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2010v16n4p984
Artigo Original
Resumo: Esta pesquisa analisa a ação de estudantes da Escola de Educação Física do Rio Grande do
Sul entre os anos de 1957 e 1964. Tal recorte justifica-se por se caracterizar como um período de forte
atuação, organização e articulação dos estudantes em termos locais e nacionais. Fundamentada na
perspectiva teórico-metodológica da História Cultural foram analisadas fontes tais como atas, reportagens,
depoimentos orais, bem como publicações dos estudantes. Como ferramenta metodológica foi utilizada a
análise de conteúdo cujos documentos foram analisados em separado e, posteriormente, relacionados
entre si. Desse entrecruzamento foram elaboradas unidades de significado que possibilitavam melhor
compreender as ações empreendidas pelos estudantes no âmbito interno da ESEF bem como sua
articulação com o movimento nacional. Destacamos, assim, a participação política dos estudantes em duas
mobilizações que ocorreram no interior da Escola: o movimento reivindicatório de 1958 e o movimento pela
sede própria.
Palavras-chave: Educação Física. Corpo discente. História cultural.
The student body in movement: student demands in the Escola Superior de Educação
Física do Rio Grande do Sul [ESEF- College of Physical Education of Rio Grande do Sul]
(1957-1964)
Abstract: This research analyzes student action at the Escola Superior de Educação Física do Rio Grande
do Sul , between the years 1957 and 1964. Its focus is justified by the strong mobilization, organization and
articulation of students at the national and local level during this period. Based on the theoretical and
methodological perspective of Cultural History, we analyze sources such as meeting minutes, reports, oral
testimonies and student publications. Our methodological tool is Content Analysis, in which we take an
initial separate look at documents and then, at a latter moment, attempt to relate them to one another. From
these interconnections we go on to elaborate units of signification which allow a better understanding of
student actions within the internal environment of the ESEF, as well as their articulation within a national
movement. We give salience to the political participation of students in two mobilizations that took place
within the institution: the demand-centered movement of 1958 and the mobilization for a campus of its own.
Key Words: Physical education. Student body. Cultural history.
ao ilustríssimo Sr. Diretor da Escola (...) c) julgar Fomos acolhidos, felizmente, de madrugada... o
improcedentes as alegações constantes dos Governador me chamou no Palácio e pediu que
demais itens que lhe dão forma, por não apresentássemos uma lista tríplice, para ser
expressarem a verdade dos fatos; (...) e) não escolhido pelo Governador o futuro diretor,
tomar conhecimento, por atentatórias aos porque o antigo já seria demitido. E assim
elementares princípios de disciplina, dos termos acontecendo, às nove horas da manhã chegou
finais do aludido memorial (CONSELHO uma pessoa do Palácio do Governo com a carta
TÉCNICO ADMINISTRATIVO, 1958c, p. 2). de demissão do diretor e já mandando dar
posse imediata a um dos professores que
Os tensionamentos estavam colocados e as indicamos na lista tríplice, que foi o doutor Ruy
disputas de poder tornavam-se explícitas. Uma Gaspar Martins (SOUZA, 2005 p. 6).
nova sessão do CTA foi convocada com o Em função dessa conquista, apesar da greve
objetivo de procurar alternativas para minimizar ser recorrente neste período como uma
as disputas em prol de um entendimento entre as ferramenta de contestação e reivindicação em
partes. Na reunião não compareceu o diretor da diferentes setores da sociedade civil, inclusive no
Escola que alegou estar doente e, além dos movimento estudantil (ALBUQUERQUE, 1977),
conselheiros, fez-se presente um inspetor federal os esefianos não declararam estado de greve.
do Ministério de Educação e Cultura (MEC). Na Segundo Souza:
reunião os estudantes alcançariam algumas Greve propriamente não chegamos a entrar,
vitórias parciais que serviriam para solucionar vivíamos em eternas assembléias. Só
alguns dos problemas imediatos referentes às ameaçamos, mas não chegamos a entrar em
greve. Mas, como eu disse anteriormente,
dependências, aos cálculos de freqüência, às resolvemos seguir os canais competentes
chamadas, à representação discente e à através do Secretário de Educação, do
formação de uma comissão para modificar o Governador e ver no que dava. Se não desse
em nada, então, a gente, obviamente, se o
Regimento Interno. Entretanto, sob a pressão de Diretor não fosse demitido após aquele ultimato,
conselheiros que ameaçavam se retirar da obviamente, seguramente, que teríamos entrado
reunião, os estudantes tiveram que extrair da em greve (2005, p. 9).
pauta o item relativo à demissão do diretor Ainda que a posição dos estudantes tenha
(CONSELHO TÉCNICO ADMINISTRATIVO, repercutido para além da própria ESEF, antes
1958d, p.5). mesmo da exibição pública da crise, Gaelzer já
A crise extrapolava o âmbito da ESEF a ponto havia anunciado a sua saída do cargo conforme
do inspetor do MEC, Romeu de Castro Jobim, registrado em reunião do CTA em junho de 1958:
manifestar-se em um dos principais jornais da “comunicou a seguir o Senhor Diretor que já
cidade de Porto Alegre desqualificando, de certa cumpriu o tempo regulamentar para que fora
forma, a mobilização realizadas pelos estudantes. eleito, e que, na assunção do novo Secretário
Nas suas palavras: pedirá sua demissão” (CONSELHO TÉCNICO
Ser professor de Educação Física é um ADMINISTRATIVO, 1958a, p. 1). A menção ao
privilégio, que uma pequena minoria de alunos novo Secretário refere-se à eleição ocorrida
da Escola ainda não compreendeu, razão naquele ano que, em breve, elegeria o novo
porque ainda criam certas animosidades, que só
prejudicam a sua formação. Felizmente, repito, governador – Leonel Brizola – o que
é uma minoria que não tem pendor para a nobre representaria trocas no secretariado estadual.
profissão (CORREIO DO POVO, 12/12/1958, Contudo, naquele momento (junho de 1958) não
p.10).
era claro quem seria eleito para assumir o
Apesar de manifestações como estas, a crise governo do Estado, dessa forma, as relações
não terminaria nesta reunião. Segundo Walter de políticas e de poder que definiriam a escolha do
Souza, os estudantes, em manchete de capa de novo diretor da ESEF não estavam definidas.
um importante jornal da cidade, publicaram uma
Em consulta as atas do Conselho Técnico
nota dando o prazo de 24 horas para que o
Administrativo da ESEF percebemos que muitas
Governador do Estado, Ildo Menegheti, demitisse
delas registravam que o mandato de Gaelzer
Frederico Gaelzer. Na madrugada seguinte, o
estava por terminar, ou, como citada na ata
dirigente do DA seria convidado para uma
acima, que o tempo de gestão já havia expirado.
entrevista com o Governador na qual teria sido
Como determinava a legislação do período, a
solicitado ao estudante que apresentasse uma
sucessão seria definida através de uma votação
lista de três nomes que poderiam ser indicados
realizada pela Congregação, na qual seria eleita
para assumir a direção da ESEF.
uma lista tríplice (CONGREGAÇÃO DA ESCOLA
DE EDUCAÇÃO FISICA, 1958). Dela seria repercutindo em ações que não seriam efetivadas
escolhido pelo governador, o professor Ruy se não houvesse tamanho investimento como,
Gaspar Martins, que assumiria a direção da por exemplo, questões de funcionamento das
ESEF em fevereiro de 1959. atividades da Escola e, sobretudo, a conquista de
uma cadeira em um órgão decisório da
Fica, porém, uma lacuna sobre as razões
instituição. Em função dessas conquistas, os
pelas quais o processo sucessório não foi
discentes da ESEF perspectivaram outras
realizado tão logo findou o tempo previsto de
reivindicações.
gestão, sendo que a instituição passava por uma
crise interna que possuía como vetor a própria A luta pela sede própria
direção. Por outro lado, as fontes não indicam a
Outro movimento capitaneado pelos
utilização desse fato pelos estudantes em suas
estudantes e que emergiu como recorrente nas
argumentações, o que pode demonstrar o seu
fontes consultadas centrou-se na campanha pela
desconhecimento.
edificação de uma sede própria para a ESEF.
Podemos constatar que, mesmo sem a Vale dizer que esta era uma reivindicação da
pressão estudantil sobre o professor Gaelzer, ele comunidade esefiana desde a sua fundação. No
não permaneceria na direção da Escola por muito entanto, como veremos, a conquista desta sede
tempo. Essa pressão só teria adiantado, talvez, resultou, também, da intensa participação e
para antecipar sua saída. Contudo, em relação às mobilização dos estudantes em prol de sua
outras reivindicações, essa mobilização foi muito efetivação.
importante para sanar alguns daqueles
Da sua criação até a estruturação da
problemas causados pela forma de agir da
ambicionada sede própria, no ano de 1963, a
direção. Ela abriria as portas para que os
ESEF peregrinou por inúmeros clubes,
estudantes que ingressaram posteriormente na 7
associações e instituições militares . Desde o ano
Escola tivessem suas vozes ouvidas bem como
de 1956, portanto, no período aqui analisado, a
garantida e legitimada, desde então, a
Escola funcionava, administrativamente, junto ao
representação discente no Conselho Técnico
prédio da Associação Cristã de Moços. As aulas
Administrativo da Escola.
teóricas e práticas ocorriam em diferentes locais
Ao dialogarmos as diferentes fontes de da cidade, provocando o constante deslocamento
pesquisa (depoimentos, registros oficiais, dos alunos entre as aulas causando desconfortos
reportagens, entre outras) foi possível e atritos entre os estudantes e os professores.
observarmos as contradições entre as diferentes Mario Cassel (2005), membro do Diretório
versões narradas de um mesmo acontecimento: a Acadêmico no ano de 1963, narra parte desse
oficial e a do grupo hegemonicamente inferior no cotidiano:
equilíbrio do poder, a dos estudantes. Essas nós vivíamos como verdadeiros ciganos atrás
diferentes narrativas indicam a impossibilidade de das aulas da Escola, e muitas vezes, não
éramos compreendidos pelos professores que
tratar a história como a verdade sobre o que estavam nos recebendo naquele local distante,
aconteceu um dia (PESAVENTO, 2003). Indicam, porque nos cobravam o horário; o horário do
conforme Bédarida (1998), que a regra de ouro início das aulas, que era uma coisa absurda
(CASSEL, 2005, p. 5).
para todo o historiador digno desse nome seria a
busca pela verdade, mesmo sabendo da Na década de 50, o governo do Estado cedeu
impossibilidade de alcançá-la na sua completude. à Escola, um terreno no bairro Jardim Botânico
(BRAUNER, 2000; MAZO, 2005), no entanto, a
Com essa afirmação estamos explicitando
construção das instalações não se deu de modo
que, nesta pesquisa, não procuramos encontrar
imediato. A falta de verbas era uma das causas
“a verdade” sobre a disputa entre estudantes e
apontadas para tamanha demora, o que se
direção da ESEF durante o ano de 1958. O que
constituía como pauta permanente nas páginas
tentamos apreender foi a tensão entre os
das duas publicações produzidas pelos
diferentes setores da hierarquia que constituía a
estudantes: Olímpico e O Discóbulo.
ESEF no período estudado, o que, de certo
modo, apontou para o desgaste de um modelo
7
autoritário de gestão. Outrossim, evidenciou o Sobre esse tema ler MAZO (2005). Memórias da Escola
Superior de Educação Física da Universidade Federal do Rio
quanto a mobilização discente se fez visível, Grande do Sul (ESEF/UFRGS): um estudo do período de sua
fundação até a federalização (1940-1969).
Em 1958, após visita às obras da sede, os Este episódio evidenciou, ainda, o quanto a
dirigentes do Diretório relatam: “Lá não mobilização do corpo discente foi importante na
encontramos nenhum operário e nenhum material construção da ESEF/UFRGS. A preocupação
de construção! (...) Até o momento apenas com a estrutura para a realização das aulas
encontramos dois retângulos de tijolos, esteve presente durante todo o período
demarcando o local sobre o qual se erguerão pesquisado e os estudantes, conscientes desse
dois pavilhões!” (OLÍMPICO, 1958a, p. 8). problema, buscaram estratégia de reivindicação e
Segundo Cassel (2005), já havia sido construído de colaboração para a estruturação da nova
o ginásio, o prédio administrativo estava sede. Vale lembrar que essa demanda persistiu
abandonado e depredado e o terreno que o por vinte e três anos (1940-1963) e concretizou-
circundava era um matagal. As condições se não só pela ação dos estudantes ainda que
precárias da sede, mesmo depois da mudança, por ela eles tenham efetivamente se mobilizado.
mantiveram-se assim durante a gestão de Ruy
Gaspar Martins (1959-1964) e de três diretores A UNEEF e a convergência dos
interinos que assumiram a Escola até a problemas da Educação Física nacional
nomeação do médico Hélio Barcelos Ferreira Os dois movimentos até aqui analisados (a
(1965-1970), a saber: o médico Arno Tschiedel, o substituição do Diretor da ESEF, em 1958, e a
coronel Jacintho Francisco Targa e o médico Ney conquista pela sede própria, em 1963) guardam
Serres Rodrigues (MAZO, 2005). muitas semelhanças com a greve realizada pelos
estudantes da Escola Nacional de Educação
Os eternos adiamentos da mudança para a
Física e Desportos da Universidade do Brasil nos
sede própria criavam um clima de incerteza
anos de 1956 e 1957 como, por exemplo, o
diante das inúmeras promessas de transferência,
desgaste do modelo disciplinar rígido adotado
conforme questionam os estudantes no seu jornal
pelos seus diretores. Outra semelhança foi a
de divulgação: “A mudança para a Escola nova
preocupação com a falta de infra-estrutura das
será efetuada realmente ou haverá adiantamento
escolas e, neste ponto, soma-se, ainda, a ação
como sempre?” (O DISCÓBULO, 1963. p. 1).
do Centro Acadêmico Ruy Barbosa (CARB) 8 em
Para Mário Cassel (2005) o DA, cansado de São Paulo.
tantas prorrogações, convocou, em 1963, uma
Ainda que cada um desses movimentos tenha
assembléia. Nela, os estudantes decidiram entrar
suas especificidades e reivindicações, há certa
em ação, pressionando a direção da Escola para
convergência que recai na própria crise do ensino
que as aulas do segundo semestre
superior de Educação Física no Brasil e que foi
acontecessem nas precárias instalações da sede
reconhecida pelo próprio Departamento de
própria. Assim, depois do recesso de julho, os
Educação Física do Ministério de Educação e
alunos, ao invés de se deslocarem para o prédio
Cultura quando reconhece as escolas
da Associação Cristã de Moços, dirigiram-se para
apresentavam infra-estrutura inadequadas,
as dependências do Jardim Botânico. Lá
currículos deficientes, desgaste dos modelos
realizaram uma chamada paralela à dos
pedagógicos, distância existente entre a
professores que estavam dando sua aula em
Educação Física e demais cursos de
outros locais. Além disso, empreenderam vários
Licenciatura, entre outros (BRASIL, 1958).
protestos, inclusive em frente do prédio da ACM.
Essa mobilização, que contava com a adesão de Por certo que não podemos generalizar
grande parte do corpo discente, se prolongaria conclusões a partir de narrativas tão diversas e
por uns vinte dias até que a direção decidiu pela distintas, ainda mais, quando outras análises
transferência das atividades para a sede própria. sobre o movimento de estudantes de Educação
Assim, relata Cassel (2005), devido à situação de Física no Brasil são tão escassas. Aqui temos
abandono das instalações, os alunos claros os limites das análises o que não implica
concentraram seus esforços para colocar a sede afirmar sua impropriedade.
em condições de ser utilizada e, em uma ação
8
conjunta, cortaram o mato, pintaram as quadras, No ano de 1958, em encontro com o governador de São
Paulo, Jânio Quadros, membros do CARB solicitam a
entre outras ações em prol da melhoria da infra- cobertura do ginásio do Ibirapuera, local de suas aulas, e a
estrutura mínima para o desenvolvimento das integração da Escola de Educação Física ao Instituto de
Ensino Isolado Superior (IEIS). As reivindicações seriam
atividades. atendidas e efetuadas pelo governador naquele mesmo ano
(MASSUCATO e BARBANTI, 1999)
Da mesma forma que as deficiências das três atualização e reforma no ensino de Educação
escolas mencionadas apontavam para um Física.
panorama mais amplo, as reivindicações dos
O assunto mais debatido nestes congressos,
seus estudantes convergiriam forças para um
indubitavelmente, estava focado na reforma e
movimento nacional que buscava debater e
atualização do ensino superior de Educação
levantar propostas para superar este quadro. No
Física. No primeiro deles, realizado no Rio de
congresso da União Nacional de Estudantes
Janeiro em 1957, “uma das resoluções dos
(UNE), realizado entre os dias 28 de julho a 03 de
congressistas foi a de encetar um trabalho de
agosto de 1957, em Nova Friburgo (RJ), foi
âmbito nacional, objetivando a elevação do nível
fundada a União Nacional de Estudantes de
do ensino ns Escolas de Educação Física”
Educação Física (UNEEF) 9. A sua primeira
(CASTELLANI FILHO, 1988, p. 159).
diretoria foi composta por Vinicius Ruas, da
ENEFD, como presidente (SILVA, 2004), e como Com as mudanças oriundas da Lei de
1o vice-presidente, Enis Reis Gil, aluno da ESEF/ Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº
UFRGS (OLÍMPICO, 1957). 4.024/61), promulgada em 1961, que instituía a
obrigatoriedade da Educação Física nos níveis
Dos cinco Congressos Nacionais de
primário e médio, os estudantes da ESEF
Estudantes de Educação Física (CNEEF)
mantinham uma posição crítica à base curricular
ocorridos no período analisado, encontramos
vigente na formação dos futuros professores,
documentação referente a apenas três deles: o
fortemente marcada pelo viés militar. Em função
primeiro, realizado no Rio de Janeiro (1957), o
desse posicionamento, deram início a uma
segundo (1959) e o quinto (1963), realizado em
campanha de atualização no ensino de Educação
Porto Alegre 10. O 2o CNEEF, programado para
Física (O DISCÓBULO, 1963).
ocorrer em 1958 na capital gaúcha (OLÍMPICO,
1958a), teve adiamento para o ano seguinte Com o objetivo de contribuir e, também,
devido à crise que ocorria ESEF e a recusa, por influenciar na formação profissional,
parte da Direção da Escola, em permitir a apresentaram sugestões de alterações
utilização das suas dependências para a curriculares ao CTA da Escola. No entanto, estas
realização do evento (SOUZA, 2005). não tiveram ressonância conforme registra a ata
datada de 13 de abril de 1960 na qual se lê:
As consultas a documentos as fontes
Em resposta a modificações no currículo: as
possibilitaram apreender que cada escola alterações procedidas foram conseqüentes [d]as
possuía sua realidade e suas dificuldades, no novas normas legais. Fica, aqui, esclarecido que
o “currículo escolar” em suas diferentes facetas,
entanto, nestes encontros se sobrepujava o
é de alçada do C. T. A., não cabendo, portanto,
debate sobre questões afetas ao movimento as ponderações do Sr. Presidente do Diretório
nacional de estudantes e suas reivindicações. As Acadêmico, culpando a ESEF pelo pouco
preparo dos egressos da Escola, principalmente
preocupações, grosso modo, traduziam-se em
em se considerando o pouco preparo que, em
pontos comuns e foram transformadas em sua maioria, trazem dificultando, portanto, o
objetivos de ação. As pautas dos três congressos trabalho dos professores (CONSELHO
TÉCNICO ADMINISTRATIVO, 1960, p. 3).
estavam centradas em torno de dois temas
básicos: a) a estrutura das escolas (sedes Outro tema que causava grande insatisfação
próprias e incorporação às universidades 11); b) nos congressos era a equiparação entre os
diferentes cursos de Educação Física. No 2o
9
Os documentos que citam esta entidade são escassos. Entre CNEEF “tratou-se ainda do caso da equiparação
os anos de 1960 e 1962 não encontramos nenhuma dos monitores e instrutores de Educação Física,
referência. No primeiro momento (1957-1959) ela é
apresentada como União Nacional dos Estudantes de formados pela EsEFEx, com os professores
Educação Física, posteriormente (1963) ela é denominada de formados pelas Escolas Superiores
Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física.
Entretanto, ela não deve ser confundida com a atual Executiva (barbaridade!)” (OLÍMPICO, 1959b, p.1). Na
(ExNEEF) que foi fundada na década de 1990. Essa lacuna mesma edição do jornal, comentando uma
representa, também, a própria carência documentação do
Diretório Acadêmico da ESEF para o interregno 1960-1962. portaria que estabelecia cursos de Educação
10 o
Quanto ao 6 CNEEF (1964), programado para acontecer Física com duração de um mês, os estudantes
em Goiânia, acreditamos que ele não veio a ser realizado em
razão do golpe militar. questionam: “querer solucionar o problema da
11
Cabe salientar que, mesmo a ENEFD já possuindo sede
própria e integrante da Universidade do Brasil (atual UFRJ),
possuía também problemas de estrutura, demonstrado no fato ENEFD faria também campanha pela incorporação das
de que na greve de 1956 esta pauta estava incluída. A escolas às universidades (MELO, 1997).
FALCON, F. J. História Cultural: Uma visão 167-190, mai/ago 2005. Disponível em:
sobre a sociedade e a cultura. Rio de Janeiro. http://www.seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/arti
Campos, 2002. cle/view/2865. Acesso em 22 mar. 2009