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Assim, como se vê, o homicídio preterdoloso nada mais seria que uma
“construção doutrinária” consistente em lesão corporal seguida de morte (art.129, §
3º, CP), com pena variando de 4 a 12 anos de reclusão2. Porém, o punctum saliens da
problemática é que o art. 129, § 3º, in fine, do Código Penal faz ressalvas para a
configuração de tal delito: “Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o
agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo” (destacamos) -
em alusão à figura do dolus eventualis. Aqui merece ser feito parênteses.
1
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código de Direito Penal. 3.ed. Rio de Janeiro: Revista Forense,
1955, p. 361.
2
Apenas para efeito de comparação, a pena do homicídio qualificado (art. 121, §2º do CP) varia de 12
a 30 anos de reclusão, sendo, ademais, crime hediondo.
3
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. 26.ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 291, v 1.
4
PRADO. Luiz Régis e BITENCOURT, Cezar Roberto. Elementos de direito penal: parte geral. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1995, p. 87.
2
caracterizar o instituto, sendo necessário, ademais, que o sujeito consentisse em sua
produção.
5
STRECK, Lenio Luiz. Tribunal do júri: símbolos e rituais. 3. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
1997, p. 155.
6
Op. cit, p. 113, v 1.
7
JAKOBS, Günther. La imputación objetiva en Derecho penal, p.107.
8
FRAGOSO, H. C. Lições de direito penal – A Nova Parte geral. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991,
p. 223.
3
bom deixar bem claro que haverá confusão entre os dois conceitos, podendo-se
estabelecer, por conseguinte, uma “política criminal do terror”.
9
NORONHA, E. Magalhães. Direito penal; dos crimes contra a pessoa. 26 ed. São Paulo, Saraiva,
1994, v.2, p.255.
4
Frise-se que, anteriormente, havia ocorrido a desclassificação do crime,
pelo juízo a quo, por entender que se tratava de típica lesão corporal seguida de morte
tendo-se em vista diversos argumentos, dentre eles: “o fogo normalmente não
mata”; “os acusados nunca anuíram ao resultado morte” e o “resultado morte
lhes escapou à vontade” só podendo a eles ser atribuído pela ‘previsibilidade’
(referindo-se à culpa).
5
É o que, aliás, categoricamente dispõe a Súmula 603 do Supremo
Tribunal Federal: “A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz
singular e não do Tribunal do Júri”. Excepcionalmente, porém, o latrocínio poderá ser
julgado perante o júri na hipótese de conexão (ex vi do art. 78, § 1º, do Código de
Processo Penal) com um caso que deva ser submetido a julgamento pelo Júri.
10
WELZEL, Hans. Derecho penal aleman, Santiago de Chile, Ed. Juridica de Chile, 1993, p.
83.
11
Vale destacar, conforme referencia Fernando Capez, que o Supremo Tribunal Federal fez a
diferenciação entre: latrocínio e homicídio em concurso com roubo por ocasião do julgamento
do HC nº 84.217/SP, rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ: 27-8-2004. Cf.: CAPEZ, Fernando.
Curso de direito penal: parte especial. 6ª ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2006, v.2, p. 424.
6
BIBLIOGRAFIA
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte especial. 6ª ed. rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2006, v.2.
FRAGOSO, H. C. Lições de direito penal – a nova parte geral. 13. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1991.
JESUS, Damásio E. de. Direito penal. 26.ed. São Paulo: Saraiva, 2003, v 1.