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STYLIZED
STYLIZED FACTS
FACTS ON
ON ACCESS
ACCESS
TO
TO CREDIT
CREDIT
Análise
Análise do
do artigo
artigo de:
de:
Diana
Diana Bonfim
Bonfim || Daniel
Daniel A.
A. Dias
Dias || Christine
Christine Richmond
Richmond
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WHAT HAPPENS AFTER DEFAULT? STYLIZED FACTS ON ACCESS TO CREDIT
Economia Bancária
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Análise Critica
Este artigo nasceu da necessidade de preenchimento de uma lacuna empírica relativamente
ao que acontece às empresas após o incumprimento “What happens to firms post-default? And
when are firms able to regain Access to financial markets after experiencing an episode of
financial distress / default?”
Estas questões tornaram-se mais relevantes devido à crise financeira global iniciada em
2007, que provocou instabilidade acentuada das empresas, levando, muitas delas, ao
incumprimento dos seus empréstimos bancários. Também a literatura sobre o incumprimento
das empresas aumentou consideravelmente devido à introdução do novo acordo Basileia II,
publicado em 2004 pelo Comité de Basileia. Segundo Chianamea (2006) este tem como
objectivo manter a solvência das instituições financeiras pela manutenção de um capital
suficiente às possíveis perdas de valor dos activos do banco, dando muito mais atenção ao risco
inerente a cada processo de financiamento.
Assim, os autores do artigo em análise têm como objectivo obter resposta para as questões:
• as empresas irão superar a crise e conseguir novo acesso ao crédito?
• quais os factores mais importantes neste processo?
• será que as características do incumprimento podem afectar a retoma do acesso ao
crédito?
Para ajudar à evidência empírica foi utilizada a base de dados da Central de Riscos do
Banco de Portugal e escolhida uma amostra que inclui todas as empresas portuguesas com
empréstimos bancários entre 1995 e 2008. O espaço temporal escolhido detém dois
acontecimentos relevantes: a convergência para a UEM (União Económica e Monetária) e a
crise financeira de 2007 e 2008. Este estudo detém qualidade de informação, pois esta base de
dados é actualizada mensalmente por todos os bancos. É extremamente importante que, para a
atribuição de novos financiamentos, se verificar se existe registo de incidentes, renegociações,
tipos de crédito e se aplicável até a respectiva prestação. Desta forma, aquando de um novo
financiamento, acedendo à base de dados, estamos já a eliminar algum risco relativo à
concessão de crédito, porque com a análise verificamos se a empresa possui algum tipo de
financiamento, registo de incidentes, à quanto tempo e gravidade dos mesmos.
Segundo Chianamea (2006) com o surgimento de Basileia II tem existido uma crescente
preocupação na gestão do risco associada a novos financiamentos, tendo as entidades
financeiras desenvolvido medidas internas de mensuração, efectuando a ponderação pelo tipo
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de exposição ao risco e pelo tipo de mutuário, ou seja, as instituições têm desenvolvido ratings
internos avançados o que, dada a sua maior precisão e sensibilidade ao risco, permite uma
melhor avaliação e controlo do risco de crédito, estipulando um prémio de risco ajustado a
cada financiamento.
Quando uma empresa entra em incumprimento, o tempo que demora a resolvê-lo é um
factor determinante para a definição da sua gravidade, logo, quanto mais tempo demorar, mais
difícil será ultrapassá-lo. Segundo os autores verifica-se que, em média, se o incumprimento
não estiver resolvido em menos de 1 ano, poderá levar vários a ser resolvido, sendo que, 50%
dos episódios duram 5 trimestres e, destes, metade são resolvidos em menos de 1 ou 2
trimestres.
Quanto ao período pós incumprimento, 59% das empresas têm acesso ao crédito, mas,
destas, apenas ¼ estão em condições de aumentar a sua dívida bancária. O estudo demonstra
também que, na maioria dos casos, a retoma das relações bancárias está relacionada com a
entidade onde a empresa tinha financiamento, pois a sua credibilidade no mercado ficou
danificada e será mais fácil restabelecer a ligação confiança e valorização com a entidade
financeira que conhece as capacidades da empresa na superação de uma situação complicada.
Salienta-se ainda que, após 1 ano, 25% das empresas entram novamente em
incumprimento. No entanto, o artigo refere que todas aquelas que conseguem recuperar de uma
situação de incumprimento ocorrido em período de recessão têm menos probabilidade de voltar
a passar uma situação de crise recuperando mais depressa o acesso ao crédito, isto porque, a
probabilidade de incumprimento será menor, pois se a empresa consegue recuperar de uma
situação económica desfavorável, reconquista muito mais facilmente a confiança do mercado
financeiro, na sua estrutura e na sua capacidade de criar valor.
Os episódios de incumprimento segundo os autores estão caracterizados em três elementos:
1) incidência e montante do incumprimento; 2) a duração do episódio de incumprimento; 3) os
prejuízos em última análise enfrentados pela instituição financeira. O entendimento de cada um
destes elementos é de enorme importância, pois detêm um impacto directo na forma como as
instituições financeiras efectuam a gestão da sua exposição ao risco e na forma como as
agências de regulamentação determinam as suas políticas.
Com base na análise dos dados, os autores verificaram que no período da amostra existiu
um aumento significativo da concessão de crédito às empresas e do número de empresas com
acesso ao crédito, devendo-se, este facto, em muito à liberalização do mercado financeiro
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português no final da década de 80 e princípio de 90, bem como ainda devido aos critérios de
convergência com a UEM.
A concessão de crédito teve uma tendência crescente, o qual foi acompanhado de forma
positiva entre 1995 e 2000 pelo registo da diminuição do incumprimento, no entanto, a partir
de 2001, esta tendência inverteu-se e os incumprimentos tornam-se mais frequentes, embora o
seu tamanho e gravidade diminuíssem gradualmente no decorrer do período da amostragem.
Quanto ao tempo em incumprimento, os autores, mediante a análise de dados, puderam
concluir que o tempo e a gravidade do incumprimento estão directamente correlacionados, ou
seja, as empresas que se mantêm mais tempo em incumprimento são aquelas em que os
choques iniciais foram também mais graves. Contudo, o tempo em incumprimento, em média,
não é muito grande, pois mais de 50% das empresas ultrapassa a crise, no máximo, em 5
trimestres, sendo que os casos mais complicados são os que detêm uma durabilidade de mais
de 3 trimestres. A partir do 6.º trimestre será muito mais difícil resolver o episódio de
incumprimento. Os autores salientam ainda que as empresas maiores detêm mais facilidade em
ultrapassar situações de crise e, se o choque for temporário, existe toda a vantagem na
negociação entre devedores e financiadores. Porém, se este se prevê ser permanente, a
probabilidade de honrar os compromissos é diminuta, logo a negociação não será benéfica.
Segundo Chianamea (2006) as perdas incorridas pelos bancos, de acordo com o Basileia II,
podem ser esperadas e inesperadas. Se a perda for esperada o banco deve efectuar provisões,
logo se realmente se concretizar fica coberto o incumprimento pelo valor provisionado, prática
aliás frequentemente utilizada pelos bancos. Agora, se a perda for inesperada, ela pode ser
calculada de duas formas: pelo modo padrão ou por modelos internos, sendo este último
subdividido em foundation e avançada, ficando os riscos cobertos por capital dos bancos.
Para um melhor entendimento do cálculo das perdas em Basileia II, segundo a directiva
habitualmente designada por Capital Requirements Directive (CRD), descrita no site do Banco
de Portugal (2009), o novo regime de adequação de capital encontra-se subdividido em três
pilares: o 1.º - determinação dos requisitos mínimos dos fundos próprios para cobertura de
riscos de crédito (aplicável ao artigo em análise), de mercado e operacional; o 2.º - processo de
avaliação pela autoridade de supervisão e o 3.º - Disciplina de Mercado. Quanto ao risco de
crédito, este detém dois métodos de cálculo, o método Padrão, que tem como alicerce as
notações divulgadas por agências de notação externas reconhecidas para o efeito. De um modo
geral, este método baseia-se na ponderação dos riscos em função do tipo de mutuário e do tipo
de posição em risco. O segundo, método das Notações Internas (IRB), possui duas vertentes,
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mais pequenas e com poucas relações bancárias, estando correlacionada com o nível de
confiança dos financiadores.
Segundo Luís Mira Amaral, num debate realizado no Instituto Superior Bancário a
01/07/2003 sobre a aplicação de Basileia II, “as repercussões negativas que o acordo terá no
acesso ao crédito por parte das PME, pois estas terão teoricamente pior cotação – logo maior
probabilidade de incumprimento –, quer nos ratings de agências externas, quer nos bancos
que utilizem o método IRB avançado.” Torna-se importante referir que alguns bancos apesar
das probabilidades de incumprimento estão dispostos a dar um voto de confiança e a financiar
novos clientes que num passado recente tenham registado incidentes.
Referências Bibliográficas
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