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ESPIRITUAL
NA
CASA ESPÍRITA
2009
1
ÍNDICE
1 – APRESENTAÇÃO............................................................................................................... 3
2 – RECEPÇÃO NA CASA ESPÍRITA .................................................................................... 8
2.1 – Introdução .................................................................................................................... 8
2.2 – A Casa Espírita ............................................................................................................ 9
2.3 – Perfil do Trabalhador ............................................................................................... 14
2.4 – Palavras Finais ........................................................................................................... 16
2.5 – Referências Bibliográficas ........................................................................................ 18
3 – ATENDIMENTO FRATERNO ......................................................................................... 20
3.1 – Introdução .................................................................................................................. 20
3.2 – Atendimento Fraterno: Definição ............................................................................ 21
3.3 – Condições necessárias para o Atendimento Fraterno ............................................ 24
3.4 – Preparação para o Atendimento Fraterno .............................................................. 26
3.5 – Estágios do Atendimento Fraterno .......................................................................... 33
3.6 – Atendimento iniciado pelo Atendido ....................................................................... 35
3.7 – Atendimento iniciado pelo Atendente ...................................................................... 36
3.8 – Dinâmica do Atendimento ........................................................................................ 36
3.9 – Palavras Finais ........................................................................................................... 38
3.10 – Referências Bibliográficas ...................................................................................... 40
4 – EVANGELHO NO LAR .................................................................................................... 43
4.1 – Introdução .................................................................................................................. 43
4.2 – Implantação do Evangelho no Lar ........................................................................... 45
4.3 – Dinâmica do Estudo .................................................................................................. 47
4.4 – Palavras Finais ........................................................................................................... 49
4.5 – Referências bibliográficas ......................................................................................... 51
5 – VISITAÇÃO A LARES E HOSPITAIS ............................................................................ 53
5.1 – Introdução .................................................................................................................. 53
5.2 – A Visita ....................................................................................................................... 53
5.3 – Preparando a Visita Fraterna .................................................................................. 57
5.4 – A Tarefa ...................................................................................................................... 59
5.5 – Observações Gerais ................................................................................................... 64
5.6 – Palavras Finais ........................................................................................................... 65
5.7 – Referências Bibliográficas ........................................................................................ 66
6 – REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO .......................................................................................... 68
6.1 – Introdução .................................................................................................................. 68
6.2 – Reunião de Irradiação ............................................................................................... 69
6.3 – A Equipe ..................................................................................................................... 73
6.4 – Reunião: Condições de Realização ........................................................................... 79
6.5 – Palavras Finais ........................................................................................................... 84
6.6 – Referências Bibliográficas ........................................................................................ 86
7 – PASSE ESPÍRITA.............................................................................................................. 89
7.1 – Introdução .................................................................................................................. 89
7.2 – O Passe ........................................................................................................................ 90
7.3 – O Passista ................................................................................................................... 97
7.4 – Como Aplicar o Passe .............................................................................................. 100
7.5 – Por que Aplicar o Passe........................................................................................... 102
7.6 – Porque Receber o Passe .......................................................................................... 105
7.7 – Conclusão ................................................................................................................. 107
7.8 – Referências Bibliográficas ...................................................................................... 111
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1 – APRESENTAÇÃO
“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não
houvermos desfalecido”. Paulo (Gálatas, 6:9).
A União Espírita Mineira – UEM, por meio de seu Setor de Atendimento Espiritual –
SATES, promove ações junto aos Conselhos Regionais Espíritas – CRE, com o propósito de
oferecer subsídios para o atendimento espiritual exercitado nos Centros Espiritistas.
Desde a Codificação da Doutrina dos Espíritos pelo nobre Allan Kardec a expansão de
seus ensinamentos e a dinamização de seus conteúdos força-nos a efetuar, periódica e
conjuntamente com nossos confrades, o exercício de avaliação dos trabalhos, sopesar as
prioridades, investir na qualificação das ações, dinamizar conhecimentos e informações
trazidos do Plano Espiritual, para que possamos melhor compreender as tarefas para as quais
nos candidatamos nos Centros Espíritas.
O SATES, nesse processo, tem a humílima função de dar suporte e compilar as
informações vindas das experiências das diversas Casas Espíritas do estado e do país, com o
propósito de promover o intercâmbio entre os trabalhadores da Seara de Jesus. Estamos
falando de uma tarefa intermediária, interativa e, principalmente, comprometida com a causa
da Doutrina e do Evangelho de Jesus.
No propósito sincero de intermediar e promover o atendimento eficaz aos que
necessitam e procuram o auxílio na fraternidade, o SATES, de modo singelo, procurou
desenvolver uma metodologia de ação para os trabalhadores dos Centros Espíritas: uma
metodologia fundada nos ensinamentos de Jesus, que denominamos Metodologia Crística.
A Metodologia, por si só, é conhecida como um conjunto de métodos racionais,
viáveis e executáveis para se alcançar um fim específico. Palavra de origem grega
“methodos”, é o caminho utilizado para chegar a um fim.
Em nossa tarefa fazemos uso da Metodologia Crística como um conjunto de
procedimentos, reiterados, integrados e sucessivos que busca educar aos que adentram as
Casas Espíritas, por meio do consolo, da assistência espiritual e da inserção em um processo
educativo esclarecedor.
A Metodologia Cristica, proposta pelo SATES, utiliza-se da “terapêutica” educativa
desenvolvida pelo acolhimento do irmão, por saber ouvi-lo em seus infortúnios, pela
oportunidade de consolá-lo em sua dor, pela orientação segura no Evangelho de Jesus e na
Doutrina dos Espíritos, pelo encaminhamento correto nas Casas Espíritas e pelo
acompanhamento fraterno e libertador.
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Em consonância com os ideais pedagógicos de Pestalozzi, a Metodologia Cristica,
com sua proposta educativa e libertadora opera no desenvolvimento da inteligência, ao educar
a mente; no desenvolvimento da saúde, da harmonia íntima e da agilidade, ao educar as
nossas obras; e, por fim, no desenvolvimento do amor a Deus e ao próximo, ao educar os
corações.
Entendemos que a Evolução é uma Lei Divina irrevogável, da qual ninguém poderá
fugir. Acreditamos, ainda, que o Espiritismo é uma doutrina educativa. Educativa, pois com
ele temos acesso ao conhecimento que desvela nosso próprio ser. Um tipo de conhecimento
diferente daquele que é veiculado pelos Institutos educacionais terrenos, já que seu objeto não
é tangível e se processa principalmente nos escaninhos de nossas almas.
Em muitos momentos, quando estamos obrando nas Casas Espíritas, ocorrem-nos
dúvidas sobre como procedermos diante de uma determinada circunstância inusitada. Esses
momentos de dificuldades são extremamente produtivos, por nos revelar nossa necessidade de
interagir com irmãos de luta doutrinária, acolhendo conselhos, compreendendo orientações e
aceitando críticas.
A finalidade deste conjunto de apostilas, ou como preferimos chamar, da Metodologia
Cristica de educação terapêutica desenvolvida pelo SATES é tentar suprir as carências no
trato diário das Casas Espíritas e prover-nos, na necessidade, com subsídios calcados em
bases evangélicas e doutrinárias para as tarefas. Trata-se de um material didático elaborado
pela contribuição direta e/ou indireta de muitos amigos encarnados e desencarnados, que, pela
impossibilidade de aqui nomeá-los, queremos agradecer, cada um, a grandiosa e
imprescindível contribuição.
A União Espírita Mineira, através do SATES, como setor de apoio educativo, pretende
promover grupos de qualificação de frentes de trabalhos, tendo em mente novos campos de
atuação e a qualificação das frentes já existentes, mantendo, contudo, suas bases cada vez
mais ajustadas ao Evangelho de Jesus e à Doutrina dos Espíritos.
A proposta de implantação da Metodologia Cristica, em momento algum, como tem
sido repetido reiteradas vezes, pretende esgotar os temas aqui apresentados e, muitos menos,
determinar e limitar a atuação dos trabalhadores das Casas Espíritas, que há anos
desenvolvem suas tarefas sob as bênçãos do Alto. Ao contrário, a proposta é de educar
interagindo saberes, qualificando ações, respeitando diferenças e, acima de tudo, promovendo
a evolução de todos os filhos de Deus.
Assim, o SATES lança uma proposta de unificação e integração com os trabalhadores
espíritas, no sentido de incentivá-los a ler os módulos e auxiliar-nos a implementar melhorias
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nos textos, que em momento algum pretendem determinar regras a ser cumpridas ou, ainda,
modificar procedimentos eficientes hauridos pela luta de muitos anos.
Entendemos que o Atendimento Espiritual deve se revestir de ações fraternas e
contínuas para os que freqüentam a Casa Espírita e os que nela obram diariamente.
Em que pese o esforço despendido para reunir os 05 (cinco) módulos, que tratam de
algumas tarefas, que consideramos de grande importância, afirmamos que o trabalho maior é
o que é feito pelo Mestre Jesus, pois só ele é capaz de escrever nas páginas de nossa alma as
regras divinas fundamentais à elevação de nosso espírito, à sublimação de nossos sentimentos
e à nossa transformação em seres de Bem.
No mundo moderno, é notável a necessidade de nos capacitarmos constantemente,
pois são inegáveis os grandes progressos alcançados pela Humanidade, em todos os setores.
Nesses diversos espaços, devemos tentar viver o Cristianismo Redivivo pautado no amor
dedicado ao próximo e na construção de um ambiente fraterno. Essas experiências com o
Outro são exercitadas nas diversas frentes de trabalhos voluntários oferecidos pelas Casas
Espíritas. Foram essas vivências, ao longo de muitos anos, que nos proporcionou este material
de reflexão e estudo que destaca temas como:
Recepção: momento de acolhida aos irmãos que solicitam ajuda e orientação, muitas
vezes, em estado de desequilíbrio físico, emocional e espiritual. Nessa tarefa é preciso carinho
e paciência, na sincera disposição de servir e orientar.
Atendimento Fraterno pelo diálogo: oferecido aos que procuram e/ou freqüentam a
Casa Espírita em busca de esclarecimento e consolo para seus sofrimentos;
Explanação do Evangelho à luz da Doutrina Espírita: orientação de caráter moral e
consolador, que leva aos ouvintes a palavra do Mestre.
Passe e Magnetização da Água: recursos espirituais diretamente aplicados às
necessidades individuais daqueles que buscam ajuda no Espiritismo;
Visita aos Lares e hospitais: momento em que equipes de visitação aos lares e/ou
hospitais procuram levar conforto por meio da palavra evangélica e do passe magnético;
Evangelho no Lar: procura incentivar e esclarecer sobre os benefícios hauridos na
intimidade dos lares, quando este hábito é efetivado. O Culto do Evangelho no Lar, que
propicia a reunião da família em torno da palavra do Mestre, traz a oportunidade de reunião
da família, aproximando uns aos outros;
Irradiação Mental: reuniões em que são efetuados estudos e preces por todos os que
procuram a Casa Espírita em busca de socorro.
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É importante destacar que, o SATES, neste momento em que apresenta, por meio
deste material didático, uma Metodologia Cristica de bases educativas, tem como meta
oferecer orientação às Casas Espíritas na implantação, manutenção e qualificação de suas
atividades e, concomitantemente, receber auxílio de todos para aprimorar ainda mais esta
proposta de ação. Nosso objetivo é, portanto, oferecer apoio aos órgãos unificadores,
estimulando os que buscam o Espiritismo e os que já trabalham nas Casas Espíritas ao
progresso individual e coletivo.
O Espiritismo é uma doutrina que tem por ponto fulcral a fé raciocinada e incentiva a
busca do estudo edificante. Educar é para nós Espíritas um dos pontos relevantes para a
iluminação e a conquista do discernimento, tão necessários no momento em que
vislumbramos o Mundo de Regeneração. Para isso, esperamos poder continuar servindo a
Jesus e contar com o apoio de toda comunidade espírita para divulgar, implantar, transformar,
opinar e criticar este trabalho.
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RECEPÇÃO NA
CASA ESPÍRITA
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2 – RECEPÇÃO NA CASA ESPÍRITA
2.1 – Introdução
“Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e
achará pastagens”. Jesus (Jo, 10:9).
Em breves linhas a proposta desta apostila é refletir e, a partir daí, rever a prática da
RECEPÇÃO no Centro Espírita, que para muitos, pela constância com que são exercidas,
tornam-se repetições de movimentos automáticos, que não demandam cuidados especiais por
serem considerados preliminares.
A RECEPÇÃO Espírita deve seguir algumas diretrizes procedimentais, tendo em vista
a necessidade dos grupos dinamizarem seus setores de tarefas, a fim de atender a demanda
que surge no dia-a-dia.
Inúmeros são os irmãos infelizes, desiludidos, desinformados, curiosos que vão
buscar, nos Centros Espíritas, as mais variadas respostas para suas dúvidas, soluções para seus
problemas, fenômenos de curas, contato com espíritos, familiares ou mentores, etc. Enfim, um
bom percentual de pessoas chegam aos ambientes espiritistas com idéias equivocadas sobre o
que irão encontrar.
Assim, é valioso o esclarecimento para o iniciante. É preciso que, logo nos primeiros
contatos, de modo adequado e fraterno, o RECEPCIONADO fique ciente de que um Centro
Espírita comprometido com a Doutrina Espírita e com o Evangelho de Jesus, é um lugar em
que ele poderá obter consolo e orientação para as suas necessidades, desde que desenvolva a
fé, dinamize o merecimento, amplie a boa vontade e persevere em seguir as orientações do
Evangelho de Jesus.
Por isso, os trabalhadores e divulgadores da Doutrina Espírita, na intenção de ajudar
os que sofrem, ao incentivarem o neófito ou o necessitado a procurar o Centro Espírita,
precisam compreender a importância do convite e observarem a forma adequada para
promovê-lo.
É um erro apresentar o Centro Espírita como o remédio para todas as doenças, criando
no irmão fragilizado falsas esperanças e promessas infundadas de soluções instantâneas. Há
aqueles que chegam a indicar nomes de pessoas, tarefeiros da casa, como os únicos capazes
de “resolver o caso”; um equívoco grave que gera complicações no ambiente e obstáculos no
atendimento ao irmão necessitado.
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A Doutrina Espírita ensina que a dor de hoje, o sofrimento da alma que assola tantas
pessoas e as mazelas convertidas em doenças somatizadas no corpo físico só poderão ser
curados se as causas forem trabalhadas e, que a alma que sangra hoje, ontem derramou
sofrimento; o corpo carcomido pelas deformações e doenças físicas, em muitos casos, serviu
de vaso para os exageros desnecessários; os desregramentos viciosos que desviam valores e
levam a excessos materiais, podem ser reflexos de carências em tempos pretéritos.
Adentrar o ambiente de uma Casa Espírita é atitude séria e requer cuidados especiais
do trabalhador consigo e com o semelhante, dedicação e fidelidade com a Doutrina dos
Espíritos e o Evangelho de Jesus, humildade para aceitar os óbices da vida e perseverança
para modificar situações e hábitos que envenenam as almas.
Quando Jesus esteve entre nós, foi visitado por uma multidão de necessitados que o
procuravam em busca de conforto e conhecimento espiritual. A todos recepcionava o Mestre
com carinho e respeito para com as suas dificuldades. Hoje, 2000 anos depois, a multidão de
sofredores, dentre os quais nos incluímos, busca o Senhor desejosa de encontrar o alívio para
o sofrimento moral, vezes sem conta, exteriorizado no sofrimento físico.
A Casa Espírita, com suas várias portas de entrada, quais sejam, a mediunidade, a
exposição doutrinário-evangélica, a evangelização infantil, o estudo sistematizado da
doutrina, entre outras, representa o Cristo e sua mensagem através dos princípios que
fundamentam a Doutrina dos Espíritos. Assim, recepcionar os que buscam estas Casas de Luz
é tarefa de suma importância, que exige do trabalhador disposição íntima para servir como
digno instrumento da providência divina em favor de todos.
A recepção aos que aportam nas Casas Espíritas deve, portanto, basear-se nas ações do
Cristo, documentadas na Boa Nova. Como exemplo, observemos a rogativa de Jesus em favor
de seus discípulos:
“Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam
comigo...” (Jo, 17:24)
Portanto, os primeiros a terem consciência disso deverão ser aqueles que se postam a
frente da Casa, nas tarefas que exigem contato direto com o público, para orientar com
sabedoria e auxiliar com amor os primeiros passos dos sedentos de consolo, luz e amor.
“Tendo Jesus saído de casa naquele dia, estava assentado junto ao mar; E
ajuntou-se muita gente ao pé dele, de sorte que, entrando num barco, se
assentou...” (Mt, 13:1-2).
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O centro que essa organização criará não será uma individualidade, mas um foco
de atividade coletiva, atuando no interesse geral e onde se apaga toda autoridade
pessoal. (12 - p. 362)
“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos
outros.”Jesus (Jo, 13:35).
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Caso apresente estados de ANGÚSTIA, cabe ao RECEPCIONISTA a utilização da
habilidade fraternal, própria do homem de boa vontade que se consagra ao serviço do Senhor
e não à especulação curiosa e destrutiva, encaminhando-o para o ATENDIMENTO
FRATERNO. Este irmão, recém-chegado, traz seu sofrimento sufocado na garganta, sem
conseguir, em muitas circunstâncias, expressar-se, solicitando do RECEPCIONISTA
habilidade no trato para que abra seu coração.
Quando foi movido pela CURIOSIDADE, sede inesgotável da alma que não se sacia
com facilidade, característica comum de espíritos vigorosos, deve o RECEPCIONISTA,
munido de genuína fraternidade, explicar-lhe que a leitura e o estudo das obras de Allan
Kardec, concomitantes à freqüência às Reuniões de Explanação da Doutrina e do Evangelho,
esclarecerão suas dúvidas.
Ao que se apresenta DESANIMADO, deve o RECEPCIONISTA, confiante da tutela
de Jesus, saber elevar o ânimo e a auto-estima do irmão enfermo, acolhendo-o de coração
aberto. “O desânimo é veneno que corrói lenta, surdamente, a vida” (02), “... é um verme
destruidor nas melhores realizações de nossas vidas.” (03).
Ao DESCONFIADO, deve o RECEPCIONISTA mostrar-se seguro e sincero em suas
intenções de auxiliar o irmão. A atmosfera de desconfiança poderá ser convertida em
serenidade por meio de uma atitude sincera, respaldada pela Doutrina dos Espíritos e pelo
Evangelho de Jesus, capaz de transmitir segurança. “Servir é criar simpatia, fraternidade e
luz” (03).
Se o visitante mostra-se EQUILIBRADO, o RECEPCIONISTA deverá dialogar com
naturalidade e cortesia, atento, porém; pois o aparente estado de equilíbrio do visitante pode
ocultar uma condição adversa. “O equilíbrio nasce da união fraternal e a união fraternal não
aparece fora do respeito que devemos uns aos outros...” (04). Lembremo-nos: a educação “é
a melhor maneira de curar o desequilíbrio do mundo e orientar com Jesus é curar todas as
chagas do espírito eterno.” (03).
O FALANTE é um enfermo que, muita vez, não se deu conta de sua situação e quase
sempre não ouve ninguém. Por falar excessivamente pode ter-se perdido nas teias da
irreflexão. O RECEPCIONISTA, sabedor desse possível sofrimento do irmão, deve procurar
dar-lhe atenção, sem excessos, de modo breve e com gentileza. “A gentileza é filha dileta da
renúncia e guarda consigo o dom de tudo transformar em favor do infinito bem”. (03).
“Quem ajuda é ajudado, encontrando, em silêncio, a mais segura fórmula de ajuste nos
processos da evolução.” (05).
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O INIBIDO pode estar, na verdade, sinalizando comportamentos que foram motivos
de quedas no passado. Portanto, deve-se compreender essa postura como um esforço
reeducativo. O RECEPCIONISTA, em respeito sincero ao irmão recém-chegado, deverá ser
discreto ao estimulá-lo à conversação. Há pessoas que não pretendem ser reconhecidas ou
abordadas; para com estas a prudência apresenta-se necessária. “Eu, a sabedoria, habito com
a prudência; eu possuo conhecimento e discrição.” (Provérbios, 8:12).
Por outro lado, quando o recepcionado se apresenta ZANGADO, pode estar sofrendo
constantes incômodos com seus próprios pensamentos e atos. Deve o RECEPCIONIOSTA
acatar com mansidão seu desabafo e ajudá-lo. A mansidão é adquirida apenas por aqueles que
conseguiram superar seus instintos agressivos, e, em razão disso, por estar em estágio
evolutivo diferente, tem o dever de demonstrar compreensão e amor ao próximo.
Estando o irmão recém-chegado AGITADO, e, por desconhecer as causas de tal
aflição, é necessário que o RECEPCIONISTA mantenha-se sereno e brando. A serenidade
fornece suprimento de paz para os óbices e a “brandura é apanágio das almas que (...)
adquiriram fortaleza moral que ninguém pode atingir, nem perturbar...” (06).
Muitos outros perfis poderiam ser aqui, descritos, contudo o mais importante é que,
independente da situação, TODOS, sem distinção, devem ser acolhidos fraternalmente na
Casa Espírita. Ao RECEPCIONISTA abnegado cabe a tarefa de orientar os visitantes sobre os
horários de funcionamento das tarefas promovidas pela Casa; sobre a conduta, quando
perguntados, que deverão adotar na intimidade do sagrado lar espírita e, por fim, informá-los
sobre cursos e tratamentos que a Casa dispõe.
As dúvidas apresentadas pelos visitantes (por mais banais que possam parecer) são
merecedoras de respostas claras, objetivas, diretas, naturais, seguras e, sobretudo, afetuosas.
Nunca de modo ríspido, sem olhar para o questionador. O RECEPCIONISTA deve falar
olhando para seu interlocutor, a fim de lhe transmitir confiança. “Os olhos são a luz do corpo.
É por meio deles que o homem se orienta e se guia, não só em seus passos como no juízo que
faz das coisas” (03).
É compreensível que algumas pessoas tenham pelo RECEPCIONISTA, aquele que o
orientou no ambiente espírita, uma simpatia especial e, agradecidos, queiram estender as
conversações de despedidas. Contudo, o RECEPCIONISTA esclarecido e sabedor de que
apenas serviu de instrumento para as realizações do mais Alto, deve conduzir os momentos
finais de permanência no recinto espírita em oração, tornando as despedidas simples e gentis,
sem excessos ou alterações de tons vocais.
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A conclusão do trabalho de recepção poderá representar um importante momento de
troca de vibrações fraternais a serem dinamizadas no tempo, fixando na mente do acolhido
vibrações impregnadas de sinceridade, de amizade e de consolação.
“Ato ou efeito de receber; em dias determinados, visitas” (07). Na Casa Espírita, a recepção
consiste na valorização integral de quem chega, eliminando distâncias e falsas posições
hierárquicas. Para tanto, é necessário que o RECEPCIONISTA acolha fraternalmente,
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procurando conhecer o motivo da vinda e oferecer os recursos de que a Casa Espírita dispõe
para atender o recepcionado na sua necessidade.
b) encaminhamento:
“Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas da prisão, e, tirando-os para
fora, disse: Ide e apresentai-vos no templo...”.(Atos, 5:19-20).
“Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino
dos céus.”(Mt, 18:4).
Dinâmica da Tarefa:
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O RECEPCIONISTA deverá estar atento para diversas situações. A título de reflexão,
sem o intuito de criar sistemas fechados, apontaremos alguns procedimentos que a
experiência, fraternalmente, outorga. Assim na realização de sua tarefa deve o
RECEPCIONISTA:
a) Procurar ser fiel à tarefa por ele exercida com a simplicidade de um coração sincero e
estar disposto a doar-se.
b) Nunca prometer soluções imediatistas, lembrando-se que a maioria dos problemas
atuais, e, por conseguinte de nossos irmãos, são efeitos de ações infelizes no passado.
c) Tratar com honestidade as questões propostas pelo visitante e não ter receio em
solicitar ajuda de outro irmão de doutrina nos casos mais complexos.
d) Evitar comentários sobre quaisquer grupos ou crenças religiosas, recordando-se que a
base do Espiritismo é o Amor ensinado pelo Mestre Jesus e que quem ama o próximo
não lhe atira impropérios.
e) Procurar administrar o tempo de atendimento, de modo que ninguém seja privilegiado
em detrimento de outro. É imprescindível lembrar-se que nos ambientes espíritas
todos somos seres necessitados e não existe ninguém que deva receber tratamento
diferenciado.
f) Ser amável e cortês. Aprender a sorrir para o próximo. As pessoas que sorriem com
sinceridade e amor pela Obra Divina e pela vida tendem a transmitir confiança e
credibilidade.
g) Evitar o excesso de intimidade, sem, contudo, ser ríspido ou indiferente. Buscar na
fraternidade de Jesus para com os necessitados, o modelo a ser seguido.
h) Comunicar-se de forma clara e objetiva, lembrando-se que o visitante, em muitos
casos, não conhece termos utilizados no cotidiano da prática do espiritismo cristão.
Falar pausadamente, perguntar se há dúvidas quanto ao que foi explicado, ter
paciência para repetir as informações dadas de maneira serena e amável.
i) Não permitir que o local da Recepção torne-se um ambiente barulhento; se necessário
pedir com carinho para os amigos, conhecidos ou desconhecidos, manterem-se em
prece ou procurarem local adequado para conversações.
j) Observar, como qualquer outro trabalhador de Casas Espíritas, o modo correto de
vestir-se para as tarefas. A higiene corporal é notada por todos. Além disso, o obreiro
de Jesus deve procurar vestir-se bem, sem exageros. Decotes, perfumes fortes,
maquiagem excessiva, roupas transparentes, etc. são totalmente dispensáveis para a
prática do Amor e da Caridade.
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k) Aprender a lidar com as críticas. Ter em mente que somos todos enfermos e quando
somos criticados devemos tentar responder com cortesia. O Mestre Jesus, Governador
Espiritual de nosso planeta, ensinou-nos amorosamente que as críticas devem ser
combatidas pela força do Amor.
l) Ter disciplina no cumprimento dos horários; procurar chegar pelo menos 15 (quinze)
minutos antes do início da tarefa, a fim de poder preparar-se com tranqüilidade. Não
sendo possível, chegar silenciosamente e assumir seu posto de trabalho, mantendo a
mente em prece constante.
m) Avaliar diariamente o modo como a tarefa foi executada. Verificar com lucidez e
humildade as possíveis falhas, a fim de que elas possam ser superadas.
O Trabalhador Espírita:
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Assim, o Atendimento Espiritual visa a dar atenção aos que chegam à Casa Espírita,
acolhendo-os e orientando-os de acordo com os princípios doutrinários e evangélicos. Dentre
as atividades do Atendimento Espiritual encontram-se, pois, a RECEPÇÃO NA CASA
ESPÍRITA que, como vimos no decorrer desta apostila, propõe-se a receber, acolher e
orientar os que buscam consolo para suas dores e necessidades; o ATENDIMENTO
FRATERNO; a implantação do EVANGELHO NO LAR; as VISITAS AO LARES E
HOSPITAIS e as REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO.
Esse conjunto de atividades tem como função aprimorar os envolvidos nos trabalhos,
por meio do exercício perseverante da caridade. Que em nossa tarefa-amor, possamos sempre
ter em mente que o trabalho é do Cristo, e que só a Ele devem ser reportados os êxitos e só
Ele pode nos sustentar nos momentos de provação.
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2.5 – Referências Bibliográficas
(01) Material Didático fornecido pela UEM – União Espírita Mineira, intitulado Preparação
de Trabalhadores para as Atividades Espíritas. – Evangelho, Espiritismo e Educação.
(02) BOURDIN, Antoinette. Entre Dois Mundos. Tradução de M. Quintão. 4ª. Ed. Rio de
Janeiro: FEB, 1980. 216p.
(03) XAVIER, Francisco Cândido. Dicionário da Alma. 5ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 2004.
(06) CALLIGARIS, Rodolfo. Páginas do Espiritismo Cristão. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB.
1993.
(09) XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. 22ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB.
2002.
(11) XAVIER, Francisco Cândido. Roteiro. Ditado pelo Espírito de Emmanuel. 6ª Ed. Rio de
Janeiro: FEB. 1982.
(12) KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Tradução Salvador Gentile. Revisão Elias Barbosa.
15ª Edição. Araras, SP: IDE, 2003.
(14) XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Ditado pelo Espírito de Emmanuel. 20ª
ed. Rio de Janeiro: FEB. 1994.
(15) XAVIER, Francisco Cândido. Mensagens Esparsas. Ditado pelo Espírito de Emmanuel.
13ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1994.
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SATES
SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL
ATENDIMENTO
FRATERNO
(Mateus, 13:1-2)
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3 – ATENDIMENTO FRATERNO
3.1 – Introdução
“Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque Eu o sou.” ( João, 13:13)
Com base nas palavras do Codificador, iniciamos o estudo deste tema tão essencial
para as Casas Espíritas: o ATENDIMENTO FRATERNO, promovendo reflexões que possam
ser somadas às diversas experiências diariamente auferidas na Obra de Jesus. Vale lembrar
que não há neste trabalho a pretensão de prescrever fórmulas ou metodologias a serem
aplicadas nessa tarefa; ao contrário, a proposta é simplesmente apontar diretrizes que possam
ser adequadas e aplicadas à terapêutica de AMOR sintetizada no ATENDIMENTO fraternal.
O ATENDIMENTO FRATERNO é um trabalho estruturado para receber irmãos em
sofrimento, que procuram na Doutrina Espírita a solução ou o alívio para problemas de toda
ordem. Eles, na maioria das vezes, já vêm de outras experiências no campo do auxílio e
procuram o Centro Espírita, como "último recurso" para seus males. Muitas vezes, cépticos,
esses indivíduos necessitam de boa dose de estímulo para permanecerem firmes na decisão de
encontrar respostas para suas perguntas.
O ATENDIMENTO FRATERNO não deve ser comparado às diversas terapias
existentes, pois o seu objetivo principal é incentivar os que procuram viver os postulados
cristãos, a partir do labor na Seara do Mestre que as diversas frentes de trabalho podem
oferecer. A terapêutica espírita é a do AMOR de Jesus, que envolve os irmãos enfermos em
confiança e ternura, ao mesmo tempo em que os ampara e procura esclarecê-los sobre os
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sofrimentos e vicissitudes necessários ao burilamento moral e, por conseguinte, ao progresso
espiritual dos seres.
Apoiado nos postulados espíritas e evangélicos, o ATENDIMENTO FRATERNO
desempenha o papel de receber, esclarecer, amparar, reajustar e redirecionar idéias. Não
propõe a extirpação das dores, das doenças e/ou dos sofrimentos, no entanto, abre novas
possibilidades de entendimento para que o ATENDIDO encontre equilíbrio, através de
esforços próprios, para, posteriormente, buscar os recursos convenientes à renovação de
energias, harmonização, autoconhecimento e auto-iluminação.
Trata-se, portanto, de uma prática que complementa o conjunto das atividades
fraternas da Casa Espírita: a RECEPÇÃO, a VISITA AOS LARES E HOSPITAIS, a
implantação do EVANGELHO NO LAR e as REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO através do
recurso da prece.
Dessa maneira, este trabalho deve ser feito com seriedade, disciplina, amor e preparo.
O ATENDENTE FRATERNO da Casa Espírita deve saber que sua tarefa é, na maioria das
vezes, o primeiro contato que o assistido tem com o Espiritismo e ter consciência da
relevância desse momento primevo.
Torna-se, pois, necessário, que os Centros Espíritas, que se propõem a esse
atendimento, tenham ciência da importância e gravidade da tarefa que estão a empreender, a
fim de aprimorar permanentemente as atividades. (03)
“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus
amigos.” (João, 16:13).
“E Jesus, porém, (...) disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os
doentes”.Jesus (Mt, 9:12 ).
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esclarecimentos referentes a dúvidas específicas, ou de consolo para o seu sofrimento físico,
social, psíquico e moral. “Os auxílios fraternais são as mãos do amor modificando a
paisagem da aflição” (05).
O ATENDENTE FRATERNO tem por missão procurar a todo custo atuar com “mãos
do amor” prontas a ajudar o irmão que o procura a mudar a paisagem do sofrimento, da
aflição e da dor. A fim de explorar um pouco mais essa reflexão, subdividimos este item,
apenas para tornar-se mais didático. Nas subdivisões, apresentaremos sucintamente os
objetivos almejados pelos que fazem parte do processo de ATENDIMENTO FRATERNO na
Casa Espírita.
“Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados, que Eu vos
aliviarei.” Jesus. (Mateus, 11: 28)
Não é novidade para ninguém as intensas e variadas crises morais, religiosas, sociais,
econômicas, identitárias, etc., que mergulham os seres e marcam profundamente os tempos
atuais.
Em razão disso, assistimos ao crescimento espantoso de tragédias, doenças graves,
escândalos, fenômenos naturais de grandes proporções, vilipêndio de valores morais; enfim, a
humanidade parece estar mergulhada no caos. Um caos que certamente foi produzido por nós
mesmos, em vivências anteriores, quando negligenciamos as instruções deixadas pelos
Espíritos Amigos.
Neste mar de sofrimento, dores, aflições, provas e expiações, a Misericórdia de Deus,
sempre atuante em nosso favor, oferece-nos os espaços espirituais, ou Casas Espíritas, como
lenitivos para nossos sofrimentos e educandário para nossa ascensão moral e espiritual. Assim
esclarece o Espírito de Emmanuel:
“Levantam-se educandários em toda a Terra. Estabelecimentos para a instrução
primária, universidades para o ensino superior. Ao lado, porém, das instituições
que visam à especialização profissional e científica, na atualidade, encontramos no
templo espírita a escola da alma, ensinando a viver” (07)
Como podemos depreender dessas palavras, aos Centros Espíritas foi outorgada a
missão de receber e esclarecer aqueles que chegam sobrecarregados pelas preocupações e
doenças terrenas.
Em face disso, não podemos olvidar a finalidade de socorrer os que sofrem, aqui já
mencionada. Apenas para ratificar, as Casas Espíritas, espalhadas pelo Orbe Terreno são
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verdadeiros pronto-socorros para os enfermos que nelas adentram. Estes são acolhidos e
tratados com as terapêuticas do amor e do Evangelho de Jesus.
Consoante as palavras do Mestre, procura-se nesses templos de tratamento explicar
que “Esta enfermidade não é para a morte, mas para a glória de Deus, para que o Filho de
Deus seja glorificado por ele” (Jô, 11:4), além de exortar os colaboradores a cumprirem os
desígnios do Governador Espiritual de nosso planeta, que é “Curai os enfermos, limpai os
leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça daí.”
(Mt 10:8).
a) A Equipe
Aprender como fazer o ATENDIMENTO FRATERNO é desenvolver uma atividade
de doação, que rejeita o império do “eu” e promove a união pelas vias da unificação. André
Luiz nos traz valorosa instrução sobre o tema:
“O cascalho do personalismo excessivo ainda é o grande impedimento da jornada.
(...) Grande é a missão do templo do bem; e os irmãos que oficiam em seus altares
não lhe podem esquecer as finalidades sublimes. (...) E o nosso grupo não se
constituiu ao acaso” (01)
b) O atendente
“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a
eles; porque esta é a lei, e os profetas”. Jesus (Mt, 7:12)
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inusitadas e maturidade para não ser induzido e encantado por influências menos dignas.
Posteriormente, falaremos um pouco mais sobre as características desse trabalhador.
c) O Atendido
O ATENDIDO que procura este auxílio oferecido pelas Casas Espíritas, na maioria
das situações, tem como meta buscar orientações e esclarecimentos que possam consolar e
minorar seus conflitos internos e externos.
Auxiliar o ATENDIDO a conscientizar-se, reconhecer, sentir, conhecer-se, decidir,
escolher e transformar-se, em certas situações, traduz-se em árdua tarefa para o
ATENDENTE FRATERNO, visto que seu papel de ajudar não pode ser confundido com um
suposto direito de julgar e impor condutas ao ATENDIDO.
Deve o ATENDENTE FRATERNO amparar, sem personalismos, mas com amor
fraternal, a fim de que possa orientar o ATENDIDO quanto à melhor maneira de conhecer a
Doutrina Espírita, um modo seguro para compreender suas provações e certificar-se da
promessa do Consolador de que nenhuma de suas ovelhas se perderia.
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para
sempre convosco”. Jesus. (Jo, 14:16).
“E, entrando num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um
pouco da terra; e assentando-se, ensinava do barco a multidão.” Jesus (Lc, 5:3)
Para iniciar a tarefa é preciso começar por algum lugar, as condições favoráveis
indicam o ponto de partida conveniente, para facilitar o diálogo sério e intencional, no qual o
ATENDIDO será envolvido logo que adentre o recinto nas vibrações fraternas.
O ATENDENTE FRATERNO deve estar atento e, principalmente, manter uma
conduta criteriosa na verificação do espaço principal que é a intimidade do Atendido, para
jamais invadi-lo. Cada um possui sua subjetividade, que o faz singular aos olhos de Deus e,
por isso, deve ser merecedor de todo respeito, conforme alerta Jesus no Evangelho de Mateus:
“E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; E, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa
paz....” (Mt, 10:12).
Todavia, outros espaços, além da intimidade do ATENDIDO, devem ser observados e,
assim, entendemos ser prudente tratar de alguns deles.
Iniciaremos falando da atmosfera física que envolve o ATENDIMENTO
FRATERNO, ou seja, o local em que acontecerá a entrevista, o modo como esta será
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conduzida, a postura de ambos e o preparo anterior, que deve ser considerado de grande
relevância para o momento do atendimento.
Todo ATENDIMENTO FRATERNO deverá ser analisado pelo Atendente como o
primeiro e, talvez o único, pois, muitas vezes, ele não terá acesso à história do ATENDIDO.
Por isso, é natural certa dose de ansiedade que a prece sincera e a preparação minimizarão.
Vejamos, mesmo assim, os fatores que condicionam ou influenciam na tarefa do
ATENDIMENTO FRATERNO:
a) O Ambiente Físico
O ATENDIMENTO FRATERNO pode ser realizado em quase todos os lugares, mas
sendo uma atividade espírita, a Casa Espírita é o local mais indicado. Os Benfeitores
Espirituais, em várias obras, ressaltam a proteção magnético-espiritual das Casas Espíritas
como viga imprescindível para sustentar as diversas terapêuticas espirituais, de caráter
doutrinário.
A Casa Espírita deve oferecer condições possíveis, ou seja, favorecimento para que o
Atendimento tenha um caráter velado. A atividade pode ser realizada em um ambiente com
músicas suaves e previamente selecionadas, com cadeiras, mesa e livros doutrinários.
É de bom alvitre que o ATENDIMENTO FRATERNO, seja realizado livre de
barulhos e/ou quaisquer objetos que ofereçam oportunidade para distrações ou conversações
fúteis. O objetivo maior é proporcionar uma atmosfera espiritualmente favorável para um bom
diálogo, pautado pela serenidade, fé, confiança e respeito mútuos.
Quanto às roupas usadas pelo Atendente, a sugestão é que sejam confortáveis e
adequadas ao trabalho, de cores sóbrias e discretas. Quanto à disposição dos móveis, a
indicativa é que o ATENDENTE FRATERNO utilize aquela que propicie maior conforto e
equilíbrio. Alguns Atendentes optam por uma mesa que defina a distância: duas cadeiras em
posição de 90 graus. O motivo é simples, o ATENDIDO fica mais à vontade para olhar para o
Atendente quando quiser, e em outros momentos pode olhar para frente, sem ter obstáculos
em seu caminho. Essa posição oferece conforto, evitando constrangimentos.
“E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele
os seus discípulos; e abrindo a sua boca, os ensinava...” (Mt, 5:1-2). Nesta passagem,
observamos que o Mestre transpunha os obstáculos materiais, convidando a multidão e os
discípulos para segui-Lo, monte acima da consciência espiritual para a abertura dos pórticos
do próprio coração.
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b) Interrupções Externas
As circunstâncias externas que podem e devem ser evitadas incluem interferências e
interrupções. A concentração do ATENDENTE FRATERNO no trabalho e do ATENDIDO
na exposição merece respeito. Em virtude disso, devemos instituir um ambiente de
tranqüilidade e confiança. Por alguns instantes convidamos o ATENDIDO a desligar-se do
mundo exterior e mergulhar em seu mundo interior.
As condições para que não haja interrupções ou interferências devem ser previamente
ajustadas entre a equipe de trabalho e, ainda, entre o ATENDIDO e o ATENDENTE. À
equipe deve ser solicitado o mínimo de intervenções durante o ATENDIMENTO
FRATERNO e ao ATENDIDO que ele se esqueça, pelo menos por alguns segundos, do
mundo externo (uma boa dica é desligar os celulares antes do início da conversa). Caso haja
necessidade, pode a equipe indicar com placas nas portas os locais em que estão acontecendo
os atendimentos. “Não há serviço da fé viva, sem aquiescência e concurso do coração”.(10)
c) Fatores Internos
Os auxílios fraternais são as mãos do amor modificando a paisagem da aflição. (11)
Os chamados fatores internos envolvem o ATENDENTE, o ATENDIDO e as circunstâncias
do encontro. Entendemos, por essa razão, tratar-se de tema extremamente complexo e
importante para a manutenção dos trabalhos da Casa Espírita. Sob esse ponto de vista,
devemos trazer para uma reflexão criteriosa alguns itens que, de alguma sorte, fazem parte
dos sujeitos envolvidos no ATENDIMENTO FRATERNO. Posto assim acredita-se ser mais
didático pensar o perfil dos irmãos que ajudam e são ajudados, em tópicos específicos, como
os que se seguem, já que: “Auxiliar espontaneamente é refletir a Vida Divina por intermédio
da vida de nosso ‘eu’ que se dilata e engrandece, à proporção que nos desdobramos no
impulso de auxiliar”.(12)
26
mas por sua vontade, consciência, necessidade de auxiliar na Seara do Mestre e pelo amor que
irradia. Na condição de pequenino e insignificante colaborador, não pode o ATENDENTE
esquecer-se de que a Obra é de Jesus e que nela ele é apenas um partícipe menor.
O ATENDENTE FRATERNO deve ser uma pessoa com condições morais acima da
média; deve ser um estudioso do Evangelho de Jesus e da Doutrina Espírita, além de conhecer
autores e obras edificantes escritas por espíritas de notório reconhecimento. A maturidade é
outra característica importante, pois, sem ela, ele pode aventurar-se por caminhos
complicados e prejudiciais à tarefa.
“(...) a aceitação e a vivência dos princípios morais do Evangelho de Jesus são
condições fundamentais a serem cumpridas, a fim de que as Inteligências
Superiores outorguem ao Homem Terrestre o diploma de maioridade espiritual que
lhe permitirá o ingresso efetivo no mundo de relações com a Comunidade Cósmica
a que pertence”. (15)
Características do Atendente:
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Vejamos, a seguir, algumas diferentes características do ATENDENTE destacadas pela
Apostila de Atendimento Fraterno, do Grupo Espírita Bezerra de Menezes (03): a EMPATIA
é requisito básico para o ATENDENTE FRATERNO; é um estado de identificação que
promove a compreensão entre as pessoas envolvidas num processo relacional, é uma espécie
de tendência que faz com que um indivíduo se coloque na situação do outro e se solidarize
com ele.
Além da empatia destacamos outros traços essenciais aos Atendentes: a princípio,
pode ocorrer que o ATENDENTE FRATERNO ingresse na tarefa pelo DESEJO DE
AJUDAR os irmãos sofredores. Com o tempo, entretanto, após estudar e conhecer os
meandros da doutrina e da tarefa-amor, por si mesmo irá perceber que ele é o maior
beneficiado no processo. O desejo transformar-se-á em NECESSIDADE DE AJUDAR. O
Apóstolo Paulo, no Evangelho Segundo o Espiritismo é decisivo ao afirmar que:
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fazer promessas de curas ou confundir problemas de ordem orgânico-psíquico com
influências espirituais.
A CONFIANÇA é resultante de um relacionamento honesto. No ATENDIMENTO
FRATERNO, a confiança é um dos fatores mais importantes para o bom andamento das
atividades. Quanto mais o ATENDENTE FRATERNO investe no autoconhecimento, mais
qualificadas serão suas ações, por ter descortinado suas próprias limitações.
Sabedor do amparo dos Benfeitores Espirituais, que suprem as limitações humanas, a
conduta do ATENDENTE volta-se para a apresentação da Doutrina Espírita e do Evangelho
de Jesus, despersonalizando o atendimento.
O CARINHO empreendido na entrevista de atendimento aproxima as almas
envolvidas na tarefa. Quando o ATENDIDO percebe que o ATENDENTE está fazendo o
melhor, a reciprocidade tende a criar condições internas que poderão incentivá-lo a seguir as
orientações dadas pelo Atendente. Frases tipo: “Confiemos em Jesus”, “Estamos amparados
pelos Espíritos Amigos”, podem auxiliar, mas não bastam. É imprescindível que o
ATENDIDO seja envolvido pelo clima do amor, da fraternidade, do respeito e do carinho no
Atendimento.
O ATENDENTE FRATERNO, como qualquer ser humano, comunica-se de muitas
formas sutis, pelas quais o ATENDIDO pode perceber seu ânimo. Assim, é imprescindível ter
em mente que a expressão facial revela muito. Movimentos e gestos completam o quadro,
apoiando, negando, confirmando, rejeitando ou embaraçando. O tom de voz é ouvido pelo
ATENDIDO e o faz decidir se existe confirmação das palavras, ou se essas não passam de
máscaras. Para o melhor ou para o pior, o ATENDENTE FRATERNO está exposto ao
ATENDIDO, e quase tudo que faz ou deixa de fazer é anotado e pesado pela mente do
observador. Daí ser necessário ao ATENDENTE FRATERNO a sintonia constante com o
Mais Alto, a fim de que não lhe falte amparo antes, durante e depois da tarefa.
OUVIR com amor e DISCERNIR com sabedoria são pressupostos para um
Atendimento favorável. Muitas vezes os Atendentes principiantes ficam tão preocupados com
o que irão dizer em seguida que criam dificuldades em ouvir e absorver o que está sendo
narrado pelo ATENDIDO. Lembremo-nos: “...o silêncio é o melhor remédio onde não
podemos auxiliar” (11).
Talvez leve algum tempo descobrir que, em geral, o que dizemos é muito menos
importante do que nos parece. A prudência e o silêncio interior, no momento do Atendimento,
livram o ATENDENTE da ansiedade e do entusiasmo e, com isso, ampliam-lhe a capacidade
de auscultar a problemática do irmão.
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É inegável a necessidade do ATENDIDO de falar sobre seus padecimentos, contudo, o
ATENDENTE deve lembrar-se do ensinamento de Jesus: “Dá a quem te pedir.” (Mt, 5:42).
Não podemos avançar os limites impostos pelo outro; o servidor espírita aguarda pronto para
servir, todavia é necessário que lhe seja solicitado o auxílio.
Características do Atendido:
30
O “Fanatismo religioso é sectarismo que encarcera a liberdade de consciência,
pretendendo uma liberdade dirigida na esfera do pensamento, que torna o homem escravo de
postulados que lhe proíbem a expansão da alma pela idéia e pela razão.” (14). O
FANÁTICO existente em qualquer grupo religioso tende a assumir posturas radicais, não
aceitando outro tratamento além do espiritual. Nestas circunstâncias, deve o ATENDENTE
FRATERNO tentar orientá-lo acerca da verdadeira proposta divina, que coloca as terapêuticas
terrenas para nos auxiliarem.
O ESPIRITUALISTA, pela própria confusão feita com o termo ESPÍRITA, é aquele
que em algum momento de sua jornada terrena experienciou atividades em outros núcleos
religiosos. Muitos desses irmãos, mesmo admitindo o descontrole de suas vidas, chegam
afirmando desejar trabalhar na Casa Espírita, pedindo mensagens, dizendo-se médiuns, etc. O
ATENDENTE deve avaliar o caso com serenidade e vigilância e procurar esclarecer os
caminhos percorridos (TRAJETÓRIA EDUCATIVA1) até chegar ao exercício de uma tarefa.
Com honestidade e fraternidade pode o ATENDENTE indicar obras doutrinárias básicas para
que o ATENDIDO receba informações e convidá-lo a participar das Reuniões Públicas da
Casa.
Muito parecido com o caso anterior, o MÉDIUM já chega com o diagnóstico pronto
de sua mediunidade. Alguns afirmam ser a mediunidade ostensiva a razão de suas
perturbações e doenças. O ATENDENTE FRATERNO pode encaminhá-lo para outro
tarefeiro mais experiente no assunto ou, então, procurar tecer esclarecimentos elucidativos,
visando a despertar no ATENDIDO o hábito da prece e do estudo doutrinário-evangélico.
QUEM PERDEU ENTES QUERIDOS, comumente, chega aos templos espíritas
desejoso de contatos com o mundo espiritual, objetivando recados ou cartas desses entes que
partiram. Deve-se tentar confortar essa pessoa, não prometendo mensagens, mas preces pela
família que ficou e pelo irmão que partiu para a Pátria Espiritual. Francisco Candido Xavier,
médium e lídimo instrumento da Espiritualidade Maior, afirmava que o telefone (na legítima
comunicação espiritual) toca do Mundo Espiritual, para os planos terrenos. Destarte, se for
oportuno pode o atendente oferecer livros espíritas que possam esclarecer sobre as
vicissitudes terrenas.
QUEM DESEJA RESOLVER PROBLEMA ALHEIO, freqüentemente parente e/ou
amigo de pessoas desequilibradas, procura a Casa Espírita suplicante por lenitivos e curas
para aqueles irmãos. Trata-se de pessoas que sofrem pelo outro e estão desejosos para retirá-
los do contexto em que se encontram. O ATENDENTE FRATERNO deve esclarecer como se
1
APOSTILA DE PREPARAÇÃO DE TRABALHADORES PARA ATIVIDADES ESPÍRITAS - UEM
31
dá o auxílio espírita nesses casos; pode indicar que o nome do intercedido seja inserido no
livro de irradiações espirituais e solicitar do intercessor que estude obras doutrinárias para
melhor compreender o contexto e não deixar de fazer preces por ele.
“A prece intercessória é aquela que se faz em favor de alguém. Podemos orar por
nós e por nosso semelhante. O atendimento aos pedidos feitos na prece está
condicionado às necessidades e ao mérito daquele por quem se ora. Também serão
levados em conta os méritos do intercessor.” (17)
O SÁBIO é aquele que procura a Casa Espírita em busca de ajuda, porém sente
necessidade de mostrar que é muito inteligente e conhecedor de tudo, por ter cursado várias
escolas e porque ocupa posições de “status” no plano terreno. Se o ATENDENTE
FRATERNO não for experiente, este ATENDIDO monopolizará a conversa, transformando o
ATENDIMENTO FRATERNO em palestra ou monólogo pessoal. O “sábio” sente-se no
dever de evidenciar ao atendente sua superioridade intelectual, ignorando que esses atributos
terrenos nada significam na Pátria Espiritual. Deve o ATENDENTE, nessas circunstâncias,
buscar inspiração através da prece e procurar agir com cautela, desviando-se de disputas
cognitivas. Com humildade, mas firmeza, esclarecer a função educadora da Casa Espírita e
convidá-lo a conhecer as obras Doutrinárias. A indicação de O Livro dos Espíritos, para esse
perfil de pessoa pode ser adequada. Reflitamos: “(...) O verdadeiro sábio é muito humilde,
sabe que ignora um infinito em comparação ao pouco que aprendeu”.(18)
O PORTADOR DE DOENÇA ORGÂNICA procura a Casa Espírita convicto de ali
encontrar a cura milagrosa e instantânea para seu mal. Em muitos casos já tentou tratamentos
da medicina humana e não obteve resultado. Assim, vem sozinho ou acompanhado de amigos
e familiares “cegos” de esperança. É tarefa de o ATENDENTE FRATERNO acolhê-lo com
carinho e atenção, informando-o que a etiologia da doença pode ser de ordem interna ou
externa. Não é correto prometer curas, mas ajudar que o ATENDIDO compreenda o processo
evolutivo em que está inserido. Conforme orientações espirituais que seguem:
32
“Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus” Paulo. (Romanos, 14:22)
a) Abertura:
No estágio da abertura é situado o assunto ou problema que motivou o
ATENDIMENTO FRATERNO. Essa fase em geral termina quando ambos, Atendido e
Atendente, compreendem o que deve ser discutido e concordam que o será. (Caso haja
alguma dissidência é prudente que o Atendimento seja encerrado ou agendado para outro
momento).
Na realidade, o ATENDIMENTO FRATERNO, poderá não se ocupar exclusiva, ou
mesmo principalmente, de um único assunto. Outros pontos podem ser levantados e o que
parecia tão central no início pode ter sua importância diminuída e ser substituído por outro
tópico. Pode ocorrer que, na medida em que o ATENDIDO se sinta à vontade durante a
entrevista, ele se permita discutir qual é o assunto principal, alterando desse modo, em parte
ou integralmente, o foco do Atendimento.
b) Desenvolvimento:
Uma vez que o assunto foi exteriorizado, passa então a ser examinado, desenvolvido.
O objetivo principal do atendimento foi alcançado e a maior parte do tempo será dinamizado
no exame mútuo do assunto, tentando-se verificar todos os aspectos e tirando-se algumas
conclusões. Esse é o momento que a experiência na tarefa e o conteúdo doutrinário-
evangélico têm um papel importantíssimo na anamnese das causas do problema.
A leitura de trechos de uma das obras da Codificação, ou de alguma obra
complementar (como as ditadas pelos Espíritos de Emmanuel, André Luiz, Bezerra de
Menezes e tantos outros legitimados pela autoridade divina a proferirem ensinamentos
edificantes) poderá fortalecer o ATENDIDO, ajudando-o, de forma mais didática, a
compreender as orientações recebidas.
33
c) Encerramento
O estágio três – encerramento – sob muitos aspectos se assemelha ao estágio um – o
contato inicial – embora se efetue de maneira inversa. Nem sempre o encerramento é fácil. O
ATENDENTE FRATERNO iniciante, em particular, talvez não compreenda como deixar o
ATENDIDO perceber que o tempo está se esgotando. Talvez receie fazê-lo sentir-se
"mandado embora”. O próprio Atendente talvez não esteja preparado para encerrar a
entrevista. Ambos podem encontrar dificuldade em se separarem.
Muitas coisas podem ser ditas sobre a fase de encerramento do ATENDIMENTO
FRATERNO, mas há dois fatores básicos:
Os dois participantes do ATENDIMENTO FRATERNO devem ter consciência de que
o encerramento está ocorrendo, e aceitar esse fato, em particular o ATENDENTE.
Durante a fase de encerramento, nenhum assunto novo deverá ser introduzido ou
discutido; caso exista material novo, deve-se marcar outro ATENDIMENTO
FRATERNO para discuti-lo.
É responsabilidade de o ATENDENTE lidar com esses dois fatores do modo mais
eficaz. A tarefa se torna mais fácil à medida que o atendente avalia progressivamente sua
importância e se sente à vontade diante dela. A menos que o ATENDIDO seja
particularmente experiente ou sensível, nem sempre saberá quanto tempo resta à sua
disposição e o ATENDENTE pode ajudá-lo indicando que o encerramento está próximo.
Há muitos estilos de encerramento, e a escolha de um deles dependerá do próprio
ATENDIMENTO FRATERNO, do Atendente e do Atendido. Às vezes, as cortesias habituais
serão suficientes para levar a entrevista ao seu final. O importante é o fato de que as
afirmações de encerramento devem ser curtas e diretas. Quando não há o que acrescentar,
quanto mais falar, menos significativo será, e mais longo e difícil o encerramento. No
ambiente da Casa Espírita o estímulo fraterno e a doçura na fala já bastam ao ATENDIDO.
Ocasionalmente, um resumo final mais explícito é necessário para verificar se o
ATENDENTE FRATERNO e o ATENDIDO se entenderam. Uma abordagem um pouco
diferente é pedir ao ATENDIDO que coloque como compreendeu o que houve durante o
Atendimento. Essa dica é para auxiliá-lo na fixação das possíveis orientações ou garantia de
possíveis soluções que ele encontrou.
O encerramento é especialmente importante porque o que ocorre durante esse último
estágio tende a determinar a impressão do Atendido sobre o ATENDIMENTO FRATERNO
como um todo. O ATENDENTE precisa estar certo de que deu a ele total oportunidade de se
34
expressar, e nessa fase final não deve haver atropelos, para evitar a impressão de que o
ATENDIDO está sendo rejeitado.
O que quer que fique para o fim – passos de revisão, ou resumo das questões – deverá
ser analisado sem pressa, com paciência, prática, atenção, reflexão e fraternidade. Cada
ATENDENTE FRATERNO pode desenvolver um estilo que o satisfaça e facilite sua tarefa.
O ATENDIMENTO FRATERNO é mais uma arte e uma habilidade do que uma
ciência. Cada Atendente descobrirá com a experiência, a fé e a reflexão seu próprio estilo e os
meios para trabalhar melhor. Em seguida, apenas para reflexão, serão apontadas fases
distintas no Atendimento que facilitam o encaminhamento das idéias.
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Observação: O Atendente deve estar atento, para as interferências negativas, que
visam tumultuar a mente do Atendido, trazendo idéias difíceis, sem sentido ou, ainda, que
levam o Atendido a sentir mal-estar durante o encontro. Caso isso aconteça, é imperioso
manter a calma, a vigilância e a oração.
“É necessário que Ele (o Cristo) cresça e que eu diminua.” (Jô, 3:30)
a) Objetividade:
O tempo é um fator importantíssimo para o ATENDIMENTO FRATERNO, a fim de
que a tarefa não se torne uma sessão de análise ou um ambiente de confissão. O tempo deve
ser dimensionado para que a conversa seja produtiva e objetiva. Além disso, a tarefa necessita
de uma dinâmica que ofereça oportunidades para que outras pessoas sejam atendidas.
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Percebendo que o tempo está esvaindo-se, o ATENDENTE pode afirmar: “desculpe,
mas temos só mais 10 minutos”. Na situação em que o tempo foi insuficiente, educadamente o
ATENDENTE solicita desculpas e interrompe. É preferível, em alguns casos, deixar o assunto
em aberto do que discursar, pretensiosamente, em segundos. Em conformidade com o
ATENDIDO poderá o ATENDENTE agendar um novo momento ou um encaminhamento
que possa auxiliá-lo.
Havendo vários atendimentos, o ATENDENTE, se possível, pode fazer uma pequena
pausa entre um e outro, para apaziguar-se, concentrando-se para o novo Atendimento.
Quando o ATENDIMENTO FRATERNO for único, esse tipo de estruturação de
tempo não é muito importante, mas a parte integrante da atmosfera geral do trabalho não deve
ser olvidada e os limites devem ser colocados com clareza. Às vezes, as pessoas continuam
falando, sem perceberem que estão se repetindo. Talvez não saibam como finalizar, levantar e
sair.
b) Tempo do Atendimento:
Partindo do princípio que o ATENDIMENTO é FRATERNO o Atendente deve
estipular o tempo de duração, apenas para direcionar a conversa. Em geral, um bom diálogo
pode ser realizado entre 30 a 45 minutos, havendo necessidade de estender, é melhor não
fazê-lo por muito tempo. Se o assunto for encerrado antes do prazo estipulado, o Atendimento
pode ser encerrado sem constrangimentos.
c) Disciplina:
Para que o ATENDENTE tenha autoridade no tempo, ele deve ser o próprio exemplo
de disciplina. Jamais atrasar o início do ATENDIMENTO FRATERNO. Todo atraso gera
desconforto, angústia e desconfiança.
Em caso de impedimentos plausíveis, o ATENDENTE deve se justificar, para evitar
críticas ou embaraços no transcorrer do Atendimento. Humildade e simplicidade respaldam
nossas ações.
Recomendações Importantes:
37
questões relativas ao tema. Ao contrário, deseja-se que estes apontamentos possam ser
aprimorados e dinamizados pelos tarefeiros. Apenas para finalizar, enumeraremos alguns
pontos, já comentados, que podem dinamizar o trabalho:
a) Evitar apontar erros. “Os erros são obras de nossa inexperiência, redundando em
maturidade espiritual” (12), no entanto, precisamos ter serenidade e humildade para
aceitá-los e endireitar as veredas através do perdão e do autoperdão.
b) Aprender a ouvir. Manter a mente em prece para ouvir e selecionar com discernimento
o conteúdo informado pelo visitante. Prestar atenção no que ele diz, como se
comporta, o que prioriza em sua exposição, etc. Expressar interesse e dar atenção ao
que ele relata.
c) Avaliar diariamente os atendimentos. Verificar com lucidez as possíveis falhas e
delinear estratégias inteligentes de superá-las. Nunca se esqueça que você deve pedir
auxílio aos irmãos mais experientes.
d) Não permitir que o ATENDIMENTO torne-se uma mini-sessão mediúnica. Podem
ocorrer situações em que o enfermo, perturbado por influências espirituais, dê
passividade diante do ATENDENTE. Cabe a este interromper com a autoridade
sincera daqueles que obram com Jesus. Posteriormente, deve relatar ao Coordenador
da tarefa o ocorrido e, se necessário, encaminhar o irmão para terapêuticas
apropriadas.
e) No dia da tarefa, bem como no anterior e no posterior, o ATENDENTE FRATERNO
deve evitar excessos de toda ordem, mantendo-se em prece e atitudes positivas, a fim
de atrair a proteção de Benfeitores Espirituais.
f) Quando indagado sobre temas doutrinários que não domina, seja sincero e admita sua
deficiência; nunca, porém, queira inventar respostas vazias e mentirosas, como nos
ensina o Espírito de Emmanuel: “Saber não é tudo. É necessário fazer. E para bem
fazer, homem algum dispensará a calma e a serenidade, imprescindível ao êxito, nem
desdenhará a cooperação, que é companheira dileta do amor.” (21)
38
amparo no Espiritismo. Assim, o Atendimento Espiritual visa a dar atenção às pessoas que
chegam à Casa Espírita, acolhendo-as e orientando-as de acordo com os princípios
Doutrinários e Evangélicos.
Dentre as atividades do Atendimento Espiritual encontra-se, pois, o ATENDIMENTO
FRATERNO que, como vimos no decorrer desta apostila, propõe levar lenitivo e luz
evangélica aos que buscam conforto nas dificuldades, explicações para as dúvidas,
encaminhamento para compreensão dos problemas e consolo nos momentos de dores.
39
3.10 – Referências Bibliográficas
(01) XAVIER, Francisco Cândido. Autores Diversos. Relicário de Luz. 4ª Edição. Rio de
Janeiro: FEB. 1962.
(02) KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Tradução Salvador Gentile. Revisão Elias Barbosa.
15ª Edição. Araras, SP: IDE, 2003.
(03) Material Didático fornecido pelo Grupo Espírita Bezerra de Menezes - Atendimento
Fraterno na Casa Espírita.
(05) FRANCO, Divaldo Pereira. Lampadário Espírita. Pelo Espírito de Joanna de Ângelis. 5ª
Edição. Rio de Janeiro: FEB, 1991.
(08) EMMANUEL, (Espírito). O Consolador. 23ª. ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2001.
(09) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução Guillon Ribeiro. 16ª
Edição de bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2004.
(10) XAVIER, Francisco Cândido. Mensagens Esparsas. Rio de Janeiro: FEB. 2004.
(12) JACINTHO, Roque. Intimidade. 3ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 1994.
(13) KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Tradução Manuel Justiniano Quintão. 55ª Edição.
Rio de Janeiro: FEB. 2005.
(14) Ó, Fernando do. Uma Luz no meu Caminho. 3ª Edição. Rio de Janeiro: FEB, 1984.
(15) SANT´ANNA. Hernani T. Universo e Vida. Pelo Espírito Áureo. 4ª Edição. Rio de
Janeiro: FEB, 1994.
(16) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Guillon Ribeiro. 8ª Edição de Bolso.
Rio de Janeiro: FEB. 2003.
(18) BRAGA, Ismael Gomes. Elos Doutrinários. 3ª ed. ver. Rio de Janeiro:FEB, 1978.
40
(19) MIRANDA. Hermínio C. Reencarnação e Imortalidade. 4ª Edição. Rio de Janeiro: FEB,
Cap. 23. 1991.
(21) XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito de Emmanuel. 23ª. Ed. Rio de
Janeiro: FEB. 2005.
(22) XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito de Emmanuel. 9ª. Ed.
Rio de Janeiro: FEB. Cap. 3. 1991.
BENJAMIN. Alfred. A Entrevista de Ajuda. Trad. Urias Corrêa Arantes. 3ª Edição. São
Paulo: Martins Fontes. 1985.
Material Didático fornecido pela UEM – União Espírita Mineira, intitulado Recepção e
Atendimento Fraterno na Casa Espírita. Projeto 1868 – Evangelho, Espiritismo e Educação.
XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. 22ª. Ed. Rio de Janeiro: FEB. 2002.
XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito de Emmanuel. 14ª. Ed. Rio
de Janeiro: FEB. 2005.
41
SATES
SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL
EVANGELHO
NO LAR
(Apocalipse, 3:20)
42
4 – EVANGELHO NO LAR
4.1 – Introdução
“... e se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir...”.
(Mc, 3:25)
“Disse-lhes pois Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo
sempre está pronto.” (João, 7:6)
“A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada
dia. Por que não instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação
e no pensamento?” (05 – Cap. 01). O EVANGELHO NO LAR traz à família sustentação
moral nas adversidades, apoio no trato com membros do grupo doméstico, bem como é o
sustentáculo seguro para as dificuldades espirituais.
Além disso, o estudo do EVANGELHO NO LAR convida a família a buscar os
elementos necessários para uma vivência nos moldes da conceituação evangélico-moral
trazida por Jesus. Entretanto, outras finalidades podem ser apontadas, tais como:
a) Estudar o Evangelho de Jesus, através da Codificação Kardequiana e das obras
subsidiárias, em especial as ditadas por Emmanuel.
b) Estudar O Evangelho Segundo o Espiritismo de maneira seqüencial para compreender
as lições de Jesus em espírito e verdade.
c) Criar o hábito do estudo e da oração em família, fortalecendo a amizade e o
sentimento de fraternidade.
44
d) Criar no ambiente doméstico momentos de paz, saneando os pensamentos, elevando
os sentimentos, o que facilita o amparo dos Mensageiros do Bem.
e) Fortalecer nos integrantes do Lar a coragem, a esperança, a alegria e a boa-vontade
para com todos.
“Quando o Evangelho penetra o lar, o coração abre mais facilmente a porta ao
Mestre Divino” (05 – p. 12)
45
seqüencial de O Evangelho Segundo o Espiritismo, além de outras páginas evangélicas, com a
participação ativa de todos. Ninguém deverá ser obrigado a falar, mas sugere-se que o convite
para comentar a passagem lida seja feito a todos os participantes.
A série formada pelos livros Fonte Viva, Vinha de Luz, Pão Nosso e Caminho,
Verdade e Vida, todos ditados por Emmanuel a Chico Xavier, forma uma opção de alto teor
evangélico e doutrinário. Poesias, histórias, cantos ou narrativas espíritas poderão enriquecer
a reunião.
O Lar onde o Evangelho é estudado, com perseverança e boa-vontade, torna-se, ainda,
foco irradiador para os lares vizinhos nos quais, por vezes, o Mestre ainda não foi convidado a
entrar.
Durante o EVANGELHO NO LAR desaconselha-se qualquer tipo de manifestação
mediúnica. O local apropriado para as comunicações de Espíritos desencarnados é, sem
sombra de dúvida, as reuniões mediúnicas das Casas Espíritas. Assim, deve-se evitar a
passividade mediúnica. Em se manifestando algum Espírito, o responsável pela reunião de
estudo, ou alguém mais experiente, deve solicitar ao irmão desencarnado que se apresente
para comunicação na Casa Espírita, a fim de receber as devidas orientações. Em caso de
inexperiência dos participantes e sendo a manifestação francamente hostil, deve-se trazer a
pessoa à consciência, chamando-a pelo seu nome insistentemente e solicitando que os demais
permaneçam em prece.
Pode-se colocar uma garrafa d’água ou um copo para cada pessoa presente, conforme
a escolha da família, a fim de ser fluidificada. Caso a família opte por uma jarra d’água e haja
algum dos presentes com necessidades especiais, pode-se separar apenas a água destinada a
esta pessoa. Sempre que necessário, poderão ser aplicados passes magnéticos (humanos),
desde que haja pessoas com experiência nesse trabalho entre os membros do grupo ali
reunido.
Além dos familiares, vizinhos e amigos, poderão ser convidados a participar dos
estudos visitantes que estiverem no lar na hora habitual da reunião. Se a visita não se sentir
confortável para participar, a família deverá encaminhá-la a um local separado, onde
aguardará o término da reunião para a confraternização amigável. A família não deverá, sob o
pretexto de que a visita pertence a outra religião, deixar de se reunir no horário habitual.
Também não deverão servir de empecilho à realização do estudo, os passeios ou viagens
adiáveis, festas, reuniões ou outros acontecimentos, que possam vir a desvincular a família de
seus propósitos.
46
É aconselhável escolher um lugar da casa que ofereça privacidade, para evitar
interferências inconvenientes. Sugere-se que os celulares sejam desligados e que seja
abaixada a campainha do telefone fixo da residência. A cada reunião o responsável poderá
designar algum membro para responder ao interfone ou à campainha, a fim de esclarecer
sobre aquele momento de preces e recolhimento em que a família se encontra.
Em especial, no dia da Reunião de Estudo do Evangelho no Lar, o ambiente doméstico
deverá ser preservado, por meio de atitudes e pensamentos de paz e cordialidade, bem como
de conversações dignas e edificantes. A música de boa qualidade poderá fazer parte desta
preparação durante o estudo do EVANGELHO NO LAR.
Conversações menos dignas e atitudes inconvenientes antes, durante ou depois do
estudo devem ser evitadas, para que sejam preservados os fluidos espirituais dispersados no
ar, pela Equipe responsável pelo culto.
a) Prece Inicial:
Proferida pelo dirigente ou por quem ele escolher; deverá ser concisa, simples e
objetiva, pedindo-se a Deus e a Jesus, bênçãos de paz e alegria. (aproximadamente 2
minutos). Há famílias que fazem rodízio entre os filhos, na coordenação das atividades,
incentivando-os nas responsabilidades espirituais.
b) Leituras e Comentários:
Conforme dito anteriormente, a leitura principal poderá ser de um trecho de O
Evangelho Segundo o Espiritismo, feita de forma seqüencial ou aleatória, e, em seguida, de
página evangélico-doutrinária. Poderão ser usados os livros da Codificação, o Novo
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Testamento, Vinha de Luz, Fonte Viva, Caminho, Verdade e Vida e Pão Nosso, de
Emmanuel, psicografados por Chico Xavier.
É possível aproveitar o EVANGELHO NO LAR para o estudo de livros doutrinários,
tais como O Livro dos Espíritos, o Que é o Espiritismo (duas ou três perguntas por vez) e
outros.
É importante que todos participem ativamente dos comentários, contribuindo para
esclarecer o assunto e enriquecer o aprendizado. (aproximadamente 20 a 50 minutos,
dependendo do tempo total escolhido pela família).
Devem-se evitar comparações ou críticas que possam desmerecer pessoas ou religiões.
Os comentários não deverão ser feitos de forma pessoal, nem utilizados para sanar quaisquer
contendas ou indisposições entre os membros da família. Pode-se, contudo, reservar alguns
instantes após o EVANGELHO NO LAR para discutir questões familiares, uma vez que a
disposição de todos estará renovada pelos bálsamos espiritualizantes deixados no ambiente
doméstico pela equipe responsável pelo estudo. Nessa oportunidade, assuntos do dia-a-dia
podem ser apresentados à discussão, com o objetivo de serem analisados sob a ótica de seu
conteúdo moral, por exemplo, relacionamento familiar, boletim escolar das crianças, etc.
De todos os assuntos discutidos, deve o dirigente retirar o aspecto moral e a lição
educativa que possa contribuir para a reflexão e a mudança de comportamento dos
participantes.
Se a família optar por uma leitura complementar, ela poderá ser feita a partir das obras
anteriormente citadas. Neste caso, apenas a pessoa que fizer a leitura deverá comentar,
trazendo as orientações para o dia-a-dia da família e procurando a ligação que, certamente
haverá, com o estudo de O Evangelho Segundo o Espiritismo. (aproximadamente 10 a 15
minutos).
c) Vibrações:
Durante a oração pode-se vibrar pelo lar, pelos familiares e amigos, pelos enfermos e
necessitados, encarnados e desencarnados e, principalmente, pelos desafetos. Pode-se pedir
pelos governantes e, finalmente, vibrar em benefício dos participantes e da fluidificação das
águas. (3 min.)
d) Prece de encerramento:
Simples, clara e concisa, em agradecimento a Deus, a Jesus e aos Amigos Espirituais,
pelas bênçãos do estudo e aprendizado, e pela alegria da convivência fraternal. (2 min.)
48
Observações Importantes:
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Que em nossa tarefa-amor de implantação do EVANGELHO NO LAR, possamos
sempre ter em mente que o trabalho é do Cristo, só a Ele devem ser reportados os êxitos e só
Ele pode nos sustentar nos momentos de provação.
O Evangelho no Lar
Bezerra de Menezes
“E Todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra: serão renovos por mim
plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado”.
(Isaías, 60:21)
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4.5 – Referências bibliográficas
(01) XAVIER, Francisco Cândido. Vida e Sexo. Pelo Espírito de Emmanuel. 24. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2003.
(02) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Guillon Ribeiro. 8ª Edição de Bolso.
Rio de Janeiro: FEB. 2003
(03) XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito de André
Luiz. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
(04) XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito de Emmanuel. 14ª ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2005.
(05) XAVIER, Francisco Cândido. Jesus no Lar. Pelo Espírito Neio Lúcio. 33ª ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2005.
ANDRÉ LUIZ (Espírito). Os Mensageiros. 34ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2000. (Capítulo: Os efeitos da oração).
ANDRÉ LUIZ (Espírito). Relicário de Luz. 4ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 1973.
ANDRÉ LUIZ (Espírito). Mecanismos da Mediunidade. 20ª ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 2001.
ANDRÉ LUIZ (Espírito). Missionários da Luz. 32ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2000.
KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 52ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 2005.
KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução Guillon Ribeiro. 46ª Edição. Rio de Janeiro: FEB.
2005.
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 6ª Edição de Bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2002
EMMANUEL, (Espírito). Religião dos Espíritos. 17ª. ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
51
SATES
SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL
VISITAÇÃO A
LARES E HOSPITAIS
52
5 – VISITAÇÃO A LARES E HOSPITAIS
5.1 – Introdução
“Um samaritano que viajava, chegando ao lugar onde jazia aquele homem e tendo-o visto,
foi tocado de compaixão. - Aproximou-se dele, deitou-lhe óleo e vinho nas feridas e as
pensou; depois, pondo-o no seu cavalo, levou-o a uma hospedaria e cuidou dele. - No dia
seguinte tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: Trata muito bem deste homem
e tudo o que despenderes a mais, eu te pagarei quando regressar”. Jesus. (Lc, 10:33- 35).
5.2 – A Visita
Vejamos, agora, aspectos importantes para uma EQUIPE DE VISITAÇÃO, que atua
nos lares e hospitais. Conforme está registrado no Dicionário da Língua Portuguesa, de
Francisco da Silveira Bueno, a palavra Visita, s.f., refere-se ao “ato ou efeito de visitar; ato de
ir ver alguém por dever, afeição, interesse ou caridade”.
“Chamo-me Caridade; sigo o caminho principal que conduz a Deus. Acompanhai-me,
pois conheço a meta a que deveis todos visar. Dei esta manhã o meu giro habitual e, com o
coração amargurado, venho dizer-vos: Oh! meus amigos, que de misérias, que de lágrimas,
quanto tendes de fazer para secá-las todas! (...). Acompanhai-me, pois, meus amigos a fim de
53
que eu vos conte entre os que se arrolam sob a minha bandeira. Nada temais; eu vos
conduzirei pelo caminho da salvação, porque sou - a Caridade.” (01 – XIII - 13)
A caridade é, pois, um dos objetivos da VISITA FRATERNA, e ela se concretiza no
ato de levar lenitivo a enfermos que se encontram com dificuldade de locomoção, aos
acamados e aos necessitados da terapia do Evangelho, que propicia equilíbrio e harmonia,
através dos passes e da prece.
Outro objetivo é colaborar com a família que deseja implantar o Evangelho no Lar,
exemplificando, na prática, como se deve proceder. Embora não haja rituais a serem
considerados quando se reúne a família para a leitura e comentários do Evangelho, o apoio e o
incentivo da EQUIPE DE VISITA levam aos lares o estímulo necessário para perseverarem
neste encontro semanal.
Entretanto, a EQUIPE DE VISITA, via de regra, é convidada aos lares e hospitais
quando ocorrem situações de enfermidades físicas e espirituais. O pedido para receber uma
EQUIPE DE VISITA no lar pode originar-se:
a) de solicitação do paciente;
b) de solicitação de alguém que o represente (familiar, amigo, etc.);
c) por encaminhamento do ATENDIMENTO FRATERNO;
d) por orientação da própria EQUIPE DE VISITA.
É importante ressaltar que, não se deve negar a visita em situações em que não haja, a
princípio, uma orientação do ATENDIMENTO ESPIRITUAL. Quando o pedido parte do
paciente, este deverá ser analisado com atenção e amor. Dependendo da gravidade, a
solicitação deve ser atendida, como solução temporária, até que seja possível receber a
orientação dos trabalhadores da EQUIPE do ATENDIMENTO ESPIRITUAL.
Já nas solicitações por terceiros, deverá haver discernimento e cautela, pois o visitado
pode não desejar receber a equipe. Por isso, são imprescindíveis a ciência e a autorização do
paciente para que o atendimento seja realizado, exceto em casos de pessoas que se encontrem
impossibilitadas de tomar decisões próprias.
Nas demandas oriundas de pedidos da equipe do ATENDIMENTO FRATERNO,
podem ocorrer situações em que seja oportuno às equipes comunicarem-se, a fim de trocarem
impressões e definirem o melhor atendimento ao solicitante. Entretanto, as decisões deverão
ser sempre pautadas no bom senso, na confiança, na vontade de servir e no amparo
imprescindível da prece. “Pelo divino circuito da prece, a criatura pede o amparo do Criador
e o Criador responde à criatura pelo princípio inelutável da reflexão espiritual, estendendo-
54
lhe os Braços Eternos, a fim de que ela se erga dos vales da vida fragmentária para os cimos
da Vida Vitoriosa.” (02 – cap. 26)
Na Prática Cristã:
A Equipe Espírita deve ter consciência da seriedade do trabalho. Através das terapias
da prece e do passe, de leituras e de palavras que edificam, os sofrimentos poderão ser
minimizados, abrindo espaço para reflexões, que conduzem os indivíduos, envolvidos naquele
campo de ação, a reverem conceitos e (pré) conceitos e, sobretudo, a retomarem princípios
morais, que devem nortear a vida de todos nós.
55
A tarefa de VISITA contribui para a conquista do equilíbrio e da harmonia no lar,
visto que, também, estarão envolvidos os irmãos desencarnados ligados àquele ambiente. A
terapêutica através do passe e da prece revitaliza e revigora o VISITADO para que ele, no
momento oportuno e se for de seu desejo, seja encaminhado à Casa Espírita para receber
orientações doutrinário-evangélicas pertinentes. Amparados pelo Evangelho, os tarefeiros,
imbuídos da fé e da vontade de servir, exercitam a caridade habilitando-se ao serviço com
Jesus.
Trabalho em Equipe:
“E fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para que os
fossem ajudar. E foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase
iam a pique”.Jesus. (Lc, 5:7).
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5.3 – Preparando a Visita Fraterna
“Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a
couraça da justiça, e calçando os pés com a preparação do evangelho da paz”.
Paulo. (Efésios, 6:14-15)
A visita fraterna é uma atividade que requer, como todas as demais, uma preparação
adequada e constante. Pelo fato de ser uma engrenagem do ATENDIMENTO ESPIRITUAL,
todo o cuidado no conjunto da obra será pouco. Por se tratar de um trabalho essencialmente
espiritual, as mais variadas dificuldades podem surgir, seja por influência espiritual ou por
descuido da própria Equipe.
Por isso, a responsabilidade, o equilíbrio e a vigilância no trabalho são alguns aspectos
imprescindíveis para o bom andamento da atividade. Desde o recebimento da solicitação, o
contato para agendamento, a confirmação, o trajeto, a chegada no local, o transcorrer da
visita, o encerramento, a saída do ambiente, até a conclusão das visitas – nos casos de mais de
uma visita –, o trabalhador deve estar em prece e respaldado pelos bons pensamentos.
Primeiro Contato:
“E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; e se a casa for digna, desça sobre ela a
vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz”.Jesus. (Mt, 10:12-13) Por
telefone ou pessoalmente, quando ciente da orientação espiritual, o tarefeiro fala ao visitado
(ou responsável) sobre a preparação do “ambiente espiritual” no dia da visita. Por exemplo, o
trabalhador visitante deve orientá-lo a evitar contendas, excessos na alimentação e uso de
bebida alcoólica. A tranqüilidade é essencial.
Por outro lado, a equipe deverá estar vigilante quanto as posturas e expressões antes,
durante e depois da tarefa, tendo sempre em mente que a EQUIPE DE VISITA apenas oferece
orientações doutrinárias e carinho aos visitados.
Encontro da Equipe:
“E, estendendo a sua mão para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus
irmãos”.Jesus. (Mt, 12:49) O local de encontro dos visitantes é escolhido pelo grupo. A maior
parte das EQUIPES DE VISITA se encontra na Casa Espírita, ambiente propício para
harmonização, mas isso não é obrigatório. Cumprimentos sem exageros, telefones celulares
desligados, prece, leitura e comentário de uma mensagem doutrinário-evangélica são
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preliminares da tarefa, a partir deste momento, cada visitante coloca sua mente a serviço do
Cristo.
Trajeto:
A Chegada:
“Tendo Jesus saído de casa naquele dia, estava assentado junto ao mar; e ajuntou-
se muita gente ao pé dele, de sorte que, entrando num barco, se assentou; e toda a
multidão estava em pé na praia.” Jesus. (Mt, 13:1-2).
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VISITADO e familiares, confiemos nos poderes do Alto. A melhora se dará de acordo com o
empenho e merecimento dos Espíritos envolvidos, encarnados ou desencarnados.
5.4 – A Tarefa
Prece Inicial:
“Os Espíritos hão dito sempre: A forma nada vale, o pensamento é tudo. Ore, pois,
cada um segundo suas convicções e da maneira que mais o toque. Um bom pensamento vale
mais do que grande número de palavras com as quais nada tenha o coração”.(01 - Cap.
XXVIII. Preâmbulo). A prece inicial deve ser proferida em bom tom de voz, suficiente para
que todos possam ouvir e compreender e acompanhada mentalmente pelos presentes.
Ela deve representar nosso sentimento mais puro, com simplicidade, objetividade,
sinceridade e amor, a fim de colaborar com os trabalhos do Plano Superior através da sintonia.
Por isso, todos nós somos capazes de proferir uma prece, independente da capacidade
intelectual de cada um. Através da prece conversamos com Deus pela linguagem do Amor.
Lembremos que a mais bela oração, registrada pela História de Humanidade, foi ensinada
pelo Mestre Jesus e é o legítimo roteiro para orarmos a Deus.
Leituras e Comentários:
Logo depois da prece dá-se a leitura de uma mensagem cristã, seguida de comentários.
Tal procedimento harmoniza a todos, encarnados e desencarnados, trazendo equilíbrio,
conduzindo os pensamentos em uma só sintonia, buscando a reflexão sobre a conduta íntima
individual diante dos Desígnios Superiores. É como uma medicação eficaz, que abre o campo
mental para receber a intervenção da Espiritualidade.
A leitura atende as necessidades dos enfermos, familiares, tarefeiros e desencarnados;
conforme ensina Paulo: Toda escritura inspirada por Deus, É proveitosa ( ...) para instrução
na justiça. (II Carta a Timóteo, 3:16).
Os visitantes devem ter atenção ao uso das palavras, a EQUIPE DE VISITA deve
sempre se colocar na posição daqueles que estão em busca do aprendizado; para tal deve se
comentar os ensinamentos sempre utilizando “nós”, ao invés de“você(s)” ou “eu”, e, é
prudente, também, evitar relatos pessoais. Quando for necessário, para o entendimento e o
crescimento do grupo, deverá a equipe expor um fato sem identificação dos personagens.
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Além de ser um comportamento pautado pela boa educação, tal atitude leva o orador a
posicionar-se com humildade perante os temas abordados, já que todos somos aprendizes. A
palavra deverá ser utilizada para fortalecer o paciente. Assim, é desnecessário destacar os
problemas do VISITADO. Relevante é auxiliá-lo, revigorando energias através da
autoconfiança, sem desenvolver a fragilidade ou a autopiedade.
Após a leitura e comentários, se alguém (familiar ou paciente) quiser falar, devemos
ouvi-lo com atenção e interesse. Muitos enfermos aguardam uma oportunidade como esta
para “desabafar” e um dos melhores lenitivos que podemos levar a alguém é justamente
SABER OUVIR.
Observações:
a) Há situações em que a EQUIPE DE VISITA pode suprimir as leituras por motivos como:
i. A visita tem que ser breve, por solicitação do visitado/enfermo ou familiares.
ii. O paciente não apresenta equilíbrio para uma VISITA mais demorada.
iii. Quando a visita ocorrer em hospitais, havendo tempo definido para cada visitante.
Nessas e noutras possíveis situações o bom senso deve prevalecer.
b) Os visitantes que são médiuns videntes e sensitivos devem manter discrição e silêncio
sobre entidades desencarnadas e percepções durante a visita. Comentários sobre tais situações
podem ser feitos com a equipe, de forma equilibrada, após o encerramento, desde que sejam
para o aprendizado do Grupo e nunca por simples curiosidade ou para exibição de potenciais
mediúnicos.
c) Devemos lembrar que o sofrimento tem sempre uma causa justa pela Lei de Deus, mas
podemos superá-lo através da perseverança e confiança no Poder do Alto, pois somente o Pai
conhece verdadeiramente nossas necessidades.
d) Apoiados na assertiva que diz: “a cada um segundo suas obras”, é bom evitar frases ou
sugestões do tipo: “você tem que fazer...”; “você não pode...”; etc.. Deve-se evitar, ainda:
i. fugir do tema central da leitura;
ii. ser moralista, proibindo ou acusando; afinal, temos nossos próprios vícios;
iii. desestimular – “é muito difícil...”
iv. bocejar durante a leitura (pode sugerir cansaço ou indiferença);
60
v. perguntar sobre doenças ou particularidades por mera curiosidade;
vi. chorar ou descontrolar-se;
vii. discutir, debater, criando clima de tensão;
viii. falar “não concordo”: a expressão poderá ser recebida de forma agressiva;
ix. tomar partido de um ou de outro quando houver desacordo;
x. fazer afirmações inverossímeis: “Você está me ouvindo, sei que está!” – dito a um
surdo ou a uma pessoa com dificuldades mentais;
xi. dizer que o sofrimento é necessidade cármica (quando a circunstância favorecer, pode-
se explicar, à luz da Doutrina Espírita, a necessidade do aprendizado. Essa postura é
diferente de afirmações como: “pagamento de dívida”, “castigo”, etc.).
xii. indicar ou desaprovar terapias alternativas;
xiii. interferir em orientações médicas;
xiv. colocar o Espiritismo acima de outras religiões.
O Passe:
61
O Atendimento a crianças:
Música:
62
Nos Hospitais:
“E aconteceu que, quando voltou Jesus, a multidão o recebeu, porque todos o estavam
esperando”. Jesus. (Lc, 8:40). Quando solicitada a ir ao Hospital, para realizar a VISITA
FRATERNA, A EQUIPE DE VISITA deverá seguir em primeiro lugar as determinações do
hospital quanto a horário, dia de visita, número de visitantes, uso de crachá de identificação.
Devemos ressaltar que, surgem ocasiões em que a visita é apenas de apoio ao enfermo e aos
familiares sem haver a necessidade do passe ou de leituras.
A EQUIPE DE VISITA deve entrar no ambiente com cautela e amor, para não levar a
falsa impressão de “curadores” ou portadores de esperanças de curas vãs. Humildade e
caridade para consigo e para com o próximo devem ser constantes nesses momentos.
Enfermos do corpo e da alma, os VISITADOS, quando hospitalizados, e seus
familiares, apresentam, com freqüência, irritação, pessimismo, tristeza, nervosismo, revolta.
Deve a EQUIPE DE VISITA entender esses casos como características próprias de quem se
sente castigado ou esquecido. Na maioria dos casos, a família do VISITADO também é
necessitada do carinho e da atenção da EQUIPE DE VISITA.
Diante desta condição, a EQUIPE DE VISITA deve se apresentar serena e
emocionalmente controlada, bem preparada para lidar com esses quadros caracterizadores da
enfermidade do corpo e da alma. Caso contrário, melhor não colocar em risco o
ATENDIMENTO ESPIRITUAL.
Colocar-se diante do paciente, já tão debilitado e angustiado, apresentando qualquer
repugnância por sua condição física, além de falta de caridade anula o objetivo da visita, que é
levar alegria, esperança e, sobretudo, amor, como nos ensina o Mestre. Devemos estar atentos
para:
a) não atrapalhar a atuação dos médicos e enfermeiros;
b) não interferir no tratamento, mesmo quando se tem conhecimento técnico específico;
c) lembrar que a visita dos familiares é mais importante para o enfermo que a presença
da EQUIPE DE VISITA;
d) manter precaução quanto à higiene, evitando contaminações para si e para o
VISITADO.
“A caridade não dispensa a prudência”. (03 – cap. 3)
Prece Final:
“Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim
como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado
63
aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a
Escritura se cumprisse”.Jesus. (Jo, 17:11-12). A prece final marca o encerramento da visita e
pode ser proferida por qualquer um dos presentes, familiares ou visitantes. É o agradecimento
por tudo que foi oferecido ao VISITADO: fluidos regeneradores (passes), a terapia do
Evangelho e a oportunidade de trabalho oferecida aos visitantes; pelo amparo e misericórdia
de Deus, pelo amor de Jesus por todos e pelo auxílio dos Amigos Espirituais.
Quando o objetivo da EQUIPE DE VISITA for a Implantação do Evangelho no Lar, o
roteiro a ser seguido será o do próprio culto que se realiza em casa, orientando a família sobre
os procedimentos e esclarecendo quanto à não utilização de quaisquer ritos, símbolos, etc.,
tratando o momento como um encontro da família, que deve ser feito com simplicidade, amor
e união.
Fim da Tarefa:
“Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes conheceram que tu
me enviaste a mim. E eu lhes fiz conhecer o teu nome e lho farei conhecer mais,
para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja”.Jesus. (Jô,
17: 25- 26).
64
c) O bom senso e a atenção definem o tempo dos comentários a fim de evitar correria ou
causar cansaço pela excessiva demora; deve ser lembrado que essa atividade é uma
visita e não uma conferência pública;
d) Importante lembrar que a tarefa tem acompanhamento de uma Equipe Espiritual, com
compromissos e afazeres e que não é uma visita social;
e) Os tarefeiros espíritas devem cultivar o hábito da leitura, não só das obras básicas, mas
também de obras complementares de conteúdo evangélico-doutrinário que os
sustentarão, mantendo a vibração, a sintonia elevada e servindo de base fundamental
para a visita.
“E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos
homens”.Paulo. (Colossenses, 3:23)
“Pelo menos uma vez por semana, cumprir o dever de dedicar-se à assistência, em
favor dos irmãos menos felizes, visitando e distribuindo auxílios a enfermos e lares menos
aquinhoados. Quem ajuda hoje, amanhã será ajudado”. (01 - cap. VI, item 4). Dentre as
atividades do Atendimento Espiritual encontra-se, pois, a VISITA A LARES E HOSPITAIS
que, como vimos no decorrer desta apostila, propõe-se a levar lenitivo aos que necessitam e,
em contrapartida, oportunizar os trabalhadores da Casa Espírita a exercerem a caridade, o
amor, a disciplina e outros atributos edificantes que nos levam ao caminho do Bem.
“E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra deste jazendo com febre. E
tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se, e serviou-os.” Jesus. (Mt,
8:14-15).
65
5.7 – Referências Bibliográficas
(02) EMMANUEL, (Espírito). Pensamento e Vida. 14ª. ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
(03) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Conduta Espírita. 27ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
(04) XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito de Emmanuel. 27ª ed. Rio de
Janeiro: FEB.2007.
(05) KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Tradução Salvador Gentile. Revisão Elias Barbosa.
15ª Edição. Araras, SP: IDE, 2003.
ORSINI, Marcelo de Oliveira. Visita aos Lares e Hospitais. 1ª. Ed. Belo Horizonte: FEIG,
2001. 248 p.
66
SATES
SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL
REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO
(Atos, 4: 31)
67
6 – REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO
6.1 – Introdução
“(...) o trabalho da prece é mais importante do que se pode imaginar no círculo
dos encarnados. Não há prece sem resposta. E a oração, filha do amor não é
apenas súplica. É comunhão entre o Criador e a criatura, constituindo, assim, o
mais poderoso influxo magnético que conhecemos”.André Luiz (06 – Cap. “Os
efeitos da prece”)
Esta Apostila tem como meta traçar singelas orientações e sugestões acerca das
REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO, destacando, conforme a epígrafe nos elucida, a importância
da prece em grupo e da comunhão com Deus. Objetiva, ainda, contextualizar a REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO no conjunto de tarefas desenvolvidas no Centro Espírita, ressaltando a
importância de sua interligação com estas atividades.
Muitos casos recepcionados na Casa Espírita e encaminhados à equipe de
ATENDIMENTO FRATERNO e/ou de VISITA NO LAR, podem necessitar de apoio
adicional auferido nas REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO. A conexão entre estas frentes de
trabalho é imprescindível para que possamos obter os recursos disponibilizados pela
Misericórdia Divina.
Desse modo, as tarefas-amor desenvolvidas desde a RECEPÇÃO da Casa Espírita,
passando pelo ATENDIMENTO FRATERNO, a VISITA NO LAR, a implantação do
EVANGELHO NO LAR, as reuniões de TRATAMENTO E IRRADIAÇÃO, entre outras,
são recursos que sustentam o conjunto de atividades fraternas levadas a efeito pelos seareiros
do Cristo.
Neste módulo de estudo, em que abordaremos a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO em
seu desenvolvimento, serão analisados tópicos que acreditamos serem relevantes para a
obtenção do concurso divino e do lenitivo para os sofrimentos terrenos. Assim, destacamos,
por exemplo, a função e a responsabilidade dos integrantes; o ambiente físico e espiritual; os
requisitos preparatórios necessários; a finalidade da comunhão com o mundo espiritual
propiciada pela prece; os auxílios auferidos nos momentos de sintonia mental edificante; e a
importância do Evangelho de Jesus e dos preceitos doutrinários dos Espíritos, codificados por
Allan Kardec, como base para a tarefa de tratamento e irradiação; dentre outros assuntos
afins.
Sabemos que a Doutrina Espírita, Terceira Revelação de Deus à humanidade, através
do Consolador Prometido, tem suas raízes no plano espiritual e cumpre manter-se ligada a ele
para que haja um proveitoso intercâmbio entre os mundos. Desse modo, nós, espíritas
encarnados devemos aproveitar os momentos de interação com o mundo espiritual, no firme
68
propósito de angariar ensinamentos e experiências de amigos abalizados que, mesmo sem a
roupagem da carne, conhecem o mundo terreno e apresentam-se prontos a auxiliar-nos em
nosso crescimento evolucional rumo ao Bem.
Nesse contexto, a oração - recurso poderoso na dinamização dos vínculos entre a
diversidade de mundos habitados e na promoção do socorro aos irmãos em sofrimento –
associada ao conjunto de atividades desenvolvidas na Casa Espírita, forma ambiente fecundo
para o cultivo do amor, da compreensão e da experimentação daqueles que abraçam a tarefa.
Por esta razão, aos estudos evangélico-doutrinários devem entremear-se a prece, a
perseverança, o amor, a disciplina e o trabalho nas ações promovidas pelos grupos em prol do
Mundo Regenerado.
No que se refere às REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO, o objetivo principal é o exercício
da prece irradiada em conjunto, voltada às necessidades espirituais e físicas dos irmãos
enfermos que estão em processos terapêuticos na Casa Espírita, em seus lares ou hospitais.
Vale ressaltar, ainda, que, nessas atividades podem ocorrer, orientações, encaminhamentos e
informações conforme a dedicação do grupo, a vontade dos pacientes e o merecimento dos
envolvidos.
Enfim, o objetivo deste trabalho é dizer aos irmãos de ideal - com simplicidade e
fidelidade à Doutrina Espírita - que a terapêutica da prece sincera é “divino movimento do
espelho de nossa alma rumo à Esfera Superior, para refletir-lhe a grandeza”.(06).
Destarte, contamos com o apoio do Mestre Jesus e dos Benfeitores Espirituais, a fim
de que não nos desviemos dos objetivos previamente traçados pelo Altíssimo e que possamos
auxiliar, de algum modo, a propagação do Amor fraternal entre os irmãos de jornada. A
seguir, iniciamos um roteiro aos voluntários da Divina Obra, coordenada pelo Mestre Jesus e
seus assistentes espirituais encarnados e desencarnados.
Que a serenidade e o discernimento possam acompanhar-nos neste percurso!
“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio
deles”. Jesus (Mt, 18:20).
Definição:
69
agrupamento de coisas geralmente similares ou de mesma natureza...” Entendendo que o
primeiro termo está claro a todos, analisemos o significado de irradiação: para melhor
exposição de nossos objetivos, devemos informar aos irmãos de fé que o tratamento de
enfermidades da alma e do corpo, nas Casas Espíritas, é obtido pela irradiação da oração e da
fé dinamizada nas diversas frentes. Jesus, no Evangelho de Mateus, prometeu-nos que, se nos
reuníssemos em Seu nome, Ele viria estar entre nós.
Verifica-se, assim, que a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO pode ser compreendida como
um momento em que pessoas afins se agrupam para um trabalho intercessório que pode
alternar a orientação, o pedido, o agradecimento e o louvor.
“A prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que oram se
associam de coração a um mesmo pensamento e colimam o mesmo objetivo,
porquanto é como se muitos clamassem juntos e em uníssono. Mas, que importa
seja grande o número de pessoas reunidas para orar, se cada uma atua
isoladamente e por conta própria?! Cem pessoas juntas podem orar como egoístas,
enquanto duas ou três, ligadas por uma mesma aspiração, orarão quais
verdadeiros irmãos em Deus, e mais força terá a prece que lhe dirijam do que a
das cem outras.” (04 - cap. XXVII, item 15)
Com base nessas informações, tentaremos traçar uma linha de raciocínio para melhor
entendermos a prática do concurso fraternal da prece, uma atividade simples e perfeitamente
acessível aos trabalhadores das Casas Espíritas.
Em O Livro dos Médiuns - no capítulo XXIX, item 331 - Allan Kardec afirma que
“uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus
membros e formam como que um feixe. Ora, este feixe, tanto mais força terá, quanto mais
homogêneo for”, a fim de que os seus “participantes possam haurir o verdadeiro ensinamento
ofertado pelos Espíritos de Luz”.(05).
O Codificador, ao definir a REUNIÃO, não muda sua acepção, mas, acrescenta-lhe
uma importante análise sobre as vantagens que dela podem auferir seus participantes, através
da evidente oportunidade de instrução e esclarecimento; da obtenção de vibrações de paz,
equilíbrio e saúde; do despertamento íntimo, do soerguimento no Bem e da libertação
consciente por meio de questões, experiências e situações que ali são trazidas.
O Espírito de André Luiz nos dá uma importante informação sobre a tarefa de equipe,
na obra Relicário de Luz: Grande é a missão do templo do bem; e os irmãos que oficiam em
seus altares não lhe podem esquecer as finalidades sublimes. “Muito se pedirá àquele que
muito recebeu”. E o nosso grupo não se constituiu ao acaso. (07)
Posto assim pode-se inferir que, para participar de uma REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO, o grupo deverá estar imbuído não só de espírito de serviço e seriedade, mas
70
de sincero desejo de modificar os hábitos, através do exercício disciplinar do silêncio, do
recolhimento, da comunhão fraternal de idéias, do sentimento genuíno de desprendimento, da
afabilidade verdadeira e do desejo de instruir-se, tendo como base os ensinos dos Espíritos,
codificados pelo Apóstolo lionês.
Sabedores que a autêntica beneficência provém dos Espíritos Superiores, como
registra o Espírito de Emmanuel, em Religião dos Espíritos, deve-se realizar o melhor “(...)
conforme os ditames do coração, mas não te esqueças de que, no fundo da consciência,
ajudar com desinteresse e instruir sem afetação, é a única maneira – a mais justa e a mais
alta – de servirmos ao Nosso Pai”.(08).
...é a expressão mais alta [de] comunhão das Almas. (...) é um transporte do
coração, um ato de vontade, pelo qual o Espírito se desliga das servidões da
Matéria, das vulgaridades terrestres, para perscrutar as leis, os mistérios do poder
infinito e a ele submeter-se em todas as coisas: “Pedi e recebereis!” Tomada neste
sentido, a prece é o ato mais importante da vida; é a aspiração ardente do ser
humano que sente sua pequenez e sua miséria e procura, pelo menos por um
instante, pôr as vibrações do seu pensamento em harmonia com a sinfonia eterna.
É a obra da meditação que, no recolhimento e no silêncio, eleva a Alma até essas
alturas celestes onde aumenta as suas forças, onde se impregna das irradiações da
luz e do amor divinos. (20)
71
suas vontades; as que se dirigem aos bons Espíritos são reportadas a Deus. Quando alguém
ora a outros seres que não a Deus, fá-lo-á recorrendo a intermediários, a intercessores,
porquanto nada sucede sem a vontade de Deus. (01)
Pela força da prece em grupo os participantes das REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO
recolhem em silêncio, sob a forma de socorro íntimo, para si e para os demais, emanações de
fluidos sutis, que irão impregnar de amor e, ao mesmo tempo, balsamizar os sofrimentos
daqueles que padecem. A comunhão das Almas em prece é lenitivo divino para milhares de
espíritos, daí, a importância de que o trabalho seja realizado com sinceridade e dedicação e,
acima de tudo, que possa cumprir os objetivos traçados pelos servidores do Mestre Jesus.
A prece sincera é o mais eficiente sistema de intercâmbio entre a Terra e o Céu de que
dispomos. Por isso, ela deverá expressar sentimentos profundos e NUNCA REPETIÇÕES
automatizadas de palavras e/ou mantras. O Espírito de Emmanuel certifica-nos que: Orar é
identificar-se com a maior fonte de poder de todo o Universo, absorvendo-lhe as reservas e
retratando as leis da renovação permanente que governam os fundamentos da vida. (09)
Apesar de ser, na maioria das vezes, uma reunião privada, a REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO poderá contar com a presença dos irmãos que serão assistidos nos trabalhos
do dia, desde que o local ofereça acomodações adequadas a eles. Recomenda-se manter o
ambiente propício à concentração, ao recolhimento e à oração sem, contudo, estimular a
dispersão ou o sono nos participantes. Além dos presentes, poderão ser anotados nomes de
enfermos no Livro (ou Caderno) de Preces para Irradiação a distância.
72
pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de
certo modo se fotografa. (11)
O dirigente estimula os médiuns e demais integrantes a plasmarem imagens que
podem variar desde uma paisagem completa a apenas uma flor. Essa materialização do
pensamento através de fluidos servirá como substância energética e de sustentação para que
os bons espíritos possam atuar manipulando as energias necessárias aos trabalhos.
Recomenda-se que as sugestões ideoplásticas sejam acessíveis a todos, para garantir a sintonia
e sincronia dos trabalhos.
O pensamento é força criadora capaz de produzir energias boas ou más. Na verdade, o
pensamento é como uma usina geradora de energia que será manipulada criando condições
para contribuir nas diversas terapêuticas, orientações espirituais e materiais.
6.3 – A Equipe
Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer
coisa que pedirem, isso lhe será feito por meu Pai, que está nos céus. Jesus (Mt,
18:19).
73
atualidade. Para analisarmos a importância da integração do grupo, podemos recorrer ao
Evangelho de Jesus no seguinte registro: “...e perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na
comunhão, e no partir do pão, e nas orações. (...) E todos os que criam estavam juntos, e
tinham tudo em comum.” (Atos, 2:42-44). Nesse trecho temos a exemplificação genuína da
idéia de conjunto que, ligado pela oração e pela fé, persevera na Obra de Jesus.
Podemos depreender do versículo citado que a idéia de comunhão - integração pelo
pensamento e sentimento de amor fraternal – é condição necessária na REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO, pois a ação dos Espíritos Elevados se enfraquece e se aniquila, quando reina
a antipatia entre os membros de um grupo.
Segundo Léon Denis, para se obter a intervenção assídua da Esfera Superior, “...é
preciso que a harmonia moral, mãe da harmonia fluídica, se estabeleça nos corações, e que
todos os adeptos se sintam na conjunção de esforços por alcançar um objetivo comum,
ligados por um sentimento de sincera e benévola cordialidade"(12).
O venerável Espírito de Emmanuel destaca a importância do conjunto quando analisa
o trabalho em equipe, em uma Casa Espírita, ressaltando que é razoável notar que todo
trabalho é ação de conjunto. “Cada companheiro é indicado à tarefa precisa; cada qual
assume a feição de peça particular na engrenagem do serviço, sem cuja cooperação os
mecanismos do bem não funcionam em harmonia”.(13)
Essa orientação de Emmanuel vai ao encontro das citadas anteriormente, em que há
alusão à perseverança, associada ao estar junto, em comunhão. Nesse conjunto, cada
companheiro é indicado à tarefa precisa e todos se sentem vinculados ao compromisso da
conjunção de esforços, visando a um objetivo comum, e ligados por um sentimento de sincera
e benévola cordialidade.
No capítulo XXX, intitulado Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas, de O Livro dos Médiuns, artigo 17, encontramos uma prescrição de Allan Kardec
acerca dos critérios relacionados aos participantes das reuniões da Sociedade Parisiense.
Segundo o Codificador, “as sessões serão particulares ou gerais; nunca serão públicas”.
Kardec pretende assinalar que as reuniões particulares possibilitam a abordagem de assuntos
de estudo que requeiram mais tranqüilidade e concentração; ou, ainda, a abordagem de temas
nos quais seja conveniente o aprofundamento, antes de tratá-lo em reuniões gerais; não sendo
possível, por isso, a presença de qualquer pessoa que possa promover o desconforto ou
desequilíbrio do ambiente.
Diante de tais orientações, podemos concluir que a reunião mediúnica de irradiação é
uma prática, cuja realização demanda delimitação de participantes e de suas respectivas
74
funções. Conforme nos esclarece o Espírito de Emmanuel, no livro Instruções Psicofônicas, o
êxito da reunião mediúnica de irradiação, como corpo de serviço no plano terrestre, exige três
elementos essenciais: o orientador, o médium, o assistente “(...) O primeiro é o cérebro que
dirige, o segundo é o coração que sente, o terceiro é o braço que ajuda”.(14).
Tendo em vista os elementos essenciais que integram uma REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO, é importante ressaltar a necessidade de seleção criteriosa dos participantes,
antes que o trabalho seja iniciado, a fim de não termos, mais tarde, inadequação no
desempenho dos papéis específicos. Falemos, então, um pouco sobre os participantes das
REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO:
a) Dirigentes;
b) Vibracionais;
c) Passistas;
d) Enfermos e acompanhantes.
É importante frisar que, na REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO bem orientada, não haverá
participantes além dos integrantes acima apresentados. E quanto aos companheiros cujo
desejo é o de visitar uma reunião com o intuito de fazer observação construtiva, André Luiz,
no livro Desobsessão, esclarece-nos que “essas visitas (...) devem ser recebidas apenas de
raro em raro, e em circunstâncias realmente aceitáveis no plano dos trabalhos (...),
principalmente quando objetivem a fundação de atividades congêneres” (15).
Assim, nas REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO, cada integrante atenderá uma função
específica, assumindo importante papel para seu desenrolar. Para tanto, espera-se dos
integrantes “(...) uma atitude de confiança, atenção, meditação, concentração no bem,
paciência e compreensão, durante o desenrolar dos trabalhos”. (01)
A seguir, objetivando oferecer mais esclarecimentos sobre o tema, apresentamos
brevemente cada participante distintamente.
Dirigente:
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dirigida por quem não a possui será, evidentemente, ambiente propício aos Espíritos
perturbadores. O dirigente precisa ser, pois, alguém em quem o grupo confie, uma pessoa
que represente para os encarnados a diretriz espiritual, aquela que na realidade sustenta e
orienta tudo o que ocorre. Ele é o representante da direção existente na Espiritualidade, o
pólo catalisador da confiança e da boa-vontade de todos.
Posto dessa forma verifica-se que esse componente da REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO, entre seus encargos, deve gerir os acontecimentos, dirigir o grupo e ser o
diretor espiritual. Ou seja, além da experiência em lidar com pessoas diferentes, o dirigente
deve possuir profundo conhecimento evangélico-doutrinário, que o habilite a dirimir possíveis
conflitos nos diferentes planos: físico e espiritual.
O dirigente é o mediador entre os Coordenadores Espirituais da tarefa e seus
participantes encarnados e desencarnados. Em algumas ocasiões corre o risco de ser mal
compreendido, por ser “obrigado” em várias circunstâncias a remanejar funções, promover
alterações de procedimentos e, até mesmo, solicitar dos participantes algumas mudanças de
posturas.
Em razão disso, a firmeza e a doçura nas decisões, a retidão moral e a certeza de estar
cumprindo fielmente as determinações do Alto são caracteres desse componente, porque ele
(ou ela) deve contar com o respeito de todos os presentes no ambiente e com a proteção dos
Mentores da Casa Espírita. Suas decisões traduzem os interesses da coletividade, NUNCA
suas vaidades pessoais. Entre outros requisitos e deveres, André Luiz, no livro Conduta
Espírita, capítulo 3, recomenda ao dirigente:
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E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai,
pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara. Jesus. (Lc, 10:2).
Passistas e Orientadores:
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As considerações do Espírito de André Luiz são extremamente esclarecedoras, pois
nos informam que todo participante de REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO desempenha função
relevante, para que o TODO do serviço funcione tão harmoniosamente quanto seja possível.
Pacientes e Visitantes:
Cada grupo, com o passar do tempo e as experiências hauridas, vai formando um perfil
específico e próprio de trabalho. É importante lembrar o valor dessa comunhão, quando estes
estão sintonizados nas vibrações do Bem. No entanto, cada participante possui uma
individualidade própria que deve ser respeitada e que pode interferir nos padrões vibratórios
da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO.
Diante dessa certeza, entendemos não existir uma “fórmula” unificada e universal para
a realização desses encontros nos templos espíritas, salvo a fidelidade que cada componente
deve ter com a prática do Bem com Jesus.
Através das irradiações da prece coletiva, muitos irmãos são atendidos, sofrimentos
são amenizados, espíritos esclarecidos, etc., e, nem sempre é necessária a divulgação desses
resultados. Desse modo, devemos tentar preservar o ambiente da reunião, com o propósito de
que ele não seja “contaminado” por energias que possam enfraquecer ou desviar os nossos
ideais evangélico-doutrinários.
De conformidade com o exposto, cabe ao coordenador da REUNIÃO DE
IRRADIAÇÃO, tutelado pelos Mentores da tarefa, optar em manter os pacientes encarnados
presentes ou, ainda, permitir que visitantes assistam aos trabalhos. Imbuído de autoridade
moral e proteção espiritual, o dirigente está apto a deliberar em nome do grupo o melhor
procedimento a ser seguido. Por outro lado, os participantes devem aceitar com resignação e
amor sua decisão, para que os trabalhos sejam conduzidos harmoniosamente.
Estarem reunidas, em nome de Jesus, duas, três ou mais pessoas, não quer dizer que
basta se achem materialmente juntas. É preciso que o estejam espiritualmente, em comunhão
de intentos e de idéias, para o bem. Jesus, então, ou os Espíritos puros, que o representam se
encontrarão na assembléia. (...) O que atrai (a proteção de Jesus) não é o maior ou menor
número de pessoas que se reúnam, pois, em vez de duas ou três, houvera ele podido dizer dez
ou vinte (...) (04 – Cap. XXVIII, item 5).
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Em termos práticos a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO é dividida em duas partes: a
primeira destina-se a breves leituras doutrinárias e exposição sucinta dos casos a serem
atendidos, assim como aplicação da terapêutica do passe aos irmãos em tratamento. No
segundo momento, os tarefeiros incumbidos do trabalho deverão colocar-se em colóquio com
Deus e em sintonia com o grupo.
As rogativas, os agradecimentos e os louvores devem ser discretos e sinceros,
descrevendo, caso a reunião comporte, as recomendações sugeridas pela Espiritualidade.
Entendemos não existirem fórmulas herméticas para a realização de um encontro de
TRATAMENTO E IRRADIAÇÃO com fulcro na oração, pois, conforme o próprio Mestre
Jesus nos ensinou: “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio
deles”.
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vibratórias salutares que ali serão manipuladas. Dessa maneira, justifica-se o ISOLAMENTO
COM O MUNDO EXTERIOR através de atitudes como:
Estas e outras sugestões (que certamente surgirão ao longo da jornada) devem ser
observadas por todos e, quando necessário, o dirigente deverá solicitar a mudança de postura
daqueles que não cooperarem.
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Partes da Reunião:
Não é, pois, a simultaneidade das palavras, dos cânticos ou dos atos exteriores que
constitui a reunião em nome de Jesus, mas a comunhão de pensamentos, em concordância
com o espírito de caridade que ele personifica. Tal o caráter de que se devem revestir-se as
reuniões espíritas sérias, aquelas em que sinceramente se deseja o concurso dos bons
Espíritos. (04 – XXVIII, item 5)
A REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO deve ter INÍCIO sempre com uma Prece Inicial
invocando a Deus ou a Jesus a proteção do ambiente, pedindo o amparo dos bons espíritos
para os componentes da tarefa e discernimento a todos para a compreensão das orientações e
dos objetivos programados para o encontro. Não há fórmulas ou preces prontas, a melhor
oração é aquela que brota na simplicidade de um coração sincero.
Inicia-se a primeira parte da reunião, em que é feito um estudo evangélico-doutrinário
coordenado pelo dirigente e auxiliado por um dos integrantes. O estudo tem por objetivo o
norteamento da reunião. Em muitas ocasiões, ele antecipa os atendimentos e os rumos
subseqüentes da tarefa. Nesse momento pode surgir uma dúvida:
O que estudar antes das REUNIÔES MEDIÚNICAS?
Normalmente, sugere-se que o grupo estude trechos das obras básicas da Codificação
do Espiritismo, o Pentateuco codificado por Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, O
Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, O Céu e o Inferno e A Gênese.
O Evangelho de Jesus, escrito pelos evangelistas e apóstolos do cristianismo, também
é recomendado, bem como as obras de outros autores espíritas, como os Espíritos de Bezerra
de Menezes, Emmanuel, Joanna de Angelis, André Luiz, entre outros recomendados pelas
Federativas Espíritas.
O estudo, no entanto, não pode tornar-se muito extenso e cansativo. O objetivo não é
encharcar os participantes de intelectualismo, mas simplesmente preparar o curso dos
trabalhos, equilibrando as vibrações ambientes.
Encerrada a primeira fase, com os estudos e comentários, inicia-se a segunda parte da
reunião. Novamente o dirigente convida os participantes a manterem-se confiantes no
trabalho e propõe uma ideoplastia (ver item 6.2), que possa sustentar a concentração dos
participantes.
No curso normal de uma REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO a condução flui conforme o
planejado pelos Protetores Espirituais. Cabe, nesses momentos, confiar na ação e proteção
divina e entregar-se aos trabalhos. Mesmo assim, não se dispensa a vigilância e a prece
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constantes. Pode o dirigente, no meio dos trabalhos, solicitar que alguém faça uma prece pelo
grupo, a fim de garantir o ambiente vibracional.
Os participantes, através de intuições ou “quadros mentais”, poderão receber
orientações individuais, generalizadas e/ou coletivas, mensagens de consolo, auxílios às
entidades enfermiças e sofredoras. Para tanto, deve-se manter o ambiente de oração no mais
alto grau de respeito, até que os Mentores indiquem ao dirigente o momento de encerrar os
trabalhos.
O encerramento deve ser feito com uma prece a Deus, a Jesus e aos Bons Espíritos
pelo amparo e proteção. Agradecer sempre, aos Benfeitores espirituais, as bênçãos hauridas,
os atendimentos ocorridos e a oportunidade do trabalho.
Os assuntos trabalhados durante a REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO devem ser
registrados em pequenas atas ou, quando permitido, em gravações. O objetivo desses
registros, que devem ser mantidos reservados, é avaliar o andamento das reuniões. Sem
estabelecer julgamentos. Cabe ao dirigente observar e comparar os acontecimentos durante a
tarefa, a receptividade dos pacientes ao tratamento, sua própria postura na coordenação e a
condução da equipe.
Após o término da REUNIÃO DE IRRADIAÇÃO, quando o ambiente favorecer, é
importante ouvir os participantes e as impressões vividas por cada um. O coordenador deve
ser gentil ao ouvir, mas disciplinado e firme para interromper e evitar que o que deveria ser
apenas um breve comentário torne-se uma palestra individualista.
Por fim, deve o dirigente lembrar aos participantes que apesar de encerrada no plano
físico, a tarefa e o tratamento poderão estender-se durante o sono, aproveitando para
relembrar a importância da prece e vigilância no retorno aos lares.
As orientações propostas neste estudo não podem resumir-se num corpo fechado e
estanque de regras a serem cegamente cumpridas. Pelo contrário, o desafio do Movimento
Espírita, no século XXI, é caminhar com Jesus, dinamizando suas palavras; descerrar novos
valores enfeixados na codificação kardequiana e cumprir com fidelidade o compromisso
assumido na arregimentação de aquisições positivas para o Mundo de Regeneração.
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Doar-se como o Apóstolo Pedro: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te
dou”.(Atos, 3:6), é o nosso desafio para o AGORA. Devemos assim, perseverar e sermos
coerentes em nossas realizações, lembrando-nos de que não é a posição que exalta o homem
de bem, mas seu o comportamento moral e a retidão com que este se conduz dentro dela.
Os méritos ou sucessos obtidos nas tarefas executadas através dos Centros Espíritas,
pelas frentes de trabalho, que envolvem, dentre outros, a RECEPÇÃO, o ATENDIMENTO
FRATERNO, o incentivo e a implantação do EVANGELHO NO LAR, as VISITAS AOS
LARES e as REUNIÕES DE IRRADIAÇÃO pertencem ao Senhor da Vida.
Desse modo, tenhamos a certeza que, para o trabalhador devotado do Cristo, nunca
faltarão auxílios de sustentação. Os Amigos Espirituais, quando encontram disposição íntima
de melhoramento e serviço, procuram investir recursos que beneficiam o trabalho que
realizamos e nos auxiliam na superação das dificuldades. É o que nos esclarece o instrutor
Alexandre, em Missionários da luz:
“Em todo lugar onde haja merecimento nos que sofrem e boa vontade nos que
auxiliam, podemos ministrar o benefício espiritual com relativa eficiência. Todos
os enfermos podem procurar a saúde; todos os desviados, quando desejam,
retornam ao equilíbrio. Se a prática do bem estivesse circunscrita aos Espíritos
completamente bons, seria impossível a redenção humana. Qualquer cota de boa
vontade e espírito de serviço recebe de nossa parte a melhor atenção. (...) Quando
nos referimos às qualidades necessárias aos servidores desse campo de auxílio, a
ninguém desejamos desencorajar, mas orientar as aspirações do trabalhador para
que sua tarefa cresça em valores positivos e eternos”. (19)
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6.6 – Referências Bibliográficas
(02) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Guillon Ribeiro. 8ª Edição de Bolso.
Rio de Janeiro: FEB. 2003
(03) KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 52ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 2005.
(05) KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 6ª Edição de Bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2002
(06) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Os Mensageiros. 34ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2000. (Capítulo: Os efeitos da oração).
(07) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Relicário de Luz. 4ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 1973.
(08) EMMANUEL, (Espírito). Religião dos Espíritos. 17ª. ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
(09) EMMANUEL, (Espírito). Pensamento e Vida. 14ª. ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
(10) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Mecanismos da Mediunidade. 20ª ed. Psicografado por
Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 2001.
(11) KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução Guillon Ribeiro. 46ª Edição. Rio de Janeiro: FEB.
2005.
(12) DENIS, Leon. No Invisível. 19ª edição. Tradução Leopoldo Cirne. Brasília: FEB. 1987.
(13) EMMANUEL, (Espírito). Livro da Esperança. 4ª. ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Brasília: FEB, 1983.
(14) EMMANUEL, (Espírito). Instruções Psicofônicas. 7ª. ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Brasília: FEB, 1995.
(15) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Desobsessão. 9ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier e Waldo Vieira. Brasília: FEB, 1987.
(16) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Conduta Espírita. 27ª ed. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
(17) XAVIER, Francisco Cândido. Vozes do Grande Além. Diversos Espíritos. 5ª ed. Rio de
Janeiro: FEB.2003.
(18) SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão/Desobsessão. 9ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994.
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(19) ANDRÉ LUIZ (Espírito). Missionários da Luz. 32ª ed. Psicografado por Francisco
Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2000.
(20) DENIS, Leon. O grande enigma. 10ª edição. Rio de Janeiro: FEB. 1992.
87
SATES
SETOR DE ATENDIMENTO ESPIRITUAL
PASSE
ESPÍRITA
(Atos, 3:6)
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7 – PASSE ESPÍRITA
7.1 – Introdução
89
terapêutica do PASSE, conjugado com orientações para as suas necessidades, desde que
desenvolva a fé, dinamize o merecimento, amplie a boa vontade e persevere em seu desejo de
curar-se.
A Doutrina Espírita permitiu-nos entender que vivemos imersos num gigantesco
mundo fluídico, que nossos pensamentos utilizam esses fluídos como veículo e, ainda, que
através de técnicas e estudos podemos empregar essas energias magnéticas em benefício
próprio e de outrem.
Pela dedicação à vivência evangélica e à prática do Bem aprimoramos nossos hábitos
e transformamos nossos impulsos inferiores em energias positivas a serem canalizadas no
exercício do amor fraternal. O labor na Casa Espírita, principalmente na tarefa do PASSE, é
atitude séria e requer cuidados especiais do trabalhador, além de dedicação e fidelidade à
Doutrina dos Espíritos e ao Evangelho de Jesus.
A Casa Espírita, com suas várias frentes de auxílio ao próximo, necessita capacitar e
qualificar seus trabalhadores para as tarefas do dia-a-dia, pois são eles os que primeiro devem
ter consciência da importância da missão que têm a cumprir. Posto isso, passaremos a
desenvolver algumas reflexões necessárias ao uso da terapêutica do PASSE, considerando que
por promover contato direto com o público, exige esta tarefa muita dedicação e amor por
parte de quem se dispõe a exercê-la.
7.2 – O Passe
90
A compreensão da importância do PASSE passa pelo entendimento de alguns
conceitos, tais como:
a) DEUS – “inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas” (03 – q.1)
b) ESPÍRITO – “O princípio inteligente do Universo” (03 – q. 23)
c) FLUÍDO CÓSMICO – “é a matéria elementar primitiva, cujas modificações
constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. Como princípio elementar
do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade,
que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de
ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio é o
de transformação do fluído em matéria tangível. Mas, ainda aí, não há transição
brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo
médio entre os dois estados. (04 – Cap. IV e X)
d) FLUÍDOS MAGNÉTICOS – “ligam todos os mundos entre si no Universo, como
todos os Espíritos, encarnados ou não. É um laço universal pelo qual Deus nos ligou a
todos, como que para formamos um único ser e para nos facilitar a ascensão ao seu
seio, conjugando-nos as forças. Os fluídos se reúnem pela ação magnética. Tudo em a
natureza é magnetismo. Tudo é atração produzida por esse agente universal.” (05)
Mecanismo do Passe:
Ao contrário do que podem pensar algumas pessoas, nós, espíritos vinculados ao orbe
terrestre, estamos constantemente irradiando e recebendo fluidos do meio em que habitamos,
dos encarnados ou não, numa transmissão tão natural e automática que, na maioria das vezes,
escapa à nossa percepção. Sempre que pensamos e sentimos, estamos movimentando fluidos
ou energias.
Cada estado de alma, cada pensamento, cada emoção vivida, cada sensação
corresponde à emissão e/ou à absorção de um tipo de energia, que entra pelos centros de força
espiritual, mediante a sua natureza, incorporando-se à tessitura do perispírito (corpo
espiritual) e trazendo-nos estados de mal-estar ou de bem-estar.
André Luiz narra, em Mecanismos da Mediunidade, o processo de assimilação e de
retenção das energias pelo paciente durante o PASSE magnético: Estabelecido o clima de
confiança, qual acontece entre o doente e o médico preferido, cria-se a ligação sutil entre o
91
necessitado e o socorrista e, por semelhante elo de forças, ainda imponderáveis no mundo,
verte o auxílio da Esfera Superior, na medida dos créditos de um e outro. Ao toque da
energia emanante do passe, com a supervisão dos benfeitores desencarnados o próprio
enfermo, na pauta da confiança e do merecimento de que dá testemunho, emite ondas mentais
características, assimilando os recursos vitais que recebe, retendo-os na própria constituição
fisiopsicossomática, através das várias funções do sangue. (08 – p. 160-161)
Neste ponto, vale destacar que, tanto quem recebe como quem doa (atendido e
passista), ambos, de acordo com o merecimento assimilarão os recursos vitais emanados pela
movimentação de energia.
Aqui, cabe-nos um parêntese para detalharmos, sob a orientação de André Luiz, o
processo de assimilação de correntes mentais, promovido pela prece sincera que facilita o
recebimento de recursos vitais:
“Vimos aqui o fenômeno da perfeita assimilação das correntes mentais que preside
habitualmente a quase todos os fatos mediúnicos. (...) A emissão mental de
Clementino, condensando-lhe o pensamento e a vontade, envolve Raul Silva em
profusão de raios que lhe alcançam o interior, primeiramente pelos poros, que são
miríades de antenas sobre as quais essa emissão adquire o aspecto de impressões
fracas e indecisas. Essas impressões apoiam-se nos centros do corpo espiritual,
que funcionam à guisa de condensadores, atingem, de imediato, os cabos do
sistema nervoso, a desempenharem o papel de preciosas bobinas de indução,
acumulando-se aí num átimo e reconstituindo-se, automaticamente, no cérebro,
onde possuímos centenas de centros motores, semelhantes a milagroso teclado de
eletroímãs ligados uns aos outros e em cujos fulcros dinâmicos se processam as
ações e reações mentais, que determinam vibrações criativas, através do
pensamento ou da palavra”. (07 – Cap. 5)
Tipos de Passe:
A tipologia apresentada a seguir deve ser entendida apenas como sugestão quanto à
aplicação do PASSE NA CASA ESPÍRITA. Em momento algum deverá o passista ficar preso
à rigidez das regras. Consideramos que o tarefeiro comprometido com a Doutrina e com o
Evangelho nunca estará desamparado em sua lide diária. No entanto, devido aos excessos de
gesticulações, movimentos improvisados e falatórios desnecessários ocorridos durante a
92
aplicação do passe, nos próximos tópicos, trataremos de métodos e técnicas que podem ser
utilizados, para facilitar o trabalho do PASSE. Assim, o PASSE foi dividido em sete tipos
distintos, quais sejam:
a) Passe Magnético;
b) Passe Espiritual;
c) Passe Humano-Espiritual;
d) Passe Mediúnico;
e) Passe Coletivo;
f) Autopasse;
g) Passe à Distância.
93
vontade sincera, por seu sentimento puro e por seu pensamento conectado ao dos bons
Espíritos, que lhe aumenta, valoriza e sutiliza os fluídos, associando-os aos seus próprios,
mais leves e eficazes e os dirigem aos centros de energias do paciente, que convergem os
benefícios para os órgãos necessitados. Não podemos nos esquecer de que o concurso dos
espíritos poderá ser espontâneo ou provocado por uma prece sincera do passista e do paciente.
A prece é recurso valoroso, pois o fluido humano está, na maioria das vezes, sempre
impregnado de impurezas físicas e morais; já os fluidos dos bons espíritos são mais puros e,
em razão disso, suas propriedades são mais ativas. Neste contexto, a prece funciona como um
elo fluídico entre encarnados e desencarnados.
94
f) AUTOPASSE – trata-se da oração, da prece sincera proferida com o fito de obter bons
fluidos e auto-harmonia. Assim, o autopasse é um cuidado necessário de que o passista deve
se utilizar antes e após a tarefa, pois ele purifica os pensamentos, otimizando as energias. Ao
iniciar e ao concluir a aplicação de passes, é importantíssimo que o passista proceda à limpeza
do seu próprio envoltório fluídico, através do que se costuma chamar autopasse. O autopasse
inicial tem o objetivo de retirar componentes fluídicos inadequados que se tenham agregado
ao organismo do passista, em virtude de suas atividades anteriores. No final, o autopasse visa
a libertar o passista de fluidos que tenha, inadvertidamente, captado dos pacientes. (...) Para
concluir o autopasse, deve o passista estabelecer uma ligação mental com as regiões
vibratórias superiores e imaginar que está sendo banhado por uma luminosidade suave que vai
envolvendo-o lentamente, primeiro a cabeça, depois o tronco e os braços, e assim
progressivamente, até atingir os pés. O passista deve manter assim por alguns momentos,
deixando que as vibrações superiores restabeleçam seu equilíbrio e harmonia. (10 – cap. 2)
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de reordenar as camadas fluídicas do paciente, dando a elas a estabilidade devida”;
comporta-se como um redistribuidor de cargas energéticas, evitando a concentração destas em
locais isolados. Geralmente executado com as mãos espalmadas e estendidas na linha mediana
do corpo, de onde próximo aos membros inferiores, se abrem os braços em sentido inclinado e
com movimento rápido. Ao fim de cada movimento, fechar e abrir as mãos para trás,
mentalizando a dispersão dos fluídos agregados nas mãos. Atentemos, todavia, para a posição
mental do médium, pois não é o simples arcar de dedos que fará com que os fluidos
dispersem, suas disposições e seu comando mental nesse sentido são indispensáveis. (02)
PASSE CIRCULAR: Este passe é executado com a palma das mãos ou com os dedos em
movimentos rotatórios. Enquanto uma das mãos permanece espalmada, de preferência à altura
da região frontal, a outra se movimenta em círculos sobre a região afetada. Ele é muito
benéfico em áreas com maior concentração e movimentação de fluídos. Se aplicado sobre o
cérebro o passe circular pode favorecer o transe mediúnico; quando demorado, pode torna-se
desconfortável tanto para o passista quanto para o paciente.
PASSE TRANSVERSAL: Este passe tem grande poder dispersivo, mas pode apresentar
alguns inconvenientes quanto ao seu uso na Casa Espírita. Vejamos o motivo: são executados
com os braços distendidos à frente e as mãos, inicialmente, posicionadas a uma distância do
paciente entre 30 e 50cm; (...) O operador, colocado de pé e defronte do magnetizado, estende
os dois braços diante, as mãos abertas, com a palma e os polegares para baixo; nessa posição,
ele abre rapidamente e com muita energia os braços no sentido horizontal e depois volta com
vivacidade à posição primitiva para recomeçar logo a seguir da mesma maneira. (02)
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por trás do corpo do paciente. Conforme podemos deduzir, por uma questão de praticidade e
economia espacial, este passe é impróprio para a Casa Espírita, porque tanto o passista quanto
o paciente devem se movimentar durante sua aplicação e ambos deverão permanecer de pé.
7.3 – O Passista
O acaso não opera prodígios. Qualquer realização há que planejar, atacar, pôr a
termo. Para que o homem físico se converta em homem espiritual, o milagre exige
muita colaboração de nossa parte. (11 – Calderaro, Espírito)
Quem pode aplicar o passe? Em princípio, toda pessoa saudável, de boa vontade e
disposição sincera para auxiliar o próximo pode aplicar passe. Pela fidelidade e disciplina no
desempenho de suas obrigações, o tarefeiro melhora a si mesmo e aproxima-se de benfeitores
dispostos a auxiliá-lo nas tarefas do Centro Espírita. Assim, para que o trabalhador possa
servir com adequação é necessário que cultive alguns hábitos, que lhe assegurarão tutela de
qualidade. São requisitos indispensáveis ao desempenho da tarefa do PASSE:
a) REQUISITOS FÍSICOS
b) REQUISITOS INTELECTUAIS
c) REQUISITOS MORAIS
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Requisitos Físicos:
Deve o passista observar os seguintes itens:
a) Buscar a limpeza de seu corpo, como condição mínima de higiene, que assegure a
própria saúde e a do assistido;
b) Procurar alimentar-se em quantidades proporcionais à sua condição orgânica. A
deficiência acarreta desgaste; o excesso compromete o equilíbrio celular;
c) Observar a qualidade dos alimentos ingeridos, sempre disciplinado pelo bom senso;
certos alimentos oferecem maior concentração energética;
d) Abster-se do álcool, fumo e outras substâncias tóxicas que prejudicam as funções
psíquicas e orgânicas, comprometendo os fluídos transmitidos na tarefa, o que pode
prejudicar a saúde do paciente, cujas condições físicas ou psíquicas devem merecer o
máximo de atenção e cuidado;
e) Esforçar-se para controlar e/ou suprimir o uso da carne, pelo menos no dia da tarefa
deve ser feita a abstinência, pois a digestão desse alimento é mais demorada e exige
maior desgaste de energias do tarefeiro;
f) Primar pelo equilíbrio mental, psíquico e orgânico. Quando enfermo ou em
desequilíbrio, deve o passista abster-se da tarefa;
g) Observar e controlar a conduta sexual. Sexo desregrado é responsável por sérios danos
à estrutura psíquica, orgânica e espiritual;
h) Superar a atração pelo jogo de azar e outros vícios, os quais nos ligam psiquicamente a
entidades em desequilíbrio, estabelecendo um processo de simbiose prejudicial a
todos;
i) Evitar atividades que exijam excessos e esgotamentos desnecessários, a fim de manter
as reservas de energia vital em condições de servir.
Requisitos Intelectuais:
a) Ter conhecimentos específicos sobre o passe, seus efeitos, aplicações; a fim de que
comentários e/ou práticas não doutrinários sejam evitados;
b) Buscar conhecimento sobre os mecanismos que envolvem a tarefa com irmãos mais
experientes, para melhor se preparar quando imprevistos surgirem e poder orientar
outros irmãos espíritas se solicitado;
c) Participar de grupos de estudos relacionados ao passe, às curas, às irradiações, aos
tratamentos e aos centros de força humanos. A ausência de estudo significa estagnação
e pode emperrar a dinamização da tarefa.
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Requisitos Morais:
a) Cultivar as virtudes e manter a conduta cristã, através da perseverança e da
assiduidade no trabalho com os amigos espirituais;
b) Ter disposição sincera de ajudar o próximo, encarando-o como irmão e filho de Deus;
c) Conhecer e aceitar a posição de simples intermediário de recursos do mais Alto, não
alimentando orgulho ou vaidade;
d) Interessar-se constantemente pelo esclarecimento doutrinário; pelo aprimoramento da
fé raciocinada de quem trabalha alicerçado nos ensinamentos de Jesus;
e) Buscar a reforma íntima com base no Evangelho de Jesus e na procura constante do
aperfeiçoamento moral;
f) Tentar sublimar os impulsos negativos que geram desequilíbrios, buscando domínio
sobre si mesmo;
g) Controlar os sentimentos e emoções, mantendo uma atitude cristã e decidida em todas
as circunstâncias;
h) Fazer uso de palavras, gestos e ações positivas e edificantes.
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7.4 – Como Aplicar o Passe
Para obter melhor resposta da emissão e recepção dos fluidos manipulados durante o
Passe, o passista deve preparar-se convenientemente, a seguir alguns pontos a serem
observados:
Postura do Passista:
O passe deve ser sempre silencioso e ministrado com simplicidade e naturalidade.
Lembre-se de que para receber, transmitir e fixar energias basta utilizar exclusivamente a
mente O passista deve manter-se sereno e gentil com os pacientes, sem propiciar
conversações. DEVE EVITAR:
a) Gestos bruscos, que possam machucar alguém;
b) Gesticulações excessivas, que beiram à teatralização;
c) Suspiros, bocejos, murmúrios, gritos, falas, cantigas e respiração ofegante. Alguns
passistas acentuam a respiração durante o passe, deve-se procurar evitar a emissão de
ruídos;
d) Esfregar as mãos e estalar de dedos;
e) Tocar o atendido ou passar a mão pelo seu corpo, sob qualquer pretexto.
Observações Importantes:
a) Se o passista tiver conhecimento sobre a matéria que relaciona os centros de força, os
plexos correspondentes e suas localizações, poderá atuar mais livremente sobre as
zonas afetadas do organismo do paciente, se para tanto for intuído.
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b) As mãos espalmadas com naturalidade devem guardar uma distância de mais ou
menos 20 centímetros do paciente. NUNCA TOQUE O PACIENTE durante a
aplicação do passe.
c) O passe em equipe pode ser ministrado por dois ou até quatro passistas, quando
evidenciada a sua necessidade ou por orientação espiritual.
d) Não há tempo estipulado para a duração do passe. Cabe ao passista usar o bom senso e
obedecer à inspiração do momento, normalmente ele dura o tempo equivalente a uma
prece sincera.
e) O passe prolongado acumula mais fluídos o que pode torna-se irritante, especialmente
no organismo de crianças, idosos e enfermos.
f) O número de pessoas a serem atendidas não deve influenciar na duração do passe. O
passista deve manter-se sereno e empenhado no atendimento com o máximo de
interesse e espírito de caridade, para que o trabalho não resulte em mero automatismo.
g) Desde que haja imperiosa necessidade, o passista poderá dar tantos passes quantos
forem solicitados, confiante no inesgotável manancial da misericórdia de Deus.
h) Quanto ao esgotamento gerado pela tarefa, cabe ao passista, mesmo reconhecendo sua
qualidade de simples intermediário, buscar não só poupar suas reservas energéticas,
evitando excessos, como encontrar meios naturais que o auxilie na recuperação.
Reflexos:
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7.5 – Por que Aplicar o Passe
Parece-nos justo procurarmos saber o motivo pelo qual o PASSE é tão utilizado nos
meios espíritas e, inclusive, no plano espiritual. A reposta mais adequada a esta pergunta pode
estar ligada aos efeitos benéficos que ele gera, cominados com a vantagem de não ter
qualquer contra-indicação, podendo, assim, ser ministrado em todas as pessoas, em qualquer
idade, com qualquer tipo de enfermidade.
Os resultados do passe sempre serão positivos, podendo variar conforme a disposição
mental, a confiança, a fé e a resignação de quem o recebe. Pois, apenas para relembrarmos,
num sentido amplo e respeitadas as peculiaridades, os efeitos do passe independem de quem o
aplica, principalmente se levarmos em conta que o médium é um aparelho utilizado pelos
espíritos que tutelam a tarefa.
O passe é recurso da Providência Divina e deve ser valorizado tanto pelo passista
como pelo paciente. Jesus com freqüência, em sua jornada pela Terra, aplicava passes:
Jesus, porém, disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim. Porque
dos tais é o reino dos céus. E, tendo-lhes imposto as mãos partiu dali.
(Mt, 13:14-15)
E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra deste acamada, e com febre. E
tocou-lhe na mão e a febre a deixou; e levantou-se, e serviu-os. (Mt, 8:14-15)
E, ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhos traziam; e,
pondo as mãos sobre cada um deles, os curava. (Lc, 4:40)
102
Quando Aplicar o Passe:
Fazei aos homens tudo o que quereis que eles vos façam, porque esta é a Lei e os
profetas. (MT, 7:12)
Numa menção fiel ao livro de Jacob Melo (02), deduzimos que se pode aplicar o passe
quando:
a) O paciente demonstrar sincero desejo em obter tal benefício, salvo nos casos em que o
paciente, em crise, não tiver condições de manifestar sua vontade.
b) Servir de recurso terapêutico total, complementar, reparatório ou preparatório.
c) O paciente se encontrar sob influência obsessiva, hipnotizado ou em estado
sonambúlico, o passe é altamente significativo como “EVANGELHOTERAPIA”.
d) O paciente atender indicações do receituário da Casa Espírita.
e) O médium for solicitado em casos sérios ou urgentes;
f) Existirem condições ambientais e fluídicas propícias, como, por exemplo, nas reuniões
com esta finalidade.
g) Solicitado para atender pessoas impedidas de sair de casa ou hospitalizadas.
h) Após reuniões doutrinárias, para pessoas que precisem ou queiram recebê-lo.
i) Nas reuniões mediúnicas, de tratamentos e irradiações, como auxílio aos médiuns,
durante atendimento aos espíritos em sofrimento.
103
j) Estiver doente ou estafado física ou mentalmente.
k) Antes não tiver sido feita uma prece ou pequena reflexão evangélico-doutrinária.
l) Não existir passista preparado para a tarefa.
No Centro Espírita: O local mais conveniente para aplicar passe é o Centro Espírita,
que, pela natureza de suas atividades, constitui-se como núcleo mais importante de assistência
a encarnados e desencarnados. Quando for possível, o Centro deverá ter uma sala previamente
destinada à aplicação de passes, com funcionamento em dias e horários pré-estabelecidos. É,
ainda, conveniente que, antes de se iniciar o serviço de PASSE, seja feita uma rápida
explicação sobre ele, pois sempre há pessoas que ali comparecem pela primeira vez, e o irmão
orientado, ainda que superficialmente sobre o assunto, pode oferecer condições para melhor
receber e fixar os benefícios da terapêutica. É indispensável iniciar e interromper (quando
necessário) a tarefa do passe com uma prece. Nos dias em que for grande o número de
candidatos ao passe, é recomendável realizar o trabalho por turmas (veja o item IV – Passe
Coletivo), repetindo-se os esclarecimentos e as preces quantas vezes forem necessárias.
Esclarecer aos atendidos que:
a) não se deve conversar com o passista durante a aplicação do passe;
b) basta receber um passe de um passista;
c) evitar a preferência por este ou aquele passista;
d) durante o recebimento da terapêutica deve o paciente permanecer em prece;
e) o passe, conforme o merecimento de cada um, facilita ou proporciona a cura, alivia o
sofrimento ou fortalece o enfermo.
104
A redução da luz durante o passe favorece a manipulação, pelos Espíritos, de certos
fluídos, porque promove a serenidade íntima dos encarnados e facilita a meditação no bem.
Todavia, nos casos em que não haja possibilidade de reduzir a luminosidade, deve-se optar
pela claridade. Para sua tranqüilidade e para evitar mal-entendidos, o passista procurará não
ficar só com o necessitado, principalmente quando se tratar de pessoas de sexo diferente. Em
todo trabalho coletivo deve haver prudência por parte dos responsáveis, evitando-se o contato
de portadores de moléstias contagiosas com os demais presentes.
Nos lares: sempre que houver impossibilidade de o doente se locomover, é justo que
se dê passe na residência. Isso, porém, só enquanto durar o impedimento. A equipe VISITA
OS LARES E HOSPITAL deve lembrar-se da prece inicial e da prece de encerramento da
atividade de assistência espiritual. O grupo deve limitar-se ao trabalho fraterno, evitando que
a sua visita assuma caráter social.
Outros lugares: as circunstâncias podem nos levar a dar passes em outros lugares,
como hospitais, locais de trabalho, entre outros. Nesses casos, como já foi dito anteriormente
deverá o médium passista utilizar seu bom senso, sopesando a necessidade e a circunstância
que envolve a tarefa.
Quando doentes da alma ou do corpo, é natural que desejemos nos restabelecer. Para
tanto, muitas vezes, recorremos às medicações terrenas, que são extremamente úteis, e,
também, ao passe, como apoio, complemento e refrigerante de nossas dores. O passe é
fluidoterapia de grande eficácia e devemos utilizar seus benefícios durante o tempo em que
nos encontramos necessitados, porém, devemos evitar o hábito de tomar passes, sem motivos
que o justifiquem, lembremos da exortação contida no livro Missionários da Luz, a nos
informar que:
Na espiritualidade, existem limites. (...) Há pessoas que procuram o sofrimento, a
perturbação, o desequilíbrio, e é razoável que sejam punidas pelas conseqüências de seus
próprios atos. Quando encontramos enfermos dessa condição, salvamo-los dos fluidos
deletérios em que se envolvem por deliberação própria, por dez vezes consecutivas, a título
de benemerência espiritual. Todavia, se as dez oportunidades voam sem proveito para os
interessados, temos instruções superiores para entregá-los à sua própria obra, a fim de que
aprendam consigo mesmos. Poderemos aliviá-los, mas nunca libertá-los. (13)
105
Como Receber o Passe:
a) Quando temos evidente necessidade e enquanto essa perdurar. Tal qual se dá com o
remédio, que se toma pelo tempo em que persistir a enfermidade. O passista deve
orientar o paciente a não desprezar a medicação terrena, reservando o passe para o
momento mais indicado. Em certos casos, o uso de ambos é a medida mais
aconselhável.
b) O passe deve ser utilizado com critério e responsabilidade. Quando exercido sob a
vibração da prece com vistas ao bem legítimo o passe pode ser utilizado por qualquer
pessoa espírita ou não que abrigue a fé em seu coração. A incredulidade é uma
barreira a atuação dos Espíritos em nosso favor. A necessidade do passe deve ser
positivada pelo próprio doente, pelo passista ou pela Espiritualidade quando se
manifesta a respeito.
c) No caso de obsessão, o passe pode promover o afastamento temporário do obsessor
para que o encarnado receba auxílio mais eficiente. Lembremos, no entanto, que a
106
solução definitiva do processo reside no esclarecimento evangélico-doutrinário dos
envolvidos.
7.7 – Conclusão
Para concluir este trabalho, gostaríamos de frisar que o passista deve, sempre que
houver oportunidade, oferecer ao paciente meios para que ele encontre o caminho de sua
recuperação, com Jesus. Como recurso da Casa Espírita o PASSE pode ser utilizado sem
restrições e como complemento para as outras frentes ligadas ao ATENDIMENTO
ESPIRITUAL.
A seguir oferecemos um quadro ilustrativo sobre os Centros Vitais e, ao final,
transcrevemos as mensagens “O PASSE” e “CURA PRÓPRIA” de Emmanuel, como um
ósculo divino a orientar nossos propósitos.
CENTROS VITAIS:
Ponto de integração entre as forças do espírito e
1º CORONÁRIO as forças fisiopssicossomáticas. Assimila os
estímulos do Plano Superior. Dele parte a
corrente de energia vital com ação sobre a
matéria mental e transmite aos demais centros
os reflexos de nossos sentimentos, idéias e
ações.
2º CEREBRAL Influência decisiva sobre os demais.
Sustenta os sentidos;
Marca a atividade das glândulas
endócrinas
Administra o sistema nervoso
3º LARÍNGEO Respiração;
Fonação;
4º CARDÍACO Emotividade;
Circulação
5º ESPLÊNICO Atividade do sistema hemático dentro das
variações do meio e volume sanguíneo.
6º GÁSTRICO Digestão e absorção dos alimentos densos ou
menos densos.
7º GENÉSICO Modelagem de novas formas entre os homens.
Estímulos criadores com vistas ao trabalho, à
associação e à realização entre as almas.
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O Passe
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A CURA PRÓPRIA
Emmanuel
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7.8 – Referências Bibliográficas
(02) MELO, Jacob. O Passe: seu estudo, suas técnicas, sua prática. 15ª ed. Rio de Janeiro:
Federação Espírita Brasileira - FEB, 2004.
(03) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Evandro Noleto Bezerra. Edição
Especial. Rio de Janeiro: FEB. 2006
(06) Material Didático do Grupo Espírita Maria Dolores, São Paulo, consulta efetuada no site
www.mariadolores.org.br/passes.htm - dia 16/06/2008.
(07) XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Ditado pelo Espírito de
André Luiz. 22ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1994.
(09) XAVIER, Francisco Cândido. VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos. Ditado pelo
Espírito de André Luiz. 21ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 2003.
(10) GURGEL, Luiz Carlos de M. O Passe Espírita. Rio de Janeiro: FEB. 1994.
(11) XAVIER, Francisco Cândido. No Mundo Maior. Ditado pelo Espírito de André Luiz. 18ª
ed. Rio de Janeiro: FEB. 1993.
(13) XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. Ditado pelo Espírito de André Luiz.
20ª ed. Rio de Janeiro: FEB. 1987.
(14) XAVIER, Francisco Cândido. Segue-me. Pelo Espírito de Emmanuel. 8ª. Ed. Matão São
Paulo: O Clarim. 1996. pág. 51 e 131.
KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 52ª Edição. Rio de Janeiro: FEB. 2005.
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 6ª Edição de Bolso. Rio de Janeiro: FEB. 2002
XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Pelo Espírito de Emmanuel. 14ª. Ed. Rio
de Janeiro: FEB. 2005.
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