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1. DOS FATOS
Veja-se, conforme faz prova a fita cassete em anexo, os trechos onde se confere
as afirmações e conceitos caluniosos, difamatórios e sabidamente inverídicos (em
discurso cuja duração girou em torno de 30 minutos):
“É um bem imortal. A vida, por larga que seja, tem os dias contados; a fama, por
mais que conte anos e séculos, nunca lhe há de achar conto, nem fim, porque os seus
são eternos. A vida conserva-se em um só corpo, que é o próprio, o qual, por mais forte
e robusto que seja, por fim se há de resolver em poucas cinzas. A fama vive nas almas,
nos olhos, na boca de todos, lembradas na memória, falada nas línguas, escritas nos
anais, esculpidas nos mármores e repetida sonoramente sempre nos ecos e trombetas da
mesma fama. Em suma, a morte mata, ou apressa o fim do que necessariamente há de
morrer; a infâmia afronta, afeia, escurece e faz abominável a um ser imortal; menos
cruel e mais piedosa se o puder matar.”
2. DO DIREITO
É direito do Autor, por tudo que padeceu, a indenização do dano. O direito antes
assegurado apenas em leis especiais e, para alguns, no próprio Art. 927 do Código
Civil, hoje é estabelecido em sede constitucional, haja vista o que prescrevem os incisos
V e X, do Art. 5o da Lei Fundamental de 1988:
“O dano simplesmente moral, sem repercussão no patrimônio não há como ser provado.
Ele existe tão-somente pela ofensa, e dela é presumido, sendo o bastante para justificar a
indenização” (TJPR – 4ª C. – Ap. – Rel. Wilson Reback – j. 12.12.90 – RT 681/163).”
O homem moderno vale mais pelo ser do que pelo ter; importa sua aura pessoal
e não a sua riqueza material. Formar ou manter uma identidade respeitável é muito mais
difícil do que comprar uma fazenda repleta de gado de ótima linhagem. De nada
adiantou a fortuna de Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, contra a
maledicência popular e política que levou o Imperador a desconfiar da pureza de seu
ideal nacionalista ( Mauá – Empresário do Império, de Jorge Caldeira, Companhia das
Letras).
´´O dano simplesmente moral, sem repercussão no patrimônio não há como ser
provado. Ele existe tão somente pela ofensa, e dela é presumido, sendo bastante para
justificar a indenização. (TJPR – 4 Câm. – Ap. Rel. Wilson Reback – j. 12.12.90 – RT
681/163)´´
Está presente nesta ação o legítimo interesse do Autor, vez que para se propor
uma ação faz-se necessário o legítimo interesse econômico ou moral. E o interesse
moral só autoriza a ação, quando toque diretamente ao autor ou à sua família. Ao tratar
dos atos ilícitos como geradores de obrigações, o art. 927 do CC fixa a obrigação de
reparar o dano por aquele que, em razão de ação ou omissão voluntária, negligência,
ou imprudência, viola direito, ou causa prejuízo a outrem;
A ausência de prejuízo material, nesses casos, não constitui exceção, sabido que
o dano se reflete muito mais uma situação de dor moral do que física, tornando,
realmente, difícil o arbitramento de indenização, vez que a moral, a honra, a dignidade
não podem ter um preço correspondente à mera avaliação material. E, muitas vezes, a
reparação maior do dano moral não se reflete no preço indenizatório.
E , por isso, não se encontra disposição legal expressa que possa estabelecer
parâmetros ou dados específicos para o arbitramento, pois, sobretudo, nesses casos, não
se pode deixar de considerar a situação econômica, financeira, cultural e social das
partes envolvidas.
Razão pela qual, restam caracterizados o dano moral experimentado pelo Autor
e a responsabilidade indenizatória do Réu pela veiculação de informações irreais,
inverídicas e irresponsáveis, causando sério constrangimento e embaraço à postulante,
que foi injustamente atingido em sua honra subjetiva e objetiva, posto que o descrédito
quanto à honestidade no trato com dinheiro público, constitui-se em pesada ofensa à
honra, sujeitando o demandante a uma situação extremamente desconfortável e
vergonhosa.
“Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar,
eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do
caso.”
Aliás, diante dos fatos constantes dos autos e da indicação direta da lei para fixação do
quantum indenizatório, desnecessárias novas provas, sendo até o caso de julgamento
antecipado da lide ( art. 330, I, do CPC).
O que se poderia cogitar, e aqui é feito para que a resposta seja a mais integral possível,
é se não seria também a hipótese de ultrapassar-se os 3.600 salários mínimos diante do
disposto no Parágrafo 1º do art.60 do CP.
Portanto, a multa penal, que hoje, está regulado nos arts. 49 e 60 do Código
Penal é no máximo de 38 dias/multa, calculado cada dia-multa no máximo em cinco
salários mínimos. Feitos os cálculos (360 X 5 SM X 2), sendo salário mínimo (SM) à
época fixado em R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais), a indenização poderá importar
em até R$ 936.000,00 ( novecentos e trinta e seis mil reais), pelo menos segundo
precedente do STJ.
Sem nenhuma dúvida, o Autor foi ofendido em sua honra e é certo que sua este
bem não tem preço, mas o direito lhe assegura um ressarcimento justo, na conformidade
do previsto no ordenamento jurídico pátrio. E no caso, como apreendido na lição de
José Frederico Marques, a indenização normal, em seu grau Maximo ( 360 dias em
dobro e duas vezes cinco salários mínimos o valor dia-multa), se apurará pela
multiplicação de 7.200 ( sete mil e duzentos) dias-multa por R$ 1.300,00 (hum mil e
trezentos reais) – valor correspondente a cinco salários mínimos, sendo possível, ainda,
triplificação desses fatores, em consonância com o disposto no art. 60, parágrafo único,
do Código Penal.
O novo Código Civil – Lei 10.406/2002, prevê que “Se o ofendido não puder
provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o valor da
indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.” Aqui não há limites para
a indenização, segundo observa o magistrado paulista, Dr. Cláudio Antônio Soares
Levada, em excelente monografia intitulada “ Liquidação de Danos Morais” (São Paulo,
Copola Editora). São dele estes comentários:
I – multa;
...
XII- ...
Parágrafo único – A MULTA será em montante não inferior a duzentas e não superior a
TRÊS MILHÕES de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência ( UFIR), ou índice
equivalente que venha substituí-lo.”
5. DO PEDIDO
Requer, finalmente, que seja esta ação JULGADA, em sua totalidade, PROCEDENTE,
com a condenação do Réu, na forma supra explicitada, não sendo este o entendimento,
que seja condenado a pagar uma indenização justa, no valor a ser apurado, à critério de
Vossa Excelência; levando em consideração os parâmetros previstos na legislação e
demonstrados pelo Autor e, ainda, a posição social (atual prefeito de Curaçá) e
financeira do responsável pela ofensa, bem assim a posição social do Requerido –
recentemente prefeito do Município de Curaçá por duas gestões seguidas(1997/200 e
2001/2004) – formando-se título executivo judicial em favor do Autor de modo a
concretizar-se sua pretensão aqui exposta.
“É um bem imortal. A vida, por larga que seja, tem os dias contados; a fama, por
mais que conte anos e séculos, nunca lhe há de achar conto, nem fim, porque os seus
são eternos. A vida conserva-se em um só corpo, que é o próprio, o qual, por mais forte
e robusto que seja, por fim se há de resolver em poucas cinzas. A fama vive nas almas,
nos olhos, na boca de todos, lembradas na memória, falada nas línguas, escritas nos
anais, esculpidas nos mármores e repetida sonoramente sempre nos ecos e trombetas da
mesma fama. Em suma, a morte mata, ou apressa o fim do que necessariamente há de
morrer; a infâmia afronta, afeia, escurece e faz abominável a um ser imortal; menos
cruel e mais piedosa se o puder matar.”
6. DAS PROVAS
DEFERIMENTO.