Sunteți pe pagina 1din 9

Recreio e turismo associado ao espaço florestal

1
Rui Pedro Ribeiro, 1José Sousa Uva e 2José Guilherme Borges
1
Metacortex, Lda, Rua Jau, nº 44–B, 1300-314 LISBOA.
2
Instituto Superior de Agronomia, Depto. de Engenharia Florestal, Tapada da Ajuda,
1349-017 LISBOA

Resumo. O espaço florestal é hoje cada vez mais solicitado para usufruto de actividades
de lazer e recreio, uma demanda da sociedade actual que tem registado um assinalável
incremento nas últimas décadas. Em Portugal, desde os pinhais do litoral, como apoio a
parques de campismo e picnics, passando por matas notáveis pelo seu assinalável
interesse cultural e botânico, até ao turismo de natureza fomentado pela criação da rede
nacional de áreas protegidas, todas compõem uma panóplia de situações que carecem
hoje de um enquadramento legal e de planeamento capaz de atempadamente precaver
situações de conflito e/ou desaproveitamento de recursos passíveis de complementar o
produto interno florestal.
O presente trabalho apresenta a Acção COST E33: FOREST RECREATION AND
NATURE TOURISM cujo memorando de entendimento Portugal assinou no passado
ano de 2004, com o objectivo de incrementar a qualidade da informação disponível para
decisores e gestores florestais no que concerne aos benefícios do recreio e turismo,
assim como de técnicas acessíveis para exploração dos benefícios derivados do recreio e
turismo associado ás florestas. A acção está organizada em três grupos de trabalho
subordinados aos temas: (1) Avaliação económica e social da floresta de recreio e
turismo de natureza; (2) Procura e oferta de actividades de recreio e turismo de natureza
associados à floresta; (3) Planeamento e gestão do recreio associado à floresta. Para
além da apresentação dos trabalhos desenvolvidos até hoje, serão apresentadas as
diversas realidades de outros países parceiros nesta Acção, tendo em vista a motivação
da comunidade florestal nacional para o envolvimento nesta acção em concreto, e na
temática em geral.

Introdução

Na maior parte dos países europeus, a utilização das florestas baseou-se sempre na
produção lenhosa. No entanto, ao longo das últimas décadas, a exploração da natureza e
respectivas funções ecológicas tornou-se também um importante objectivo. Nos anos
mais recentes, a função social da floresta, como o lazer e recreio, começou a fazer parte
da agenda política florestal de muitos países.
A função social das florestas não é nova, e está não só associada ao recreio, como
também à saúde e bem-estar, ou ainda a aspectos mais amplos de qualidade de vida. Em
Portugal, a caça e a recolecção de cogumelos e de frutos silvestres sempre fizeram parte
integral da vida rural. Mesmo sem a longa tradição de outros países, a procura das matas
por parte da população urbana para pic-nic e passeio tem vindo a crescer ao longo dos
últimos anos. Por outro lado, cada vez mais os turistas que nos visitam procuram os
espaços arborizados quando seleccionam o seu alojamento, desde o campismo até aos
aldeamentos mais luxuosos. A procura destas funções de recreio cresce em número e
diversidade das suas tipologias.
Com o declínio do sector primário e as profundas alterações estruturais da agricultura,
as diversas formas de turismo no espaço rural têm sido consideradas as mais
importantes oportunidades para essas regiões. Entre essas formas de turismo, o de
natureza é o mais exigente quanto à existência, qualidade e conservação das massas
florestais, tendo em vista a usufruição de experiências diferentes. Devido à crescente
importância e complexidade, assim como os potenciais conflitos com outras funções, a
função social da floresta é abordada hoje de forma mais explícita que no passado. Esta
atenção e consciencialização acrescida são necessárias a diferentes níveis, desde a
decisão política, planeamento espacial e projecto, até a gestão específica das áreas de
recreio.
Só recentemente os aspectos ligados ao recreio em espaços florestais começaram a ser
abordados de forma científica, carecendo ainda de uma sólida base de informação e
conhecimentos. Até agora, estes conhecimentos dispersam-se por estudos realizados
fora da Europa, na maior parte dos casos na América do Norte. Os principais estudos
europeus localizam-se precisamente nos países mais urbanizados e menos florestados,
como o Reino Unido, a Holanda e a Dinamarca. Outros países, com taxas de
urbanização crescentes, manifestam problemas e oportunidades diferentes tanto por
razões climáticas, como de estrutura da propriedade, economia, cultura, pelo que
requerem aplicações práticas adaptadas à sua realidade. Dada a falta de dados
relativamente a custos e benefícios do recreio e turismo no espaço florestal, torna-se
difícil consubstanciar projectos e ferramentas para a sua implementação. Os
investigadores destes temas são geralmente exclusivos no seu instituto ou departamento,
com formação tão diversas como ciências florestais, psicologia, arquitectos paisagistas,
economistas, etc.
Nos países mais populosos e urbanizados da Europa, as florestas e espaços verdes são a
matriz das paisagens de acesso livre e carácter natural. Torna-se importante reconhecer
os benefícios provenientes da utilização recreativa desses espaços. Fortes pressões sobre
muitas destas áreas florestais expõem-nas à degradação ecológica e física pelos
elevados índices de utilização recreativa que implicam. Tal demonstra a necessidade de
dados fiáveis relativos à frequência, intensidade e comportamento dos visitantes dessas
áreas. Por outro lado, novas florestas tem vindo a ser instaladas com objectivos claros
de lazer e recreio público, com uma procura desconhecida e pouco tipificada, muitas
vezes associada a minorias étnicas. Tendo em conta a evolução da estrutura
demográfica europeia, a população idosa apresenta cada vez mais necessidades
específicas, um desafio para um estrato de população com cada vez mais
disponibilidade de tempo e económica. Tal como estas, também as classes
desfavorecidas apresentam necessidades específicas em termos de disponibilidade e
acessibilidade ao espaço público, um tema recorrente nas tendências da política de
combate à exclusão social.
O turismo dentro e entre países europeus está em mudança, com a vulgarização de
novos tipos em desenvolvimento. A naturalidade dos espaços florestais implica a sua
consideração enquanto factores potenciadores do turismo associado à natureza, um
mercado actualmente em crescimento. Pressões sobre outros territórios, como parques
naturais e outras áreas igualmente sensíveis pela fragilidade dos seus ecossistemas,
levam a que os responsáveis pelo seu planeamento solicitem a colaboração dos gestores
de áreas florestais com experiência em áreas florestais sujeitas a elevadas pressões
recreativas.
O ambiente e a paisagem são importantes atractivos para o desenvolvimento do turismo
rural e de natureza, cujas diferentes expectativas podem ir desde as paisagens culturais e
o modus vivendi local, até aos sítios mais puros e próximos da sua condição pristina.
Assim, o planeamento florestal deve hoje em dia incluir as preferências do turismo pelas
áreas naturais. Consequentemente, tal implica ajustamentos das práticas correntes que
procuram primariamente a produção madeireira. Por outro lado, a comercialização de
serviços associados a rotas e percursos estabelecidos e serviços de guia em áreas
protegidas não são incluídas nos direitos públicos de acesso. Tal requer uma cooperação
estreita entre os proprietários para o desenvolvimento destas novas oportunidades
turísticas. No futuro, novos tipos de acordos e mercados deverão ser criados entre
empreendedores e proprietários privados na prossecução de benefícios mútuos do
desenvolvimento turístico.
As florestas europeias podem oferecer experiências atractivas enquanto as suas
qualidades puderem ser mantidas. A sua exploração exclusivamente com fins de
produção madeireira pode ter efeitos negativos na qualidade das paisagens passíveis de
utilização recreativa. Estruturas e serviços deficientes desvalorizam as suas qualidades
procuradas e sobre-utilizadas pelo público que as procura. Para o obviar, dever-se-á
atender à sustentabilidade do turismo e recreio associado aos espaços florestais tanto ao
nível do sítio, como a floresta no seu conjunto.
Os países da antiga União Soviética precisam reconsiderar o turismo e o recreio das
florestas com novos regimes de propriedade e novos mercados. O seu tradicional
mercado turístico interno desapareceu com o colapso do sistema soviético, ao mesmo
tempo que emergem novos mercados. As paisagens rurais e florestais pouco
desenvolvidas em muitos desses países oferecem hoje qualidades inexistentes em
muitos outros países europeus, tais como a tranquilidade, isolamento, e a presença de
vida selvagem variada, incluindo de tipo cinegético. Como instrumento de
desenvolvimento rural, o recreio e turismo associado aos espaços florestais têm um
papel importante nesses países. É por isso importante avaliar os impactos sociais e
económicos nas comunidades rurais.
É possível distinguir várias culturas florestais europeias, inerentes ao tamanho e
qualidade do espaço florestal, a sua utilização tradicional e o seu lugar na cultura geral
dos países que constituem o espaço europeu: em termos gerais podemos considerar a
Europa do Norte, a Europa Central, a Europa do Sul e a Europa do Noroeste. Esta
divisão regional, assim como as particularidades nacionais devem ser diferenciadas e
particularizadas, pois só assim permitirão que os visitantes de outros países disponham
de experiências diferentes das dos seus próprios países.

O caso português

Portugal é um país com uma larga variedade de solos e microclimas, bem como nas
suas estruturas fundiárias (minifúndio vs latifúndio) e espécies (bosques autóctones vs
repovoamentos industriais). Tal como nos outros países europeus, a floresta é hoje
encarada como espaço multifuncional, que independentemente da preponderância da
produção madeireira, pode propiciar oportunidades de lazer, recreio, turismo, e outros
benefícios ambientais. Hoje em dia, estes são recursos ainda não assumidos como
comercializáveis. As florestas portuguesas cobrem um terço do território nacional, mais
ou menos regularmente distribuídas; mais de dois terços da população portuguesa vive
sobre o eixo litoral onde importantes áreas de pinhal foram sendo estabelecidas para
protecção das terras aráveis da progressão das areias e do mar. Hoje em dia, estas serão
as áreas florestais que mais estão sujeitas ao impacto da sua sobre-utilização para fins de
lazer e recreio.
Em Portugal, a procura de espaços de lazer ao ar livre segue a tendência crescente do
resto dos países europeus e sociedades ocidentais. Os tempos de lazer cresceram com
aumento da esperança de vida, com a redução da jornada de trabalho, bem como com a
cada vez mais tardia incorporação dos jovens no mercado de trabalho. Por outro lado,
novos estilos de vida emergem dando prioridade ao ar livre para a prática de actividade
física; como consequência, uma atenção redobrada emerge, promovendo novos temas e
oportunidades para os espaços florestais.
Portugal foi um dos países signatários das resoluções da Terceira Conferencia
Ministerial sobre a protecção das florestas na Europa em Junho de 1998,
comprometendo-se a ter em conta a contribuição do sector florestal com base de
emprego directo e indirecto, bem como do potencial para gerar novos empregos e
receitas no meio rural, tais como as oportunidade de negócio que representam indústrias
não tradicionais a pequena escala, e outras actividades relacionadas, tais como o recreio
e o eco-turismo. Foram então estabelecidos critérios e indicadores para uma gestão
florestal sustentada que incluíam: os instrumentos legais e reguladores das práticas de
recreio associadas à floresta; a área florestal acessível por habitante; os instrumentos
legais e reguladores para o reconhecimento dos direitos das populações locais; os
instrumentos institucionais para planear e avaliar os serviços recreativos prestados pelas
florestas; os instrumentos de política económica de suporte às diversas circunscrições
florestais para a conservação dos valores ambientais, culturais, sociais e científicos
relacionados com o recreio; e os meios de difusão para implementação duma política
com capacidade de avaliar o recreio associado às florestas.
Como diagnóstico, podemos dizer que o recreio associado á floresta em Portugal
beneficia de uma distribuição regular do seu importante coberto florestal, de hábitos de
acesso livre ao espaço privado, como é o caso da actividade cinegética, e uma procura
crescente destes espaços para o lazer e recreio quotidiano da população. Infelizmente,
carece de instrumentos legais e reguladores do uso recreativo das florestas, da não
consideração do recreio e lazer associado nos seus planos de gestão e exploração, com
consequências na sua acessibilidade e risco de incêndio, bem como ainda de uma ainda
baixo de nível de educação e sensibilidade ambiental.
Áreas Protegidas
Centenas de (todo o território
quilómetros / nacional; turismo
hectares juvenil; educação e
recreio; gestão
estatal/privada)
Matas e Tapadas
do Estado
(maioritariamente
nas zonas
costeiras; turistas
nacionais; lazer;
Parques biológicos
ou ecológicos
(algumas regiões;
Tamanho Até uma
crianças e jovens;
e centena de
excursões
deslocação quilómetros / educativas e de
hectares
lazer; gestão privada
Parques florestais
(principais cidades;
todas as idades;
passeio e footing;
gestão estatal ou
municipal)
Espaços verdes
urbanos (todas
as cidades;
Alguns terceira idade;
metros ou lazer e footing;
hectares gestão municipal)

Diariamente e Estacionalmente Uma a duas vezes


semanalmente
Frequência de
utilização
Figura 1 – Tipologia dos espaços florestais de recreio segundo o seu tamanho e deslocação, e a
frequência de utilização.
As principais estruturas florestais de uso recreativo em Portugal podem ser
contextualizadas em função da sua extensão e acessibilidade, bem como da frequência
de utilização. Os pequenos espaços verdes urbanos arborizados fazem hoje parte da
paisagem das cidades e vilas portuguesas, maioritariamente usadas pela terceira idade e
geridas pelos serviços dos respectivos municípios. Algumas dessas cidades incluem
também os designados parques florestais, propriedade dos departamentos locais dos
serviços florestais, os quais assumem a sua gestão, e em torno de cujos edifícios se
localizam; o exercício físico e o passeio são as principais razões para a sua procura,
maioritariamente pela população adulta activa. Nos últimos anos tem-se assistido ao
aparecimento de parques ecológicos ou biológicos, especialmente na última década; são
estruturas procuradas pelas camadas mais jovens da população que de uma forma
organizada as procuram para actividades educativas e recreativas. Algumas Matas e
Tapadas Nacionais, maioritariamente localizadas ao longo da costa atlântica, são
procuradas por turistas nacionais para lazer como picnic e campismo. Uma rede Áreas
Protegidas que se estende ao longo do território nacional proporciona hoje em dia
importantes áreas arborizadas cada vez mais atractivas para um turismo crescente
nacional e estrangeiro, maioritariamente jovem ou adulto em idade activa.
Tendo em conta esta realidade, Portugal aderiu à Acção COST E33 sobre a utilização
recreativa e turística das florestas com objectivos de adquirir bases de conhecimento que
lhe permitam as desenvolver ferramentas que vão de encontro às resoluções da Terceira
Conferencia Ministerial sobre a Protecção das Florestas na Europa, no reconhecimento
da sua importância para o desenvolvimento integrado do espaço florestal português.

A Acção COST E33 – Recreio e Turismo associado à Floresta

A investigação em recreio e turismo associados aos espaços florestais tem sido na sua
maior parte desenvolvida e aplicada à América do Norte. Muitos dos seus resultados e
desenvolvimentos têm uma aplicabilidade limitado em território europeu. Torna-se
imperativa uma abordagem europeia que reúna os melhores especialistas e abordagens
científicas, reflectindo não só a perspectiva pan-europeia, mas também as características
regionais e locais que diferenciam o continente europeu. O instrumento COST é o mais
apropriado mecanismo para tal desenvolvimento, e esta Acção COST e o seu
aparecimento coincide com o reconhecimento de grandes pressões sobre o espaço
florestal dentro da Europa, o turismo massificado entre os seus países, bem como a sua
corrente expansão. Ela permitirá integrar os conhecimentos nos campos da investigação,
planeamento e gestão do recreio, assim como a promoção de boas práticas.
A Acção COST E33 – Recreio e Turismo associado à Floresta tem os seus objectivos
agrupados por 3 grandes áreas, reflectindo grupos de investigação diferentes, cada um
dos quais divididos por sub-grupos de forma a centrar a sua atenção em:
1. Valores económicos e sociais das florestas para o recreio e turismo de natureza;
a. Conhecer os impactos e benefícios a obter do uso recreativo e turístico
da floresta:
i. Tal com entendido pelos diferentes grupos de agentes: produtores
(proprietários e empresários dependentes economicamente da
floresta e outros recursos naturais); consumidores (habitantes,
turistas); decisores (políticos locais e regionais, ONG’s), entre
outros.
ii. Entre sociedades com diferentes graus de ruralidade e
urbanização.
b. Avaliar diferentes meios de integração do turismo de natureza na
economia rural, bem como os impactos noutras das suas actividades
económicas;
c. Intercâmbio de experiências relativas a projectos e práticas em termos de
legislação e financiamento, incluindo apoios e subsídios, e seus impactos
e benefícios para os proprietários e outros grupos de agentes dentro de
sociedades que cobrem o espectro rural/urbano;
d. Avaliar a investigação e as práticas de avaliação e redução de conflitos
dos diferentes objectivos na maximização dos benefícios sociais,
económicos e ecológicos.
2. Oferta e procura de recreio e turismo de natureza, e investigação dos padrões de
comportamento, incluindo a recolha e interpretação de informação sobre a
quantidade e tipo de procura das florestas para recreio, e a sua oferta em
oportunidades recreativas;
a. Harmonização de métodos de inventários do recreio e de pesquisa de
comportamentos, tendo em vista o desenvolvimento de uma base de
informação compatível e comparável em termos da procura de recreio e
turismo em todos os países europeus;
b. Avaliação dos efeitos da demografia e suas variações na procura e no
tipo de recreio, incluindo estudos de avaliação baseados em censos
nacionais e outras estatísticas de cada país, com métodos desenvolvidos
na Acção COST para viabilizar a análise de dados e o cruzamento de
dados;
c. Avaliação de técnicas de harmonização de bases de dados relativos à
oferta de recreio, com objectivos de desenvolver uma melhor difusão de
informação sobre a oferta de recursos recreativos e serviços pela Internet
e outros meios aos proprietários, gestores, administradores e público em
geral;
d. Estabelecimento de contactos interdisciplinares na modelação da procura
e dos comportamentos, e nos impactos sobre os recursos, tais como
pressão de visitantes em sítios sensíveis. Avaliação transnacional de
indicadores e pressões potenciais sobre a natureza baseados em GIS, em
termos de acessibilidade e impactos nos recursos florestais;
3. Planeamento e gestão do recreio associado à floresta que inclui a recolha, análise
e interpretação de informação e dados dos factores físicos, ecológicos, práticos e
económicos que afectam o planeamento e gestão dos locais de recreio.
a. Avaliação de técnicas para determinação da capacidade de carga física e
sua relação com a degradação local; novas abordagens que estão sendo
aplicadas, necessitando ser testadas de forma mais ampla. Realização de
revisão da investigação corrente sobre o tema, tendo em conta as
diferenças regionais na Europa, tais como a floresta da costa
Mediterrânea sujeita ao fogo, as florestas alpinas sensíveis ao pisoteio,
etc.
b. Avaliação da capacidade de carga social, que difere marcadamente da
Europa para a América do Norte. Serão tidas em conta comparações
entre as diferentes densidades de visitas que são aceitáveis nos diferentes
países, juntamente com métodos de avaliação usados para determinar
normas empíricas, e para diferenciar as normas relativas às actividades e
tipos de visitantes.
c. Métodos de recolha e análise de dados em planeamento do recreio, assim
como revisão dos processos de planeamento juntamente com as
metodologias disponíveis, e ainda critica a sua aplicabilidade e robustez.
Tal inclui abordagens para recolha de informação sobre expectativas dos
turistas relativamente à paisagem e ambiente, e estudos de preferências
paisagísticas e métodos de planeamento participativo.
d. Projecto de florestas para recreio e turismo, com revisão sobre as
abordagens dedicadas à plantação de novas florestas e modificações na
configuração das existentes de forma a adaptá-las a actividades
recreativas. Também serão revistas todas as abordagens que combinem
silvicultura, turismo e conservação da natureza.
e. Projecto de infra-estruturas locais de recreio. A grande maioria das infra-
estruturas de recreio utilizadas no espaço florestal é já antiquada, com
várias décadas, não se adaptando ao requerido actualmente em termos
técnicos, ambientais, de segurança e de legislação. Uma revisão dos
requisitos actuais e dos meios disponíveis pelos gestores para avaliarem
a excelência do material disponível será seguido pelo desenvolvimento
de guias para a elaboração de novas infra-estruturas. Serão também
consideradas novas ideias sobre design elaborado em função da procura e
da opinião dos visitantes.
Após duas reuniões com mais de oito dezenas de especialistas de mais de quatro
dezenas de países europeus, foi possível contactar com duas realidades bem distintas.
A primeira refere-se ao recém implementado Scottish Outdoor Access Code. O Scottish
Outdoor Access Code estabelece a partilha responsabilidades e direitos de livre acesso
aos espaços arborizados entre proprietários e visitantes. O visitante tem direito a
desfrutar de livre acesso aos espaços florestais, bem como os proprietários o dever de
disponibilizar o seu espaço, para: (1) actividades informais (picnic, fotografia e
descoberta), (2) percursos (a pé, bicicleta, cavalo, canoa e acampamento livre), (3)
eventos recreativos e educativos, (4) simplesmente travessias de um ponto a outro. Por
outro lado, o visitante tem o dever de, e o proprietário o direito de: (1) responsabilidade
pelo comportamento do visitante, (2) respeitar a privacidade e paz de espírito do
proprietário, (3) ajudar os agricultores, proprietários e outros agentes envolvidos a
trabalhar em segurança e com eficiência, (4) cuidar do ambiente, (5) controlar os seus
animais de companhia, (6) responsabilizar-se pelo comportamento do seu grupo sempre
que seja o caso.
A segunda refere-se ao caso de Chipre, um país recém integrado na União Europeia, e
cujas características biofísicas e socio-económicas atribuem à floresta um papel
dedicado ao recreio e turismo quase em exclusivo. A actividade turística é a principal
fonte de receita do País, registando cerca de dois milhões e quinhentos mil visitantes por
ano para uma população de oitocentos mil habitantes. Neste caso, à floresta é reservado
a função de acolher uma crescente procura de percursos pedonais em alternativa à praia,
os quais tem ainda um carácter acrescido de acesso a locais de notável valor natural e
cultural. Por outro lado, na cultura de lazer nacional cipriota, ocupam lugar de especial
relevo os picnics, cuja pressão sobre determinados locais punham em perigo a sua
sustentabilidade, seja pelo risco de incêndio, pela deposição de lixo, ou pelo pisoteio e
erosão. Tal foi ao longo das últimas décadas devidamente regulamentado, quer pela
adopção de standards de equipamentos sinalética, quer pela difusão de informação sobre
as características dos locais disponíveis e respectiva capacidade, quer ainda por
campanhas de sensibilização ambiental e segurança protagonizadas por vigilantes
devidamente formados para tal.
O caso português encerrará bons e maus exemplos, mas ainda não contempla de uma
forma sistemática as actividades de recreio aos diversos níveis de planeamento, desde a
estratégia nacional para o espaço florestal, até ao projecto de arborização individual,
passando pelos planos regionais e municipais de ordenamento florestal. Com
planeamento, regulamentação e gestão efectiva do turismo e recreio associado aos
espaços florestais conseguir-se-ão receitas adicionais para a produção madeireira ou
para estímulo da conservação da biodiversidade. Uma gestão activa a longo prazo será a
solução para os potenciais conflitos entre os diferentes aspectos do uso múltiplo da
floresta. Pensamos que a compatibilização entre turismo, silvicultura e conservação da
natureza, com o envolvimento dos proprietários e agricultores, serão factores-chave no
desenvolvimento rural em Portugal. Do nosso ponto de vista, tal é um designo
inadiável, capaz de estabelecer uma relação diferente do cidadão para com a floresta
como base primordial para a sua protecção.

S-ar putea să vă placă și