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GINER, Salvador – Historia Del Pensamiento Social, 9. ed., Barcelona: Editorial Ariel, 1999
2
LUKES, Steven – Escola sociológica Francesa, in OUTHWAITE, William e BOTTOMORE, Tom
(Editores) – Dicionário do Pensamento Social do Século XX, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1996
3
Ver As Formas Elementares da Vida Religiosa, in – Durkheim, Coleçao Os Pensadores, São Paulo:
Abril Cultural, 1983
4
ERIKSEN, Thomas H. e NIELSEN, Finn S. – História da Antropologia, Petrópolis: Ed. Vozes, 2007
5
GINER, Op. Cit.
6
Idem. Ver também LUKES, Op. Cit.
7
LUKES, Op. Cit.
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desvendada através de leis naturais e do primado da razão. Ou seja, Comte buscou criar
uma ciência da sociedade que explicasse as leis da vivencia humana da mesma forma
que as ciências naturais explicavam o mundo físico. Acreditava que todas as ciências
compartilham de uma mesma lógica e de um método científico orientado para revelar
leis universais. Do mesmo modo como as leis naturais permitem controlar e predizer
fenômenos naturais, a descoberta de leis que orientam e controlam a sociedade,
contribuiria para modelar o destino e melhorar as condições humanas.8 A nova ciência
deveria ser uma ciência positiva, utilizando os mesmos métodos científicos rigorosos
das ciências naturais, preocupada somente com fenômenos observáveis.9 A sociologia
assentar-se-ia então em três elementos metodológicos: observação, experimento e
comparação, constituindo esta última parte crucial da pesquisa sociológica.10
Para Comte, a crise do mundo moderno deveria ser solucionada intelectualmente, por
meio de uma reforma espiritual e moral e não por uma política de força, característica
da mentalidade militarista feudal, e tampouco pela religião que forja obscurantismo e
fanatismos. Uma reforma que partiria do conhecimento para abranger as estruturas
materiais. Sendo de cunho intelectual, a reforma se daria através da sociologia. 11 Para
ele o nascimento da sociologia demarcou o triunfo final do positivismo no pensamento
humano.12 Seriam os sociólogos, com seus conhecimentos sobre o funcionamento das
leis que regem a sociedade humana, dentre os cientistas, os únicos capacitados para o
uso sistemático da razão, utilizando-a para o bem estar da humanidade.
Através do positivismo, Comte propôs a criação de uma “religião da humanidade”, pela
qual a fé e os dogmas religiosos seriam substituídos por uma fundamentação
estritamente científica. A sociologia, encontrando-se no centro da “religião” comtiana,
seria dotada da missão de estabelecer justiça e liberdade para a humanidade. Comte
antevia a criação de um consenso moral a contribuir para regular e manter unida a
sociedade industrial emergente.13 Apesar de formular aspectos importantes da crítica
racionalista à religião dominante, acabou posteriormente por redescobrir a religião,
assumindo idéias provenientes de teóricos conservadores do catolicismo, desprezando
os efeitos das mudanças revolucionárias na vida intelectual e social humanas,
substituindo-as pelos temas do progresso acompanhado pela ordem, ambos
interdependentes um do outro.14
Muitos dos passos filosóficos e metodológicos propostos por Comte seriam seguidos
por Durkheim, considerando, no entanto, que muitas das suas idéias seriam
excessivamente vagas e especulativas, sem haver estabelecido uma base efetivamente
científica para a sociologia.15 Durkheim deixa de lado o conteúdo
filosófico–“teológico”, mantendo, no entanto, o positivismo e o método analítico
proposto por Comte, embasado nas ciências naturais. Acreditava no poder explicativo
de idéias claras e distintas, aplicadas metodicamente no estudo dos fenômenos sociais,
através de conhecimentos cientificamente estabelecidos.
Sua principal preocupação era estudar a vida social em todos seus aspectos, aspectos
que disporiam de uma realidade própria, objetiva. Para acompanhar as transformações
em andamento e conhecer o viver social humano, preocupou-se em avaliar qual método
8
GINNER, Op. cit.
9
GIDDENS, Anthony – Sociologia, 4ª Ed., Porto Alegre: ARTMED Ed., 2005
10
GIDDENS, Anthony – Política, Sociologia e Teoria Social, Encontros com o pensamento social
clássico e contemporâneo, São Paulo: Editora UNESP, 1998
11
GINER, Op. Cit.
12
GIDDENS – Política, Sociologia..., Op. cit.
13
GINER, Op.cit
14
GIDDENS, idem
15
GIDDENS, Sociologia, Op. cit.
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científica, propôs uma concepção da sociedade como sendo uma realidade objetiva sui
generis, dispondo de uma realidade própria que vai além das ações e dos interesses de
cada indivíduo. A estrutura, os componentes e o funcionamento da sociedade obedecem
para ele determinadas regularidades que se impõem aos indivíduos como necessidades
coercitivas, independentemente de suas vontades e consciência23.
Par Durkheim não é o estudo de indivíduos ou dos aspectos psicológicos e materiais que
a sociologia deve empreender, mas os aspectos da vida social que influem, modelam as
ações dos indivíduos, como a religião, a economia, a cultura, a moral, etc. Fenômenos
religiosos, morais, jurídicos e econômicos devem sempre estar ligados a um meio social
específico, suas causas procuradas nos aspectos constitutivos da sociedade onde esses
fenômenos emergem.24 Insiste sempre na busca das causas sociais dos fenômenos que
ocorrem na sociedade.
Para Durkheim a vida social pode ser analisada tão rigorosamente como os objetos ou
acontecimentos que se encontram na natureza. Exige, para tanto, deixarem-se de lado as
pré-noções derivadas do senso comum, sobretudo seus valores e sentimentos em relação
aos fatos e acontecimentos, pois são fatores que podem distorcer o reconhecimento
imparcial e objetivo do fato social. O cientista social deve libertar-se das falsas
evidencias utilizando-se de definições objetivas, buscando explicar um fato social pela
sua realidade concreta, comparável a outro fato social (as várias formas da instituição
família existentes - monogâmicas, poligâmicas ou polígenas, ou as novas formas
surgidas nas últimas décadas).
A principal preocupação da sociologia deveria ser o estudo dos fatos sociais, ou seja, de
todos os aspectos da vida social que influenciam ou determinam as ações dos
indivíduos, constituindo o objeto próprio do conhecimento sociológico. Para observar
os fatos sociais, Durkheim estabelece regras precisas, propondo considerar os fatos
sociais como coisas, como se fossem objetos, que sendo exteriores ao indivíduo, podem
ser observados e comparados, independentemente do que as pessoas pensem ou
declarem a seu respeito. Analisar os fatos sociais como coisas, é considerá-los como
uma realidade externa que possui características próprias e comuns. Considerados como
coisas, ou seja, como objetos, os fatos sociais tornam-se passíveis de serem observados
e comparados, independentemente do que os indivíduos deles pensem ou sobre eles
afirmem. Para serem identificados como fatos sociais, entre os acontecimentos gerais e
repetitivos, devem apresentar características comuns:
Primeiramente caracterizam-se por exercerem uma coerção social, levando os
indivíduos a aceitarem e conformarem-se às regras e normas da sociedade,
independentemente do que pensem a respeito, independentemente de suas escolhas ou
preferências. Ninguém escolhe a língua materna, as leis ou a educação familiar.
Constituem fatores que independem da vontade ou escolha do indivíduo. O não
acatamento das regras vigentes implica em sanções legais ou espontâneas.
Os fatos sociais são igualmente exteriores ao indivíduo, independem de sua vontade ou
assimilação. Leis, regras, costumes, pré-existem mesmo antes do nascimento da pessoa,
independem de sua vontade, sendo-lhe impostas pela coerção social, dispondo de sua
própria realidade fora das vidas e percepções das pessoas individualmente.
Uma terceira característica dos fatos sociais é serem gerais. São comuns à maioria das
pessoas refletindo-se em todos os indivíduos. As pessoas geralmente seguem padrões
comportamentais que são os mais comuns no seu grupo social, na sua sociedade. Os
esquimós, os drogados, os jovens, os crentes, desenvolvem formas comportamentais
23
COSTA, Maria Cristina Castilho – Sociologia, Introdução à Ciência da Sociedade, São Paulo:
Moderna, 1987
24
LUKES, Op. Cit.
5
25
COSTA, Op. cit.
26
GIDDENS, Op. cit.
27
LUKES, Op. cit.
6
32
MOORE, Barrington – Strategie in der Sozialwissenschaft, in: Zur Geschichte der Politischen Gewalt,
Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 1968
33
LUKE – Escola..., Op. Cit.