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Capítulo I
Noções Gerais
1. Direito Comercial
de comércio (sendo estes os principais destinatários). Além disso, regula outros actos que, pese
embora serem abrangidos pela legislação especial, não são considerados actos de comércio, como
Carácter Privado
O Direito Comercial está inserido no Direito Privado uma vez que aquele regula as relações
entre os particulares ou então entre os particulares e o Estado quando este esteja desprovido do
Sendo um ramo de Direito Privado, podemos ainda inserir o Direito Comercial no âmbito do
Direito Privado Especial dado destinar-se a certas pessoas em especial, ao contrário do que
sucede com o Direito Privado Comum (ex. Direito da Família, Direito das Coisas, etc.) que se
destina a todos.
2. Comércio
contrato de compra e venda, aluguer, etc. Ao invés, no seu sentido jurídico abarca, para além da
indústrias artesanais
indústrias extractivas
profissões liberais
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não mais é do que um conjunto de meios e pessoas que visam o desenvolvimento de uma actividade.
A maior parte dos actos comerciais são praticados no âmbito das empresas.
Capítulo II
Actos de Comércio
1. Relevância Jurídica
Depois de qualificar um acto como acto de comércio vamos dizer que as obrigações são
comerciais.
Ao qualificar um acto como comercial, as obrigações daí decorrentes são obrigações comerciais
e, consequentemente, ir-se-á aplicar um regime especial que se traduz em três pontos essenciais:
compra de automóvel
Ex. A + B C (25.000€)
venda se tratar de um acto comercial, estamos perante uma obrigação comercial, o que significa
que C pode accionar qualquer um dos devedores faltosos uma vez que eles são solidariamente
responsáveis
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exercício do comércio (art. 15.º CCom. e art. 1691.º, n.º 1/d CC)
A B
Comerciante
Dívida de 5.000€
Como B tem proveito no dinheiro, também é responsável pelas dívidas, o que não
respectivos juros.
Refira-se que a taxa é definida para cada semestre pelo Banco Central
Europeu, pelo que a actual taxa de juros apenas vigorará até 30 de Junho de 2008.
3651
1
O divisor pode ser 365 ou 366, dependendo se o ano em questão é ou não bissexto
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objectivos
subjectivos
1.º fiança (art. 101.º CCom.) este é um acto acessório, dado que a dívida em causa deve ser
comercial
existem duas teses: uma qualifica aos seus actos como subjectivos ao passo que a outra
230.º CCom. (o primeiro ponto respeita à indústria transformadora), desde que os mesmos
3.º mandato (art. 231.º CCom.) trata-se de uma ordem, pedido, praticado por pessoas com
capacidade, isto é, ordem para que outrem (mandatário) pratique determinado acto em nome do
mandante
O mandato só é comercial quando o acto praticado pelo mandatário for um acto comercial.
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sempre um acto acessório. Tal significa que só sabemos se o mandato é um acto de comércio se o
4.º transporte (art. 366.º CCom.) é um acto autónomo, não dependendo de nenhum outro acto
mas sim de um requisito: que o condutor tenha “constituído empresa ou companhia regular e
permanente”
Para estes efeitos, “condutor” deve ser entendido em termos jurídicos. Assim, o legislador
está a referir-se não ao motorista mas sim a quem tenha a direcção efectiva, isto é, quem tomar
teremos que ver para que serviu a coisa emprestada: se a coisa emprestada for para a
6.º penhor (art. 397.º CCom.) tem requisitos idênticos aos da fiança: a dívida em causa deve
ser comercial, o que significa que o penhor só é comercial se o acto autónomo (a dívida) também o
7.º depósito (arts. 403.º e 408.º CCom.) é um acto acessório pois temos que ver para que
8.º compra e venda (art. 463.º CCom.) é, por excelência, o acto de comércio, sendo constituído
é um acto de comércio se tiver como destino (momento que está em causa: prática do
excepções (art. 464.º, 1.º parágrafo): não será acto comercial se a compra se destinar
ao uso ou consumo do comprador ou da sua família, ainda que depois venha a revender essa
coisa
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é um acto de comércio quando se tenha comprado uma coisa com o intuito de a revender
9.º aluguer (art. 481.º CCom.) é um acto autónomo; para ser acto comercial, a compra tem que
Refira-se que existem certos actos que embora não venham previstos, actualmente, no
Código Comercial já nele estiveram regulados e que, por isso, devem ser considerados, por
interpretação extensiva da expressão “neste código” prevista no art. 2.º, 1.ª parte do CCom.,
actos comerciais.
do Código Comercial
arts. 104.º a 206.º CCom. depois de 1994 foram substituídos pelo Código das Sociedades
Comerciais
actualmente não vem previsto no Código Comercial. Coloca-se, portanto, a questão de saber
assim sendo, far-se-á uma interpretação extensiva da expressão “neste código” (art.
2.º, 1.ª parte CCom.). Logo, abrangerá as leis que substituíram normas do Código Comercial,
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arts. 278.º a 343.º CCom. regulava os cheques, letras e livranças; ora, este deixou de ser
regulado no CCom. e começou a ser regulado na LULL – Lei Uniforme das Letras e Livranças – e na
LUCH – Lei Uniforme dos Cheques (inclui o Regime Jurídico do Cheque sem Provisão)
arts. 351.º a 361.º CCom. operações de bolsa que presentemente se encontram reguladas no
de Comerciais
Acrescente-se que também podem ser tidos como actos objectivamente comerciais aqueles
em que, não obstante não se encontrarem previstos no CCom., a lei se autoqualifica como
determinados actos; leis que pela sua leitura temos a presunção de que o legislador as quis
ex. arts. 1109.º e 1112.º CC foram alterados pelo NRAU mas foram introduzidos no
Locação de Estabelecimento
actividade; apesar de ser uma coisa móvel, regra geral funciona dentro de um imóvel
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estabelecimento tempo
o art. 1109.º qualifica automaticamente a locação como acto comercial; não é o CC que
comerciais por interpretação extensiva e que se encontram reguladas noutros Códigos, nos
Agência
Trata-se de um contrato pelo qual uma certa pessoa se encarrega de angariar clientes e de
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afirmação de um princípio mais geral que não está expressamente enunciado e se aplica a todos os
Guilherme não pagou a vários dos seus fornecedores, entre eles, a Hélder que, hoje,
pretende reaver o seu dinheiro e os respectivos juros. Porém, enquanto Guilherme entende
que a taxa de juros a aplicar será de 4%, Hélder, por sua vez, pretende aplicar à dívida a
Quid iuris?
Estrutura da resposta:
trata-se de uma empresa de construção teremos que ver, então, se os actos praticados, de
acordo com o art. 2.º, 1.ª parte e com o art. 230.º, ambos do CCom., se são ou não actos de
comércio
art. 230.º, n.º 6 CCom. diz-nos que são comerciais se as empresas pretenderem construir
casas; ele refere-se única e exclusivamente a “casas”. Assim sendo, teremos que recorrer à
analogia
existe a analogia iuris (falamos de um Princípio Geral do Direito; advém de vários artigos) e a
o acto praticado por Guilherme autoqualifica-se como comercial porque embora o acto não se
encontre directamente previsto num artigo que esteja especialmente regulado no Código
Comercial, tal como prevê o art. 2.º, 1.ª parte do CCom., podemos fazer uma interpretação
analógica do art. 230.º, n.º 6 CCom.. De facto, através da analogia legis podemos considerar que
logo a dívida é comercial pelo que teremos de lhe aplicar o respectivo regime; teríamos ainda de
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por se tratar, então, de um acto comercial, ter-se-ia que aplicar a respectiva taxa de juros
moratórios que, actualmente, é de 11,20%, aplicada até ao final do 1.º semestre de 2008
(cumulativos):
teremos que ver se os actos praticados foram praticados por comerciantes (vide art.
13.º CCom.)
Neste âmbito devemos ver se o contrato de compra e venda, em geral, tem natureza
exclusivamente civil. Aqui nós sabemos que não tem porque o contrato de compra e venda é
o acto de comércio por excelência, pelo que este acto em concreto tem também natureza
comercial
não pode resultar do próprio acto que ele seja não comercial, uma vez que o “contrário”
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os lados da venda
Actos Formalmente Comerciais aqueles em que existe uma forma comercial a que nós
Capítulo III
Comerciantes
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Apenas teremos que averiguar se um acto é bilateral ou unilateralmente comercial quando em causa esteja um contrato
de compra e venda
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Ex. José Pimenta e Manuel Ferreira formaram uma sociedade de advogados não se trata
de uma sociedade comercial em virtude de não adoptar um dos tipos previstos no CCom.
2.º além do tipo comercial, as sociedades comerciais também têm que ter um objecto comercial
Ex. José Pimenta e Manuel Ferreira formaram uma sociedade: Oleiros, Lda. apesar de
adoptar um tipo comercial (a saber, sociedade por quotas), não poderá ser considerada uma
3.º os sócios nunca são comerciantes, eles agem em nome da sociedade, logo a sociedade é que é
comerciante
Requisitos:
capacidade
de gozo
À partida, um menor não pode ser comerciante, porém, se estiver representado, poderá sê-
-lo. Isto significa que até mesmo os incapazes podem ser comerciantes desde que estejam
Se, por exemplo, A for menor e tiver a sua mãe a representá-lo, é A quem é considerado,
Vide art. 1889.º, n.º 1/c CC sem autorização do tribunal, os pais, enquanto
representantes do filho, não podem “adquirir estabelecimento comercial […] ou continuar a
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Os actos praticados devem fazer-se regularmente, isto é, deve fazer-se disso profissão,
porém esta não tem que ser única, podendo nós ter mais que uma profissão; não tem que ser
ininterrupta.
Ex. exploração de um bar durante as férias de Verão – não deixa de ser comerciante por
actividades artesanais
artistas
escritores
profissões liberais
cabeleireiros (mas se, por exemplo, venderem champôs ou outros produtos já serão
comerciantes)
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- Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) são formadas por várias empresas e não
- Agrupamento Europeu de Interesse Económico (AEIE) é igual a um ACE com a nuance de ser
- Cooperativas não são sociedades porque não visam directamente o lucro mas sim o interesse
São comerciantes desde que pratiquem actos de comércio (art. 13.º, n.º 1 CCom.)
art. 14.º, n.º 1 CCom. associações (que não tenham por objecto fins materiais)
Montepio,…)
Estas associações - que tenham por objecto fim altruístico/desinteressado (ex. SOL)
não se encaixam no - que tenham por objecto fim interessado mas ideal (ex. associações
estas associações podem praticar actos de comércio mas não podem ter actos de
comércio por profissão. Se a associação deixar de praticar os actos que se encontram nos seus
estatutos, recorrer-se-á aos arts. 294.º e 295.º CC que prevêem a nulidade desses actos que
CSC; gerentes das Sociedades por Quotas – art. 254.º, n.º 1 CSC;
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- Estado
- Regiões Autónomas
pese embora poderem praticar actos de
- Freguesias e Municípios
comércio, não podem ser comerciantes
- Associações de Fim Altruístico
- Fundações
construção, SA” uma grua e uma betoneira. A “Constructor” tinha adquirido a grua para
revenda e a betoneira para uso próprio, porém, como António pagou um bom preço, acabou
famosa pintora portuguesa Maluda para colocar na sala de uma “moradia modelo” que tinha
moradia, oferecer o predito quadro à sua esposa, admiradora de Maluda. Porém, Belmiro,
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Primeiramente teremos que identificar os sujeitos e que são: António, construtor civil;
“Construtur – materiais de construção, SA”; “Belas Artes, Lda.”; Belmiro, comprador da casa; e
A esposa de António, embora tenha capacidade, não temos indicação de que a mesma
pratique actos objectivamente comerciais, assim qualificamo-la como não comerciante ao abrigo
Quanto a Belmiro e de acordo com o mesmo artigo, este não é comerciante uma vez que só
Relativamente à sociedade “Belas Artes”, é uma sociedade por quotas que será comerciante
se tiver por objecto um objecto comercial e também se adoptar um tipo comercial: esta
sociedade compra quadros para revenda, assim tem um objecto comercial, que é a compra e
venda, e um tipo comercial que é o facto de ser uma sociedade por quotas. Assim a “Belas Artes,
Lda.” será comerciante ao abrigo do artigo 13.º, n.º 2 CCom.. No concernente à “Construtur”,
sabemos que tem um tipo comercial (sociedade por quotas) e tem, igualmente, um objecto
No que respeita a António sabemos que tem capacidade, pelo art. 13.º CCom.. Este, para ser
comerciante, tem que praticar actos de comércio. Para justificar que ele pratica actos comerciais
deveremos recorrer ao artigo 230.º, n.º 6 CCom. que se refere às empresas: ou se aplica pela
letra da lei (se construir casas) ou por analogia legis (se construir pontes, estradas, etc.) A
conclusão será que António é comerciante pois pratica actos de comércio em nome próprio, faz
Quanto aos actos, temos em causa a compra e venda da betoneira, a compra e venda da
grua, a compra e venda de um quadro, a compra e venda da moradia e, por fim, a compra e venda
do quadro por Belmiro. Traduzem-se em dez actos pois temos que analisar tanto a compra como a
venda.
Para a análise concreta de um acto temos que aferir se ele é objectivamente comercial,
subjectivamente comercial ou ambas cumulativamente. Basta uma classificação para o acto ser
comercial
objectivamente comercial (art. 2.º, 1.ª parte CCom.).. Sendo uma compra vamos ao artigo 463.º do
mesmo diploma.
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A questão que devemos colocar é se pelo art. 463.º CCom. esta grua é para revenda ou
aluguer? Nem para uma coisa, nem para outra. Assim não é pelo 463.º CCom. um acto comercial
pois não se destina à revenda ou aluguer. Esta compra é para consumo próprio de António? Não, é
para consumo da empresa. Assim, não é considerado comercial pelo art. 463.º, n.º 1 CCom., mas
também não é tido como acto objectivamente comercial porque não é para uso próprio. Assim
sendo, teremos que inserir este acto no art. 230.º, n.º 6 CCom.: dado tratar-se de uma empresa
comercial e António necessitar de praticar esses actos para a concretização da sua actividade.
Para um acto ser subjectivamente comercial é necessário que este preencha 3 requisitos
previstos no art. 2.º, 2.ª parte CCom.. Quanto ao primeiro requisito, este está preenchido pois
António é comerciante; no que respeita ao segundo, o acto não tem natureza exclusivamente civil,
pelo que também ele está cumprido; por último, o terceiro requisito: que do acto em concreto não
resulte o seu contrário, não resulta do acto que ele seja não comercial; de facto, também este
está cumprido, pelo que o acto da compra é subjectivamente comercial. Assim a compra é
Quanto ao acto da venda da grua, as vendas são comerciais quando sejam para revenda.
Assim de acordo com o art. 463.º, n.º 3 CCom. a venda é objectivamente comercial.
comercial porque tem origem no comércio, e é um acto autónomo pois não depende de outros.
Quanto à compra da betoneira, foi comprada pela empresa de António, assim vai ter a
mesma resolução que o acto da grua pois a compra da betoneira segue o mesmo raciocínio, pois
também vai ser usada na obra. É também subjectivamente comercial pois verificam-se igualmente
os três pressupostos.
construção, por isso é comerciante, existe um estabelecimento comercial. Por ser para consumo,
apesar deste factor, ele é objectivamente comercial pelo art. 230.º e já não pelo art. 463.º, n.º 3,
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e autónomo.
comercial pois a “Belas Artes” é uma sociedade comercial que compra quadros para revenda. Será
Já quanto à compra do quadro, e neste caso em concreto, embora ele tivesse comprado com
o intuito inicial de o dar à mulher, o quadro acaba por servir para promover a casa, podendo então
classificar-se como objectivamente comercial pelo art. 230.º, n.º 6 CCom., pois o quadro acaba
por ser para uso da empresa, para promover a moradia. Quanto à classificação como
e autónomo.
Quanto à venda da moradia é objectivamente comercial por aplicação do art. 230.º, n.º 6 e
não do art. 463.º, ambos do CCom.. Quanto à classificação como subjectivamente comercial
Belmiro não compra com o intuito de revenda, para além de que não é comerciante. Assim, e de
acordo com o art. 464.º, n.º 1, a compra não é objectivamente comercial. Subjectivamente
também não é comercial pois Belmiro não é comerciante e sendo os requisitos cumulativos, torna-
comercial e autónoma.
Quanto à compra do quadro por Belmiro é igual à compra da moradia. Quanto à venda do
quadro é comercial.
Quanto aos 50.000€, estamos perante dívidas comerciais, pois os actos são comerciais.
Sendo dívidas comerciais, derivam obrigações comerciais, pelo que terá que se aplicar o regime
especial de pagamento:
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solidariedade dos co-devedores (art. 100.º CCom.) in casu, não se aplica porque
art. 15.º CCom. só não se aplica se Antónia e a sua esposa estiverem casados em
separação de bens, pois não há proveito comum do casal, segundo a presunção do art.
1691.º, n.º 1/d CC. Ora, esta é uma presunção ilidível (art. 350.º CC), o que significa que
pode ser afastada mediante prova em contrário, isto é, se a esposa de António provar que
taxa supletiva de juros de mora aplica-se sempre que devedor entra em mora (a
Cristiana, Dalila e Eva, com o objectivo de constituírem uma sociedade por quotas,
assinaturas no Notário.
sociedade, celebrou com Filipe um contrato, nos termos do qual a sociedade teria direito a
em apreço?
O primeiro acto em causa, no caso sub judice, é o acto de constituição de sociedade. Este
acto é objectivamente comercial uma vez que se encontra consagrado no CSC, que é uma lei que
veio substituir normas do CCom.. Assim, através de interpretação extensiva da expressão “neste
objectivamente comercial porque se encontra consagrado no art. 1109.º CC, este que foi
introduzido pelo NRAU. Assim, concluímos que este acto é objectivamente comercial por leis que
se autoqualificam de comerciais.
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“BestKart, revenda de karts, SA” (fornecedora habitual de Karts a André) um Kart marca
“Dino” (registada a favor de X e notória entre o público a que se destina) equipado com
motor “Honda” de 250 cc e de 6,5 cavalos a 4 tempos, que se destinava ao uso pessoal de
André. Beatriz, a pedido de André, solicitou a Catarina que guardasse o Kart em causa num
acima mencionados.
Temos os sujeitos André, Beatriz, “Bestkart, revenda de karts, SA”, Catarina e “Laranjas
do Lis, Lda.” Os actos são o mandato entre André e Beatriz, a compra e venda do kart entre
Beatriz e a “Bestkart, revenda de karts, SA”, o depósito entre Beatriz e Catarina e a compra e
André é comerciante pois tem capacidade, pratica actos de comércio pois a empresa
compra karts para alugar (art. 463.º, n.º 1 CCom.), pelo que André é comerciante. Beatriz apesar
de ter capacidade e ainda que pratique actos de comércio não os pratica em nome próprio logo
não é comerciante, o mesmo acontecendo com Catarina. A “Bestkart, revenda de karts, SA” se
revende karts é porque os compra para revenda e, por isso, é comerciante pois tem objecto
comercial e também tipo comercial (sociedade anónima), pelo artigo 13.º, n.º 2 CCom..
A “Laranjas do Lis, Lda.” produz laranjas e sendo uma actividade agrícola não é comercial
(art. 13.º CCom.): tem tipo mas não tem objecto comercial.
Quanto aos actos, há que referir que o mandato é um acto acessório, pelo que teremos que
ver o acto principal (compra e venda do kart) pois aquele está dependente deste para o podermos
qualificar como objectivamente comercial ou não, o que significa que se a compra for comercial o
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Assim, analisando a venda do kart, esta é objectivamente comercial de acordo com o 463º,
n.º 3 CCom.. É subjectivamente comercial pois preenche os três requisitos do art. 2.º, 2.ª parte,
com o intuito de o usar pessoalmente. A compra para uso próprio não é objectivamente comercial
pois não é feita no âmbito comercial de acordo com o art. 464.º, n.º 1 CCom.. Quanto à
subjectividade comercial, André é comerciante (apesar de ter sido Catarina a comprar mas em
nome de André): o primeiro requisito está cumprido uma vez que André é comerciante; quanto ao
segundo requisito - o acto não é exclusivamente civil. Já relativamente ao terceiro requisito não
resulta o contrário do próprio acto pois a “Bestkart” é a fornecedora habitual e não sabia que
aquele kart era para uso pessoal. Assim, a compra do acto não é objectivamente comercial mas é
subjectivamente comercial. Assim, a compra é comercial, pelo que por “arrasto” também o
mandato um acto comercial. O acto acessório – o mandato é comercial pelo acto principal ser por
um acto autónomo.
Quanto ao Depósito: trata-se de um acto acessório, que por sua vez está ligado a outro
acto acessório (o mandato), este que está ligado ao acto principal, que é a compra do kart. Assim,
Quanto ao último acto, a compra das laranjas é objectivamente comercial pelo 463.º, n.º 1 e
Quanto à venda, e sendo produção para revenda, aplica-se o art. 464.º, n.º 2 que faz com
que a venda das laranjas não seja objectivamente comercial. Não é subjectivamente comercial
acto autónomo.
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b) Suponha que André, casado com Diana, no regime de comunhão de adquiridos, não
quem e em que termos poderá a “BestKart, revenda de karts, SA” exigir o pagamento?
Tratando-se de uma dívida comercial, decorrem daí obrigações comerciais, pelo que
solidariedade dos co-devedores (art. 100.º CCom.) in casu, não se aplica porque
art. 15.º CCom. só não se aplica se Diana ilidir a presunção do art. 1691.º, n.º 1/d CC.
Caso não o faça, a “Bestkart, revenda de karts, SA” poderá exigir-lhe a ela o pagamento da
taxa supletiva de juros de mora aplica-se sempre que devedor entra em mora (a
referida papelaria.
Justiça, adquiriu a Daniela um atlas, pelo valor de 10.000€ para vender na papelaria. O
atlas, exemplar exclusivo, tinha sido totalmente criado por Daniela – a melhor no
acima mencionados.
incapazes não podem ser comerciantes, contudo a incapacidade pode ser suprida pela
representação, sendo necessária a aprovação do Ministério Público. Alberto era comerciante pois
era proprietário de um estabelecimento que faz compra e venda de produtos relacionados com a
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papelaria. Assim, Bruno será comerciante com a aprovação do Ministério Público, com a
representação da mãe. Refira-se, no entanto, que quem é comerciante é Bruno e não a sua mãe.
Já Daniela não é comerciante (art. 13.º), logo a venda não é comercial. Quanto ao acto da
Quanto à “Hiper Vigilância, Lda.”, esta presta serviços sendo assim uma actividade
comercial (art. 230.º CCom.) – faz-se assim uma analogia iuris da prestação de serviços (art.
230.º, n.os 2, 3 e 4 CCom.) uma vez que o legislador quis consagrar como comerciais as empresas
Assim, sempre que surgir um caso de prestação de serviços trata-se de analogia iuris: o
legislador não consagrou esta empresa em particular pois na altura não o podia fazer.
Por fim, é uma sociedade comercial por isso pratica actos comerciais.
2. Firmas
2.1 Noção
Firma antes de mais é uma obrigação de quem é comerciante 3, tal como refere o art.
18.º CCom. Poder-se-á dizer ainda que dá nome ao comerciante, tendo por objectivo identificar os
3
Podem, no entanto, os não comerciantes adoptar uma firma porém essa firma deverá ser designada de denominação
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2.3 Composição
As firmas têm que ser compostas de acordo com a lei, variando a sua composição consoante
Elementos obrigatórios:
tem que ser composta pelo nome “completo ou abreviado”, por forma a identificar
respectivo património têm que ser responsáveis pelas dívidas contrídas no exercício do
comércio
Elementos Facultativos:
podem ainda os nomes das firmas ser antecedidos por títulos (académicos,
nobiliárquicos, profissionais), tal como nos diz o art. 38.º, n.º 3 RNPC
Assim, posso usar o meu nome mas não posso utilizá-lo como firma porque poderão haver
mais pessoas com o mesmo nome. Em Portugal só é registável se tiver mais alguma coisa – o
comerciante pode aditar ao seu nome “alcunha ou expressão alusiva à actividade exercida (art.
Exemplo:
“Maria Inês Gonçalves – comércio de roupa” Maria Inês exerce a sua actividade
Leiria, pelo que se outra pessoa com o mesmo nome se dedicar, por exemplo, ao
comércio a todo o território nacional. Para isso tem que fazer, antes da Maria Inês
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pessoal. De facto, a lei permite que eles constituam um EIRL (Estabelecimento Individual de
Responsabilidade Limitada). Assim sendo, o titular de um EIRL tem que aditar ao nome da firma a
sigla EIRL (ex. “Maria Inês Gonçalves – comércio de roupa, EIRL”) vide art. 40.º RNPC
Sociedades Comerciais
Elementos obrigatórios:
deve ser composta pelo nome completo ou abreviado de pelo menos um dos sócios
deve fazer ainda referência à existência de outros sócios (ex. Alberto Ferreira &
Elementos facultativos:
pode fazer referência ao objecto social (apesar de o artigo nada dizer), por analogia do
ainda é possível que apareçam expressões de fantasia ou siglas, por aplicação analógica
Nota: vide art. 175.º, n.º 1 CSC responsabilidade ilimitada e solidária perante credores sociais
Elementos obrigatórios:
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Elementos facultativos:
nome dos sócios não é obrigatório que figure no nome da firma o nome de um ou de
objecto social não é obrigatório desde o DL n.º 111/2005, de 8 de Julho (o seu art.
17.º alterou o art. 10.º CSC, tendo sido eliminada a parte final do n.º 3)
Segue um regime idêntico ao das Sociedades por Quotas, apenas se substituindo “Limitada”
Apenas há uma excepção: apesar de ser possível, não é conveniente identificar o nome dos
sócios
Este tipo de sociedades pode ser simples ou por acções e os seus sócios podem ser
Elementos obrigatórios:
aditamento “em Comandita por Acções” ou “& Comandita por Acções” (nas sociedades em
Elementos facultativos:
pode (mas não deve) figurar o nome ou firma dos sócios comanditários (art. 467.º, n.os 2 e
3)
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firma (apenas para as sociedades e já não para os comerciantes em nome individual). Somente com
As firmas que não respeitarem os elementos obrigatórios não poderão ser registadas.
De referir que se se tratar de um ACE, a firma terá que aditar ao seu nome ACE, se for
AEIE será AEIE, Empresas Municipais – EM, Entidades Públicas Empresariais – EPE e, Empresas
Intermunicipais – EIM.
“…, cooperativa”
Nota: vide art. 42.º RNPC, respeitante às Sociedades Civis sob Forma Civil
Ex. José Aníbal da Silva Cavaco Lopes se ele pretender usar Aníbal Cavaco Silva está a
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Vide art. 32.º, n.º 4/a RNPC as firmas e denominações não podem conter palavras, expressões,
abreviaturas, etc. que induzam em erro quanto à caracterização jurídica dos respectivos titulares
(ex. “Associação de Importadores de Automóveis, Lda.”, para uma sociedade por quotas)
O que acontece quando um sócio tem o nome na firma e se retira como sócio ou morre?
Ex. Sociedade entre Alberto, Beatriz e Catarina – “Alberto Dias, companhia, Lda.”
autorizarem
Esta situação consubstancia uma excepção ao Princípio da Verdade
Porém, para se ter direito ao uso exclusivo é necessário que a firma seja nova (daí o
Princípio da Novidade associado ao da Exclusividade) uma vez que as demais firmas que são
registadas posteriormente têm que ser novas em relação às que já se encontram registadas (art.
33.º RNPC).
Mas quando é que uma firma é nova? Vide art. 33.º, n.os 1 e 2 RNPC e art. 10.º, n.os 2 e 3 CSC
grafia
efeito fonético
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reputação)
Se o público de normal capacidade, diligência e atenção compreender
3.º Princípio da Capacidade Distintiva (art. 33.º, n.º 3 RNPC, introduzido pelo DL n.º 111/2005)
Bancária, SA”, “Sociedade de Seguros, SA”), vocábulos de uso comum para designar actividades
Tais elementos, de per si não distintivos, hão-de ser associados a outros, de modo a que o
Significa um conjunto de vários requisitos que têm obrigatoriamente que ser cumpridos
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voluntária quando o comerciante entender que deve alterar o nome da firma deve fazê-lo
obrigatória
- quando o sócio deixa de ser sócio e tem o seu nome na firma da sociedade e, nesse
caso, a firma tem o prazo de um ano para proceder à alteração, salvo se tiver havido autorização
expressa por parte do ex-sócio ou por parte dos herdeiros, se o sócio tiver morrido (art. 32.º, n.º
5 RNPC)
- quando há transmissão da firma inter vivos ou mortis causa (art. 44.º RNPC). Para
2.º acordo escrito das partes quando figura o nome do comerciante na firma.
Mas, quando o transmitente seja uma sociedade cuja firma contenha nome de sócio,
3.º o adquirente deve aditar à sua própria firma menção de sucessão e a firma
adquirida (ex. “António Silva, Comércio de Automóveis” passa a ser “Beatriz Costa,
sucessora de António Silva, Comércio de Automóveis”) vide arts. 38.º, n.º 2 e 44.º,
n.º 3 RNPC)
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não exercício durante 2 anos após o decurso deste prazo e mediante prova desse facto,
qualquer interessado pode pedir, junto do Registo Nacional, que aquela pessoa perca o direito ao
quem não tem a firma registada, excepto se o titular tiver registado a firma num dos países
pertencentes à Convenção da União de Paris e se a firma for notória em Portugal; neste caso, não
Capítulo IV
1.1 Noção
Marca sinal distintivo de produtos e serviços. Além do mais, é necessário que seja
1.2 Classificação
Quanto à Composição
figurativas (desenhos)
tridimensionais (formas)
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pesca, …)
transportes, seguradoras, …)
marcas ordinárias têm um baixo grau de notoriedade, sendo conhecidas por pouca
gente
marcas notórias são aquelas que são conhecidas por grande parte do público que as
consume, a que se destinam; mas também podem ser conhecidas por algumas pessoas que
não as utilizam (ex. a Compal é conhecida mesmo por quem não bebe)
marcas de prestígio há que atender à qualidade (que deverá ser acima da média –
Nota: há a possibilidade de termos uma marca de prestígio sem que seja muito notória
Quanto à Protecção
marcas registadas
Quanto às Funções
comerciante dos produtos de outro comerciante, que sejam confundíveis), produtos que
tenham entre si uma grande afinidade (ex. caneta e esferográfica, vinho maduro e vinho
verde, etc.) e, ainda, produtos que se complementam (ex. fios de lã e vestuário de lã)
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Isto implica dizer que a marca respeita o Princípio da Especialidade (que é o Princípio que
rege as marcas), o que significa que podemos ter marcas iguais para produtos diferentes
complementares
função publicitária (é uma função autónoma, dissociada das acima mencionadas) visa
Trata-se de uma função que apenas se interliga às marcas de prestígio uma vez que
significa que elas podem impedir qualquer firma (mesmo aquelas que tenham um objecto
comercial totalmente diferente) de registar qualquer produto que seja que pretenda
utilizar a mesma marca; isto porque as marcas de prestígio têm uma protecção abrangente
1.3 Princípios
3.º Princípio da Capacidade Distintiva (arts. 222.º e 223.º, n.º 1/a/b/c CPI)
Segundo este princípio, não se pode utilizar o mesmo nome do produto para produtos que já
se distinguem. Assim, não são marcas os sinais (exclusivamente) específicos (ex. a palavra “ovo”
ou o retrato de um ovo não podem ser marcas de ovos), descritivos (ex. “Pura Lã”) e genéricos
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Excepções: art. 238.º, n.º 3 CPI teoria do segundo sentido, segundo a qual um signo sem
significado (enquanto marca) adquire, através de certo uso, um segundo sentido, passando a
distinguir em termos de marca (“vulgarizar”) – ex. Gillette, Tupperware, Jipe, Termo, etc. - o
produto deixa de ser conhecido per si, passando a ser conhecido pela marca
Por força deste princípio, as marcas têm de ser novas, distintas ou inconfundíveis, mas tal
novidade apenas tem que afirmar-se no âmbito de produtos idênticos ou afins (ver também o art.
se for uma marca ordinária ou notória tem direito ao uso exclusivo da marca dos produtos
se for uma marca de prestígio tem direito ao uso exclusivo da marca em todos os produtos
Vide art. 336.º CPI (ilícito contra-ordenacional coima) e art. 323.º CPI (ilícito criminal – pena
de prisão)
Quanto às marcas não registadas, há, ainda assim, uma certa protecção:
utilizar a marca por um período máximo de 6 meses, tendo prioridade durante esse período de
tempo. Se, porém, esse prazo decorrer, deixa de haver essa prioridade (art. 227.º, n.º 1 CPI)
no que toca às marcas notórias, há sempre prioridade no registo (art. 241.º CPI), sem
necessidade de observar o prazo de 6 meses. Contudo, só tem prioridade para produtos idênticos,
afins ou complementares
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produtos
Vide art. 246.º, n.º 1 CPI também têm cá validade as marcas registadas no estrangeiro e que
tenham alguma notoriedade em Portugal, por força do Acordo de Madrid Relativo ao Registo
(2) ceder o uso da marca (≠ merchandising só existe para as marcas de prestígio: o titular da
marca (registada) de prestígio concede a outrem o direito de usar o signo para distinguir
produtos não idênticos nem afins dos produtos para que ela foi registada – ex. Ferrari: carro e
roupa)
2.1 Noção
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2.2 Princípios
Os nomes e insígnias podem não dar qualquer indicação quanto à natureza, actividade, etc.
dos estabelecimentos. Porém, os elementos componentes dos nomes e insígnias que contenham
não se poderá dar o nome de “Restaurante” a um restaurante ou de “Padaria” a uma Padaria, etc.).
Este princípio significa um conjunto de variados requisitos plasmados no art. 239.º CPI,
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Indicações geográficas nome de uma região, de um local determinado que serve para
designar um produto originário dessa zona e cuja reputação, determinada qualidade ou outra
característica podem ser atribuídas a essa origem geográfica e que é produzido, transformado ou
que as indicações geográficas designam produtos que, podendo embora ser produzidos com
idêntica qualidade noutras zonas geográficas, devem a sua fama ou certas características à área
Capítulo V
1. Trespasse
1.1 Noção
Não existe qualquer noção legal de trespasse, sendo que apenas o encontramos regulado, de
Assim sendo, para encontrarmos uma noção de trespasse teremos que atender às suas
características.
Trespasse negócio jurídico que tem por objecto um estabelecimento (que não tem que
ser comercial) visando a sua transmissão definitiva; trata-se, no fundo, de uma transmissão da
propriedade do estabelecimento
contrato de doação
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troca/permuta
dação em cumprimento
Concluímos, deste modo, que o trespasse pode ser um negócio jurídico quer a título
gratuito, quer a título oneroso, para além de que é um negócio inter vivos.
Sujeitos:
1.2 Âmbitos
Âmbito Mínimo
Âmbito Natural
Refere-se aos elementos que se transmitem no silêncio das partes, isto é, quando as partes
nada dizem.
Quais esses elementos? Praticamente todos os que contribuem para a prática e organização da
máquinas
ferramentas
mobiliários
matérias-primas
mercadorias
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utensílios
know-how
marca, nome e insígnia do estabelecimento, excepto quando neles figure o nome do
trespassante (neste caso é necessária autorização do trespassante – vide art. 31.º, n.os 3, 4
e 5 CPI)
trabalhadores
Há imóveis que pertencem ao âmbito mínimo mas se não pertencerem e se nada se disser
Âmbito Convencional
Respeita aos elementos que ficam na disponibilidade das partes por não descaracterizarem
um estabelecimento, ou seja, são aqueles que podem ou não ser transmitidos, consoante a vontade
das partes.
transmissão é obrigatoriamente convencional, pelo que se não houver acordo não se transmite
tratando do âmbito mínimo. Se não houver influência no âmbito mínimo: se nada se disser
transmitem-se a não ser que tenha o nome do trespassante; se não se quiser transmitir poder-se-
Por convenção também se poderão transmitir os créditos, bastando, para tal haver acordo
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Quanto aos débitos, para que possam ser transmitidos, para além da necessidade de
intervenção do credor, sendo fundamental a sua autorização, tal como o articulado no art. 424.º
CC.
concorrência devido, sobretudo, à clientela que é um elemento preponderante (isto porque tem
É óbvio que poderá haver concorrência, mas neste caso ela será “desleal”.
Limites:
(1) objectivo impede-se que o trespassante abra um estabelecimento com uma mesma
(3) temporal não existe um elemento objectivo, entende-se, antes, que é o tempo necessário
trespassante
transmitida (mas há que analisar concretamente – ex. se não se vêem há muito tempo, etc.)
se o trespassante for uma sociedade, essa obrigação recai, igualmente, sobre os sócios
4
O prazo máximo, regra geral, e segundo a jurisprudência, é de um ano
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arrendatário de A
trespassante
O art. 1112.º, n.º 1 CC vem-nos dizer que havendo trespasse se dispensa a autorização do
Já, o n.º 2 do mesmo artigo indica-nos as situações em que não há trespasse. Há, contudo,
que fazer uma interpretação restrita deste preceito de modo a que se depreenda que não há
trespasse quando não se transmitem apenas os elementos do âmbito mínimo e não todos os
elementos do estabelecimento, como nos leva a crer o artigo supra. Não há, igualmente, trepasse
Acrescente-se que o senhorio tem direito de preferência, este que está legalmente
estipulado no art. 1112.º, n.º 4 CC, estando, por isso, sujeito a todas as regras da preferência:
o senhorio tem que ser notificado de todas as condições do contrato (preço, qual o
o senhorio tem o prazo de 8 dias para dizer alguma coisa – neste prazo ele pode
preferir, renunciar ao seu direito de preferência ou até mesmo nada dizer, extinguindo-se,
deste modo, o seu direito por caducidade (arts. 414.º, 416.º e 1410.º, todos do CC)
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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alteração do ramo de
resolver o contrato
2. Locação
contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra o gozo temporário de
Na locação, a transmissão é temporária, pelo que no final o locatário tem que entregar o
da propriedade.
fundamento para a resolução do contrato, todavia o senhorio tem que ser notificado.
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comercial com “todo o seu activo e todo o seu passivo”. Quais os elementos que são
Quanto aos elementos do âmbito mínimo têm que se transmitir, por exemplo, o espaço
físico (imóvel em que está situado o parque de campismo), as infra-estruturas que o parque tenha.
caso de Guilherme não ter levado os empregados para o seu novo estabelecimento, e os créditos,
uma vez que houve convenção entre as partes. Quanto aos débitos, os mesmos não se
transmitirão uma vez que apenas houve acordo entre as partes, não se fazendo referência se
houve ou não autorização por parte do credor: assim, presume-se que essa autorização não
ano e que Guilherme inaugurou, hoje, um parque de campismo na Nazaré. Hélder entende
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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que tem fundamentos para exigir o encerramento do parque de campismo sito na Nazaré.
Terá razão? Em caso afirmativo que poderia, além do mais, exigir Hélder de Guilherme?
A questão que se levanta nesta alínea respeita à obrigação implícita de não concorrência
Quanto aos limites: o objectivo não está verificado dado que Guilherme abriu um
estabelecimento com a mesma actividade; o limite temporal também não está preenchido (três
meses é muito pouco tempo para se considerar que houve entrega efectiva do estabelecimento); e
relativamente ao limite espacial, este verifica-se, pelo que não havia possibilidade de Hélder
pedir o encerramento do parque de campismo. Isto significa que Hélder não tem razão.
No caso se tivesse razão, Hélder poderia pedir uma indemnização por perdas e danos, a
estabelecimento.
Afigure que André pretende construir e comercializar Karts. Para o efeito solicita,
registos solicitados.
distinguir os karts
c) “BestKart, SA”
O caso em apreço insere-se no âmbito dos sinais distintivos. In casu, temos três sinais
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Quanto às marcas, poderemos dizer que estas têm por objecto distinguir os produtos de
complementares ou afins.
função de origem, e a função publicitária, esta que só existe para as marcas de prestígio.
prestígio. No caso em apreço, não obstante nenhuma destas marcas estar registada a favor
de André, existe uma marca igual àquela que André pretende registar, a favor de X, e que é
notória. Existe também uma marca que é confundível com a marca “Honda”, esta que é
classificada como marca de prestígio. Quanto à marca “vollante”, esta não é conhecida e,
No caso em epígrafe, “dyno”, “onda” e “vollante” são não registadas, porém existe uma
(2) Princípio da Exclusividade – a marca “dyno” viola este princípio uma vez que já existe
uma marca registada para produtos iguais, que, precisamente por ser registada e respeitar
à mesma actividade da marca que se quer registar, tem o uso exclusivo da marca
(3) Princípio da Novidade – está associado ao princípio supra e, por sua aplicação, a marca
“dyno” está a violar este princípio porque a marca que André quer registar já existe e, além
do mais, para produtos iguais, pelo que também se estaria a violar o Princípio da
Especialidade
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(4) Princípio da Verdade – é violado porque ao teremos dois produtos iguais com a mesma
marca iremos sempre associá-lo à mesma pessoa, não se estando a distinguir os dois
produtos. Podemos, assim, referir também que não se está a dar cumprimento à função
distintiva
(3) Princípio da Exclusividade – a marca “Onda” pode ser confundida com a marca “Honda”
porque em termos de fonética são iguais, pelo que têm um grande grau de semelhança.
Assim, por esta via não será registada. Acresce que ambas as marcas fabricam os mesmos
produtos (motores), pelo que nunca seria possível o registo. Deste modo também se violam
cumpridos
(2) Princípio da Capacidade Distintiva – é violado uma vez que não distingue: o nome da
Quanto à firma “Bestkart, SA” – teremos que dar a noção de firma, esta que dá nome ao
comerciante, obedece, na generalidade, quase aos mesmos princípios que as marcas e tem regras
É precisamente sobre as regras da sua composição que teremos que nos debruçar: in casu,
temos um comerciante em nome individual dado que apenas André quer comercializar – se ele
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quisesse constituir uma sociedade, o máximo que poderia era ser uma sociedade unipessoal. Assim
sendo, o nome da firma “Bestkart, SA” não pode ser registado porque no nome da firma tem que
constar o nome completo ou abreviado do comerciante e também tinha que colocar mais alguma
Se André quiser pedir protecção nacional tem que indicar o objecto e solicitar ao Director-
Geral dos Registos e Notariado para que lhe seja alargada protecção.
Vamos, assim, concluir que esta composição é para distinguir Sociedades Anónimas e não
comerciantes em nome individual, pelo que André veria o seu pedido indeferido.
Filipa, Guilherme e Hélder pretendem constituir uma sociedade em nome colectivo cujo
“Vela” para aporem nas velas que fabricam para serem aplicadas aos barcos
Ivo utiliza a marca “Vella” desde Março de 2006 para distinguir velas de aniversário
Joana utiliza, desde o ano de 2004, a marca “Remix” para distinguir barcos de borracha
Luísa e Maria registaram, no ano de 2000, a firma “ABC – Acessórios de moda, Lda.”
“Ferrare”
Já existe uma marca confundível que é a “Ferrari”, esta que é uma marca de prestígio e
registada, o que significa que o dono da “Ferrari” tem o uso exclusivo desta marca, pelo que
poderia impedir que Filipa, Guilherme e Hélder utilizassem uma marca similar, quer a nível de
fonética quer a nível de grafismo. Refira-se que ambas as marcas visam produzir motores, pelo
5
Caso André não a quisesse registar, bastaria o seu nome completo ou abreviado no nome da firma
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que ainda que a “Ferrari” não fosse uma marca de prestígio, ainda assim o registo da marca
Dizer ainda que apenas não se violam os Princípios da Capacidade Distintiva e da Licitude
Residual.
“Vela”
Já existe uma marca, usada por Ivo, que é similar, podendo nós classificá-la como ordinária
e não registada, livre ou de facto. Não sendo registada, tem uma protecção: no prazo de 6 meses
Ivo tem prioridade no registo (art. 227.º CPI). Bem passando esse prazo, como aconteceu no caso
em epígrafe, Ivo já não tem esse direito, o que significa que, à partida, “vela” poderia ser
registada uma vez que não viola os Princípios da Exclusividade, da Novidade e da Verdade. Porém,
viola o Princípio da Capacidade Distintiva, bem como a marca usada por Ivo, pelo que não poderia
“Remix”
Já existe esta marca, utilizada por Joana, para distinguir barcos de borracha. Esta marca
usada por Joana é ordinária (pelo que não goza de uso exclusivo) e não registada (e Joana já não
tem prioridade no registo dado que já excedeu o prazo de 6 meses). Não obstante não serem
produtos diferentes, são produtos complementares, o que significa que Filipa, Guilherme e Hélder
podem registar a marca “remix” visto Joana já não ter prioridade, podendo posteriormente
Quanto ao tipo de sociedade está correcto. De facto, eles querem constituir uma sociedade
em nome colectivo.
O problema é que na sua composição tem que constar obrigatoriamente o nome completo ou
abreviado de, pelo menos, um dos sócios, o que não sucede neste caso. Assim, o pedido seria
indeferido.
De qualquer forma já existia uma firma com nome similar: assim teríamos que recorrer à
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igual (mas não notório) – “ABC”. Relativamente à grafia e à fonética depende da posição que cada
um adopte.
Não poderia ser registada pois é uma marca que se confunde com uma outra que
da Especialidade
nomeadamente:
“Casa de Mateus” serve para marcar doces – não é confundível porque marcam
produtos diferentes
Isto significa que para os queijos poderia ser registada, contrariamente aos vinhos.
restauração em Aveiro
Neste caso, já não estamos no âmbito das marcas mas sim no domínio do nome e
insígnia de estabelecimento.
um, em Leiria) não se poderia abrir um outro, mas apenas porque se destina à mesma
actividade porque no caso de o “Tromba Rija” que se pretende registar desenvolvesse uma
Acrescente-se que, deste modo, o registo seria indeferido e que apenas não estaria a
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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d) “Morcegofly – associação dos amigos dos morcegos, Lda” para distinguir uma
O que está em causa é uma firma que pretende distinguir: uma associação e uma
sociedade por quotas, o que não está correcto – ou é uma coisa ou outra. Deste modo, está
Já existe uma marca com esse nome que também se dedica aos mesmos produtos e
Maria Fernanda pretende agora alterar o nome de FPS para “Ágata”, porém soube que
“Ágata”.
Maria Fernanda, porque foi informada que caso utilizasse a firma de seu pai
Quid iuris?
pretende mudar FPS para Ágata. Ela quer alterar, pode? Sim, pois o objecto é diferente, um é
Pode usar a firma do pai? Pode mas não viola forçosamente o Princípio da Verdade desde
que adite a expressão “herdeira de” e o seu nome, para que a firma do seu pai não viole o dito
princípio. Pode pedir protecção de âmbito nacional? Não, pois com esta firma não consta o nome
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Ágata que identifica a artista Maria Fernanda Pereira de Sousa, sendo esta mais conhecida por
Ágata do que pelo seu próprio nome, admite-se quando os pseudónimos são notórios e
seria possível registar “Ágata – discoteca” com protecção de âmbito territorial e de âmbito
Moel. O “Aquarius” é nacionalmente famoso pelo facto de albergar a maior piscina de ondas
Ontem, Daniel decidiu emigrar para o Brasil onde comprou uma quinta e onde pretende
passar o resto da sua vida. Assim, propôs a Emília que ficasse com o “Aquarius”. Porém,
hoje conheceu Filipe que lhe propôs comprar a máquina das ondas, os equipamentos
referentes ao SPA, as mesas da esplanada e um quadro da pintora Paula Rego que decorava
a parte da restauração.
1. Daniel pretende saber se pode transmitir, por um lado, o “Aquarius” a Emília e, por
outro lado, a máquina das ondas e os equipamentos do SPA a Filipe. Classifique o tipo de
Estamos no âmbito do trespasse, que não é mais do que um negócio jurídico inter vivos que
tem por objecto um estabelecimento, visando a sua transmissão definitiva. Em causa está um
determinada actividade.
Uma vez que o estabelecimento é constituído por múltiplos elementos é necessário atender
Assim, Daniel não pode transmitir os equipamentos referentes ao SPA a Filipe, ou então
poderá fazê-lo mas nesse caso estaremos perante um contrato de locação e não um
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Brasil
apenas o acordo entre as partes) e os débitos (aqui, além do acordo entre as partes, é
Guilherme e que este pretende ficar com o estabelecimento em causa para si. Quid iuris?
Se funciona num prédio tomado de arrendamento, para haver trespasse tem que haver
autorização do senhorio (art. 1112.º CC), sendo que este tem um direito legal de preferência
(arts. 414.º, 416.º e 1410.º CC). Se não considerarmos que tenha havido trespasse não é
necessária autorização do senhorio, não tendo este o direito de preferir (art. 1109.º CC).
Capítulo VI
Sociedades Comerciais
1. Noção
A sua noção deveria constar no art. 980.º CC, contudo este artigo estipula,
verdadeiramente, a noção de contrato de sociedade (sociedades civis). Assim sendo, teremos que
A regra é a de que uma sociedade seja constituída por duas ou mais pessoas, segundo o
previsto nos arts. 980.º CC e 7.º, n.º 2 CSC, ou seja, tem que haver uma pluralidade de sujeitos.
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Contudo, existe uma excepção, que é a unipessoalidade, isto é, sociedades constituídas apenas por
um único sujeito6.
(2) sociedades anónimas, compostas apenas por um único sócio, tendo um sócio que
ser, obrigatoriamente (sempre uma pessoa jurídica): Sociedade Anónima, Sociedade por
por alguma razão, num momento posterior, a sociedade foi reduzida a um único sócio
uma vez que não poderá ser para sempre constituída por apenas um sócio, salvo se
(2) pode voltar a pluralidade à sociedade (art. 142.º, n.º 1/a CSC)
(4) pode haver dissolução da sociedade comercial no prazo de um ano quando não se
devolve a pluralidade de sujeitos à sociedade (art. 142.º, n.º 1/a CSC); quanto às
Elemento Patrimonial
Inicialmente, os sócios têm que contribuir através de entradas, estas que podem ser:
serviços (entradas em indústria) não são admitidas nas sociedades por quotas
Vide arts. 202.º e 203.º CSC (para as SQ) e arts. 276.º e 277.º CSC (para as SA)
6
Não confundir a unipessoalidade com o comerciante em nome individual ou com o EIRL (Estabelecimento Individual de
Responsabilidade Limitada (art. 40.º RNPC)
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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Quanto às entradas em espécie é necessário fazer uma avaliação prévia, competindo essa
avaliação ao Revisor Oficial de Contas (ROC), nos termos do art. 28.º CSC. Mas, nas Sociedades
em Nome Colectivo, há a possibilidade de ser o próprio sócio a avaliar o bem, segundo prevê o art.
179.º CSC, com a consequência de todos os sócios ficarem responsáveis solidariamente pelo valor
do bem.
Posto isto se conclui que o ROC é obrigatório nas Sociedades Anónimas e nas Sociedades
por Quotas.
Nota: nem todas as sociedades têm que ter capital social, como é o caso das Sociedades em
Nome Colectivo
Objecto Social
tem que haver o exercício de uma actividade económica, esta que pressupõe a aquisição
do lucro, como, por exemplo, o comércio, a indústria, a maioria das prestações de serviços
não pode ser de mera fruição (ex. comproprietários, “sociedade” para entrar num
concurso – esta não é uma sociedade pois para além de não ter uma actividade continuada,
Nota: falamos em gerentes nas Sociedades por Quotas e em administradores nas Sociedades
Anónimas
Fim da Sociedade
lucro objectivo quer-se que a sociedade, no final do exercício, tenha mais património
lucro subjectivo repartição dos lucros pelos sócios; é o que interessa mais ao sócio
- 54 -
Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Este elemento diz-nos que não se podem isentar os sócios das perdas, nem afastá-los dos
lucros – trata-se do designado pacto leonino, previsto no art. 994.º CC ( vide também o art. 22.º,
n.º 3 CSC).
Para a sociedade ser comercial necessitamos, assim, dos cinco elementos supra, do objecto
comercial, segundo nos diz o art. 1.º, n.º 2 CSC (que implica a prática de actos de comércio), para
além de que tem que adoptar um tipo comercial, segundo o estatuído no art. 1.º, n.º 3 CSC.
De facto, no art. 1.º, n.º 3 CSC encontra-se consagrado o Princípio da Tipicidade que vem,
deste modo, cercear o Principio da Autonomia Privada, na sua vertente da Liberdade Contratual.
Contudo, restringe a Liberdade Contratual apenas relativamente ao tipo uma vez que as partes
continuam livres de contratar, havendo, igualmente, liberdade na escolha dos sujeitos com quem
contratar.
Processos de Constituição:
1.º Passo
reconhecer as assinaturas são os Solicitadores e Advogados – art. 38.º, n.º 1 do DL n.º 76-
pública
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
2.º Passo
3.º Passo
Por último, temos as publicações7 que permitem opor os efeitos do contrato a terceiros
Processo Inovador (art. 18.º CSC) não é admitido quando há entradas em espécie
de neste processo ser necessário um registo prévio do contrato de sociedade, este que é
publicações.
Apenas é admissível para as Sociedades Anónimas que têm por objectivo serem
Pretende-se capturar capital até realizar o capital total, fora dos promotores.
Este processo também engloba a Comissão de Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM).
7
www.mj.gov.pt/publicacoes
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
há entradas em espécie
A constituição das sociedades, segundo este processo, é feita num único acto presencial.
1.º Passo
Tem que se optar por uma firma que já se encontre registada na Bolsa de firmas do Estado
2.º Passo
Segundo o extrapolado no art. 3.º/b CSC, tem que se optar por um dos pactos previamente
É admissível quer para as Sociedades por Quotas, quer para as Sociedades Anónimas.
Para que possam ser identificadas, as firmas têm que ter no seu nome SE.
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Exemplo: uma SA portuguesa, uma SA espanhola, uma SA francesa e uma SA italiana estas
(1) fusão
sendo, para tal, necessário que tenha pelo menos duas filiais, estas que têm que estar em países
diferentes e que têm que exercer a sua actividade há mais de dois anos naqueles países – no
fundo tem que haver contacto entre, pelo menos, três países)
(3) holding é aberta às SA com presença comunitária seja através de sedes em Estados-
membros distintos, seja através de filiais ou sucursais e países que não o da sede
Quais os momentos?
individual pela entrada a que se obrigaram, ou seja, não têm que responder pela entrada dos
outros sócios
subsidiária em relação à sociedade (isto significa que o credor social não pode executar o
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
197.º, n.º 1 CSC, os sócios são responsáveis solidariamente pelo valor de todas as entradas
convencionadas
Regra: segundo o previsto no art. 197.º, n.º 3 CSC, pelas dívidas/obrigações perante
património social
Excepção: segundo o art. 198.º CSC, os sócios podem ser responsáveis perante
terceiros, sendo, porém, necessário que haja cláusula contratual nesse sentido (não
havendo convenção não se aplica o art. 198.º CSC). Mas, para que tal cláusula seja válida ela
tem que:
limitada
ao património social
extinguir)
sociedade, por parte do sócio, seja afastado. Mas nunca pode haver direito de
responsabilidade
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
sócios comanditados têm uma responsabilidade idêntica à dos sócios das Sociedades
em Nome Colectivo
sócios comanditários têm uma responsabilidade idêntica à dos sócios das Sociedades
por Quotas
sócios comanditados têm uma responsabilidade idêntica à dos sócios das Sociedades
em Nome Colectivo
sócios comanditários têm uma responsabilidade idêntica à dos sócios das Sociedades
Anónimas
Visto haver uma falsa aparência da sociedade, a tutela da confiança de terceiros impõe que
Aqui não há falsa aparência. Tem que haver, isso sim, um acordo de sociedade e aí
No concernente às relações entre os “sócios” aplica-se o regime previsto nos arts. 983.º e
ss CC.
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
O art. 37.º, n.º 1 CSC, consagra o regime geral, isto é, no período compreendido entre a
celebração do acto constituinte e o seu registo definitivo “são aplicáveis às relações entre os
Assim, apesar da falta de registo, o regime das relações internas nesta fase é, em
princípio, o aplicável depois de registado o acto constituinte. Daí que se no contrato de sociedade
participações sociais, não é necessário o consentimento da sociedade, embora o art. 288.º nos
diga que para a transmissão inter vivos das participações sociais é necessário que o adquirente
Aqui não se aplicam as regras do contrato nem o art. 288.º, consubstanciando esta norma
uma excepção ao n.º 1 do mesmo preceito, o que significa que se exige o consentimento unânime
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Exemplo:
No dia 2 de Abri, Catarina pretende transmitir a sua quota a Daniel, seu namorado.
Quid iuris?
Teremos que aplicar o art. 37.º, n.º 2 uma vez que Catarina pretende efectuar a dita
O art. 38.º, n.º 1 diz-nos que tem que haver acordo expresso ou tácito por parte dos sócios,
acordo esse que se presume, presunção esta que é ilidível, segundo o art. 350.º, n.º 2 CC.
obrigação, segundo o estatuído no art. 38.º, n.º 2 CSC. No caso de a presunção não ser afastada,
O n.º 1 deste preceito supra diz-nos que o consentimento dos sócios comanditados pelos
negócios realizados no âmbito destas sociedades se presume, respondendo todos eles pessoal e
Já o n.º 2 do mesmo artigo refere, quanto aos sócios comanditários, que também estes
ficam com responsabilidade idêntica à dos sócios comanditados se tiverem consentido no começo
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
das actividades sociais, “salvo provando ele que o credor conhecia a sua qualidade”, ou seja, se
fizer prova de que o terceiro tinha conhecimento de que ele era sócio comanditário.
Quanto aos demais sócios, isto é, aqueles que não agirem nem autorizaram/consentiram tais
Súmula
Art. 36.º Art. 37.º relação entre os sócios Art. 175.º Art. 19.º
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Assim:
CSC
Numa dívida assumida no momento 1 e exigida no momento 2 aplicamos o art. 36.º CSC
Numa dívida assumida no momento 1 e exigida no momento 3 aplicamos o art. 19.º (art. 175.º,
Numa dívida assumida e exigida no momento 2 aplicamos o art. 38.º, 39.º ou 40.º CSC,
Numa dívida assumida no momento 2 e exigida no momento 3 aplicamos o art. 19.º (art. 175.º,
Numa dívida assumida e exigida no momento 3 aplicamos o regime geral, ou seja, o art. 175.º,
O art. 19.º CSC refere-se à assunção pela sociedade das obrigações decorrentes de
negócios jurídicos celebrados antes do registo do contrato de sociedade, o que significa que a
contratos.
Assim, o art. 19.º CSC vai afastar a aplicabilidade dos arts. 36.º, 38.º e 39.º e 40.º CSC.
que há registo, há assunção das dívidas, não sendo necessário dar conhecimento de tal
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Casos:
razões:
c) dívidas contraídas apenas antes do contrato, sendo que nesse contrato há-de
haver uma cláusula na qual se refere que a sociedade assume aquela obrigação, caso
contrário aplicaremos o art. 36.º CSC. Acrescente-se que essas obrigações têm que ser
ratificadas
antes do registo com autorização de todos os sócios, autorização essa que tem que ser
expressa
colectivo) do órgão de gestão neste caso tem que haver comunicação aos credores,
notificação essa que deve ser feita no prazo máximo de 90 dias a contar da data do registo
Se se aplicar o art. 19.º CSC, deixam de ser os sócios responsáveis, nos termos do disposto
do art. 19.º, n.º 3. A questão que se coloca é saber o porquê de apenas os sócios mencionados no
art. 40.º CSC ficarem excluídos de tal responsabilidade e já não os dos arts. 38.º e 39.º CSC.
Tudo se prende pelo facto de nos termos do regime geral dos arts. 38.º e 39.º CSC, os sócios aí
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
(1) elementos gerais aqueles que têm que estar no contrato de sociedade, independentemente
do tipo de sociedade (art. 9.º e arts. 10.º, 11.º e 12.º, todos do CSC)
(2) elementos específicos aqueles cuja existência varia consoante o tipo de sociedade:
Notas:
dois sócios casados um com o outro não podem ambos assumir uma responsabilidade ilimitada
solidária, quer nas Sociedades em Nome Colectivo quer nas Sociedades em Comandita
o objecto da sociedade tem que ser concreto e não abstracto primar por forma a identificar
nos termos do art. 199.º/b, quando não é paga a totalidade da entrada é feito um diferimento
de entradas
6. Invalidades
Quando há vícios no contrato de sociedade há que atender nos arts. 41.º e ss CSC.
depois do registo
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Vícios no Contrato:
Aplica-se o art. 52.º CSC entrada da Sociedade em liquidação que faz com que ela
art. 52.º, n.º 2 CSC – eficácia dos negócios jurídicos celebrados em nome da sociedade
art. 52.º, n.º 3 CSC – não há eficácia dos negócios celebrados em nome da sociedade
art. 52.º, n.º 4 CSC – os sócios continuam responsáveis pela realização das suas
art. 52.º, n.º 5 CSC – se em causa estiver um incapaz, este não responde (EXCEPÇÃO)
depois do Registo SQ, SA e Sociedades em Comandita por Acções (art. 42.º CSC)
O art. 42.º CSC apresenta-nos um elenco taxativo das causas de nulidade do contrato
registado:
art. 145.º, n.º 1/a – se tiver 3 sócios pode acrescentar, no prazo de um ano, os
restantes sócios
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Estas nulidades são sanáveis, nos termos do art. 42.º, n.º 2 CSC. Assim, a sociedade tem
que ser interpelada para que venha a sanar o vício, sendo que tem o prazo de 90 dias para o fazer.
De referir apenas que o vício é sanável através de uma deliberação dos sócios.
No caso de não serem sanáveis teremos que aplicar o art. 44.º CSC: a acção de declaração
de nulidade pode ser intentada no prazo de 3 anos a contar da data do registo, porém o MP não
- art. 43.º, n.º 2 CSC (art. 42.º, n.º 1/b CSC) não inclui o objecto
- art. 43.º, n.º 3 CSC (art. 42.º, n.º 1/b CSC) inclui o objecto
depois do registo
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Quais os Vícios?
usura
6.2.1 Vícios nas Declarações de Vontade antes do Registo (art. 41.º CSC)
Incapacidade aplica-se o regime aplicável aos incapazes, isto é, os incapazes podem opor a sua
incapacidade quer aos sócios, quer a terceiros: não têm que ser responsáveis perante credores
nem realizar entradas; no caso de já as terem realizado têm direito a receber o que hajam
prestado
Nos termos do art. 45.º, n.º 1 CSC, os vícios da vontade e a usura podem ser invocados
como justa causa de exoneração. Havendo, assim, exoneração do sócio, este tem o direito a
receber o valor real da sua participação social, calculado com referência à data da declaração da
No caso dos incapazes, diz-nos o art. 45.º, n.º 2 CSC que a incapacidade de um dos
vontade do incapaz, tem ele o direito de reaver o que prestou e não pode ser obrigado a
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Dever-se-á aplicar o art. 46.º CSC, que nos diz que os vícios da vontade, a usura e a
incapacidade determinam a anulabilidade do contrato ( vide art. 52.º no caso de ser declarado
nulo).
Contudo, é possível o negócio manter-se válido com os outros sócios, salvo se não puder
perante terceiros, segundo dispõe o art. 47.º CSC. No caso de se tratar de um incapaz, este tem
direito a reaver tudo quando prestou e direito a não realizar o remanescente das entradas ainda
não realizadas.
A transmissão das participações sociais tanto pode ser por efeito de um acto inter vivios
Esta transmissão pode suceder pois os sócios podem não querer ficar vinculados ad eterno
à sua quota.
A transmissão inter vivos obedece a um regime específico que variará consoante o tipo
de sociedade:
Sociedades em Nome Colectivo (art. 182.º CSC) é necessário o consentimento unânime dos
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
transmissão de participações sociais quando ela tem por adquirente outro sócio, cônjuge,
ascendente ou descendente do transmitente. Aqui, para além do transmitente ter que comunicar
a alienação aos demais sócios, segundo o art. 228.º, n.º 3 CSC, é necessário que ele solicite a
promoção do registo, nos termos do art. 242.º-A CSC. Mas, esta é uma regra supletiva, o que
significa que o contrato de sociedade pode aumentar ou diminuir o número de pessoas às quais a
alienação não carece de consentimento da sociedade. Deste modo, a sociedade no seu contrato
da sociedade (nota: vide art. 229.º CSC - o sócio pode exonerar-se caso a sociedade impeça a
acções ao portador, que são aquelas nas quais não se regista o nome do proprietário na
própria acção não é possível impor limites à transmissão, pelo que não é necessário o
acções nominativas, que são aquelas onde existe o registo do titular a regra é a da
- consentimento da sociedade
Para o efeitos decidiram constituir uma sociedade anónima cuja firma seria “Crisdal –
restauração, SA”. Ana, Bruna, Cristina e Dália entraram com 20.000€ cada. Eva entrou
Ideias a reter:
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Ana, Bruna, Cristina e Dália entraram com dinheiro (20.000€ cada), já Eva fez uma
Não poderia ser Eva a avaliar o bom com que entrou mas sim o Revisor Oficial de Contas
(ROC) (art. 28.º CSC) porque ela não é sócia de uma Sociedade em Nome Colectivo
subscrição pública (vistos não estarmos perante SA abertas), empresa na hora (porque não
admite entradas em espécie), empresa on-line (porque não admite entradas em espécie
quando o bem é imóvel) e o processo inovador (uma vez que o registo prévio não admite
entradas em espécie). Assim, só seria possível o método tradicional, porém não se bastando
Suponha que:
e, em data anterior, Eva, com o consentimento de Ana e Bruna, tinha celebrado com Filipe
um contrato nos termos do qual assumiu, em nome da sociedade, uma dívida no valor global
de 50.000€. Eva comunicou a Filipe que o contrato de sociedade ainda não fora celebrado,
1.1 No dia 1 de Janeiro de 2008, data de vencimento da dívida supra referida, Filipe
solicita o pagamento a Eva que se recusa a fazê-lo. Quem e em que termos pode Filipe
Uma vez que a dívida foi contraída e exigida antes da celebração do acto constituinte
Porque Eva informou Filipe que ainda não havia contrato de sociedade, não se pretendeu dar
falsa aparência sobre a existência de uma sociedade comercial. Por este facto temos de aplicar o
n.º 2 do art. 36.º CSC. Nos termos deste artigo somos remetidos para o regime das sociedades
civis (art. 983.º CC), o que implica que todos os sujeitos “futuros sócios” intervenientes nesta
situação serão responsáveis de forma ilimitada e solidária mesmo que não tenham consentido
aquele negócio em particular. Esta é a única forma de proteger terceiros, uma vez que ainda não
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
celebrado o registo da sociedade daria a mesma resposta sabendo, além do mais, que Dália
Tendo sido a dívida contraída e exigida depois da celebração do contrato e antes do registo
do mesmo devemos aplicar o art. 40.º CSC porque se trata da relação com terceiros e porque
estamos no âmbito de uma sociedade anónima. De acordo com este artigo respondem, de forma
solidária e ilimitada, perante Filipe as sócias Eva porque agiu e Ana e Bruna porque consentiram.
Dália e Cristina porque não consentiram a realização do negócio com Filipe apenas serão
responsáveis até 20.000€, uma vez que a sua entrada corresponde a este valor.
No entanto, verificamos que as declarações negociais tanto de Dália como de Cristina estão
viciadas (apresentam vícios). Dália por ser menor apresenta um vício decorrente da incapacidade
e Cristina porque foi coagida apresenta uma declaração negocial com o vício de vontade. Desta
forma, somos remetidos para a aplicação do art. 41.º CSC que se pronuncia quanto aos vícios que
respectivo registo.
De acordo com o n.º 2 do artigo 41.º CSC verificamos que o vício que afecta a declaração
negocial de Dália é oponível tanto a terceiros como aos sócios e, por sua vez, aquele que afecta a
Significa isto que Dália não tem de responder perante Filipe (oponibilidade a terceiros) e
tem direito a reaver tudo quanto prestou (oponibilidade perante os sócios). Já Catarina continua
responsável perante Filipe, nos termos do art. 40.º CSC, isto é, até 20.000€.
de regresso na totalidade do valor prestado perante os restantes sócios, menos perante Dália
(que é menor). Catarina tem também direito a reaver tudo quanto prestou à sociedade porque o
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Para que esta dívida fosse assumida automaticamente por mero efeito do registo era
necessário que decorresse uma das quatro hipóteses apresentadas no n.º 1 do art. 19.º CSC.
19.º porque o negócio em causa foi celebrado depois de constituído o contrato de sociedade e
Na eventualidade de não podermos aplicar nenhuma das alíneas referidas, sempre poderia a
sociedade assumir a dívida através da aplicação do n.º 2 do mesmo artigo, isto é, mediante a
registo (nota: A decisão da Administração não poderia ocorrer depois desta data porque não
seria eficaz).
2. Ainda antes do registo do contrato, Ana e Bruna pretendem alterar a cláusula quinta do
contrato de sociedade. Ana, Bruna, Cristina e Dália concordam com tal alteração, mas Eva
discorda. Sabendo que para a tomada de tal deliberação a lei exige uma maioria de dois
Estamos perante uma situação no âmbito das relações entre sócios, no momento posterior
art. 37.º CSc. Decorre do n.º 1 deste artigo que, no momento anterior referido, as relações entre
os sócios são regidas pelas regras/cláusulas contratuais, bem como pelos preceitos legais
sociedade e outra referente à transmissão das participações sociais. Nestas duas situações não
devemos aplicar as regras decorrentes das cláusulas contratuais nem as aplicáveis a este tipo de
sociedade, exigindo-se, para qualquer uma delas, consentimento unânime dos sócios.
Em conclusão, não é possível alterar a cláusula quinta do contrato da sociedade porque esta
irmã. Porém, a “Crisdal – restauração, SA” entende que a referida transmissão não tem
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
qualquer eficácia uma vez que não foi efectuada com o prévio consentimento da sociedade.
Quid iuris, sabendo que o contrato de sociedade não se pronuncia sobre esta questão?
Neste caso em concreto, uma vez que nada foi estabelecido no contrato, aplicamos a regra
comunicação da transmissão.
impor limites à transmissibilidade. Sendo nominativas as acções, os limites não podem exceder o
estipulado no art. 328.º, n.º 2 CSC (328.º porque se trata de uma SA).
8. Estrutura Organizatória
As Sociedades Comerciais actuam através de órgãos, que não mais são do que centros
institucionalizados de poderes funcionais a exercer por pessoas com o objectivo de formar e/ou
órgão deliberativo
órgão de fiscalização
Este órgão também pode ser designado por Assembleia de Sócios e Colectividade de Sócios
e tem por função tomar as decisões de fundo, aprovar relatórios de contas, etc.
Quem pertence à Assembleia de Sócios são, logicamente, os sócios, sendo que cada um tem
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Diz-nos o art. 189.º, n.º 4 CSC que o sócio só pode ser representado pelo cônjuge,
pois não se permite ampliar ou restringir o número de pessoas que podem, efectivamente,
representar um sócio.
Órgão de Representação
previsto no art. 191.º, n.º 1 CSC. Contudo, até mesmo um estranho à sociedade pode ser gerente
(é a excepção), mas aí é necessária uma decisão unânime de todos os sócios, nos termos do art.
O n.º 1 do predito artigo dá-nos uma competência imperativa que fica sob alçada da
deliberação dos sócios, ou seja, refere-se a competências que são obrigatoriamente submetidas
Exemplos: - o art. 246.º, n.º 1/h CSC respeita à alteração do contrato de sociedade. Por se
tratar de uma competência imperativa, se houver alguma cláusula que diga que essa
- o art. 246.º, n.º 2/a CSC refere-se à designação dos gerentes, tratando-se de uma
competência facultativa se nada for dito no contrato serão os sócios a deliberar. Mas,
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
cargo da gerência, então, deixarão os sócios de ter competência para deliberar, passando a
ser competência efectiva da gerência. Ora, isto significa que o contrato de sociedade
Segundo o art. 249.º CSC, a representação apenas existe na Assembleia, não podendo
De acordo com o n.º 5 do preceito supra, o sócio pode ser representado pelo cônjuge,
representantes. Assim, conclui-se que o contrato de sociedade pode ampliar o leque de pessoas
que podem surgir em representação de um sócio mas já não é possível que o restrinja. Trata-se,
portanto, de uma cláusula relativamente imperativa, que permite o mais (a cláusula será válida)
Quanto aos votos, um voto corresponde a 0.01€, nos termos do disposto no art. 250.º CSC
Ex. A 25% Em Assembleia Geral, D não compareceu, A votou Sim, B votou Não e C
B 25% absteve-se. Ora, isto significa que houve 50% do Capital Social a votar
D 25%
Este órgão será um Conselho Fiscal, órgão este que, no âmbito das Sociedades por Quotas,
é meramente facultativo.
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
designar o ROC quando se verifique, durante dois anos consecutivos, dois dos três limites
Sociedades Anónimas
Órgão Deliberativo
A regra é a de que um voto corresponde a uma acção, nos termos do que dispõe o art. 384.º
CSC. Mas, esta regra, devido à sua natureza supletiva, pode ser afastada, havendo, porém, um
limite: a cada 1.000€ de capital tem que corresponder pelo menos um voto, segundo o estatuído
Quanto ao quórum há que atender ao art. 383.º CSC e no concernente às maiorias há que
Na Administração das SA podemos ter três modalidades, nos termos do art. 278.º CSC:
CSC) isto é o geral mas pode ser necessário designar o ROC (arts. 278.º, n.º 3 e 413.º,
n.º 1/b e n.º 2 CSC): no lugar de ter o Conselho de Administração é possível substituí-o por
ss CSC) e o ROC
A qualquer uma destas modalidades pode acrescer o secretário (art. 446.º-A CSC).
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
O art. 53.º CSC consagra o numerus clausus, o Princípio da Taxatividade das formas de
Deliberação por voto escrito são apenas admitidas para as Sociedades por Quotas (art.
247.º CSC) e para as Sociedades em Nome Colectivo (art. 247.º CSC por remissão do art. 189.º
do mesmo diploma)
Não há convocatória ou a mesma foi feita de uma forma que a lei a considera inexistente,
Mas, para que se possa tomar uma decisão válida é necessário que se verifiquem três
requisitos cumulativos:
unânime dos sócios, essa deliberação será anulável, pois relativamente a este assunto este
Deliberação unânime por escrito é admitida para as SNS, SA e SQ (art. 54.º CSC)
por escrito.
Aqui todos têm que votar, fazendo-o por escrito, não sendo permitida representação.
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Deliberação por voto escrito é admitida para as SQ (art. 247.º CSC) e SNC (art. 247.º
(1) o contrato de sociedade pode afastar esta deliberação, sendo que no silêncio do
contrato esta deliberação é admitida. Contudo, pode ocorrer que a lei exija que determinada
deliberação deva ser tomada em Assembleia Geral, o que afastaria esta forma de deliberação.
Deste modo, para que seja possível a deliberação por voto escrito é necessário silêncio do
registada, consulta os sócios sobre a proposta a deliberar. Esta consulta também tem que referir
que o silêncio no prazo de 15 dias corridos após a expedição da carta equivale a consentimento da
dispensa da Assembleia
(3) se os sócios não dispensarem a Assembleia, não se pode deliberar por voto escrito. No
modo e o gerente envia novamente uma carta registada aos sócios com a proposta em concreto, os
elementos necessários à formação do voto e com a informação do prazo para votar, que não
(4) finalmente, os sócios votam e o gerente conta os votos e aprova ou não a deliberação
consoante a maioria legal ou contratualmente exigida (mas esta deliberação não tem que ir toda
no mesmo sentido!)
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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Ineficácia Invalidade:
59.º)
Alguns sócios podem ter direitos especiais, nos termos do art. 24.º CSC. Exemplos:
voto duplo (art. 250.º, n.º 2 CSC) nas Sociedades por Quotas
Estes direitos são atribuídos aos sócios por contrato da sociedade. Porém, para tal ser
possível, tem que haver consentimento de todos os sócios, segundo o consignado no art. 24.º, n.º 5
CSC. No caso de não haver consentimento, a deliberação do direito especial é ineficaz em sentido
9.1.2 Invalidade
de procedimento
de conteúdo
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Vícios de Procedimento
Ocorrem em todo o caminho que se percorre até formarmos a deliberação. Pode assim ter
deliberação.
Sanções:
regra: anulabilidade
Vícios de Conteúdo
Sanções:
contrato
Ex. no contrato de sociedade consta a seguinte cláusula (imperativa): “O sócio pode ser
representado pelo cônjuge, ascendente, descendente ou outro sócio, bem como por advogado ou
solicitador”.
Ocorre que os sócios querem: “O sócio só pode ser representado em Assembleia Geral por
um advogado”. A esta proposta todos os sócios consentem. Contudo, esta cláusula é nula uma vez
que sofre de um vício de conteúdo pois não se pode deliberar sobre normas legalmente
imperativas.
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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9.1.2.1 Nulidade
Assembleia tem-se por não convocada quando efectivamente não há convocatória. Porém, o n.º 2
assinada por quem não tenha competência (ex. numa Sociedade por Quotas tem
que, não obstante mencionar a data, hora e local da Assembleia Geral, a reunião
presença de todos os sócios a sua falta implica a nulidade, nos termos do art. 56.º, n.º 1/a
uma vez que a sua violação, contrariamente ao que sucede com o primeiro
requisito, não está consagrada no art. 56.º, n.º 1/a que acarreta consigo a
nulidade da deliberação.
voto escrito, estas que apenas podem ser tomadas nas Sociedades por Quotas e nas Sociedades
Anónimas
Que procedimento têm que seguir as deliberações por voto escrito (art. 247.º CSC)?
consulta aos sócios para saber se estes aceitam ou não deliberar por escrito
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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acta
Ora, esta alínea b) do art. 56.º, n.º 1 CSC, vem exigir que o convite a votar seja feito a
todos os sócios, caso contrário acarreta a nulidade, salvo se todos os sócios tiverem dado por
Não obstante os sócios terem estado ausentes ou não representados ou não terem
participado na deliberação, a deliberação é sanável (não será nula) se eles tiverem dado o seu
Já a consulta aos sócios (momento 1), a contagem dos votos (momento 3) e a acta (momento
4), se faltarem, geram a anulabilidade e não a nulidade uma vez que não estão previstos no art.
56.º, n.º 1/b CSC. O mesmo sucede se no lugar do gerente enviar o convite por carta simples o
Ex. - se no contrato de uma Sociedade por Quotas houver uma cláusula que diga “A
designação de gerentes compete à gerência”, esta cláusula é válida pelo art. 246.º, n.º
para gerente X”, tal deliberação será nula por força do disposto no art. 56.º, n.º 1/c.
- um outro exemplo é deliberar sobre assuntos que não constem no art. 376.º
(SA)
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O órgão de fiscalização tem a obrigação de, em Assembleia Geral, dar a conhecer aos
sócios a existência de uma deliberação nula. Quando não houver órgão de fiscalização, essa
obrigação recai sobre o gerente, segundo o previsto no art. 57.º, n.º 4 CSC.
promover a acção em tribunal (acção de declaração de nulidade) a acção tem que ser
renovar a deliberação (art. 62.º CSC) apenas podem ser renovadas as deliberações
das alíneas a) e b) do art. 56.º, n.º 1 CSC. Renovar a deliberação não é mais do que
renovar as deliberações que sofram de vício de conteúdo pois estar-se-ia a sanar algo que é
ilegal
não fazer nada se os sócios nada fizerem, o órgão de fiscalização tem o dever de ser
ele a promover a acção se, no prazo de 2 meses, os sócios não renovarem a deliberação ou
não promoverem a acção, nos termos do disposto no art. 57.º, n.º 2 CSC
9.1.2.2 Anulabilidade
sociedade
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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qualquer sócio desde que o sócio que a está a arguir não tenha votado no sentido em que
a deliberação fez vencimento e desde que não tenha dado o seu consentimento posterior de
Apesar de o regime geral estabelecer como prazo 1 ano, a regra é a de que o prazo, neste
domínio, seja de 30 dias, cuja contagem se deverá iniciar a partir da data em que foi encerrada a
Nos termos do art. 59.º, n.º 2/c CSC, quando a deliberação que sofre de um vício incide
sobre um assunto que não constava na ordem de trabalhos, o prazo de 30 dias começa a contar-se
A alínea b) do art. 59.º, n.º 2 apenas é utilizada quando há deliberação por voto escrito.
Aqui, tem-se 30 dias para arguir a anulabilidade, que se contam a partir do terceiro dia da data
de expedição da acta.
O art. 248.º CSC remete para as Sociedades Anónimas (ex. art. 377.º, n.º 5 CSC).
Esta forma é obrigatória ser observada, porém pode acrescer-lhe outras formalidades
desde que estejam expressas no contrato, e aí já serão uma exigência, pelo que, por exemplo, se à
carta registada no contrato de sociedade se exigir também o aviso de recepção, e esta exigência
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Ora, relativamente a este prazo há uma imperatividade relativa uma vez que é permitido o
mais mas não o menos, ou seja, é permitida uma dilação do prazo mas não uma diminuição.
Sociedades Anónimas
Mas, o art. 377.º, n.º 3 CSC diz-nos que poderão acrescer outras formalidades:
o contrato pode estabelecer formas diferentes de publicação (art. 377.º, n.º 3, 1.ª
parte CSC)
substituir a publicação:
- por carta registada (entre a data da expedição e a data da Assembleia têm que
decorrer 21 dias, que na realidade são 23 pois não se conta o dia da expedição nem o
e/ou por correio electrónico com aviso de leitura8, sendo necessário o consentimento
“Entre a última divulgação e a data da reunião da Assembleia deve mediar, pelo menos, um
mês…”, nos termos do art. 377.º, n.º 4 CSC o prazo conta-se a partir da recepção do último
Elementos que a convocatória deve ter em conta: art. 377.º, n.º 5 CSC
Voto por Correspondência: art. 377.º, n.º 5/f e 384.º, n.º 9 CSC
os sócios não estão presentes nem representados mas querem votar à distância através
8
Num caso prático, aquando da análise de um contrato de sociedade, é importante ver em que data foi recepcionado o
recibo de leitura
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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- dá-se mais 5 dias para a emissão de votos (art. 384.º, n.º 9/b CSC)
- ou determina-se que os votos assim emitidos valham como votos negativos (art.
na sede
noutro local
Na Primeira Convocação
Regra:
Excepção:
alteração do contrato
transformação da sociedade
dissolução
fusão ou cisão
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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Existe quórum quando estão presentes ou representados sócios que tenham capital igual ou
Neste caso, a maioria exigida é de, pelo menos, 2/3 dos votos emitidos, nos termos do art.
Quórum: não há
Excepções:
art. 386.º, n.º 4 CSC sócios que detenham, pelo menos, ½ do capital social: no
Nos termos do art. 383.º, n.º 4 CSC, entre a primeira e a segunda convocatória têm que
“Caros sócios,
Sou a informar V. Ex.as, que irá decorrer no próximo dia 18 de Novembro de 2002,
pelas 19 horas, uma Assembleia Geral.
Agradeço a presença de todos os sócios.
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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Sabendo que a proposta em causa visava inserir no contrato social a seguinte cláusula
A e D – Sim
E – Não
Estamos perante o tema do acto deliberativo, nomeadamente nas deliberações dos sócios.
As deliberações dos sócios têm que respeitar o Principio da Taxatividade consagrado no art. 53.º
do CSC. De acordo com este princípio os sócios têm quatro formas de deliberar: Assembleia
Geral Convocada (art. 54. CSCº), Assembleia Universal (art. 54.º CSC), Deliberação por Voto
Escrito (art. 247.º CSC) e por fim Deliberação Unânime por Voto Escrito (art. 54.º CSC).
Assembleia Geral Convocada. Os requisitos desta assembleia encontram-se no art. 248.º, n.º 3
CSC. Tendo em conta que a Assembleia Geral Convocada é precedida de um acto convocatório
temos que ver então se respeita os requisitos deste acto. Este artigo diz-nos de imediato que a
convocatória tem que ser feita por carta registada, com 15 dias de antecedência e feita por um
gerente. A tem legitimidade pois é gerente, ou seja a convocatória foi feita e assinada por quem
de direito. No entanto esta convocatória não respeita os requisitos necessários para a forma e o
prazo. Quanto à forma, não foi feita por carta registada, foi apenas fixada na porta, e quanto ao
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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prazo não respeita o prazo de 15 dias fixado na lei. Consequentemente estamos perante um vício
de procedimento.
Esta deliberação está ferida por um vício de procedimento pois ainda estamos na
convocatória. Os vícios de procedimento podem ter duas consequências, tendo por regra a
anulabilidade como principal consequência, e como excepção a nulidade prevista no art. 56.º, n.º
1/a/b CSC. Desde já podemos excluir a alínea b) pois apenas se aplica nas deliberações por voto
escrito. A alínea a) refere que são nulas as deliberações não convocadas, o que remete para o
artigo 56.º, n.º 2 CSC. Para já pode dizer-se que este vício de procedimento conduz à
anulabilidade. Mas existem outros vícios, ou seja na convocatória não é indicado o local. Assim
teremos que observar o artigo 377.º, n.º 5 CSC por remissão do artigo 248.º, n.º 1 CSC. Não
constando o local temos um novo vício de procedimento, de acordo com os arts. 56.º, n.º 1/a e
56.º, n.º 2 CSC. Assim, estamos perante um vício de procedimento que conduz à nulidade, tendo
assim de ser aplicado o artigo 57.º CSC. Temos em seguida de verificar se pode haver renovação
da deliberação que é possível quando em causa estão vícios de procedimento (vide art. 62.º CSC
Se B e C não compareceram não houve Assembleia Universal, logo não podem ser sanados os
vícios.
sabemos que a regra é a maioria, no entanto o art. 265.º CSC diz-nos que as alterações no
contrato de sociedade só podem ser feitas mediante 75% do Capital Social, o que significa que
tínhamos que ter quatro sócios a votar. Assim não existe maioria suficiente, pelo que nos
poderiam passar a ser convocadas por qualquer sócio. Existirá algum vício? Sim, esta formulação
não é possível pois vai desrespeitar a regra do art. 248.º, n.º 3 CSC que é uma regra imperativa, o
que conduz à nulidade (art. 56.º, n.º 1/d CSC). Sendo este um vício de conteúdo não pode existir
Em conclusão temos:
nulidade que advém do vício de conteúdo (art. 56.º, n.º 1/d CSC) que, como não pode ser
renovada, conduz à acção da declaração de nulidade, prevista no art. 57.º CSC (dizer quais
os passos)
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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nulidade pelo vício de procedimento (arts. 56.º, n. os 1/a e 2 CSC), que podia ser
renovada
anulabilidade por vícios de procedimento: pela falta de forma e prazo e pela maioria.
Quem pode arguir a anulabilidade é E e C, como promana o art. 59.º CSC (dizer todos os
dias (visto que todas as acções são nominativas), uma Assembleia Geral da “Soaroma” com
Sabendo que:
a sócia Fernanda Felgueiras foi representada pelo sócio António Antunes a quem se
Contrato de Sociedade
residente na rua das flores n.º 1, Leiria, portador do Bilhete de Identidade n.º 1234567,
456.456.456
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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residente na rua 1.º de Maio n.º 11, Leiria, portadora do Bilhete de Identidade n.º 5435348,
natural da freguesia de Leiria, Concelho de Leiria, residente na rua Almirante Reis, n.º 211,
residente na Av. Marquês de Pombal n.º 2, Leiria, portador do Bilhete de Identidade n.º
654.876.098
Concelho de Leiria, residente na Av. N. Sr.ª. de Fátima, n.º 33, Leiria, portadora do Bilhete
residente na Av. N. Sr. de Fátima, n.º 13, Leiria, portadora do Bilhete de Identidade n.º
324.767.777
Declaram que celebram por esta escritura, na qualidade em que respectivamente outorgam,
Cláusula Primeira
É constituída uma sociedade anónima com a firma “Soaroma – fabrico e venda de perfumes,
SA”.
Cláusula Segunda
interior e exterior e, bem assim, a compra e revenda de quaisquer outros produtos permitidos
por lei.
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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Cláusula Terceira
A sede fica estabelecida na Av. Marquês de Pombal, n.º 23, 1º direito, fracção “F”, Leiria,
Cláusula Quarta
O capital social é de 100.000,00 euros (cem mil euros) e divide-se em 200 acções
nominativas, do valor nominal de 500 euros, todas subscritas ao par, como segue:
Cláusula Quinta
Cláusula Sexta
Cláusula Sétima
Cláusula Oitava
representem 25% do capital social, ou 40% no caso de a reunião visar a alteração do contrato ou
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Cláusula Nona
Cláusula décima
conselho de administração.
todos os sócios.
Sociedade Anónima
Pretendeu convocar uma Assembleia Geral, sendo que quem convocou foi Catarina Crespo.
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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1 acção = 500€
No contrato: 3 acções = 1 voto, o que significava que tínhamos um voto por cada 1.500€, o que
No concernente à convocatória temos que atender no art. 377.º, n.º 1 CSC, que nos vem
dizer que é o presidente da mesa que tem que convocar e Catarina não é presidente. Logo, não
tem legitimidade, pelo que estamos perante um vício de procedimento (art. 56.º, n. os 1/a e 2 CSC).
A forma de convocar é a publicação (regra), contudo a cláusula sétima vem exigir mesmo a
publicação/anúncio. Mas, esta forma não foi respeitada pois a convocatória foi levada a cabo por
carta registada, o que nos leva a concluir que estamos diante um vício de procedimento que
O prazo também não está correcto pois o contrato estipula o prazo de 40 dias.
Conclusões:
a AG não foi convocada pelo presidente da mesa (art. 56.º, n. os 1/a e 2 CSC)
A proposta é a transformação da sociedade, pelo que se exige o quórum de 1/3 (art. 383.º,
n.º 2 CSC), mas isto legalmente. Ocorre que uma cláusula contratual vem exigir 40% de quórum e
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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social a votar. Tendo comparecido A, C e F (este representado), temos que na Assembleia esteve
precisamente 40% do capital social presente, o que significa que eles podem deliberar em
primeira convocação.
Qual a maioria necessária? O art. 386.º, n.º 3 CSC vem-nos dizer que é necessária uma
Ora, a maioria exigida era assim de 66,6%. Ocorre que se obteve 97,5% (39 x 100 / 40 –
39% – x 40
Ainda assim, apesar de não haver vícios de conteúdo, há vícios de procedimento (os supra
mencionados).
centro comercial, SA”, dirigiu aos sócios uma carta registada com aviso de recepção com o
social.
sócio A
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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Sociedade Anónima
A é presidente da mesa.
A 20%
B 20%
votaram sim
C 20%
D 20%
Falar de todos os elementos, forma, prazos, etc. Vide art. 377.º CSC. A forma de carta
registada é admitida por lei mas é necessária que todas as acções sejam nominativas e que esteja
presente no contrato. No entanto o presidente da mesa não respeitou o prazo pois a lei exige uma
mediação de 21 dias, logo o prazo não estava correcto, havendo vício de procedimento o que
Segundo o art. 383.º, n.º 2 CSC é necessário quórum. Está presente 90% do capital social,
80% – x 90
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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manutenção de piscinas, Lda.”. A referida sociedade conta ainda com mais três sócios, a
saber, Diana, Eva e Flávia. Os três primeiros sócios (Afonso, Bernardo e Cristiano) detêm
uma quota no valor de 2.000€ cada. Diana e Eva são titulares de uma quota no valor de
1.500€ cada e, por fim, Flávia é titular de uma quota no valor de 1.000€.
Cristiano tem um direito especial à gerência, nos termos do qual apenas pode ser
destituído com justa causa. Flávia, famosa modelo portuguesa, consentiu entrar para a
sociedade em causa apenas com a condição de cada um dos seus votos equivaler a dois.
lugar na sede social no dia 25 de Janeiro de 2007. A ordem de trabalhos englobava dois
Flávia a apenas 1 voto (e não a dois). Na data agendada compareceram todos os sócios, não
obstante a sócia Flávia ter referido que apenas pretendia deliberar sobre o ponto 2) da
Assim procederam às votações. Ambos os pontos foram aprovados por todos os sócios
Pronuncie-se sobre o sentido das deliberações em causa bem como sobre os eventuais
carta registada teremos que dizer que era esta a forma a que deveria obedecer, não
conduz à anulabilidade (art. 58.º, n.º 1/a e art. 247.º, n.º 3 CSC)
Não há referência à hora, logo gera-se a nulidade, por aplicação dos arts. 56.º, n.os 1/a e
2 CSC). Porém, esta nulidade é sanável com a presença de todos os sócios, tal como refere a
parte final do art. 56.º, n.º 1/a, pelo que não poderemos arguir a nulidade. Porém, ainda subsistem
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vícios e, a única forma de os sanar é deliberar em Assembleia Universal, no lugar de ser por
Assembleia Geral.
Ponto 1 Ponto 2
No concernente ao ponto 1, não temos Assembleia Universal uma vez que o último requisito
não está preenchido. Assim, não temos Assembleia Universal mas sim uma Assembleia Geral com
Ponto 1
Temos 100% dos votos emitidos a dizer que sim assim, esta deliberação é válida
Consentimento de F
Ponto 2
A 20%
E 15%
Ora, o art. 24.º CSC obriga ao consentimento de Cristiano. Como ele se absteve, esta
deliberação seria ineficaz em sentido estrito, por aplicação do art. 55.º CSC.
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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Quanto à destituição de C e de acordo com os arts. 24.º e 55.º CSC, porque C se absteve,
até ele dar o seu consentimento esta deliberação é ineficaz para todos. O assunto 2 é aprovado,
não padece de nenhum vicio e o facto de C se ter abstido não é relevante pois o direito especial
em causa é de F, não de C.
Capítulo VII
Títulos de Crédito
1. Letra (e Livranças)
1.1 Noção
Actos
pagamento da letra na data de vencimento, ou seja, é o acto pelo qual se aceita a ordem de
pagamento
Sujeitos
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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Ora, tendo em conta estes dados, o que se poderá entender por letra?
Letra é o título pelo qual uma entidade (o sacador) ordena a outrem (sacado), o
pagamento de uma certa importância (valor nominal da letra), a si ou a outra entidade (tomador),
Exemplo:
Porém, no âmbito da letra, surge-nos uma outra relação jurídica: aquela em que B emite a
ordem de pagamento a A.
Supondo que A aceita a ordem de pagamento a favor de C, que este a endossa a D, este por
B é o sacador
A é o sacado
C é o tomador e endossante
D é endossado e endossante
E é endossado e portador
1.2 Requisitos
Os requisitos da letra vêm previstos no art. 1.º da LULL (Lei Uniforme das Letras e
Livranças):
tem que conter a palavra “letra”: este requisito está sempre cumprido uma vez que as
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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o mandato (ordem de pagamento saque) puro e simples (uma vez que não pode estar
o nome do sacado
Se estes três primeiros requisitos não forem cumpridos, a letra não é tida como título
executivo, ou seja, não irá produzir os seus efeitos, muito embora possa ser um documento de
em dia fixado
pagável à vista esta modalidade é meramente supletiva (art. 2.º LULL), pelo
que é esta modalidade que se aplica quando não há indicação da data de vencimento
lugar do pagamento na ausência temos a regra supletiva do art. 2.º LULL, que nos vem
nome do tomador se este requisito não for cumprido a letra não vale enquanto tal, não
data da letra (data do saque) não existe qualquer regra supletiva, o que significa
assinatura do sacador uma vez mais, se este requisito não se verificar, a letra não
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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1.3 Características
Autonomia
A letra goza de autonomia uma vez é um direito independente do que decorre da relação
Legitimação
Abstracção
Como a letra é autónoma da relação jurídica subjacente, ela abstrai-se dos vícios desta.
Apenas quando não há terceiros é que os vícios daqueloutra relação podem ser invocados pois não
Assim, esta característica não vigora quando há terceiros, isto como forma de os proteger.
Literalidade
Tal característica significa que só tem validade jurídica o que está escrito na letra.
É fixado um dia e a data de vencimento é esse dia estabelecido pelas partes. Há, contudo,
tem de pagar a letra no dia em que o sacador lhe apresentou a letra, contando que a apresentação
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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Ex. “Pague-se a 30 dias de data” a letra só pode ser exigível no dia em que perfizer os
30 dias, mas podem correr mais dois dias úteis, nos termos do art. 38.º LULL.
Estipula-se um termo.
Ex. “Pague-se a 30 dias de vista” aqui o prazo começa a contar-se a partir da data do
Ora, esta regra não serve para esta modalidade uma vez que o aceite depende da data de
vencimento e esta daquele. Assim, aplica-se o art. 23.º LULL, que nos vem dizer que o aceite
A acção pode ser intentada contra “os endossantes, sacador e outros co-obrigados”.
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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Quando não há aceite ou vencimento, é necessário o protesto que, nos termos do art. 44.º
Protesto
saque, quando o vencimento é a certo Num dos dois dias úteis seguintes à
Contudo, podem as partes prescindir do protesto, sendo que aí é necessário haver uma
cláusula na letra que diga “sem protesto” ou “sem despesas”, nos termos do estatuído no art. 46.º
LULL.
Se o portador não respeitar os prazos previstos neste artigo supra, perderá o direito de
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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Prazo para a apresentação de uma letra à vista (um ano a contar do saque) ou a certo termo de
vista (um ano a contar do aceite, sendo que o aceite é no prazo de um ano a contar do saque)
Prazo para fazer protesto por falta de aceite ou de pagamento (quando na letra não consta
Quando a letra tenha cláusula de dispensa do protesto, prazo para apresentação a pagamento
se dispensar o protesto
Quanto à prescrição para os endossantes, o prazo é de “seis meses a contar do dia em que
2. Cheque
Cheque ordem de pagamento dada a um banqueiro onde “nós” temos uma conta
Caracteres gerais:
os seus requisitos constam no art. 1.º LUCH (Lei Uniforme dos Cheques)
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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art. 29.º LUCH prazo para apresentação a pagamento: 8 dias, sob pena de não ser
título executivo. Após este prazo o cheque pode ser revogado, nos termos do que dispõe o
Caracteres importantes:
processo criminal)
Em 1 Junho de 2007, André sacou sobre Bruno uma letra, sem data de vencimento,
O supra citado título foi tomado por Catarina, que o endossou a Diana que, por sua
mas este recusou-se, invocando o facto de o negócio da compra do automóvel ter sido
a) Aprecie a validade das razões invocadas por Bruno e refira se deverão ter sucesso
na sua defesa.
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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A letra é um título de crédito e é uma ordem de pagamento dada pelo sacador ao sacado a
Sujeitos Actos
Posteriormente temos que dizer que a letra só vale enquanto letra se se verificarem os
requisitos do art. 1.º da LULL. Mas, quanto ao vínculo, quando não há nada escrito, o que é o caso,
a letra é pagável à vista, vinculando-se com a apresentação. Contudo, ela tem que ser apresentada
Assim, Edgar deveria apresentar ao Bruno a letra a pagamento até ao dia 1 de Julho de
Acontece que Bruno se recusou a pagar aquando da prestação da letra por parte de Edgar
invocando vícios. Contudo, pela característica da abstracção, este vício da vontade (data) não
poderá ser invocado (chamado à colação) pois não podemos deixar que os vícios da relação
Este argumento apenas seria válido caso a letra não tivesse saído da esfera jurídica dos
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
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Hoje, a que sujeitos e em que termos poderá, Edgar, exigir o crédito cambiário?
Hoje é dia 13 de Junho de 2008 e Edgar apenas poderia apresentar a letra a pagamento
protestar. Mas o protesto não é obrigatório quando houver uma cláusula de dispensa de protesto.
Se não havia cláusula de dispensa, Edgar poderia protestar nos termos do disposto no art.
44.º LULL, podendo, neste caso, protestar até ao dia 1 de Junho de 2008 ou até 2 de Junho de
protesto para contestar – art. 70.º, 2.º§ LULL; contra B têm 3 anos a contar da data de
vencimento
não: art. 53.º LULL Edgar perde o direito de acção contra A, C e D. Só não perde o
direito de acção contra o aceitante, que é B; contra o B, Edgar teria até 2010 (art. 70.º
pelo valor de 1.500 €. Como forma de pagamento Guida passou, no dia em que celebraram o
predito contrato, um cheque a Hélia sacado sobre a instituição de crédito “Y” no valor de
500€, bem como aceitou uma letra, a 8 dias de vista, no montante restante.
valor inserto no cheque. Porém, foi informado que Guida revogara o cheque em causa.
Hoje, Ivo apresenta a letra a pagamento a Guida que se recusa a efectuar o mesmo.
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Quid iuris?
Sujeitos Actos
Apresentada a pagamento em
10/06/2006 feriado
11/06/2008 domingo
Ao abrigo artigo 53.º LULL, Ivo perde o direito de acção contra Hélia. Contudo, mantém-se
9 de Junho de 2006 + 3 anos = 9 de Junho de 2009 prazo para accionar de acordo com o art.
70.º LULL
Conclusão:
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
o não cumprimento aqui não funciona porque há um terceiro (que precisa de ser
protegido)
Quanto ao Cheque:
Sujeitos Actos
Ivo endossado
“Y” sacado
O fundamento apresentado por Guida como justificação da revogação do cheque não tem
valor devido à característica de abstracção, também patente no cheque. Mas, porque já passaram
mais de 8 dias da data do saque, Guida pode revogar o cheque livremente sem causa de
A 20 de Janeiro de 2006, Filipa sacou sobre Gorett uma letra, a um mês de vista,
como forma de pagamento de um automóvel que aquela vendeu a esta. O referido título foi
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Qual foi o dia de vencimento da letra em causa? Caso, na data de vencimento, Gorett
se recusasse a pagar o valor inserto no título que atitude deveria Hélder tomar? Poderia,
em último caso, Hélder intentar uma acção em Tribunal de forma a ver satisfeito o seu
Sujeitos Actos
Hélder tomador
de Março de 2008.
A letra deveria ter sido apresentada a aceite no prazo de 1 ano (regra) ou seja até 20 de
Tendo em conta que o aceite se deu em 20 de Fevereiro de 2008, depreende-se que teve
de existir uma cláusula que veio alargar o prazo do aceite, cláusula essa constante da letra
de 2008.
Hélder poderia fazer protesto e recusar o pagamento (art. 44.º LULL). Assim, nos dias 21 e
22 de Março de 2008 Hélder poderia deslocar-se ao Notário para fazer o protesto, excepto se a
Hélder, ao fazer o protesto, iria ganhar o direito de acção sobre Filipa (sacador) uma vez
Conclusão:
Porque respeitou todos os prazos constantes do artigo 53.º Hélder poderia intentar uma
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Solicitadoria – 2.º ano – 2.º Semestre – 2007/2008
Direito Comercial Sumários
Nádia sacou sobre Marta uma letra, à sua própria ordem. Marta veio a aceitar a
letra, mas com a condição – com a qual Nádia concordou – de ela não ser exigida antes de
certa data posterior ao vencimento indicado no título. Entretanto, Nádia endossou a letra a
Paula, a qual, logo após o vencimento, veio exigir o pagamento a Marta. Esta recusou,
alegando o acordado com Nádia quanto à dilação do pagamento e que, mesmo que isso se
considere não relevante, sempre é certo que ela só aceitou na convicção de que esse acordo
revelaria – com erro, portanto - por outro lado, invocou que Paula estava a par do acordado
com Nádia.
Quid iuris?
Sujeitos:
In casu, está presente a literalidade da letra. Tendo em conta esta característica, só tem
valor em termos jurídicos o que consta da letra, pelo que os acordos feitos à margem da lei não
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