica daqueles de uma lavoura
convencional.
• Propor mudanças relacionadas aos hábitos alimentares a partir da valorização dos produtos orgânicos.
• Estabelecer relação entre agricultura familiar e lavoura orgânica como alternativa para superar os
desequilíbrios sociais e a fome na sociedade local e brasileira.
• Propor ações compartilhadas para mudança de hábitos consumistas em seu cotidiano: na lanchonete da
escola, nos passeios a shoppings, na compra de roupas e calçados, na alimentação, no uso de equipamen-
tos eletrônicos, no consumo da água e da energia, na produção e destinação dos resíduos sólidos (lixo).
• Propor mudanças de hábitos relacionados ao uso e consumo da água e da energia elétrica.
• Compreender a importância da adoção de atitudes conservacionistas em relação ao lixo, saneamento
básico, abastecimento de água, produção e conservação de alimentos, às áreas de lazer, aos bens públicos
do patrimônio comum.
• Utilizar o globo, o atlas e os mapas para localização geográfica de lugares, países, continentes e oceanos.
• Interessar-se pela construção de plantas e maquetes, demonstrando interesse pelo domínio das técnicas
aprendidas.

Formação de atitudes

• Construir uma postura participativa na sua comunidade como afirmação da cidadania.


• Ter atitudes respeitosas e responsáveis nos deslocamentos espaciais.
• Construir novas relações de responsabilidade em relação ao ambiente sociocultural e ambiental.
• Relacionar-se no grupo de forma solidária e cooperativa.
• Aprender a lidar com direitos e deveres coletivos na seleção de ações e tomada de atitudes.
• Apreciar a variedade dos estilos de vida no próprio país e no estrangeiro, que reflita uma diversidade de
culturas, e desenvolver atitudes positivas acerca das diferentes comunidades e sociedades.
• Ter respeito e solidariedade perante diferenças e aprender com o outro.
• Reconhecer a importância das relações de amizade na união dos componentes do grupo.
• Construir novas relações de responsabilidade em relação ao ambiente sociocultural, ambiental e turístico.
• Propor ações de intervenção na realidade socioespacial que envolvem a preservação da memória e a
recuperação de áreas degradadas.
42 Manual do Professor – ed 08

Orientações / Sugestões

vos; aos princípios éticos de respeito à dignidade


humana; e ao conjunto do mundo natural, cujos
recursos não podem continuar sendo tratados
como bens descartáveis.
Embora os paradigmas e a conceituação
de sociedades sustentáveis sejam ainda embri-
onárias, a intenção educativa desse capítulo é ini-
Iniciamos a apresentação desse capítulo,
ciar uma reflexão em torno da seguinte questão:
costurando as idéias em torno de dois conceitos
Como construir sociedades ecológica e socialmen-
muito importantes. O primeiro deles é sociedade
te mais justas?
de consumo. Segundo Helene e Bicudo, a “socie-
Professor, tenha sempre à mão o livro 2 do
dade de consumo designa a atual sociedade mo-
aluno ao utilizar este Manual no preparo de suas
derna urbana e industrial, dedicada à produção
aulas.
crescente e a uma elaboração cada vez mais di-
Prepare-se para essa atividade, refletindo
versificada e exigente de bens de consumo.”. Ela
acerca das idéias contidas no texto que segue.
tem como meta a produção/circulação/consumo
A sociedade de consumo se reproduz e se
de mercadorias, envolvendo, para isso, todas as
globaliza porque assumimos (na maioria das ve-
ações humanas num círculo vicioso. Todo bem
zes, de forma alienada) hábitos compulsivos de
produzido é para atender à demanda do mercado,
consumir o que é supérfluo e descartável. As pes-
daí a relação entre bem e mercadoria. Tudo é
soas parecem não se dar conta de que esse mun-
mercantilizado, até o trabalho humano. O fim últi-
do propagado pela poderosa máquina de publici-
mo é transformar valores em capital, de forma a
dade de massa se constitui de fantasia e aparên-
obter o máximo de lucro. Por isso mesmo também
cia, reduzindo a existência humana em ter ou não
é chamada de sociedade capitalista. Nesse tipo
ter. A questão não é ser contra o consumo. Trata-
de sociedade, o prestígio social está estreitamen-
se de rever nossos hábitos de consumo tendo
te relacionado à acumulação de bens individuais.
como parâmetros o bem-estar do ser humano, dos
Por isso mesmo, a criação contínua de necessi-
outros seres e do planeta como um todo. Em
dades novas, a insatisfação e a compulsão são
contraposição ao conceito de sociedade de con-
considerados os pilares para a construção das
sumo, enfatizamos a formação de valores e atitu-
sociedades de consumo.
des relacionadas ao consumidor responsável.
Em contraposição à sociedade de consu- Convide a turma para fazer uma leitura si-
mo, apresentamos o segundo conceito que é a lenciosa do texto de apresentação do capítulo.
razão de ser desse capítulo: sociedades susten- Em seguida, faça uma leitura oral, estimu-
táveis. Como o próprio nome indica, trata-se de lando um diálogo com as idéias do texto, acolhen-
um modo de consumo que atenda às necessida- do as perguntas e debatendo as idéias apresen-
des básicas das pessoas, aumente o uso de fon- tadas.
tes de energia renováveis, minimize a produção Façam combinados: levante a mão quem
de lixo, enfim, que adote uma perspectiva de ciclo tem uma boa resposta; fale um de cada vez; to-
de vida levando em conta a dimensão eqüitativa: dos têm direito à sua vez de falar; todos devem
respeitar a vez do outro. Cada resposta deve ser
uma justiça distributiva dos bens produzidos.
avaliada criticamente pela turma. Deve ter a vez de
Avaliados os valores e as atitudes que ca-
falar quem discorda da opinião do colega. Você,
racterizam o atual estágio da sociedade de con-
professor, deve atuar como moderador do debate.
sumo capitalista, a finalidade desse capítulo é Depois, apresente para a turma a obra
conhecer, discutir e iniciar a construção de novos indicada na seção Embarque nessa leitura:
hábitos e novas atitudes comprometidas com a Pachamama: Missão Terra 2. Ações para salvar o
edificação de sociedades sustentáveis. Essa planeta. São Paulo, Melhoramentos, 2001. É um
construção está diretamente relacionada a opções livro escrito por crianças e jovens de todo o mun-
econômicas e tecnológicas diferenciadas; à ma- do. PACHAMAMA, que significa, na língua inca, Mãe-
nutenção da diversidade social e cultural dos po- Terra, é um convite à realização de ações para sal-
43 Geografia – CP08 – 142M2

var o planeta para nós mesmos. Adote uma forma dade 4, propomos uma coleta de dados de dois
criativa para que, no desenrolar do capítulo, a tur- temas muito importantes: 1 – o PROCON. Ele existe
ma leia o livro recomendado. Comente o conteúdo em seu município? Seria possível uma entrevista
dele para a turma. O livro descreve a situação do em sala de aula com um de seus funcionários? É
meio ambiente no planeta e informa o que os go- também solicitado ao aluno averiguar nas suas
vernos e os jovens estão fazendo para enfrentar relações familiares e de amizade se alguém já
os desafios ambientais do século XXI. Mais de 10 acionou os serviços prestados pelo Procon, para
mil crianças e jovens de todo o mundo colabora- um relato do que ouviu aos demais colegas; 2 –
ram com desenhos, relatos e poemas para a sua MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Você também deverá
produção. Sua leitura mostra qual é o papel dos
montar seu banco de dados sobre o tema 2 para
governantes, a opinião dos cientistas e o que as
poder introduzi-lo, com segurança, num diálogo
crianças e os jovens podem fazer para ajudar a
com a turma. Lembre-se: é uma “introdução” ao
salvar o planeta Terra. Construa parceria com o tema. Nos anos seguintes do Ensino Fundamen-
professor de Língua Portuguesa e de História para tal, ele será ampliado e aprofundado.
a leitura do livro.

2 – Os hábitos de consumo da minha turma


1 – Meus hábitos de consumo
Quatro momentos são propostos para o de-
A noção que permeia essa seção é a avali-
senvolvimento dessa seção:
ação da territorialidade do aluno como pessoa
Primeiro momento: Partilha de saberes.
humana que, para garantir sua vida no planeta,
Será feita em grupo de três e se refere exclusiva-
tem necessidade de desenvolver hábitos de con-
sumo. mente à atividade 2. Ao final, os livros devem ser
Participe dessa reflexão, professor. Mostre trocados entre os demais grupos para enfeixar a
para a turma sua territorialidade no ato de definir discussão sobre os hábitos de consumo da tur-
escolhas do que vai consumir e assuma, também, ma.
responsabilidades diante do seu poder de definir Segundo momento: Partilha das respostas
o seu consumo. e assunção de compromissos que serão
registrados em dois cartazes intitulados:
Comece explicando como devem ser feitas Cartaz 1 – Compromissos assumidos pela
as atividades da seção, observando-as nas pági- nossa turma para economizar ÁGUA.
nas 42, 43, 44 e 45. Cartaz 2 – A novas atitudes como consumi-
A Atividade 1 deverá ser feita com você, em dor consciente assumidas pela nossa turma.
sala de aula. Trata-se da leitura de um texto, se- Terceiro momento: Organização do mural
guida de uma discussão sobre a noção de socie- do Procon. Tratamento dos dados coletados, ela-
dade de consumo. As demais atiividades devem boração de conclusões, textos com narrativas de
ser realizadas como tarefa de casa. A Atividade 2 experiências e o que mais a turma considerar re-
tem por objetivo colocar o aluno em contato com levante.
suas necessidades de consumidor. Na Atividade Quarto momento: Organização do mural
3, tomamos como mote o caso da criança norue- sobre as mudanças climáticas. Tratamento dos
guesa que é resguardada dos interesses da pro- dados coletados, elaboração de legenda das ima-
paganda consumista e avançamos na relação gens, discussão dos dados, e elaboração de um
entre consumo e desgaste da natureza. Na Ativi- texto conclusivo que relacione as mudanças cli-
44 Manual do Professor – ed 08

máticas com o estilo de vida da sociedade de con-


tantes: justiça distributiva da riqueza produzi-
sumo.
da (sustentabilidade social); doenças geradas
Para finalizar a seção, faça uma avaliação
pela falta de saneamento básico, relacionadas,
coletiva: ouça o que os alunos têm a dizer sobre a também, à falta de sustentabilidade social. E
atividade realizada. daí por diante.

Oriente a leitura individual e coletiva do texto:


“Diferenças entre sociedades sustentáveis e so-
ciedades insustentáveis.”

A Atividade 2 é de leitura de paisagens de


espaços geográficos de cidades e do campo, en-
3 – Sociedade insustentável e sociedade focando as relações dos homens entre si e deles
sustentável: é possível fazer essa mu- com a natureza. O roteiro a ser desenvolvido é o
dança? que segue.
As imagens que seguem retratam paisa-
São duas as recomendações para o de- gens de espaços geográficos da cidade e do cam-
po. Elas mostram as relações que os homens es-
senvolvimento da Atividade 1, desta seção:
tabelecem com seus semelhantes. Retratam, tam-
bém, as relações entre as sociedades humanas e
1. São importantes as referências conceituais con- a natureza. O resultado aí está: há imagens que
tidas na obra indicada na seção Embarque nes- mostram ações próprias de sociedades susten-
sa leitura Pachamama – Missão Terra 2, que é táveis. Outras imagens, as ações de sociedades
um livro lindo, escrito por crianças e jovens de insustentáveis.
todo o mundo.
2. A atividade proposta tem como finalidade amar- Roteiro 1
rar as noções desenvolvidas ao longo dos ca-
pítulos. Assim, é um momento importante para Junte-se três a colegas para realizar esse
você, professor, conhecer a construção roteiro.
conceitual em processo. Para isso, é preciso
1- Observem cada uma das figuras que seguem.
desafiar os alunos com perguntas no momen-
Elas estão numeradas.
to da análise das características de socieda-
2- Com base nas idéias do texto, identifiquem ne-
des sustentáveis e sociedades insustentáveis. las pistas que permitam classificá-las em soci-
Por exemplo: Que ações humanas dão idéia de edades sustentáveis e sociedades insustentá-
que a natureza existe para servir às populações veis.
do planeta, demonstrando nosso domínio so- 3- Preencham o quadro-síntese da observação,
bre ela? (Quando, por exemplo, colocamos fogo usando a numeração das figuras.
na mata para plantar pastos e cultivar o solo, 4- Compartilhem o resultado com os demais gru-
sem pensar nos animais que ali vivem e dela pos.
também dependem para viver). A noção de re- 5- Discutam as dúvidas e apresentem as pergun-
cursos naturais como bens finitos /esgotáveis tas curiosas para debate.
e infinitos / renováveis. Na verdade, o ritmo da
São 14 figuras. Vamos ao tratamento da in-
destruição da natureza é tão acelerado, que os
formação das imagens, que lhe dará suporte para
recursos até então tidos como renováveis, a orientar as atividades 1 e 2 propostas.
cada dia está mais difícil de se regenerarem,
como é o caso da água. Outras noções impor-
45 Geografia – CP08 – 142M2

Figura Tipo de sociedade Pistas...

1 sustentável Reciclagem de plásticos, dando origem a novos produtos.

2 insustentável Exclusão social. Negação do direito social de ter moradia.

3 insustentável Exclusão social. Criança de rua.

4 sustentável Material de construção fabricado com baixo consumo de água e energia.

5 sustentável Madeira de reflorestamento, assim é que se deve proceder.

6 insustentável A paisagem rural mostra a pobreza de uma família. São três adultos e quatro
crianças dividindo um pequeno barraco de pau-a-pique.

7 insustentável Paisagem urbana que mostra a poluição do ar pela queima de combustíveis dos
veículos.

8 sustentável Fábrica de reciclagem de pneus.

9 insustentável Trabalho infantil: crianças que trabalham no garimpo.

10 insustentável Desigualdades sociais: uma favela ao lado de um conjunto habitacional.

11 insustentável Trabalho infantil: criança cortando a cana-de-açúcar.

12 sustentável Paisagem praieira mostrando coleta seletiva de lixo.

13 sustentável Natureza preservada.

14 sustentável Trabalho num centro de reciclagem de papel.

Voltando à atividade 2: No roteiro 1, a dupla cujas pistas apontam para sociedades insusten-
deverá analisar as imagens e classificá-las em táveis e preencha o quadro.
sustentáveis e insustentáveis. A sistematização Assim, a seção se finaliza. Vamos ter mui-
dessa atividade está na página 50. É o preenchi- tas oportunidades de verificar se os alunos estão
mento de um quadro-síntese. sabendo aplicar esses conhecimentos em novas
O roteiro 2 é uma atividade avaliativa indivi- situações de aprendizagem nas próximas seções.
dual. Confira:
Escolha duas figuras cujas pistas apontam
para sociedades sustentáveis e duas imagens
46 Manual do Professor – ed 08

Lembre-se de fazer os combinados: levante a mão


quem tem uma boa resposta; fale um de cada vez;
todos têm direito à sua vez de falar; todos devem
respeitar a vez do outro. Cada resposta deve ser
avaliada criticamente pela turma. Deve ter a vez de
4 – Mudança de hábitos alimentares, mu- falar quem discorda da opinião do colega. Você,
dança no uso do solo professor, deve atuar como moderador do debate.
Como atividade complementar, você pode
Desenvolva essa Oficina com a turma numa sugerir à turma que convide um nutricionista para
relação interdisciplinar com Ciências, Matemáti- vir à sala (ou à escola) fazer uma palestra sobre
ca, Língua Portuguesa, interagindo com funcioná- alimentação saudável: o valor nutricional de fru-
rios da escola e a comunidade local, da cidade e tas, legumes e da lavoura orgânica. A atividade
do campo. Ela tem como finalidade contextualizar pode ser encerrada com a montagem escrita de
a questão da produção e do consumo de produ- uma dieta alimentar saudável para crianças e um
tos, tanto de uma agricultura convencional quanto lanche especial na cantina da escola com os ali-
da agricultura orgânica. Isso significa trabalhar de mentos recomendados.
modo investigativo esse tema nos espaços de
vivências da turma – local / regional. Como as pri- Solução da cruzadinha:
meiras noções de agricultura orgânica já foram Horizontal: 1. Orgânica; 2. Agrotóxicos; 3. Campi-
desenvolvidas na 3. a série, é importante você nas; 4. SC; 5. Mel
mapear esses saberes, para avançar. Vertical: 1. Austrália; 2. Sul; 3. MG; 4. Bahia; 5. Selo

Atividade 1 Atividade 2 – Crie uma receita de lanche saudável


• Tarefa de casa Essa atividade é interdisciplinar (Geogra-
A turma vai ler, como tarefa de casa, o texto “Você fia, Ciências, Língua Portuguesa e Artes). Seu obje-
sabe o que é uma alimentação saudável?” e tivo é abordar o cultivo de alimentos saudáveis, seu
registrar as palavras cujos significados preci- valor nutritivo e colaborar para o combate à obesida-
sam esclarecer. de infantil.
Três exercícios complementam a atividade1: • Organize a turma em grupos de três alunos para a
mapeamento das informações contidas no tex- realização do seguinte desafio: criar uma receita
to a partir de uma legenda dada, cujos símbo- de lanche saudável. Planejem uma palestra com
los serão criados por ele; cruzadinha, com pa- um especialista no assunto, endocrinologista ou
lavras-chave do texto e a leitura do texto 2 da nutricionista de sua cidade / região. Confiram o site
seção Anexos, que complementa os dados http://www.jocelemsalgado.com.br, da equipe da
sobre a lavoura orgânica. Professora Dra. Jocelem Salgado, pesquisado-
ra da Escola Superior de Agricultura Luiz de
• Na sala de aula Queiroz / Universidade de São Paulo,
Na aula seguinte, façam leitura coletiva do texto Piracicaba-SP. Ele tem um link dedicado à ali-
e discutam o significado das palavras destaca- mentação de criança nessa faixa de idade, além
das. Crie na sala um produtivo debate, fazendo de enfocar a obesidade infantil. As informações
perguntas sobre as idéias contidas no texto, disponíveis poderão ajudá-las na organização
como: do conteúdo. “Dica: pense em alimentos pouco
– O que vocês entenderam por princípios gordurosos e açucarados, por exemplo: frutas
agroecológicos? frescas, frutas secas, vegetais crus picados,
– Você sabe citar nomes de alimentos ricos em pãezinhos e bolinhos, queijo fresco, iogurte,
fibras? pipoca pura. Coletem dados sobre suas carac-
– Você sabe a importância para a saúde dos ali- terísticas nutritivas”, são algumas das estraté-
mentos ricos em fibras? gias que estamos usando para envolver os alu-
– Você conhece pessoas ou empresas que pro- nos com o tema.
duzem alimentos da lavoura orgânica? • A atividade inclui: planejamento de uma aula
– O Brasil se destaca na produção de alimentos para apresentação e degustação das receitas
orgânicos? de lanches saudáveis explicando o seu valor
– Afinal o que é uma alimentação saudável? nutritivo; confecção de um livro de receitas de
lanches saudáveis da sua turma para divulga-
Esse debate é mais uma oportunidade para ção junto à comunidade escolar, como contri-
você pedir que procedam de maneira organizada buição ao combate da obesidade infantil.
e civilizada (respeitando o direito de expressão).
47 Geografia – CP08 – 142M2

Atividade 3 – Usem a criatividade! – Isso é verdade. Os vendedores vêm aqui


Essa atividade propõe três roteiros com es- no meu sítio vender esses produtos. Chegam logo
tratégias diferentes para tratar o conteúdo dos tex- perguntando se a gente tem problema de praga
tos 1, 3 e 4 da seção Anexos. na nossa lavoura, oferecendo tudo quanto é tipo
Texto 1: “O veneno pode estar no verde de veneno. Eu sempre rejeito e assim eles para-
que se come”. Aqui aparecem duas noções que ram de vir nos visitar.
serão aprofundadas nos demais textos: o uso É claro que isso é uma sugestão. Deixe que
indiscriminado de agrotóxicos na produção de seus alunos usem seu próprio linguajar. O impor-
hortifrutigranjeiros nos moldes da agricultura con- tante é entender o sentido do texto.
vencional e os riscos de contaminação dos traba-
lhadores rurais. A segunda noção é a produção de Roteiro do texto 3 – “A biotecnologia acabará com
hortaliças através da agricultura orgânica, sem uso a fome dos pobres?”
de pesticidas. Amplie essas noções, fundamentan-
do-se nos conceitos estruturadores dos sites su- Discuta o texto com os alunos levando-os a
geridos a seguir: descobrir uma das grandes polêmicas da atuali-
www.planetraorganico.com.br – práticas agroeco- dade: a questão ética e os objetivos sociais que
lógicas envolvem o casamento entre os conhecimentos
www.redeambiente.org.br – práticas agroecológi- biológicos e a tecnologia. Isto é a biotecnologia:
cas. um processo tecnológico que permite a utilização
www.fazendatamandua.com.br – fazenda especi- de material biológico de plantas e animais para
alizada em práticas agroecológicas fins industriais, clonagem de seres vivos, inclusi-
ve do homem, produção de transgênicos, etc. Tan-
Roteiro do texto 1 – O “veneno pode estar no ver- to para o bem, como para o mal. O que está em
de que se come” questão é o título do texto: A biotecnologia acaba-
Feita a leitura e a discussão do texto, orga- rá com a fome dos pobres?
nize a sala em grupos de 3 alunos. Eles deverão Organize um júri simulado dividindo a tur-
contextualizar o fato narrado criando a legenda para ma em três grupos:
o estado de Alagoas; o município de Arapiraca e a • O grupo 1 organizará a fala do colega que re-
produção agrícola mais importante desse municí- presentará o advogado de defesa extraindo as
pio. A partir das idéias do texto, o grupo deve mon- idéias contidas no próprio texto.
tar um texto com a fala de cada uma das persona- • O grupo 2 organizará a fala do colega que re-
gens. Ensaiar! Todos os grupos devem cumprir o presentará o advogado de acusação. O texto
roteiro e você fará o sorteio de um deles para apre- contém a crítica, a partir da qual os alunos de-
sentar a dramatização. Oriente a elaboração do verão construir seu texto.
texto da fala de cada personagem. • O grupo 3, dos jurados.
• O narrador deverá contextualizar o fato: O en- Ao final, faça uma avaliação coletiva da ativi-
genheiro agrônomo Willi tem observado que os dade com a turma.
produtores de hortaliças no estado de Alagoas,
principalmente os do município de Arapiraca, Texto 3: “A biotecnologia acabará com a
estão usando muito agrotóxico nas plantações fome dos pobres?” – Releia o texto de Lutzenberger
e colocando em risco a saúde de milhares de sobre Ciência e Tecnologia, páginas 60 e 61 do
consumidores. livro do aluno. Ele oferece a fundamentação para
• A fala do engenheiro agrônomo Willi deve in- referenciar sua discussão acerca do entendimen-
cluir o seguinte: os agricultores não sabem usar to conflituoso entre ciência e tecnologia. É nesse
corretamente os defensivos agrícolas por falta contexto que você deve abordar a problematização
de orientação de quem vende e de falta de fis- levantada no título do texto. Use também o argu-
calização de seu uso. O resultado aí está: as mento do próprio Banco Mundial que chegou à con-
pessoas que trabalham nessas hortas estão clusão, num importante estudo realizado em 1986,
sendo contaminadas... O consumidor acha que de que a fome mundial só pode ser aliviada por
está comprando produtos de qualidade porque meio da “redistribuição do poder de compra e dos
eles são bonitos e se envenena aos poucos... recursos em favor dos que estão desnutridos”. Em
• O narrador pode entrar novamente e contar o poucas palavras, Peter Rosset nos esclarece: “se
caso das crianças trabalhadoras de Arapiraca os pobres não têm o dinheiro para comprar ali-
que, submetidas a exame de sangue, apresen- mentos, o aumento da produção não os ajudará.”.
taram um quadro de alto grau de anemia... A
dona Josefa não usa defensivos em seus pro- Texto 4: “Agricultura familiar, lavoura or-
dutos, já se livrou desses venenos... gânica e fome”. Esse texto complementa a dis-
Em sua fala, dona Josefa pode entrar com cussão do texto 3, ou seja, combina agricultura
um ar de confirmação do que disser o narrador. familiar e lavoura orgânica como possibilidades
Por exemplo:
48 Manual do Professor – ed 08

de resolver o problema da fome. Peter Rosset rural, além de promover o desenvolvimento de


acredita que este caminho – o de pequenas fa- pequenos e médios municípios.
zendas regidas pelos princípios da agroecologia • O turismo rural é uma atividade importante na
– seja o mais viável para acabar com a pobreza melhoria da renda desses grupos familiares,
rural e proteger o meio ambiente e a produtivida- como no Rio Grande do Sul. Observe a propa-
de da terra para as futuras gerações. ganda.

Roteiro do texto 4 – “Agricultura familiar, lavoura Faça uma leitura da imagem e dos dados
orgânica e fome” que a acompanham. Indague a turma sobre a exis-
tência, ou não, de um roteiro turístico desse tipo
O trabalho com esse texto tem por objetivo no município em que vivem.
fundamentar a investigação sobre a agricultura Com esses dados, procedam à investiga-
familiar no município. Faça uma leitura coletiva se- ção VISITANDO UMA FEIRA de produtores, ou um
guida de discussão das idéias que envolvem as MERCADO dos produtores. A escolha dependerá
políticas públicas propostas pelo governo: o do tamanho da cidade onde vocês vivem, embora
PRONAF (Programa de Apoio à Agricultura Famili- as cidades grandes e as metrópoles tenham feira
ar). Visite o site oficial www.pronaf.gov.br/ nos bairros da cidade em um determinado dia da
O Programa de Combate à Pobreza Rural semana. Acrescentem às perguntas da entrevista
destina-se à região Nordeste. Ele tem como finali- outras que vocês julgarem necessárias. Façam o
dade: Apoiar as comunidades rurais pobres orga- tratamento dos dados coletados e “enfeixem” a
nizadas para que possam superar a pobreza. O Oficina com uma dramatização do cotidiano de uma
programa será implementado conforme as linhas propriedade de agricultores familiares.
do apoio de desenvolvimento de comunidades es- A mensagem ao Ministro da Agricultura, Pe-
tabelecidas pelo programa de desenvolvimento ru- cuária e Abastecimento pode ser remetida através
ral do Nordeste. As principais linhas de atuação do de e-mail . Para isso, consulte o site
projeto são: fornecer infra-estrutura social e eco- www.agricultura.gov.br/faleconosco.
nômica básica, além de oportunidades de gera-
ção de emprego e renda às comunidades rurais
pobres; apoiar as comunidades rurais no planeja-
mento e implementação de seus subprojetos; for-
necer uma rede de proteção social aos
beneficiários e suas famílias; alavancar
mobilização de receitas nos níveis municipal e
comunitário. O projeto assegurará que os recursos 5 – Vivências de consumidores responsá-
serão focalizados e eficientemente transferidos às veis
comunidades mais pobres, e promoverá uma
maior descentralização do processo decisório para As duas atividades aqui propostas transi-
os níveis estadual, municipal e local. O projeto con- tam na temporalidade geo-histórica e nas esca-
tém três componentes principais: subprojetos co- las de valores e atitudes que desejamos incorpo-
munitários em infra-estrutura social e produtiva ou rar ao nosso novo estilo de vida sustentável.
pequenos projetos industriais; desenvolvimento
institucional (fornecimento de assistência técnica
e treinamento); e administração, monitoramento e Atividade 1
avaliação do projeto. Para a abordagem da primeira atividade (o
Disponível em: <http:// tempo passado), valemo-nos de um relevante
www.bancomundial.org.br/index.php/content/ resgate de vivência cotidiana dos tempos de cri-
view_projeto/491.html> Acesso em: 14 fev. 2005. ança, narrada por José Lutzenberger, combativo
Para mostrar a relevância da agricultura fa- ambientalista gaúcho, falecido em 2002. Confira
miliar em nosso país, acrescentamos ainda as a atividade no livro do aluno. Trata-se de uma ativi-
seguintes informações ao exercício do aluno: dade para ser realizada em casa (Orientação 1),
• Em cada 100 propriedades rurais do Brasil, 85 discutindo as questões com a família e fazendo
pertencem a grupos familiares. os registros necessários. Na aula seguinte, ocu-
• São 13 800 000 milhões de pessoas em cerca pe a metade da aula com a discussão das tarefas
de 4 100 000 milhões de estabelecimentos fa- realizadas nos itens 1 e 2. Em seguida, sistemati-
miliares. ze no quadro as “Ações propostas pela turma para
• Em cada 100 alimentos consumidos pela po- a construção de uma vida sustentável”. Esse texto
pulação brasileira, 60 são produzidos por agri- pode e deve ser reelaborado na aula de Língua
cultores familiares. Portuguesa e transformado em matéria ilustrada
• Sua importância ainda é maior porque cria opor- para publicação no jornal da escola, da cidade, da
tunidades de trabalho local, diminuindo o êxodo região. Deve ser ilustrado pelos alunos.
49 Geografia – CP08 – 142M2

Atividade 2 compatíveis com sua existência dentro de uma


O texto dessa atividade – “Ecovilas: espa- só ECOVILA (hospitais, aeroportos, etc.). Nesse
ços sustentáveis de vida” – transita no presente caso, diversas ecovilas de uma mesma região
com vistas ao futuro das sociedades sustentáveis, se organizam para providenciar esses serviços.
mostrando o modelo das ECOVILAS, esses novos Proporções humanamente manejáveis
espaços sustentáveis de vida comunitária. – Acostumados com as pressões da urbaniza-
Faça uma leitura bonita do texto para a tur- ção e da aglomeração, não temos muita vivência
ma. Identifique as palavras cujos significados são de algo que se aproxime desta escala. O que
desconhecidos pela turma. Esclareça-os, consul- estamos buscando é um número para uma de-
tando o dicionário. terminada população, dentro do qual pessoas
Faça uma apresentação das perguntas a teriam a capacidade e a oportunidade de se co-
que os alunos devem responder, conforme a pági- nhecerem umas as outras, sendo esse um pré-
na 64 do livro do aluno. Em sala de aula, elas de- requisito indispensável para que as decisões se-
vem ser compartilhadas e refeitas, se for o caso. jam tomadas de forma consensual e para que
Agora é com você. Debruce-se sobre a lei- todos se sintam contribuintes.
tura do texto que segue. Ele tem como objetivo es- Certamente, tal conceito é relativo às
clarecer essa nova territorialidade denominada características culturais e psicológicas dessa
ecovila. Vamos chamá-lo A ORGANIZAÇÃO DO ES- população, mas já nos é possível fazer algu-
PAÇO NA ECOVILA mas estimativas realistas, pela observação do
Além de ampliar suas idéias, o estudo des- comportamento de muitos outros grupos.
te texto tem como finalidade incrementar as ativi- Na região basca da Espanha, as “Coo-
dades de dramatização do cotidiano de uma perativas Mondragon” são um grupo de comuni-
Ecovila, produção da planta e a representação, em dades intencionais muito bem-sucedido. A pro-
maquete, de uma Ecovila com a sua turma. dução de alimentos e a manufatura de utensílios
(inclusive refrigeradores e outros produtos elé-
tricos) são distribuídas e organizadas em vári-
De acordo com a definição mais popular, as ECOVILAS. Aqui, a lição aprendida é de que
uma ECOVILA é um assentamento completo, grupos maiores de quinhentas pessoas tendem
de proporções humanamente manejáveis, que a tornar-se burocráticos e perder eficiência.
integre as atividades humanas no ambiente na- Bill Mollison, o grande visionário austra-
tural sem degradação, e que sustente o desen- liano, em seu clássico “Permaculture: A
volvimento humano saudável de forma contí- Designer’s Manual”, confirma esse dado e adi-
nua e permanente. Podemos utilizar essa defi- ciona que uma população maior que 2 000 pes-
nição como uma meta, ou um guia para que as soas começa a sofrer problemas de criminali-
comunidades continuem se aperfeiçoando e dade.
adaptando. Vamos estudá-la por partes: A experiência dinamarquesa acrescenta
Completo – Uma ocupação humana, a isso o conceito de subgrupos, nos projetos
para ser completa, deve apresentar todas as fun- conhecidos como cohousing, que se prolifera-
ções principais de uma vida normal. Em outras ram por aquele país e por grande parte do he-
palavras: residência, trabalho, lazer, vida social misfério Norte. Aqui, os residentes concluíram
e comércio são presentes em proporções equi- que o número máximo de casas em um
libradas. subgrupo deve ser em torno de trinta, o que re-
Os conhecidos loteamentos modernos flete um número de aproximadamente 75 pes-
não vão muito além de prover habitação e uma soas.
vida social limitada. Na maioria dos casos, os Integrada ao mundo natural – O respeito
habitantes desses “condomínios” passam gran- à natureza e ao valor intrínseco de todas as for-
de parte do dia viajando distâncias enormes mas de vida deve ser manifestação diária das
para chegar ao trabalho, comprar o alimento e pessoas saudáveis. Sendo assim, não procura-
ir à escola. mos dominar a natureza, ou controlar, ou des-
Não se pretende exigir que todas as co- truir. Ao contrário, cada forma de vida, inclusive
munidades sejam totalmente independentes, humana, tem direito ao seu lugar na teia do ecos-
mas que, dentro de suas biorregiões, sejam or- sistema.
ganizadas juntas para alcançar este objetivo. Outra realidade importante é a existên-
Por exemplo: uma ECOVILA deveria oferecer cia cíclica de todos os recursos.
oportunidades de emprego para a maioria de Opostamente ao pensamento linear (pro-
seus residentes e para alguns outros da região, dução = consumo = poluição) que domina a nos-
de uma forma proporcional ao número de resi- sa cultura industrial moderna, devemos apren-
dentes que necessitam sair da ecovila para tra- der a utilizar todos os recursos materiais de uma
balhar. forma consciente e responsável.
É bem verdade que muitos serviços es-
pecializados, ou institucionalizados, não são
50 Manual do Professor – ed 08

A geração de energia renovável é uma exi- criar a utopia. Essa utopia ainda não se concreti-
gência básica. A reciclagem de todos os detritos zou na sua forma mais completa, mas muitos
também. Detritos orgânicos devem ser reintegra- grupos humanos estão no caminho certo, desafi-
dos ao solo. A água deve ser limpa e reutilizada. ando as estratégias de controle, elitização e ma-
O consumo de substâncias inorgânicas deve ser nipulação das massas.
cuidadosamente planejado, e a reciclagem feita É difícil julgar qualquer assentamento hu-
prioridade. Nesse aspecto, as tecnologias já exis- mano em relação às suas qualidades de susten-
tem, e são muito mais simples do que as mirabo- tação. Algumas comunidades podem apresen-
lantes invenções utilizadas para conduzir esses tar um nível de auto-suficiência elevado quanto à
detritos para fora da nossa vista, poluindo o am- produção de alimentos ou energia, mas as suas
biente. estruturas de relacionamento social são fracas e
Sustentando o desenvolvimento humano levam ao conflito crônico entre os residentes. Ou-
saudável – ECOVILAS são comunidades huma- tras podem regozijar-se em uma atmosfera fra-
nas, e como tais, devem ter a saúde humana inte- terna de cooperação, sem produzir sequer o seu
grante nos seus objetivos. Mas o que significa de- alimento mais básico.
senvolvimento humano saudável, senão o equilí- Quais, entre estes, seriam os assentamen-
brio de todos os aspectos da vida humana: físico, tos mais sustentáveis? Quais seriam aqueles a
emocional, mental e espiritual? permanecer vivos por muitas gerações?
Nesse caso, o projeto de saúde em uma Para ajudar a compreender melhor essa
ECOVILA deve enfatizar o caráter preventivo do questão, estabelecemos uma análise dos QUA-
trabalho. A saúde preventiva começa no solo. Pes- TRO ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DE UMA
soas satisfeitas, seguras e amadas, com uma di- ECOVILA. Relacionando as características sus-
eta orgânica, e atividade física adequada, rara- tentáveis básicas de um assentamento humano,
mente adoecem. esperamos que seja possível iniciar a identifica-
De forma contínua e permanente – Este é ção concreta dos quesitos menos atendidos,
o caráter sustentável das ecovilas. aqueles a serem aperfeiçoados, e também da-
Não basta que sejam criados assentamen- quelas qualidades existentes, a serem promovi-
tos onde todas as necessidades são atendidas de das.
forma imediata. É necessário um futuro para as
gerações ainda não nascidas. OS QUATRO CAMPOS DE UMA ECOVILA
Uma cidade não é uma ecovila, mas, com
um planejamento adequado, vontade e trabalho, [1] INFRA-ESTRUTURA
pode se tornar uma federação de ecovilas Sistemas de captação, armazenamento,
interdependentes. Da mesma forma, comunida- distribuição e reciclagem da ÁGUA
des rurais necessitam de uma auditoria cuidado- A água é a substância vital para a existên-
sa nos seus sistemas de suporte, pois uma infra- cia da vida. Dos oceanos surgiu a vida que habi-
estrutura baseada na utilização de combustíveis ta o planeta. O ciclo hidrológico de evaporação,
fósseis, sem um sistema de reciclagem de detri- transpiração, precipitação e absorção que ocor-
tos, e dependente das importações de recursos é re na biosfera é a força de propagação da vida. O
um sistema destinado ao colapso. E, com ele, o cuidado com os recursos hídricos, bem como a
colapso de todos que dele dependem. restauração daqueles já degradados é respon-
A crise não é tanto material quanto uma sabilidade das comunidades que se assentam
crise de caráter. A falta de determinação para re- em qualquer microbacia hidrográfica.
alizar as mudanças, utilizando as soluções já dis- ECOVILAS devem preocupar-se com o
poníveis, é a maior carência. Ecovilas são feitas abastecimento adequado de água potável e para
por visionários. Pioneiros que se recusam a parti- irrigação, armazenando a pluviosidade (água das
cipar do ciclo de exploração e dedicam-se a criar chuvas) e melhorando a qualidade das nascen-
um novo futuro. Um futuro possível. tes e dos córregos existentes.
Também o tratamento biológico da água
OS ELEMENTOS DE UMA ECOVILA utilizada deve ser uma prioridade. A qualidade
da água descartada por qualquer comunidade
No planeta, existem milhares de vilas. Mui- deve ser igual ou superior àquela utilizada. O pla-
tas, principalmente nos países menos industriali- nejamento adequado para a utilização das águas
zados, com sistemas sustentáveis estabelecidos superficiais, particularmente do escorrimento su-
há muitas gerações. Essas vilas têm muito a nos perficial que ocorre em áreas pavimentadas, te-
ensinar sobre a vida equilibrada com o ambiente lhados e solos descobertos, é mais um fator a
natural. Também temos muito a aprender com os ser considerado.
pioneiros, de hoje e do passado, que identifica-
ram os caminhos errados da civilização, e parti-
ram na direção das terras desconhecidas para
51 Geografia – CP08 – 142M2

Sistemas de geração de ENERGIA Sem que se eliminem as interações pessoais, a


RENOVÁVEL ECOVILA necessita considerar, tanto as suas for-
A prioridade, dentro da política energética mas de comunicação interna (quadros de aviso,
local, deve ser para a conservação e a economia boletins, intranets, etc.), quanto às conexões com
de energia. Busca-se a utilização de aparelhos e o mundo exterior.
instrumentos mais econômicos, e a mudança de Cada ECOVILA do planeta necessitará de
atitude cultural em relação ao desperdício de ener- um centro de informações, onde as comunica-
gia elétrica. ções diárias entre a comunidade, e desta com o
A produção de energia, para uso industrial mundo, possam ocorrer. Assim, esperamos evi-
ou doméstico, demanda uma quantidade incal- tar o isolamento que hoje é imposto às popula-
culável de recursos, além de causar sérios pro- ções rurais e, em uma escala maior, o isolamen-
blemas de poluição atmosférica. Toda ECOVILA to imposto aos países menos industrializados.
deve investigar as origens locais da energia elé-
trica reticulada, para estabelecer sua procedên- [ 2 ] ESTRUTURAS FÍSICAS
cia e seu impacto ambiental. Essa investigação O ciclo planetário de transformação da
pode levar a uma conclusão quanto às quantida- energia solar em matéria, a partir da fotosíntese,
des de energia que serão necessárias gerar lo- alimenta a base para a sustentação da vida. Em
calmente para a sustentação da comunidade. uma comunidade humana, a medida do respeito
Existem muitas tecnologias para a gera- por esse ciclo é representada pelas ações toma-
ção sustentável de energia renovável: solar, das em direção a um equilíbrio biorregional dos
micro-hidráulica, eólica, biogás, etc. É de respon- recursos utilizados com aqueles produzidos.
sabilidade de todo assentamento investigar as Produção e consumo de ALIMENTOS E
alternativas mais viáveis, calcular o investimento NECESSIDADES BÁSICAS
necessário e o tempo para amortização, tendo O sistema econômico e social, que exige
em conta as características específicas do local. o transporte do alimento produzido localmente
Redução das necessidades de TRANS- para cidades distantes, é um processo que ali-
PORTE menta a especulação e empobrece a região. Ao
ECOVILAS definem um estilo de vida que, mesmo tempo, a deposição dos resíduos e polu-
por sua natureza, demanda pouco dos recursos entes desse processo é, em grande parte, levada
de transporte, particularmente do transporte de para fora da cidade, depositando nas zonas pre-
alimentos e materiais. O transporte de pessoas viamente férteis dos vales rurais.
também é reduzido com a criação de postos de A produção orgânica e permanente de ali-
trabalho locais. mentos deve ser uma atividade de todo e qual-
Com o natural embelezamento do ambi- quer assentamento. Um mínimo de 60% a 80%
ente, tornam-se também desnecessárias as “es- de auto-suficiência alimentar deve ser esperado
capadas” para o mundo natural, comuns em po- das comunidades, inclusive nas zonas urbanas.
pulações urbanas estressadas. Nesse caso, a na- Embora algumas trocas regionais possam
tureza faz parte da rotina de todos, e as viagens ser encorajadas, a alimentação básica das famíli-
de férias são menos urgentes. as é responsabilidade inalienável. Isso não signi-
Para aquelas necessidades de transporte fica que todas as pessoas devem engajar-se na
inevitáveis, existem alternativas comunitárias co- agricultura. Pelo contrário, uma família dedicada
operativas, e mesmo tecnologias eficazes que ba- a essa tarefa, e com suficiente espaço disponí-
rateiam o custo e reduzem (ou eliminam) a polui- vel, pode alimentar outras oito famílias, que po-
ção e a degradação do ambiente. Certamente dem se dedicar a outras necessidades básicas.
que uma ênfase na coletivização do transporte Todas as regiões do planeta devem
é necessária para o desenvolvimento de estraté- priorizar a produção de alimento saudável, orgâ-
gias sustentáveis em nível regional. Ainda ficam nico e diversificado em abundância para seus
por ser resolvidas as questões de transporte a habitantes, além de delimitar áreas específicas
longas distâncias. Eventualmente, quando os cus- para o desenvolvimento natural dos ecossiste-
tos reais passarem a ser refletidos em todos os mas locais. A comercialização inter-regional de
meios de transporte, a sociedade deverá encon- alimentos específicos, fibras e outras especiali-
trar seus caminhos, reduzindo as necessidades dades, só deveria existir uma vez que a condi-
e investindo em tecnologias apropriadas. ção básica de alimentação tenha sido alcançada.
Acesso às facilidades de COMUNICAÇÃO [...]
Com sistemas de comunicação eficientes,
as necessidades de transporte são muito reduzi- Arquitetura e construção ecológicas
das. Basta compararmos os efeitos que tais tec- Quando assentamentos sustentáveis são
nologias, como o telefone, telefaxes e modems o objetivo, o projeto e a construção das
têm causado na comunicação entre as pessoas. edificações deve respeitar o bom senso em rela-
52 Manual do Professor – ed 08

ção à utilização prioritária de materiais locais, não Todas as ECOVILAS devem engajar-se
tóxicos, além das técnicas apropriadas para a em programas de plantio de florestas, elimina-
participação comunitária na construção de suas ção de erosão e recuperação das áreas degra-
habitações. dadas nas suas regiões. Essa ação, em si só,
A indústria da construção civil é responsá- teria condições de absorver todo o desemprego
vel pelo maior consumo dos recursos naturais no existente nas regiões habitadas do mundo.
planeta. Florestas, metais e outros recursos são
utilizados com enorme desperdício, em prejuízo [4] ESTRUTURAS SOCIAIS E ECONÔMI-
das futuras gerações. Enquanto isto, três quartos CAS
das habitações do planeta são eretas com o ma- Decisão e governo em nível local
terial mais básico: a terra, e permanecem por sé- O fluxo de informações em uma comuni-
culos. Além da argila, palha, pedras e até mesmo dade determina a forma com que ela é organi-
a madeira, plantada para esse fim, podem substi- zada, como os elementos sociais são
tuir a grande maioria dos materiais hoje utiliza- estruturados. Assim, uma organização vertical,
dos na construção civil. hierárquica, estabelece um sistema em forma
É muito importante que haja uma revisão de pirâmide, em que as decisões são concen-
dos valores pessoais, particularmente aqueles re- tradas por uma minoria na ponta, e a grande
lativos aos conceitos estéticos. ECOVILAS são bo- maioria permanece fora de contato e alienada.
nitas, as casas são confortáveis e eficientes. E seus Por outro lado, um fluxo circular de informação
habitantes se beneficiam da saúde proveniente permite que todos participem, de alguma for-
de uma habitação não tóxica. ma, no processo decisório, particularmente na-
quelas decisões que tenham impacto direto nas
Consideração ao ciclo de vida dos mate- suas vidas.
riais Organização em círculos sempre foi par-
Antes da aquisição de um objeto, trazen- te integrante do processo decisório de tribos e
do-o para dento do sistema, deve-se realizar uma comunidades ancestrais. Os conflitos e os ru-
reflexão quanto ao ciclo de vida dos materiais que mos de uma comunidade são decididos com a
utilizados neste objeto. Será que existe mesmo a participação de todos aqueles que venham a se
necessidade da compra? Pode esse objeto ser beneficiar ou ser atingidos pelas decisões to-
consertado em caso de falha? Por quanto tempo madas.
será útil? Poderá ser reciclado? Poderia ser subs- Essa questão nos leva a discutir o núme-
tituído por outro feito de materiais naturais locais? ro ideal para que uma comunidade possa deci-
A análise do ciclo de vida dos materiais já faz parte dir seus rumos. Um assentamento não pode ser
das organizações empresariais mais avançadas. muito numeroso, para que todos tenham voz e
Está intimamente relacionada aos conceitos de acesso às suas lideranças, nem tão minúsculo,
qualidade. Esse aspecto nos leva a considerar os arriscando assim a sustentabilidade econômica
impactos ecológicos, regionais e sociais da tecno- ou genética. Um número muito acima de 500
logia que optamos por utilizar. pessoas sugere a necessidade de subdivisões
territoriais e sociais, aproveitando, talvez, os
[3] PRIORIZAÇÃO NA UTILIZAÇÃO DOS RE- marcos geográficos que ocorrem naturalmente.
CURSOS: Esse campo de estudo nos apresenta al-
Prioritários – aqueles que aumentam com guns dados interessantes. De acordo com
o uso (ex.: informação...) – aqueles não afetados Mollison, os assentamentos humanos variam na
pelo uso (ex.: água em micro-hidroelétricas...) – sua capacidade de prover os recursos necessá-
recursos que se degradam quando não utilizados rios para a sua população de forma sustentável
(ex.: frutas, hortaliças...) Uso regulado – recursos em função da população. Também variam os
que reduzem pelo uso (ex.: combustíveis fósseis...) níveis de conflito e o comportamento social dos
Banidos – aqueles que destroem (ex. agrotóxicos, grupos.
energia nuclear...) Um número de cem pessoas adultas se-
ria necessário para estabelecer uma instituição fi-
Restauração dos ecossistemas naturais nanceira local sustentável. Sabemos que 500 pes-
A recuperação dos ambientes naturais é soas é o limite aproximado para que todos pos-
responsabilidade de toda a espécie humana e, sam se conhecer. Isso quando existir a organi-
por analogia, de qualquer ECOVILA. A redução zação de eventos sociais e reuniões informais.
das quantidades de solo fértil no planeta é o pro- Um bom início poderia estar em torno de
blema mais urgente que enfrentamos. As flores- 30 adultos, com suas crianças, atingindo grada-
tas, os mangues e sistemas aquáticos da Terra tivamente uma população de 200 ou 300. Nes-
também têm sofrido uma degradação sem prece- se aspecto existem experiências que podem en-
dente, em sua maioria, devido às atividades hu- sinar um caminho único, como as cooperativas
manas.
53 Geografia – CP08 – 142M2

Sistemas de saúde preventiva


Mondragon, na Espanha, que iniciaram com po-
pulações de 3 a 5 mil pessoas, e mais tarde se A maior parte dos custos, que hoje são
desmembraram em assentamentos de 300 ou provenientes de um sistema de saúde que trata
500 pessoas, confederados regionalmente. a doença, sem eliminar a causa, poderiam ser
Uma ECOVILA não pode negligenciar a economizados. Um estilo de vida saudável, em
necessidade de estabelecer um relacionamen- ambiente apropriado, com uma dieta compatí-
to pessoal entre seus habitantes, mesmo que vel são a melhor prevenção às doenças.
se limite a uma convivência cordial. Esse fator é Sem abdicarmos dos benefícios da me-
comprovadamente vital para a sobrevivência, dicina moderna, podemos criar formas para
particularmente em situações de calamidade ou atender a essas necessidades em nível regio-
desastre. nal, como ocorre em diversos assentamentos
modernos. Particularmente para os idosos, as
Quadro comparativo entre as popula-
gestantes e as crianças, é necessário um aten-
ções de assentamentos (adaptado de Bill dimento e um apoio humanitário que venha de
Mollison and Christopher Alexander):
dentro de suas comunidades.

Educação para a realidade


Número de pessoas Comentário
Todo assentamento tem um compromis-
30 a 40 Mínimo número de pes- so com a formação da consciência e a capacita-
soas para cobrir a maio- ção para o trabalho de seus habitantes. O cres-
ria das funções huma- cimento pessoal e a satisfação são atingidos a
nas. partir de um sistema que reconheça as particu-
laridades e as vocações individuais, sem negli-
200 a 300 Mínimo para a variabili- genciar as necessidades de sobrevivência do
dade genética humana. grupo. A ECOVILA tem também a responsabili-
dade de educar e conscientizar seus vizinhos,
600 a 1 000 Máximo para o relacio- dentro e além da região.
namento pessoal e a re-
Estruturas culturais
presentatividade de to-
dos. ECOVILAS são assentamentos seguros,
que garantem a expressão pessoal, artística ou
1 000 a 5 000 Máximo para uma fede- espiritual de seus habitantes sem, no entanto,
ração de ecovilas. comprometer o espaço privado de cada um. É
de fundamental importância que existam opor-
7 000 a 40 000 Cidades. Funcional so- tunidades para estas manifestações da criativi-
mente se organizado em dade humana, suas artes e seus rituais. A diver-
vilas ou cooperativas sidade cultural de uma comunidade é a oportu-
confederadas. nidade para o desenvolvimento de uma verda-
deira visão global do mundo. Uma nova consci-
50 000 Máximo para uma cida- ência global pode emergir desta diversidade
de organizada. reconhecida, protegida e celebrada nos festi-
vais, feiras e ritos.
SOARES, André Luis J. Coordenador do IPEC. Disponí-
vel em: <www.arvore.com.br> Acesso em: 31 ago. 2004
Sistemas econômicos locais
À medida que o mundo se adapta a seus
Atividade 3 – Desafios
limites naturais, novos sistemas de economia
comunitária necessitarão evoluir com as popu-
lações. O momento exige que “reinventemos” a Convide a turma para fazer uma leitura si-
lenciosa do texto “Ecovilas: espaços futuristas de
economia, de forma a satisfazer as necessida-
vida”. O texto é denso e precisa ser bem trabalho
des reais das comunidades e suas regiões.
por você. Veja quantas noções já trabalhadas an-
Sistemas de trocas de trabalho e de pro-
teriormente, nos dois capítulos, e que estão nele
dução, cooperativas de crédito regionais e ou-
tras formas de integração das atividades econô- contextualizadas:
• modos de vida;
micas regionais, com as suas necessidades e
possibilidades reais surgirão com a organiza- • desenvolvimento científico e tecnológico;
• valores culturais;
ção comunitária. É importante que exista um tra-
• estilo de vida;
balho consciente para desenvolver as alterna-
• sociedade urbano-industrial;
tivas econômicas, primeiro em nível comunitá-
• sociedades sustentáveis;
rio e, em seguida em nível biorregional.
• limites de exploração da natureza;
54 Manual do Professor – ed 08

• cultura de PAZ;
• espaço futurista;
• estilo de vida desagregador da natureza e das
pessoas;
• vida sustentável.

Peça que sublinhem as palavras cujo sig- 6 – Ações para uma vida sustentável
nificado será preciso discutir. Certamente, um de-
les é a palavra “futurista”. Eles já conhecem a Essa seção tem como objetivo aprofundar
palavra futuro? Pois é, futurista é algo que está as questões relativas ao potencial dos mananciais
por vir... As ecovilas anunciam uma mudança de hídricos em nível planetário e, em seguida, lançar o
estilo de vida, de esbanjador e consumista para foco para o Brasil. Nesse percurso, analisaremos
um estilo que valoriza aquilo que é suficiente para o mapa da distribuição da população brasileira x
viver bem, respeitando os limites da natureza. espacialização dos nossos recursos hídricos e dis-
Todos os desafios propostos serão de- cutiremos sobre nossas potencialidades em ter-
senvolvidos em grupo de 4 alunos. mos de água subterrânea, investigando o
O desafio 1 é de criação de um roteiro de AQÜÍFERO GUARANI.
dramatização do cotidiano de uma ecovila por Organize a sala em duplas e proceda ao de-
meio de mímica. A atividade envolve elaboração- senvolvimento da seguinte seqüência didática:
ensaio-apresentação-avaliação coletiva. • Ponto de partida:
O desafio 2 é o planejamento de maque- A água é um bem de uso comum de todo ser
te de uma ecovila. A atividade envolve elaboração humano e demais seres vivos. É impossível viver
de um esboço da maquete – execução da ma- sem ela. Durante milênios, a humanidade a consi-
quete – apresentação – avaliação coletiva. derou um bem infinito, inesgotável. Vivia-se um tem-
Confira essa atividade no livro do aluno, po em que seus mananciais eram abundantes, lim-
no item 3 – Material necessário para a execução pos, renováveis.
o projeto. Um dos maiores segredos para cons- No entanto, os 6 bilhões de seres humanos
truir uma boa maquete é o planejamento, inclu- que vivem hoje no planeta provocam uma crescen-
indo um esboço detalhado. te demanda de água. Como se isso só não bastas-
se, o mau uso e o desperdício fazem com que a
Para ampliar as possibilidades, leia a in- disponibilidade de água limpa seja cada vez mais
formação a seguir: difícil...
Depois da leitura desse texto, proceda à lei-
Receita de massa de biscuit tura do mapa-múndi começando pela legenda. Ana-
lise com a turma a relação entre cada símbolo e
Misture bem a cola, o suco de limão, o sua localização no mapa. Cada dupla deve ter dis-
óleo e o amido de milho. No microondas, cozi- ponível mapa-múndi político para localizar os fatos
nhe a massa por três minutos na potência máxi- da legenda. Numa visão geral, a análise
ma interrompendo a cada minuto para mexer cartográfica pode ser feita por continente. Nesse
com uma colher de pau. No fogão, cozinhe a mis- caso, o resultado é o seguinte:
tura em panela anti-aderente, em fogo brando, • Continente americano: predomina pouca ou ne-
mexendo sempre. nhuma escassez de água. No entanto, parte dos
A massa está pronta quando se solta do Estados Unidos e do México há escassez e qua-
fundo e das laterais da panela. Espalhe o creme se escassez física de água, quer dizer, ela não
para as mãos em uma superfície de pedra e des- existe mesmo por se tratar de área de clima
peje a massa cozida, ainda quente. Sove-a até desértico. No litoral do Peru e em parte do Equa-
ficar com a consistência ideal para modelar. dor, na América do Sul, existe quase uma escas-
Assim que a massa esfriar, embale-a com sez física de água. O litoral é um deserto. Na
papel filme ou plástico para que não resseque. América Central, há escassez econômica de
Num recipiente bem fechado, ela dura de 30 a água, quer dizer, além da carência de água, há o
45 dias. fator pobreza que dificulta o acesso à água lim-
Quando a massa estiver fria ou mesmo pa. Chame a atenção para o Brasil: ou nenhuma
depois de guardada, você pode tingi-la. Use tinta escassez de água.
óleo ou corante universal. Misture bem para ga- • Continente africano: a maioria dos países so-
rantir a uniformidade da cor. Se seus alunos fo- frem, como a América Central, de escassez eco-
rem muito pequenos, fique atento para que não nômica de água, quer dizer, além da carência de
coloquem a massa na boca. água há o fator pobreza que dificulta o acesso à
Disponível em: <http:/www/ água limpa. Os países do extremo Sul, incluindo
novaescola.abril.com.br/ed/171_abr04/html/faca.htm - a República Sul-Africana e Madagascar, estão
27k Acesso em: 18 ago. 2007 próximos à escassez física de água. Os países
do extremo Norte – deserto do Saara – têm o
mesmo problema de escassez física de água.
55 Geografia – CP08 – 142M2

• Continente europeu: com exceção de uma pe- Paraguai, Argentina e Uruguai. Analise sua espa-
quena mancha na Espanha, que está próxima cialidade no Brasil: o estado de São Paulo está
à escassez de água, todos os demais países situado sobre ele. Podemos dizer que sua ocor-
têm pouca ou nenhuma escassez de água. rência é sob a bacia do Rio Paraná, que também
• Continente asiático: podemos dizer que nessa coincide com o local onde ocorreu um grande der-
parte mais povoada do nosso planeta a situa- rame de lavas vulcânicas em era geológica pas-
ção da água é mais crítica, predominando es- sada. São os seguintes estados brasileiros que
cassez e quase escassez física de água. A ex- se beneficiam desse patrimônio: MG, SP, GO, MS,
ceção é feita em parte da China, o Japão e o MT, PR, SC e RS.
Sudeste Asiático, pouca ou nenhuma escassez Em grupo, os alunos deverão fazer uma
de água. coleta de dados sobre o Aqüífero Guarani, analisá-
• Austrália e Oceania: Exceto o Sudeste australi- los, selecioná-los e organizá-los em meia folha
ano, com escassez física de água (deserto) exis- de cartolina para compor um belo álbum para futu-
te pouca ou nenhuma escassez de água. ros estudos com as turmas que virão.
O foco passa para o Brasil com a análise
dos seguintes dados:
• O Brasil detém 11,6% da água doce superficial
do mundo.
• Os 70 % da água disponível para uso estão
localizados na Região Amazônica. São duas as atividades. Confira:
• Os 30% restantes distribuem-se desigualmen- • Elabore três compromissos que você esteja
te pelo país, para atender a 93% da população. disposto a assumir como habitante responsá-
vel pela conservação do nosso planeta Terra.
O Brasil já vive um problema muito sério de • Faça uma apreciação dos estudos geográficos
água: o maior potencial hídrico é a Amazônia, quer realizados no semestre e participe de uma ava-
dizer, distante da maior demanda de água, que é o liação coletiva na turma.
Centro-Sul e o Nordeste. Ou seja, a distribuição
espacial da população brasileira, concentrada no O ano letivo chegou ao seu final e é hora de
litoral e numa faixa que não excede 500 km para o planejar uma festa bonita para o lançamento dos
interior, já vem sofrendo problemas de raciona- Livros 1 e 2 desta Coleção, produzidos em co-au-
mento em algumas capitais, como São Paulo, Rio, toria: familiares, amigos, colegas e professor. To-
Curitiba. Para essa constatação, propomos uma das as séries participarão deste lançamento.
análise cartográfica sobre a DISTRIBUIÇÃO ES-
PACIAL DA POPULAÇÃO BRASILEIRA.

• Prepare a turma para a atividade cartográfica. A


densidade demográfica (quantidade de habi-
tantes por quilômetro quadrado (hab/km2) ob-
tém-se, dividindo a população pela área
territorial. Nesse sentido, a população brasilei- Essa seção tem a pretensão de incentivar
ra é IRREGULARMENTE DISTRIBUÍDA pelo ter- os trabalhos interdisciplinares. Muitos dos livros
ritório nacional. A construção de Brasília ajudou indicados para leitura abordam temas trabalha-
bastante a interiorização da população. Veja que dos em quase todas as matérias dos anos inici-
a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil também ais do Ensino Fundamental. No mínimo, é possí-
levou a ocupação humana para o Sul do Mato vel estabelecer uma relação de interdisciplinari-
Groso do Sul. O café interiorizou o povoamento dade com Língua Portuguesa. Não é necessário
na região Sudeste e até o Norte do Paraná. que exatamente esta indicação de leitura seja se-
• A questão seguinte é: Há solução? Onde ela guida. O importante é o fato de o livro escolhido
está? abordar o tema estudado no capítulo.
• O foco agora é para a água subterrânea, a gran- Faça uma leitura prévia do livro, destaque e
de cisterna representada pelo AQÜÍFERO anote os principais pontos de conexão entre o livro
GUARANI. Amplie seus saberes sobre ele con- e o tema estudado para possibilitar a construção
sultando os seguintes sites: de interfaces.
http://www.uniagua.org.br/ Combine com os alunos a leitura do livro,
http://www.riosvivos.org.br dividindo-a em partes. Comente cada uma das par-
h t t p : / / w w w. a m b i e n t e . s p . g o v. b r / a q u i f e r o / tes, ao final da leitura, apontando os pontos mais
aquifero_guarani.htm relevantes e suas relações com o tema do capítulo.
Proceda à análise dos dois mapas. Locali- Faça uma avaliação final com os alunos
ze esse manancial de água. Veja que dois terços acerca da história narrada no livro.
pertencem ao Brasil, e o restante é dividido entre
56 Manual do Professor – ed 08

Já sugerimos que seja reservado um tem- nos. Se possível, forme um grupo de leitura. In-
po das aulas de Geografia (e, quem sabe, tam- centive e motive os alunos para a leitura dos livros.
bém de Ciências e Língua Portuguesa) para a Para tanto, destaque os hábitos de leitura de pes-
leitura coletiva de Pachamama: Missão Terra 2. soas que eles admiram ou mesmo conte alguma
Ações para salvar o planeta. São Paulo: Melhora- parte intrigante do livro para criar um clima de
mentos, 2001. Ao descrever a situação do meio suspense e curiosidade. Estamos sugerindo:
ambiente no planeta e informar o que os governos Jovens em ação. Ações para melhorar o
e os jovens estão fazendo para enfrentar os desa- ambiente e a qualidade de vida nas cidades, da
fios ambientais do século XXI, a obra oferece um Editora Melhoramentos.
interessante aporte conceitual para a ampliação e
o aprofundamento dos estudos geográficos da 4.a Autores: Ângela Baeder, Aloma F. de Carva-
série/ 5.o ano. lho, Neide Nogueira e Rosicler M. Rodrigues

Essa seção fornece outras indicações de Confira no livro do aluno. Você encontrará,
leitura para possibilitar opções. Se não por isso, nessa seção, quatro textos para o seminário pro-
os livros aqui sugeridos poderão ser lidos durante posto na seção Oficina.
as férias e depois comentados por grupos de alu-

Referências
ALLER, Joan M. Da economia ecológica ao ecologismo popular. Blumenau: Editora da FURB, 1998. 401p.
BRANCO, Samuel M. Ecologia da cidade. 23.ed. São Paulo: Moderna,1991. 56p.
CARLOS, Ana Fani A (Org.). Novos rumos da geografia. São Paulo: Contexto, 1999. 203p.
Diálogos entre as esferas global e local: contribuições de organizações não-governamentais e movimentos
sociais brasileiros para a sustentabilidade, eqüidade e democracia planetária. Coordenação do projeto Rubens
Harry Born. São Paulo: Peirópolis, 2002. 174p.
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra. São Paulo: Peirópolis, 2002. 217p.
HELENE M. Elisa M.; BICUDO, Marcelo B. Sociedades sustentáveis. São Paulo: Scipione, 1994. 47p.
LEFF. Enrique. Ecologia, capital e cultura. Racionalidade ambiental, democracia participativa e desenvolvimento
sustentável. Blumenau: Editora da FURB, 2000. 373p.
MARCONDES, M. José de Azevedo. Cidade e natureza: proteção dos mananciais e exclusão social. São Paulo:
Studio Nobel,1999. 238p.
MAY, Peter H. et al (Org.). Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. 318p.
PROTEÇÃO DO CAPITAL SOCIAL E ECOLÓGICO por meio de Compensações por Serviços Ambientais (CSA).
Como comunidades rurais e indígenas do Brasil, fortalecidos politicamente, podem satisfazer suas necessida-
des básicas e ter acesso a novos benefícios, até financeiros, protegendo os recursos naturais de seus territó-
rios. Coordenação do projeto Rubens Harry Born e Sérgio Talachi. São Paulo: Peirópolis: São Lourenço da
Serra, São Paulo: Vitae Civilis, 2002. 150p.
SACHS, I. et. al. (Org.). Brasil: um século de transformações. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. 522p.
SANTOS. Milton; SILVEIRA, Maria Laura. Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro:
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ROSS, Jurandir L. Sanches (Org.). Geografia do Brasil. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2001. 546p.
TRIGUEIRO, André. Meio ambiente no século 21. 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas
de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. 367p.

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