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Você utiliza Cartão de Crédito? Cartão de Crédito é uma coisa que não
combina com Economia Doméstica. Se você assiste aquele quadro do
Fantástico, já deve ter visto o Sr. Ewald quebrando alguns Cartões de Crédito,
mas porque? Eles são tão bons, não são?
Provavelmente você tem um Cartão de Crédito a tanto tempo, que não
se lembra mais como era a sua vida sem ele. Até a história acerca do seu
surgimento é interessante. O primeiro cartão de crédito foi o Dinners Club. Um
dia um cidadão comum estava almoçando em um restaurante e quando foi
pagar a conta descobriu que sua mulher ou seu filho haviam tirado seu dinheiro
da carteira, e ele não tinha nada, nem talão de cheque para pagar sua conta. A
situação deve ter sido tão humilhante, que ele desenvolveu uma forma para
que isso não ocorresse mais, estava criado o cartão de crédito. E Dinners Club
era justamente o nome do restaurante onde essa pessoa passou vergonha por
não ter dinheiro.
Ok, o cartão de crédito como vimos é algo que veio para tirar-nos de
muitas enrascadas, é uma maravilha da modernidade, é um fator positivo em
nossa vida. Visto por esse ângulo pode até ser. Mas tente lembrar-se de como
era a sua vida sem ele. Provavelmente você recebia seu salário, pagava suas
contas, fazia até um crediário ou outro, mas no final do mês estava tudo certo.
Quando recebeu o seu primeiro cartão de crédito, estava louco para
experimentá-lo. O dinheiro estava no bolso, mas porque não pagar no cartão?
Ficou tantos anos esperando a oportunidade de tê-lo e agora não vai usá-lo? E
acontece algo maravilhoso, que dificilmente acontece. Naquele mês o seu
salário rendeu, você adquiriu mais coisas, mas como de costume não sobrou
nada no seu bolso.
No mês seguinte, quando recebeu o salário, você não podia gastá-lo,
pois tinha de pagar a fatura do cartão de crédito. A partir daí tornou-se um
escravo do cartão, pois mesmo que quisesse se livrar dele, precisaria de um
salário extra para pagar a fatura e voltar a manusear novamente seu dinheiro.
Antigamente precisávamos preencher formulários, pedir autorizações,
depender da boa vontade do gerente da conta no banco para conseguirmos um
Cartão de Crédito. Num segundo momento, os bancos, para facilitar a nossa
vida, unificaram os cartões de nossas contas correntes com os cartões de
crédito. Hoje em dia, as operadoras ligam nas nossas casas, e enviam Cartões
pelo correio. Até os supermercados nos empurram eles pela garganta abaixo.
Porque? Porque é altamente rentável para as operadoras e para os parceiros
delas.
Milton Friedman, Prêmio Nobel de Economia, disse certa vez: “Não
existe almoço grátis em economia”. Pode parecer que essa frase não faz
sentido algum, mas você verá que já vai fazer.
O Código de Defesa do Consumidor “obriga” os lojistas a vender seus
produtos no Cartão de Crédito pelo preço à vista. Isso é um grande benefício
para nós, não é? Há controvérsias. O lojista tem um custo de 3% em cada
operação feita com o Cartão de Crédito, além do aluguel da máquina. Sem
contar que ele demora cerca de 30 dias para receber esse dinheiro, mas se
quiser, pode antecipar o recebimento pagando uma razoável taxa de juros. Eu
considero baratos esses 3% que o lojista paga pelas vendas no cartão, pois
diferente de um pagamento com cheque, que o lojista não sabe se será
compensado ou não, o pagamento com Cartão de Crédito é líquido e certo.
Independente do pagamento ou não da fatura pelo titular do cartão, o lojista
recebe aquele valor, pois foi autorizado pela operadora.
Mas agora eu pergunto, quem paga esses 3% e o aluguel da
máquina? É o lojista? Não! É o consumidor que paga com Cartão de Crédito?
Não! É o cliente que paga a vista em dinheiro? Sim! Quando o lojista filia-se às
operadoras de Cartão de Crédito ele já repassa todos esses custos aos seus
produtos. Nesse momento, se você costuma pagar suas contas à vista, em
dinheiro, sem saber está pagando esse “custo extra” do lojista. Em economia
isso chama-se externalizar custos.
Outra forma de externalizar custos, fácil de ser constatada, é a Lei
Rouanet. Essa lei veio em beneficio dos estudantes. A lei diz que munidos de
suas carteirinhas ou qualquer comprovação que estão matriculados em escolas
ou cursos superiores, recebem desconto de 50% em manifestações culturais,
como cinema, teatro, shows, etc.. Quem será que paga a outra metade da
entrada? Os não estudantes! Hoje em Cascavel pagamos, em média, R$ 12,00
para ir ao Cinema, sem carteirinha de estudante. Se não houvesse a Lei
Rouanet provavelmente pagaríamos algo em torno de R$ 8,00.
Você deve estar se perguntando, mas o que posso fazer diante disso,
para não pagar por essas externalidades? No caso do cinema, é difícil, pois
normalmente são grandes corporações e não dão desconto. Agora nas lojas
exija sempre o desconto de pelo menos 3% sobre os produtos pagos à vista,
nem que o gerente tenha que ser chamado. E argumentos para isso, agora
você tem. Exija esse desconto!!!
E o Cheque Especial, heim? Que mão na roda é isso! Naquele mês
que você está apertado, lá está ele para te ajudar. O valor dos juros pagos por
financiamentos bancários varia de banco para banco, mas, em média, o
cheque especial cobra 10% ao mês. Já a nossa poupança paga, também em
média, 0,5% ao mês.
O impacto disso no dia a dia não parece muito, mas vamos
experimentar fazer um pequeno cálculo de juros de poupança e de cheque
especial. O exemplo a seguir ilustrará isso.
O Plano Real entrou em vigor no dia 30/06/1994 e vamos supor que
para comemorar esse grande feito para a economia do seu país você
depositou na Poupança o valor de R$ 100,00. Nesse cálculo, utilizaremos a
fórmula de juros compostos: JC = K(1+i)n, onde K = Capital, i = Taxa de Juros e
n = ao número de meses. Considerando-se um rendimento médio da poupança
de 0,5% ao mês teríamos a seguinte equação:
JC = 100 (1+0,005)175
JC = R$ 239,36
Ou seja, você teria um ganho de capital de R$ 139,36, se houvesse
feito essa aplicação por quase 15 anos na poupança.
Agora experimente fazer a conta com um saldo negativo de R$ 100,00
em sua conta corrente, durante o mesmo período. Sabemos que as taxas de
juros de cheque especial são de aproximadamente 12% ao mês. Vamos
considerar uma taxa média de 10% nesses últimos 15 anos. Assim teremos a
seguinte equação:
JC = 100(1+0,1)175
JC = 1.752.749,70
A calculadora não pirou não. O resultado é esse mesmo. Um milhão,
setecentos e cinqüenta e dois mil, setecentos e quarenta e nove reais e setenta
centavos.
Feito isso, pense em sua conta corrente. Nesses últimos 15 anos,
quantos meses ela já ficou negativa em pelo menos R$ 100,00? Sabe por que
ela ficou negativa? Planejamento. Ou melhor, a falta dele.
Com essas dicas já dá para reduzir uns 20% nesse tipo de despesas.
E isso vale para todas as pessoas, mesmo as que estão com o orçamento
positivo. É sempre bom, diminuir despesas. Um grande problema das
empresas é que elas resolvem cortar custos quando já estão à beira da
falência. Nossos custos devem ser tratados com muito cuidado e devemos
buscar sempre diminuí-los.
Chegamos a um ponto crucial. Se todas as Despesas Supérfluas já
foram cortadas, as Variáveis já foram diminuídas, e o nosso orçamento ainda
está ruim, vamos ter que partir para medidas drásticas. Como já vimos acima,
mexer com as Despesas Fixas é sempre traumático, mas caso seja necessário
seguem algumas sugestões:
• Aluguel – Caso note que seu aluguel está representando um gasto muito
grande em seu orçamento, converse com o proprietário. Tente uma
redução no valor. Caso não consiga, se achar que realmente está acima
de suas possibilidades, procure um local mais barato. Porém, sempre
tenha em mente o gasto com o transporte. As vezes mudamos para um
lugar R$ 150,00 mais barato e aumentamos nosso gasto com transporte
em R$ 200,00, piorando nosso orçamento. E o mais importante, desista
de pagar aluguel. Aluguel e juros são dois gastos que não recebemos
nenhuma compensação por tê-los. Esteja sempre de olho nos boletins
de financiamentos da CEF e dos demais bancos conveniados. É melhor
andar de ônibus por um tempo e entregar o carro como entrada num
imóvel financiado, do que pagar aluguel a vida toda. Pense bem, pois
vale o sacrifício;
• Carnês Diversos, IPTU, IPVA, Taxa de Lixo, etc. - Esses valores são
fixos e não podem ser muito negociados, mas caso tenha dinheiro
sobrando, negocie um bom abatimento para antecipar algumas parcelas,
ou no caso dos impostos, pague à vista pois os descontos normalmente
são bons. Mas pelo amor de Deus não fique devendo no cheque
especial para antecipar parcelas ou pagar tributos à vista;
5.1 A Tecnologia
Nunca esqueça:
• Não compra nada sem pesquisar o melhor preço;
• Mesmo encontrado o melhor preço procure sempre um desconto, por
menor que seja;
• Compre tudo à vista e em dinheiro;
• Fuja do Cheque Especial e do Cartão de Crédito.
7.0 Bibliografia