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Relatório Síntese

Estudo de
Identificação dos
Produtos
Tradicionais
com Tipicidade e
Potencialidades
Económicas
Relatório Síntese Identificação dos Produtos Tradicionais com tipicidade e potencialidades económicas Relatório Síntese Identificação dos Produtos Tradicionais com tipicidade e potencialidades económicas

Ficha Técnica

Título
Estudo de Identificação dos Produtos Tradicionais com Tipicidade e
Potencialidades Económicas: Relatório Síntese

Promotor
AMBT – Associação de Municípios do Baixo Tâmega
URL: http//www.baixotamega.pt
Coordenação Geral: José Freire
Equipa: Ricardo Magalhães, Adão Ribeiro, Hugo Vaz.

Coordenação Técnico-Científica do Estudo


Alberto Baptista Agradecimentos
Luís Tibério
UTAD/CETRAD, Av. Almeida Lucena, 1 Um agradecimento é devido aos inúmeros intervenientes, em nome individual ou co-
5000-660 Vila Real lectivo, que de formas diversas contribuíram para a realização deste Estudo.
Um agradecimento às autarquias da AMBT que através da participação dos autarcas
Equipa Responsável pelo Estudo e técnicos, em fases diversas do Estudo, muito contribuíram para os resultados alcan-
Alberto Baptista (UTAD) çados.
Luís Tibério (UTAD)
Aos dirigentes e técnicos das Associações de Desenvolvimento do Território, em parti-
Carlos Fonseca (UTAD)
cular, Dólmen, Probasto, Associação Mútua de Basto, Cooperbasto, Adesco, pela infor-
José Martino (Espaço Visual)
mação prestada que melhorou substancialmente os resultados do Estudo.
Cláudia Cunha (Espaço Visual)
Aos inúmeros produtores individuais entrevistados no território pela riqueza da infor-
Sónia Abreu (UTAD)
mação prestada.
Manuela Mesquita (UTAD)
Vitor Ferreira (Espaço Visual) Para finalizar um agradecimento à Equipa da AMBT, entidade promotora, que acom-
panhou de perto a execução do Estudo e soube dar respostas atempadas às várias
dificuldades surgidas ao longo do trabalho.

Design: www.hldesign.pt
Impressão: Greca - Artes Gráficas
Imagens: págs. 8, 14, 15(mel), 16 (queijo), 17(carne),18, 26 e 31(fruta) StockExchange©.
As restantes imagens são propriedade da AMBT.
Data de Impressão: Julho 2008
Tiragem: 600 exemplares
Depósito legal:
ISBN: 978-989-95916-0-8

 
Relatório Síntese Identificação dos Produtos Tradicionais com tipicidade e potencialidades económicas Relatório Síntese Identificação dos Produtos Tradicionais com tipicidade e potencialidades económicas

1. Introdução
Abreviaturas Este documento intitulado Relatório Síntese permite uma visão abreviada do Relatório
Final do “Estudo de identificação de produtos tradicionais com tipicidade e potenciali-
dades económicas”, produzido pelo consórcio formado pela Universidade de Trás-os-
AMBT - Associação de Municípios do Baixo Tâmega
Montes e Alto Douro (UTAD) e a empresa Espaço Visual — Consultores de Engenharia
CCDR-N - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte
Agronómica, Lda. Este Consórcio foi constituído formalmente para concorrer ao concur-
DGADR - Direcção Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural
so público para a elaboração do Estudo acima referido e teve como entidade promotora
DOP - Denominação de Origem Protegida
a Associação de Municípios do Baixo Tâmega (AMBT). O Estudo iniciou-se em Fevereiro
DRAPN - Direcção Regional Agricultura e Pescas do Norte e foi concluído em Junho de 2008.
ETG - Especialidade Tradicional Garantida
EV - Espaço Visual - Consultores de Engenharia Agronómica, Lda O Estudo apresentado é uma das inúmeras actividades previstas executar no âmbito
GTC - Grupo de Trabalho de Certificação do “Pacto para o Desenvolvimento do Baixo Tâmega”, celebrado em 29 de Outubro de
IDARN - Instituto Desenvolvimento Agrário da Região Norte 2001, entre o Estado e a AMBT, tendo como objectivo apoiar um conjunto de intervenções
IGP - Indicação Geográfica Protegida nos domínios da Ruralidade, Lazer e Cultura. Com estas intervenções a AMBT pretendia
OPC - Organismo Privado de Controlo e Certificação “valorizar os recursos territoriais, colocando-os ao serviço do desenvolvimento social e
SANU - Superfície Agrícola Não Utilizável económico das populações e da melhoria da sua qualidade de vida”.
SAU - Superfície Agrícola Utilizável
UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro No sentido de concretizar os objectivos e as apostas estratégicas enunciadas, foram
UTAD/EV - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro/Espaço Visual então apresentados 39 projectos, com um investimento global a rondar os 10,8 milhões
de euros e cujo enquadramento operacional e financeiro era assegurado pela Medida
1.6. do PO Norte (7,8 milhões de euros), pela Medida AGRIS (2,5 milhões de euros) da
Intervenção Desconcentrada da Região Norte e pelo Programa Operacional da Cultura
(0,5 milhões de euros).
 AMBT (2007). Pacto Para o desenvolvimento do baixo Tâmega: Proposta de Reformulação. Relatório interno de actividades da AMBT de
Janeiro de 2007.

 
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Para além da aposta nas actividades de turismo, lazer e actividades culturais, havia Nesta perspectiva, os produtos agro-alimentares tradicionais são produtos portado-
um conjunto de propostas para a valorização do meio rural e das suas actividades. res de elevado conteúdo simbólico, associado à ruralidade, à natureza, à nostalgia de
Como se referia no relatório da AMBT (2007), “A grande aposta estratégica deste Pacto um tempo passado, a um desejo de pertença a uma dada região, de enraizamento,
consiste na afirmação do Baixo Tâmega como destino privilegiado de lazer e cultura da de um certo regionalismo, ao prestígio e ao prazer (Bernat, 1996: 94). Um produto agro-
população da Região Metropolitana do Porto e do Noroeste Peninsular”. Esta aposta alimentar tradicional é, assim, muito mais do que um simples alimento. Os símbolos e
estratégica subdivide-se num conjunto de acções, nomeadamente: a valorização dos valores (paisagem, ruralidade, natureza, nostalgia, tradição), a marca, os mitos e fan-
saberes e fazeres locais, pólos de animação rural, certificação e promoção de produtos tasmas também alimentam.
tradicionais de qualidade, venda directa e revitalização das feiras tradicionais. Um dos
projectos previstos financiar era o da “Diversificação e Promoção do Cabaz Regional Barberis (1992: 7) considera como típico um produto que, a partir das estruturas de
de Produtos de Qualidade”. Sendo no âmbito deste último projecto de valorização dos um território (localização geográfica), uma certa qualidade da matéria-prima (resultante
produtos do território que se insere o Estudo agora apresentado. do clima, solo, raças animais e variedades vegetais), certas técnicas de preparação
(leais e constantes), desenvolveu, na continuidade da sua tradição, um mercado que
A AMBT reconhece que a certificação é um instrumento importante e eficaz para criar mantém, frequentemente, em contacto directo o produtor e o consumidor. Nesta óptica,
economias de escala e enriquecer e diversificar o cabaz de produtos de qualidade. De o produto típico terá uma relação especial com o mercado e o seu processo de distribui-
acordo com o relatório da AMBT (2007) o processo de certificação é uma mais valia para ção assentará em circuitos curtos de comercialização.
o produto em si, para a segurança alimentar dos consumidores e um estímulo para a
comercialização para um público cada vez mais fidelizado e exigente. Como veremos Este documento encontra-se estruturado em cinco pontos principais, sendo a intro-
neste Estudo há que relativizar a importância da qualificação como instrumento de va- dução o primeiro, com um breve enquadramento do Estudo, objectivos e conceitos re-
lorização dos produtos. Há outras formas de valorização a considerar ao nível da fileira, lativos à qualificação dos produtos locais. O segundo ponto apresenta a metodologia
designadamente, transformar e aproximar os produtos ao mercado, melhorar a sua seguida e as actividades desenvolvidas ao longo do trabalho. Em seguida faz-se uma
comunicação e promoção e constituir um compromisso organizativo entre os actores. breve caracterização do território e das actividades em análise: agricultura; agro-ali-
mentar; artesanato e; gastronomia. No quarto discutem-se formas de valorização dos
O Estudo tem como território de análise a área de actuação da AMBT que abrange produtos locais. Por último, apresentam-se algumas conclusões e propostas para valo-
os concelhos de Amarante, Baião, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Marco de rização dos produtos locais.
Canaveses e Mondim de Basto, e apresenta os seguintes objectivos:

- Levantamento dos produtos tradicionais;


- Selecção de um conjunto de produtos com potencialidades económicas aos quais
se possam aplicar processos de promoção e valorização;
- Definição de estratégias de promoção e valorização;
- Elaboração de seis Cadernos de Especificações.

O Estudo desenvolve-se em torno de dois conceitos - tradicional e típico - que me-


recem ser clarificados. Bernat (1996:88), refere que os produtos são tradicionais na me-
dida em que persistem no tempo, sempre se fizeram em determinado lugar e de uma
determinada maneira e conservam, em maior ou menor grau, as características que os
definem, quanto ao aspecto, textura e sabor. Por sua vez, Ribeiro e Martins (1996: 313)
afirmam que os produtos tradicionais são únicos pelas suas matérias-primas, pelos
conhecimentos aplicados, bem como pelos usos e práticas de produção, consumo e de
distribuição e que na actualidade recebem, entre outras, as denominações de produtos
locais, tradicionais, artesanais ou regionais.

 
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2. Metodologia
Para cumprir os objectivos recorreu-se a uma metodologia variada, cruzando várias
técnicas e instrumentos de recolha de informação. Fez-se uso, sobretudo, de metodolo-
gias de natureza qualitativa que vamos descrever ao longo das três fases de desenvol-
vimento do Estudo.

A primeira fase do Estudo consistiu em duas actividades. Na primeira fez-se o levan-


tamento exaustivo dos produtos tradicionais existentes na área de intervenção da AMBT.
Para isso realizaram-se entrevistas, com base num guião, a 40 informantes chave, de-
signadamente, autarcas, técnicos de câmaras municipais, responsáveis de associações
de desenvolvimento local, técnicos de zonas agrárias e de cooperativas, técnicos de
postos de turismo e pessoas de reconhecido mérito nas áreas temáticas em análise.
Como resultado deste levantamento elaborou-se uma lista extensa de produtos agríco-
las/pecuários, agro-alimentares, artesanato e gastronomia. Na segunda procedeu-se à
pesquisa bibliográfica e documental diversa (artigos, documentos, Estudos, regulamen-
tos e normas) para a realização do enquadramento teórico e normativo sobre qualifica-
ção dos produtos e definição dos conceitos centrais do Estudo: tradicional e típico.

A segunda fase do Estudo privilegiou duas etapas principais. Na primeira a equipa


técnica procedeu às seguintes acções: a) triagem dos produtos com maior tipicidade e
interesse económico; b) entrevistas semi-estruturadas a técnicos de várias entidades:
CCDR-N; Norte Qualidade; peritos em gastronomia e artesanato; c) reunião de Comis-
são de Acompanhamento onde se discutiu e seleccionou uma lista intermédia com 10
produtos.

Na segunda etapa aprofundou-se a análise em torno dos 10 produtos, sendo para


isso elaboradas fichas para cada um deles. Estas fichas, que constam no Relatório In-
termédio do projecto, foram realizadas através de entrevistas semi-estruturadas a 23
produtores e artesãos e incidiram sobre os seguintes tópicos: designação e caracteriza-
ção geral do produto; área de produção; tecnologia e processo de fabrico; produtores
actuais e potenciais; quantidades produzidas; processos de comercialização; ambiente
institucional; embalagem e preços de venda actuais.

Em seguida fez-se uma análise comparada entre os 10 produtos, de acordo com os


critérios: tipicidade, notoriedade, distribuição no território, equilíbrio entre os vários tipos

 
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de produtos, maior importância sócio-económica, existência de entidades enquadrado-


ras. Com base nestes procedimentos seleccionamos um conjunto de seis produtos com
maior potencialidade de certificação e para os quais foram realizados Cadernos de Es-
pecificações na terceira fase do Estudo. Os produtos escolhidos foram: Linho das Terras
de Basto; Bengalas de Gestaçô; Citrinos da Pala; Maçã de Basto; Doces Conventuais de
Amarante e; Pão de Padronelo. Na perspectiva sócio-económica os produtos seleccio-
nados estão longe de ter a importância do vinho e da carne já qualificados. Contudo,
são produtos que pelos restantes critérios em apreciação poderão ter interesse certificar
e promover, sobretudo pela tipicidade e ligação ao território e sempre numa óptica de
que estes produtos podem ser âncoras para a promoção e comercialização de outros.

A terceira fase do Estudo consistiu em três acções principais: 1) elaboração dos seis
Cadernos de Especificações; 2) redacção do Relatório Final e; 3) divulgação e disse-
minação de resultados do Estudo, concretamente na apresentação dos resultados em
sessão pública e publicação da Síntese do Estudo. Para a elaboração dos Cadernos de
Especificações recorreu-se à seguinte metodologia: recurso a fontes documentais varia-
das, com vista a justificar a tipicidade e a ligação dos produtos ao território; entrevistas
a produtores e outros actores do território para caracterização do processo produtivo.
3.Território e
Procedeu-se ainda ao acompanhamento e observação do processo de fabrico dos pro-
dutos confeccionados. Realização em laboratório de análise físicas, químicas e orga-
nolépticas do Pão de Padronelo e Doces Conventuais de Amarante. Os Cadernos de
actividades económicas
Especificações elaborados são documentos autónomos que se encontram anexos ao Esta secção é constituída por duas partes principais. Na primeira fazemos uma breve
Relatório Final e que estarão disponíveis no site da AMBT. Nesta última fase procedeu- caracterização (geográfica, demográfica e actividades económicas) do território.
se ainda à análise e discussão dos processos de valorização dos produtos do território, Na segunda faz-se uma breve caracterização das quatro actividades em análise
assunto apresentado no ponto 4 deste documento. neste Estudo.

O Estudo apresenta algumas limitações que merecem ser destacadas. Antes de mais 3.1. Breve caracterização do território
o curto espaço temporal (120 dias). Há processos e dinâmicas que requerem tempo, tais
como o da constituição de agrupamento de produtores, ou a realização de análises. O território da AMBT encontra-se inserido numa faixa de transição entre o Noroeste
Os Cadernos de Especificações não pretendem ser um produto acabado, visam antes Atlântico e o Nordeste Transmontano, englobando os concelhos de Amarante, Baião e
ser uma boa base de partida para as organizações de produtores os completarem e Marco de Canaveses (Distrito do Porto), Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto (Distrito
aperfeiçoarem. A mobilização dos agrupamentos de produtores é o passo seguinte de Braga), Mondim de Basto (Distrito de Vila Real), e ocupa uma superfície de 1.272,84
a dar, caso se pretenda avançar com os processos de qualificação dos seis produtos km2.
referidos. Em termos demográficos, geográficos e históricos, o território apresenta duas reali-
dades distintas: as Terras de Basto, zona de transição entre o litoral minhoto e as terras
transmontanas, englobando os três concelhos mais a norte e; as terras marcadas pelos
dois rios que as atravessam, o Douro e o Tâmega, incluem os três concelhos mais a sul.
Estas duas realidades são ainda marcadas pelos vales encaixados ao longo do com-
plexo montanhoso Alvão/ Marão onde correm os respectivos rios, factores de separa-
ção e, simultaneamente, de ligação entre os municípios.

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O Baixo Tâmega, com excepção dos concelhos de Amarante e Marco de Canaveses, A evolução da população activa, na última década, tem-se mantido praticamente
apresenta um forte decréscimo populacional, perdendo mais de 20% (17.920) da sua constante apresentando, em 2001, um valor médio de 75.264 habitantes, representan-
população residente entre 1960 e 2007. do 42% da população total residente. A população activa no sector primário decresceu
Fig. 1- Evolução da população residente na AMBT entre 1900 e 2007 de 20% para 7% entre 1991 e 2001. O sector secundário é o mais importante em termos
de população activa.
O desemprego não assume valores muito diferentes dos referidos para o país. Se-
gundo dados do IEFP do início de 2008, a população desempregada na AMBT é consti-
tuída principalmente por mulheres (73%), evidenciando-se a classe etária entre os 35 e
os 54 anos (44%).

Em síntese, estamos perante um território envelhecido, genericamente a perder po-


pulação, com empregos em sectores de baixa competitividade.

3.2. Actividades económicas


As quatro actividades económicas em análise neste Estudo foram: agricultura/pecu-
ária; agro-alimentar; artesanato e; gastronomia.

Fonte: INE, RGA, 1991, 2001


3.2.1. Agricultura e pecuária
Nos concelhos da AMBT, permanecem fortes traços de ruralidade e um conjunto de
As estimativas do INE para 2001 atribuem para a área da AMBT uma população de produtos agrícolas, pecuários ou transformados associados a uma imagem de qualida-
181.297 habitantes, o que corresponde a 33% da população da NUTS III Tâmega e 5% da de. Todavia, a agricultura e a pecuária são actividades que se encontram globalmente
população da Região Norte. A distribuição da população no território é muito desigual, em regressão, com um acentuado envelhecimento dos seus activos.
sendo Amarante e Marco de Canaveses os municípios com mais população. O Baixo
Tâmega encontra-se marcado pelo envelhecimento da população, mais acentuado nos Há, contudo, fileiras como a do vinho verde com tendência de crescimento, os agen-
municípios de Mondim de Basto, Celorico de Basto e Baião. tes nela envolvidos têm realizado um esforço significativo de reconversão das suas es-
Em termos económicos, apesar de uma secundarização e tercialização bastante truturas produtivas e de implementação de acções de comercialização, apostando na
acentuada do emprego, o sector primário, com particular destaque para as florestas qualidade e na diferenciação dos produtos colocados nos mercados.
e viticultura, continua a ter importância no Baixo Tâmega. Contudo, o tecido económico
primário é débil, envelhecido e pouco qualificado, resultando desta realidade um muito A estrutura produtiva agrícola da AMBT era constituída, segundo o RGA de 1999, por
baixo nível de empreendedorismo. 9.742 explorações com 28.819 ha de SAU. Da superfície total das explorações agrícolas
da AMBT, cerca de 48% estavam afectas à SAU e 44% à superfície florestal. As unidades
Fig. 2. População empregada no Baixo Tâmega por sector de actividade (1991 e 2001)
produtivas eram dirigidas, na sua grande maioria, por pequenos produtores e pelas
suas famílias. Em termos de estrutura fundiária, a característica dominante é a pequena
dimensão. Em 1999, a área média de SAU das explorações agrárias não ultrapassava
3,0 ha, valor que era bastante inferior à média nacional de 9,3 ha. A titulo ilustrativo, a
área média de vinha variava, em 1999, entre 0,7 ha e 1,0 ha, enquanto as áreas médias
destinadas à produção de frutos e olivais eram ainda inferiores. Por oposição a estas
encontramos na região um conjunto de empresas de razoável dimensão física, desig-
nadamente ao nível da produção vitícola.

Fonte: INE, RGA 1991, 2001

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Da observação da paisagem agrária dos concelhos da AMBT e dos dados do RGA Panificação
de 1999, constata-se que a vinha é a única cultura permanente com alguma expressão O fabrico de pão é uma actividade tradicional em toda
nas áreas cultivadas (88% da superfície destinada às culturas permanentes). a sub-região do Baixo Tâmega, sendo de destacar pro-
dutos como o “Pão de Padronelo”, o “Pão caseiro do
As actividades frutícolas ocupavam, no seu conjunto, apenas 5% da área agríco- Marco” e a “Broa Caseira” (de milho, centeio ou mista).
la. Isso significava, em termos de dimensão física, superfícies que não ultrapassavam Mas também neste sector a actividade industrial é re-
as poucas centenas de hectares. Apesar disso, há algumas pequenas manchas de duzida. As padarias são de reduzida dimensão e ven-
árvores de frutos frescos (macieiras), citrinos (laranjeiras) e frutos secos (por exemplo, dem a produção num raio não muito distante do local de
castanheiros) que persistem em diversas localidades do território. Ao longo do trabalho fabrico.
de campo foi salientada a Laranja da Pala, produzida em pequena escala em Baião,
Marco de Canaveses e Cinfães e o património genético (pés isolados) de variedades
regionais de maçãs espalhados pelos concelhos da AMBT (variedades Verdeal, Porta Mel, compotas, licores e ervas
da Loja, Pipo de Basto). aromáticas e medicinais
O número de animais por exploração reflecte a dominância das pequenas explora- A produção de mel é uma actividade com grandes po-
ções, em 1999 havia, em média por exploração, 3,9 bovinos, 6,7 suínos e 10 ovinos. Há tencialidades em toda a sub-região do Baixo Tâmega,
ainda um reduzido número de produtores com efectivos mais numerosos. em especial se associada à agricultura de montanha. A
Denominação de Origem Protegida Mel das Terras Altas
3.2.2. Produtos Agro-alimentares do Minho estende-se aos seis concelhos que integram a
Os concelhos da AMBT caracterizam-se por uma grande diversidade de produtos AMBT, contudo, não existe, no território, qualquer unidade
agrícolas e agro-alimentares tradicionais. Do trabalho de campo realizado ressalta um licenciada a produzir e comercializar este produto. No en-
conjunto de cinco fileiras agro-alimentares potenciais: 1) vinho verde e derivados; 2) pa- tanto, esta actividade pode e deve articular-se com a produ-
nificação; 3) mel, compotas, licores e ervas aromáticas e medicinais; 4) fumeiro; e 5) ção de compotas e licores diversos, além da embalagem de ervas
queijo. aromáticas e medicinais. Apesar da diversidade de produtos existentes, a transforma-
ção deste tipo de produtos está confinada a uma ou outra unidade produtiva.
Vinho Verde e derivados
A reconversão da vinha e a produção de vinho verde por produtores engarrafadores Fumeiro
foi, seguramente, uma das grandes mudanças operadas na agricultura nos concelhos A produção artesanal de fumeiro estende-se a todos os
que estamos a analisar. Um indicador desta evolução é o elevado número de produto- concelhos da AMBT. São laborados, de forma tradicional e
res engarrafadores em actividade nestes concelhos. A produção artesanal um vasto leque de produtos, alguns dos quais
tradicional de vinho verde (tinto, vendido a granel) foi substi- beneficiam de qualificação DOP ou IGP (ver Quadro 1).
tuída parcialmente por produtos mais elaborados e mais O Fumeiro de Baião e de Cabeceiras de Basto apa-
adaptados à realidade dos mercados, com o surgimento rentam ter alguma notoriedade local. Todavia, estes
novos produtos como o espumante (com a casta Avesso e produtos não possuem grande expressão comercial
Azal), o palhete (Adega Cooperativa de Baião) ou o vinho e não há unidades licenciadas. O Fumeiro destes con-
biológico. Destaque especial para o vinho verde Avesso celhos (alheira, salpicão, chouriço, linguiças, morcelas
cujo “mix” de mercado está associado não só ao produto e presunto) destina-se sobretudo ao auto-consumo, não
vinho, mas também ao enoturismo (rota de vinhos) e ao sendo fácil encontrar fumeiro local à venda em lojas da re-
turismo cultural (por exemplo Eça de Queirós e a obra “A gião.
Cidade e as Serras”).

 Chouriça de sangue e de carne, salpicão, morcela, alheira, presunto, orelheira fumada, pernil, pá…

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mais próximos do Douro, predomina o anho assado. Os pra-


Queijo tos de milhos (ricos), as couves com feijão, são típicos dos
A produção de queijo no Baixo Tâmega esta asso- concelhos de Basto. O verde ou bazulaque era um prato
ciada à produção caprina, concentrada, sobretudo, típico dos concelhos de Amarante, Marco de Canaveses
nas serras do Marão e da Aboboreira. Com o declínio e Baião.
dos efectivos caprinos assiste-se ao desaparecimen- Do ponto de vista económico a gastronomia tem
to da produção de queijo. Como produtos tradicionais uma elevada importância na promoção do território e
da actividade queijeira surgem referências ao queijo na atracção de muitos visitantes, dando origem ao “ex-
de cabra em Celorico de Basto e sobretudo ao Queijo cursionismo gastronómico” de que alguns restaurantes,
Fresco de Cabra, vulgarmente designado de “Queijinhos designadamente em Cabeceiras Basto e em Baião, são
da Serra” da Aboboreira. Também nesta produção não se bons exemplos.
identificaram no território queijarias tradicionais licenciadas. Todavia, sem bons produtos não poderá manter-se a gas-
tronomia típica de cada território. O que coloca um desafio sério aos vários actores e à
Artesanato necessidade de uma maior produção e utilização dos produtos locais na gastronomia.
O Baixo Tâmega foi muito rico em artesanato, encontrando-se
actualmente esta actividade em regressão. O elevado preço Doçaria
dos produtos, a sua moderada procura, a escassez de A doçaria encontrada é muito diversa, destacando-se: Do-
matéria-prima, o não reconhecimento social destas pro- ces Conventuais (lérias, papos de anjo, foguetes, brisas do
fissões, entre outras, são algumas das razões que con- Tâmega) e bolos de S. Gonçalo em Amarante; Biscoito da
tribuem para a situação. Subsistem contudo algumas Teixeira de Baião; doces de Lenteirões ou do Freixo no
actividades com alguma dinâmica e notoriedade, em Marco Canaveses, onde existe uma forte tradição de
particular, as bengalas de Gestaçô, a tecelagem em fabrico de doçaria, vendida em festas e romarias. Nos
linho nas Terras de Basto, a olaria negra de Gondar, concelhos de Basto encontramos cavacas, galhofas,
os bordados em fio de ouro de Celorico e os bordados pão-de-ló seco e húmido, rosquilhos, muitos deles fa-
da Lixa. Para além destas subsistem outras actividades bricados em Mondim de Basto. Ao nível da panificação
artesanais, em pequena escala, manufacturadas por pes- merece destaque o pão de Padronelo em Amarante, o
soas idosas, dispersas no território, tais como, chapéus de pão caseiro do Marco de Canaveses e a broa caseira de
palha no Marco de Canaveses e Baião, a cestaria, a latoaria, ta- Baião e Mondim de Basto.
noaria, tamancaria, nas Terras de Basto.

Gastronomia
Do ponto de vista deste Estudo interessa-nos analisar a gastronomia típica da região.
Aquela que pode ser factor de diferenciação e atracção de pessoas ao território e canal
de escoamento dos produtos locais.
A gastronomia do território apresenta uma grande diversidade e riqueza. Tal resulta
da enorme variedade de produtos agrícolas, pecuários e agro-alimentares encontrados
no território e das suas diferentes combinações e formas de preparação. Existem muitos
pratos comuns à região do Minho, é o caso dos pratos como o “cozido à portuguesa” ou
as carnes grelhadas das raças bovinas autóctones. Há também pratos que apresentam
variantes que os tornam mais característicos de uns concelhos que outros. Por exemplo,
nos concelhos mais montanhosos de Basto, predomina o cabrito assado, nos outros

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4. Valorização dos
produtos locais
Acabamos de apresentar as actividades e as potencialidades do território, vejamos
em seguida alguns dos obstáculos que se colocam aos processos de valorização dos
produtos. Na segunda parte discutimos as várias vias a seguir para a valorização dos
produtos.

4.1. Obstáculos à valorização dos produtos locais

De uma forma geral, a valorização dos produtos locais estudados enfrenta obstácu-
los e condicionalismos que, não sendo exclusivos do Baixo Tâmega, importa evidenciar
(adaptado de Cristóvão et al., 2003: 56):

1. Os baixos volumes de produção, consequência do abandono progressivo da agri-


cultura e do sector do artesanato;
2. O risco da perda do saber-fazer tradicional;
3. A dispersão da produção pelo território, a debilidade organizativa e a ausência de
mecanismos de concentração da oferta;
4. O envelhecimento da população rural e a crescente falta de mão-de-obra jovem
nas actividades agrícolas e de artesanato;
5. O desaparecimento de sementes, variedades e práticas tradicionais de labora-
ção, dificultam a implementação de processos de valorização;

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6. A dificuldade do sector agro-alimentar tradicional em modernizar as estruturas de 4.2.1. A valorização pela via institucional
transformação e assumir uma orientação de mercado;
7. A falta de locais de venda qualificados e de oportunidades de ligação entre produ- A valorização pela via institucional inclui as DOP, IGP e ETG, importa, antes de mais,
tores e consumidores; definir estes conceitos. No âmbito dos Regulamentos (CEE) Nº 2081/92 e (CE) Nº 510/2006
8. A legislação dificulta a venda de produtos de transformação artesanal. do Conselho, entende-se por “Denominação de Origem”, o nome de uma região, de um
local determinado ou, em casos excepcionais, de um país, que serve para designar um
As limitações à implementação de uma estratégia de valorização dos produtos po- produto agrícola ou um género alimentício originário dessa região, desse local determi-
dem ser agrupada em três níveis distintos: nado, ou desse país e cuja qualidade ou características se devem essencial ou exclusi-
vamente ao meio geográfico, incluindo factores naturais e humanos, e cuja produção,
1) Limitações associadas ao território: em geral, estamos a falar de espaços geo- transformação e elaboração ocorrem na área geográfica delimitada (JO, Nº L 93/14/92,
gráficos envelhecidos e desvitalizados (serras do Marão e Aboboreira), com condições 31/03/2006).
agro-ecológicas desfavoráveis à prática da agricultura;
2) Limitações produtivas e organizativas: com frequência o objectivo é promover o Por “Indicação Geográfica” entende-se o nome de uma região, de um local deter-
desenvolvimento de produtos de pequena escala produtiva, em muito casos já inexis- minado, ou, em casos excepcionais, de um país, que serve para designar um produto
tentes ou próximos da extinção, obtidos em condições de produção e modos de vida agrícola ou um género alimentício originário dessa região, desse local determinado ou
pouco dignificantes, onde escasseiam as organizações sectoriais de apoio; e desse país e cuja reputação, determinada qualidade ou outra característica podem ser
3) Limitações comerciais: a fraca visibilidade e orientação comercial são caracterís- atribuídas a essa origem geográfica e cuja produção e/ou transformação e/ou elabora-
ticas da generalidade destes produtos e não apenas deste território. A deficiente arti- ção ocorrem na área geográfica delimitada (JO, Nº L 93/14/92, 31/03/2006).
culação da oferta da generalidade dos produtos às procuras turísticas emergentes é
também condicionadora de qualquer processo de valorização. Por “Especialidade Tradicional Garantida” (ETG) entende-se qualquer produto agríco-
Apresentados os obstáculos e limitações importa agora apresentar linhas de actua- la ou género alimentício tradicional que beneficie do reconhecimento da sua especifici-
ção para a valorização dos produtos. dade pela Comunidade, por intermédio do seu registo em conformidade com o disposto
no Regulamento (CE) nº 509/2006 (JO N.º L 093, 31/10/2006). Para figurar no registo, o
4.2. Linhas estratégicas para a valorização dos produtos produto agrícola ou de um género alimentício deve ser produzido a partir de matérias-
O lançamento de iniciativas de valorização dos produtos locais deve visar dois objec- primas tradicionais, ou caracterizar-se por uma composição tradicional ou um modo de
tivos centrais: 1) melhorar a vitalidade da economia e da sociedade rural; 2) preservar a produção e/ou de transformação que reflicta o tipo de produção e/ou de transformação
tipicidade dos produtos laborados, a diversidade e a riqueza da paisagem agrária tra- tradicional (JO Nº L 093, 31/10/2006).
dicional, variáveis que constituem factores de competitividade do território. A valorização
dos produtos identificados na AMBT pode seguir duas estratégias principais: Em Portugal, e desde 1994, beneficiam das qualificações DOP, IGP e ETG cerca de
120 produtos, dos quais cerca de 70% registam presença regular no mercado (DGADR,
- A valorização pela via institucional, ou seja, o aproveitamento de mecanismos for- 2008). Com as qualificações, espera-se introduzir um elemento de diferenciação dos
mais e institucionais criados pela administração e orientados para a promoção de pro- produtos no mercado e o seu reconhecimento e valorização, por segmentos específicos
dutos específicos com características qualitativas particulares, são exemplo as DOP, IGP de consumidores No entanto, salvo raras excepções, os seus volumes de produção
e ETG e o modo de produção biológico; são pouco significativos relativamente ao seu potencial de produção e relativamente ao
sector em que se inserem.
- A valorização pela intervenção ao nível da fileira dos produtos, isto é, através da O território da AMBT é abrangido pelas áreas geográficas de produção de diversos
implementação de um conjunto de acções melhoradoras do perfil de qualidade, nas produtos DOP/IGP cuja valorização e retenção local de valor acrescentado obtidos pela
suas diferentes dimensões: simbólica, organoléptica, higiénica e sanitária, nutricional e via da protecção do nome dos produtos são reduzidas ou nulas.
comercial.

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Relatório Síntese Identificação dos Produtos Tradicionais com tipicidade e potencialidades económicas Relatório Síntese Identificação dos Produtos Tradicionais com tipicidade e potencialidades económicas

Quadro 1. Produtos agrícolas e pecuários qualificados na AMBT A valorização dos produtos não se esgota nos mecanismos institucionais de obten-
ção das qualificações DOP/IGP/ETG. A produção integrada, mas sobretudo o modo de
CONCELHOS PRODUTOS produção biológica, devem constituir vias complementares a explorar. Contudo, aten-
dendo aos vários condicionalismos inerentes aos mecanismos de protecção e à peque-
Amarante Cabrito Terras Altas do Minho IGP, Carne Arouquesa DOP, na dimensão económica da generalidade dos produtos, defendemos que a valorização
  Mel das Terras Altas do Minho DOP, Carne Maronesa DOP
dos produtos tradicionais do território reclama intervenções ao longo da fileira.
Baião Cabrito Terras Altas do Minho IGP, Carne Arouquesa DOP,
  Mel das Terras Altas do Minho DOP  4.2.2. A valorização pela intervenção ao nível da fileira
Cabrito Terras Altas do Minho IGP, Mel das Terras Altas do Minho DOP,
Cabeceiras de Basto A valorização do tipo de produtos em causa no território da AMBT, reclama, o recurso
Carne Barrosã DOP, Carne Maronesa DOP 
a um conjunto de acções integradas e complementares entre si no âmbito das interven-
Celorico de Basto Cabrito Terras Altas do Minho IGP, Carne Arouquesa DOP, ções ao nível das fileiras (produto, preço, distribuição e comunicação) que se podem
  Mel das Terras Altas do Minho DOP, Carne Barrosã DOP
agrupar em quatro eixos; Dinamizar a transformação local dos produtos; Promover a
Cabrito Terras Altas do Minho IGP, Mel das Terras Altas do Minho DOP, aproximação dos produtos ao mercado; Melhorar a comunicação e a promoção; Esta-
Marco de Canaveses
Carne Arouquesa DOP  belecer compromisso organizativo.
Cabrito Terras Altas do Minho IGP, Mel das Terras Altas do Minho DOP,
Cordeiro de Barroso IGP, Carne Maronesa DOP, Dinamizar a transformação local dos produtos
Carne de Bísaro Transmontano DOP, Alheira de Vinhais IGP (a)
Mondim de Basto
Chouriço Azedo de Vinhais IGP (b), Presunto de Vinhais IGP (d), A transformação dos produtos tradicionais no território de origem é uma boa forma
 
Butelo, Bucho, Palaio ou Chouriço de Osso de Vinhais IGP (c), de acrescentar e reter valor, promover o emprego e fixar a população. Nesse sentido
Chouriça Doce de Vinhais, ou Chouriço Doce ou é importante estimular as iniciativas de criação local de pequenas unidades de trans-
Chouriça de Mel ou Chouriço de Mel de Vinhais IGP (e)  
formação associadas, designadamente, às fileiras do fumeiro tradicional, do queijo,
*a, b, c, d, e – apenas matéria-prima
panificação, compotas e licores. A transformação dos produtos primários nas próprias
explorações agrícolas, combinada com a venda retalhista directa, reforça a viabilidade
Foi partindo do pressuposto que a qualificação é uma das vias importantes para a
económica da agricultura familiar. As unidades de laboração licenciadas são inexisten-
valorização dos produtos do território que o Estudo previa a selecção de seis produtos
tes, o que condiciona a sustentabilidade do sector agro-alimentar. Importa estimular o
(ver Quadro 2) e a elaboração de Cadernos de Especificações para cada um deles e que
aparecimento de uma “quasi-indústria” local em torno deste tipo de produtos.
seguiram anexados ao Relatório Final do Estudo. A metodologia seguida para a selec-
ção destes produtos é referida acima no ponto 2 deste documento.
Promover a aproximação dos produtos ao mercado
Salvo raras excepções (caso da panificação e doçaria), chegar ao mercado parece
Quadro 2. Produtos do território a qualificar
constituir o principal problema da generalidade dos produtos tradicionais do Baixo Tâ-
mega. Através da promoção de eventos de tipo diverso, com destaque para as feiras
Tipo de produto Produto Concelho mais representado
de produtos regionais, os municípios têm procurado promover o acesso ao mercado
Cabeceiras de Basto, Celorico de
Linho das Terras de Basto destes produtos. Promover a melhoria dos processos de comercialização dos produtos
Artesanato Basto e Mondim de Basto
tradicionais é um dos grandes desafios a vencer no processo de valorização. Vejamos
Bengalas de Gestaçô Baião
alguns exemplos de acções que podem fazer parte da estratégia:
Citrinos da Pala Baião e Marco de Canaveses
Agro-pecuária Cabeceiras de Basto, Celorico de
Maçãs de Basto Diversificar circuitos e canais de distribuição
Basto e Mondim de Basto
O estabelecimento de circuitos curtos de comercialização deverá constituir um dos
Doces Conventuais Amarante Amarante
Doçaria pilares da estratégia de valorização. A aproximação entre produtores e consumidores é
Pão de Padronelo
um objectivo a perseguir. Os circuitos curtos de comercialização podem assumir formas
e profundidades diversas, desde a venda à distribuição retalhista local, restauração,

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Relatório Síntese Identificação dos Produtos Tradicionais com tipicidade e potencialidades económicas Relatório Síntese Identificação dos Produtos Tradicionais com tipicidade e potencialidades económicas

hotelaria e unidades de turismo em espaço rural (TER), passando pela venda directa em turismo rural. Tal política de comunicação deve construir-se em torno de quatro grandes
feiras e mercados, na exploração e ao domicílio. elementos, normalmente associados aos produtos locais de qualidade de grande valor
Os circuitos curtos e em particular a venda directa requerem conhecimentos em téc- acrescentado.
nicas de marketing e comercialização que não estão ao alcance de todos os produto- As campanhas de marketing e a publicidade conjunta e a associação à marca terri-
res, pelo que a intervenção das organizações de produtores, enquanto facilitadoras dos torial “Baixo Tâmega, Acima de Tudo” são iniciativas a ter em conta.
processos se torna fundamental. Por outro lado, a sensibilização das várias unidades
- TER, restauração, hotelaria e distribuição tradicional local - para a valorização dos pro- Fig. 3. Factores a considerar numa proposta de comunicação
dutos locais é algo que está ainda por fazer. e promoção de produtos locais

Acções diversas ao nível da comercialização


Em matéria de comercialização de produtos regionais, são necessárias medidas
para promover de forma profissional a organização de produtores e artesãos, para a
venda dos seus produtos. Promover uma rede integrada de pontos de venda de pro-
dutos regionais, instalados em locais específicos e devidamente identificados, parece-
nos fundamental numa estratégia de valorização deste tipo de produtos. Apostar numa
estratégia de comercialização de médio e longo prazo. De uma forma geral, na área da
comercialização, os operadores no sector dos produtos tradicionais locais não definem
objectivos, não afectam recursos, não adquirem competências, não elegem parceiros,
não escolhem caminhos entre as várias alternativas possíveis. Formação em matéria de
marketing e comercialização é essencial.

Compromisso de Qualidade
Não obedecendo a qualquer processo formal de certificação, um processo de va-
lorização de produtos tradicionais deve basear-se na melhoria do perfil de qualidade
dos produtos, e preocupar-se em atestar e garantir essa mesma qualidade ao longo do Fonte: LEADER + Magazine, 2005:9

circuito comercial. Assim, como defende Cristóvão et al. (2002: 59) importa estabelecer
a “Carta de Compromisso com a Qualidade”, que sensibilize todos os operadores lo- Estabelecer compromisso organizativo
cais (produtores, distribuidores, restauração, hotelaria, unidades TER) para as vantagens Na generalidade dos casos, e resultado da atomicidade da produção, a oferta não
de oferecerem produtos locais. Num contexto de “compromisso com a qualidade”, os se consegue organizar de forma a responder às necessidades da distribuição. Mais
retalhistas locais, mas sobretudo a gastronomia podem ser uma excelente forma de do que a criação de estruturas novas de concentração da oferta, as soluções passam
valorização dos produtos, na medida em que potencia a ligação entre produtos locais, por maior dinamismo das organizações sectoriais existentes, pela diversificação dos
cultura e turismo. A gastronomia queirosiana em Baião, associada a Eça de Queirós e à processos de comercialização, e pela melhoria da articulação e trabalho em parceria
sua obra a Cidade e as Serras, é um bom exemplo a explorar. entre as diferentes organizações de cariz sócio-profissional ou sócio-económico, com
destaque para associações de produtores (dos diferentes sectores de actividade), co-
Melhorar a comunicação e promoção operativas e Associações de Desenvolvimento Local com intervenção no território da
Qualquer estratégia de valorização de produtos locais deve assentar numa política AMBT. As iniciativas intermunicipais terão melhores condições para assegurar a escala
de comunicação que privilegie a promoção conjunta dos produtos e do território. A po- necessária à eficácia e sustentabilidade dos projectos de valorização.
lítica de comunicação deve ter como objectivo aumentar a consciência colectiva para o
valor intrínseco dos produtos, das vantagens da economia alimentar local para a viabili-
dade das empresas agrícolas e sustentabilidade ambiental, cultura local e regional e do
 De realçar o trabalho desenvolvido pelo Casa do Lavrador em Celorico de Basto ao nível da concentração da oferta e melhoria dos
 Ver Iniciativa PROVE “Por uma Comercialização de Proximidade” processos de comercialização dos produtos agrícolas do concelho.

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Relatório Síntese Identificação dos Produtos Tradicionais com tipicidade e potencialidades económicas Relatório Síntese Identificação dos Produtos Tradicionais com tipicidade e potencialidades económicas

5. Conclusões
e sugestões
O território da AMBT é constituído por duas áreas algo distintas. Os três concelhos
das Terras Basto, versus os concelhos mais a sul, com maior influência do Douro e pro-
ximidade ao Grande Porto. A perda de população tem sido uma constante nas últimas
décadas, com excepção dos concelhos de Amarante e do Marco Canaveses. Estamos
perante um território envelhecido, com uma elevada percentagem de população re-
sidente sem actividade económica (60%), com empregos em sectores de baixa com-
petitividade. O sector primário tem vindo a sofrer uma queda bastante acentuada nas
últimas décadas ocupando 7% da população em 2001.
Do ponto de vista agrícola dominam as pequenas explorações familiares, com siste-
mas de policultura e produção animal, dispersos no território, praticados por produtores
idosos e com baixo nível de instrução. Uma parte importante da produção destina-se
ao auto-consumo e à venda para mercados informais, não se encontrando muitos dos
produtos à venda no mercado. O vinho verde surge como uma excepção e foi a activi-
dade que mais se modernizou com o surgimento de novos produtores e produtos, com
marca própria orientados para mercados de exportação.
Identifica-se no território um elevado número de produtos agro-alimentares (fumeiro,
queijaria, compotas), mas são escassos os produtos com presença regular no mercado.
O fumeiro de Baião e de Cabeceiras de Basto apresenta alguma notoriedade e inclui
vários produtos: alheira, salpicão, chouriço, linguiças, morcelas, presuntos. Contudo as
unidades licenciadas são inexistentes, o que condiciona a sustentabilidade destas acti-
vidades e o fornecimento da restauração local.
O Baixo Tâmega foi rico em artesanato, mas esta actividade encontra-se em declínio,
sendo praticado por um reduzido número de pessoas com idade avançada. Subsistem
algumas actividades com alguma dinâmica e notoriedade em particular as bengalas

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de Gestaçô, a tecelagem em linho nas Terras de Basto, olaria negra de Gondar, os bor- pela intervenção ao longo da fileira, o que reclama o recurso a um conjunto de acções inte-
dados em fio de ouro de Celorico de Basto, ou os “bordados da Lixa” em freguesias de gradas e complementares entre si nos seguintes domínios: organização da oferta; estímulo
Amarante. da transformação; promoção da aproximação ao mercado; comunicação e promoção.
As potencialidades gastronómicas do território são elevadas. Alguns dos pratos mui- Neste tipo de processos as organizações sectoriais são actores chave no dinamis-
to procurados são: cabrito assado mais a norte e o anho assado mais a sul; os pratos mo, na diversificação dos processos de comercialização, na melhoria da articulação e
de milhos, couves com feijão, são dos mais típicos nas Terras de Basto. O verde ou ba- trabalho em parceria, entre as diferentes organizações de cariz sócio-profissional ou
zulaque é muito típico nos concelhos mais próximos do Douro. A riqueza gastronómica sócio-económico, com destaque para as associações de produtores. Nesta óptica de
traduz-se pela importância do emprego no sector da restauração. O aprovisionamento valorização é justo reconhecer o bom trabalho desenvolvido pelas autarquias, sós ou
dos restaurantes com produtos de qualidade típicos é um dos desafios maiores com em parceria com associações, na promoção e no apoio à comercialização dos produ-
que a gastronomia local terá de se confrontar num futuro próximo. tos locais. São exemplos destas acções a criação de espaços (mercados) e de eventos
O território é também muito rico em doçaria regional. A doçaria encontrada é muito (feiras) para a venda de produtos locais. Alguns destes eventos contribuem fortemente
diversa, pelo que vamos aqui enunciar aqueles que surgem como mais relevante: do- para a imagem e projecção no exterior dos concelhos.
ces conventuais (lérias, papos de anjo, foguetes, brisas do Tâmega) e bolos de S. Gon- Até aqui centramos a valorização dos produtos locais nas quatro actividades em
çalo de Amarante; Biscoito da Teixeira de Baião; doces de Lenteirões ou do Freixo, no análise. Contudo, é por demais evidente que a valorização das actividades referidas,
Marco Canaveses, onde existe uma forte tradição no fabrico de doçaria. Nos concelhos faz maior sentido quando articuladas com outras potencialidades e actividades que
de Basto encontramos cavacas, galhofas, pão-de-ló seco e húmido, rosquilhos, muitos não foram aqui analisadas, por exemplo, património arquitectónico e natural, a caça e
deles fabricados em Mondim Basto. Ao nível da panificação merece destaque o pão de pesca, e que são essenciais para o desenvolvimento de uma estratégia de promoção
Padronelo em Amarante, o pão caseiro do Marco Canaveses e a broa caseira de Baião do turismo em meio rural.
e Mondim de Basto. Para finalizar deixamos aqui algumas propostas ou sugestões conducentes à valori-
A caça e a pesca ainda que não tenham sido analisadas neste Estudo são outras zação dos produtos do Baixo Tâmega. As propostas destinam-se em primeiro lugar aos
das potencialidades do território que aí atraem muitas pessoas, em especial nas Terras inúmeros produtos do território e, em segundo lugar, mais especificamente, aos seis
de Basto. produtos acima seleccionados para qualificação. São propostas que aqui deixamos
Um dos objectivos deste Estudo era a selecção de um conjunto de seis produtos para reflexão e eventual implementação se forem consideradas pertinentes.
com potencialidades para uma possível qualificação. O processo de escolha implicou
a adopção de um conjunto de critérios referidos no ponto 2. Os seis produtos para os Promover a transformação dos produtos no território
quais se elaboraram Cadernos de Especificações, que constam como anexos do Rela- Escasseiam no território as unidades de transformação licenciadas dos produtos
tório Final, são: Linho das Terras de Basto; Bengalas de Gestaçô; Citrinos da Pala; Maçãs agrícolas e animais, seja para a produção do fumeiro, queijos ou outros produtos. Há
de Basto; Doces Conventuais de Amarante e, Pão de Padronelo. que incentivar e dinamizar o surgimento de unidades de transformação que permitam
A selecção destes produtos visou sobretudo responder ao caderno de encargos do criar emprego, aumentar as mais valias para o território e permitir o abastecimento de
Estudo, e não esgota o leque de produtos com tipicidade e notoriedade encontrados restaurantes e a venda a visitantes de produtos agro-transformados do território.
no território que é claramente mais amplo. No que respeita à valorização da grande Criar mercado de produtores do Baixo Tâmega
diversidade de produtos identificados no território da AMBT há duas vias a explorar: Sem prejuízo dos eventos sazonais de valorização e promoção dos recursos locais
valorização pela via institucional e valorização pela intervenção ao nível da fileira. que em conjunto se realizam no território da AMBT ou, de forma mais ou menos isolada,
A valorização pela via institucional, onde se enquadra a qualificação dos produtos em cada um dos municípios, sugere-se a criação e desenvolvimento do conceito “Mer-
(DOP, IGP, ETG) é uma das estratégias seguida e que esteve, aliás, na base da elabo- cado de Produtores do Baixo Tâmega” (MPBT), a ter lugar, de forma regular, no centro
ração deste Estudo. A qualificação é um instrumento importante para a protecção dos histórico dos principais centros urbanos da AMBT. Este tipo de eventos, prática comum
produtos, mas, por si só, é insuficiente para acrescentar, em muitos casos, mais valias noutros países, parece uma boa forma de aproximar produtores e consumidores e as-
para os produtores. Há, por exemplo, que apostar muito mais no modo de produção sociar os produtos locais de qualidade à cultura e ao património local. Simultaneamen-
biológico e na comercialização destes produtos. O Baixo Tâmega apresenta um grande te, pode constituir um mecanismo de segmentação do mercado atingindo nichos mais
potencial de produção por esta via, mas está ainda praticamente tudo por fazer. valorizadores.
Atendendo às especificidades do território, ao elevado número de produtos, em peque- Promover rede integrada de pontos de venda de produtos regionais
na escala, dispersos no território, com baixa visibilidade, urge encontrar outras vias para a A promoção de uma rede integrada de pontos de venda de produtos regionais,
sua valorização. Assim, parece-nos essencial dar prioridade às estratégias de valorização  De realçar o trabalho desenvolvido pelo Casa do Lavrador em Celorico de Basto ao nível da concentração da oferta e melhoria dos
processos de comercialização dos produtos agrícolas do concelho.

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Relatório Síntese Identificação dos Produtos Tradicionais com tipicidade e potencialidades económicas Relatório Síntese Identificação dos Produtos Tradicionais com tipicidade e potencialidades económicas

instalados em locais específicos e devidamente identificados, parece-nos fundamental possibilidade poderia ser a utilização de bengalas próprias para cada uma das fanfarras
numa estratégia de valorização deste tipo de produtos. De assinalar que o Projecto “Ca- das corporações de bombeiros (colocar decoração única para cada corporação). Fomentar
sas de produtos tradicionais do Baixo Tâmega” era, tal como o presente Estudo, uma a tradição local de fazer queima de fitas no 4.º ano e 9.º ano de escolaridade.
das componentes do “Pacto de Desenvolvimento do Baixo Tâmega”. O mesmo poderia acontecer com o linho que tivesse design moderno e valores de
transacção mais acessíveis. Ligar a utilização do artesanato em eventos queirosianos ou
Constituir Grupo de Acção para a Valorização dos Recursos Endógenos do eventualmente ligados a outros vultos culturais da região do Baixo Tâmega, traduzindo-
Baixo Tâmega os em merchandising que fossem promovidos de forma planeada através de Plano de
No sentido de concretizar a estratégia de valorização referida no ponto 4, propomos Marketing específico para o efeito.
a constituição do “Grupo de Acção para a Valorização dos Recursos Endógenos do Bai- Algumas destas ideias poderiam ser financiadas com verbas do Eixo 3 do PRODER,
xo Tâmega” (GAVRE-bt). O objectivo deste grupo é o de fomentar sinergias entre secto- visando promover o interesse das empresas de comercialização de artesanato que já
res, potenciar a promoção de “cabazes de produtos”, promover a formação sectorial existem na região ou, em alternativa, fomentar o aparecimento de outras empresas que
aplicada, dinamizar estruturas associativas profissionais e interprofissionais; dinamizar venham a fazer este trabalho.
a promoção conjunta de projectos e iniciativas de valorização. Em suma, um grupo di-
namizador, facilitador e aglutinador de vontades, ideias e projetos, com o objectivo de Maçãs de Basto e Citrinos da Pala
elaborar e implementar o Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos Fazer protocolo entre a AMBT e empresas
do Baixo Tâmega (PROVERE-bt), apresentando a sua candidatura a financiamento no de comercialização de frutas com o objectivo
âmbito dos programas de apoio em vigor. destas assumirem a sua comercialização,
Relativamente aos seis produtos a qualificar vamos apresentar al- responsabilizando-se a AMBT pela promoção
gumas ideias para discussão e reflexão de possíveis acções para a junto dos potenciais agricultores desta
valorização específica destes produtos. oportunidade de negócio resultante das duas
IGP's. Por exemplo, abordar empresas que pretendem
Bengalas de Gestaçô e Linhos das Terras de Basto construir um entreposto hortofrutícola no Vale do Sousa.
A primeira medida para a valorização e defesa do património Elaborar e implementar um Plano de Divulgação que passe por,
artesanal e cultural que representam a Bengala de Gestaçô e o formatar a informação a veicular nas sessões de apresentação pública. Promover a visita
Linho das Terras de Basto para a região do Baixo Tâmega ao terreno para avaliar as suas condições edafoclimáticas para estas culturas, ajudar os
poderia passar pela criação da “Confraria do Artesanato do interessados na apresentação de candidaturas às ajudas previstas no PRODER.
Baixo Tâmega”.
As peças de artesanato produzidas na Região podem vir a obter Doces Conventuais de Amarante e Pão de Padronelo
valor acrescentado se associarem os aspectos tradicionais da sua Aproveitar os circuitos comerciais já existentes incentivando os
manufactura com design e decoração moderna, incorporando novos operadores, sempre que possível, a proceder à comercialização
materiais, por exemplo, metais nobres e pedras preciosas, que as conjunta dos produtos. Estudar a possibilidade de se juntarem outros
tornem obras de “arte” para a utilização na decoração das casas. A produtos alimentares tradicionais da região como o vinho verde. Se
utilização de séries poderia funcionar como um incentivo ao coleccionismo necessário promover através da AMBT as ajudas previstas no Eixo 3
destas peças. O recurso de um ou vários artistas plásticos, de renome, para do PRODER para apoiar as empresas existentes de comercialização
conceber as decorações, seria uma via a explorar para relançar o negócio e torná-lo de produtos alimentares de qualidade, ou fomentar
importante para a economia local. a criação de empresas que se venham a dedicar a
Outra hipótese a considerar seria a criação de decoração específica que funcione esta actividade.
como símbolo de poder para cargo político ou institucional, como por exemplo, Promover estes produtos nas feiras dos concelhos da Região e
“Presidente de Câmara Municipal”, “Presidente de Junta de Freguesia”, “Membro da criar um conjunto de eventos, designadamente em zonas urbanas
Assembleia Municipal”, “Professor Universitário”. de Portugal e Espanha, que possam contribuir para a expansão
A valorização das bengalas ligadas à queima das fitas poderia ser melhorada através do negócio das empresas de distribuição e comercialização.
da organização de um concurso entre as escolas de design tendo em vista encontrar
um desenho específico identificador para cada um dos cursos e ano lectivo. Outra

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Relatório Síntese Identificação dos Produtos Tradicionais com tipicidade e potencialidades económicas

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