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INTRODUÇÃO ____________________________________________________________ 02
PRIMEIRA PARTE
GRANDES NÚMEROS DO FÓRUM ___________________________________________________ 08
SEGUNDA PARTE
CARACTERIZAÇÃO DO PÚBLICO PRESENTE NO FSM 2005 ___________________________________ 15
TERCEIRA PARTE
ENGAJAMENTO POLÍTICO, INSERÇÃO E PARTICIPAÇÃO _____________________________________ 26
QUARTA PARTE
AVALIAÇÃO SOBRE A LEGITIMIDADE DAS INSTITUIÇÕES ____________________________________ 40
QUINTA PARTE
AVALIAÇÃO DA METODOLOGIA DO FSM_______________________________________________ 54
CONCLUSÃO _____________________________________________________________ 66
CRÉDITOS _______________________________________________________________ 68
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Porto Alegre, janeiro de 2005: o Fórum Social Mundial (FSM), na quinta edição, ganhou em expressão
e força política, reafirmando sua importância na luta contra o neoliberalismo e por “outros mundos
possíveis”. Confirmou-se, por suas dimensões e relevância, como espaço privilegiado de encontro e
articulação da sociedade civil, em sentido cada vez mais mundial. Contou com a participação de 155
mil pessoas registradas, vindas de 149 países, reunindo um universo amplo e diversificado de represen-
tantes de redes, campanhas e movimentos sociais, bem como de moradores(as) da cidade que tinham
interesse pelo evento. Conhecer e identificar o perfil dos(as) participantes foi o principal objetivo da
pesquisa “Raio X da participação no Fórum”, realizada sob a coordenação do Ibase em parceria com
quatro entidades do Conselho Internacional do FSM (Universidade de Queensland, Universidade de
Paris, France Telecom e Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Este relatório resume alguns dos resultados dessa pesquisa por amostragem, incluindo considerações
comparativas com as pesquisas de mesma natureza implementadas em 2003, no Brasil, e 2004, na Índia.
A fonte de dados tem duas origens: os cadastros do comitê organizador brasileiro (2003 e 2005) e indiano
(2004) e as pesquisas conduzidas pelo Ibase, durante a realização dos eventos de 2003, 2004 e 2005.
O objetivo deste relatório é servir de fonte de informações sobre o movimento da cidadania mundial,
naquilo que foi consubstanciado nas edições do Fórum, dando continuidade ao esforço de construir,
de forma plural e coletiva, uma memória do processo Fórum Social Mundial. Ao mesmo tempo que se
pretende apontar elementos de destaque na caracterização dos(as) participantes, parece importante
contribuir para a identificação dos campos em que seria necessário maior aprofundamento e pesqui-
sas posteriores. Este relatório não pretende esgotar as possibilidades interpretativas sobre os dados
gerados pela pesquisa. Um conjunto completo de tabelas e dados está disponibilizado nos sites do Ibase
e do escritório de apoio ao FSM de São Paulo (www.ibase.br e www.forumsocialmundial.org.br).
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O texto está dividido em cinco partes. A divisão proposta pretende facilitar a compreensão, com o orde-
namento das informações por temas que possuem afinidade. Não se apresentam, portanto, as informa-
ções segundo a ordem de perguntas registrada no questionário, que pode ser encontrado no Anexo I.
A primeira parte do trabalho trata dos grandes números do Fórum e apresenta o resultado do mapea-
mento do universo ao qual se referem os dados da pesquisa e sua relação com o conjunto de pessoas
presentes.
A segunda parte traz a caracterização dos(as) participantes, com informações relativas a origem geo-
gráfica, idade, escolaridade, gênero e ocupação. Essa parte, bem como as seguintes, se baseia na
pesquisa por amostragem;
Na quarta parte, denominada “Avaliação da legitimidade das instituições”, apresenta-se a opinião das
pessoas presentes quanto a instituições públicas ou privadas e aos caminhos para a construção de “um
outro mundo” identificados e/ou propostos.
Finalmente, na quinta parte, discutem-se as percepções e opiniões sobre o próprio FSM: a participação
em eventos relacionados ao processo Fórum, o conhecimento relativo à Carta de Princípios e à organi-
zação do território e do programa do FSM 2005 em espaços temáticos.
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METODOLOGIA E AMOSTRA
METODOLOGIA E AMOSTRA
A amostra de 2005, num total de 2.540 entrevistas, foi estratificada. Tal estratificação foi feita em
quatro grupos. A escolha desses grupos derivou da experiência nas edições anteriores do Fórum e teve
por base o banco de registro das inscrições. Os grupos em que se dividem a amostra são:
• participantes brasileiros(as);
• participantes latino-americanos(as);
• participantes de outros países;
• acampados(as).
O universo da pesquisa foi apenas de participantes e acampados(as), 127 mil presentes no Fórum.
De cada estrato foi retirada uma amostra aleatória simples de indivíduos que responderam ao questio-
nário em português, francês, inglês ou espanhol.
Tal procedimento permitiu tratar os dados em subamostras, no total e expandido para o universo,
segundo seu tamanho no total.
Em função da convergência do erro amostral em universos infinitamente grandes, como é o caso desta
pesquisa, pode-se desconsiderar o tamanho do universo e calcular o erro amostral, para um coeficien-
te de confiança de 95%, para cada estrato com a seguinte fórmula:
d = 1,96 p
n
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Sendo que:
d = erro absoluto de amostragem;
p = percentual de indivíduos que expressam uma opinião;
q = 1 - p;
n = tamanho da amostra dentro do estrato.
Os erros máximos de amostragem, para p = q = 50%, foram calculados para cada estrato e para o
agregado dos estratos.
Os cruzamentos apresentados foram escolhidos com base em dois fatores. O primeiro é relativo à per-
tinência da relação e da capacidade de explicação que um elemento pode trazer para o outro, e o se-
gundo é a maior diferenciação das médias verificadas em relação a um ou outro fator. Naturalmente,
não se trata de afirmar que não poderá haver outros cruzamentos e relações igualmente interessantes,
mas o objetivo deste trabalho não é a exaustividade, e sim a apresentação de possibilidades de análise
aos leitores e leitoras.
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PRIMEIRA PARTE
PRIMEIRA PARTE
GRANDES NÚMEROS DO FÓRUM
O Fórum Social Mundial de 2005, ocorrido no Brasil, contou com a presença de um número muito ex-
pressivo de pessoas, continuando o crescimento registrado em cada uma das edições anteriores (Tabe-
la 1). Pesquisas como esta pretendem contribuir para conhecermos melhor o perfil dos(as) presentes,
identificando sua origem geográfica e política, seu comprometimento e sua inserção social, bem como
a relação com a promoção do Fórum, permitindo a distinção entre uma participação mais engajada e
sistemática no processo FSM e outra que pode ser compreendida como eventual e/ou iniciante.
Tabela 1 - FSM
Uma vez que tem havido mudanças tanto na forma de organização como no modo de registrar a par-
ticipação nos eventos do Fórum, comparações entre informações provenientes de diferentes edições
devem ser realizadas com cautela. Na Índia, por exemplo, havia a diferenciação entre delegados(as) e
pessoas que portavam passe diário (daily pass), e essa distinção não se reproduziu em 2005. No Brasil,
a presença foi registrada pelo comitê organizador do FSM segundo cinco categorias: participantes,
acampados(as), comunicadores(as), voluntários(as) e intérpretes.
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Nas edições do FSM, em geral, registra-se a presença de um grande número de pessoas oriundas da
cidade em que o evento se realiza. Na Índia, em 2004, o contingente de pessoas que assistiram a ati-
vidades e circularam pelo espaço onde se realizava o Fórum sem estarem inscritas como participantes
para todo o evento, em sua imensa maioria indianas,1 chegou a 41 mil, o que correspondeu a 35,6% 1 Segundo informações da
organização do Fórum na
do público total. Índia para os passes diários.
No Brasil, diferentemente do que ocorreu em Mumbai, não houve qualquer limite ou mesmo registro
oficial quanto à participação de moradores(as) da cidade de Porto Alegre no FSM 2005. O objetivo
de realizar o Fórum no “Território Social Mundial”, localizado na orla do rio Guaíba, em uma área
central, era exatamente o de permitir sua integração à cidade, tornando o espaço aberto e amigável à
população da cidade. Assim, esse tipo de participação não foi contabilizado no número oficial de 155
mil presentes, que se refere apenas às pessoas que foram registradas formalmente. Todos os dados
apresentados neste relatório referem-se, portanto, apenas a esse universo.
Em 2005, a presença segundo as categorias de inscrição adotadas pela organização do evento foi dis-
tribuída de acordo com as indicações da Tabela 2, na qual podemos verificar que 82,1% das pessoas
presentes eram participantes e acampados(as).
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Em 2004, em Mumbai, o Acampamento da Juventude respondeu por apenas 2,7 mil (2,4%) da pre-
sença, contra 23 mil (23%) em Porto Alegre, em 2003. Naquele mesmo ano, participantes com passe
diário, como informado anteriormente, totalizaram 41 mil (35,6%). Portanto, na Índia, as principais
categorias de participação foram de delegados(as) e passes diários (97,6% das pessoas presentes). Em
2005, acompanhando o crescimento do Fórum, o Acampamento da Juventude praticamente repetiu
sua participação relativa no total de 2003, com 22,6%.
Levando em conta, portanto, apenas os(as) participantes, ou seja, 59,5% dos(as) registrados(as) no FSM
2005, verifica-se a repetição da tendência já identificada nas edições anteriores. O país-sede tem uma
participação maciça, vindo em seguida os países vizinhos, com presença bem menor, e, finalmente, os
países do restante do mundo, com participação ainda mais modesta. A distância geográfica representa
uma limitação à participação no Fórum, e o país-sede acaba imprimindo sua marca no público presente.
Isso havia sido verificado em 2003, em Porto Alegre, em 2004, em Mumbai, e voltou a se repetir em
2005. Na Índia, a participação local correspondeu a 84% do total e, no Brasil, em 2005, a 80%.
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Em valores absolutos, no entanto, a mundialização do FSM é bastante expressiva, quando comparada
com qualquer outro evento internacional. Em 2005, no Brasil, registrou-se a participação de pessoas
vindas de 149 países, em contraste com o registro de 106 nacionalidades presentes na Índia, em 2004.
Oceania 72 0,1
Além da presença que é limitada e/ou facilitada pela distância/proximidade geográfica, pode-se iden-
tificar outra, mais consolidada e recorrente: pessoas vindas de alguns países que figuram entre os
mais presentes, independentemente da localização do evento. Entre eles, destacam-se Estados Unidos,
França e Itália. Além desses, como já vimos, países próximos à sede têm também número destacado
de participantes. Em 2003, na Índia, poderiam ser citados Paquistão, Nepal e Bangladesh, e, na edição
de 2005, Argentina, Uruguai e Chile cumprem o mesmo papel.
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Cabe destacar a participação ampliada de indianos(as) em Porto Alegre em 2005 (2,5% das pessoas
vindas do estrangeiro), que contrasta com a presença tímida em 2003 (0,6% dessas pessoas). Certa-
mente, tal aumento está ligado à realização do Fórum na Índia no ano de 2004 e confirma o êxito
político da estratégia de deslocamento geográfico do FSM para ampliar e diversificar a participação,
que teve início naquele ano.
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Em relação à nacionalidade dos(as) acampados(as) (22,6%, em 2005), como visto anteriormente, só
foi possível produzir uma informação aproximada, levando em conta os dados da pesquisa amostral.
É importante frisar que, em geral, esse grupo repete a mesma tendência observada entre os(as) parti-
cipantes: é composto majoritariamente por pessoas oriundas do país-sede (Brasil), contemplando uma
menor participação de países vizinhos e uma pequena presença dos países mais distantes, como pode
ser observado na Tabela 5.
Total 100,0
Brasil 61,2
Argentina 10,0
Uruguai 4,9
Canadá 3,4
Chile 2,2
Espanha 1,8
Peru 1,6
Paraguai 1,3
Itália 1,2
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SEGUNDA PARTE
SEGUNDA PARTE
CARACTERIZAÇÃO DO PÚBLICO PRESENTE NO FSM 2005
Um primeiro elemento de destaque na caracterização do público presente à quinta edição do FSM diz
respeito à faixa etária. Como será visto em seguida, essa variável, quando comparada e/ou cruzada
com muitas das questões formuladas pela pesquisa, demonstra influência significativa na configura-
ção dos dados. Como pode ser verificado na Tabela 6, jovens são a maioria entre as pessoas presentes.
É importante registrar, pelo peso e significado político daí advindos, que esse dado revela a grande
expressão alcançada pelo Acampamento da Juventude em Porto Alegre.
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As facilidades de acesso e deslocamento no território brasileiro e a proximidade geográfica parecem
ter interferido na conformação do perfil etário de quem esteve presente no FSM 2005. As pessoas mais
jovens provêm, em sua imensa maioria, do próprio Brasil ou de países vizinhos. Participantes dos de-
mais países têm um perfil etário mais elevado. O estrato de acampados(as), em sua maioria composto
de brasileiros e brasileiras, tem um perfil marcadamente jovem (93% têm até 34 anos) e entre os(as)
participantes brasileiros(as), 37% estão na faixa de 14 a 24 anos.
Comparando as informações provenientes dos três últimos Fóruns, veremos que o perfil jovem recor-
rente nos eventos anteriores foi fortalecido em 2005. Mais uma vez, ficam indicados a importância e
o peso crescentes do Acampamento da Juventude nessa edição do FSM.
Tabela 7 - FSM
Quanto à escolaridade, destaca-se um fenômeno já verificado anteriormente: o FSM atrai pessoas com
média de escolaridade mais elevada do que a predominante no conjunto da população. Chama a aten-
ção a proporção de pessoas com nível superior, sobretudo com cursos de mestrado e doutorado.
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Tabela 8 - FSM 2005
Gráfico 1 - FSM
100%
80%
60%
40%
Mestrado/doutorado
Outro fator relevante na caracterização do público do FSM 2005 se refere ao recorte de gênero.
A presença por gênero foi, em média, muito equilibrada. No estrato de participantes de outros países
– não-brasileiros(as) ou latino-americanos(as) – foi constatado o maior desequilíbrio, com 46,4% de
mulheres, contra 53,6% de homens.
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Gráfico 2 - FSM 2005
NS/NO
1,0%
Masculino
Feminino
49,6%
49,4%
Vale destacar a inversão da distribuição por gênero quando considerada a faixa etária das pessoas
presentes. A participação feminina foi mais acentuada entre os 14 e 24 anos, invertendo-se nos outros
níveis etários, com exceção da faixa de 55 anos ou mais, que tende ao equilíbrio.
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Tabela 10- FSM 2005
Gênero Total 14-24 anos 25-34 anos 35-44 anos 45-54 anos 55 anos e mais
Na Tabela 11, pode ser observada a distribuição de gênero por escolaridade. Nota-se que a grande
maioria das pessoas que têm até quatro anos de estudo são do sexo masculino, ao passo que, nas
demais faixas de escolaridade, há maior equilíbrio.
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Ainda no que se refere à caracterização do público, a variável ocupação deve ser considerada.
A principal ocupação entre participantes e acampados(as) é a de estudante. Uma vez que a pergunta
não admitia mais de uma resposta e a natureza dessa designação permite a coexistência com outras
ocupações, torna-se possível compreender esse alto índice. Além disso, o perfil marcadamente jo-
vem do público presente contribui para explicar esse total. Ressalte-se, ainda, a grande presença de
funcionários(as) públicos(as) e de membros de ONGs, entidades da sociedade civil, partidos políticos e
sindicatos, que surgem como a terceira ocupação mais freqüente.
Ocupação %
Total 100,0
Estudante 40,8
Autônomo/a 8,4
Outra 12,9
Para todos os quatro estratos de presença registrada, a ocupação de estudante obteve uma ocorrên-
cia alta, ficando como principal opção, exceto para participantes de outros países, que são também
aqueles(as) que apresentam perfil etário mais elevado. Nesse caso, a primeira colocação foi ocupada
por empregado(a) de ONGs/entidades da sociedade civil/partidos políticos/sindicatos.
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Nas Tabelas 13 e 14, podemos identificar as principais ocupações de participantes de outros países e
acampados(as), sugerindo perfis bastante distintos entre esses dois grupos. É importante lembrar que,
entre eles, existe uma significativa diferença quanto à faixa etária predominante.
Total 100,0
Estudante 22,0
Outras 36,9
Ocupação Acampados(as)
Total 100,0
Estudante 57,6
Outras 25,8
Analisando a distribuição de ocupação por gênero, observa-se que apenas entre os(as) estudantes há
uma maioria de mulheres. Empregados(as) de ONGs/entidades da sociedade civil/partidos políticos/
sindicatos têm uma proporção equilibrada, ao passo que, em todas as demais ocupações, há maior
número de homens.
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Tabela 15 - FSM 2005
Empregado(a) de ONG/
Funcionário(a) Empregado(a) de
Gênero Total Estudante entidade da soc. civil/ Autônomo(a) Outras
Público(a) empresa privada
partido pol.
Na pesquisa, foram introduzidas questões que visavam identificar elementos do perfil familiar do pú-
blico presente. Verificou-se que as principais ocupações paternas registradas são de funcionários(as)
públicos(as), autônomos(as) e empregados(as) de empresa privada, que apresentam proporções seme-
lhantes (20,8%, 20,4% e 20%, respectivamente).
Já a ocupação materna apresenta uma distribuição mais diversificada entre as opções disponíveis. Desta-
cam-se as ocupações de empregada do lar (24,7%), funcionária pública (19,6%) e autônoma (13,5%).
Empregado(a) de
4,8 2,2 11,8 6,9 8,3
empresa privada
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No questionário da pesquisa, foi introduzida uma questão referente à identificação de raça/etnia ape-
nas para os(as) participantes brasileiros(as): registrou-se uma grande maioria de brancos(as) (63,3%),
tendo pretos(as) e pardos(as) uma proporção semelhante (16,0% e 15,5%, respectivamente).
Cor/Raça Total
Total 100,0
Branca 63,3
Preta 16,0
Parda 15,5
Indígena 2,2
Amarela 1,2
NS/NO 1,8
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TERCEIRA PARTE
TERCEIRA PARTE
ENGAJAMENTO POLÍTICO, INSERÇÃO E PARTICIPAÇÃO
Uma importante seção de questões formulada na pesquisa visava fornecer elementos que contribuís-
sem para identificar a tendência das pessoas presentes no FSM 2005 quanto ao engajamento em ações
e espaços participativos.
As primeiras informações a seguir referem-se às questões sobre filiação a partidos políticos e partici-
pação em movimentos ou organizações sociais.
No FSM 2005, filiados(as) a partidos políticos correspondem a 24,1% dos(as) presentes. Cruzando esse
dado com as informações relativas à faixa etária, nota-se uma menor presença de filiados(as) a parti-
dos entre as pessoas mais jovens e um aumento na faixa acima de 34 anos.
Filiação Total 14-24 anos 25-34 anos 35-44 anos 45-54 anos 55 anos ou mais
No Brasil, pesquisa elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)3 aponta um 3 Pesquisa Mensal de
Emprego, Associativismo,
percentual de filiação a partidos em níveis bem inferiores aos verificados entre as pessoas presentes Representação de Interesses
e Intermediação Política
no FSM 2005. Segundo essa fonte, na população brasileira há 3% de filiados(as) a partidos políticos e (1997).
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Em relação à distribuição por estratos, o comportamento da filiação partidária apresenta pequenas
variações estatísticas, sendo os(as) participantes brasileiros(as) aqueles(as) que apresentam maiores
índices de filiação, e os(as) latino-americanos(as), os menores.
Entre os(as) participantes do FSM 2005, a variável escolaridade parece ter pouca influência nos índices
de filiação partidária, embora possa ser verificado um percentual um pouco mais elevado de filiação
entre as pessoas com mestrado/doutorado.
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Quando observado a partir do recorte de gênero, os dados sobre filiação partidária das pessoas pre-
sentes no FSM 2005 revelam que os homens têm índices mais elevados de filiação do que o registrado
entre as mulheres.
No universo do FSM, para além dos dados relativos à filiação a partidos políticos, uma importante
fonte de informações quanto ao engajamento político e social das pessoas presentes provém das res-
postas às questões relativas à participação em movimentos ou organizações sociais. A maioria dos(as)
participantes no FSM 2005 (55,4%) afirmou participar de movimentos ou organizações sociais. Esse
índice é ainda maior entre participantes de outros países (75,4%). Deve ser destacada, e certamente
sujeita a análise posterior e em maior profundidade, a menor incidência de participação em organiza-
ções e movimentos sociais verificada entre os(as) acampados(as).
Tabela 24 - FSM
Participação em movimento
2003 2004 2005
ou organização social
NS/ NO - - 0,5
Participação em movimento
Total 14-24 anos 25-34 anos 35-44 anos 45-54 anos 55 anos ou mais
ou organização social
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Na tabela a seguir, apresenta-se o cruzamento da informação obtida pela tabulação das respostas à
pergunta sobre “participação em organizações e/ou movimentos sociais” com os dados relativos à ocu-
pação. Nota-se que empregados(as) de ONGs/entidades da sociedade civil/partidos políticos/sindicatos
são aqueles(as) que mais declaram participar de movimentos ou organizações sociais, seguidos(as)
dos(as) funcionários(as) públicos(as) e autônomos(as). Evidentemente, no caso dos(as) primeiros(as),
o fato de serem empregados(as) em entidades e organizações sociais já é em si uma forma de parti-
cipação. Tal especificidade deve ser levada em conta na análise desta informação. Essa proporção foi
menor entre estudantes e empregados(as) de empresas privadas. O resultado dos cruzamentos apre-
sentados merece maior reflexão e pode até indicar uma diferença na percepção dos termos em que
foi formulada a questão.
31
Tabela 27 – FSM 2005
Membro da família
Participantes Participantes Participantes de
participa de movimento Total Acampados(as)
Brasileiros(as) Latino Americanos(as) outros países
ou organização social
Considerando os dados relativos às pessoas que afirmaram participar de movimentos e/ou organiza-
ções sociais e que, como vimos, correspondem a 55,4% do total de presentes, verifica-se que um terço
destes (33,8%) está vinculado a ONGs. Entre os(as) participantes de outros países, esse percentual
é 52,7%. É possível levantar a hipótese de que os custos e recursos exigidos para a participação no
FSM contribuem para explicar o alto índice de membros de ONGs, especialmente, entre participantes
estrangeiros(as). Esse é um dado que, certamente, merece análise mais acurada.
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Na tabela a seguir, chama a atenção o fato de que, entre os(as) acampados(as) que afirmam participar
de organizações ou movimentos sociais, um percentual superior ao dos demais estratos está vinculado
a organizações de corte partidário.
33
Tabela 30 - FSM 2005
Nos anos anteriores, embora essa questão tenha sido formulada, não foi registrada a informação re-
lativa ao percentual daqueles(as) que declararam participar de organizações e/ou movimentos sociais
no total de presentes. Embora isso dificulte uma comparação exata, não impede a observação relativa
à alteração nos valores de distribuição e incidência temática entre as pessoas que afirmam participar
de organizações e/ou movimentos sociais, que se verificaram nas últimas edições do FSM. Esse dado
pode ser observado na tabela seguinte.
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Tabela 31 - FSM 2005
Duas questões incluídas neste trabalho e que não apareceram nas pesquisas anteriores dizem respeito,
primeiramente, ao uso da Internet e, em seguida, aos meios de comunicação utilizados pelas pessoas
para formar sua opinião.
Em relação à Internet, mais de 80% das pessoas presentes responderam ter acesso regular, o que se
revela muito próprio do processo FSM. Afinal, a mobilização e todo o sistema de inscrições para parti-
cipação e proposição de atividades são realizados pela Internet.
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Entre participantes brasileiros(as), é bastante significativo o índice de acesso doméstico à Internet.
Em qualquer lugar, esse tipo de acesso está vinculado aos níveis de renda do(a) usuário(a). Esse dado
pode reforçar a percepção de que, entre os brasileiros e brasileiras que participam do processo FSM,
destacam-se pessoas dos estratos de renda superior. O mesmo dado se repete e, portanto, confirma
tal tendência, entre os(as) acampados(as), que são majoritariamente brasileiros(as).
NS/NO
12,1 5,9 25,0 40,1 13,9
(não sabe ou não opinou)
Quanto à freqüência do acesso, respostas que citam seis ou sete vezes sugerem acesso doméstico, pois
incluem dias de trabalho e fins de semana, o que ocorreu mais freqüentemente com participantes de ou-
tros países, chamando a atenção o baixíssimo valor daqueles(as) que acessam até duas vezes semanais.
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Tabela 33 - FSM 2005
Segundo dados da pesquisa, os meios de comunicação exercem forte influência na formação da opi-
nião das pessoas presentes no FSM 2005. Os jornais são o meio mais utilizado, seguidos de perto pela
televisão. A pergunta formulada no questionário aceitava mais de uma resposta, e as diferenças são
relativamente pequenas. Ainda assim, a maior diferença é entre as opções jornais e televisão para
revistas no estrato de participantes de outros países, ao passo que, nos demais, essas três primeiras
opções estão bem próximas, o que indica a necessidade de uma análise mais aprofundada.
A utilização da Internet aparece sempre à frente do rádio. Em alguns estratos, a proporção é quase
duas vezes em favor da primeira.
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Tabela 34 - FSM 2005
Ao cruzar as informações referentes ao uso de meios de comunicação com a faixa etária, percebe-se
que as pessoas mais velhas utilizam mais os jornais e menos a televisão.
Meios de comunicação* Total 14-24 anos 25-34 anos 35-44 anos 45-54 anos 55 anos ou mais *Resposta múltipla
(até 2 opções)
Jornais 60,5 52,8 65,1 70,5 64,3 62,4
38
Cruzando a informação sobre utilização dos meios de comunicação com escolaridade, percebe-se que
a tendência a utilizar o jornal como principal fonte de informação aumenta de acordo com o nível de
escolaridade. A relação inversa se verifica no uso da televisão.
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QUARTA PARTE
QUARTA PARTE
AVALIAÇÃO SOBRE A LEGITIMIDADE DAS INSTITUIÇÕES
Nesta seção, o objetivo é apresentar dados que indicam a avaliação das pessoas presentes no FSM
2005 em relação a algumas instituições que, muitas vezes, são atores, configuram espaços ou são
interlocutores e/ou adversários no processo de luta contra o neoliberalismo e de construção de so-
ciedades mais justas e democráticas, de “outros mundos possíveis”. Das políticas governamentais ao
processo de globalização, há um conjunto bastante variado de campos sobre os quais se procurou
medir a confiança e as expectativas das pessoas.
A seguir são apresentados, de forma muito simplificada e direta, alguns resultados da pesquisa, com
destaque para determinados cruzamentos. Para uma compreensão mais profunda dos dados produzi-
dos, serão necessárias análises amplas, que fogem do escopo deste relatório. Este material deve, por-
tanto, ser reapropriado pelo universo FSM para que encontre seu verdadeiro propósito. É importante
frisar que neste relatório se depara com um tema comum a toda a pesquisa, mas que deve ser destaca-
do uma vez mais. No contexto do FSM, que reúne ativistas, militantes e pessoas de diferentes países e
tradições culturais e políticas, muitas das palavras e termos utilizados são apropriados e interpretados
de maneiras distintas. Desde conceitos mais comuns, tais como “sociedade civil”, até a distinção entre
“sindicatos” e “associações profissionais”, sempre se lida com diferenças de perspectiva que devem ser
consideradas e ponderadas em análises mais aprofundadas dos dados disponibilizados a seguir.
Uma primeira indagação buscava identificar o grau de concordância das pessoas presentes quanto a afir-
mações relativas ao papel da sociedade civil organizada em sua relação com as políticas governamentais.
41
Tabela 37 - FSM 2005
Papel da sociedade civil organizada em relação às políticas Governamentais Discorda Indiferente Concorda
(1) A sociedade civil organizada deve participar na formulação das políticas 3,4 8,5 88,1
(2) A sociedade civil organizada deve criticar e pressionar para mudar as políticas 4,2 8,4 87,4
(3) A sociedade civil organizada deve exercer controle social/monitorar as políticas 6,6 13,2 80,2
(4) A sociedade civil organizada deve executar as políticas sociais 18,1 24,3 57,5
(5) As políticas governamentais são de total responsabilidade do governo 58,1 20,7 21,2
A maioria das pessoas afirmou que a sociedade deve participar da formulação das políticas públi-
cas, criticá-las e fazer pressão para mudá-las, além de exercer o controle social/monitoração dessas
políticas. Por outro lado, pouco mais de um quinto concordou que as políticas governamentais são
de total responsabilidade do governo. Nessa questão, foi verificada uma diferença expressiva entre
acampados(as) (62,7% concordam com essa afirmação) e participantes de outros países (48,6% con-
cordam com ela).
A afirmação que gera maiores disparidades de opinião entre as pessoas presentes refere-se ao envol-
vimento da sociedade civil na execução das políticas públicas. Embora a maioria concorde com essa
afrimação, um percentual significativo discorda ou se mantém “indiferente”, o que pode expressar
dúvidas em relação ao tema. As implicações políticas dessa e das próximas informações, como visto
anteriormente, devem ser avaliadas em trabalhos posteriores, que se dediquem a uma análise mais
profunda do material disponibilizado.
42
Tabela 38 - FSM 2005
(1) A concentração de riquezas que torna os ricos mais ricos e os pobres mais pobres 10,2 10,2 79,5
(2) O domínio do mundo pelo capital, comandado pelas grandes corporações 11,8 13,2 75,1
(4) A possibilidade de conexão entre as sociedades a nível planetário 26,1 23,7 50,2
(5) Mais oportunidade para todos/as, ricos e pobres 72,9 11,7 15,4
Grande parte das pessoas presentes no FSM avalia que o processo de globalização em curso amplia a
concentração de riquezas e o domínio do mundo pelo capital, comandado pelas grandes corporações.
Consideram, ainda, que “globalização” é um novo nome para imperialismo. Poucas (15,4%) avaliam
que esse processo possa significar mais oportunidades tanto para indivíduos ricos como para pobres.
Em relação aos estratos, observam-se opiniões diferentes entre latino-americanos(as) e participantes
de outros países. Enquanto menos da metade (47,9%) dos(as) primeiros(as) considera que esse pro-
cesso amplia a possibilidade de conexão entre as sociedades em nível planetário, 77,5% dos(as) parti-
cipantes de outros países têm essa percepção.
43
Gráfico 3 - FSM 2005
O Processo de Globalização em curso expressa “Mais oportunidades para todos(as) ricos e pobres” por escolaridade
5 a 12 anos de estudo
Superior (completo
e incompleto)
Mestrado/Doutorado
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Cruzando as opiniões relativas à afirmação de que “o processo de globalização expressa mais opor-
tunidades para todos(as)”, percebe-se que, com o recorte por escolaridade, o nível de concordância
diminui nos estratos com nível escolar mais elevado.
44
Gráfico 4 – FSM 2005
Judiciário
Legislativo
Executivo
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Ao avaliar o Estado, considerando as três esferas formais de poder – Executivo, Legislativo e Judiciário –,
constata-se que a maioria das pessoas presentes manifesta altos índices de desconfiança. No entanto,
o Executivo é a esfera de poder que apresenta menor rejeição. Participantes de outros países são os(as)
que menos desconfiam do Judiciário (40,5%), ao passo que, em média, 64% dos(as) participantes
brasileiros(as), acampados(as) e latino-americanos(as) têm essa mesma opinião.
45
Gráfico 5 – FSM 2005
55 anos ou mais
45 a 54 anos
35 a 44 anos
25 a 34 anos
14 a 24 anos
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Observando os níveis de confiança em relação ao Judiciário, com recorte por idade, nota-se uma ten-
dência de aumento nos índices confiança, de acordo com o aumento etário, embora em todas as faixas
etárias prevaleça a desconfiança.
46
Gráfico 6 – FSM 2005
Sistema eleitoral
Partidos políticos
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Em relação à confiança na institucionalidade política, não é grande a diferença entre o número das pesso-
as que confiam (39,2%) e desconfiam (34,6%) do sistema eleitoral. No entanto, a maioria desconfia dos
partidos políticos (58,6%). Analisando os estratos, quase a metade dos(as) participantes brasileiros(as)
(45,9%) confia no sistema eleitoral, ao passo que apenas 31,0% dos(as) latino-americanos(as) se dizem
confiantes. Diante desses números, vale ressaltar que participantes brasileiros(as) são aqueles(as) que
apresentam maiores índices de filiação partidária (27,3%), ao passo que participantes de outros países
e latino-americanos(as) somam 22,2% e 16,0%, respectivamente.
47
Gráfico 7 - FSM 2005
Sistema de saúde
Sistema educacional
Polícia
Forças armadas
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Entre as instâncias e/ou áreas de atuação governamental avaliadas, as pessoas presentes apresentam
maior índice de desconfiança em relação à polícia (74,9%), seguida das Forças Armadas (65,3%) e do
sistema de saúde (51,7%). O sistema educacional apresenta níveis de desconfiança menores do que
as demais instâncias pesquisadas (41,6%). Em relação aos estratos, a grande maioria dos(as) latino-
americanos(as) (77,6%) diz desconfiar das Forças Armadas, ao passo que a opinião dos(as) participan-
tes brasileiros(as) e de outros países são próximas, porém expressivamente menores em relação a estes
(56,2% e 58,1%, respectivamente).
48
Tabela 39 - FSM 2005
Também se procurou avaliar os índices de confiança das pessoas presentes em relação à “sociedade”,
em algumas de suas instâncias mais expressivas. Os resultados desse levantamento constam da Tabela
40. Como se pode verificar, a mídia/imprensa goza de significativa desconfiança (67,0%), seguida das
instituições religiosas (60,8%). Por outro lado, uma expressiva maioria afirma confiar nos movimentos
sociais (70,6%). As ONGs obtiveram a confiança de 58,3% das pessoas presentes. Observando essa
questão por estratos, 50,4% dos(as) participantes de outros países disseram desconfiar da mídia/im-
prensa, sendo esse valor muito superior para participantes brasileiros(as) (70,8%).
49
Gráfico 8 - FSM 2005
Bancos
Empresa internacional
Empresa Nacional
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
50
Gráfico 9 - FSM 2005
OMC
Banco Mundial
FMI
ONU
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Em relação aos organismos multilaterais, verifica-se um altíssimo índice de rejeição, com exceção da
Organização das Nações Unidas (ONU), que tem a confiança de 24,1% das pessoas presentes no
Fórum. Em relação aos demais organismos multilaterais, apenas 2,4% disseram confiar no Fundo
Monetário Internacional (FMI); 3,9%, na Organização Mundial do Comércio (OMC); e 3,3%, no Banco
Mundial. Analisando esses dados por estratos, a ONU foi o que mais causou divergências de opiniões.
Mais da metade dos(as) participantes latino-americanos(as) (54,6%) disseram desconfiar dele, contra
32,4% dos(as) participantes de outros países.
51
Em termos de processos e meios para a transformação social, as respostas aferidas indicam grande
coerência entre as pessoas presentes com os princípios democráticos que inspiram o FSM e que estão
expressos em sua Carta de Princípios. A grande maioria (90,4%) concorda que o processo de constru-
ção da “outro mundo possível” deve se dar pelo “fortalecimento da mobilização da sociedade civil nos
níveis global, continental, nacional e local”, ao passo que apenas uma minoria concorda com a “ação
direta com o uso da força” (13,5%).
Para você o Processo de construção do “outro mundo possível” deve se dar através de: (em %)
(4) Democratização dos organismos multilaterais (ONU, OMC, Banco Mundial, FMI) 23,6 17,2 59,2
Finalmente, ainda nessa seção, pretendeu-se identificar a percepção das pessoas presentes quanto ao
espectro político em que está inserido o FSM. Para tanto, partiu-se de uma auto-avaliação de cada
entrevistado(a) em termos de sua própria identidade política. Os resultados dessa questão estão na
tabela seguinte, que também apresenta uma comparação com os dados de 2003. Nela, pode-se ve-
rificar que, embora tenha se mantido a auto-identificação com um perfil marcadamente de esquerda
dos(as) presentes, houve certa diminuição de intensidade, registrando-se um aumento significativo
das pessoas que afirmam “não ter posicionamento” político.
52
Tabela 41 - FSM 2005
Quando foi pedido que classificassem o Fórum no espectro político, o resultado tendeu a uma apro-
ximação com o perfil político dos(as) presentes: 84,4% classificaram o FSM como sendo de esquerda
ou centro-esquerda.
Posição política %
Total 100,0
Esquerda 56,8
Centro 9,5
Direita 1,2
53
QUINTA PARTE
QUINTA PARTE
AVALIAÇÃO DA METODOLOGIA DO FSM
O FSM tem demonstrado ser um processo em constante movimento, ou seja, a forma de organizar
o território, o programa, as atividades, a inscrição dos participantes tem sido alvo de sistemáticas
alterações. Ao mesmo tempo, tem mantido inalterados os valores e princípios que determinaram sua
criação e que estão na base de seu crescimento e de sua força política. Os valores que balizam esse
processo em crescente mundialização estão expressos na Carta de Princípios do FSM, que é comparti-
lhada por todas as pessoas que dele participam, em seus diferentes níveis e nos distintos lugares onde
se realiza.
Como processo coletivo baseado na diversidade, o FSM tem sido capaz de tirar proveito de um apren-
dizado que se faz a partir da intervenção de diferentes redes, entidades e campanhas, bem como dos
novos desafios abertos pela conjuntura política mundial. Nesta seção, avaliam-se os níveis de conheci-
mento, aprovação e participação das pessoas presentes em todo esse processo.
Em média, cerca de um terço das pessoas afirmou conhecer a Carta de Princípios, e 67,6% afirmaram co-
nhecer pelo menos parte do documento. O desconhecimento foi maior entre participantes brasileiros(as),
incluindo acampados(as), estrato constituído majoritariamente de pessoas do país-sede.
55
Tabela 43 - FSM 2005
Quando cruzados os dados relativos ao conhecimento da Carta de Princípios com os grupos que
afirmaram participar de movimentos e organizações sociais (55,4% do total), nota-se que é maior o
percentual de pessoas que a conhecem entre aqueles(as) que participam (37,2%) do que entre os(as)
que não participam (23,0%).
Conhecimento a Carta de Princípios do FSM por Participação em movimento ou organização social - 2005
56
Visando identificar o envolvimento das pessoas presentes em 2005 com o FSM como processo, foram
formuladas questões cuja totalização é apresentada na tabela seguinte. Nota-se que um grupo bas-
tante significativo de pessoas afirma não ter participado anteriormente dos eventos relacionados com
o FSM. Esse dado foi ainda mais acentuado entre os(as) acampados(as).
Fóruns locais e eventos preparatórios têm mais expressão entre os(as) participantes de outros países e
devem estar ligados à estratégia de “enraizamento” do FSM, que foi buscada desde seu início.
57
Tabela 46 - FSM 2005
Participação em eventos
Total 14-24 anos 25-34 anos 35-44 anos 45-54 anos 55 anos ou mais
relacionados ao FSM* *Resposta múltipla
(até 6 opções)
Não 42,3 51,8 42,0 30,3 29,7 20,2
Ainda em relação aos índices de participação e integração ao processo FSM, percebe-se que, entre as
pessoas que afirmaram participar de movimentos ou organizações sociais (55,4% do total), há índices
maiores de envolvimento anterior com o FSM.
58
Tabela 47 - FSM 2005
Participação em eventos relacionados ao processo FSM, por Participação em movimento ou organização social
Participação em eventos relacionados ao FSM* Total Participa Não participa *Resposta múltipla
(até 6 opções)
Não 42,3 31,3 56,1
Finalmente, deve-se ressaltar que, em relação a 2003, houve um aumento substantivo da participa-
ção das pessoas presentes no FSM em eventos relacionados e/ou preparatórios. Esse é um indicador
verdadeiramente importante, uma vez que expressa a capacidade crescente e a vitalidade no FSM, ao
passar de um somatório de eventos para um processo sistemático. Tais dados podem ser observados
na tabela a seguir.
Tabela 48 - FSM
2003 2005
NS/NO - 3,2
59
Em 2004, o Conselho Internacional (CI) do Fórum criou dois instrumentos para, ao longo do ano,
estimular a participação e receber sugestões de temas para debate durante o Fórum, que ocorreria em
janeiro de 2005, em Porto Alegre. O esforço sistemático de ampliar a democratização do processo FSM
foi intensificado nesse ano. Pela primeira vez, todas as atividades realizadas no FSM foram auto-organi-
zadas. Além disso, como parte dessa nova metodologia, formulada e implementada pelas Comissões
de Temática e Metodologia do CI, foi estimulada uma maior articulação entre as atividades propostas.
O sentido dessas iniciativas foi o de garantir a diversidade de temas e expressões presentes no FSM e, simul-
taneamente, facilitar um maior diálogo entre elas, contribuindo para a definição de lutas e ações comuns.
A Tabela 50 indica que, das pessoas presentes no FSM 2005, a participação nesse processo foi de
17,6%, sendo os maiores valores identificados entre participantes de outros países (20,4%) e partici-
pantes brasileiros(as) (19,5%), nessa ordem. Tal dado é bastante significativo e deve ser analisado e
incorporado como informação relevante na continuidade do processo FSM, pois a nova metodologia
revela grande potencial.
60
Tabela 49 - FSM 2005
Para além desses instrumentos, que foram introduzidos no processo para o FSM 2005 e objetivavam
estimular a participação, a troca antecipada de experiências e a articulação entre as organizações,
procurou-se saber como as pessoas explicam sua participação no FSM.
Entre as opções mais freqüentes, destacaram-se três, como pode ser verificado na Tabela 51, que or-
dena as respostas em termos quantitativos.
61
Tabela 50 - FSM 2005
A proposta do Fórum de contribuir para uma sociedade planetária mais justa 47,9
NS/NO 3,6
Uma comparação entre as opções identificadas em 2005, com as respostas à questão semelhante for-
mulada em 2003, pode ser vista na tabela seguinte.
62
Tabela 51 - FSM 2003
De acordo com o indicado anteriormente, como resultado da “consulta” ao “universo FSM”, foram
organizados tanto o programa como o território em que se realizou o FSM 2005, em torno de 11 eixos
temáticos. Em termos de localização, o sentido da arquitetura era o de facilitar a aproximação física
entre entidades e redes que atuam e trabalham em temas comuns. De uma forma geral, a percepção
das alterações introduzidas foi positiva.
63
Tabela 52 - FSM 2005
Em relação à forma como foram descritos e definidos os espaços temáticos, pouco mais da metade das
pessoas presentes (51,8%) consideram que houve clareza nas propostas apresentadas. Em relação aos
temas propostos, o eixo “Ética, cosmovisões e espiritualidades – Resistências e desafios para um novo
mundo” foi considerado o menos claro (17,8%); seguido de “Pensamento autônomo, reapropriação
e socialização do conhecimento (dos saberes) e das tecnologias” (13,0%) e “Afirmando e defendendo
os bens comuns da Terra e dos povos – Como alternativa à mercantilização e ao controle de transna-
cionais” (11,7%).
64
Tabela 53 - FSM 2005
Rumo à construção de uma ordem democrática internacional e integração dos povos 8,1
65
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
A pesquisa realizada e este relatório representam apenas uma forma de aproximação do FSM, uma ex-
pressão multifacetada e vibrante da emergente cidadania planetária. Com a publicação destes dados,
pretende-se alimentar o debate sobre o FSM e, assim, permitir que ele seja fortalecido e tenha mais
impacto. E, ao mesmo tempo, nossa memória coletiva está sendo contruída.
67
CRÉDITOS
CRÉDITOS
PESQUISA SOBRE PERFIL DOS PARTICIPANTES DO FSM 2005
69
RAIO X DA PARTICIPAÇÃO NO FÓRUM 2005:
ELEMENTOS PARA O DEBATE
Novembro, 2005
70
Uma publicação Apoio
Banco do Brasil Eletrobrás Misereor
Cafod Furnas Novib
Caixa Econômica Federal Governo do Rio Grande do Sul Petrobras
CCFD Icco Prefeitura de Porto Alegre
Christian Aid Infraero Rockefeller Brothers Fund
Correios Ministério do Turismo
71