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Resumo
∗
Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu-
MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008.
1
Médico, Professor doutor Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
Juiz de Fora/UFJF.
2
Professor doutor em Demografia, Dep. de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
3
Médica graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
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Acadêmica de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
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Perfil da Capacidade Funcional do Idoso∗
Introdução
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M. T.: “(...) o certo e verdade é que os idosos têm alcançado uma proporção e um
volume total nas sociedades que têm se constituído em um problema social. Pela
primeira vez os velhos e as velhas se tornaram visíveis no mundo e suas necessidades e
problemas começam a ser necessidades e problemas da sociedade” (Sanches Vera,
1993). Este impacto é notável principalmente nos sistemas de saúde, que não se
encontram estruturados para atender à crescente demanda, especialmente deste
segmento etário. Com o aumento da longevidade, comprovado pelos dados do Censo
Demográfico de 2000 (segundo dados do IBGE, a população maior de 60 anos, no
referido ano, constituía cerca de 8,5% do total, contrastando com dados do censo de
1980, em que a mesma população correspondia a cerca de 6% do total), e a redução da
fecundidade, o nosso país deixa de ter um quadro caracterizado por uma população
jovem com maior ocorrência de doenças infecciosas para constituir uma nova realidade,
na qual predominam as patologias crônicas, típicas de uma população idosa.
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Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu-
MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008.
1
Médico, Professor doutor Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
Juiz de Fora/UFJF.
2
Professor doutor em Demografia, Dep. de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
3
Médica graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
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Acadêmica de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
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Diante da complexidade dos fatos, torna-se necessária uma reestruturação do
sistema de saúde no sentido de promover uma assistência adequada a essa população,
focada no cuidado e na prevenção, diagnóstico precoce e tratamento das doenças
crônicas e das incapacidades associadas do idoso.
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Médico, Professor doutor Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
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Professor doutor em Demografia, Dep. de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
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Médica graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
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A implantação desta nova concepção requer a ampliação do conhecimento do
quadro sócio-epidemiológico e, a partir daí, a adoção de estratégias adequadas, como o
desenvolvimento de um protocolo de atendimento que, de maneira simples, estratifique
os idosos quanto ao risco de perda da capacidade funcional e fragilidade,
acompanhando-o de forma eficiente de acordo com este risco. Deve-se, portanto,
investir no idoso saudável e na qualidade de vida dos que já têm alguma doença, mas
ainda dotados de algum grau de autonomia funcional, e criar programas qualificados, de
base domiciliar, para os já fragilizados e dependentes.
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Médico, Professor doutor Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
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Professor doutor em Demografia, Dep. de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
3
Médica graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
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Acadêmica de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
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Essa pesquisa tem por objetivo descrever o perfil socioeconômico-
demográfico, o uso de serviços de saúde e as condições de saúde da população idosa
abrangida pelo Programa de Saúde da Família de Juiz de Fora, além de identificar e
analisar a capacidade funcional desta população, considerando os fatores relacionados
com as condições sócio-ambientais e, portanto, passíveis de intervenção. Ao entrevistar
os cuidadores, visamos conhecer o perfil dos mesmos, com relação ao nível de
instrução, ao nível socioeconômico e suas motivações, além de avaliar a capacidade de
exercer a referida função.
Metodologia
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Professor doutor em Demografia, Dep. de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
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indicadores de uso de serviços de saúde e filiação a plano privado de saúde, além de
indicadores de capacidade funcional.
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Médico, Professor doutor Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
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Professor doutor em Demografia, Dep. de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
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dinheiro. Utilizamos, para a avaliação das AIVD, a escala de Lawton, que contém os
itens acima mencionados. A pontuação para cada item é distribuída da mesma forma
que no Índice de Katz, sendo 21 pontos referente à dependência máxima e de 7 pontos à
máxima independência.
Resultados
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uma queda nos últimos 12 meses, sendo que esta proporção apresentou tendência a
aumentar com a idade. Os idosos estão satisfeitos com a sua saúde, já que foi
classificada como, no mínimo, boa por 64,2% dos entrevistados.
Com relação aos indicadores de capacidade funcional, foi constatado que
41,8% dos idosos são completamente independentes, pois tiveram um total de 13 pontos
na soma das variáveis das escalas de AVD e AIVD, o que significa que não necessitam
de auxílio em nenhuma das atividades básicas e instrumentais da vida diária; 51,1%
apresentaram uma pontuação entre 14 e 25 na soma das mesmas
variáveis acima citadas, sendo incluídos na classe de dependência leve a moderada,
5,9% apresentaram pontuação entre 26 e 38 e foram classificados como tendo uma
dependência elevada; 1,2% dos participantes completaram um total de 39 pontos, o que
indica que eles dependem totalmente de auxílio para todas as atividades básicas e
instrumentais da vida diária, sendo, portanto, classificados como completamente
dependentes. Observou-se, portanto, que 58,2% dos idosos apresentaram algum grau de
dependência e este percentual se eleva com a idade. Entre os participantes do estudo,
17,3% (113) possuem um cuidador, havendo, entre estes, um predomínio de idosos com
idade mais avançada (80 anos ou mais).
Todos os cuidadores dos idosos foram entrevistados e o sexo feminino foi
predominante. O maior percentual de cuidadores é constituído por filhos (as) do idoso
em questão, seguido por cônjuges. Apenas 3 cuidadores eram contratados para realizar
tal função, sendo estes enfermeiros ou técnicos de enfermagem. Quanto ao nível de
escolaridade dos cuidadores, um pouco mais da metade afirmaram ter cursado no
máximo o ensino fundamental completo e os analfabetos constituíram um total de 7,1%.
Quando questionados sobre terem recebido ou não orientação formal referente aos
cuidados com os idosos, apenas 18,9% dos cuidadores foram orientados sobre
prevenção de quedas (8,5% pela UBS e 10,4% por outra pessoa /local); 14,1%
receberam orientação sobre cuidados e prevenção de escaras (4,7% na UBS e 9,4% em
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outro local/pessoa); com relação à orientação sobre alimentação adequada, apenas
19,3% relataram tê-la recebido (7,3% na UBS e 12,3% em outro local/pessoa); 25,5%
foram orientados sobre administração adequada de medicação (12,3% na UBS e 13,2%
em outro local/ pessoa); 17,9% receberam orientação sobre higiene do idoso (4,7% na
UBS e 13,2% em outro local/pessoa) e 16,1% foram orientados sobre manipulação e
posicionamento no leito (3,8% na UBS e 12,3% em outro local /pessoa).
A tabela 1 apresenta as atividades realizadas pelos cuidadores e as respectivas
proporções das mesmas.
Tabela 1
Atividades realizadas pelos cuidadores
Atribuições do Cuidador SIM
Pagar contas 79,5%
Fazer compras 79,1%
Levar ao médico 77,1%
Receber pagamento do idoso 73,1%
Administrar medicação 57,7%
Auxiliar na locomoção 41,8%
Dar banho 41,8%
Auxiliar na alimentação 40,0%
Transferir de lugar 29,4%
Fazer curativos 26,6%
Cuidar da pele (escaras) 23,9%
Fazer exercícios 9,1%
Lidar com sondas 3,7%
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Discussão
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idosos que tenham uma avaliação mais pessimista que otimista da saúde. (Mor V et al.,
1989.) Além disso, quanto pior o idoso avalia sua condição de saúde, maior a proporção
de idosos que possuem cuidador.
No que diz respeito a atividades contidas nas variáveis AVD e AIVD,
atividades cotidianas, como fazer compras, preparar refeições, tornam-se muito
importantes e parecem traduzir a idéia de vida ativa e serem capazes de contribuir para a
manutenção da capacidade funcional. O fator mais importante para se avaliar a
dependência e também o risco de mortalidade do indivíduo frágil é a sua capacidade
para desempenhar as AVD. Idosos com dependência para sete ou mais AVD têm três
vezes mais risco de morte do que aqueles indivíduos independentes. (Ricci NA, et al.,
2005).
Esse estudo mostra que os cuidadores são predominantemente do sexo
feminino. Isso pode ser considerado como um reflexo da cultura já existente de que as
mulheres são destinadas às atividades do lar, aos cuidados com os filhos, com o marido,
estendendo isso aos idosos que necessitem de cuidados. Com a análise dos resultados, é
possível afirmar que a responsabilidade sobre o cuidado com o idoso dependente recai
principalmente aos familiares, já que a grande maioria dos cuidadores são filhas e
cônjuges e uma ínfima parcela é composta por cuidadores “especializados”, com
formação na área de enfermagem ou técnico de enfermagem. Quanto ao nível de
escolaridade dos cuidadores, grande parte desses afirmam ter completado somente o
ensino fundamental. Este fato associado à realidade evidenciada pelo estudo de que os
cuidadores, em sua maioria, recebem pouca orientação específica sobre cuidado com
idosos desfavorece a situação desses últimos, pois, quanto menor a preparação dos
cuidadores para tal função, pior será a qualidade do cuidado prestado ao idoso e mais
riscos este irá apresentar com relação à perda da capacidade funcional e redução de sua
qualidade de vida.
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Portanto, as intervenções no atendimento domiciliar aos idosos devem se
basear na interação profissional de saúde-idoso-cuidador-família, para o processo de
tomada de decisões sobre o cuidado. É essencial investigar a concordância entre a
percepção do cuidador e a observação do profissional quanto à capacidade funcional do
paciente em seu domicílio, para que metas e objetivos de ambos possam ser
semelhantes, trazendo o benefício necessário para a reabilitação do idoso e recuperação
da sua qualidade de vida, além de diminuir a carga de serviços prestados.
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Conclusão
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relacionados à incapacidade funcional, mas também à diminuição dessa incapacidade
com melhoria da qualidade de vida.
Nesse sentido, a Política Nacional de Saúde do Idoso apresenta “como
propósito basilar a promoção do envelhecimento saudável, a manutenção e a melhoria,
ao máximo, da capacidade funcional dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação
da saúde dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a sua capacidade
funcional restringida, de modo a garantir-lhes permanência no meio em que vivem,
exercendo de forma independente suas funções na sociedade”. (Brasil, 1999:21). Assim
sendo, o grande desafio para o sistema é conseguir traduzir os avanços obtidos no
campo legal em mudanças efetivas e resolutivas da prática da atenção à saúde da
população idosa.
Através desta pesquisa, obtivemos dados referentes às fragilidades dos idosos e
da atenção à saúde dos mesmos, seus pontos passíveis de intervenção, além do perfil e
as deficiências de preparação dos cuidadores para exercer a referida função. Deste
modo, os conhecimentos gerados por essa pesquisa podem transformar-se em subsídios
para a implantação de programas e planejamento de estratégias de atendimento e
intervenção adequados à realidade do município, contribuindo assim para um processo
de envelhecimento, senão com a qualidade de vida plena, que ao menos tenda para tal
direção.
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Médico, Professor doutor Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
Juiz de Fora/UFJF.
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Professor doutor em Demografia, Dep. de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
3
Médica graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
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Acadêmica de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
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Professor doutor em Demografia, Dep. de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
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Médica graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora/UFJF.
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