Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Introdução
A palavra hidroponia é derivada de 2 palavras gregas (hydros) que significa água e (ponos) que
significa trabalho. Na tradução directa, hidroponia significa trabalho em água. Na definição moderna,
hidroponia é um sistema onde as plantas crescem e desenvolvem sem solo natural. As plantas podem
crescer em meio liquido ou em um substrato sólido inerte ou aeroponia. Todos os nutrientes são
dissolvidos na água de irrigação e fornecidos regularmente às plantas. Na literatura podemos
encontrar termos como: Cultivo sem solo e “Soil-less” que exprimem o termo hidroponia na definição
moderna.
O solo tem como funções o ancoramento e o fornecimento de água, nutrientes e oxigénio à planta.
Na produção de plantas sem solo essas funções são desempenhadas por: (1) o ancoramento e o
suporte da planta são desempenhadas pelos substratos e tutores; (2) o fornecimento de água e
nutrientes é desempenhado pela solução nutritiva através da fertirrigação; (3) o fornecimento de
oxigénio tem que estar assegurado, de diferentes formas, dependendo do sistema utilizado.
História
Apesar de haver relatos na literatura do uso da hidroponia no Século XVII, o termo hidroponia
surge pela primeira vez em 1930. O Professor Willian F. Gericke da Universidade da Califórnia,
aplicando conhecimentos técnicos de laboratório para o cultivo prático de hortaliças, flores, tuberculos
e frutos desenvolveu um sistema hidropônico para uso comercial.
A produção efectiva em grande escala aconteceu na Segunda Guerra Mundial onde o Exército dos
Estados Unidos, para produzir alimentos frescos aos seus soldados, instalou unidades hidropônicas
em várias ilhas áridas dos Oceanos Pacífico e Atlântico.
O primeiro uso comercial significativo surge na metade da década de 1960 no Canada, onde a
produção de tomate foi devastada por uma doença do solo e como opção foi susbstituir a produção no
solo pelo uso da hidroponia. Por volta de 1979 a área hidropônica a nível mundial rondava os 300
hectares. No ano 1989 área mundial hidropônica aumentou para cerca de 6000 hectares.
Vantagens
Ausência de “stress” hídrico
Melhor qualidade do produto final exigindo pouca necessidade de lavagem após a colheita
Praticável em pequenas áreas e áreas urbana
Redução de mão-de-obra
Eliminada ou reduzida o controlo de infestantes
Uso eficiente da água
Nutrição controlada
Reduzida poluição do solo causda pelos nutrientes não utilizados pela planta
Colheita antecipada devido ao encurtamento do ciclo da planta
Maiores rendimentos em pequenas áreas
Classificação da hidroponia
Os sistemas de cultivo sem solo natural podem ser classificados em 2 tipos:
1. Sistema aberto “Open system” (conhecido também por “Drain-to-waste”) – é aquele em que a
solução nutritiva drenada não é re-utilizada. A solução nutritiva, através da fertirrigação, é
aplicada ao substrato, permitindo uma drenagem de 10% a 30%. Este intervalo de drenagem
da solução nutritiva é uma garantia da aplicação da quantidade correcta. É normalmente
utilizado para a produção de culturas como o tomateiro, o pepino, o pimento, o feijoeiro, o
melão, etc. O sistema tem a grande vantagem de diminuir os riscos sanitários porque não há
re-aproveitamento da solução drenada mas com a desvantagem de haver um maior consumo
de água. O tamanho dos sacos de plástico ou dos vasos a usar depende da característica do
substrato. Os de tamanho grande são opção quando o substrato tem uma pobre retenção de
água. As plantas neste sistema crescem altas e, por isso, é necessário que elas sejam
tutoradas e podadas para que haja o crescimento de um único caule (fig. 1).
2. Sistema fechado “Closed system” – é aquele em que a solução nutritiva drenada é re-utilizada.
Neste sistema a solução nutritiva sai do reservatório, passa pelo sistema radicular das plantas
e volta ao reservatório (fig. 2). A circulação da solução nutritiva é feita por bombeamento e
drenagem, possibilitando assim que seja reutilizada.É normalmente utilizado para a produção
da cultura da alface. Tem a vantagem de economizar água e adubos mas com a desvantagem
de aumentar os riscos sanitários em caso de ataque de doenças, pois a solução drenada
contaminada será re-utilizada disseminando deste modo as doenças.
Quanto ao método de aplicação da solução de nutrientes às raízes das plantas, existe um variado
número de técnicas disponíveis. Para culturas em solução aquosa podemos encontrar as seguintes
ténicas:
2) Técnica do fluxo profundo “Deep flow technique” (DFT) – neste sistema uma espessura
de 2 a 3 cm da solução nutritiva flui através de tubos PVC com 10 cm de diâmtros (fig. 3b).
Os tubos PVC devem ter uma inclinação para facilitar que a solução nutritiva circule. A
tinta branca nos tubos reduz o aquecimento da solução nutritiva. Este sistema pode ser
estabelecido em céu aberto ou protegido.
Para culturas em substratos sólido (estes podem ser sistemas abertos ou fechados):
1) Técnica do saco pendurado “Hanging bag technique” – são utilizados sacos de polietileno
grossos, de cerca de 1 m de comprimento, em forma de cilindro, brancos (no interior
preto), tratados com UV e cheios com fibra de coco previamente esterilizados. Estes sacos
são fechados na extremidade inferior e amarrado ao tubo de PVC no topo e suspensos
verticalmente a partir de um apoio aéreo acima de um canal de coleta (fig. 5a). A solução
nutritiva é bombeada para o topo de cada saco pendurado. Um micro-aspersor anexado
no interior dos sacos distribui uniformemente a solução nutritiva no interior do saco. A
solução nutritiva pinga e humedece a fibra de coco e as raízes das plantas. O excesso da
solução é recolhida no canal abaixo através de furos feitos no fundo dos sacos
pendurados e volta para o tanque da solução nutritiva de reserva. O sistema pode ser
estabelecido em céu aberto ou protegido e é apropriado para hortícolas de folhas,
morangos e pequenas plantas de flores.
2) Técnica do vaso “Pot technique” – este é um sistema aberto onde as plantas crescem em
vasos com substratos (fig. 5b). O volume do vaso e do substrato depende da necessidade
de crescimento da cultura, variando, geralmente, de 1 a 10 litros. Pó de coco, areia ou
cascalho, turfa, vermiculite, serradura, perlita ou uma mistura destes materiais podem ser
usados como substrato. A solução de nutrientes e a água são fornecidos através da rega
gota-a-gota, fertirrigação. Plantas de crescimento alto como tomate, pepino, etc. precisam
de tutores para suportar o peso dos frutos.
(a) (b)
Fonte: Department of Agriculture – Ministry of Agriculture, (s/d)
Figura 5. Cultivo em substratos: (a) Técnica do saco pendurado “Hanging bag technique” e
(b) Técnica do vaso “Pot technique”.
Substratos
Os substratos na hidroponia têm que assegurar, juntamente com os tutores, o ancoramento e o
suportar da planta. Na escolha do substrato tem que se ter sempre em conta a sua disponibilidade,
custo, densidade, capacidade de retenção de água e aeração. A capacidade de retenção de água do
substrato e o tamanho do recipiente influenciam no tempo da fertirrigação.
Os substratos podem ser de material inerte (fig. 7) como a lã de rocha “rockwool” (é uma fibra
mineral) muito usada na Bélgica e Holanda, a areia, a perlite (é um tipo de vidro vulcânico), a
vermiculite (é um mineral), o cascalho (é uma rocha sedimentar), etc. e de material orgânico como a
fibra de coco, uma mistura de pó e serradura de pinheiro muito usado na África do Sul, a turfa (é um
material de origem vegetal), etc..
(a) (b)
Fonte: http://meniscusaudio.com/rock-wool-p- Fonte: http://gallery.hd.org/_c/textures/_more2000/_more10/gravel-
1170.html 1-BRM.jpg.html
Existem diversas receitas para a composição de soluções nutritivas, mas a solução de Hoagland
(tabela 2) é uma das mais utilizadas para preparação da solução nutritiva.
Fertirrigação
A fertirrigação combina 2 importantes factores que são o fornecimento de água e de nutrientes que
a planta necessita para o seu crescimentos e desenvolvimento.
A duração e a frequência da rega, e os dados climatéricos devem ser monitoradas diariamente
uma vez que o volume diário de água necessário aumenta com o aumento da área foliar, altas
temperaturas, intensidade de luz e baixos níveis de humidade relativa.
Deve-se fazer também o controlo diário do volume, pH e CE da solução drenada. A solução
drenada deve ser de 10% a 30% do total da solução nutritiva aplicada indicando desta forma que a
aplicação da quantidade é correcta. O aumento da EC na solução drenada deve ser inferior a 20% da
EC da solução aplicada para as culturas de baixo EC e inferior a 50% para as culturas de alto EC.
Baixa percentagem de drenagem e excessivo aumento da EC da água drenada é um indicativo da
necessidade de água.
O consumo de água, em litros/planta, é igual à absorção pela planta mais a evaporação mais os
10 a 30% de drenagem (Consumo de água = absorção pela planta + evaporação + 10 a 30% de
drenagem).
1. Almeida, D.P.F., (2003). Horticultura sem solo. Faculdade de Ciência, Universidade do Porto.
Apontamentos de Horticultura Geral. Disponível em:
http://dalmeida.com/hortnet/apontamentos/hidroponia.htm. Acesso em 31 Janeiro 2011.
2. ARC-Vegetable and Ornamental Plant Institute, (s/d). About hydroponic vegetable production.
Agricultural Research Council, South Africa. Disponível em:
http://www.arc.agric.za/home.asp?PID=368&ToolID=63&ItemID=2308. Acesso em 25 Janeiro
2011.
6. Furlani, P.R.; Silveira, L.C.P.; Bolonhezi, D. & Faquin, V. (2008). Cultivo protegido de hortaliças
com ênfase na hidroponia. Apresentado na 15ª Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura
e Agroindústria – FRUTAL, Fortaleza, CE, 16 a 18 de outubro de 2008. 64pp. Disponivel em
http://www.conplant.com.br/?p=49. Documento disponível em:
http://www.conplantferti.com.br/site/wp-
content/uploads/2010/06/cultivoprotegidoenfasehidroponia.pdf Acesso em 8 Fevereiro 2011.
8. Silva, A. P. P. & Melo, B. (s/d). Hidroponia. Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal
de Uberlândia. Disponivel em http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/hidropo.htm. Acesso em 26
Janeiro 2011
9. Sutton, J.C.; Sopher, C.R.; Owen-Going, T.N.; Liu, W.I; Grodzinski, B.; Hall, J.C. & Benchimol, R.L.,
(2006). Etiology and epidemiology of Pythium root rot in hydroponic crops: current
knowledge and perspectives.Summa phytopathol. V.32, n.4. Disponivel em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
54052006000400001&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 4 Fevereiro 2011